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APOSTILA DA DISCIPLINA

CIRCUITOS ELÉTRICOS EM REGIME SENOIDAL

2018
Prof. Msc. Guilherme Kroetz
PROGRAMA DA DISCIPLINA

UNIDADE 1
CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS E DESEQUILIBRADOS.

UNIDADE 2
CIRCUITOS DE ACOPLAMENTO MAGNÉTICO.

UNIDADE 3
CARGAS NÃO-LINEARES; HARMÔNICOS; E SÉRIE DE FOURIER.

UNIDADE 4
FILTROS.
UNIDADE I

CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS E


DESEQUILIBRADOS

São três os motivos principais que fazem do sistema trifásico o mais


importante em relação aos sistemas monofásico e bifásico [1]:

1) Quase toda a energia é gerada e distribuída em três fases. Quando se


precisa de entradas monofásicas, bifásicas ou trifásicas, elas são
extraídas do sistema trifásico em vez de serem geradas de forma
independente;

2) A potência instantânea em um sistema trifásico é constante (não


pulsante), resultando em uma transmissão de energia uniforme e
menor vibração das máquinas trifásicas;

3) O sistema trifásico é mais econômico que o monofásico, pois a


quantidade de fios necessária é menor.

Primeiramente, nesta unidade, discutiremos os conceitos de geração e carga


equilibrada, faremos uma análise de cada uma das quatro configurações possíveis
dos sistemas trifásicos e, por fim, analisaremos o sistema trifásico desequilibrado.

1.1. TENSÕES EQUILIBRADAS

Um gerador CA trifásico produz tensões trifásicas. O gerador é composto por


uma parte rotativa (rotor) e outra estática (estator), neste último, há três
enrolamentos distintos (fases a, b e c) separados fisicamente em 120° e, na medida
em que o rotor rotaciona, tensões são induzidas nos enrolamentos do estator. Estas
tensões possuem a mesma amplitude e estão defasadas em 120° (Fig. 1).
Fig. 1 – Tensões geradas com mesma amplitude e defasadas em 120° [1].

Um circuito trifásico típico é formado por três fontes de tensão conectadas a


cargas por três ou quatro fios. As fontes de tensão podem ser interligadas em
triângulo ou em delta (Fig.2).

Fig. 2 – Fontes de tensão trifásica: (a) em estrela; (b) em delta (triângulo) [1].

Considerando as tensões ligadas em estrela, as tensões Van, Vbn e Vcn,


denominadas tensões de fase, são aquelas entre as fases a, b e c e o neutro n,
respectivamente. Se as fontes apresentam a mesma amplitude, frequência e
estiverem defasadas em 120°, as tensões estão equilibradas, logo

𝑽𝑎𝑛 + 𝑽𝑏𝑛 + 𝑽𝑐𝑛 = 0 (1.1)

|𝑽𝑎𝑛 | = |𝑽𝑏𝑛 | = |𝑽𝑐𝑛 | (1.2)

𝑽𝑎𝑛 = 𝑉𝑝 |0𝑜 (1.3a)

𝑽𝑏𝑛 = 𝑉𝑝 |−120𝑜 (1.3b)

𝑽𝑐𝑛 = 𝑉𝑝 |120𝑜 (1.3c)


onde Vp é o valor eficaz ou valor RMS 1 das tensões de fase. Perceba que as
tensões Vb e Vc estão atrasadas em 120° e 240° de Va, respectivamente. Essa
sequência de fases é conhecida como sequência abc (positica). Caso a posição de
Vb e Vc sejam trocadas, tem-se a sequência de fase acb (negativa), como pode ser
observado na Fig. 3. A sequência de fase é a ordem na qual as tensões de fase
atingem seus valores de pico em relação ao tempo, e à medida que o tempo
aumenta, cada fasor gira em uma velocidade angular ω. A sequência de fases é
importante, ois determina, por exemplo, o sentido da rotação de um motor.

Fig. 3 – Sequência de fases: (a) positiva; (b) negativa [1].

Assim como o gerador, as cargas podem ser conectadas estrela ou triângulo


(Fig. 4). Diz-se que uma carga está equilibrada se as impedâncias por fases são
iguais em magnitude e fase.

Fig. 4 – Configuração para cargas trifásicas: (a) estrela; (b) delta [1].

Para cargas equilibradas:

𝒁1 = 𝒁2 = 𝒁3 = 𝒁𝑌 (1.4)

1
Valor Eficaz (valor RMS) de uma corrente periódica é a corrente CC que libera a mesma potência
média (Ativa) para um resistor que a corrente periódica (CA).
𝒁𝑎 = 𝒁𝑏 = 𝒁𝑐 = 𝒁 ∆ (1.5)

onde 𝒁𝑌 e 𝒁∆ são as impedâncias de carga por fase. Como as cargas estão


equilibradas, uma carga conectada em estrela pode ser transformada em triângulo e
vice-versa através da equação

𝒁∆ = 3𝒁𝑌 (1.6)

1.2. CONEXÃO ESTRELA-ESTRELA EQUILIBRADA


Neste tipo de conexão, a fonte e a carga estão conectadas em estrela, como
pode ser observado de acordo com a Fig. 5.

Fig. 5 – Conexão estrela-estrela equilibrada [1].

Supondo-se sequência positiva, as tensões de fase são

𝑽𝑎𝑛 = 𝑉𝑝 |0𝑜 𝑽𝑏𝑛 = 𝑉𝑝 |−120𝑜 𝑽𝑐𝑛 = 𝑉𝑝 |120𝑜


e as tensões de linha (fase-fase) Vab, Vbc e Vca estão relacionadas com as tensões
de fase:

1 √3
𝑽𝑎𝑏 = 𝑽𝑎𝑛 − V𝑏𝑛 = 𝑉𝑝 |0𝑜 − 𝑉𝑝 |−120𝑜 = 𝑉𝑝 (1 + + 𝑗 ) = √3𝑉𝑝 |30𝑜
2 2

𝑽𝑎𝑏 = √3𝑉𝑝 |30𝑜 𝑽𝑏𝑐 = √3𝑉𝑝 |−90𝑜 𝑽𝑐𝑎 = √3𝑉𝑝 |−210𝑜 (1.7)

Portanto, as tensões de linha estão adiantadas em relação às tensões de fase


em 30°, e a magnitude de suas tensões equivale a √3 vezes a magnitude das
tensões de fase Vp. As tensões de linha são as tensões entre duas fases, e as
tensões de fase são as tensões de um elemento da fonte ou carga. É importante
perceber que as tensões de linha Vbc e Vca estão atrasadas em 120° e 240°,
respectivamente, em relação à tensão Vab. Para se obter as correntes, aplica-se LKT
a cada uma das fases:
𝑽𝑎𝑛
𝑰𝑎 = (1.8a)
𝒁𝑌

𝑽𝑏𝑛 𝑽𝑎𝑛 |−120𝑜


𝑰𝑏 = = = 𝑰𝑎 |−120𝑜 (1.8b)
𝒁𝑌 𝒁𝑌

𝑽𝑐𝑛 𝑽𝑎𝑛 |−240𝑜


𝑰𝑐 = = = 𝑰𝑎 |−240𝑜 (1.8c)
𝒁𝑌 𝒁𝑌

A soma das correntes de linha é zero: Ia + Ib + Ic = 0, e no neutro, a corrente e


a tensão são dadas por

𝑰𝑛 = −(𝑰𝑎 + 𝑰𝑏 + 𝑰𝑐 ) = 0 (1.9a)

𝑽𝑛𝑁 = 𝒁𝑛 𝑰𝑛 = 0 (1.9b)

Pela equação (1.9b), percebe-se que não há queda de tensão no neutro, logo,
o mesmo pode ser eliminado sem afetar o sistema. É válido salientar que a corrente
de linha é a corrente em cada linha, e a corrente de fase é a corrente em cada fase
(elemento) da fonte ou carga. É importante salientar, que neste tipo de conexão, as
tensões de carga são iguais às tensões da fonte.

Outra maneira de análise de um sistema trifásico equilibrado em estrela-


estrela é fazer por a análise por fase (Fig. 6), calculando a corrente Ia e, a partir
desta, se obtém as correntes Ib e Ic.

Fig. 6 – Circuito monofásico equivalente [1].

1.3. CONEXÃO ESTRELA-TRIÂNGULO EQUILIBRADA


Neste tipo de conexão a fonte está conectada em estrela e a carga em
triângulo (Fig. 7). As tensões de carga são iguais às tensões de linha, por exemplo,
VAB = √3𝑉𝑎𝑛 |30𝑜 . As correntes de fase na carga não são iguais às correntes de linha,
como pode ser observado através das equações (1.10). Estas correntes possuem a
mesma magnitude e estão defasadas entre si por 120°.
Fig. 7 - Conexão estrela-triângulo equilibrada [1].

𝑽𝐴𝐵 𝑽𝐵𝐶 𝑽𝐶𝐴


𝑰𝐴𝐵 = 𝑰𝐵𝐶 = 𝑰𝐶𝐴 = (1.10)
𝒁∆ 𝒁∆ 𝒁∆

As correntes de linha são obtidas aplicando LKC aos nós A, B e C:

𝑰𝑎 = 𝑰𝐴𝐵 − 𝑰𝐶𝐴 𝑰𝑏 = 𝑰𝐵𝐶 − 𝑰𝐴𝐵 𝑰𝑎 = 𝑰𝐶𝐴 − 𝑰𝐵𝐶 (1.11)

𝑰𝑎 = 𝑰𝐴𝐵 − 𝑰𝐶𝐴 = 𝑰𝐴𝐵 (1 − 1|−240°) = 𝑰𝐴𝐵 (1 + 0.5 − 𝑗0,866)

𝑰𝑎 = 𝑰𝐴𝐵 √3|−30° 𝑰𝑏 = 𝑰𝐴𝐵 √3|−150° 𝑰𝑐 = 𝑰𝐴𝐵 √3|−270° (1.12)


Logo, supondo sequência de fase positiva, as correntes de linha estão
atrasadas em relação às correntes de fase (da carga) em 30°. Uma maneira
alternativa de analisar a conexão estrela-triângulo equilibrada é transformar a carga
delta em estrela, e substituir o circuito trifásico por um monofásico.

1.4. CONEXÃO TRIÂNGULO–TRIÂNGULO EQUILIBRADA


Neste tipo de conexão, a fonte e a carga estão conectadas em triângulo. As
tensões de fase da fonte são

𝑽𝑎𝑏 = 𝑉𝑝 |0𝑜 𝑽𝑏𝑐 = 𝑉𝑝 |−120𝑜 𝑽𝑐𝑎 = 𝑉𝑝 |120𝑜 (1.13)

As tensões de linha são iguais às tensões de fase da fonte e da carga: Vab =


VAB; Vbc = VBC; Vca = VCA.
Fig. 8 - Conexão estrela-estrela equilibrada [1].

As mesmas equações (1.10) e (1.11) são válidas para se obter as correntes


de carga e de linha. Pra analisar o sistema monofasicamente, transforma-se a carga
e a fonte em estrela (as tensões de fase-neutro são obtidas de acordo com a Fig. 9).

Fig. 9 - Transformação de uma fonte conectada em triângulo em uma fonte conectada em


estrela [1].

1.5. CONEXÃO TRIÂNGULO-ESTRELA EQUILIBRADA


Este tipo de conexão é formado por uma fonte conectada em delta e a carga
em estrela. As correntes de linha são iguais às correntes de fase da carga, todavia
são diferentes em relação às correntes de fase da fonte. Já as tensões de linha são
iguais ás tensões de fase da fonte, mas diferentes das tensões de fase das cargas.
Uma maneira de se obter as correntes de linha é transformar a fonte delta em
estrela. Outra forma é aplicar LKT. A partir de Ia obtém-se as correntes Ib e Ic, já que
possuem mesma amplitude e estão defasadas em 120° [2].

𝑽𝑎𝑛 𝑉𝑎𝑏 |−30𝑜


𝑰𝑎 = e 𝑽𝐴𝑁 = (1.14)
𝒁𝑌 √3
Fig. 10 - Conexão triângulo-estrela equilibrada [1].

1.6. POTÊNCIA EM UM SISTEMA EQUILIBRADO


Para uma carga conectada em estrela, as tensões de fase são

𝑣𝑎𝑛 = √2𝑉𝑝 cos 𝜔𝑡 2


𝑣𝑏𝑛 = √2𝑉𝑝 cos(𝜔𝑡 − 120𝑜 )

𝑣𝑐𝑛 = √2𝑉𝑝 cos(𝜔𝑡 + 120𝑜 ) (1.15)

Se o ângulo da impedância é positivo (𝒁𝑌 = 𝑍|𝜃), as correntes de fase


estão atrasadas em relação às suas respectivas tensões de fase, logo as correntes
de fase são:

𝑖𝑎 = √2𝐼𝑝 cos(𝜔𝑡 − 𝜃) 𝑖𝑏 = √2𝐼𝑝 cos(𝜔𝑡 − 𝜃 − 120𝑜 )

𝑖𝑐 = √2𝐼𝑝 cos(𝜔𝑡 − 𝜃 + 120𝑜 ) (1.16)

A potência instantânea na carga é a soma das potências instantâneas nas


três fases:

𝑝 = 𝑝𝑎 + 𝑝𝑏 + 𝑝𝑐 = 𝑣𝐴𝑁 𝑖𝑎 + 𝑣𝑏𝑛 𝑖𝑏 + 𝑣𝑐𝑛 𝑖𝑐 (1.17)

Substituindo (1.15) e (1.16) em (1.17) e aplicando identidade trigonométrica,


obtém-se:

𝑝 = 3𝑉𝑝 𝐼𝑝 cos 𝜃 (1.18)

2
Como Vp foi definido como o valor RMS da tensão de fase, utiliza-se o fator √2, pois o valor RMS de uma
senóide é igual à relação entre sua amplitude e √2.
Portanto, a potência instantânea total em um sistema trifásico equilibrado é
constante, ou seja, ela não varia com o tempo e sua unidade é o watt. A equação
(1.18) é válida tanto para carga conectada em estrela como para carga conectada
em triângulo [1]. A potência média por fase é p/3 ou

𝑃𝑝 = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 cos 𝜃 (1.19)

e a potência reativa por fase é

𝑄𝑝 = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 sen 𝜃 (1.20)

A potência aparente por fase é

𝑆𝑝 = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 (1.21)

A potência complexa por fase é



𝑺𝑝 = 𝑃𝑝 + 𝑗𝑄𝑝 = 𝑽𝑝 𝑰𝑝 (1.22)

Para uma carga conectada em estrela, 3IL = Ip, porém, VL = √3Vp, enquanto
para uma carga conectada em triângulo, IL = √3Ip, porém, VL = Vp, logo

𝑃 = 𝑃𝑎 + 𝑃𝑏 + 𝑃𝑐 = 3𝑃𝑝 = 3𝑉𝑝 𝐼𝑝 cos 𝜃 = √3𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃 (1.23)

𝑄 = 3𝑉𝑝 𝐼𝑝 sen 𝜃 = √3𝑉𝐿 𝐼𝐿 sen 𝜃 (1.24)

e
∗ ∗
𝑺 = 3𝑺𝑝 = 3𝑽𝑝 𝑰𝑝 = √3𝑽𝐿 𝑰𝐿 = 𝑃 + 𝑗𝑄 = √3𝑉𝐿 𝐼𝐿 |𝜃 (1.25)

3𝑉𝑝2
𝑺 = 3𝑺𝑝 = 3𝑽𝑝 𝑰∗𝑝 = 3𝐼𝑝2 𝒁𝑝 = (1.26)
𝒁∗𝑝

As equações (1.23), (1.24), (1.25) e (1.26) são válidas tanto para cargas
conectadas em estrela como em triângulo.

1.7. SISTEMAS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS

Um sistema desequilibrado ocorre quando as impedâncias da carga são


diferentes, ou quando as tensões da fonte são diferentes em magnitude ou não
estão defasadas em 120°. Sistemas trifásicos desequilibrados são resolvidos pela

3
IL e VL são a corrente de linha e a tensão de linha, respectivamente.
aplicação direta de análise de malhas e análise nodal [2]. Para o cálculo da potência
trifásica, deve-se somar a potência de cada fase ao invés de multiplicar por três a
potência calculada em uma das fases, como no caso de um sistema equilibrado.
Uma técnica especial aplicada para se lidar com sistemas desequilibrados, é aplicar
componentes simétricas, que está fora do escopo desta disciplina.

Em sistemas desequilibrados, haverá circulação de corrente no neutro. Segue


abaixo um exemplo de como lidar com sistemas desequilibrados aplicando o método
de análise nodal e de malhas.
exemplo 1.1) A carga (Fig. 11) conectada em estrela equilibrada apresenta
tensões equilibradas de 120V e sequência de fase abc. Calcule as correntes de linha
e a corrente no neutro.

Fig. 11 - Carga trifásica conectada em estrela desequilibrada [1].

As correntes de linha são

100|0𝑜
𝑰𝑎 = = 6,67𝐴
15
100|120𝑜
𝑰𝑏 = = 8,94|93,44𝑜 𝐴
10 + 𝑗15
100|−120𝑜
𝑰𝑐 = = 10|−66,87𝑜 𝐴
6 − 𝑗8
A corrente no neutro é

𝑰𝑛 = −(𝑰𝑎 + 𝑰𝑏 + 𝑰𝑐 ) = 10,06|178,4𝑜 𝐴
UNIDADE 2

CIRCUITOS DE ACOPLAMENTO M AGNÉTICO

Quando um campo magnético variante no tempo “corta” um indutor, uma


tensão é induzida entre seus terminais. Dois circuitos que se afetam
magneticamente entre si, diz-se que estão acoplados magneticamente. Este é o
princípio de funcionamento dos transformadores, elementos fundamentais na
transmissão de energia elétrica e na recepção de rádio e televisão.

2.1. AUTOINDUTÂNCIA E INDUTÂNCIA MÚTUA


Quando a corrente i flui através da bobina com N espiras (Fig. 12), um fluxo
magnético é produzido em torno da mesma e, de acordo com a Lei de Faraday, uma
força eletromotriz (fem) é induzida nos terminais da bobina e esta fem é contrária à
força que a gerou – Lei de Lenz - (o sinal negativo será omitido nas equações, pois o
mesmo depende do sentido da corrente).

Fig. 12 - Fluxo magnético produzido por uma única bobina com N espiras [1].

A tensão induzida na bobina é proporcional à velocidade da variação do fluxo


magnético e do número de espiras N,
𝑑𝜙
𝑣=𝑁 (2.1)
𝑑𝑡
Quanto maior a corrente elétrica, maior o fluxo magnético (sua unidade é o
weber [wb]) gerado pela mesma. Há uma relação diretamente proporcional entre o
fluxo e a corrente em indutores lineares: 𝜙 ∝ i. Deste modo, existe uma constante de
proporcionalidade do entre as duas grandezas, e esta constante é chamada
autoindutância L (medida em henrys [H]). Então, para uma bobina com uma espira:

𝜙 = 𝐿1−𝑒𝑠𝑝 𝑖 (2.2)
substituindo (2.2) em (2.1), a tensão no indutor é dada por
𝑑𝑖 𝑑𝑖
𝑣 = 𝑁𝐿1−𝑒𝑠𝑝 =𝐿 (2.3)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
onde L = NL1-esp.

E a indutância do indutor é dada por


𝑑𝜙
𝐿=𝑁 (2.4)
𝑑𝑖
A autoindutância relaciona a tensão induzida em uma bobina por uma
corrente variável no tempo na mesma bobina. A indutância mútua (M – unidade [H])
é uma extensão deste mesmo argumento. Uma corrente que flui através de uma
bobina estabelece um fluxo magnético nesta mesma bobina e em uma segunda
bobina adjacente (Fig. 13). O fluxo magnético na segunda bobina induz uma tensão
nos terminais da mesma, logo, a indutância mútua relaciona a tensão induzida em
uma bobina por uma corrente variável no tempo em outra bobina adjacente.

Fig. 13 - (a) Indutância Mútua M21 da bobina 2 em relação à bobina 1; (b) Indutância Mútua
M12 da bobina 1 em relação à bobina 2 [1].

Embora as duas bobinas estão fisicamente separadas, diz-se que estão


magneticamente acopladas. No primeiro caso (Fig. 13a), todo o fluxo 𝜙1 (= 𝜙11 + 𝜙12 )
atravessa a bobina 1, e a tensão induzida na bobina 1 é
𝑑𝜙1 𝑑𝑖1
𝑣1 = 𝑁1 = 𝐿1 (2.5)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
já a tensão induzida (mútua) na bobina 2 é produzida pelo fluxo 𝜙12 ,
𝑑𝜙12 𝑑𝑖1
𝑣2 = 𝑁2 = 𝑀21 (2.6)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
onde
𝑑𝜙1
𝐿1 = 𝑁1 (2.7)
𝑑𝑖1

e
𝑑𝜙12
𝑀21 = 𝑁2 (2.8)
𝑑𝑖1

Em que M21 é a indutância mútua da bobina 2 em relação à bobina 1, e o


subscrito 21 indica que a indutância M21 relaciona a tensão induzida na bobina 2
com a corrente na bobina 1.

No segundo caso (Fig. 13b), 𝜙2 (= 𝜙21 + 𝜙22 ), e a tensão induzida na bobina 2


é
𝑑𝜙2 𝑑𝑖2
𝑣2 = 𝑁2 = 𝐿2 (2.9)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
já a tensão induzida (mútua) na bobina 1 é produzida pelo fluxo 𝜙21 ,
𝑑𝜙21 𝑑𝑖2
𝑣1 = 𝑁1 = 𝑀12 (2.10)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
onde
𝑑𝜙2
𝐿2 = 𝑁2 (2.11)
𝑑𝑖2

e
𝑑𝜙21
𝑀12 = 𝑁1 (2.12)
𝑑𝑖2

Em que M12 é a indutância mútua da bobina 1 em relação à bobina 2, e o


subscrito 12 indica que a indutância M12 relaciona a tensão induzida na bobina 1
com a corrente na bobina 2. As indutâncias mútuas M21 e M12 são iguais, logo, M21 =
M12 = M, onde M é a indutância mútua entre as duas bobinas. Esta indutância só
existe se as bobinas estiverem próximas entre si e os circuitos forem alimentados
por fontes variáveis no tempo. Indutância mútua é a capacidade de um indutor
induzir tensão em um indutor vizinho [2].

Embora a indutância mútua seja sempre positiva, a tensão mútua Mdi/dt pode
ser positiva ou negativa, a depender da direção da corrente. A escolha da polaridade
é obtida facilmente utilizando a convenção do ponto. A polaridade depende do
sentido da corrente indutora e dos pontos das bobinas acopladas (Figs. 14 e 15). No
circuito da Fig. 15(a), i1 entra pelo terminal marcado com um ponto na bobina 1 e v2
é positiva no terminal marcado com um ponto na bobina 2, então, a tensão mútua é
+Mdi/dt. Já no circuito da Fig. 15(b), a corrente i 1 entra pelo terminal marcado com
um ponto na bobina 1 e v2 é negativa no terminal marcado com um ponto na bobina
2, logo, a tensão mútua é –Mdi/dt. O mesmo raciocínio se aplica às bobinas nas
Figs. 15(c) e 15(d) [1].
Fig. 14 – Ilustração da convenção do ponto [1].

Fig. 15 – Exemplos ilustrando a aplicação da lei do ponto [1].

Se uma corrente entra pelo terminal da bobina marcado com um ponto, a


polaridade de referência da tensão mútua na segunda bobina é positiva no terminal
da segunda bobina marcado com um ponto. Então, caso o ponto na 2ª bobina
encontre-se no terminal positivo, a tensão mútua será positiva, caso contrário, será
negativa.

Se uma corrente sai pelo terminal da bobina marcado com um ponto, a


polaridade de referência da tensão mútua na segunda bobina é negativa no terminal
da segunda bobina marcado com um ponto. Então, caso o ponto na 2ª bobina
encontre-se no terminal positivo, a tensão mútua será negativa, caso contrário, será
positiva.
A Fig. 16 mostra a convenção do ponto para bobinas acopladas em série.
Fig. 16 – Convenção do ponto para bobinas em série [1].

Para as bobinas da Figs 16(a) a indutância total é

𝐿 = 𝐿1 + 𝐿2 + 2𝑀 (2.13)

e para as bobinas da Fig. 16(b) a indutância total é

𝐿 = 𝐿1 + 𝐿2 − 2𝑀 (2.14)

A energia instantânea armazenada no circuito é dada por


1 1
𝑤 = 𝐿1 𝑖12 + 𝐿2 𝑖22 ± 𝑀𝑖1 𝑖2 (2.15)
2 2

Ex. 2.1. Aplicar análise de malha nos circuitos da Fig. 17.

Fig. 17 – Circuitos do Exemplo 2.1 [1].

Para o circuito da Fig. 17(a):


Aplicando LKT na bobina 1:
𝑑𝑖1 𝑑𝑖2
𝑣1 = 𝑖1 𝑅1 + 𝐿1 +𝑀
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Aplicando LKT na bobina 2:
𝑑𝑖2 𝑑𝑖1
𝑣2 = 𝑖2 𝑅2 + 𝐿2 +𝑀
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Reescrevendo as duas equações acima no domínio da frequência:
𝑽1 = (𝑅1 + 𝑗𝜔𝐿1 )𝑰1 + 𝑗𝜔𝑀𝑰2

𝑽2 = 𝑗𝜔𝑀𝑰1 + (𝑅2 + 𝑗𝜔𝐿2 )𝑰2


Para o circuito da Fig. 17(b):

Se todo o fluxo produzido por uma bobina atravessa outra bobina, as bobinas
estão perfeitamente acopladas, tem-se 100% de acoplamento. Essa fração do fluxo
total que emana de uma bobina e atravessa outra bobina é denominada coeficiente
de acoplamento. Para bobinas perfeitamente acopladas, k=1; para k<0,5, as bobinas
estão livremente acopladas; já para k>0,5, as bobinas estão firmemente acopladas.
O coeficiente de acoplamento k é dado por [1]
𝑀
𝑘= (2.16)
√𝐿1 𝐿2

2.2. TRANSFORMADORES LINEARES

O transformador linear apresenta bobinas enroladas em um material


magneticamente linear (ar, plástico, madeira) – um material para o qual a
permeabilidade magnética é constante. O transformador tira proveito do fenômeno
indutância mútua.

Fig. 18 – Transformador linear [1].

Aplicando LKT às duas malhas, resulta em

𝑽 = (𝑅1 + 𝑗𝜔𝐿1)𝑰1 − 𝑗𝜔𝑀𝑰2 (2.17a)

0 = −𝑗𝜔𝑀𝑰1 + (𝑅2 + 𝑗𝜔𝐿2 + 𝒁𝐿 )𝑰2 (2.17b)


Na equação (2.17b), expressando I 2 em termos de I1 e a substituindo na eq.
(2.17a), obtemos a impedância de entrada:

𝑽 𝜔 2 𝑀2
𝒁𝑒𝑛𝑑 = = 𝑅1 + 𝑗𝜔𝐿1 + (2.18)
𝐼1 𝑅2 +𝑗𝜔𝐿2 +𝒁𝐿

Onde o 1º termo (𝑅1 + 𝑗𝜔𝐿1 ) é a impedância primária e o 2º termo se deve ao


acoplamento entre os enrolamentos primário e secundário. Esta impedância é
conhecida como impedância refletida ZR.

2.3. TRANSFORMADORES IDEAIS

Um transformador ideal é um transformador sem perdas, com coeficiente de


acoplamento unitário no qual as bobinas primária e secundária possuem
autoindutâncias e indutâncias mútuas infinitas. O fluxo se associa com todas as
espiras de ambas as bobinas, resultando em um acoplamento perfeito (k=1), onde a
permeabilidade magnética é infinita [3].

Fig. 19 – Circuito magneticamente acoplado [1].

Analisando o circuito da Fig. 19, no domínio da frequência:

𝑽1 = (𝑗𝜔𝐿1 )𝑰1 + 𝑗𝜔𝑀𝑰2 (2.19a)

𝑽2 = 𝑗𝜔𝑀𝑰1 + (𝑗𝜔𝐿2 )𝑰2 (2.19b)

Isolando I1 da equação (2.19a) e substituindo em (2.19b), e lembrando-se que em


𝑀
𝑘= → 𝑀 = 1√𝐿1 𝐿2 :
√𝐿1 𝐿2

√𝐿1 𝐿2 𝑽1 𝑗𝜔𝐿1 𝐿2 𝑰2 𝐿2
𝑽2 = 𝑗𝜔𝐿2 𝑰2 + − = √ 𝑽1 = 𝑛𝑽1
𝐿1 𝐿1 𝐿1

𝑽2 = 𝑛𝑽1 (2.20)
onde n é a relação de espiras. Os transformadores com núcleo de ferro são boas
aproximações dos transformadores ideais, usados em sistemas de potência e
eletrônica [1]. Outra forma de se obter a relação de espiras é dividir v2 por v1, como
segue, onde o fluxo 𝜙 atravessa ambos os enrolamentos.
𝑑𝜙 𝑑𝜙
𝑣1 = 𝑁1 𝑣2 = 𝑁2
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝜙
𝑣2 𝑁2 𝑁2
𝑑𝑡
= 𝑑𝜙 = =𝑛 (2.21)
𝑣1 𝑁1 𝑁1
𝑑𝑡

onde n é a relação de transformação ou de espiras.


Como não existem perdas em um transformador ideal, a energia fornecida
para o primário deve ser igual à energia absorvida pelo secundário:

𝑣1 𝑖1 = 𝑣2 𝑖2 (2.22)

E, na forma fasorial:
𝐼1 𝑉2
𝑉1 𝐼1 = 𝑉2 𝐼2 → = =𝑛 (2.23)
𝐼2 𝑉1
𝐼2 𝑁1 1
= = (2.24)
𝐼1 𝑁2 𝑛

Quando n = 1 tem-se um transformador isolador; caso n>1 (V2>V1), o


transformador é dito elevador; caso n<1 (V2<V1), o transformador é abaixador.
Em relação às polaridades (Fig. 19):

 Se tanto V1 quanto V2 forem positivas ou ambas negativas nos terminais


pontuados, utilizar +n;
 Se tanto I1 quanto I2 entrarem ou ambos deixarem os terminais pontuados,
utilizar –n.
O transformador ideal não absorve energia, ou seja, a potência complexa no
enrolamento primário é entregue para o secundário sem perdas:
𝑉2
𝑆1 = 𝑉1 𝐼1∗ = (𝑛𝐼2 )∗ = 𝑉2 𝐼2∗ = 𝑆2 (2.25)
𝑛
Fig. 20 – Circuitos típicos ilustrando as polaridades das tensões e correntes [1].

A impedância de entrada vista pela fonte da Fig. 21 é


𝑽1 𝑽 1 1 𝑽2 1
𝒁𝑒𝑛𝑡 = = ( 2) ∙ ( )= = 𝒁𝐿
𝑰1 𝑛 𝑛𝑰2 𝑛2 𝑰2 𝑛2
1
𝒁𝑒𝑛𝑡 = 𝒁𝐿 (2.26)
𝑛2

Fig. 21 – Transformador ideal com carga ZL [1].

Esta impedância de entrada “enxergar” a carga como uma impedância


refletida, essa capacidade do transformador de transformar uma impedância em
outra nos dá um meio de casamento de impedância, o que garante a máxima
transferência de potência [1]. Quando analisa-se um circuito contendo um
transformador ideal, é prática comum eliminar o transformador refletindo as
impedâncias e as fontes de um lado do transformador para o outro (Figs. 22 e 23).
Fig. 22 – Circuito com transformador ideal [1].

Fig. 23 - Circuito equivalente da Fig. 22 obtido refletindo-se o circuito secundário para o


primário [1].

2.4. TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS


Os transformadores trifásicos ou banco trifásico (constituído de três
transformadores monofásicos) são fundamentais na transmissão de energia elétrica,
pois além do sistema elétrico ser trifásico, possibilitam uma maior capacidade de
transformação de energia. Existem quatro maneiras convencionais de ligação de
transformadores trifásicos ou bancos trifásicos: estrela-estrela, estrela-delta, delta-
estrela e delta-delta (Figs. 24,25,26 e 27). Para qualquer uma das quatro ligações:

𝑆𝑡 = √3𝑉𝐿 𝐼𝐿 (2.27)

𝑃𝑡 = 𝑆𝑡 𝑐𝑜𝑠𝜃 = √3𝑉𝐿 𝐼𝐿 𝑐𝑜𝑠𝜃 (2.28)

𝑄𝑡 = 𝑆𝑡 𝑠𝑒𝑛𝜃 = √3𝑉𝐿 𝐼𝐿 𝑠𝑒𝑛𝜃 (2.29)

Fig. 24 – Conexão estrela-estrela de um transformador trifásico [1].


Fig. 25 - Conexão delta-delta de um transformador trifásico [1].

Fig. 26 - Conexão estrela-delta de um transformador trifásico [1].

Fig. 27 - Conexão estrela-delta de um transformador trifásico [1].

Faça as conexões do banco trifásico em estrela-delta da Fig. 28.


Fig. 28 – Banco trifásico composto por três transformadores monofásicos.

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