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RESENHA: ASPIS, Renata Lima.

GALLO, Silvio. Ensinar Filosofia:


um livro para professores. São
Paulo: Atta Mídia e educação, 2009,
149 p.

Maureci Moreira de Almeida*

Os estudos envolvendo o ensino de filosofia ganharam maior volume e densidade


a partir da reinserção dessa disciplina como componente curricular do ensino médio na
primeira década do ano de 2000. Esses estudos aos poucos foram propondo algumas
concepções que procuravam responder como poderia ser realizada uma abordagem
mais efetiva e adequada acerca do ensino da disciplina de filosofia no ensino médio.
Atualmente há muitas publicações que apontam caminhos, reflexões e sugestões sobre
as estratégias de ensino dessa disciplina em sala de aula. É justamente nessa perspectiva
que o livro – “Ensinar Filosofia: um livro para professores” – dos autores Renata Aspis1
e Silvio Gallo2, apresenta uma abordagem destacando como os professores de filosofia
podem desenvolver suas aulas de uma maneira mais didática, com foco no ensino de
filosofia como experiência filosófica. Esse livro, para os professores que buscam
aperfeiçoar suas próprias práticas pedagógicas, constitui uma boa referência na
formação continuada dos professores que lecionam filosofia, pois traz, com uma
orientação bastante reflexiva, um possível roteiro que o docente pode seguir ao planejar
suas aulas. Essa obra pode ser encontrada nas bibliotecas das Escolas Públicas, uma
vez que foi disponibilizada pelo MEC no ano de 2011.

* Mestre em Estudo de Cultura Contemporânea – ECCO/UFMT. Especialista em Relações Raciais e Educação


na Sociedade Brasileira pelo NEPRE/UFMT, e Bacharel e Licenciado em Filosofia pela UFMT. Professor de
Filosofia da rede Estadual de Educação, lotado no CEFAPRO/SEDUC - Pontes e Lacerda/MT.
1 Doutora em educação e professora de filosofia na faculdade de educação da UFMG.
2 Doutor em educação e professor no departamento de educação na Unicamp.
RELATO DE PRÁTICA

ALMEIDA, M.M

Os autores de “Ensinar Filosofia: um livro para professores”, do ponto de vista


teórico e metodológico, se fundamentaram no ensino de filosofia a partir das
concepções de Gilles Deleuze e Félix Guattari, filósofos franceses do século passado,
que em parceria escreveram uma obra intitulada “O que é Filosofia?”, cuja contribuição
marcou a história da filosofia contemporânea.
A obra de Deleuze e Guattari é uma referência de destaque na estruturação do
livro de Renata Aspis e Silvio Gallo. Ambos ressaltam, com base nesses filósofos, que
a filosofia, por exemplo, se fosse considerada uma ciência ou mesmo uma forma de
arte, seria a ciência ou a arte de criar conceitos. É nessa perspectiva que Renata Aspis e
Silvio Gallo sustentam seus argumentos, ao defenderem o ensino de filosofia como
uma experiência filosófica criadora de conceitos, sob as coordenadas da leitura
filosófica, da história da filosofia e da escrita filosófica. Ao que parece, os autores
sugerem que diante dessa sistematização, os alunos teriam a possibilidade de criarem
seus próprios conceitos filosóficos a partir da reativação de outra filosofia,
proporcionada pelo contado com os conceitos filosóficos forjados historicamente.
Assim, na introdução do livro, Renata Aspis e Silvio Gallo afirmam que os
professores devem pensar o ensino de filosofia filosoficamente, considerando a
concepção de experiência filosófica. Nesse sentido, o livro parece presumir que o
professor de filosofia tem que levar em conta as experiências de vida e as percepções
intelectuais e culturais dos alunos, procurando avançar na superação do senso comum
que eles possuem acerca da realidade e das coisas. O contato com a filosofia, segundo
os autores, oportuniza aos alunos uma disciplina do pensamento. Esse contato com a
experiência filosófica, que implica principalmente, o ensino de ler e escrever, deslocaria
os alunos para outras possibilidades de ver e pensar o mundo, criando suas próprias
versões da realidade na qual vivem.
Passaremos, logo a seguir, a descrever mais detalhadamente a estrutura da obra,
que está organizada em três partes, sendo que nestas últimas, os subtítulos aparecem
em forma de perguntas.
Desse modo, a primeira parte aborda o ensino de filosofia, apresentando
inicialmente a seguinte questão: o que ensinar? Esta primeira pergunta instiga o leitor a
questionar se a filosofia é uma disciplina específica do pensamento. Se for o caso, qual
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seria a especificidade da filosofia? Diante disso, por que colocar a filosofia na escola?
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Especialmente em relação ao seu ensino, o que priorizar: temas filosóficos ou a história


da filosofia? Tendo em vista a importância da história da filosofia, o que escolher?
Outras questões que os autores levantam são: ensinar filosofia ou filosofar? e, há
métodos para ensinar filosofia?
Estas questões, que estão na primeira parte da obra, são respondidas pelos autores
ao longo do desenvolvimento do texto, em que destacam algumas reflexões sobre a
disciplina de filosofia, indicando sugestões de como selecionar os conteúdos da história
da filosofia para serem trabalhados em sala de aula.
Na segunda parte da obra, as questões destacadas se conectam ao como ensinar
filosofia: como despertar o interesse dos alunos? Quais direções tomar? Como proceder
ao estudo filosófico? Os alunos têm condições de lerem textos filosóficos? Como os
alunos podem exercitar a escrita? A avaliação também pode funcionar como tática de
ensino? Como avaliar?
Esses questionamentos são respondidos pelos autores ao apontarem possíveis
estratégias do ensino de filosofia, como por exemplo, ler os textos do próprios filósofos
em sala de aula, mesmo que estes sejam recortes. Esta é apenas uma de outras sugestões
trazidas pela obra.
A terceira parte é formada por um apêndice, em que os autores apontam
exemplos de estratégias para o ensino de filosofia, tais como: diversas possibilidades de
pensar; orientação do diálogo investigativo; o caderno; coordenação do diálogo para
aprofundamento e estudo; sínteses; tática para a leitura; aulas expositivas; quadro
conceitual; correção coletiva na lousa; publicações. Ao final dos apêndices, os autores
sugerem algumas indicações bibliográficas que seriam de interesse para os professores.
Quanto à avaliação do ensino de filosofia, Renata Aspis e Silvio Gallo descrevem
que está inserida em todo o seu processo de ensino, tanto na própria leitura dos textos
quanto nas atividades elaboradas pelos alunos. Dizendo de outro modo, os autores
querem afirmar que essa avaliação é processual e contínua, estabelecendo-se em
diversos momentos da relação ensino e aprendizagem, como por exemplo, na própria
sala de aula, em trabalhos de grupos ou individuais, e ainda em casa como atividade
extraclasse.
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RELATO DE PRÁTICA

ALMEIDA, M.M

Para finalizar, ainda que de maneira bastante sumária, gostaríamos de destacar a


sugestão dos autores ao sublinharem seis pontos fundamentais nas estratégias do ensino
de filosofia.
Portanto, para que o ensino de filosofia seja mais significativo, deve ter um
momento para a sensibilização; para a problematização; para a leitura filosófica; fazer
referência à história da filosofia; um momento reservado a escrita filosófica; e uma
avaliação como encerramento desse processo.
Logo abaixo vamos detalhar melhor estes pontos:
Sensibilização – é o momento de introdução no tema. Esta sensibilização pode
ser por meio de um vídeo, um filme, uma música, uma poesia, etc., que possibilite
sensibilizar e preparar o aluno para o tema que será estudado.
Problematização – esta ocorrerá através de provocações suscitadas pelas
questões que envolvem o tema que será estudado. Por exemplo, se for estudado a
questão da verdade: o que é a verdade? Há uma verdade única? Se há uma verdade
única, por que diversas culturas se comportam de modos diferentes? É fundamental
esta parte da problematização para o desenvolvimento do tema a ser trabalhado com
os alunos.
Leitura filosófica – compreende ler os textos dos próprios filósofos
filosoficamente, ou seja, fazendo com que os alunos percebam o problema elencado
pelo filósofo, o método que utiliza e o tratamento que ele dedica ao problema. Nessa
leitura, o aluno tem a oportunidade de manter contato com a especificidade do
pensamento filosófico, o rigor conceitual e a busca por encontrar uma possível resposta
para um determinado problema suscitado pelo filósofo que está estudando.
História da filosofia – não constitui em promover um desfile das ideias dos
filósofos ao longo da história universal, pode ser um tanto quanto ineficiente esta
atitude. A história da filosofia pode ser usada como a arte do retrato, como dizem
Renata Aspis e Silvio Gallo, ao citarem Gilles Deleuze. Ou seja, ela seria mais utilizada
como um mapa conceitual, em que os alunos podem perceber o contexto histórico do
surgimento de um determinado conceito como resposta a um problema filosófico.
Assim, por exemplo, quando Platão refletia acerca da dicotomia entre a essência e a
realidade, estava procurando responder a um problema filosófico de seu tempo. Dessa
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forma, é um ponto importante ensinar a história do conceito e do texto filosófico aos


alunos.
Escrita filosófica – constitui-se como exercício fundamental de síntese
elaborada pelos alunos. Após a leitura do texto filosófico, o aluno possuirá elementos
para criar sua própria versão do que leu. Assim, esta versão terá como referência os
argumentos filosóficos constituídos pela leitura realizada de determinado filósofo, ou
por algum tema filosófico; podendo, desse modo, o aluno confrontar as ideias que
encontrou nas leituras, e criar seu próprio texto em forma de ensaio para responder ao
problema filosófico estudado.
Avaliação – está relacionada aos diversos momentos do ensino de filosofia
esboçados pelos autores, pois a avaliação não está desvinculada do processo de
aprendizagem dessa disciplina. Ela está presente em todas as atividades executadas em
sala de aula ou em casa pelos alunos.
Gostaríamos, finalmente, de considerar que a obra de Renata Aspis e Silvio Gallo
pode auxiliar na formação continuada dos professores de filosofia, não como um texto
de reflexões extravagantes, mas como um roteiro metodológico das possíveis
estratégias do ensino de filosofia.
Os apontamentos e as orientações realizadas pelos autores contribuem para que
os professores de filosofia pensem suas estratégias de aula com mais organização e
planejamento. Essa obra, por centrar-se mais em indicações práticas, representa
igualmente um reforço no estudo, estimulando o professor repensar o ensino de
filosofia a partir da noção de experiência filosófica, cuja finalidade é despertar a
criatividade, o pensamento crítico e autônomo dos alunos, proporcionando-lhes mais
vivacidade ao exercício pleno da cidadania.
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