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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Leandro Becker Kehler

TRANSFORMADOR DE ESTADO SÓLIDO: UMA ESTRATÉGIA PARA


AUMENTO DE RENDIMENTO PARA OPERAÇÃO COM CARGA
REDUZIDA

Santa Maria, RS
2018
Leandro Becker Kehler

TRANSFORMADOR DE ESTADO SÓLIDO: UMA ESTRATÉGIA PARA AUMENTO DE


RENDIMENTO PARA OPERAÇÃO COM CARGA REDUZIDA

Qualificação de doutorado apresentado ao Programa


de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), como
requisito parcial para a obtenção do título de Doutor
em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Tiago Bandeira Marchesan


Coorientador: Prof. Dr. Cassiano Rech

Santa Maria, RS
2018
Leandro Becker Kehler

TRANSFORMADOR DE ESTADO SÓLIDO: UMA ESTRATÉGIA PARA AUMENTO DE


RENDIMENTO PARA OPERAÇÃO COM CARGA REDUZIDA

Qualificação de doutorado apresentado ao Programa


de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), como
requisito parcial para a obtenção do título de Doutor
em Engenharia Elétrica.

Aprovado em 28 de fevereiro de 2018:

__________________________________
Tiago Bandeira Marchesan, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)

__________________________________
André Luís Kirsten, Dr. (UFSC)

__________________________________
Daniel Pinheiro Bernardon, Dr. (UFSM)

__________________________________
Demercil de Souza Oliveira Júnior, Dr. (UFC)

__________________________________
Humberto Pinheiro, Dr. (UFSM)

Santa Maria, RS
2018
RESUMO

TRANSFORMADOR DE ESTADO SÓLIDO: UMA ESTRATÉGIA PARA AUMENTO DE


RENDIMENTO PARA OPERAÇÃO COM CARGA REDUZIDA.

AUTOR: Leandro Becker Kehler


ORIENTADOR: Tiago Bandeira Marchesan
COORIENTADOR: Cassiano Rech

O constante aumento no consumo de energia elétrica mundial aliado com a preocupação em


reduzir os níveis de emissão de carbono incentivam a utilização de fontes renováveis de energia.
Geralmente, estas fontes são instaladas próximas aos consumidores e de maneira distribuída no
sistema elétrico de potência (SEP). Além disso, as fontes renováveis de energia são
intermitentes o que implica em frequentes alterações do fluxo de potência do SEP e isso pode
tornar o sistema instável. Uma solução que vem sendo estudada para minimizar estes problemas
é a utilização de microrredes. Contudo, para a implementação de microrredes faz-se necessário
a modernização das redes de distribuição de energia. Neste caso, o transformador de estado
sólido (SST) torna-se atrativo, pois além de realizar as adequações dos níveis de tensão, este
dispositivo agrega características, tais como: possibilidade de controle do fluxo de potência,
rejeição de distúrbios, compensação de reativos e comunicação com os demais dispositivos da
rede. Além disso, o SST disponibiliza conexão em corrente contínua, assim as fontes
distribuídas podem ser conectadas diretamente a este barramento eliminando a necessidade de
um inversor adicional e simplificado o controle do fluxo de potência. Até então, a topologia de
SST mais adequada para operações em microrredes é a arquitetura modular de três estágios.
Esta arquitetura utiliza conversores DAB que têm elevada eficiência para extensas faixas de
potência. Porém, em condições de carga reduzida sua eficiência diminui significativamente. Tal
característica pode resultar em desperdícios de energia consideráveis tendo em vista que em
áreas rurais e pequenas cidades do Brasil o transformador opera com baixo fator de carga. Deste
modo, a análise de diferentes modos de operação visando a elevação de eficiência em condições
de carga reduzida é o foco deste trabalho. Então, duas técnicas distintas são abordadas, uma
baseada na redução do índice de modulação de amplitude e outra na operação com fator de
potência não unitário. A primeira técnica se mostrou inviável para esta aplicação devido à
necessidade de sobredimensionamento dos módulos que compõe o SST. Já a segunda técnica,
acena viabilidade de implementação. Ainda, este trabalho avalia os impactos da utilização do
SST com o modo de operação proposto em uma rede de distribuição rural. Esta avaliação
mostrou que a operação com fator de potência não unitário do SST não necessariamente implica
em elevação das perdas na rede de distribuição. Por fim, propõe-se um método de controle para
aplicação do modo de operação proposto. Os resultados de simulação são mostrados ao final
deste trabalho.

Palavras-chave: Transformador de Estado Sólido, Conversores Multiníveis, Conversores CHB


ABSTRACT

SOLID STATE TRANSFORMER: A STRATEGY FOR INCREASING SST’S EFFICIENCY


AT LOW LOAD OPERATION

AUTHOR: Leandro Becker Kehler


ADVISOR: Tiago Bandeira Marchesan
CO-ADVISOR: Cassiano Rech

The constant increase in world electrical energy consumption, as well as the concern about
reducing carbon emissions encourage the use of renewable power sources. Generally, these
power sources are installed next to consumer and distributed in the electrical power system
(EPS). In addition, the renewable power sources are intermittent, which implies repeated
changes in the power flow causing the instability of EPS. A solution to reduce these problems
is the use of microgrids. Therefore, the improvement of the electrical distribution grids is
necessary to the microgrids implementation. On these conditions, the solid state transformer
(SST) becomes useful, because, in addition to adjusting the voltage levels, this advice also has
others characteristics, such as possibility of power flow control, disturbance rejection, reactive
compensation and communication with others grids devices. Moreover, the SST has availability
of the direct current bus connection where the distributed sources may be connected without an
additional inverter and the power flow control becomes easier. Until now, the most suitable
SST topology for microgrids operation is the modular three-stage architecture. These
architectures use DABs converters, which have high efficiency in a long power range. However,
at low load situations, their efficiency reduces drastically. These characteristics may result in
high energy waste, given that Brazilian rural areas and small towns, the transformer has a
characteristic of low load factor. Thus, the analysis of different operation modes to increase the
efficiency at low load condition is the focus of this work. So, two techniques are evaluated,
being one of them based on reducing the modulation index and the other based on changing the
power factor angle. The first one showed impracticable for this application, due the oversizing
of the SST modules necessity. However, the second technique indicates the implementation
feasibility. Furthermore, this work evaluated the effects of the SST connection, working with
the proposed operation mode, in a rural grid. This evaluation showed that the operation with a
non-unit power factor of the SST does not necessarily imply in an losses increase in the grid.
Finally, a control method is proposed for the application of the operation mode proposed.
Simulation results are shown at the end of this paper.

Keywords: Solid State Transformer, Multilevel Converters, CHB Converter


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11
1.1 O transformador de estado sólido – SST ................................................................... 13
1.1.1 Arquiteturas topológicas ............................................................................................ 14
1.1.1.1 Estruturas utilizadas em SST de três estágios ........................................................ 15
1.2 Conversor DAB ......................................................................................................... 19
1.3 Curvas de carga características de áreas rurais do Brasil .......................................... 21
2 TÉCNICAS PARA ELEVAR O RENDIMENTO DO SST SOB OPERAÇÃO DE
CARGA REDUZIDA .............................................................................................. 23
2.1 Alteração no processamento de potência do SST ...................................................... 24
2.1.1 Análise da aplicabilidade do modo de operação proposto ......................................... 26
2.1.1.1 Simplificação do circuito ....................................................................................... 26
2.1.1.2 Teoria de potência e fluxo de potência................................................................... 28
2.1.1.3 Aplicação do modo de operação proposto ............................................................. 29
2.1.2 Análise vetorial do conversor CHB ........................................................................... 31
2.2 Conclusão................................................................................................................... 34
3 MODO DE OPERAÇÃO PRPOSTO PARA ELEVAR O RENDIMENTO
GLOBAL DO SST EM CONDIÇÕES DE CARGA REDUZIDA ...................... 35
3.1 Delimitação dos pontos de operação.......................................................................... 36
3.2 perdas globais no sst .................................................................................................. 41
3.2.1 Análise de eficiência global do SST .......................................................................... 43
3.2.2 Ponto ótimo de desligamento do conversor DAB ..................................................... 46
3.3 Conclusão................................................................................................................... 52
4 IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DO SST COM MODO DE OPERAÇÃO
PROPOSTO EM UMA REDE DE DISTRIBUIÇÃO RURAL ........................... 53
4.1 A ferramentA de ASE ................................................................................................ 53
4.2 Avaliação da inserção do sst com modo de operação proposto em uma rede de
distribuição................................................................................................................. 55
4.3 Conclusão................................................................................................................... 60
5 IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE E RESULTADOS DE
SIMULAÇÃO........................................................................................................... 62
5.1 apresentação do sistema de controle .......................................................................... 63
5.1.1 Métodos de equalização de tensão de barramento em conversores CHB .................. 64
5.1.2 Adição do modo de operação proposto ao controle convencional com modulação PS-
PWM .......................................................................................................................... 67
5.1.3 Proposta de controle para equalização das tensões de barramento dos módulos do
conversor CHB .......................................................................................................... 70
5.2 Projeto dos controladores ........................................................................................... 71
5.2.1 Controlador de corrente ............................................................................................. 72
5.2.2 Controlador de tensão total do conversor CHB. ........................................................ 75
5.2.3 Controlador de tensão modular do conversor CHB. .................................................. 76
5.3 Resultados de simulação ............................................................................................ 78
5.4 Conclusões ................................................................................................................. 88
6 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS E CONTINUIDADE DO TRABALHO ......... 91
6.1 considerações parciais ................................................................................................ 91
6.2 Continuidade do trabalho ........................................................................................... 92
6.2.1 Proposta de contribuição para a versão final de tese ................................................. 92
6.2.2 Cronograma ............................................................................................................... 93
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 94
APÊNDICE A - ESTIMATIVA DE PERDAS NO RETIFICADOR .............................. 100
APÊNDICE B – CURVAS DE CARGA DOS TRANSFORMADORES SUBSTITUÍDOS
POR SST ................................................................................................... 105
APÊNDICE C – MODELAGEM DO RETIFICADOR MONOFÁSICO EM
COORDENADAS SÍNCRONAS DQ .................................................... 106
APÊNDICE D – DISTRIBUIÇÃO DE POTÊNCIA NOS MÓDULOS DO CONVERSOR
CHB ........................................................................................................ 120
11

1 INTRODUÇÃO
Equation Chapter (Next) Section 1
Nas últimas décadas, o consumo mundial de energia elétrica tem apresentado um
aumento considerável, principalmente devido ao crescente aumento populacional e ao
desenvolvimento tecnológico dos diversos setores produtivos da sociedade. No Brasil, segundo
o Anuário Estatístico de Energia Elétrica (EPE, 2015, 2016), o acréscimo no consumo de
energia elétrica foi de 53,6% entre 2001 e 2014. Tal crescimento além de demandar acréscimo
de geração também eleva as perdas de transmissão de energia. Tendo em vista que o Brasil tem
tamanho continental, as perdas de transmissão de energia podem tornar-se significativas com a
elevação da demanda de energia.
Neste contexto, estratégias que visam reduzir o desperdício de energia vêm sendo
largamente estudadas na literatura. Uma alternativa para redução de perdas nas linhas de
transmissão e distribuição é a utilização de fontes renováveis de energia. Além de gerar energia
sem causar impactos significativos a natureza, as fontes renováveis podem ser instaladas
próximas ao consumidor final reduzindo as perdas na transmissão de energia. No Brasil, em
2015 o governo nacional lançou programas de incentivos para facilitar a instalação de fontes de
geração distribuída (GD) pelo consumidor (MINAS E ENERGIA, 2015).
Apesar dos benefícios supracitados, o aumento do número de GDs conectados à rede de
distribuição de energia eleva a complexidade do sistema elétrico de potência (SEP). Deste
modo, a reformulação do sistema se faz necessária. Dentro deste contexto, surge o conceito das
redes inteligentes de energia que são sistemas de distribuição e transmissão de energia elétrica
dotados de recursos de tecnologia da informação e de elevado grau de automação. Dentre as
diversas funcionalidades das redes inteligentes uma delas é ampliar significativamente a
eficiência operacional do SEP controlando o fluxo de potência a partir das informações de
geração e consumo de energia que são processadas em tempo real.
Além disso, para reduzir o número de conexões de GD na rede de distribuição e
minimizar os possíveis problemas de estabilidade do SEP, as redes inteligentes fazem uso do
conceito de microrredes ou miniredes. Os quais podem ser definidos como uma maneira mais
eficiente, segura e gerenciável para a conexão de grande número de geradores de pequeno e
médio porte ao SEP. Em outras palavras, a microrede reúne determinados grupos de cargas,
armazenadores e GDs que passam a ser vistos pela concessionária como um sistema/subsistema
elétrico independente conectados ao SEP podendo operar com fluxo de potência positivo ou
negativo (FALCÃO, 2009).
12

Geralmente, as microrredes compartilham um barramento em baixa tensão (BT), o qual


pode ser em corrente alternada (CA) ou corrente contínua (CC), conforme mostrado na Figura
1.1. As microrredes CA necessitam de conversores CC-CA para a conexão da rede com os GDs,
armazenadores e cargas CC, ou seja, tanto as fontes de GD quanto os armazenadores necessitam
de dois conversores de potência para serem conectados a microrede, conforme pode ser
visualizado na Figura 1.1a. Por outro lado, a microrede CC ilustrada na Figura 1.1b, utiliza
somente um inversor para realizar a conexão com a rede CA. Deste modo, os elementos da
microrede podem ser conectados ao barramento CC através de apenas um conversor CC-CC.
No entanto, faz-se necessário um retificador para alimentar as cargas CA da rede de BT. Assim
sendo, de maneira geral a microrede CC tende a ser mais eficiente para os casos onde há grande
número de conexões de GD, pois necessita de menor número de conversores. Outra vantagem
da microrede CC é o controle do fluxo de potência que é bem menos complexo que o controle
em CA.

Figura 1.1 – Microrede convencional: (a) CA; (b) CC.

(a) (b)
Fonte: (RODRIGUES et al., 2016)

Outro fato que deve ser observado é que ambas as microrredes apresentadas na Figura
1.1 utilizam um transformador para a conexão com a rede de média tensão (MT). O
transformador é necessário para a adequação dos níveis de tensão e isolação entre o lado
primário e secundário. Apesar de os transformadores eletromagnéticos serem baratos, robustos
e largamente empregados a utilização deles em microrredes não é atrativa, pois eles não
cumprem alguns requisitos que são extremamente importantes para as microrredes, como:
a) Controle de tensão e corrente em tempo real;
b) Controle do fluxo de potência;
c) Compensação de potência reativa;
13

d) Rejeição a distúrbios e/ou anomalias entre os lados de MT e BT, como: distorção


harmônica, variação de tensões de curta duração, curto circuito, etc.

Neste contexto o transformador de estado sólido (SST – do inglês: Solid State


Transformer) mostra-se uma alternativa interessante ao transformador eletromagnético
convencional. Pois, além de desempenhar as funções do transformador convencional o SST
apresenta todos os requisitos exigidos pela microrede e pode disponibilizar conexão de BT em
CA e/ou CC. Assim, o SST em uma microrede atua como um integrador realizando a conexão
entre as fontes de GD, armazenadores e cargas CC com a rede AC de MT e BT, conforme
mostrado na Figura 1.2. Além disso, o SST também agrega funcionalidades de comunicação e
controle do fluxo de potência em tempo real e por este motivo alguns trabalhos o nomeiam
como Smart SST (ST) (LISERRE, M. et al., 2016)

Figura 1.2 – Microrrede CC com SST.

Fonte: (RODRIGUES et al., 2016)

1.1 O TRANSFORMADOR DE ESTADO SÓLIDO – SST

O conceito do SST foi primeiramente introduzido por McMurray através da patente


registrada em 1968 e publicada em 1970 (MCMURRAY, 1970). Na época, o principal objetivo
do SST era a redução de volume. Então, McMurray propôs um dispositivo baseado em
interruptores de estado sólido operando em elevada frequência1 conectados a um transformador.
Desde então o conceito de SST tem sido refinado em concomitante com a evolução tecnológica
e necessidades de aplicação, porém sem alterar sua estrutura básica a qual está apresentada na
Figura 1.3 de (ZAMBRANO, 2011).

1
Em 1968, considerava-se como elevada frequência algumas dezenas de quilohertz.
14

Figura 1.3 – Estrutura Básica do SST.

Conversor Conversor
Rede Rede
Eletrônico de Eletrônico de
MT BT
Potência Potência

Transformador Alta
Frequência

Fonte:Adaptada de (ZAMBRANO, 2011)

1.1.1 Arquiteturas topológicas

A estrutura básica apresentada na Figura 1.3 permite que um grande número de


arquiteturas topológicas operarem como SST. Desta forma, a literatura classifica as arquiteturas
de acordo com o número de estágios de conversão de energia. Até o presente momento foram
encontradas arquiteturas de um, dois e três estágios, conforme mostrado na Figura 1.4 de (SHE;
BURGOS; et al., 2012).
As topologias de estágio único, caracterizada pela estrutura de Tipo A na Figura 1.4,
utilizam somente um conversor CA-CA isolado, logo a MT é convertida em BT diretamente.
As topologias de dois estágios contêm dois conversores (CA-CC e CC-CA) sendo um deles
isolado. Estes conversores são conectados em cascata e o barramento de desacoplamento varia
entre as topologias, sendo que em algumas o barramento é de BT, Tipo B, e em outras de MT,
Tipo C. Já as arquiteturas de três estágios são formadas por três conversores conforme a
representação Tipo D da Figura 1.4. Neste caso, a conexão com a rede é realizada através de
dois inversores não isolados, um para o lado BT e outro para o lado MT. Sendo que a conexão
entre estes inversores é realizada por um conversor CC-CC.
A arquitetura de estágio único, Tipo A, é composta principalmente por conversores
matriciais, conforme mostrado em (CHEN et al., 2016). Esta estrutura não contém elementos
armazenadores de energia (capacitores de barramento). Desta forma a rejeição a distúrbios e
possibilidade de correção do fator de potência são limitados. Por conter barramento CC a
estrutura de dois estágios, Tipos B e C, tem maior imunidade a distúrbios e possibilidade de
correção do fator de potência (FP). Porém, isto só é possível no lado em que há o barramento
CC. Já a estrutura de três estágios, têm barramento em ambos os lados o que permite o
desacoplamento total entre entrada e saída. Logo, através de técnicas de controle pode-se:
compensar reativos, corrigir fator de potência, reduzir distorção harmônica e rejeitar distúrbios
em ambos os lados do SST.
15

Figura 1.4 - Classificação topológicas dos SST.

Fonte: (SHE; BURGOS; et al., 2012)

Somado a isso, a arquitetura de três estágios também disponibiliza barramentos CC para


conexão. Desta forma, o SST com arquitetura de três estágios apresenta conectividade tanto em
CA quanto em CC. Por estes motivos esta arquitetura é a mais utilizada atualmente nas
pesquisas que abordam o tema SST. Fato este, que pode ser comprovado pela a análise
qualitativa realizada por (HUANG, 2016). Nesta análise, foram avaliados os SSTs
desenvolvidos nos principais centros de pesquisa do mundo (UNIFLEX (WANG, GANGYAO
et al., 2011), the EPRI (LAI et al., 2016), GE Global Research (GRIDER et al., 2011), ABB
PETT (ZHAO, C. et al., 2014), e FREEDM Systems Center (WANG, GANGYAO et al., 2011))
e foi constatado que a estrutura topológica mais utilizada é a de três níveis. Dentro deste cenário,
ainda há diferentes estruturas que podem ser utilizadas na arquitetura de três estágios, as quais
serão discutidas a seguir.

1.1.1.1 Estruturas utilizadas em SST de três estágios

O SST de três estágios pode ser construído com três estruturas distintas, sendo elas: não
modular, modular e semi modular.
a) Não modular: Estas estruturas utilizam menor número de semicondutores, drivers,
sensores e apenas um transformador de média frequência (MF) diminuindo a
probabilidade de falhas devido ao menor o número de componentes. Porém estas
estruturas necessitam de semicondutores capazes de suportar elevados níveis de
16

tensão, geralmente acima de 10 kV como em (GRIDER et al., 2011; LAI et al.,


2016). Estes semicondutores ainda são escassos no mercado, logo estas topologias
não são muito utilizadas (LISERRE, MARCO et al., 2016).
b) Modular: São constituídas por conexões de diversos módulos de menor tensão
onde cada bloco contém um transformador de MF. Esta estrutura tem maior número
de componentes, porém permite implementar estratégias de tolerância a falhas
utilizando módulos sobressalentes. Além disso, têm reduzida interferência
eletromagnética (EMI – do inglês: electromagnetic interference) em comparação
com as estruturas não modulares devido as menores taxas de variações de tensão e
corrente (dv/dt e di/dt)
c) Semi modular: apresentam vantagens semelhantes as estruturas modulares e
utilizam menor número de transformadores. Porém o sistema de controle requer
maior complexidade e têm modularidade limitada (LISERRE, MARCO et al.,
2016)

A Figura 1.5 representa um SST trifásico com a arquitetura de três estágios e os


conversores de potência comumente utilizados para implementar cada estágio. Segundo
(LISERRE, MARCO et al., 2016), as topologias mais adequadas para implementar o estágio
de MT nos SSTs, com arquitetura de três estágios são: o conversor de ponte completa em
cascada (CHB – do inglês: cascated H-bridge) e o conversor modular multinível (MMC – do
inglês: modular multilevel converter). Ambos conversores abrangem as seguintes
características: modularidade, possibilidade de implementação de estratégias de tolerância a
falhas, operação multinível, reduzidos dv/dt e tamanho de filtro.
O MMC contém como particularidade o barramento em MT, possibilitando a conexão
de cargas e fontes nesse nível de tensão. Porém, essa topologia requer sistemas de controle
bastante complexos e filtros CC de maior volume quando comparado a estruturas CHB. Além
disso, para manter os mesmos níveis de tensão, o MMC requer quatro vezes o número de células
e o dobro de semicondutores quando comparado ao CHB, conforme comparação realizada por
(BRIZ et al., 2016). Por esses motivos, as estruturas MMC ainda não são utilizadas em MT,
mas sim em aplicações de alta tensão (AT) (COSTA et al., 2017). Desta forma, o CHB
representa a melhor solução topológica para este caso, pois além das vantagens acima
mencionadas utiliza sistemas de controle e modulação relativamente simples.
17

Figura 1.5 – Arquitetura modular de três estágios e conversores de potência utilizados para a implementação

Fonte: (LISERRE, MARCO et al., 2016)

O estágio intermediário do SST, cujo é composto pelo conversor CC-CC isolado, é


responsável pela diferenciação entre estruturas modulares e semi modulares. Na maioria dos
casos, as estruturas modulares utilizam o conversor DAB (do inglês: dual active brigde) como
conversor CC-CC isolado, devido a facilidade que este conversor apresenta no controle do fluxo
de potência. Já as estruturas semi modulares utilizam conversores MAB (do inglês: multiple
active bridge), onde o transformador possui múltiplos enrolamentos e, portanto, permite a
conexão de múltiplos conversores a um só transformador. Os conversores MAB apresentam
características semelhantes aos conversores DAB, porém o controle do fluxo de potência é mais
complexo devido ao maior número de enrolamentos que compõe o transformador.
A unidade modular desta estrutura é formada pelo conjunto retificador (CA-CC) e o
conversor CC-CC isolado, conforme pode ser visto na Figura 1.6. Assim, nas estruturas
modulares, Figura 1.6a, a unidade modular é composta por um retificador conectado em cascata
a um conversor DAB. Já nas estruturas semi modulares, Figura 1.6b, a unidade modular contém
mais de um retificador conectado ao conversor MAB. Neste último caso o número de
18

retificadores depende do número de enrolamentos do conversor MAB. A conexão entre as


unidades modulares é realizada no padrão ISOP (do inglês: input series output parallel). Onde
a entrada é conectada em série, devido a tensão elevada, e a saída em paralelo formando o
barramento CC de BT.
Do ponto de vista de eficiência, ambos conversores, DAB e MAB, apresentam
performance e curvas de rendimento semelhantes, conforme análise qualitativa realizada por
(COSTA et al., 2017). Desta forma, este trabalho irá utilizar um conversor DAB para as análises
subsequentes, ou seja, o SST terá estrutura modular. Futuramente, esta análise pode ser
estendida para estruturas semi modulares.

Figura 1.6 - Transformador de estado sólido com (a) estrutura modular e (b) semi modular

Fonte: (COSTA et al., 2017).

Por fim, as estruturas modulares e semi modulares utilizam um retificador para conectar
o barramento CC de BT com a rede CA de BT. Esta conexão pode ser realizada por distintos
conversores conforme pode ser visualizado na Figura 1.5. Sendo que nos casos monofásicos a
conexão é realizada através de conversores de ponte completa, as conexões trifásicas utilizam
inversores de tensão de quatro fios e as aplicações que exigem barramento de BT de maior
tensão (600 V, por exemplo) utilizam-se topologias de tipo T ou NPC. Devido ao fato de todas
estas topologias de BT supracitadas já serem consolidadas pela indústria, elas não serão
abordadas neste trabalho.
Então, o SST avaliado neste trabalho será o de três estágios e de estrutura modular,
conforme o apresentado na Figura 1.7. Esta estrutura tem o conversor DAB como conversor
19

principal, pois é ele quem realiza a isolação galvânica e controla o fluxo bidirecional de energia.
No entanto, o este conversor tem algumas particularidades que afetam o desempenho do SST,
as quais serão discutidas a seguir.

Figura 1.7 - Topologia do SST utilizada para este estudo.


Módulo 1

Lf Ld

Módulo 2

Ld

BT- CA
MT

Módulo n

Ld

BT- CC

Fonte: Autor.

1.2 CONVERSOR DAB

Além de propiciar a isolação galvânica com elevada densidade de potência, o conversor


DAB também possibilita controlar o fluxo bidirecional de energia com técnicas relativamente
simples. Este conversor opera com comutação suave em ampla faixa de potência resultando em
elevado rendimento. No entanto, para potências muito abaixo da nominal acontece o
estreitamento da região de comutação suave aumentando a energia reativa circulante no
transformador do conversor DAB e reduzindo drasticamente o rendimento deste conversor,
conforme mostrado na Figura 1.8.
20

Figura 1.8 – Curvas de rendimento típicas do conversor DAB.

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Fonte: (a) (INOUE; AKAGI, 2007), (b) (TODORČEVIĆ et al., 2015), (c) (AKAGI; KINOUCHI; MIYAZAKI,
2016), (d) (TAN; ABE; AKAGI, 2011), (e) (XIE; SUN; FREUDENBERG, 2010), (f) (EVERTS et al., 2012).

Como a potência processada pelo SST também é processada pelo conversor DAB, a
curva de rendimento total do SST apresenta formato semelhante as curvas apresentadas na
Figura 1.8. Deste modo, quando o SST estiver operando com carga reduzida (em média 30%
da potência nominal) seu rendimento também será reduzido.
21

1.3 CURVAS DE CARGA CARACTERÍSTICAS DE ÁREAS RURAIS DO BRASIL

O comportamento da curva de rendimento do conversor DAB não representa ser um


problema significativo para a maioria das aplicações, pois só ocorre para potências bastante
reduzidas. Porém, ao analisar as curvas de carregamento de transformadores de áreas rurais e
pequenas cidades localizadas no interior do RS, mostradas na Figura 1.9, nota-se que os
transformadores operam com potências abaixo de 30% da nominal durante grande parte do dia.
Nestes casos, a utilização do SST com estrutura de três estágios não é atrativa. Ainda, caso
houver inserção de GD nesse sistema, o tempo de operação do SST com baixo rendimento tende
a ser maior, o que pode representar perdas expressivas para a concessionária de energia.
Então, dentro deste contexto torna-se interessante a busca por técnicas para elevar a
eficiência do SST com arquitetura de três estágios sob condições de carga reduzida. Assim
sendo, este trabalho de qualificação busca técnicas de operação que elevem a eficiência do SST
nesta faixa de operação.
22

Figura 1.9 – Curvas de carga típica de zonas rurais brasileiras para dias úteis (azul), sábados (laranja) e domingo
(cinza).

TR 1 (112,5 kVA) TR 2 (75 kVA)


1
1
0,9 DU Sab Dom
0,9 DU Sab Dom
0,8
0,8
0,7 0,7

0,6 0,6

0,5 0,5

0,4 0,4

0,3 0,3

0,2 0,2

0,1 0,1
0 0

00:00
02:00
04:00
06:00
08:00
10:00
12:00
14:00
16:00
18:00
20:00
22:00
00:00
02:00
04:00
06:00
08:00
10:00
12:00
14:00
16:00
18:00
20:00
22:00

(a) (b)

TR 3 (45 kVA) TR 4 (45 kVA)


1 1
DU Sab Dom
0,9 DU Sab Dom 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
00:00
02:00
04:00
06:00
08:00
10:00
12:00
14:00
16:00
18:00
20:00
22:00
00:00
02:00
04:00
06:00
08:00
10:00
12:00
14:00
16:00
18:00
20:00
22:00

(c) (d)

Fonte: Autor.
23

2 TÉCNICAS PARA ELEVAR O RENDIMENTO DO SST SOB OPERAÇÃO DE


CARGA REDUZIDA
Equation Chapter (Next) Section 1
Apesar do baixo rendimento do conversor DAB sob operação com cargas reduzidas,
não ser um problema significativo para maioria das aplicações, encontra-se na literatura
alternativas que buscam elevar o rendimento do conversor DAB sob essas condições. Sendo
que as técnicas existentes podem ser divididas em: modificações da modulação, modulação em
hopping mode e utilização de indutores não lineares.
Os trabalhos que propõe modificações da modulação buscam o aumento da faixa de
operação em ZVS e a redução das correntes do circuito através de modulações em três níveis
no lado primário e/ou secundário do conversor DAB (OGGIER; ORDONEZ, 2016). Entretanto,
estas técnicas acabam diminuindo a faixa de utilização do conversor, já que a máxima
transferência de potência é atingida quando o transformador opera com dois níveis e razão
cíclica de 0,5 (KIRSTEN, 2014).
O método denominado hopping mode consiste em operar o conversor DAB em sua
potência nominal sendo um determinado tempo com fluxo de potência direto e o outro reverso,
formando assim a razão cíclica de trabalho entre a operação direta e reversa
(KHERALUWALA et al., 1992). Devido ao fato de o conversor DAB operar na potência
nominal o rendimento obtido neste modo de operação é maior que o obtido na operação
convencional. Porém, o rendimento do conversor operando com fluxo de potência reverso é
inferior ao rendimento da operação com fluxo direto, por esse motivo esta técnica não apresenta
melhoras significativas na eficiência do conversor DAB. Além disso, o SST contém um
retificador conectado em cascata com o conversor DAB, o que inviabiliza a aplicação desta
técnica.
Outros estudos utilizam indutores saturáveis em série com o transformador, assim é
possível reduzir as perdas no conversor DAB em potências reduzidas (ORTIZ et al., 2013).
Entretanto, os projetos destes indutores são complexos e podem se tornar impraticáveis para a
fabricação industrial.
Para elevar a eficiência de um SST com arquitetura semelhante a que está sendo
estudada neste trabalho (KIRSTEN, 2014) propôs a operação do tipo burst mode. Esta técnica
é derivada da hopping mode, porém, neste caso todo o módulo do SST opera normalmente
durante determinado tempo e então é desligado. O tempo em operação somado ao tempo
desligado formam um período de baixa frequência e a transferência de potência é dada pela
relação entre tempo que o conversor fica ligado e desligado. Esta técnica obteve melhoras
24

significativas em operações com carga reduzida, no entanto adiciona oscilação de tensão em


baixa frequência aos barramentos de MT e provavelmente emite ruído audível devido à baixa
frequência de operação.
Tendo em vista que as principais técnicas para elevar o rendimento do conversor DAB
em cargas reduzidas não são aplicáveis a estrutura do SST, este capítulo propõe uma alteração
no modo de operação do SST para elevar a eficiência nessa faixa de potência.

2.1 ALTERAÇÃO NO PROCESSAMENTO DE POTÊNCIA DO SST

Visando elevar a eficiência global do SST modular de três estágios em situações de


carga reduzida, propõe-se uma nova estratégia de operação para o SST. Esta proposta visa
retirar os módulos do SST de operação à medida que a potência processada diminui. Assim, os
módulos que continuarem operando processam maior quantidade de potência e não operam na
faixa de baixo rendimento do conversor DAB.
Para a explicação do funcionamento do modo de operação proposto será utilizado a
Figura 2.1. Como pode ser visto, o inversor de saída foi desprezado e a carga está conectada
diretamente no barramento CC de BT do SST. Essa simplificação foi realizada pois o modo de
operação que está sendo proposto não altera o processamento de energia do lado de BT do SST.
Então, assume-se que cada módulo do SST tem potência nominal de 1 pu, assim a
potência nominal do SST apresentado na Figura 2.1 é 4 pu. A operação no modo convencional
distribui a potência uniformemente entre os módulos, logo cada módulo processa um quarto da
potência total do SST. Se a carga R estiver demanda de 1 pu, cada conversor DAB processa
0,25 pu e opera na faixa onde o rendimento do conversor DAB começa a reduzir, conforme
pode ser visualizado na Figura 2.2. Contudo, se um módulo do SST for retirado de operação, a
potência processada por cada um dos três conversores DAB restantes será de 0,33 pu. Assim,
os conversores DAB operam em um ponto de melhor rendimento, conforme mostrado na Figura
2.2. De maneira análoga, à medida que a potência demandada pela carga R reduz, mais módulos
podem ser retirados de operação e assim é possível manter a operação em um ponto de
eficiência elevada.
A solução mais simples para a retirada dos módulos seria curto-circuitar a entrada do
módulo. No entanto, esta solução eleva a tensão nos barramentos de MT dos módulos que
continuam em operação e neste caso os módulos devem ser sobredimensionados, o que não
vem a ser uma alternativa interessante de implementação. Desta forma, para evitar o
25

sobredimensionamento dos módulos o retificador de entrada deve ser mantido em operação


mesmo que o conversor DAB ao qual ele está conectado esteja desligado.
Assim sendo, a retirada de operação do conversor DAB ocasiona implicações no
funcionamento do retificador devido aos diferentes níveis de potência processados. Então, o
retificador que estiver conectado ao conversor DAB que for retirado de operação deve cessar o
processamento de potência ativa, caso contrário a tensão do barramento CC de MT se elevará
e danificará o módulo.

Figura 2.1 – SST de 4 módulos com carga CC.

Módulo 1

Lf Ld

Is

Módulo 2

Ld

Módulo 3
MT

R
Ld

Módulo 4

Ld

BT

Fonte: Autor.
26

Figura 2.2 – Curva de carga do conversor DAB

95%
93%
90%
Rendimento ( %)

88% DABs processando


0,33 pu
85%
DABs processando
83% 0,25 pu
80%
78%
75%
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Potência (pu)

Fonte: Adaptado de (KIRSTEN, 2014)

Portanto, para que o modo de operação que está sendo proposto torne-se implementável
é necessário alterar a modulação do conversor CHB. Assim sendo, realizou-se uma análise da
aplicabilidade do modo de operação proposto, conforme descrito a seguir.

2.1.1 Análise da aplicabilidade do modo de operação proposto

Esta análise visa investigar a possibilidade de os retificadores que compõe o conversor


CHB processarem diferentes quantidades de potência sem prejudicar o funcionamento do SST.
Com o intuito de facilitar a análise será utilizado um circuito simplificado, o qual será
apresentado a seguir.

2.1.1.1 Simplificação do circuito

Como descrito anteriormente a técnica proposta não altera a modulação no conversor


DAB, apenas o mantém em operação ou não. Desta forma, os conversores DABs foram
substituídos por resistores, conforme representado na Figura 2.3. Além disso, a análise a seguir
visa investigar o processamento de potência de entrada do conversor CHB. Então, se for
considerado que os retificadores sintetizam formas de onda puramente senoidais pode-se
utilizar os circuitos simplificados da Figura 2.4.
27

Figura 2.3 - Conversor CHB de 4 módulos conectado à rede de MT.

Lf
V1 C1 R1 Vcc1

Is

V2 C2 R2 Vcc2

Vs Vr

V3 C3 R3 Vcc3

V4 C4 R4 Vcc4

Fonte: Autor.

Figura 2.4 – Circuito simplificado do conversor CHB conectado à rede de MT: (a) divisão por módulos, (b)
circuito equivalente.

Lf

Is Lf
V1

Is
V2
Vs Vs Vr
V3

V4

(a) (b)

Fonte: Autor.
28

Porém, antes de avaliar o modo de operação proposto vale apresentar as teorias de


potência e fluxo de potência aplicados a sistemas puramente senoidais. Pois estas são relevantes
para o entendimento do modo de operação proposto.

2.1.1.2 Teoria de potência e fluxo de potência

Sabe-se da teoria de sistemas de potência que o controle do fluxo de potência em uma


rede de energia é dependente do ângulo entre as tensões das duas fontes de energia (δ)
(STEVENSON, 1986). Esta mesma teoria pode ser aplicada a este estudo, pois conforme a
Figura 2.4b, o conversor CHB é visto pela rede (Vs) como uma fonte de tensão (Vr) e sua
conexão é realizada através do indutor de filtro (Lf). Desta forma, as equações que representam
a transferência de potências ativa e reativa fornecidas pela rede para o retificador são mostradas
em (2.01) e (2.02), o diagrama fasorial, com valores eficazes, referente ao circuito da Figura
2.4b pode ser visualizado na Figura 2.5.

Figura 2.5 - Diagrama fasorial do circuto da Figura 2.4b.

Vr

jXLIs
δ
Ө Vs
Is

Fonte: Autor.

s r sin( )
VV
P (2.01)
XL

Vs (Vs Vr cos( ))


Q (2.02)
XL
Onde:
Vs – Tensão eficaz da rede;
Vr – Tensão eficaz sintetizada pelo CHB;
XL – Impedância do filtro indutivo;
δ – Ângulo de potência.
29

A partir de (2.01) observa-se que o fluxo de potência ativa é dependente do ângulo δ, o


qual é denominado ângulo de potência. Enquanto que a potência reativa é dependente da

diferença entre as tensões, pois o fator Vcos(δ)


r da equação (2.02) refere-se a representação da
tensão Vr sobre o eixo Vs. Deste modo, de acordo com (2.02), se essa representação for maior
que a tensão da rede (Vs) o conversor CHB estará fornecendo energia reativa para a rede, se for
menor o conversor CHB está consumindo energia reativa da rede. Por fim, ambas as potências
dependem da impedância do filtro indutivo apresentada em (2.03).

X L  2 fs Lf (2.03)

Onde:
fs – frequência da rede;
Lf – indutância do filtro;

Além disso, de acordo com a norma IEEE 1459-2010 (“IEEE Standard Definitions for
the Measurement of Electric Power Quantities Under Sinusoidal, Nonsinusoidal, Balanced, or
Unbalanced Conditions”, 2010) em sistemas puramente senoidais pode-se calcular as potências
ativa e reativa por:

P  VI cos( ) (2.04)

Q  VI sin( ) (2.05)

Onde:
V – Tensão eficaz;
I – Corrente eficaz;
Ө – ângulo de carga;

2.1.1.3 Aplicação do modo de operação proposto

Para que as tensões de barramento continuem equalizadas quando o conversor DAB


conectado ao retificador for desligado, o retificador deve parar de processar potência ativa. No
30

entanto, o conversor CHB tem seus retificadores conectados em série, ou seja, a corrente de
entrada (Is) é igual para todos os retificadores. Logo, resta como variável de controle as tensões
sintetizadas por cada retificador (V1, V2, V3 e V4) que compõe o conversor CHB.
A Figura 2.6a apresenta o diagrama fasorial do sistema apresentado na Figura 2.4b
operando com FP unitário. Neste caso, o conversor CHB está drenando uma determinada
potência ativa da rede e fornecendo a potência reativa consumida pelo filtro Lf. No modo de
operação convencional, cada módulo do conversor CHB processa a mesma quantidade de
potência. Pois as tensões sintetizadas por cada retificador são idênticas em módulo e ângulo,
conforme ilustrado no diagrama fasorial da Figura 2.6b.
No momento em que se retira o conversor DAB de operação, o retificador conectado
em cascata com este conversor deve parar de processar potência ativa. Como não é possível
alterar a corrente que circula por este retificador, a tensão sintetizada por ele deve estar defasada
em 90° da corrente Is, conforme mostra o diagrama fasorial da Figura 2.6c. Neste caso, tem-se
que o retificador 1 não processa potência ativa, ou seja, ele é um retificador não-ativo. Nota-se,
por este diagrama que a tensão total do conversor CHB (Vr) e o ângulo de potência (δ) são os
mesmos dos diagramas apresentados na Figura 2.6a e Figura 2.6b, ou seja, a potência total
processada pelo conversor CHB ou pelo SST não é alterada. No entanto, o ângulo de carga e o
módulo dos vetores dos retificadores que permanecem em condução são alterados. Isso faz com
que eles processem maior quantidade de potência ativa e operem em um ponto de melhor
rendimento da curva apresentada na Figura 2.2.

Figura 2.6 – Diagramas fasoriais: (a) referente a Figura 2.4b; referente a Figura 2.4a (b) em operação
convencional, (c) em operação proposta.

Vr V4 Vr
V3
V2 V3 V4 Vr
V2
jXLIs
jXLIs

jXLIs

V1 V1 Ө1
δ δ δ
Is Vs Is Vs Is Vs

(a) (b) (c)

Fonte: Autor.

Contudo, a solução apresentada no diagrama fasorial da Figura 2.6c, só é implementável


caso o retificador esteja apto a sintetizar níveis de tensão maiores do que quando operando no
modo convencional. Em outras palavras, para ser possível sintetizar a tensão Vr conforme
ilustrado na da Figura 2.6c, o conversor CHB deve operar com índice de modulação de
31

amplitude (ma) reduzido. O ma é a relação entre a máxima tensão que está sendo sintetizada
pelo conversor CHB e a soma das tensões de barramento dos “n” módulos que o compõe
conforme (2.06).

Vrp
ma  (2.06)
nVcc

Onde:
Vrp – Tensão de pico sintetizada pelo conversor CHB;
Vcc – Tensão nominal do barramento CC;
n – número de módulos que compõe o CHB;

Como pode ser visto, a implementação desta técnica é totalmente dependente do índice
de modulação de amplitude do conversor CHB. Então, uma análise vetorial será realizada a fim
de encontrar a relação entre o índice de modulação por amplitude e as tensões de entrada dos
retificadores que compõe o conversor CHB.

2.1.2 Análise vetorial do conversor CHB

Para esta análise vetorial considerou-se que o conversor CHB apresentado na Figura 2.3
tem formas de onda puramente senoidais, tensões de barramento equilibradas, constantes e
iguais a Vcc. Os diagramas fasoriais utilizados nesta análise consideram os valores de pico, tanto
de tensão como de corrente, pois o intuito é encontrar os limites de operação de cada retificador.
Assim sendo, a Figura 2.7a representa o diagrama fasorial com valores de pico e os
limites de tensão sintetizados pelos retificadores. O círculo pontilhado em vermelho na Figura
2.7a, tem raio Vcc e representa a máxima tensão sintetizável pelo retificador 1. Este retificador
é capaz de sintetizar qualquer valor de tensão dentro deste círculo. O círculo em linha pontilhada
azul, tem raio 3Vcc, centro no final do vetor Vrp e representa a máxima tensão sintetizável pelos
outros 3 retificadores que compõe o conversor CHB. A intersecção entre estes círculos, em
amarelo, representa a área de operação segura (AOS) para sintetizar a tensão Vrp. Portanto, para
evitar a sobre modulação o vetor V1p deve ser sintetizado dentro da AOS. Deste modo, o vetor
V1p tem limitação de ângulo, onde o máximo ângulo de carga sintetizável (Ө1Máx) é definido
pelo cruzamento dos círculos que delimitam a AOS, conforme mostrado na Figura 2.7b.
32

Neste caso, em operações com FP unitário não é possível operar o retificador 1 de forma
não-ativa. Para tornar possível faz-se necessário aumentar a AOS, ou seja, elevar as tensões de
barramento dos conversores CHB. Assim, o raio dos círculos aumenta e torna-se possível
sintetizar a tensão V1 em quadratura com a corrente Is, conforme mostrado na Figura 2.8.

Figura 2.7 - Diagrama fasorial com limites de operação: (a) Limites de tensão sintetizada pelos retificadores,
(b) Tensão de pico sintetizada por cada módulo.

Vrp
jXLIsp

jX LIsp
Vcc δ V1p Vrp
Isp Vsp δ
Isp Vsp
Ө1Máx

(a) (b)

Fonte: Autor

Figura 2.8 – Diagrama fasorial com índice de modulação de amplitude reduzido.

V2p V3p V4p


jXLIsp

V1 Ө1 Vrp
δ
Isp Vsp

Fonte: Autor.

No entanto, ao se elevar a tensão de barramento dos retificadores (Vcc) para sintetizar a


mesma tensão de pico (Vrp) reduz-se o índice de modulação de amplitude, o que caracteriza o
33

sobredimensionamento do conversor. A partir da Figura 2.8, observa-se visualmente que para


ser possível operar com um retificador não-ativo o conversor CHB de 4 módulos, deve sintetizar
a tensão Vrp utilizando apenas 3 retificadores. Então, para um determinador conversor CHB de
“n” módulos operar com esta estratégia (n-1) módulos devem ser capaz de sintetizar a tensão
Vrp, conforme (2.07).

(n 1)Vcc  Vrp (2.07)

Logo, para encontrar o índice de modulação de amplitude máximo do conversor CHB


para este modo de operação, substitui-se (2.07) em (2.06):

n 1
ma  (2.08)
n

No entanto, (2.08) é valido somente para o conversor CHB operar com um retificador
não-ativo. Expandindo a análise para operações com “nr” retificadores não-ativos, tem-se a
condição dada em (2.09).

(n  nr )Vcc  Vsp (2.09)

Onde:
nr – número de retificadores não-ativos.

Deste modo, o índice de modulação de amplitude máximo em função do número de


retificadores não-ativos é dado em (2.10)

n  nr
ma  (2.10)
n

Com o intuito de visualizar a relação dada em (2.10), a Figura 2.9 mostra os máximos
índices de modulação de amplitude (ma) em função do número de retificadores não-ativos em
operação, para conversores CHB de 6, 5 e 4 módulos. Tomando como base o conversor CHB
de 4 módulos, o qual serviu de modelo para esta análise, conclui-se que para ser possível operar
34

com 3 módulos não ativos, o conversor CHB deve ter o ma máximo de 0,26. Assim sendo, essa
estratégia de modulação não é atrativa, pois os retificadores teriam que ser superdimensionados
em tensão. Outra conclusão que pode ser obtida é que a operação com metade dos conversores
não-ativos requer um índice de modulação máximo de 0,5.

Figura 2.9 - Relação entre índice de modulação de amplitude máximo e número de retificadores não-ativos.

1
n=4
Máximo índice de modulação de amplitude

0.9 n=5
0.8
n=6

0.7

0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 1 2 3 4 5 6

Número de retificadores não-ativos


Fonte: Autor.

2.2 CONCLUSÃO

Este capítulo apresentou uma alteração na estratégia de operação do conversor CHB


para possibilitar o desligamento de determinado número de conversores DAB quando o SST
estiver operando com cargas reduzidas.
A estratégia proposta por este capítulo não altera o processamento de potência total do
SST, sendo que a alteração acontece na quantidade de potência processada por cada módulo.
No entanto, concluiu-se que para ser possível a aplicação desta estratégia de operação tanto o
conversor CHB quanto o conversor DAB devem ser sobredimensionados em tensão. Deste
modo, a estratégia proposta por este capítulo não é atrativa do ponto de vista de implementação.
35

3 MODO DE OPERAÇÃO PRPOSTO PARA ELEVAR O RENDIMENTO


GLOBAL DO SST EM CONDIÇÕES DE CARGA REDUZIDA
Equation Chapter 3 Section 1
Tendo em vista que o SST em estudo tem arquitetura de três estágios, possibilitando o
desacoplamento entre as correntes de entrada e saída, esse capítulo propõe um novo modo de
operação para elevar a eficiência do SST sob condições de carga reduzida. Nesta proposta o FP
do lado de MT do SST passa a ser uma variável de controle adicional, conforme será discutido
no decorrer do capítulo.
De acordo com o que foi visto no capítulo anterior, os ângulos de carga (Өi) dos
retificadores são limitados pelo ma, conforme ilustrado na Figura 3.1a. Neste caso, o ma não
permite operar o retificador 1 de forma não-ativa. No entanto, se o FP do conversor CHB for
alterado é possível sintetizar V1p em quadratura com Isp sem alterar o ma, conforme pode ser
visualizado na Figura 3.1b. Assim, o retificador 1 opera de forma não-ativa e o conversor CHB
mantém o ma elevado.

Figura 3.1 – Diagrama fasorial com (a) FP unitário e (b) FP não unitário.
jXLIsp

jXLIsp
V1p Vrp V1p Vrp
δ δ
Isp Vsp Ө1=90° Ө Vsp
Ө1Máx Isp

(a) (b)

Fonte: Autor.

Apesar de alterar o FP de entrada do SST, este modo de operação não altera o


processamento total de potência ativa do conversor CHB. A carga delimita a corrente drenada
da rede (Is), ou seja, a multiplicação Isp cos(θ) de ambos diagramas fasoriais deve ser igual.

Como no diagrama fasorial da Figura 3.1a o ângulo ϴ é zero, o valor de módulo da corrente do
diagrama fasorial da Figura 3.1b deve ser maior para que esta condição seja mantida. Assim, o
processamento da potência ativa total do conversor CHB não se altera.
Normalmente, do ponto de vista da rede de distribuição as cargas com FP não unitário
não são bem-vindas. Pois, à medida que o FP reduz é necessário drenar maior quantidade de
corrente para processar a mesma potência ativa e isso pode resultar em sobrecarga dos cabos
36

da rede de distribuição. No entanto, o modo de operação proposto somente entre em atuação


quando a potência do SST for menor que 30% da potência nominal. Assim, a elevação de
corrente proporcionada pelo modo de operação proposto é menor que a corrente nominal do
SST, o que garante que os cabos não serão sobrecarregados. Contudo, tanto as perdas na rede
de distribuição quanto nos retificadores do conversor CHB tendem a se elevar com o aumento
da corrente circulante. Assim sendo, as consequências do modo de operação proposto são
estudadas no decorrer deste capítulo, para isso os pontos de operação desta proposta devem ser
delimitados.

3.1 DELIMITAÇÃO DOS PONTOS DE OPERAÇÃO

Esta análise visa encontrar a relação entre número de retificadores não-ativos em


operação e o ângulo de carga que a corrente Is deve operar. Então, conforme discutido no
capítulo anterior, a limitação da AOS do conversor CHB é imposta pelas circunferências que
delimitam a máxima tensão sintetizável de cada módulo. Logo, a equação da circunferência é
dada em (3.01).

 y1  y0    x1  x0 
2 2
 r2 (3.01)

Onde:
y1 e y0 – pontos cartesianos referente ao eixo y;
x1 e x0 – pontos cartesianos referente ao eixo x;
r – raio da circunferência.

Considerando um sistema de coordenadas (x,y) em quadratura, onde o eixo x está


alinhado ao vetor Vrp, conforme mostrado na Figura 3.2, tem-se as duas circunferências que
delimitam a AOS do conversor CHB. A circunferência em vermelho, com centro na origem e

raio nV
r cc , representa a máxima tensão sintetizável pelos retificadores não-ativos e está
expressada matematicamente em (3.02). Sendo nr o número de retificadores não-ativos em
operação. A circunferência em azul representa a máxima tensão sintetizável pelos retificadores

restantes do conversor CHB, tem centro no final do vetor Vrp, raio (nnr )Vcc e está expressada
matematicamente em (3.03).
37

Figura 3.2 - Sistemas de coordenadas empregados na análise do diagrama fasorial.

φn

jXLIsp
Vrp
δ
Ө Vsp
Isp
Fonte: Autor.

y  0    x p  0    nrVcc 
2 2 2
p

(3.02)
y p 2  x p 2   nrVcc 
2

 yn  0    xn  Vrp     n  nr  Vcc 
2 2 2

(3.03)
yn 2   xn  Vrp     n  nr  Vcc 
2 2

Ainda, conforme discutido no capítulo anterior, a máxima tensão de pico sintetizada


pelo conversor CHB depende do índice de modulação de amplitude. Então, substituindo (2.06)
em (3.03), obtém-se:

yn 2   xn  ma nVcc     n  nr  Vcc 
2 2
(3.04)

Sabe-se que o máximo ângulo sintetizável pelos retificadores não-ativos é limitado pela
intersecção entre as circunferências. Logo, o ponto x de intersecção entre as circunferências
pode ser encontrado igualando termo y de (3.02) e (3.04):

Vcc n  ma 2 1  2nr 


x (3.05)
2ma
38

A partir do valor encontrado em (3.05) é possível obter o máximo ângulo sintetizável

pelos retificadores não-ativos (  p max ). Para isso, faz-se uso do triângulo retângulo sombreado

em verde na Figura 3.2, sendo que a hipotenusa deste triângulo representa a máxima tensão

sintetizável pelos retificadores não-ativos ( nV


r cc ) e o cateto adjacente é o valor de x dado em

(3.05). Então, aplicando as teorias de trigonometria obtém-se:

 n  ma 2  1  2nr  
 p max  cos  
1 
(3.06)
 2nr ma 
 

A Figura 3.3 mostra o máximo ângulo sintetizável (φpmax) pelos módulos não-ativos para
um conversor CHB de 4 módulos em função do número de módulos não-ativos em operação.
Quanto menor o ma do conversor CHB maior é o φpmax, este fator é importante pois o FP de
potência é dependente deste ângulo, conforme será discutido posteriormente. Outro ponto que
merece ser destacado é que a diferença entre os ângulos (φpmax) propiciadas pelos ma distintos
diminui a medida aumenta o número de retificadores operando de forma não-ativa. Sendo
assim, quando o conversor CHB estiver operando com muitos retificadores não-ativos a
redução do ma não apresenta grandes benefícios.
Após definidos os limites de ângulo (φpmax) para sintetizar a tensão dos retificadores,
pode-se calcular o ângulo de carga (Ө) do conversor CHB. Então, para que os retificadores não-
ativos não processem potência ativa, a corrente Is deve estar defasada em 90° do módulo de
tensão que está sendo sintetizado por estes retificadores. Assim, de acordo com a Figura 3.2, a
condição dada em (3.07) deve ser satisfeita:

      90  (3.07)

A partir de (3.07) pode-se concluir que quanto maior é o ângulo da tensão do retificador
não-ativo (φ), menor será o ângulo de carga (Ө) e consequentemente mais próximo da unidade
será o FP. Deste modo, a estratégia que está sendo proposta visa sempre sintetizar o máximo
ângulo de tensão possível. Logo, o ângulo φ utilizado é o calculado em (3.06). Por sua vez, o
ângulo de potência (δ) é dependente do fluxo de potência do SST.
39

Figura 3.3 – Máximo ângulo sintetizável em função do número de módulos não-ativos em operação, para
diferentes ma de um conversor CHB de 4 níveis.

80
ma=0,95
ma=0,90
ma=0,85
Ângulo máximo (φpmax) em graus (°)

ma=0,80
60

40

20

0
1 2 3

Número de retificadores não-ativos

Fonte: Autor.

As equações que determinam o fluxo de potência do conversor CHB foram apresentadas


no capítulo anterior, sendo a potência ativa em (2.01) e a reativa em (2.02). Considerando que
não há variações na tensão da rede nem na impedância (XL), as variáveis de controle para o
fluxo de potência são Vr e δ. Então, substituindo (2.02) em (2.01) obtêm-se o ângulo de potência
do conversor CHB em função das potências ativa e reativa, que estão sendo processadas.

 
1
  sin  PX L
1  (3.8)
  PX L 
2
 Vs 2  QX L 
2

 

Para melhor visualizar a influência do ângulo δ na definição do ângulo de carga dado


em (3.07) tomou-se como exemplo o SST apresentado em (KHAZRAEI et al., 2014), cujo tem
potência nominal de 20 kVA, tensão de entrada (Vs) de 9,72 kV (equivalente a 13,8 kV de linha)
40

e filtro de entrada de 300 mH, o que resulta em uma impedância XL de aproximadamente 100
Ω.
A Figura 3.4a apresenta a variação do ângulo δ em função da potência ativa que o SST
está processando para diferentes FPs. Nota-se que o ângulo δ para a potência nominal (20kW)
e FP unitário é de aproximadamente 2° enquanto que para o FP de 0,3 é próximo de 2,3°.
Considerando que este modo de operação só atua com potências abaixo de 30% da potência
nominal do transformador, a variação do ângulo δ é ainda menor, abaixo de 0,05°, conforme
ilustrado na Figura 3.4b.
Deste modo, pode-se afirmar que para essa aplicação a variação do ângulo de potência
(δ) não é significativa em relação a variação do ângulo φ apresentado na Figura 3.3. Por este
motivo, o ângulo de potência da equação (3.07) foi desconsiderado. Logo, o ângulo de carga
passa a ser calculado conforme mostrado em (3.9).

 n  m a 2  1  2 n r 
1
  90  cos   (3.9)
 2 nr m a 
 

Figura 3.4 - Ângulo de potência em função da potência ativa processada para operações com distintos fatores de
potência: (a) variação total, (b) abaixo de 30% da potência nominal.

4
FP=1
FP=0,7
FP=0,5
Ângulo de Potência (δ°)

3
FP=0,3

0
4 4 4
0 110 210 310
Potência Ativa (W)

(a)
41

FP=1
FP=0,7
FP=0,5
Ângulo de Potência (δ°) FP=0,3
0.4

0.2

0
3 3 3
0 210 410 610
Potência Ativa (W)

(b)

Fonte: Autor.

A simplificação adotada, faz com que o ângulo de carga (Ө) dependa apenas de ma, n e
nr. Sendo que ma e n são valores constantes determinados pelo projeto do conversor CHB e nr
varia de acordo com a potência processada pelo SST. Finalmente, após definido o ângulo de
carga em função do número de retificadores não-ativos, pode-se definir o FP de entrada do
conversor CHB em função do número de retificadores não-ativos, conforme mostrado na Figura
3.5.
Nota-se que o FP decresce significativamente a medida que aumentam o número de
módulos não-ativos em operação, o que se reflete no aumento da corrente Is. Assim, as perdas
nos retificadores do conversor CHB podem ultrapassem o ganho de potência proveniente da
retirada de operação dos conversores DAB. Por este motivo uma avaliação do ponto de vista de
perdas é realizada a seguir.

3.2 PERDAS GLOBAIS NO SST

Para realizar esta avaliação, tomou-se como exemplo o SST apresentado na Figura 2.1.
Novamente, o inversor de saída foi desprezado, pois o modo de operação deste inversor não se
altera. Logo, a carga do SST está conectada no barramento CC de BT. Além disso, tomou-se
como padrão a curva de rendimento do conversor DAB apresentada em (KIRSTEN, 2014) e
42

Figura 3.5 – Fator de potência em função do número de módulos não-ativos em operação, para diferentes índices
de modulação de amplitude de um conversor CHB de 4 níveis.

1
ma=0,95
ma=0,90
ma=0,85
0.8 ma=0,80

0.6
FP

0.4

0.2

0
1 2 3
Número de retificadores não-ativos

Fonte: Autor.

que é mostrada na Figura 2.2. Os valores nominais de potência e tensão de entrada do conversor
DAB são 500 VA e 600 V, respectivamente. Então, como o SST da Figura 2.1 tem 4 módulos
a potência nominal do SST em análise é de 2 kVA. Por fim, o estudo foi realizado em pu e
utilizou-se como base a potência (500 VA) e a tensão de barramento do conversor DAB (600
V). O índice de modulação de amplitude do conversor CHB considerado nestas análises foi de
0,9.
A Erro! Fonte de referência não encontrada. ilustra a potência processada pelos
conversores DABs que compõe o SST operando no modo proposto. Enquanto o SST não atinge
seu limiar de potência (0,3 pu) todos os conversores DAB processam a mesma quantidade de
potência. Quando este limite é atingido, um dos conversores DAB é retirado de operação e a
potência total do SST é dividida entre os 3 módulos que continuam em operação. A medida que
a carga do SST é reduzida, outros conversores DAB são retirados de operação, conforme pode
ser observado com o auxílio da Erro! Fonte de referência não encontrada.
43

Figura 3.6 – Distribuição de potência ativa nos conversores DAB conforme modo de operação proposto

0.2
P_DAB1
P_DAB2
P_DAB3
Potência Ativa por Módulo

0.15 P_DAB4
P_Lim

0.1

0.05

0
0 0.1 0.2 0.3 0.4

Potência Ativa do SST

Fonte: Autor.

A corrente eficaz de entrada do SST em função da potência de saída pode ser visualizada
na Figura 3.7. Nota-se que apesar da elevação de corrente de entrada proporcionada pelo modo
de operação proposto, não se faz necessário o sobredimensionamento de nenhum componente.
Pois, a elevação de corrente não ultrapassa a corrente nominal dada em 1pu.

3.2.1 Análise de eficiência global do SST

Para realizar a comparação de eficiência global do SST atuando com o modo de


operação convencional e o modo de operação proposto, assume-se que a potência de saída do
SST é igual para os dois modos. Assim, o modo de operação que com menor potência de entrada
é o mais eficiente.
Desta forma, no modo de operação convencional a potência processada por cada
conversor DAB depende do número de módulos que compõe o SST. Portanto, a potência de
saída do conversor DAB pode ser calculada conforme (3.10). Já para o modelo proposto, a
potência de saída de cada conversor DAB tem relação com o número de módulos não-ativos,
conforme mostrado em (3.11).
44

Figura 3.7 - Corrente eficaz de entrada em função da potência de saída do SST

0.4

0.36

0.32

0.28

0.24
Is (pu)

0.2

0.16

0.12

0.08
Proposto
0.04
Convencional
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Potência de Saída SST (pu)

Fonte: Autor.

PoSST
Pom _ C  (3.10)
n

PoSST
Pom _ P  (3.11)
n  nr
Onde:
Pom_C – Potência de saída de cada módulo para modo de operação convencional,
Pom_P – Potência de saída de cada módulo para modo de operação proposto,
PoSST – Potência de saída total do SST,
n – número de módulos,
nr – número de módulos que processam somente potência reativa.

Definidas as potências processadas por cada conversor DAB pode-se estimar a potência
de entrada dos conversores DAB em operação a partir da curva de rendimento apresentada na
Figura 2.2. Assim sendo, a potência de entrada de cada conversor DAB é obtida dividindo a
45

potência de saída de cada módulo pelo rendimento do conversor DAB (DAB ) conforme
mostrado em (3.12).

Pom
PinDAB  (3.12)
DAB

Sendo:
PinDAB – Potência de entrada do conversor DAB,
Pom – Potência de saída do módulo;
ηDAB – rendimento do conversor DAB.

De posse da potência de entrada de cada conversor DAB, obtém-se a potência de entrada


de cada módulo que compõe o SST somando as perdas do retificador2, conforme (3.13).

Pinm  PinDAB  PlossRet (3.13)

Onde:
Pinm – Potência de entrada de cada módulo;
PlossRet – Perdas no retificador.

Logo, a potência total de entrada do SST é dada pela soma da potência de entrada de
todos os módulos que o compõe, como mostrado em (3.14).

n
PinSST  Pinm_ k (3.14)
k 1

Finalmente, o rendimento total do SST pode ser obtido pela relação entre as potências
de saída e entrada do SST, conforme (3.15):

PoSST
SST  (3.15)
PinSST

2
As estimativas de perdas dos retificadores estão descritas no Apêndice A.
46

Definidas as equações de potência, realizou-se a estimativa de eficiência para o SST


com arquitetura de três estágios e 4 módulos, conforme foi apresentado na Figura 2.1. Para esta
análise considerou-se que o conversor CHB opera com frequência de comutação de 2,5 kHz e
interruptores do tipo IGBT IRG7PH35UD (INTERNATIONAL RECTIFIER, 2010). Este
semicondutor foi escolhido pois é o mesmo que compõe o lado de MT do conversor DAB
utilizado por (KIRSTEN, 2014) para levantar a curva de rendimento apresentada na Figura 2.2.
A análise de eficiência tem o objetivo de comparar o SST operando com o modo de
operação convencional e o proposto. Sendo que no modo de operação convencional a potência
total do SST é dividida de forma igualitária entre os conversores DABs. Já para o modo de
operação proposto, considerou-se a retirada de operação de um conversor DAB sempre que a
potência ativa processada por este conversor alcançar 30% de sua potência nominal, conforme
ilustrado na Erro! Fonte de referência não encontrada.. Vale ressaltar que os conversores
DABs que continuam em operação no modo de operação proposto dividem a potência total do
SST de forma igualitária.
A Figura 3.8 mostra a comparação entre as curvas de rendimento global do SST
operando com o modo de operação convencional (em azul) e o modo de operação proposto (em
vermelho). Apesar de elevar a corrente de entrada, o modo de operação proposto apresenta
melhor eficiência que o modo convencional em operações com cargas reduzidas. No entanto, a
curva de eficiência do modo proposto contém alguns degraus, os quais ocorrem a cada vez que
um conversor DAB é retirado de operação. Então, pode-se afirmar que embora o conversor
DAB reduza seu rendimento em operações abaixo de 30% de sua potência nominal, retirar de
operação o conversor exatamente quando alcança esse patamar de potência, não representa a
melhor escolha do ponto de vista de eficiência global do SST. Em alguns casos, a eficiência do
modo de operação proposto chega a ser menor que a do modo convencional. Isso acontece
devido à elevação da corrente de entrada que por sua vez resulta em maiores perdas do
retificador. Deste modo, deve-se encontrar o ponto ótimo de retirada de operação do conversor
DAB.

3.2.2 Ponto ótimo de desligamento do conversor DAB

O ponto ótimo de desligamento de um conversor DAB acontece quando para a mesma


potência de saída, a potência de entrada do SST operando com (n-1) módulos é igual a operação
com n módulos e assim sucessivamente.
47

Figura 3.8 - Curva de rendimento do SST com modo de operação proposto (vermelho) e modo de operação
convencional (azul).

0.9
Rendimento Total do SST

0.8

0.7

0.6

0.5

0.4 Proposto
Convencional
0.3
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5

Potência Ativa de Saída do SST (pu)


Fonte: Autor.

Deste modo, faz-se necessário estimar a potência de entrada do SST para operações com
distintos números de módulos. Então, segundo (3.14) a potência de entrada total do SST pode
ser calculada por:

n
PinSST   PinDAB _ i  PlossRet _ i  (3.16)
i 1

Devido a conexão série entre os retificadores de entrada que compõe o SST, a corrente
Is é igual em todos os retificadores e, portanto, não depende do conversor DAB que está
conectado em cascata. Deste modo, considerando que os conversores DABs em operação têm
a potência dividida de forma igualitária, pode-se reescrever (3.16) da seguinte maneira:

PinSST  nPlossRet (n nr )PinDAB (3.17)


48

Substituindo (3.11) em (3.12) e isolando a potência de potência de entrada do conversor


DAB tem-se:

PoSST
PinDAB  (3.18)
 n  nr DAB

Agora, substituindo (3.18) em (3.17) obtém-se a potência de entrada para operação do


SST no modo proposto.

PoSST
PinSST  nPlossRet  (3.19)
DAB

A equação que descreve a potência de entrada do SST dada em (3.19) é dependente do


número de retificadores não-ativos que estão em operação. Pois, a distribuição de potência nos
conversores DABs depende do número de módulos em operação. Deste modo, pode-se escrever
(3.19) em função do número de retificadores não-ativos, conforme mostrado em (3.20).

PoSST
PinSST (nr )  nPlossRet (nr )  (3.20)
DAB (nr )

Feito isto, tem-se a potência de entrada em função do número de retificadores não-ativos


em operação, a qual é utilizada para definir o ponto ideal de retirada dos conversores DAB.
Para demonstrar os pontos de retirada de operação utilizados nesse trabalho, a Figura 3.9 mostra
a potência de entrada do SST em função da potência de saída para operação com 0, 1, 2 e 3
retificadores não-ativos. Sendo que os pontos são encontrados através da condição dada em
(3.21).

PinSST  nr 1  PinSST  nr  (3.21)

Para exemplificar a condição de (3.21) toma-se o ponto de transição A da Figura 3.9.


Neste instante, a potência de entrada do SST operando com um módulo não-ativo passa a ser
menor que quando operando com todos os módulos, ou seja, esta é a potência limite para
desligar um conversor DAB. O mesmo é realizado para os pontos B e C.
49

Figura 3.9 - Potência de entrada do SST em função da potência de saída para operações com diferentes número
de retificadores não-ativos.

0.37

0.333
Potência de Entrada SST (pu)

0.296

0.259 A
0.222

0.185 B

0.148

0.111 C
nr=0
0.074 nr=1
nr=2
0.037
nr=3
0
0 0.035 0.07 0.105 0.14 0.175 0.21 0.245 0.28 0.315 0.35
Potência de Saída SST (pu)

Fonte: Autor.

A Figura 3.10, mostra a comparação entre a corrente de entrada do SST para a operação
onde se retira os conversores DAB de operação sempre que este alcança 30% de sua potência
nominal e para o modo otimizado dado em (3.21).
A curva de rendimento para o modo de retirada otimizada dos conversores DAB pode
ser visualizada na Figura 3.11. Nota-se que a determinação do ponto ótimo para retirada de
operação do conversor DAB apresenta melhoras significativas no rendimento do SST. Ainda,
a curva de rendimento referente ao modo de operação proposto apresenta melhor desempenho
comparado ao modo de operação convencional à medida que o número de módulos que compõe
o SST se eleva. A Figura 3.12, apresenta a curva de rendimento para um SST com 10 módulos.
Os gráficos apresentados na Figura 3.11 e Figura 3.12 demonstram que o modo de
operação proposto resulta em melhor eficiência para operações com cargas reduzidas. Assim,
para mensurar o ganho desta proposta, tomou-se como exemplo a curva de carregamento do
transformador 1, representada na Figura 1.9a, aplicou-se as curvas de rendimento dadas na
Figura 3.11 e então foi obtido a diferença de potência processada por estes transformadores.
50

Figura 3.10 - Corrente eficaz de entrada em função da potência de saída do SST: (a) retirada do conversor DAB
em 30% da potência nominal, (b) retirada do conversor DAB otimizada.

0.4 0.4

0.36 0.36

0.32 0.32

0.28 0.28

0.24 0.24
Is (pu)

Is (pu)
0.2 0.2

0.16 0.16

0.12 0.12

0.08 0.08
Proposto Proposto
0.04 0.04
Convencional Convencional
0 0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Potência de Saída SST (pu) Potência de Saída SST (pu)

(a) (b)

Fonte: Autor.

Figura 3.11 - Curva de rendimento do SST de 4 módulos com modo de operação proposto (vermelho) e modo de
operação convencional (azul) para retirada de operação dos conversores DAB otimizada.

0.9
Rendimento Total do SST

0.8

0.7

0.6

0.5

0.4 Proposto
Convencional
0.3
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5

Potência Ativa de Saída do SST (pu)

Fonte: Autor.
51

Figura 3.12 - Curva de rendimento do SST de 10 módulos com modo de operação proposto (vermelho) e modo
de operação convencional (azul) para retirada de operação dos conversores DAB otimizada.

0.9
Rendimento Total do SST

0.8

0.7

0.6

0.5

0.4 Proposto
Convencional
0.3
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5

Potência Ativa de Saída do SST (pu)

Fonte: Autor.

Os gráficos apresentados na Figura 3.11 e Figura 3.12 demonstram que o modo de


operação proposto resulta em melhor eficiência para operações com cargas reduzidas. Assim,
para mensurar o ganho desta proposta, tomou-se como exemplo a curva de carregamento do
transformador 1, representada na Figura 1.9a, aplicou-se as curvas de rendimento dadas na
Figura 3.11 e então foi obtido a diferença de potência processada por estes transformadores.
Vale ressaltar que a curva de carga analisada é de um transformador de 112,5 kVA
enquanto que a potência do conversor DAB utilizado como base deste estudo é de 500 VA.
Deste modo, a implementação de um SST de 112,5 kVA com este conversor DAB exige 225
módulos, o que é inviável. Por este motivo esta avaliação assumiu que o SST têm 4 módulos
de 28,125 kVA e que apesar de conversores DABs terem esta potência nominal eles respeitam
a curva de rendimento apresentada na Figura 2.2.
Devido a característica da curva de carga, o modo de operação proposto para o SST atua
entre 0:00 e 9:00 resultando em uma economia mensal de energia de 135,51 kWh por mês.
Logo, em redes com grande número de SSTs em operação a redução de perdas obtida por este
modo de operação pode vir a ser significativa para a concessionária.
52

Outro fator que merece ser mencionado é que o ganho de eficiência promovido por esta
técnica está diretamente relacionado com a tecnologia dos semicondutores utilizados e com as
frequências de comutação do conversor DAB e do retificador. Sendo que a frequência de
comutação do retificador tem maior peso nessa relação, uma vez que este comuta em modo
hard. Além disso, as curvas de rendimento de conversores DABs de maior potência tendem a
ter maior decréscimo de rendimento que a curva utilizada neste este estudo, conforme pode ser
visualizado na Figura 1.8. Isso pode resultar em maior economia de energia. Desta forma, torna-
se interessante expandir a análise deste capítulo para diferentes curvas de rendimento dos
conversores DAB, o que pretende-se fazer para a versão final desta tese.

3.3 CONCLUSÃO

Este capítulo propôs um novo modo de operação do conversor CHB para elevar o
rendimento em operações de carga reduzida. Para isso, é necessário que o SST opere com FP
não unitário, assim é possível utilizar menor número de conversores DAB mesmo em aplicações
com elevado índice de modulação de amplitude.
Apesar de a operação com FP não unitário elevar as perdas no conversor CHB, os
conversores DABs que continuam em operação trabalham em um ponto de melhor eficiência.
Essa relação tem ganho energético positivo e resulta na elevação do rendimento global do SST.
Por fim, aplicou-se a técnica proposta a uma curva característica de um transformador de 112,5
kV instalado em área rural. O que resultou em um ganho energético mensal de até 135,51 kWh
por transformador.
53

4 IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DO SST COM MODO DE OPERAÇÃO


PROPOSTO EM UMA REDE DE DISTRIBUIÇÃO RURAL
Equation Chapter (Next) Section 1
O modo de operação que está sendo proposto por este trabalho altera o FP de entrada do
SST, o que pode causar maiores perdas na rede de distribuição devido ao aumento da corrente
circulante no conversor CHB. Então, este capítulo busca avaliar os impactos que o modo de
operação proposto exerce na rede de distribuição. Para isso, fez-se uso de uma ferramenta de
análises de sistemas elétricos (ASE), cujo foi desenvolvido pelo grupo de pesquisa GESEP
(Grupo de Energia e de Sistemas Elétricos de Potência) da Universidade Federal do Pampa
(Unipampa) para uma companhia de energia elétrica simular os efeitos causados por manobras
realizadas em sua rede de distribuição (RECK, 2012). Logo, as redes de distribuição contidas
na ferramenta são reais e, desta forma, válidas para avaliar os efeitos do SST quando conectado
à rede de distribuição.

4.1 A FERRAMENTA DE ASE

A ferramenta de ASE foi desenvolvida com o intuito de avaliar quais os pontos ótimos
de substituição de chaves manuais por chaves telecomandadas. Esta ferramenta calcula o fluxo
de potência da rede selecionada a partir do método back/forward sweep-based power flow e
fornece as seguintes informações: carregamento de todos os transformadores e cabos da rede,
potências ativa e reativa circulantes nos ramos da rede, perdas totais no alimentador, tensões
dos transformadores que compõe a rede e fator de potência do alimentador. Além disso, esta
ferramenta fornece uma resposta gráfica referente aos níveis de tensão e corrente nos
transformadores e cabos que compõe a rede, respectivamente. Sendo que para corrente os cabos
são coloridos de vermelho para carregamento maior que 95%, amarelo entre o intervalo de 90%
até 95% e verde para carregamento menor que 90%. Enquanto que para as tensões, os
transformadores com tensões entre 13,8 kV até 12,84 kV, são representados em cor verde; entre
12,84 kV até 12,43 kV em cor amarela e tensões abaixo de 12,43 kV resultam em
transformadores de cor vermelha.
A Figura 4.1a mostra uma rede de distribuição contida na ferramenta ASE, onde o
retângulo em vermelho representa a subestação e os triângulos em cinza os transformadores
que compõe a rede. A priori os transformadores que compõe a rede seguem a curva de carga
padrão disponibilizada pelo ASE, cujo são as curvas reais desta rede. No entanto, é possível
alterar manualmente as cargas ajustando os valores de potência ativa e reativa drenada pelo
54

Figura 4.1 – Rede de distribuição de energia em MT utilizada para avaliar os impactos do SST: a) visão geral,
b) zoom em determinada parte da rede com as características de um transformador.

(a)

(b)

Fonte: Autor.
55

transformador, conforme ilustrado no detalhe da Figura 4.1b. O cálculo do fluxo de potência


pode ser rodado em determinados intervalos de tempo ou em intervalos horários. Deste modo,
é possível avaliar os efeitos que o SST operando com a modulação proposta causa na rede de
distribuição.

4.2 AVALIAÇÃO DA INSERÇÃO DO SST COM MODO DE OPERAÇÃO PROPOSTO


EM UMA REDE DE DISTRIBUIÇÃO.

Para as simulações realizadas neste capítulo, utilizou-se a rede apresentada na Figura


4.1a. Esta rede tem aproximadamente 200 km de extensão sendo composta por 377
transformadores e tem carregamento em torno de 3,25 MVA durante o horário de pico. A curva
de carga do alimentador é mostrada na Figura 4.2a enquanto que a curva das perdas totais na
Figura 4.2b.
Para avaliar os efeitos causados pelo SST operando com modo de operação proposto na
rede de distribuição, escolheu-se o transformador eletromagnético mais distante da subestação,
transfo Figura 4.1a, e substituiu-se de forma manual por um SST. Então, foram realizadas três
simulações distintas, sendo a primeira com o SST atuando com FP unitário, a segunda com o
SST operando com modo de operação proposto e FP indutivo e a terceira com FP capacitivo.
Estas simulações consideram que as formas de onda de tensão e corrente do SST são puramente
senoidais, assim a potência reativa utilizada nas simulações foi calculada por:

Q  Pin tan( ) (4.1)

Onde, Pin é dado em (3.20) e ϴ em (3.9).

As potências utilizadas para a simulação seguem o gráfico apresentado na Figura 4.3,


sendo que para a mesma potência de saída os modos de operação do SST possuem diferentes
valores de potência ativa e reativa de entrada. A potência ativa do modo de operação proposto
é menor que a do modo de operação convencional. Por outro lado, o modo de operação
convencional sempre tem potência reativa nula, pois sempre opera com FP unitário, enquanto
que a potência reativa do modo de operação proposto depende da quantidade de módulos não-
ativos em operação.
56

Figura 4.2 – Curvas do alimentador em estudo: (a) Curva de carga em MVA, (b) Curva de perdas em kVA

C urv a d e carga d o al i m ent ad o r


3,5
3
2,5
MVA

2
1,5
1
0,5
0
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11 : 0 0
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
(a)

C u rva de p erdas t o t ai s do al i m en t ado r


120
100
80
kVA

60
40
20
0
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11 : 00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00

(b)

Fonte: Autor

Então, a partir da curva de carga do TR A, mostrada na Figura 4.4, obtém-se o valor da


potência de entrada para os dois modos de operação a partir da Figura 4.3. No caso da operação
com FP capacitivo o sinal da energia reativa é invertido. Deste modo, realizou-se o cálculo do
fluxo horário individualmente e obteve-se a curva de perdas do alimentador para os três modos
de operação do SST.
Obviamente que a substituição de um SST de 10 kVA e que têm carregamento máximo
de 70%, vide Figura 4.4, não resultará em ganhos significativos de eficiência na rede em estudo,
cuja demanda máxima é em torno de 3,5 MVA. Então, para facilitar a visualização dos ganhos
de eficiência obtidos pela modulação proposta será avaliado o saldo das perdas, cujo se resume
as perdas referente ao modo de operação convencional menos as perdas para o modo de
57

Figura 4.3 - Valores de Potências em pu utilizadas na simulação, potência ativa de entrada modo de operação
convencional (azul), potência ativa de entrada modo de operação proposto (vermelho), potência
reativa de entrada para FP indutivo do modo de operação proposto (verde).

0.5
Pin_proposto
0.45 Pin_convencional
0.4
Qin_proposto

0.35

0.3
(pu)

0.25

0.2

0.15

0.1

0.05

0
0 0.03 0.06 0.09 0.12 0.15 0.18 0.21 0.24 0.27 0.3
Potência de Saída (pu)

Fonte: Autor

Figura 4.4 – Curva de carga TR A normalizada em função da potência nominal do transformador (10 kVA).

C urva de carga d o t ran s fo rm ado r A


1
0,8
0,6
pu

0,4
0,2
0
00: 00
01: 00
02: 00
03: 00
04: 00
05: 00
06: 00
07: 00
08: 00
09: 00
10: 00
11: 0 0
12: 00
13: 00
14: 00
15: 00
16: 00
17: 00
18: 00
19: 00
20: 00
21: 00
22: 00
23: 00

Fonte: Autor

operação proposto, conforme (4.2). Assim, se o resultado for positivo o modo de operação
proposto tem melhor desempenho que o modo de operação convencional.

SaldoPerdas  P erdasMOconv  PerdasMOprop (4.2)


58

Assim sendo, a Figura 4.5 mostra o ganho de eficiência obtido pela inserção do SST,
onde os saldos estão discriminados e normalizados em função das perdas máximas (104,9 kW),
vide Figura 4.1b. Sendo que a linha em laranja representa o saldo de perdas referente a rede de
distribuição obtido pelo SST operando com FP capacitivo e em cinza para FP indutivo. Já a
curva em azul mostra o saldo proveniente do SST operando com a modulação proposta. Esta
curva é a mesma para ambos os modos, capacitivo e indutivo.

Figura 4.5 – Saldo de perdas obtido pela inserção de um SST de 10 kVA operando com o modo de operação
proposto na rede de distribuição normalizados em função das perdas máximas do alimentador
(104,9 kW), sendo: saldo de perdas na rede de distribuição para SST operando com FP Capacitivo
(laranja) e com FP indutivo (cinza); saldo de perdas provenientes do SST para FP capacitivo e
indutivo (azul); saldo de perdas totais obtido pelo modo de operação proposto (verde).

S al d o de p erdas ob t i d o p el a i ns erção d e um S S T de 1 0
kVA con ect ado a rede d e d i s t ri b u i ção e op eran do co m o
m o do d e op eração p rop os t o
0,0025

0,002

0,0015

0,001

0,0005
pu

-0,0005

-0,001
Saldo Rede MO Cap Saldo Rede MO Ind
-0,0015
Saldo SST Saldo Total
-0,002
00 : 00
01 : 00
02 : 00
03 : 00
04 : 00
05 : 00
06 : 00
07 : 00
08 : 00
09 : 00
10 : 00

12 : 00
13 : 00
14 : 00
15 : 00
16 : 00
17 : 00
18 : 00
19 : 00
20 : 00
21 : 00
22 : 00
23 : 00
11: 0 0

Fonte: Autor

Nota-se que durante o intervalo entre 22:00 e 5:00 o modo de operação indutivo tem
saldo de perdas positivo, ou seja, neste caso o SST operando com FP indutivo exerce menos
perdas na rede de distribuição que em operações com FP unitário. Por outro lado, o modo de
59

operação capacitivo tem saldo negativo, o que significa que ele exerce maiores perdas na rede
de distribuição que se estivesse operando com FP unitário. Isto acontece porque durante este
intervalo de tempo a rede de distribuição tem característica capacitiva. A partir das 6:00 a rede
passa a ter característica indutiva, assim o modo de operação com FP capacitivo tem saldo
positivo enquanto o indutivo tem saldo negativo. O intervalo entre 18:00 e 21:00 a demanda do
transformador em estudo se eleva e o modo de operação proposto é retirado de operação. Logo,
o saldo passa a ser zero.
Então, o modo de operação do SST é dependente da característica da rede, sendo que
hora pode ser indutivo e hora capacitivo. Para este alimentador, o melhor desempenho é
alcançado se o modo de operação proposto atuar com característica indutiva no intervalo entre
22:00 e 5:00 e com característica capacitiva no restante do dia. A curva em verde da Figura 4.5
mostra o saldo total obtido pelo modo de operação proposto, onde é somado o ganho de
eficiência no SST (curva em azul) com o ganho de eficiência da rede de distribuição respeitando
o modo de operação que apresenta melhor desempenho. O máximo ganho obtido por essa
metodologia acontece às 11:00 e representa redução de 0,22% nas perdas totais do alimentador,
o que parece ser insignificante. Porém, esse resultado foi obtido a partir da substituição de
apenas um transformador de 10 kVA, cuja demanda máxima representa 0,23% da demanda
máxima do alimentador.
Com o intuito de avaliar o impacto de mais transformadores na rede, realizou-se uma
nova simulação no mesmo padrão da anterior. No entanto, agora foram escolhidos cinco
transformadores para serem substituídos por SST. Os transformadores foram substituídos de
forma aleatória e estão assinalados na Figura 4.1a. Os transformadores 1 e 2 são de 112,5 kVA,
os transformadores 3 e 4 de 45 kVA e o transformador 5 de 30 kVA, totalizando uma potência
nominal de 345 kVA. As curvas de carga destes transformadores podem ser visualizadas no
Apêndice B, e a demanda total deles na Figura 4.6. Neste caso, o pico de demanda destes
transformadores representa 4,3% do pico de demanda do alimentador.
A Figura 4.7a mostra os saldos de perdas individuais obtidos por cada transformador e
também pela rede de distribuição. Nesta figura as perdas da rede de distribuição já representam
o modo de operação que resulta em melhor desempenho, sendo indutivo entre 22:00 e 5:00 e
capacitivo no restante do dia. Os SSTs 1 e 2 operam no modo de operação proposto entre o
intervalo das 20:00 até as 8:00 enquanto que os demais operam durante todo o dia. O somatório
do saldo de todas as perdas individuais está representado na Figura 4.7b. A máxima redução de
perdas para este caso simulado acontece às 23:00 onde obtém-se uma redução de 5,1% das
perdas totais do alimentador. A redução média diária de perdas no alimentador é de 3,76%, o
60

Figura 4.6 – Demanda total dos transformadores eletromagnéticos substituídos por SST.

dem and a t ot al d os t ran s fo rm ado res el et rom agnét i cos


s ub s t i t u í do s p o r S S T
0,05
0,04
0,03
pu

0,02
0,01
0
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11 : 0 0
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
Fonte: Autor

que pode ser considerado um resultado significante tendo em vista que os transformadores
substituídos representam menos que 5% da demanda total do alimentador.
Assim, a tendência é que quanto maior o número de SSTs conectados ao alimentador,
maior será a redução de perdas, pois muitos deles operam com cargas reduzidas durante grande
parte do dia. Ainda, o modo de operação proposto para o SST pode tanto elevar quanto reduzir
as perdas no alimentador. Desta forma, é interessante conhecer a característica da rede onde o
SST será instalado, assim é possível fazê-lo funcionar no modo de operação que reduz as perdas
no alimentador.

4.3 CONCLUSÃO

Este capítulo avaliou os impactos que o SST operando com o modo de operação
proposto causa na rede de distribuição. Para isso, utilizou-se uma ferramenta de análise de
sistemas elétricos para realizar o cálculo de fluxo de potência e calcular as perdas no
alimentador. As comparações foram realizadas em relação a um SST operando com FP unitário.
Esta análise mostrou que reduzir o FP para elevar o rendimento do conversor SST, não
necessariamente resulta na elevação nas perdas na rede de distribuição. Ainda, viu-se que a
redução do FP pode reduzir as perdas totais do alimentador. Deste modo, desde que a
característica do alimentador seja conhecida é possível tirar proveito do modo de operação
proposto para reduzir as perdas na rede de distribuição. Sendo que a substituição de 4,3% da
61

Figura 4.7 – Saldo de perdas obtido através do modo de operação proposto: (a) Saldo individual, (b) Saldo total.

S al d o de p erdas i nd i vi d uai s p ara i ns erção d o s S S Ts


com m odo de op eração p rop os t o n a red e de
d i s t ri b u i ção
0,0235
Saldo Rede
SST 1
0,0185 SST 2
SST 3
0,0135 SST 4
SST 5
pu

0,0085

0,0035

-0,0015
0 0: 0 0
0 1: 0 0
0 2: 0 0
0 3: 0 0
0 4: 0 0
0 5: 0 0
0 6: 0 0
0 7: 0 0
0 8: 0 0
0 9: 0 0
1 0: 0 0
11 : 0 0
1 2: 0 0
1 3: 0 0
1 4: 0 0
1 5: 0 0
1 6: 0 0
1 7: 0 0
1 8: 0 0
1 9: 0 0
2 0: 0 0
2 1: 0 0
2 2: 0 0
2 3: 0 0
(a)

S al d o Tot al
0,06
0,05
0,04
0,03
pu

0,02
0,01
0
00: 00
01: 00
02: 00
03: 00
04: 00
05: 00
06: 00
07: 00
08: 00
09: 00
10: 00
11: 0 0
12: 00
13: 00
14: 00
15: 00
16: 00
17: 00
18: 00
19: 00
20: 00
21: 00
22: 00
23: 00

(b)

Fonte: Autor

demanda total do alimentador por SSTs operando com modo de operação proposto resultou em
uma redução média diária de perdas de 3,76% somando alimentador e SST.
No entanto, vale ressaltar que estas análises foram realizadas considerando formas de
onda puramente senoidais, ou seja, o conteúdo harmônico do converso CHB foi desprezado
nesta análise.
62

5 IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE E RESULTADOS DE


SIMULAÇÃO
Equation Chapter (Next) Section 1
A maneira mais usual de operar o conversor CHB é a modulação PWM por mudança de
fase (PS-PWM, do inglês: Phase-shift pulse width modulation) com multiportadoras
(MARQUEZ et al., 2017). Uma das vantagens desta modulação é que a frequência dos sinais
de saída do conversor CHB é proporcional ao número de módulos, assim obtém-se sinais de
saída em elevada frequência com os dispositivos semicondutores operando em média
frequência, o que viabiliza a redução do volume do filtro de entrada e reduz as perdas nos
semicondutores. Além disso, a distribuição de potência entre os módulos do conversor CHB é
realizada automaticamente eliminando a necessidade de controle adicional para o roteamento
de potência.
Deste modo, este estudo considerou que o conversor CHB do SST utiliza a modulação
PS-PWM, pois em operações em potência nominal é desejável que os módulos do SST
distribuam a potência de forma igualitária. Esta escolha é tendência nos SSTs com arquitetura
de três níveis conforme pode ser visualizado em (HUANG, 2016; WANG, D. et al., 2016;
WANG, QINGSHAN; LIANG, 2016).
O modo de operação que está sendo proposto altera o FP de entrada do conversor CHB
para que seja possível retirar os módulos do SST de operação. Em outras palavras, deve-se
controlar a distribuição de potências ativa e reativa nos retificadores do conversor CHB. Por
isso, o controle foi desenvolvido em coordenadas síncrona dq, uma vez que o controle de
potência tende a ser mais simples conforme discutido em (AKEL; PAHLEVANINEZHAD;
JAIN, 2014; GOLESTAN et al., 2011; ROSHAN et al., 2007; RUFER et al., 2009; WANG,
QINGSHAN; LIANG, 2016; XU et al., 2015; ZHANG et al., 2002; ZHAO, T. et al., 2013). A
transformação para coordenadas dq torna os termos CA (variantes no tempo) em CC
(invariantes no tempo). Assim, pode-se realizar o controle do mesmo modo que para
conversores CC-CC.
Em sistemas monofásicos, geralmente se utiliza uma fase imaginária defasada em 90°
da fase real, o que caracteriza o sistema estacionário αβ. Então, com o auxílio da transformada
de Park obtém-se o sistema de coordenadas dq (ZHAO, T. et al., 2013).
63

5.1 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE

O conversor CHB deve controlar o FP de operação e também manter as tensões de


barramento equalizadas. Deste modo, as variáveis de controle do conversor são a corrente de
entrada (Is) e a tensão de barramento dos módulos (Vcc). Deste modo, faz-se necessário realizar
a modelagem do conversor CHB em função destas variáveis de controle, a qual pode ser
realizada em apenas um retificador, visto que o conversor CHB é um arranjo de n retificadores.
O processo de modelagem no sistema síncrono dq, consiste na representação das
variáveis de controle do retificador (CA) em um sistema CC. A transformação é realizada com
o auxílio de um vetor de referência, o qual é responsável pelo sincronismo da transformação
CA-CC. Geralmente, utiliza-se como referência de sincronismo o vetor de tensão da rede (Vs),
neste caso o eixo d do sistema de coordenadas síncronas é alinhado ao vetor Vs que passa a ser
a referência de sincronismo. Com isso, pode-se associar a potência ativa drenada da rede ao
eixo d e a potência reativa ao eixo q o que facilita o controle do fluxo de potência entre rede e
conversor CHB. A modelagem do retificador monofásico em coordenadas síncronas dq pode
ser visualizado no Apêndice C deste trabalho.
Devido ao alinhamento do eixo d com o vetor Vs, o sistema de coordenadas síncronos
dq permite que as potências ativa e reativa sejam controladas através das correntes Id e Iq,
respectivamente. Deste modo, o controle do FP do conversor CHB é realizado pela malha de
corrente enquanto que o controle da tensão de barramento é realizado por uma malha de tensão.
A Figura 5.1 mostra o diagrama de blocos que representa os sistemas de controle tradicionais
em coordenadas síncronas dq. Observa-se que a malha de tensão atua apenas na corrente Id,
pois ela é responsável pela potência ativa. Assim, a malha que compensa a tensão de barramento
atua como referência para a corrente Id, por este motivo é necessário desacoplar as duas malhas.
Isso é feito a partir da escolha da frequência de corte dos controladores. Sendo que o controlador
externo geralmente tem frequência de corte de no mínimo 10 vezes menor que a do controlador
interno. As equações que representam as plantas Gid(s) Giq(s) e Gvd(s) são deduzidas no
Apêndice C.
O diagrama de blocos de implementação de um sistema de controle convencional,
representado pela Figura 5.1 pode ser visualizado na Figura 5.2. Normalmente, utiliza-se a
tensão total de barramento como tensão de referência, assim o conversor CHB regula o
somatório das tensões de barramento de todos os módulos. No entanto, ao regular a tensão total
do barramento do conversor CHB não se garante que todos os módulos terão as tensões
equilibradas. Aliás, isso só acontece se as cargas dos retificadores forem rigorosamente
64

Figura 5.1 – Diagrama de blocos dos sistema de controle convencional em coordenadas síncronas dq.

Id_ref Id VccT
Vref + Cvd(s) + Cid(s) Gid(s) Gvd(s)
- -

Id’ Hi(s)

HV(s)

Iq_ref Iq
+ Ciq(s) Giq(s)
-

Iq’ Hi(s)

Fonte: Autor.

Figura 5.2 – Diagrama de blocos de implementação do controle convencional para o conversor CHB.

Id_ref
Vref + Cvd(s) + Cid(s) + Dref
- - +
Id’  Ls
Is’ dq Vcc
αβ uMod
n
 Ls
 Vcc _ i
i 1
90° αβ
Iq’ Vcc
dq
- -
Iq_ref + Ciq(s) + Qref

Fonte: Autor.

idênticas, o que é praticamente impossível de ser alcançado na prática. Por este motivo, a
utilização de técnicas de equilíbrio de tensão entre os barramentos dos módulos de conversores
CHB é bastante comum, conforme será visto a seguir.

5.1.1 Métodos de equalização de tensão de barramento em conversores CHB

Os métodos para equalização de tensão de barramento desequilibram o processamento


de potência entre os módulos. No entanto, na maioria dos casos estes desequilíbrios são suaves,
uma vez que estes são provenientes das variações paramétricas dos conversores. Logo, estas
técnicas não são aplicáveis ao modo de operação proposto por este trabalho, já que neste caso
ao menos um retificador do conversor CHB não deve processar potência ativa. Apesar disso, as
65

técnicas mais exploradas pela literatura serão colocadas para o melhor entendimento do método
de controle que será proposto por esse trabalho.
Um método bastante explorado em SSTs com esta arquitetura é a utilização dos
conversore DABs para a equalização de tensão nestes barramentos. Nestes casos, cada
conversor DAB processa distintos níveis de potência, sempre maiores que zero, para que a
tensão de barramento se mantenha equalizada (SHANSHAN; YUBIN; YIFEI, 2015; SUN et
al., 2016; XU et al., 2015; YANG et al., 2013; ZHAO, T. et al., 2013). Esta técnica é válida
para operações com potências próximas ao valor nominal do SST, no entanto para potências
reduzidas esta estratégia tende a reduzir ainda mais a eficiência do SST. Por este motivo foi
descartada.
Outra metodologia adotada trata-se da adição de conteúdo harmônico aos sinais de
comando do conversor CHB. Os harmônicos adicionados podem ser de frequência fixa ou de
multifrequências, conforme (KO et al., 2017). Estes harmônicos permitem que algoritmos de
controle equalizam a tensão nos barramentos CC. Vale ressaltar que o conteúdo harmônico
adicionado circula somente entre os módulos e não aparece na tensão de saída. Em alguns casos
utiliza-se circuitos auxiliares (RLC) em paralelo com o conversor CHB para circulação dos
harmônicos, como apresentado em (JIANG et al., 2017). A retirada total de um módulo do
conversor CHB condução só é possível com auxílio do circuito auxiliar e a energia circulante
no circuito auxiliar se eleva à medida que mais módulos são retirados de condução. Deste modo,
para retirar os (n-1) módulos de operação faz-se necessário grandes quantidades de energia e
assim não se consegue elevar o desempenho do SST.
Em alguns casos utilizam técnicas de modulação distintas, dentre elas estão a modulação
por vetor espacial (MVE) (CONG et al., 2012; WANG, J. et al., 2014) e eliminação seletiva de
harmônicos (ESH) (MARQUEZ et al., 2017; MOEINI; IMAN-EINI; MARZOUGHI, 2015).
Sendo que nas técnicas de MVE a equalização da tensão nos barramentos é alcançada a partir
dos estados redundantes para sintetizar uma mesma tensão de saída enquanto que as técnicas
de ESH equalizam a tensão de barramento pela alternância de pulso PWM. As aplicações destas
técnicas não foram avaliadas a tempo para esse exame de qualificação. Contudo, pretende-se
avalia-las para o trabalho final de tese.
Dentre todos, o método de equalização de tensão encontrado na literatura com maior
frequência é a adição de pequenas variações ao eixo d de cada módulo. Neste caso, as variações
(ΔD) são adicionadas ao sinal controlado do eixo d, conforme pode ser visualizado na Figura
5.3. Assim, os sinais modulantes dos retificadores deixam de ser iguais e por isso cada módulo
utiliza um bloco de transformação inversa de Park, conforme mostrado na Figura 5.3b. Neste
66

Figura 5.3 – Controle conversor CHB com equalização de tensão nos módulos: (a) diagrama de controle geral,
(b) obtenção de sinais modulantes.

Id_ref Dref
Vref + Cvd(s) + Cid(s) +
- - +
Id’  Ls
Is ’ dq Vcc
n
αβ  Ls
 Vcci 90°
Vcc
i=1 Iq’ Qref
- -
Iq_ref + Ciq(s) +

(a)

ΔD1

+
Dref + αβ uMod1
dq
ΔD2 Qref

+
Dref + αβ uMod2
dq
Qref

ΔDn

+
Dref + αβ uMod n
dq
Qref

(b)

Fonte: Autor.

método de equalização o somatório de todas as variações ΔD devem ser zero para que a
regulação da tensão total de barramento aconteça, caso contrário haverá problemas de
estabilidade no sistema.
As variações ΔD de cada módulo podem ser obtidas de distintas formas. Alguns
trabalhos utilizam algoritmos de equalização, conforme mostrado em (SHANSHAN; YUBIN;
YIFEI, 2015; SHE; HUANG; et al., 2012; VENKAT; SHUKLA; KULKARNI, 2014; WANG,
X. et al., 2015), enquanto outros adicionam uma de malha externa de realimentação, conforme
(BLAHNIK et al., 2017; XIANG et al., 2016; XU et al., 2015; YOO et al., 2016). Nos casos
onde utiliza-se a malha externa de realimentação, normalmente a frequência de corte desta
67

malha é muito menor que a frequência de corte do compensador que regula a tensão total de
barramento do conversor CHB. Por este motivo, a malha externa tem resposta transitória lenta
o que significa que a equalização é alcançada após alguns ciclos de rede.

5.1.2 Adição do modo de operação proposto ao controle convencional com modulação


PS-PWM

O modo de operação proposto no capítulo 3 sugere que o conversor CHB atue com FP
não unitário, quando o SST estiver com carga reduzida. Tendo em vista que o controle é
realizado em coordenadas síncronas dq, a regulação do FP de entrada do SST pode ser realizada
através da corrente de referência Iq_ref. Em (C.56) tem-se o valor em regime permanente da
corrente Iq, a qual será a referência para o controle do FP, conforme (5.01).

Qin
I q _ ref  (5.01)
Vp

No entanto, o FP deixa de ser unitário somente quando o SST atingir os limites de


potência estipulados em (3.21). Sendo que a cada vez que a potência de saída for menor que
estes limites um módulo é retirado de operação e o ângulo de carga dado em (3.9) se altera.
Assim, torna-se interessante encontrar a corrente Iq_ref em função da potência ativa demandada
do SST e do ângulo de carga desejado. Então, considerando que todas as formas de onda
envolvidas são puramente senoidais, pode-se aplicar o triângulo das potências dado em (“IEEE
Standard Definitions for the Measurement of Electric Power Quantities Under Sinusoidal,
Nonsinusoidal, Balanced, or Unbalanced Conditions”, 2010) para definir Iq_ref, conforme (5.02)
.

Po tg ( )
Iq  (5.02)
Vp

onde:
Po – Potência demandada do SST;
ϴ - ângulo de carga dado por (3.9);
Vp – tensão de pico da rede.
68

Outra característica do modo de operação proposto é que cada retificador do conversor


CHB atua com ângulos de carga distintos. Sendo que os retificadores não-ativos devem
sintetizar a tensão em quadratura com a corrente, enquanto os demais módulos sintetizam o
ângulo de carga menor que ϴ dado em (3.9). Para a estrutura de controle ilustrada na Figura
5.3, só é possível alterar o ângulo de carga dos retificadores alterando a parcela q da
transformada inversa de Park. Logo, faz-se necessário adicionar uma variação ΔQ a parcela
Qref, conforme mostrado na Figura 5.4a.
Assim, tem-se a parcela ΔD e ΔQ de cada módulo. Sendo a parcela ΔD responsável pela
regulação da tensão de barramento individual dos módulos e a parcela ΔQ pela defasagem
entre as tensões de entrada dos retificadores. Neste caso, o ΔD é obtido através da malha de
realimentação externa, conforme Figura 5.4b, a qual está contida em (n-1) módulos. Já a
variação ΔDn é obtida somando toda as variações ΔDi e multiplicando por -1. Então, com as
parcelas ΔD definidas, pode-se encontrar a parcela Qi com o auxílio do triângulo retângulo
apresentado na Figura 5.4c.
Conforme descrito no capítulo 3, a defasagem só é possível se os retificadores atuarem
com seus máximos índices de modulação de amplitude, assim o vetor uModi é conhecido e tem
valor constante. Ainda, o ângulo ϕi dado por (3.06) é dependente do índice de modulação de
amplitude do conversor CHB (ma) e do número de módulos não-ativos (nr) em operação. O ma
é constante e o nr varia somente quando a potência processada pelo SST ultrapassa os limites
dados em (3.21), logo o ângulo ϕi é constante do ponto de vista de controle. Assim, tem-se três
informações do triângulo retângulo, sendo elas: a parcela referente ao eixo d (Di) que é dada
pela soma Dref  Di , o ângulo ϕi dado por (3.06) e o módulo máximo do vetor uModi. Desta

forma, a parcela Qi pode ser obtida de três modos distintos, conforme mostrado em (5.03),
(5.04) e (5.05).

Qi  uModi 2  Di 2
(5.03)

Qi  Di tan(i ) (5.04)

Qi  uModi sin(i ) (5.05)


69

Figura 5.4 – Sinais modulantes do modo de operação proposto

ΔD1
+ D1 Vcc_ref ΔDi
Dref + uMod1 + Cvd(s)
αβ -
dq
Qref +
+ Q1
Vcci
ΔQ1
ΔD2
+ D2 (b)
Dref + uMod2
αβ
dq
Qref +
+ Q2
q
ΔQ2
ΔDn uModi
+ Dn
Dref + uModn Qi
αβ
ϕi
dq
Qref +
+ Qn Di d
ΔQn

(a) (c)

Fonte: Autor.

A única informação conhecida do triângulo retângulo que varia no tempo é o cateto Di


e isso limita a utilização das equações listadas acima. Por exemplo, equação (5.05) sempre
resultara em um valor constante para Qi, logo pequenas variações paramétricas entre os
retificadores podem resultar em desequilíbrio de tensão. A equação (5.04) não é aplicável, pois
tem o termo Di multiplicado pela tangente o ângulo ϕi, que é um valor constante. Assim, o valor
Qi será proporcional a Di e desta forma não é possível garantir que não ocorra a sobremodulação
do sinal PWM. Por fim, a equação (5.03) garante a operação sem sobremodulação, pois tem o
valor uModi limitando o módulo máximo. No entanto, o valor obtido por esta equação sempre
será positivo, isso torna-se um problema caso acontecer algum distúrbio no sistema. Pois,
dependendo do distúrbio pode ser necessário que o valor Qi inverta seu sinal para alcançar a
equalização dos barramentos.
Por este motivo, este trabalho propõe realizar a equalização da tensão dos barramentos
através do eixo q, a qual é possível para operações com FP não unitário. O equacionamento
70

referente a distribuição de potências entre os módulos do conversor CHB facilita o


entendimento da solução que está sendo proposta e é mostrado no Apêndice D.

5.1.3 Proposta de controle para equalização das tensões de barramento dos módulos do
conversor CHB

A estratégia de controle proposta para este trabalho não altera a arquitetura de controle
do conversor CHB. Deste modo, o controle do conversor é realizado conforme diagrama de
blocos já apresentado na Figura 5.3, onde obtém-se os valores dos eixos d e q para a sintetização
da tensão total do conversor CHB (Vr). Sendo que a esses sinais são adicionados pequenos
distúrbios aos eixos d e q, conforme mostrado na Figura 5.4a. O que diferencia esta estratégia
das demais é que as variações são realizadas diretamente no eixo q, conforme será explicado a
seguir. A corrente de referência do eixo q (Iq_ref) continua conforme mostrado na equação (5.02)
Então, a estratégia de controle proposta pode ser visualizada no diagrama de blocos
apresentado na Figura 5.5. O controle do eixo d não é alterado, conforme pode ser visualizado
na Figura 5.5a. Já no eixo q, cada módulo recebe uma variação proporcional a tensão local de
barramento. Sendo que para garantir que o conversor CHB siga a corrente de referência (Iq_ref)
o somatório das variações ΔQ deve ser zero, por este motivo a variação ΔQ do último módulo
deve ser o somatório das demais multiplicadas por -1, conforme mostra a Figura 5.5b.
Para garantir que não ocorra a sobremodulação do sinal PWM nos módulos, a variação
no eixo d deve ser proporcional ao eixo q. Deste modo, para encontrar a variação do eixo d faz-
se uso do triângulo retângulo apresentado na Figura 5.4c. Então, aplicando Pitágoras tem-se a
variação Di de cada módulo, conforme (5.06).

Di  uModi 2  Qi 2 (5.06)

Tendo em vista que o eixo d está alinhado com a tensão da rede (Vs) e que, por
característica do circuito, o ângulo de potência nunca será maior que ±90°, a parcela d de todos
os retificadores sempre será positiva. Assim, não há o problema de sinal que havia na equação
(5.03). Logo, a variação q de cada módulo é obtida a partir da malha de realimentação sendo
que o sinal é ajustado automaticamente o que eleva a imunidade a distúrbios.

Figura 5.5 – Diagrama de blocos do controle proposto. (a) Controle referente ao eixo d, (b) controle referente
ao eixo q.
71

Id_ref Dref
Id
Vref + Cvd(s) + Cid(s) Gid(s) Gvd(s) VccT
- -

Id’ Hi(s)

HV(s)

(a)

Iq_ref Qref Iq
+ Ciq(s) + Giq(s) Gvq(s) Vcci
- +
Iq’ ΔQ
Hi(s)

ΔQ1
Vcc_ref + Cvq1(s) +
- +
Vcc1 HV1(s)
ΔQ2
Vcc_ref + Cvq2(s) +
- +
Vcc2 HV2(s)

ΔQ(n-1)

Vcc_ref + Cvq(n-1)(s) +
- +
Vcc3 HV(n-1)(s)

n 1
ΔQ n = - ΔQi
i 1

(b)

Fonte: Autor.

5.2 PROJETO DOS CONTROLADORES

Para o projeto dos controladores considerou-se a estrutura apresentada na Figura 5.5,


sendo que as equações que descrevem as plantas Gid(s) Giq(s), Gvd(s) e Gvq(s) são deduzidas no
Apêndice C. O controlador foi projetado para o conversor CHB com as características
72

apresentadas na Tabela 5.1. Ainda, deseja-se que os controladores alcancem erro nulo em
operações de regime permanente e margem de fase mínima de 45°.

Tabela 5.1 - Especificações de projeto do conversor CHB

Descrição Abreviação Valor

Potência de Saída Po 10 kVA

Tensão eficaz de Entrada Vin 7,96 kV

Número de Módulos n 4

Índice de modulação de
ma 0.9
amplitude

Tensão barramento MT Vcci 3,123 kV

Tensão total do barramento


VccT 12,519 kV
do conversor CHB

Frequência de comutação do
fsw 2,5 kHz
conversor CHB

Capacitor dos retificadores


Cbus 100 μF
do conversor CHB

Indutor de filtro Lf 350 mH

Fonte: Autor.

5.2.1 Controlador de corrente

Conforme pode ser visualizado na Figura 5.5a, a função de transferência de malha aberta
(FTMA) não compensada da corrente é:
73

FTMAId (s)  Gid (s)Hi (s) (5.07)

Sendo que Gid(s) é dado por (C.40) e Hi(s) é o ganho referente ao sensor de corrente, o
qual foi considerado um filtro de primeira ordem. A frequência de corte do sensor é de 1 kHz a
qual adiciona um atraso de fase de aproximadamente 3,44°, conforme pode ser visualizado na
Figura 5.6.

Figura 5.6 - Resposta em frequência do sensor de corrente

Diagrama de Bode do Sensor de Corrente

-10

-20

-30

-40
0
System: Hi
Frequency (Hz): 60.2
Phase (deg): -3.44

-45

-90
100 101 102 103 104 105
Frequência (Hz)

Fonte: Autor.

Com o auxílio da ferramenta Sisotool do software Matlab, projetou-se o controlador. A


Figura 5.7a mostra a resposta em frequência da FTMAId não compensada, apresentada em
(5.07), a qual não tem uma resposta estável em malha fechada. Então, para obtenção de erro
nulo em regime permanente adicionou-se um polo na origem e para alcançar a margem de fase
mínima um zero foi alocado em 36 Hz. A Figura 5.7b, mostra o diagrama de bode da função
FTMAId compensada, sendo que a frequência de corte deste controlador ficou em 858 Hz. O
compensador de corrente pode ser visualizado em (5.08).
74

Figura 5.7 - Diagrama de bode da FTMA da corrente Id: (a) não compensada, (b) compensada.

(a)

(b)

Fonte: Autor.
75

s  225,8
Cid  0,19845 (5.08)
s

O projeto do compensador do eixo da corrente Iq parece ser mais complexo, devido ao


diagrama de blocos apresentado na Figura 5.5b. No entanto, o somatório das variações ΔQ de
cada módulo deve ser zero e por isso a função FTMA referente ao eixo q também pode ser
representada por (5.07). Pois, o sensor de corrente é único e a planta Giq(s) é igual a planta
Gid(s), conforme pode ser visto em (C.41) e (C.40), respectivamente. Neste caso, pode-se
utilizar o mesmo controlador para ambos os eixos.

5.2.2 Controlador de tensão total do conversor CHB.

O controlador de tensão que atua no eixo d de controle tem como objetivo regular a
tensão total do conversor CHB. Assim sendo, este controlador regula o somatório das tensões
de barramento dos módulos do conversor CHB.
Uma característica comum e bem conhecida em barramentos de retificadores é a
oscilação de tensão no dobro da frequência da rede. Esta oscilação pode causar distúrbios na
forma de onda de corrente, uma vez que a saída do controlador de tensão é a referência da
corrente Id.. Então, para evitar esse problema utilizou-se um filtro de segunda ordem após o
compensador de tensão, conforme apresentado em (5.09).

 c2
Fv ( s )  k (5.09)
s 2  2   c2
c

Onde:
ωc – frequência de corte do filtro;
ζ – taxa de amortecimento;
k – ganho.

Além disso, pra o projeto do controlador de tensão substituiu-se a malha interna de


corrente (MFi), por um bloco representado pela equação (5.10). Assim, a FTMA utilizada para
o projeto do controlador da tensão total do conversor CHB é a apresentada em (5.11) e o
diagrama de blocos simplificado pode ser visualizado na Figura 5.8.
76

Ci (s)Gi (s)
MFi (s)  (5.10)
1  Ci (s)Gi (s) Hi (s)

FTMAvT (s)  Fv (s)MFi (s)Gv (s)Hv (s) (5.11)

Figura 5.8 - Diagrama de blocos simplificado para projeto do controlador da tensão total do conversor CHB

Vref VccT
+ Cvd(s) Fv(s) MFi(s) Gvd(s)
-

HV(s)

Fonte: Autor.

A Figura 5.9a mostra a resposta em frequência da FTMA não compensada dada em


(5.11). Essa resposta considera que o filtro de tensão dado em (5.09) tem ganho unitário,
frequência de corte em 20 Hz e taxa de amortecimento de 0,7; o sensor de tensão Hv(s) com
ganho unitário e a planta de tensão Gv(s) dada em (C.60).
Para o projeto do controlador alocou-se um polo na origem para alcançar erro nulo em
regime permanente e um zero em 7,86 Hz para obter uma margem de fase satisfatória. Neste
caso, a frequência de corte do compensador de tensão ficou em 8,85 Hz, aproximadamente 10
vezes menor que a frequência de corte do compensador de corrente garantindo o
desacoplamento entre os dois compensadores. A equação do compensador é mostrada em (5.12)

s  7,86
Cvd  0, 0036 (5.12)
s

5.2.3 Controlador de tensão modular do conversor CHB.

O controlador de tensão modular é responsável por equalizar as tensões entre os


módulos. Neste caso, as variações propiciadas pela ação de controle atuam no eixo q, conforme
mostrado na Figura 5.5b. Então, para avaliar o efeito da variação ΔQi na tensão de barramento
faz-se uso do Teorema da Superposição. Logo, o termo Qref do diagrama de blocos da Figura
5.5b é considerado nulo, assim como o somatório das variações ΔQ dos outros módulos. Com
77

Figura 5.9 - Diagrama de bode da FTMA de tensão eixo d: (a) não compensada, (b) compensada

(a)

(b)

Fonte: Autor.
78

Figura 5.10 - Diagrama de blocos utilizado para projeto do controlador da tensão dos módulos do conversor
CHB.

Vcc_ref ΔQi Iq Vcci


+ Cvq(s) Fv(s) Giq(s) Gvq(s)
-

Vcci*
HV(s)

Fonte: Autor

isso obtém-se o diagrama de blocos simplificado para o projeto do controlador Cvq(s), cujo está
ilustrado na Figura 5.10
Pelo mesmo motivo citado anteriormente utilizou-se o filtro Fv(s), dado em (5.09), e
com os mesmo valores de ganho, frequência de corte e taxa de amortecimento acima citados.
As plantas Giq(s) e Gvq(s) são dadas em (C.41) e (C.61), respectivamente, e sensor de tensão
também foi considerado de ganho unitário. Então, a FTMA utilizada para o projeto do
controlador Cvq(s) está representada em (5.13) e a resposta em frequência desta função pode ser
visualizada na Figura 5.11a.

FTMAvM (s)  Fv (s)Giq (s)Gvq (s)Hv (s) (5.13)

Novamente, um polo foi adicionado na origem para a obtenção de erro nulo em regime
permanente e um zero foi alocado em 2,84 Hz para garantir uma margem de fase satisfatória.
Neste caso, a frequência de corte deve ser consideravelmente menor que a frequência da FTMA
compensada referente ao eixo d, caso contrário os controladores terão tempos de respostas
semelhantes podendo resultar na instabilidade do sistema. Deste modo, ajustou-se o ganho do
controlador Cvq(s) para obter uma frequência de corte em torno de 1 Hz, conforme pode ser
visualizado na Figura 5.11b. A equação do controlador é mostrada em (5.14)

s  2,845
Cvq  0, 00275 (5.14)
s

5.3 RESULTADOS DE SIMULAÇÃO

Após realizado o projeto dos controladores utilizou-se o software PSIM para simular a
metodologia de operação proposta. A simulação leva em consideração o conversor CHB de 9
79

Figura 5.11 - Diagrama de bode da FTMA de tensão referente ao eixo q: (a) não compensada, (b) compensada

(a)

(b)

Fonte: Autor.
80

níveis (4 módulos) conforme mostrado na Figura 2.3, com as especificações listadas na Tabela
5.1. A modulação adotada é a PS-PWM com o controle realizado em coordenadas síncronas
dq, conforme explicado neste capítulo.
A arquitetura de controle utilizada para essa simulação foi a que está representada na
Figura 5.5, sendo que os controladores utilizados para corrente, tensão eixo d e tensão eixo que
são os apresentados em (5.08), (5.12) e (5.14) respectivamente.
Com o intuito de verificar o desempenho do controle de equalização das tensões de
barramento através do eixo q foram adicionadas fontes de corrente, do tipo degrau, em paralelo
com as cargas ao barramento dos módulos. Assim, é possível alcançar processamento nulo de
potência nos barramentos à medida que as fontes de corrente entram em funcionamento. A
Figura 5.12 mostra o resultado de simulação para esse caso. Assumindo que o conversor CHB
tem potência de 10 kVA, o limiar para entrada do modo de operação proposto é 2,4 kVA,
conforme o ponto A da Figura 3.9. Então, inicialmente o conversor CHB está operando acima
deste limiar, ou seja, todos os módulos processam a mesma quantidade de potência e o
conversor opera com FP unitário. Em 3 segundos aplica-se um degrau de corrente no
barramento do módulo 1, assim a potência total processada pelo conversor CHB ultrapassa o
limiar de 2,4 kVA, Figura 5.12c, e o modo de operação proposto começa a funcionar. Neste
caso, o módulo 1 é retirado de operação, conforme Figura 5.12b, e o conversor CHB deixa de
operar com FP unitário.
No instante do degrau de corrente acontece o desequilíbrio entre as tensões dos barramentos.
Sendo que os desequilíbrios mais significativos acontecem no barramento do módulo 1 e no
barramento do módulo 4, representando uma elevação de tensão de 4,03% e uma redução de
2,74%, respectivamente. As tensões de barramento alcançam a situação de equilíbrio após 2,35
s, conforme pode ser visualizado na Figura 5.12a. Em 6 s o módulo 3 é retirado de operação e
em 9 s o módulo 2. O controle através do eixo q atua em todos os casos e mantém as tensões
de barramentos equalizadas
Vale ressaltar que a variação máxima de tensão está diretamente relacionada com a
frequência de corte dos controladores individuais. Deste modo, quanto maior a frequência de
corte do controlador individual menor será o pico de tensão no barramento. No entanto, para
garantir o desacoplamento entre as malhas de controle maior devem ser as frequências de corte
do controlador no eixo d e do controlador de corrente.
Como mencionado anteriormente, cada módulo do conversor CHB atua com
determinado ângulo de carga. Sendo que os módulos que processam somente energia não-ativa
têm ângulo de carga próximo de 90° e os demais próximo de 0°. No entanto, o ângulo próximo
81

a 0° significa que a parcela Qi da transformada de Park também é próxima deste valor. Neste
caso, a equalização dos barramentos pode se tornar inviável, uma vez que esta é realizada
através do eixo q. Deste modo, realizou-se uma nova simulação para verificar o comportamento
do conversor CHB em operações com cargas desbalanceadas. A Figura 5.13 mostra o resultado
da simulação com os módulos do conversor CHB processando cargas desbalanceadas. Na
Figura 5.13b têm-se as potências processadas por cada módulo. Nota-se que o desequilíbrio de
potência entre os módulos não afeta a capacidade de regulação do controle que está sendo
proposto, conforme pode ser visualizado na Figura 5.13a.

Figura 5.12 – Resposta do conversor CHB de 4 módulos a retirada de carga dos módulos: (a) Tensão de
barramento de cada módulo e tensão de referência, (b) Potência individual processada por cada
módulo, (c) Potência total de saída do conversor CHB.

M1.Vcc M2.Vcc M3.Vcc M4.Vcc Vcc_ref

3.25K
3250
3.2K
3200
(a)
3.15K
3150
3.1K
3100
3.05K
3050

PM1 PM2 PM3 PM4

800
600
(b)
400
200
0

PT_CHB

3000
2500
2000
(c) 1500
1000
500
2 4 6 8 10 12
Time (s)

Fonte: Autor
82

Figura 5.13 – Resposta do conversor CHB de 4 módulos ao desequilíbrio de carga entre os módulos: (a) Tensão
de barramento de cada módulo e tensão de referência, (b) Potência individual processada por
cada módulo.

M1.Vcc M2.Vcc M3.Vcc M4.Vcc Vcc_ref

3.25K
3250
3200
3.2K
(a) 3.15K
3150
3100
3.1K
3050
3.05K
3000
3K

PM1 PM2 PM3 PM4

800
600
400
(b)
200
0

0 2 4 6 8 10 12
Time (s)

Fonte: Autor

Contudo, ao defasar as tensões de entrada do retificador a modulação PS-PWM perde


uma de suas características que é a eliminação de harmônicos em torno do dobro da frequência
da portadora e seus múltiplos, conforme abordado em (HOLMES; LIPO, 2003). Isso resulta em
maior conteúdo harmônico na forma de onda de corrente, conforme pode ser observado na
Figura 5.14 que mostra a forma de onda de corrente para todos os casos.
A fim de avaliar o conteúdo harmônico da forma de onda de corrente, utilizou-se como
parâmetro as recomendações e requerimentos práticos para o controle de harmônicos em
sistemas elétricos de potência disponibilizados pela IEEE em (“IEEE Recommended Practice
and Requirements for Harmonic Control in Electric Power Systems”, 2014). Estas
recomendações da IEEE são conhecidas pela sigla IEEE Std 519™-2014 e limitam as distorções
harmônicas individuais de corrente e também a distorção da demanda total (TDD – do inglês:
Total Demand Distorcion) de corrente conforme pode ser visualizado na Figura 5.15.
83

Figura 5.14 – Conversor CHB de 4 módulos: a) tensão de barramento; forma de onda de corrente e referência
de tensão para: b) todos os módulos processando potência, c) 1, d) 2, e) 3 módulos não-ativos.

M1.Vcc M2.Vcc M3.Vcc M4.Vcc Vcc


Vcc_ref

3250
3.25K

3.2K
3200

3.15K
3150

3100
3.1K
A B C D
3050
3.05K

0 2 4 6 8 10 12
Time (s)

(a)
Ia V_ref Ia V_ref

1 1

0.5 0.5

0 0

-0.5 -0.5

-1 -1

2.7 2.72 2.74 5.7 5.72 5.74


Time (s) Time (s)

(b) intervalo A (c) intervalo B


Ia V_ref Ia V_ref
1.5
1
1
0.5
0.5

0 0

-0.5
-0.5
-1
-1
-1.5
8.6 8.62 8.64 11.6 11.62 11.64
Time (s) Time (s)

(d) intervalo C (e) intervalo D


Fonte: Autor
84

Figura 5.15 – Limites de distorção harmônica de corrente para sistemas entre 120 V e 69 kV

Fonte: (“IEEE Recommended Practice and Requirements for Harmonic Control in Electric Power Systems”,
2014)

Segundo a definição dada na IEEE Std 519™-2014 a TDD é a relação entre a raiz
quadrada do somatório do conteúdo harmônico ao quadrado expressa como porcentagem da
corrente nominal de demanda. Sendo que o conteúdo harmônico considerado está entre a 2ª e a
50ª ordem excluindo os inter-hamônicos. Colocando em termos matemáticos, a equação que
define a TDD pode ser visualizada em (5.15).

50

I
i2
i
2

TDD  100% (5.15)


I ND

Onde:
Ii – corrente de ordem I;
IND – Corrente nominal de demanda.

Deste modo, para realizar a comparação do conteúdo harmônico da forma de onda de


corrente com os limites impostos nas recomendações práticas da IEEE desenvolveu-se um
85

código no software Matlab. Onde, as formas de onda de corrente provenientes do software


PSIM, apresentadas na Figura 5.14, são importadas para o software Matlab. Então, aplica-se a
transformada rápida de Fourier (FFT – do inglês: Fast Fourier Transform) para a obtenção do
conteúdo harmônico. Os resultados obtidos para o modo de operação convencional, com um,
dois e três módulos não-ativos são apresentados na Figura 5.16, Figura 5.17, Figura 5.18 e
Figura 5.19, respectivamente.
A Figura 5.16 representa o modo de operação com FP unitário onde todos os módulos
estão processando o mesmo montante de potência ativa. Neste caso, os sinais modulantes estão
em fase, vide Figura 5.20, e devido à disposição das portadoras da modulação PS-PWM
praticamente todo o conteúdo harmônico é eliminado o que resulta em uma TDD de 0,32% ,
conforme pode ser visualizado na Figura 5.16b. Assim sendo, a amplitude das harmônicas
ímpares e pares também não ultrapassam os valores estabelecidos na IEEE Std 519™-2014,
conforme mostrado na Figura 5.16c e Figura 5.16d, respectivamente.

Figura 5.16 – Análise Harmônica para todos os módulos do conversor CHB em operação: a) forma de onda de
corrente, b) FFT da forma de onda de corrente e TDD de corrente, c) harmônicos ímpares, d)
harmônicos pares.

%
Is (A)

|Is|
Distorção Harmônica de Corrente (%)

Distorção Harmônica de Corrente (%)

Fonte: Autor.

Quando o conversor CHB está operando com um módulo não-ativo acontece a


defasagem do sinal modulante de um módulo enquanto os demais permanecem praticamente
86

em fase, conforme mostrado na Figura 5.20b. Neste caso, os harmônicos nos entornos de 5 kHz
(dobro da frequência de comutação) e seus múltiplos deixam de ser cancelados, vide Figura
5.17b, o que eleva-se o conteúdo harmônico na forma de onda de corrente resultando em uma
TDD de 12,15% o que ultrapassa a IEEE Std 519™-2014 que limita em 5%. Ainda, os
harmônicos ímpares são ultrapassados no intervalo entre 21ª e 31ª, no 35ª e nos acima do 39ª.
Os harmônicos pares a partir do 28ª também não respeitam os limites dados na IEEE Std 519™-
2014.

Figura 5.17 – Análise Harmônica com um módulo do conversor CHB não-ativo: a) forma de onda de corrente,
b) FFT da forma de onda de corrente e TDD de corrente, c) harmônicos ímpares, d) harmônicos
pares.
Is (A)

%
|Is|
Distorção Harmônica de Corrente (%)

Distorção Harmônica de Corrente (%)

Fonte: Autor.

A Figura 5.18 representa os resultados para dois módulos não-ativos, este se caracteriza
por ser o caso com menor distorção harmônica para o modo de operação proposto. Isso porque
o conversor CHB em estudo possui 4 módulos e neste intervalo de operação tem-se a metade
dos módulos processando potência ativa e a outra metade não-ativa. Assim, os sinais
modulantes são divididos igualmente, ou seja, dois deles com uma determinada fase e outros
com outra, conforme mostra a Figura 5.20c. Esta disposição dos sinais modulantes resulta em
maior cancelamento dos harmônicos em torno da frequência de 5 kHz e seus múltiplos se
comparado ao caso anterior. Assim sendo, tanto os harmônicos ímpares quanto os pares não
87

ultrapassam as recomendações práticas da IEEE, conforme mostrado na Figura 5.18c e Figura


5.18d, respectivamente. No entanto, a TDD é de 6,17% o que ultrapassa os limites dados na
IEEE Std 519™-2014.

Figura 5.18 – Análise Harmônica com dois módulos do conversor CHB não-ativos: a) forma de onda de
corrente, b) FFT da forma de onda de corrente e TDD de corrente, c) harmônicos ímpares, d)
harmônicos pares.

%
Is (A)

|Is|
Distorção Harmônica de Corrente (%)

Distorção Harmônica de Corrente (%)

Fonte: Autor.

No último caso representado pela Figura 5.18, tem-se somente um módulo do conversor
CHB processando potência ativa. Esta situação é semelhante ao caso em que um conversor atua
como não-ativo, ou seja, os sinais modulantes de três módulos estão em fase enquanto que o do
quarto módulo está defasado, conforme mostrado na Figura 5.20d. Por este motivo os resultados
são semelhantes, sendo que a TDD é de 10,46% e os limites das harmônicas ímpares são
ultrapassados na 23ª e a partir da 33ª, enquanto as pares são ultrapassadas a partir da 24ª.
Conforme pode ser visualizado nesta análise os harmônicos de corrente não respeitam
as limitações impostas pela IEEE Std 519™-2014. Desta forma, faz-se necessário estudar
métodos para reduzir estas distorções, o que pretende-se apresentar na versão final desta tese
de doutorado.
88

Figura 5.19 – Análise Harmônica com três módulos do conversor CHB não-ativos: a) forma de onda de corrente,
b) FFT da forma de onda de corrente e TDD de corrente, c) harmônicos ímpares, d) harmônicos
pares.

%
Is (A)

|Is|
Distorção Harmônica de Corrente (%)

Distorção Harmônica de Corrente (%)

Fonte: Autor.

5.4 CONCLUSÕES

Este capítulo apresentou uma proposta de controle para realizar o balanceamento de


tensão nos barramentos CC do conversor CHB. Este controle atua defasando a forma de onda
da tensão de entrada de cada retificador. Assim os retificadores que sintetizam a tensão defasada
em 90° da corrente praticamente não processam potência ativa, ou melhor, processam somente
a quantidade necessária para manter a tensão de barramento regulada. Isto é feito através de
uma malha externa de controle que atua diretamente na variável q da transformada de Park, de
cada módulo.
Os projetos de todos os controladores também foram apresentados, assim como os
resultados de simulação que comprovam que a técnica adotada atua na equalização das tensões
de barramento. No entanto, a defasagem dos sinais modulantes resultam na elevação do
conteúdo harmônico. Desta forma, viu-se que a modulação PS-PWM não é a melhor estratégia
a ser adotada para este modo de operação. Assim, faz-se necessário o estudo de novas técnicas
que possam reduzir o conteúdo harmônico da forma de onda de corrente.
89

Figura 5.20 - Sinais modulantes do conversor CHB: a) operação convencional, b) um, c) dois e d) três módulos
não-ativos.
umod1 umod2 umod3 umod4
0.6
0.4

0.2
0

-0.2
-0.4

2.7 2.72 2.74 2.76 2.78 2.8


Time (s)
(a)
umod1 umod2 umod3 umod4
0.6
0.4
0.2
0
-0.2
-0.4

5.7 5.72 5.74 5.76 5.78 5.8


Time (s)

(b)
umod1 umod2 umod3 umod4
0.6

0.4
0.2
0
-0.2
-0.4

8.6 8.62 8.64 8.66 8.68 8.7


Time (s)
(c)
umod1 umod2 umod3 umod4
0.6
0.4

0.2
0
-0.2
-0.4

11.6 11.62 11.64 11.66 11.68 11.7


Time (s)
(d)
Fonte: Autor
90
91

6 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS E CONTINUIDADE DO TRABALHO

6.1 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Conforme foi abordado na introdução deste trabalho, o SST apresenta grande potencial
para aplicações em microrredes. Pois, atua como elemento integrador entre SEP e a microrrede
facilitando o controle do fluxo de potência e, com isso, elevando a confiabilidade do sistema.
Ainda, as microrredes com grande número de GDs podem se tornar autossustentáveis durante
determinado horário do dia. Nesse caso, o SST acaba operando sob condição de carga reduzida,
condição esta que também é comum de ser encontrado em transformadores de áreas rurais no
Brasil. Tendo em vista que a topologia de SST mais utilizada até então nos trabalhos de pesquisa
é a de três estágios, cujo apresenta queda de rendimento sob condições de carga reduzida, o
desenvolvimento de técnicas para elevar o desempenho do SST sob essas condições se justifica.
A técnica proposta por este trabalho altera o modo de operação do SST, sendo que a
medida que a carga reduz alguns conversores DAB são retirados de operação. Assim eleva-se
a eficiência dos demais conversores, uma vez que estes processarão maior quantidade de
potência. Os estudos teóricos resultaram em melhorias na eficiência global do SST, contudo foi
considerado uma curva de rendimento de um conversor DAB de menor potência. Pretende-se
obter curvas de rendimento de conversores DAB com potências mais próximas da nominal para
avaliar.
A implementação do modo de operação proposto exige a alteração do modo de operação
do conversor CHB, sendo que os retificadores conectados aos DABs que são retirados de
operação não devem processar potência ativa. Tendo em vista que os retificadores estão
conectados em série, o controle da potência processada por cada um deve ser realizado a partir
da tensão de entrada. Para isso, os módulos não-ativos devem sintetizar a tensão de entrada em
quadratura com a corrente. Então, este trabalho propôs um modo de operação em que o SST
deixa de operar com FP unitário sob condições de carga reduzida. Com isso, é possível sintetizar
as tensões dos módulos não-ativos sem reduzir o índice de modulação de amplitude.
Ainda, desde que o conteúdo harmônico cumpra as normas, a operação com FP não
unitário não necessariamente implica em maiores perdas na rede de distribuição. Aliás, tendo o
conhecimento do perfil da rede de distribuição a alteração de FP pode ser benéfica para a rede,
conforme abordado no capítulo 4 deste trabalho.
A técnica de controle é baseada na defasagem entre corrente e tensão sintetizada por
cada módulo, por isso esse trabalho propôs uma técnica de controle não convencional. Onde as
92

regulações das tensões de barramento individuais são realizadas através de variações no eixo q.
Pois, ao variar a parcela q da transformada de Park altera-se o ângulo da tensão de entrada
sintetizada. Aparentemente, os resultados de simulação comprovam que a técnica mantém os
barramentos equilibrados, até sob condições de cargas desbalanceadas. No entanto, esta técnica
só se mostrou aplicável quando o conversor está operando com FP não unitário e por isso faz-
se necessário a utilização de uma técnica adicional de equalização para operações com FP
unitário. Sendo que estas já são largamente exploradas na literatura e a integração de técnicas
é facilmente alcançada via software.
Além disso, até o presente momento o trabalho considerou a operação do conversor
CHB com modulação PS-PWM. No entanto, ao defasar as modulantes os harmônicos em torno
do dobro da frequência de comutação e seus arredores deixam de ser cancelados. Isso eleva
consideravelmente o conteúdo harmônico na forma de onda de corrente. Logo, faz-se necessário
o estudo de técnicas para reduzir este conteúdo.

6.2 CONTINUIDADE DO TRABALHO

6.2.1 Proposta de contribuição para a versão final de tese

Este trabalho propõe a modificação do modo de operação do SST com arquitetura de


três estágios visando elevar eficiência sob operações com carga reduzida. Para alcançar este
objetivo alguns progressos devem ser realizados e adicionados na versão final da tese, sendo
eles:

a) Alternativas para reduzir o conteúdo harmônico da forma de onda de corrente. Esta


solução pode ser encontrada alterando a técnica de modulação ou o filtro de entrada
do SST;
b) Após alcançado a redução de conteúdo harmônico, pretende-se expandir a técnica
para um SST trifásico de mesma arquitetura;
c) Avaliação teórica para outras curvas de rendimento do conversor DAB;
d) Implementação prática do conversor CHB monofásico em escala reduzida com
auxílio da ferramenta DSpace para obtenção dos resultados práticos.

Os itens acima listados devem seguir o cronograma que será apresentado a seguir.
93

6.2.2 Cronograma

Pretende-se seguir o cronograma apresentado na Tabela 6.1 no decorrer do tempo até a


defesa da tese.

A. Exame de qualificação;
B. Pesquisas e simulações para redução do conteúdo harmônico;
C. Escrita e submissão de artigos para congressos e periódicos;
D. Expansão da técnica para SST trifásico;
E. Elaboração do layout de circuito impresso das partes constituintes do conversor e
circuitos auxiliares;
F. Montagem da bancada experimental;
G. Obtenção de ensaios experimentais;
H. Redação da versão final da tese de doutorado;
I. Defesa da tese de doutorado.

Tabela 6.1 - Cronograma de atividades a ser realizado até a defesa da tese.

2018 2019
Atividade
1° semestre 2° semestre 1° semestre Julho
A
B
C
D
E
F
G
H
I

Fonte: Autor
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100

APÊNDICE A - ESTIMATIVA DE PERDAS NO RETIFICADOR


Equation Chapter 1 Section 1
As perdas nos semicondutores apresentadas nesse apêndice foram baseadas nas notas
de aplicação fornecidas pelo fabricante do interruptor (GRAOVAC; PÜRSCHEL, 2009) e se
dividem em três grupos: perdas de condução, perdas de comutação e perdas de bloqueio ou
dispersão que geralmente são desprezíveis.

A.1. PERDAS DE CONDUÇÃO

Para a estimativa das perdas de condução utiliza-se a aproximação que considera o


IGBT sendo uma fonte de tensão (VCE) conectada em série com um resistor (rc). Neste caso, a
fonte de tensão representa a queda de tensão entre coletor e emissor e a resistência as perdas
por efeito Joule. Assim a potência instantânea pode ser calculada por:

pt (t )  vCE (t)ic (t)  VCEic (t)  rcic 2 (t) (A.01)

Onde:
vCE(t) – queda de tensão instantânea entre coletor e emissor;
ic(t) – corrente de coletor instantânea;
VCE – tensão de saturação entre coletor e emissor do interruptor.
rc – resistência do canal.

A partir das curvas características de saída do interruptor, fornecidas na folha de dados,


encontra-se os valores de queda de tensão e resistência do componente que são utilizadas para
o cálculo de perdas.
As perdas médias em um período de rede podem ser expressadas por:

 V i (t )  rcic 2 (t )  dt VCE I AV  rc I RMS 2


1 Ts 1 Ts
PcondT 
Ts 
0
pt (t )dt 
Ts 0 CE c (A.02)

Onde:
Ts – período da rede;
IAV – Corrente média que circula pelo interruptor durante um período de rede;
101

IRMS – Corrente eficaz que circula pelo interruptor durante um período de rede.

O modelo para estimar as perdas de condução no diodo em antiparalelo com o


interruptor é o mesmo utilizado para o interruptor. Então, utilizando o mesmo procedimento
obtém-se:

 V i (t )  rDiD2 (t )  dt V fw I AV  rD I RMS 2
1 Ts 1 Ts
PcondD 
Ts 
0
pcD (t )dt 
Ts 0 fw D (A.03)

Onde:
Vfw – queda de tensão no diodo;
rD – resistência do diodo.
Estes parâmetros também são obtidos na folha de dados do interruptor.

A.2. PERDAS DE COMUTAÇÃO

As perdas de comutação no interruptor acontecem na entrada e na saída de condução do


IGBT e dependem dos tempos de subida (tr) e descida (tf) das formas de onda de corrente e
tensão. A folha de dados fornece as energias envolvidas para entrada (Eon) e saída (Eoff) de
condução e as perdas de comutação podem ser encontradas multiplicando estas energias pela
frequência de comutação (fsw).

PcomtT   Eon  Eoff  f sw (A.04)

Como este trabalho deseja avaliar as perdas de comutação para diferentes valores de
potências deve-se normalizar as perdas a partir dos valores nominais fornecidos pela folha de
dados conforme realizado em (RAO; CHAMUND, 2014). Então:

PcomtT 
E on  E off f I Vcc
sw cp
(A.05)
 I cnomVcc nom

Onde:
Icp – corrente de pico no coletor do interruptor;
102

Vcc – tensão de barramento;


Icnom – corrente de coletor nominal;
Vccnom – tensão de barramento nominal.

As perdas de comutação no diodo em antiparalelo dependem principalmente da corrente


de recuperação reversa (Irr) e do tempo de recuperação reversa (trr), fornecidos na folha de dados
do componente. Da mesma forma que para o interruptor, no diodo pode-se utilizar a energia
envolvida na recuperação reversa (Erec), para calcular as perdas de recuperação reversa.

PrecD  Erec fsw (A.06)

Normalizando em função dos valores nominais da folha de dados tem-se:

Erec f sw I cpVcc
PrecD  (A.07)
 I cnomVccnom

A.3. PERDAS TOTAIS NO RETIFICADOR

Para encontrar as perdas totais nos semicondutores soma-se as perdas referente a


condução e comutação tanto para o interruptor (A.08) quanto para o diodo em antiparalelo
(A.09).

PIGBT  PcondT  PcomutT (A.08)

PD  PcondD  PrecD (A.09)

Colocando as equações (A.08) e (A.09) em função da potência ativa que está sendo
processada, obtém-se:

PIGBT ( P )  PcondT ( P )  PcomutT ( P )


(A.10)

PIGBT ( P )  VCE I AV ( P )  rc I RMS 2 ( P ) 


E on  Eoff  f swVcc
2 I RMS ( P )
 I cnomVcc nom
103

PD ( P )  PcondD ( P )  PrecD ( P )
(A.11)
Erec f swVcc
PD ( P )  V fw I AV ( P )  rD I RMS 2 ( P )  2 I RMS ( P )
 I cnomVcc nom

De acordo com a norma IEEE 1459-2010 (“IEEE Standard Definitions for the
Measurement of Electric Power Quantities Under Sinusoidal, Nonsinusoidal, Balanced, or
Unbalanced Conditions”, 2010) a potência aparente é o produto entre tensão e corrente eficaz.
Então, a corrente eficaz (IRMS) que circula no retificador é:

S
I RMS  (A.12)
Vs

Onde:
S – potência aparente drenada da rede;
Vs – tensão eficaz da rede;

Substituindo (2.04) em (A.12) obtém-se a corrente eficaz em função da potência ativa


processada:

P
I RMS (P)  (A.13)
Vs cos( )

A equação que representa a forma de onda da corrente instantânea drenada da rede é:

is (t)  Isp cos(t   ) (A.14)

Onde:

Isp – corrente de pico da rede ( 2I RMS );


Ө – ângulo de carga.

Para o cálculo de perdas, considerou-se a corrente média de meio período de rede.


104

Ts 2
2
I AV 
Ts 
0
is (t ) dt (A.15)

Aplicando (A.13) e (A.14) em (A.15) obtém-se a corrente média em função da potência


ativa processada:

2
Ts 2
 P 2 
I AV ( P )    cos( t   )  dt (A.16)
Ts 0  V s cos( ) 

Considerando que o retificador utiliza modulação senoidal de três níveis, as perdas totais
no retificador podem ser encontradas multiplicando-se por quatro as perdas em cada
semicondutor (YAZDANI; IRAVANI, 2010). Isso é possível devido a simetria existente na
estrutura do retificador e sua operação. Então:

PlossRet (P)  4(PD (P)  PIGBT (P)) (A.17)


105

APÊNDICE B – CURVAS DE CARGA DOS TRANSFORMADORES SUBSTITUÍDOS POR


SST
Equation Chapter (Next) Section 1

Figura B.1 – Curva de carga SST 1 e SST 2 normalizadas em 112,5 kVA.

C urv a d e carga S S T 1 e S S T 2 (112 ,5 k VA)


0,8
0,6 SST 1
SST 2
pu

0,4
0,2
0
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11 : 0 0
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
Fonte: Autor.

Figura B.2 - Curva de carga SST 3 e SST 4 normalizadas em 45 kVA.

C u rva de carga S S T 3 e S S T 4 (4 5 kVA)


0,15
SST 3
0,1 SST 4
pu

0,05

0
00 : 0 0
01 : 0 0
02 : 0 0
03 : 0 0
04 : 0 0
05 : 0 0
06 : 0 0
07 : 0 0
08 : 0 0
09 : 0 0
10 : 0 0
11: 0 0
12 : 0 0
13 : 0 0
14 : 0 0
15 : 0 0
16 : 0 0
17 : 0 0
18 : 0 0
19 : 0 0
20 : 0 0
21 : 0 0
22 : 0 0
23 : 0 0

Fonte: Autor.

Figura B.3 – Curva de carga SST 5 normalizada em 30 kVA

C urv a d e carga S S T 5 (3 0 kVA)


0,08
0,06
pu

0,04
0,02
0
0 0: 0 0
0 1: 0 0
0 2: 0 0
0 3: 0 0
0 4: 0 0
0 5: 0 0
0 6: 0 0
0 7: 0 0
0 8: 0 0
0 9: 0 0
1 0: 0 0
11: 0 0
1 2: 0 0
1 3: 0 0
1 4: 0 0
1 5: 0 0
1 6: 0 0
1 7: 0 0
1 8: 0 0
1 9: 0 0
2 0: 0 0
2 1: 0 0
2 2: 0 0
2 3: 0 0

Fonte: Autor.
106

APÊNDICE C – MODELAGEM DO RETIFICADOR MONOFÁSICO EM COORDENADAS


SÍNCRONAS DQ

Equation Chapter (Next) Section 1


Este apêndice tem o objetivo de modelar o retificador monofásico em coordenadas
síncronas dq. Para isso, considera-se que há uma fase imaginária (m), defasada em 90° da fase
da rede (s), conectada ao barramento CC, conforme demonstrado na Figura C.1. Então, são
realizadas duas modelagens. Sendo, uma modelagem pelo lado CA com o intuito de controlar
a corrente de entrada e outra pelo lado CC para controlar a tensão de barramento do retificador.

Figura C.1 – Retificador considerado para equacionar o sistema síncrono dq.

Lf Rf Rm Lm
Iccs Iccm
S1 S3 IC IR
Is Im
a C R Vcc
Vs Vab Vm
b

S2 S4

Fonte: Autor.

C.1. ANÁLISE LADO CA

Para a análise do lado CA considera-se que a tensão do barramento é constante e igual


a Vcc. A tensão Vab de entrada do retificador segue a seguinte condição:

V se S1  S 4  1
vab   cc (C.1)
 Vcc se S1  S 4  0

Ou reescrevendo:

vab  DVcc (C.2)

Sendo D a razão cíclica do interruptor S1.


Aplicando lei das tensões de Kirchhoff (LTK) na fase da rede (s) do circuito apresentado
na Figura C.1, obtêm-se:
107

dis (t )
vs (t )  L f  R f is (t )  vab
dt
(C.3)
dis (t )
vs (t )  L f  R f is (t )  DVcc
dt

Fazendo o mesmo para fase imaginária (m):

dim (t )
vm ( t )  L f  R f im (t )  DmVcc (C.4)
dt

Reescrevendo as equações (C.3) e (C.4) em forma matricial, obtém-se (C.5).

 Rf   Vcc   1

  0   i   L f 0 0 
 s
i Lf   ds   L f   vs 
i     s   
1   vm 
(C.5)
 m  0 R  im   0 V d
 cc   m   0
  f
L f   L f   L f 

Ou, em formato simplificado:



    
i
 sm   A i
sm  sm   B d
sm  sm   wsm vsm  (C.6)
     

Sendo:

 Rf 
 L f 0 
Asm    (C.7)
 0 
Rf 
 L f 

  Vcc 0 
 Lf 
Bsm    (C.8)
 0 V
 cc 
 L f 
108

 1 0 
 Lf 
wsm   (C.9)
1 
 0 L f 

O sistema apresentado em (C.6) refere-se a duas fases em quadratura. Neste caso, pode-
se fazer uso da transformação de Park, a qual converte um sistema αβ para um sistema de dois
vetores ortogonais girando em sincronismo com a frequência da rede (eixos d e q). A Figura
C.2 mostra o diagrama fasorial da transformação de Parque que está representada
matematicamente em (C.10).

Figura C.2 – Diagrama fasorial da transformação de Park.

ϴ Fα

Fd
Fq

ωt

Fonte: Autor.

Fd  F cos( )  F sen( )
(C.10)
Fq   F sen( )  F cos( )

Sendo:

  t   (C.11)

e
109

ωt - frequência de em que os vetores estão girando


Ө - ângulo inicial entre Fα e Fd;

Reescrevendo (C.10) em forma matricial, obtém-se:

 Fd   cos( ) sen( )   F 
    (C.12)
 Fq    sen( ) cos( )   F 

Que por sua vez, pode ser escrita da forma reduzida

Fdq  Tdq F (C.13)

Sendo Tdq a matriz de transformação, dada por:

 cos( ) sen( ) 
Tdq    (C.14)
  sen( ) cos( ) 

Substituindo (C.13) em (C.6) obtém-se:


 1    1    1    1  
Tdq idq   Asm Tdq idq   Bsm Tdq d dq   wsm Tdq vdq  (C.15)

Expandindo (C.15):

 
1  1  1  1  1 
Tdq idq  Tdq idq  Asm Tdq idq  Bsm Tdq d dq  wsm Tdq vdq
(C.16)
 
1   1 1   1  1 
Tdq idq   Asm Tdq  Tdq  idq  Bsm Tdq d dq  wsm Tdq vdq
 
 

Multiplicando (C.16) em ambos os lados por Tdq obtém-se:


110

 
1   1 1   1  1 
Tdq Tdq idq   Tdq Asm Tdq  Tdq Tdq  idq  Tdq Bsm Tdq d dq  Tdq wsm Tdq vdq (C.17)
 
 

como
1
Tdq Tdq I (C.18)

então:

 
  1 1   1  1 
idq   Tdq Asm Tdq  Tdq Tdq  idq  Tdq Bsm Tdq d dq  Tdq wsm Tdq vdq (C.19)
 
 

ou resumidamente:


   
idq  Adq idq  Bdq ddq  wdq vdq (C.20)

sendo:


1 1
Adq  Tdq Asm Tdq  Tdq Tdq (C.21)

1
Bdq  Tdq Bsm Tdq (C.22)

1
wdq  Tdq wsm Tdq (C.23)

Agora, substituindo (C.7) e (C.14), (C.8) e (C.14) e (C.9) e (C.14) em (C.21), (C.22) e
(C.25) respectivamente, obtém-se:

 Rf 
 Lf
 
Adq    (C.24)
  
Rf 
 L f 
111

  Vcc 0 
 Lf 
Bdq    (C.25)
 0 Vcc 

 L f 

 1 0 
 Lf 
wdq   (C.26)
1 
 0 L f 

ou então, substituindo (C.24) - (C.26) em (C.20) obtém-se as equações em função das correntes
nos eixos d e q em formato estendido:

 Rf   Vcc   1

   id    L f 0 0 
id   Lf  dd   L f   vd 
i          (C.27)
 q    Rf   iq   0 Vcc   d q   0 1   vq 
   L f 
 L f   L f  

Após encontrada as equações de estado em coordenadas dq, aplica-se a transformada


Tdq nas tensões de entrada Vs e Vm:

 vd   vs 
 v   Tdq   (C.28)
 q  vm 

Sendo:

vs  Vp sen(t )
(C.29)
vm  Vp sen(t   )
2

Onde:
Vp – Tensão de pico da rede.

Geralmente, alinha-se o eixo d com o vetor de referência das tensões, conforme


mostrado na Figura C.3. Desta forma, se, no instante zero (  t  0 ) a representação de vs no
112

eixo α também é zero ( v (0)  0 ), significa que o vetor de referência está em perpendicular
com o eixo α, ou seja, o eixo d está atrasado em 90° do eixo α, conforme (C.30). Logo, o ângulo
ϴ utilizado em (C.11) para calcular a transformação dada em (C.14) é -90°, resultando em:

Figura C.3 - Diagrama fasorial representando a condição inicial

Para
ωt=0 ω
Vs

ϴ
q α

Fonte: Autor.

 vd    v m 
v     (C.30)
 q   vs 

Substituindo (C.29) em (C.30) para  t  0 , tem-se:

 vd  V p 
v     (C.31)
 q  0 

Agora, substituindo (C.31) em (C.27), obtém-se:

 Rf   Vcc   1

   id    0 0 
d 
i Lf Lf  dd   L f  V p 
i        (C.32)
 q    R   iq   0 V d 1   0 
 f  cc   q   0 L f 
 L f   L f  
113

Por fim, visando obter a função de transferência das correntes d e q em função das razões
cíclicas, serão incluídas perturbações nas razões cíclicas que resultarão em perturbações nas
correntes:

d d  Dd  d d (t )

d q  Dq  d q (t )
(C.33)

id  I d  id (t )

iq  I q  iq (t )

Sendo que:

Dd  d d (t )

Dq  d q (t )
(C.34)
I d ` id (t )

I q  iq (t )

  Rf   Vcc   1
 I d  id (t )    L f    I d  id (t )    L f 0 0 
  Dd  d d (t )   L f  Vp 
     
 I q  iq (t )    R f   I q  iq (t )   Vcc   Dq  d q (t )   0 1   0 
     L f 
 L f  
0
 L f   

(C.35)

Desprezando os termos constantes obtém-se:


114

  Rf   Vcc 
id (t )    Lf
  id (t )    L f 0
  d d (t ) 
      (C.36)
 iq (t )    
Rf  
 iq (t )   0  cc   d q (t ) 
V
 L f   L f 

Aplicando a transformada de Laplace em (C.36):

 Rf   Vcc 
 I d (s)    L f    I d (s)   L f 0
  Dd ( s ) 
s      (C.37)
 I q ( s )    Rf   q   0
 I ( s ) 
Vcc   Dq ( s ) 
 
L f   L f   

Isolando D d ( s ) e Dq ( s ) :

Lf  Rf  Lf
Dd ( s )    s   I d ( s )   Iq (s) (C.38)
Vcc  Lf  Vcc

Lf Lf  Rf 
Dq ( s )    Id (s)   s   Iq (s) (C.39)
Vcc Vcc  L f 

Considerando o desacoplamento entre os braços, pode-se encontrar as funções de


transferência para malha de corrente:

I d ( s) Vcc 1
 (C.40)
Dd ( s ) Lf  Rf 
 s  
 Lf 

Iq (s) Vcc 1
 (C.41)
Dq ( s ) Lf  Rf 
 s  
 Lf 

C.2. ANÁLISE LADO CC

Para análise do lado CC aplica-se a lei das correntes de Kirchhoff (LCK) no lado CC da
Figura C.1. Ainda, assume-se que a corrente é distribuída igualmente entre o retificador real e
115

o retificador imaginário. Deste modo, tem-se que cada retificador fornece metade da corrente
que circula pelo barramento (capacitor + carga). Assim, tem-se:

d 1 V (t )
C Vcc (t )   is (t )ds (t )  im (t )dm (t )   cc (C.42)
dt 2 RL

Reescrevendo (C.42) na forma matricial

T
 1  d s (t )   is (t )  Vcc ( t )
Vcc ( t )   d ( t )   i ( t )   CR (C.43)
2C  m  m  L

Transformando para o sistema dq através de (C.13):

T
 1  d d (t )  id (t )  Vcc (t )
Vcc (t )      (C.44)
2C  d q (t )  iq (t )  CRL

Visando obter a função de transferência da tensão do barramento CC em função das


correntes id e iq, serão incluídas perturbações nas razões cíclicas que resultarão em perturbações
nas correntes e na tensão Vcc, da mesma forma que em (C.33):

T
1  Dd  d d (t )   I d  id (t )  V  v (t )

Vcc  vcc (t )    
2C  Dq  d q (t ) 
   cc cc
 I q  iq (t )  CRL
(C.45)
 

Desprezando os termos CC e considerando as multiplicações de dois distúrbios


suficientemente pequenas de forma que possam ser desprezadas, obtém-se:


1   I  T  d d (t )   D d  T  id (t )   v (t )
       cc
d
vcc (t )    (C.46)
2C   I q   d q (t )   Dq   iq (t )   CRL

Aplicando Laplace em (C.46):


116

  I d   Dd ( s )   Dd  T  I d ( s )   V ( s )
T
1
sVcc ( s )           cc (C.47)
  I q   Dq ( s )   Dq   I q ( s )  
2C CRL

Na forma convencional e ocultando o termo (s) referente a transformada de Laplace:

 1  Dd I d  I d Dd  Dq I q  I q Dq
Vcc  s   (C.48)
 RL C  2C

Substituindo (C.38) e (C.39) em (C.48):

 L  R  Lf   Lf Lf  Rf  
Dd I d  I d   f  s  f
 Vcc   I d   I q   Dq I q  I q    I d   s   I q 
 1    Lf  Vcc   Vcc Vcc  Lf  
Vcc  s   
 RLC  2C

2CVcc  1   R f DdVcc I q   DqVcc R f I d  


 s  Vcc  I d     s  Id  Iq      s  Iq
Lf  RLC    I L 
 Lf Id Lf Id   q f Lf Iq 
(C.49)

Após encontrada a equação que relaciona os distúrbios nas correntes Id e Iq na tensão de


barramento (Vcc), deve-se obter os valores nominais de Id, Iq, Dd e Dq para operações em regime
permanente. Então, avaliando (C.32) no ponto de operação obtém-se:

 Rf   Vcc   1
    Id   L f 0 0 
0   Lf   Dd   L f  V p 
0       
Vcc   Dq   0 1   0 
(C.50)
    Rf   Iq   0  
 
L f   L f   L f 

Isolando Dd e Dq da equação (C.50):

Rf Lf Vp
Dd   Id  Iq  (C.51)
Vcc Vcc Vcc
117

Lf Rf
Dq    Id  Iq (C.52)
Vcc Vcc

Da teoria de potência instantânea para sistemas monofásicos em coordenadas síncronas


dq apresentada em (HAQUE, 2002), tem-se as potências ativa e reativa, referentes a frequência
fundamental, podem ser expressas por:

P  Vd I d  Vq I q
(C.53)
Q  Vd I q  Vq I d

Aplicando a condição dada por (C.31) em (C.53), obtém-se:

P  Vp I d
(C.54)
Q  Vp I q

Logo, devido ao fato de o eixo d estar alinhado com o vetor de referência, condição dada
por (C.31), a corrente Id é responsável pelo controle potência ativa enquanto a corrente Iq pela
potência reativa. Deste modo, pode-se facilmente controlar a potência ativa e reativa drenadas
da rede. Agora, considerando que as potências apresentadas em (C.54) se referem a entrada do
retificador, pode-se dizer que as correntes nos eixos d e q em função da potência de saída, são:

Po P
Id   o (C.55)
Vd Vp

Qin Qin
Iq   (C.56)
Vd Vp

Substituindo (C.55) e (C.56) em (C.51) e (C.52) obtém-se as razões cíclicas em função


das potências do retificador, para operação em regime permanente:
118

1  R f Po L f Q in 
Dd       Vp  (C.57)

V cc  V p Vp 

1  L f Po 
Dq      R f Qin  (C.58)
VccV p   

Então, substituindo (C.55) - (C.58) em (C.49) e realizando algumas operações algébricas


obtém-se:

 1 
2CVccV p  s   Vcc   2 Po R f  V p  L f Po s  I d   2Qin R f   L f Qin s  I q
2

 RL C 

(C.59)

2CVccV p  1   R f V p2   Rf 
 s  Vcc  Po  2   s  I d  Qin  2  s  Iq
Lf RL C    L 
  L f L f Po   f 

A partir de (C.59), pode-se obter a relação que os distúrbios de corrente nos eixos d e q
causam na tensão de barramento. Para aplicações em que o retificador opera com FP unitário,

a potência reativa é zero ( Qin  0 ), ou seja, os distúrbios de corrente no eixo q não causam
nenhum efeito no barramento CC. Então, para essa condição a equação dada em (C.59) pode
ser reduzida a:

 V p2  2 Po R f 
s 
Vcc ( s ) L f Po  L f Po 
 (C.60)
I d ( s) 2CVccV p  1 
s 
 RL C 

Por outro lado, quando o retificador não está operando com FP unitário, o
processamento de potência reativa não é nulo. Deste modo, as perturbações na corrente do eixo
q causam distúrbios na tensão de barramento. A equação que relaciona estes distúrbios é dada
em (C.61).
119

 Rf 
 s  2 
Vcc ( s ) Qin L f  L f 
 (C.61)
I q (s) 2CVccV p  1 
s 
 RL C 
120

APÊNDICE D – DISTRIBUIÇÃO DE POTÊNCIA NOS MÓDULOS DO CONVERSOR CHB


Equation Chapter (Next) Section 1
A avaliação apresentada a seguir considerou-se que as formas de onda de tensão e
corrente são puramente senoidais e fez-se uso do circuito simplificado do conversor CHB
conforme apresentado na Figura D.1a. Do ponto de vista da rede, para que o SST opere com FP
unitário, como representado no diagrama da Figura D.1b o conversor CHB deve fornecer a
potência reativa consumida pelo filtro Lf. Assim sendo, as potências ativa e reativa processadas
pelo conversor CHB são obtidos através das equações (2.04) e (2.05), respectivamente, o que
resulta em:

Pr  Vr Is cos( ) (D.1)

Qr  Vr Is sin( ) (D.2)

Sendo:
Pr – Potência ativa total do conversor CHB;
Qr – Potência reativa total do conversor CHB;

Figura D.1 – (a) Circuito simplificado do conversor CHB conectado à rede de MT, (b) diagrama fasorial do
circuito simplificado operando com FP unitário

Lf

Is q
V1
V4 Vr
V2 V3
jXLIs

V2 V1
Vs Vr δ
V3 Is Vs d

V4

(a) (b)

Fonte: Autor.

Viu-se no capítulo 3 que para aplicações em MT o ângulo de potência (δ), não apresenta
grandes variações para a faixa de potência entre 0 e 30 kVA, conforme mostra a Figura 3.4.
121

Deste modo, a potência reativa do conversor CHB é praticamente nula. No entanto, para
aplicações com FP não unitário, conforme apresentado na Figura D.2, a potência reativa
processada pelos módulos pode deixar de ser desprezível. Neste, caso as potências totais
processadas pelo conversor CHB são dadas por:

Pr  Vr Is cos(  ) (D.3)

Qr  Vr Is sin(  ) (D.4)

e as potências drenadas da rede são:

Ps  Vs Is cos( ) (D.5)

Qs  Vs Is sin( ) (D.6)

O modo de operação proposto por este trabalho faz com que alguns retificadores do
conversor CHB não processem potência ativa. A Figura D.2b apresenta o diagrama em que o
retificador 1 não está processando potência ativa. Neste caso, o ângulo entre tensão e corrente
é de 90°. As equações (D.7) e (D.8) mostram as potências ativa e reativa processadas por cada
retificador que compõe o conversor CHB, respectivamente.

Figura D.2 - Diagrama fasorial para operação com FP não unitário: (a) potência dividida de forma igualitária
entre os módulos, (b) módulos processando distintas quantidades de potências.

q q
V4 Vr V3 V4 Vr
V1 V2
V2 V3
jXLIs

jXLIs

V1 δ1
δ δ
Ө Vs d Ө Vs d
Is Is

(a) (b)

Fonte: Autor.
122

i i cos(i  )
Pi  VI (D.7)

i i sin(i  )
Qi  VI (D.8)

Sendo:
Pi – Potência ativa no retificador i;
Qi – Potência reativa no retificador i;
Vi – Tensão sintetizada pelo retificador i;
φi – Ângulo entre a tensão do retificador Vi e o eixo d.

Aplicando as propriedades trigonométricas nas equações (D.7) e (D.8), obtém-se:

Pi  Vi Ii  cos(i )cos( )  sin(i )sin( )  (D.9)

Qi  Vi Ii  cos(i )sin( )  sin(i ) cos( )  (D.10)

Com base nas teorias de trigonometria sabe-se que o seno de algum ângulo se refere a
representação no eixo vertical de um sistema de coordenadas, enquanto o cosseno a
representação no eixo horizontal. Então, como pode ser visualizado em (D.9) a potência ativa
nos retificadores que compõe o conversor CHB tem uma parcela proveniente do eixo d e outra
do eixo q. Logo, em operações com FP não unitário pode-se controlar a tensão de barramento
dos retificadores tanto pelo eixo q quanto pelo eixo d.

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