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09/09/2018 Francisco Suárez – Wikipédia, a enciclopédia livre

Francisco Suárez
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Francisco Suárez (Granada, 5 de janeiro de 1548 — Lisboa, 25 de Francisco Suárez
setembro de 1617) foi um jesuíta, filósofo, jurista espanhol. Ele foi um
dos principais expoentes da Escola de Salamanca e considerado um
dos maiores escolásticos após Tomás de Aquino. Seu trabalho é
considerado o marco inicial da segunda escolástica, e determinou a
transição do movimento renascentista para o barroco. Suárez serviu
de inspiração para figuras das mais diversas orientações filosófica,
tais como Leibniz, Grotius, Samuel Pufendorf, Schopenhauer e Martin
Heidegger.[1]

Índice
Biografia
O "Século de Ouro"
Pensamento
Filosofia política
Francisco Suarez, também conhecido pelo
Obras apelido de Doctor Eximius
Posteridade de Francisco Suárez Nascimento 5 de janeiro de 1548
Recepção em Portugal Granada, Espanha

Referências Morte 25 de setembro de


1617 (69 anos)
Bibliografia em língua portuguesa
Alma mater Universidade de
Ligações externas Coimbra
Vide também
Influências
Lista

Biografia Influenciados
Lista
Francisco Suárez nasceu em Granada, em 5 de Janeiro de 1548, numa
Escola/tradição Escolástica
família de fidalgos com tradição militar, os Suárez de Toledo, parentes
da casa dos duques de Alba. Estudou Direito em Salamanca (entre
1561 e 1564), abandonando os estudos para ser admitido na Companhia de Jesus (fundada em 1540).

Em 16 de Junho de 1564 foi aceite na Companhia como "Indiferente", isto é, reservando-se os superiores a decisão de
este se vir a tornar sacerdote ou irmão laico, dadas as dúvidas acerca da sua saúde e inteligência. Começou o noviciado
em Medina del Campo, sendo poucos meses depois convidado a estudar Filosofia em Salamanca. Aí se viria a revelar
como um dos melhores alunos, passando ao estudo da Teologia (1566-70).

Tendo tomado o hábito, em 1571, toda a sua vida virá a ser dedicada ao ensino. Começou em Ávila e Segóvia (1575),
passando a Valladolid (1576-80), Roma (1580-85), Alcalá (1585-93), Salamanca (1593-97) e Coimbra (1597-1615).

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Na sua passagem por Roma foi próximo do cardeal Belarmino, que fora discípulo de Juan de Mariana, tendo o Papa
Gregório XIII assistido ao seu primeiro curso. Em Alcalá de Henares, teve dificuldades com os censores; o dominicano
Avendaño e os seus confrades jesuítas Vázquez e Lessius, ao publicar a sua primeira obra, em 1590, De Incarnatione
Verbi.

Após a sua chegada à Universidade de Coimbra, foi nomeado para a cátedra de Prima de Teologia, e no mesmo ano se
editaram as suas Disputationes metaphysicae, um extenso e minucioso tratado de ontologia. Doutorou-se na
Universidade de Évora. Voltou a Coimbra para ensinar e publicar as obras que lhe valeram a designação de "Doutor
Exímio", mestre incontestável da Escolástica seiscentista. Publicou então De legibus (Coimbra, 1612) e, a pedido do
Papa Pio V, a obra Defensio fidei catholicae (Coimbra, 1613).

Em 1615, publicou a obra De Fide e jubilou-se do ensino, saindo por essa altura de Coimbra para Lisboa. Morreu dois
anos depois, ficando os seus restos mortais depositados na capela do altar da Anunciação da Igreja de São Roque, em
Lisboa.

O "Século de Ouro"
Suárez nasceu em Granada, Espanha, em 5 de Janeiro de 1548, algum tempo antes do período de máxima dimensão
do império espanhol, quando a coroa dos Habsburgo, em Monarquia Dual, uniu os Reinos de Espanha e de Portugal
(1580-1640).

Em 1479, pelo casamento da rainha Isabel de Castela e do rei Fernando de Aragão, conhecidos como os "Reis
Católicos", estabelecera-se a Espanha como unidade política. Em 1492, os seus territórios seriam acrescentados pela
conquista de Granada aos mouros e, no mesmo ano, Cristóvão Colombo anunciava a descoberta da América.

Nos cinquenta anos seguintes, a Espanha vai tornar-se a mais importante potência económica e política na Europa,
tornando-se a sua capital, Madrid, a morada de muitos artistas, escritores, pensadores, no que veio a constituir, para a
historiografia espanhola, entre 1500 e 1650, o chamado "Século de Ouro". A Espanha tornava-se líder na Europa, e
líder incontestável, da Reforma Católica ou da chamada "Contra Reforma". Nesse período, viveram místicos como
Teresa de Ávila, João da Cruz, Frei Luís de Leão. Em 1492, Antonio de Nebrija compôs a primeira gramática de uma
língua romance. A música de Victoria, Cabezón, bem como a de outros compositores espanhóis, tocava-se então por
toda a Europa. No teatro, surgiram as peças de Lope de Vega e Calderón de la Barca. Miguel de Cervantes elevava a
novela a um patamar de grande prestígio. Na pintura, Ribera, Zurbaran e Velázquez atingiam fama internacional.

Na Teologia e na Filosofia, o auge foi paralelo, sem esquecer o contributo dos Conimbricenses: Juan Luis Vives (1492-
1540), Francisco de Vitória (1492/3-1546), Domingo de Soto (1494-1560), Alonso de Castro, (1495-1558), Melchor
Cano (1509-60), Pedro da Fonseca (1528-99), Domingo Bañez (1528-1604), Francisco Toletus (1532-96), Luis de
Molina (1535-1600), Juan de Mariana (1536-1624), Gabriel Vázquez (1549-1604) e João de Santo Tomás (1589-1644).

Mestre incontestável da "Escola de Coimbra", Francisco Suárez foi professor da Faculdade de Teologia daquela
Universidade a partir de 1597. Além de Suárez, ali se destacaram também teólogos e juristas como Martín de
Azpilcueta (o doutor Navarro), Manuel da Costa, Aires Pinhel e Martinho de Ledesma. Para muitos autores, a
originalidade e a profundidade de Francisco Suárez não tem rival, atribuindo-se-lhe uma nova fase da escolástica e o
lançar dos alicerces da moderna filosofia.

Pensamento
Retomando conceitos da Antiguidade grega e romana por intermédio de São Tomás de Aquino, Francisco Suárez tem
sido considerado um dos autores mais importantes da chamada "Segunda Escolástica"[2] seiscentista, e um dos
precursores da ideia do pacto social (elaborado pelo povo de um estado por forma a torná-lo organizado e governável),
mais tarde tratado também por outras figuras de proa como Thomas Hobbes ou, já no Iluminismo, John Locke.

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Francisco Suárez fez uma importante reformulação do conceito de


soberania, anteriormente teorizado por pensadores como Jean Bodin,
analisando-o muito para além daquilo que os seus precursores haviam
feito: o poder vem de Deus e é atribuído a toda a comunidade política. Por
outro lado, estabelece também uma distinção importante entre a lei eterna,
a lei natural, o direito das gentes, a lei positiva humana (direito civil) e a lei
positiva divina (expressa, por exemplo, nos "Dez Mandamentos").

Considerado um dos mestres do direito internacional, a sua obra continua


a de Francisco de Vitória e antecipa a de Grotius.

Filosofia política
As ideias fundamentais da sua filosofia política encontram-se expostas em
'De legibus' (Coimbra, 1612) e em 'Defensio fidei catholicae'
(Coimbra, 1613).

O tratado De legibus é um estudo exaustivo das leis em todas as suas


formas, tratando temas como o principado político ou soberania popular, a
lei natural, a obrigação da lei, o direito dos povos, a escravatura, o poder De iustitia et iure, 1733
civil, a obrigação política, o juramento de fidelidade e a lei positiva
canónica.

Ao tratar da lei civil, Suarez discute em abstracto a questão prévia da


natureza da sociedade política e da autoridade do Estado. O seu conceito
de partida pode resumir-se do seguinte modo: toda a lei supõe um
legislador, e um legislador pressupõe uma autoridade. Para Suárez, a
sociedade civil é natural ao homem e, como tal, tem a sua origem em Deus,
criador da natureza. Este seu conceito não suscita qualquer dúvida entre os
pensadores católicos, sendo ponto fundamental da doutrina social da
Igreja. No primeiro capítulo do livro 3º 'De legibus', Suárez escreveu:

"é justo e conforme à natureza humana haver autoridade civil com poder
temporal para reger os homens... e isto apoia-se em dois princípios:
primeiro, que o homem é um animal social, que tende naturalmente e com
toda a razão para viver em sociedade..., segundo, que na sociedade
perfeita é necessário que haja um poder a que pertença o governo da
colectividade... Sem isso haveria nela a maior confusão". Estas palavras Commentariorum ac disputationum
são comentadas nos números 2, 3 e 4 do referido capítulo. in tertiam partem divi Thomae
(1590).
Suárez trata a seguir a questão da origem histórica das várias sociedades
políticas e da maneira concreta como nelas se estabelece o poder que as
governa, concluindo que a origem histórica da sociedade civil e do poder político não se pode justificar sem o
consentimento ao menos implícito das vontades humanas. Distingue Suárez duas intervenções da vontade dos
membros de uma sociedade política: o pactum associationis (pacto de associação) e o pactum subjectiones (pacto de
sujeição). Pelo "pacto de associação", várias famílias consentem em viver unidas em consórcio político, mas é pelo
"pacto de sujeição" que é atribuída ou conferida a autoridade sem a qual não existe sociedade política, deliberando-se
acerca da forma de governo, fazendo a escolha das pessoas ou dos organismos que a hão-de exercer, realizando a
estrutura constitucional do regime escolhido.

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No tempo de Suárez, uma questão era apaixonadamente debatida no


mundo cristão. Não havia dúvida de que a origem última do poder estava
em Deus, criador de todas as coisas, mas dividiam-se as opiniões acerca da
sua atribuição ou transmissão. Uns defendiam que era o próprio Deus
quem conferia imediatamente o poder a determinadas pessoas,
defendendo outros que esse poder era recebido da sociedade.

Tal é o problema de fundo debatido por Suárez na obra 'Defensio fidei


catholicae'. A pedido do Sumo Pontífice, Suárez trata especificamente da
questão da autoridade régia, rebatendo a teoria protestante do "direito
divino dos reis", formulada por Jaime I (ou Tiago I) - James I - de
Inglaterra. O assunto é examinado no livro 3º. Para o rei inglês a
autoridade régia é de direito divino, não apenas no sentido de que todo o
poder dimana da suprema autoridade de Deus, como afirma a tese católica,
mas também no sentido de que Deus havia estabelecido a forma especial
que o poder político reveste e a pessoa que dele se acha investida. Jaime I
pretendia ter sido eleito pessoalmente por Deus para governar o seu povo;
pretendia ter sido investido imediatamente por Deus na soberania da sua
Summae theologiae. De Deo uno et
nação, tal como, para os católicos, o Pontífice romano é o Vigário de Cristo.
trino, I, 1607
De tal concepção, deduzia o rei inglês que não tinha que prestar contas do
modo como exercia o poder, senão a Deus.

A esta teoria opõe Suárez a doutrina católica, que pode resumir-se deste
modo: sempre que se forma uma sociedade civil surge nela o poder político
como sua propriedade natural. O poder político não é recebido
imediatamente de Deus para os governantes, mas só mediatamente por
intermédio da sociedade organizada. Na instituição dos governantes das
sociedades, no "pacto de sujeição" tal como o entende Suárez, é a própria
sociedade que designa o titular do poder e lhe confere autoridade.

Mais tarde, procurou ver-se nesta filosofia de Suárez uma antecipação do


"contrato social" de que falou Rousseau. As suas filosofias são porém
radicalmente distintas. Antes de mais, Suárez não fala de um pacto, mas de
um duplo pacto. Para Suárez, há um pacto de associação que constitui a
sociedade ('pactum associationis') e um pacto de sujeição ('pactum
subjectionis') que estabelece quem exerce o poder. Enquanto Rousseau
imaginou que o estado natural do homem é o estado de isolamento
individualista, sendo o "contrato social" um acto absolutamente arbitrário
e livre, Suárez pensou que o homem é de sua natureza impelido a viver a
Operis de religione (1625).
sociedade, sendo a soberania uma propriedade do corpo social constituído
em sociedade política.

Importa esclarecer este ponto, de grande importância na filosofia política de Francisco Suárez. Para Suárez, o poder
não se encontra disperso pelos indivíduos que constituem a colectividade, como para Rousseau. Para Suárez, o poder
não resulta da simples soma das soberanias individuais. O poder é uma realidade moral e só surge quando a sociedade
se institui em sociedade política. Ao instituir-se o poder surge uma nova realidade - uma pessoa moral autónoma. A
sociedade política é, para Suárez, uma entidade moral. Sendo este o ponto mais profundo do seu pensamento político,
contrariado pelo pensamento político moderno tributário de Rousseau, pode ser útil ilustrá-lo com alguns exemplos.

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Nós podemos, ou não, unir pelas extremidades três linhas para formar um
triângulo. Depende da nossa vontade fazer ou não um triângulo, mas uma
vez feito, deixa de depender de nós que a soma dos seus ângulos seja igual
a dois rectos. Essa propriedade só pertence à figura já feita do triângulo.

Tomemos outro exemplo. Nós podemos reunir na proporção requerida o


oxigénio e o hidrogénio a fim de obter água; se o fizermos, deixa de
depender da nossa vontade as características da água. Essas características,
queiramos ou não, são diversas das que têm separadamente o oxigénio e o
hidrogénio. As características da água, não são sequer uma simples soma
das propriedades desses dois elementos tomados isoladamente. De modo
análogo, Suárez considera que a soberania não é uma soma de vontades
individuais dos membros de uma colectividade, como para Rousseau; a
soberania, o poder político, só existe numa sociedade constituída e institui-
se com vista ao bem comum; é uma "pessoa moral autónoma".

Sendo diferentes os seus conceitos de soberania, diferentes são também os


modos de explicar a sua transmissão dos governados para os governantes.
Em rigor, segundo o autor do Contrato Social, não há transmissão de
soberania ou poder. O povo é soberano, sendo os governantes delegados De incarnatione, pars prima (1745).
deste para exercerem a autoridade. De modo radicalmente diverso,
segundo o autor de De legibus, há uma transmissão de poder e não uma
simples delegação de poder.

Mas Francisco Suárez não enfrentava a perspectiva de Rousseau,


enfrentava a teoria protestante do "direito divino do reis", segundo a qual o
povo devia obediência absoluta ao rei por ter um poder recebido
imediatamente de Deus. Na perspectiva de Suárez, o poder do rei era
transmitido imediatamente pelo povo, mas na condição de servir o bem
comum. Era por isso um poder revogável, se não fosse utilizado para o fim
que legitimara a sua transmissão. Ao povo organizado em comunidade
política, assistia pois o direito de deposição do rei quando este não cumpria
os termos do contrato de sujeição estabelecido no acto da sua atribuição.
Em síntese, ao povo organizado em comunidade política assistia o direito
de revolta contra a tirania.

Estas são as ideias fundamentais da filosofia política de Francisco Suárez,


expostas em 'De legibus' (Coimbra, 1612) e em 'Defensio fidei
catholicae' (Coimbra, 1613). Para conhecer em todos os pormenores o seu
pensamento jurídico-político, encontram-se esclarecimentos e observações
adicionais nos seus tratados teológicos, como, por exemplo, no livro 5º de
De opere sex dierum (obra póstuma de 1621), onde são tratadas as
De incarnatione, pars secunda
características da sociedade civil e da autoridade que a rege.
(1746).

Obras
De generatione et corruptione, 1575. (Manuscrito da “Biblioteca della R. universitá di Pavía”, Itália. (http://perso.w
anadoo.es/v963918818/degetc1.pdf))
De fide, Roma, 1583.
Disputatio ultima de bello, Roma, 1584.
Quaestiones de iustitia et iure, Roma, 1585.
De baptismo parvulorum, Alcalá, 1587.
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De Incarnatione Verbi, Alcalá, 1590.


De homicidio in defensionem propriae personae, Alcalá, 1592.
Disputationes metaphysicae, 1597. Projecto digital dirigido pelos Prof.
Salvador Castellote e Michael Renemann (latim) (http://homepage.ruh
r-uni-bochum.de/Michael.Renemann/suarez/index.html),
Varia Opuscula Theologica, Madrid, 1599.
De opere sex dierum, Coimbra, 1600.
De Legibus tractatus, Coimbra, 1601-1603 (são conhecidos outros
manuscritos desta obra: o "Manuscrito de Roma", 1582; o "Manuscrito
de Coimbra", 1602; o "Manuscrito de Lisboa", de 1607).
Tractatus de legibus ac Deo Legislatore, Coimbra, 1612; Amberes,
1613; Lyon, 1613.
De Defensio Fidei Catholicae adversus Anglicanae sectae errores,
Coimbra, 1613; Francoforte, 1614.
De Fide, 1615.
De anima, Lyon, 1621 (obra póstuma).
De triplice virtute theologica, 1621 (obra póstuma).

Posteridade de Francisco Suárez


Após a morte de Francisco Suárez em Lisboa, os jesuítas de Portugal Prima pars Summae theologiae de
publicaram dez volumes dos seus trabalhos, entre 1619 e 1655, dando Deo vno et trino
origem a um vasto conjunto de edições parciais em Coimbra, Évora, Leão,
Salamanca, Madrid, Colónia, Paris, Génova, etc..

A sua obra foi muito considerada no século XVII, exercendo influência em autores como Grotius, Descartes e Leibniz,
sendo significativo que o restauro de uma das alas do velho colégio dos jesuítas em Salamanca tenha então sido
realizado com o dinheiro obtido com a publicação dos seus estudos teológicos.

No século XVIII, o Papa Bento XIV considerou que o Século de Ouro espanhol teve duas grandes luzes: Velazquez e
Suárez. Em Madrid, o Padre Noel, S. J., publicou um compendio da sua teologia (1732), recobrando pouco depois
interesse pela obra de Suárez em Veneza, ao ser publicada em 23 volumes, entre 1740 e 1757.

Em meados do século XIX, a obra de Francisco Suárez despertou muito interesse em Paris, sendo publicados 28
volumes entre 1856 e 1861; até essa altura, apenas se haviam publicado em França excertos e compêndios do seu
pensamento, com fins sobretudo escolares. As edições de Paris, e o renascimento católico de finais do século XIX e
inícios do século XX que se lhe seguiu, veio a despertar uma longa cadeia de estudos, se bem que não em língua
portuguesa.

Podem ser identificadas algumas etapas na recepção mais recente da obra de Suárez. A redescoberta do conteúdo da
obra de Suárez parece ter partido da monografia de Karl Werner [3] . Depois deste livro, dão-se várias vagas de
estudos, com importantes marcos em 1917, 1927, 1934, 1948, e 1971.

Em 1917, ao comemorar-se o terceiro centenário da morte de Suárez, iniciou-se o estudo sistemático, unitário e
orgânico, do seu jusnaturalismo, com a participação de, entre outros, Elorduy, Zaragüeta, Ambrosetti, Mesnard,
Gómez Arboleya, Messner.

No pós-guerra, desligado dos seus fundamentos metafísicos, o pensamento filosófico-jurídico suareciano ganhava
relevo, destacando-se as monografias de Heinrich Rommen[4] e Luis Recaséns [5].

Ao descobrir-se no pensamento de Francisco Suárez e de Francisco de Vitória as origens do direito internacional


moderno [6], vários autores chegam a indicar o estudo e a difusão das suas obras como uma tarefa a realizar para
sustentar uma nova ordem ocidental mais pacífica.

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A "Segunda Escolástica" Seiscentista, com relevo para a que se produzira nas Universidades de Coimbra e de
Salamanca, recuperava algum do prestígio que tivera no século XVII. O interesse pela obra de Suárez vem a atingir um
ponto alto em 1948 com as edições do quarto centenário do seu nascimento. Com a difusão da obra de Heinrich A.
Rommen, no início dos anos 50, abre-se uma nova etapa de aprofundamento nos diversos aspectos da sua obra, da
teologia à filosofia, do jusnaturalismo à ontologia política. Em 1971, surgiu um novo impulso ao estudo com a edição
crítica das obras de Suárez, em castelhano, no Corpus Hispanorum de Pace pelo Consejo Superior de Investigaciones
Científicas (Madrid), a par das obras de, entre outros, Francisco de Vitória, Domingo de Soto, Melchor Cano e
Bartolomé de Medina.

Recepção em Portugal
Nos séculos XVIII e XIX, ignorou-se quase por completo em Portugal a obra de Francisco Suárez, vindo este país a
ficar no século XX praticamente à margem da redescoberta europeia e americana. As razões são antigas e duradouras.
O iluminista marquês de Pombal, se apreciava muito a teoria protestante do “direito divino dos reis”, apreciava muito
pouco as teorias de Suárez e em geral dos jesuítas, apodados de “monarcómacos”. Quando Pombal expulsou os jesuítas
de Portugal, Suárez tinha morrido fazia mais de um século. Pombal não mandou retirar os restos mortais de Suárez da
Igreja de São Roque, em Lisboa, onde ainda hoje estão depositados na capela do altar da Anunciação, mas aproveitou
as obras posteriores ao terramoto de 1755 para mandar colocar-lhe em frente um bem pesado órgão, de tal modo que
não mais fosse lembrado. Os jesuítas voltaram mais tarde a Portugal, mas para serem de novo expulsos na sequência
da implantação de uma República que, em 1914, abriu concurso para erigir uma estátua a Pombal no topo da Avenida
da Liberdade, em Lisboa, inaugurada pelo ministro Duarte Pacheco em 1934 e não, como já aleivosamente se disse,
por Oliveira Salazar, o qual, bem como o Marechal Carmona, nem sequer estiveram presentes à cerimónia de
inauguração.

Em Portugal, com a excepção da redescoberta de Suárez pelos mestres do Integralismo Lusitano, atentos ao papel
desempenhado pelo seu pensamento político na matriz doutrinal da Restauração de 1640 (na deposição de Filipe III
de Portugal, Filipe IV de Espanha), sob cuja influência se publicou um ou outro pequeno livro ou artigo de revista,
como no caso de Paulo Merêa, a verdade é que se viveu um fundo e longo letargo nos estudos suarecianos durante
praticamente todo o século XX. Talvez estejamos agora a assistir a um virar de página. Surgiu recentemente a
promessa de tradução para português das suas obras (as publicações iniciais foram em latim), começando-se pelo
Livro I, Da Lei em geral, do De Legibus (Lisboa, Tribuna da História, 2004).

Referências
1. «Francisco Suárez» (https://plato.stanford.edu/entries/suarez/) (em inglês). The Stanford Encyclopedia of
Philosophy
2. Carlo Giacon, La seconda scolastica , 2 vols, Milão, Fratelli Bocca, 1946
3. Karl Werner, Franz Suárez und die Scholastik der letzten Jahrhunderte, Regensburg, 2 vol., 1861-1864
4. Heinrich Albert Rommen, Die Staatslehre des Franz Suárez, München-Gladbuch, 1927
5. Luis Recaséns Siches, La filosofia del derecho de Francisco Suarez, con un estudio previo sobre sus
antecedentes en la patristica y en la escolastica, Madrid, Libreria General de Victoriano Suarez, 1927
6. James Brown Scott, The Spanish Origin of International Law, Oxford, The Clarendon Press, 1934

Bibliografia em língua portuguesa


A. Garcia Ribeiro de Vasconcelos, Suárez em Coimbra. Colleção de documentos, Coimbra 1897. Cf. ID., id., in
Bol. da R. Ac. da Hist. 24 (1894), 33 ss.
Francisco Suárez (Doctor Eximius). Oito de Maio 1597 - Oito de Maio 1890, (Obra publicada pela Univ. de
Coimbra no III Cent. da tomada de posse da Cátedra de Coimbra, 1890).
Paulo Merêa, Suárez Jurista, Coimbra, 1917.
Paulo Merêa, Suárez, Grocio, Hobbes. Lições de história das doutrinas políticas feitas na Universidade de
Coimbra, Coimbra, Editor Arménio Amado, 1941.

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Cassiano Abranches, As verdades eternas e os possíveis na metafísica de Suárez, Revista portuguesa de


filosofia 4, Braga, 1948, 364-380.
Delfim Santos, Der Gegenstand der Metaphysik bei Suarez, Philosophische Vorträge und Diskussionen Bericht.
Sonderheft Nr. 1 der Zeitschrift für philosophische Forschung, Hrsg. von Georgi Schischkoff, Warzach, Württ.,
Pan-Verlag R. Birnbach, 1948, 188-189 [Comunicação apresentada ao Congresso de Filósofos de Mainz].
Delfim Santos, Objecto da Metafísica em Suarez, Actas del IV centenário del nacimiento de Francisco Suarez,
Madrid, Dirección General de Propaganda, 1949, 327-337.
A. Miranda Barbosa, A individuaçao nas disputas metafisicas de Suárez, Actas del IV centenário del nacimiento
de Francisco Suarez, Madrid, Dirección General de Propaganda, 1949, 339–360.
Paulo Durão Alves, S. J., A Filosofia Política de Suárez, Porto, Livraria Tavares Martins, 1949.
A. Lima de Carvalho, Francisco Suárez. Sua posição no tempo, Estudos 27, Coimbra, 1949, 1-7.
Joaquim Cerqueira Gonçalves, Francisco Suárez e a modernidade filosófica - a distinção essência-existência, ed.
Adelino Cardoso e.a., Lisboa, Edições Colibri - Centro de filosofia da Universidade de Lisboa, 1999, 121-132.
Adelino Cardoso, A viragem glissoniana do pensamento em Francisco Suárez, Francisco Suárez (1548-1617),
tradição e modernidade, ed. Adelino Cardoso e.a., Lisboa, Edições Colibri - Centro de filosofia da Universidade
de Lisboa, 1999, 207-222.
Amândio A. Coxito, Francisco Suárez: as relações entre a Igreja e o Estado, Francisco Suárez (1548-1617),
tradição e modernidade, ed. Adelino Cardoso e.a., Lisboa, Edições Colibri - Centro de filosofia da Universidade
de Lisboa, 1999, 239-250.
Pedro Calafate, A ideia de soberania em Francisco Suárez, Francisco Suárez (1548-1617), tradição e
modernidade, ed. Adelino Cardoso e.a., Lisboa, Edições Colibri - Centro de filosofia da Universidade de Lisboa,
1999, 251-264.
Adelino Cardoso; A. M. Martins; L. Ribeiro dos Santos (coord.), Francisco Suárez (1548-1617). Tradição e
modernidade, Lisboa, 1999 [Actas & Colóquios, 21].
Francisco Suárez, De Legibus, Livro I, Da lei em geral, Lisboa, Tribuna da História, 2004.

Ligações externas
Bibliografia geral sobre Francisco Suárez (1856-2008) (http://www.scholasticon.fr)
Francisco Suarez on Metaphysics as the Science of Real Beings (http://www.ontology.co/suarez-metaphysical-dis
putations.htm)

Vide também
Reforma Católica
Escolástica

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