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Universidade Federal de Santa Catarina

Direito

Teoria Política

Gabriel Garcia Rafaelli Rigoni – gabrielgarciarigoni@gmail.com

FICHAMENTO 19: INTERVALO – O DESPOTISMO

Bobbio considera a pausa útil pois destaca a importância da categoria


“despotismo” que fora tratada desde Aristóteles (e todos autores posteriores) e
que toma, de fato, grande importância na obra O Espírito das Leis de
Montesquieu detalhando minuciosamente se tornando fundamental para a
análise das sociedades políticas. Como a noção de despotismo começa com
Aristóteles é de interesse saber que Montesquieu escreveu a propósito da
concepção aristotélica:

"A incerteza de Aristóteles aparece claramente quando trata da


monarquia, [...] da qual reconhece cinco tipos, que distingue por fatos acidentais
- como a virtude e os vícios do príncipe - ou causas externas, como a usurpação
ou a sucessão da tirania. [...] Por não conhecerem a distribuição dos poderes
(tripartição) no governo de um só, os antigos não podiam ter uma ideia justa da
monarquia".

No trecho acima averígua-se que Montesquieu deixa claro que enquanto


Aristóteles, acompanhado pela maior parte dos autores políticos, mesmo os
modernos, faziam do despotismo um gênero da monarquia. Por outro lado, fica
claro que Montesquieu se utiliza da sua teoria da distribuição dos poderes para
fazer do despotismo uma forma autônoma e independente, sendo distinta tanto
da República como da monarquia. Como já elucidado, a separação dos poderes
é o que distingue a monarquia do despotismo – enquanto a monarquia é um
governo moderado os regimes despóticos não possuem tal separação.

Outra comprovação que o despotismo, no sistema de Montesquieu, é


autônomo é que ele é descrito sob seus vários aspectos – jurídicos, naturais,
econômicos, sociais, etc. – pari passu aos outros autores que abordam sobre o
tema o aspecto é principalmente político, especificamente da relação entre
governante e governados (senhor x escravo). Na obra de Montesquieu não
faltam referências ao conceito de escravidão, em que distingue a “escravidão
política” da servil e doméstica – onde a educação, nos governos despóticos,
precisa ser servil; as mulheres são objetos de luxo na mais extremada servidão
e terminando com um enxerto onde a propósito das leis que regulam a servidão
civil: "nos países despóticos, onde já existe um regime de escravidão política, a
servidão civil é mais tolerável" (XV, 1).

Ademais da escravidão existem outros elementos que distinguem o


regime despótico: clima (calor), a natureza do terro (países mais férteis), a
extensão territorial (países mais extensos), a índole ou caráter dos habitantes
(moles e preguiçosos), o tipo de leis (no que concerne aos hábitos e costumes)
e a religião (maometana, sendo o governo moderado adaptado à cristã). Isto é
exemplificado a seguir:

“Quando os selvagens da Luisiana querem comer fruta, cortam uma


árvore pelas raízes, para colhê-la. É assim o governo despótico” (V, 13).

Quanto ao comportamento na economia, o despotismo também é


relacionado onde Montesquieu sustenta que nesses Estados "só se constroem
casas que durem uma vida; não se escavam fossos nem se plantam árvores;
tira-se tudo da terra, sem nada lhe restituir. Tudo é inculto e deserto".

Um elemento comum a Montesquieu e os autores clássicos são a


delimitação histórica e geográfica dessa forma de governo. Esta se encontra no
continente asiático, conhecido como “despotismo oriental”. Helvécio em sua obra
célebre em que compara governos livres com os despóticos também se delimita
a dizer que os governos despóticos se referem a "aquele desejo desenfreado de
poder arbitrário, que se encontra no Oriente". Distingue as duas espécies de
despotismo: a primeira diz respeito ao exemplo grego de regimes instituídos pela
força sobre nações virtuosas; a segunda espécie dessa composição: a que se
estabelece gradualmente, com o luxo e a moleza dos cidadãos, o que caracteriza
os Estados orientais.

Em uma mesma linha de pensamento, baseando-se nas observações de


Montesquieu sobre as relações entre despotismo e religião, Nicolas Antoine
Boulanger faz uma análise teocrática do despotismo. Presume que a origem de
todos os males da sociedade residem no governo da religião: “De todos os vícios
políticos da teocracia esse é o maior e o mais fatal - o que prepara o caminho
para o despotismo oriental (XI)”. A temática despotismo oriental é objeto de livros
contemporâneos também, tal qual Oriental Despotism (1957), onde aborda
aspectos como o caráter total e absoluto do poder, o terror como instrumento de
dominação, a sujeição total do súdito ao soberano, sua longa duração e o vínculo
entre regime despótico e teocracia. A comparação entre sociedades
policêntricas, como as que existem na Europa, caracterizadas por forte tensão
entre sociedade civil e instituição estatal, e sociedades monocêntricas, marcadas
pelo predomínio do Estado sobre a sociedade, formadas e estabilizadas nos
grandes impérios orientais seria não um conceito polêmico de importante análise
histórica. A grande novidade introduzida diz respeito a razão da instituição
dessas sociedades que o autor classifica como “hidráulicas”: não se trata mais,
como nos escritores clássicos, da própria natureza dos povos servis ou da
natureza do clima e do terreno (como era Montesquieu). O Estado burocrático e
despótico das sociedades hidráulicas nasce por motivos técnicos, relacionados
com a natureza do solo e o processo da produção. Essa ideia associa a
constituição à organização burocrática e a fundamentações objetivas das
sociedades agrárias, sendo sua implementação nas sociedades industrializadas
uma grande ameaça à liberdade do homem.

Em todos autores até agora citados a expressão “despotismo oriental” é


de conotação negativa. Contudo, no século XVIII alguns escritores adicionaram
a palavra “iluminado” para empregar uma conotação positiva. Bobbio se refere
aos fisiocratas. A proposta era de uma nova reflexão a partir da tese de que a
natureza era regida por leis naturais que esclarecem o homem através da razão.
As leis positivas impostas pela autoridade soberana não devem ser mais do que
a projeção das leis naturais; devem ser não leis constitutivas, mas "declarativas".
Sendo o príncipe o único mais concentrado e iluminado seu poder, e maior sua
capacidade de governar de conformidade com as leis naturais que devem reger
a sociedade. Surge a imagem do “bom déspota”. Mais autores defenderam a
conotação positiva de despotismo transvestido de monarquia, tais como Dupont
de Nemours, Hobbes, Paul Pierre Le Mercier de la Riviére que se opõe
essencialmente a Montesquieu e Mably, cuja exaltação à separação dos poderes
e ao governo misto sustenta a ideia de controle ao poder pelo próprio poder.

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