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nº05

Edição #05
Junho 2017 EDITORIAL
Capa
Ricardo Abussafy
Como parte deste turbilhão de acontecimen-
Conselho Editorial tos no palco da vida social, a Circuito chega ao
Carlos H. Andreassa do Amaral
Éder Capobianco seu 5º número, na versão online e impressa, para
Maria Cristina Bigeli
Priscila Sales encenar da realidade o que ainda se faz humano.
Ricardo Abussafy Mantendo seu estilo multifacetado, por meio
Editores Responsáveis do qual o percorrer das páginas inspira um curto-

04
Carlos H. Andreassa do Amaral -circuito entre as culturas escrita, visual e sonora, Autoboneco
Priscila Sales
Ricardo Abussafy busca-se outra vez proporcionar um encontro
Aran Carriel
com aquilo que costumamos chamar, nos basti-
Projeto Gráfico
dores da edição, de produções independentes.

06
Carlos H. Andreassa do Amaral
Longe de ser uma revista formada por temas, os (Das inquietações do convite ao outro)
Assessoria Contábil e Fiscal
Rosana Ambrosim materiais recebidos deram o tom da diagramação, Naná Boletini

14
poetizando o cotidiano, a política, as vivências e Birosca

07
Revisor
Luiz Fernando Martins as resistências que, no diálogo entre autores e CorramTodas Manoel Ruiz C. Martin
Colaboradores desta Edição editores, aqui compuseram sentidos. Esses con- Fernanda Cimetta Lopes
tornos que agora alçam voos podem ser percebi-

16
ARAN CARRIEL
Ruídos

08
BRUNO FERREIRA MARTINS
dos por inspirações modernas de um click ou pela
ÉMILY LAIANE AGUILAR ALBUQUERQUE Piadela Ricardo Abussafy
FERNANDA CIMETTA LOPES velha mania de ler após sentir o cheiro do papel
FERNANDO LUIZ ZANETTI Miguel Axcar
impresso. Quem nunca?

18
JOSÉ ANTÔNIO BARBOSA
Em tempos de negação de tudo o que é Entrevista

09
LUIZ GUSTAVO ALENCAR DE MENDON
MANOEL RUIZ CORRÊA MARTINS humano e da tentativa de homogeneização dos Interior Banda Vamo Vovó
MANOELA MARIA VALERIO
MARIA CRISTINA BIGELI sentidos, é o fragmentário enquanto lugar de des- Luiz Gustavo A. de Mendon

27
MARIO HENRIQUE DE SOUZA vios o que oferecemos, com muito afeto, a cada
Meu Desespero

10
MIGUEL AXCAR
leitor que este circuito conseguir atingir! FLIA - Feira Literária de Assis
NATANA BOLETINI Bruno Ferreira Martins
NICOLAS CASAL Agradecemos a todos os autores que deseja- Organizadores do FLIA
PRISCILA MIRAZ DE FREITAS GRECCO ram compor conosco neste projeto; a CIRCUS,

28
PRISCILA SALES
Paradoxo Sertanejo

12
RICARDO ABUSSAFY por mais uma parceria; e vocês, leitores e leito-
Rapsódia XIII ou do tempo que se insiste Manoela Maria Valerio
SAMUEL IAUANY MARTINS SILVA ras, que neste momento leem estas palavras.
Como bem nos aconselhou Belchior, que possa- Fernando Luiz Zanetti

29
Site da Revista mos aprender ou até mesmo desaprender “o delí- Tentativa de escrita

13
http://www.circus.org.br/circuito
rio com coisas reais”. Cactos Cotidianos Samuel I. M. Silva
Contato
revista.circuito@circus.org.br Boa leitura e que o delírio apenas seja! Émily L. A. Albuquerque

APOIO
30 Superlua
Nicolas Casal
por NANÁ BOLETINI
Eu vou te convidar para um café ou uma cerveja, não
importa. Não importa, desde que você aceite. E que
você aceite sabendo que a nossa vida jamais será a
mesma depois desse convite, dessa aceitação e,
principalmente, desse encontro. Desse bom
encontro de dois universos que se
juntam, num ponto específico de
sua linha temporal de existência. É
como um choque. Sim. É como
quando um cometa atravessa o céu e
marca presença, profundamente, n’al-
gum ponto da Terra, ou quando um
corpo celeste se choca com outro corpo
celeste e muda, repentinamente, embora
para sempre, a trajetória dos dois. Mas volte-
mos à profundidade. Note a potência e a força
que tem um universo em sua infinita existência.
Existem milhões de possibilidades e combina-
ções que, eventualmente, darão conta de toda
essa mesma potência. E digo isso para que você siga
aceitando que nada do que virá a seguir será banal.
Porque, como já disse, somos dois universos rumo a
uma colisão que provocará a alteração de nossas
próprias rotas, ou seja, criaremos outros destinos possí-
veis. Então, se você aceitar meu convite para um café ou
uma cerveja – não importa – esteja ciente de que eu vou
querer conversar por horas a fio e saber cada detalhezinho
daquilo que mais te importa no mundo, e observar atenta-
mente as suas variações de humor e reações enquanto fala. E
eu vou te contar uma porção de coisas que acho interessantís-
simas e, no que depender de mim, o dia pode raiar em canto-
ria de pássaros que eu continuarei disposta a conhecer esse
teu universo. Saber se tem flores nele, se tem música, se tem
livros e filmes e gostos estranhos e coisas que você não prefe-
re, enquanto outras são essenciais. Porque eu mergulho na
minha profundidade todos os dias e tenho a paciência e
também o orgulho de ir reconhecendo cada pedacinho meu.
Mas esse peso de sustentar minha própria existência não tem
sido suficiente, sabe? Necessito de outra galáxia para desbra-
var. Potencializar a existência. Preciso me afogar em outras
águas. Mergulhar! Criar e devorar presença. Transbordar.
Então, diante disso tudo aqui exposto, espero que me respon-
da: café ou cerveja?
por Fernanda Cimetta Lopes
Piadela

Mi
gue
l Ax r
ca
Aposto
que era um
gracejo, pois ele,
afinal, não era religioso,
tampouco místico ou su-
persticioso, e obviamente sentia-
-se superior por isso, feito todos os
céticos, os universitários inglesinhos, os
modernosos e os vanguardistas, que estão na
camada acima das crendices populares, dos ditados,
dos chás de ervas pro figueiredo e do horóscopo.
Então, logo depois de descarregar as coisas, acendeu um
cigarro e foi encontrar um grupo de conhecidos, e tão logo
ganhou a luz, fez tom de solenidade, ajoelhou-se, calculou de
prévia mais ou menos o que iria dizer em segunda pessoa para não
tropeçar nas conjugações, empostou a voz e levantou os braços:
– Ó Deus, tu que és piadista, rancoroso e vingativo, que tens poder cria-
dor e matador sobre a terra, que tens controle sobre esta nossa colônia de
formigas, que brinca de dilúvio, que tens o fogo nas mãos, espada branca e
canela fina, que tens enorme barba e entendes tudo de biologia, de Hegel, ma-
temática e filosofia moderna, ouça minhas humildes e rústicas preces, que
imploram vossa autorização para que eu me divirta uma noite só, só esta, só
hoje. Uma. Autorizo-vos a cobrir com as trevas que vos dá tanto divertimen-
to todos os próximos dias da minha vida depois desta noite de prazer.
Depois concluiu, só de sacanagem, com "juro por Deus."
Meia hora foi o tempo de demora até o primeiro trovão, e, sem nenhum
exagero, choveu de enroscar carro e entortar guarda-chuva por seis
dias, sem qualquer intervalo.
Cada classe de coisas que havia, pouco ou muito, molhou; bolo
de cenoura, cabelos de Bowie, organizadores, roupas, cabos
e mesas de som, decorativos e romances, e como não
estavam na década de 70, o festival acabou
tendo que ser cancelado.
E
por Organizadores da FLIA

Entre os dias 16 e 18 de na/PR). Além desses, do mesmo modo,


fevereiro de 2017, acon- houve na feira espaços privilegiados
teceu a Feira Literária de para “fomentação” da criação literária:
Assis (FLIA). Ela se foram três oficinas diferentes sobre
estruturou como espaço escrita criativa, com propostas e objeti-
privilegiado de discus- vos distintos, voltadas à poesia e à
são sobre Literatura e temáticas trans- prosa, cuja intenção foi o início da
versais. As propostas que mais ganha- preparação e da formação de novos
ram espaço vinculam-se à produção escritores: obrigado aos escritores Caio
literária independente, “às margens” da Russo, Ricardo Leão e Luis Roberto
publicação e editoração que são tidas Amabile pela disponibilidade. Nos
essencialmente como mercado e regi- bate-papos e lançamentos, as discus-
das, portanto, pela lógica do sistema de sões perpassaram os livros de ficção,
investimentos e lucro. Reconhecer a históricos, de fotografia e arte; um
literatura em todas as suas possibilida- espaço com os livros expostos, à venda
des e potencialidades, independente- ou de distribuição gratuita, esteve
mente do modo como venha à tona e montado durante todo o decorrer da
consiga conquistar o espaço público, feira. Vários coletivos da cidade
faz com que possamos exaltá-la responsabilizaram-se pela produção e
enquanto produção artística antes de venda de comidas e bebidas ao longo
qualquer outra qualidade. Essa pers- dos três dias de encontro. O encerra-
pectiva autônoma e livre acabou repre- mento contou com um Sarau estilo
sentada, no evento, por diferentes “palco livre”, com leituras dramáticas
caminhos: houve os lançamentos de de textos e poemas e a participação do
livros feitos por editoras independentes público, além de shows musicais com
(como a “Coleção Canto Oeste”, edita- violeiros de Assis e as irmãs Jacó,
da pela recém-fundada Severina, com tocando músicas sertanejo-raiz, e o
quatro livros de poesia de escritores da Trio Defumados, com versões autorais
região de Assis/SP), as publicações de de músicas das mais variadas trilhas
periódicos (como a revista literária sonoras presentes em filmes, desenhos
Circuito, o jornal cultural Ruarada e o animados e jogos de videogame.
jornal de psicologia e temáticas afins Deixamos, aqui, o registro histórico
Psicologia em Foco), a discussão sobre desses momentos, e mantemos as
autopublicação (e os autores que se lembranças e memórias conosco: que
responsabilizam por todo o processo nos sirvam não só como experiência de
de produção do livro, da criação textu- vida, mas também como base para a
al inicial ao objeto final) e, ainda, a proposta das feiras seguintes, nos anos
produção “artesanal” de material (bem vindouros. Agradecemos, por fim, a
representadas pela oficina de Fanzines, todos que puderam participar e compor
com o [REC215], a oficina de confec- conosco esses encontros e deixamos
ção de blocos de anotações e a inter- um convite antecipado: privilegiem as
venção “codex ex machina”, proposta próximas feiras!
pelo Grafatório, grupo de Londri-
Quando estar entre vivos um dispêndio
Ainda que entre mundos tecer
Um cansado viscoso
E assim repetir

Um sucesso repetido de malhas


E uma prisão de junco fracassado
Estar entre mim e aquele incêndio
E nada se repetiria
E ainda querer

Quando foi posta a pergunta


E em resposta seguir
E seguir
Por que fazer-se de vida
E assim continuar O grito do vaso, que quebra
E continuar em malhas e verdades muito pequenas
Um instante de sempre recomeço Jorra sangue de si
E mais uma ver singrar
Algo de já imponderável
Furam os olhos e vasam tinta vermelha, daquela que sofre

Se dura até a morte


Apostamos em permissões alheias
E seguimos por insultos vestidos Sobrevive, ao sangue patriarcal
E entre vivos teríamos que �icar.
Ela reluta por desejos exclusos

RAPSÓDIA
A alma de ser, que feminina dizem ser

Sangra entre as pernas delas que proclamam, a luta

Que resiste ao furor diário


ou o tempo que insiste

XIII
Que fortalece naquele
FERNANDO ZANETTI
Desentendimento aqui, ali

E, depois... furam seus olhos

Sangra as dores, nas entrelinhas

Daquelas que dizem ser poetas

Mas, que apenas vivem sob doce amargura que é

Sobreviver ao caos, que se derrete indulgente

Ao asqueroso licor sanguinário

Das míseras entranhas.

Émily L. A. Albuquerque
por Manoel Ruiz Corrêa Martins

fotos por Mario Henrique de Souza


foto por Ricardo Abussafy
foto: É
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VAMO VOVÓ
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álbum do int rnaval, além uência so que flert da conta co versitário, e
em 20 erior e de MP s em s am co m nov m me
não é 1 da cap B onorid map e inte ados
tarefa 7, a banda v ital pa . Receita – u ades d
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ar claro, m tem a s que te ska,
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boa d ó c s a r d e r ra zer de c o r p ç a d o seu a d a-
ose de ulos e senta : tudo isso n um pouco onhec aulista, que p r i m e
r o sobre e , ir
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y cairi em na cade interior pau músic r um pouco como sabem o
ó não a melh ira de lista. A a, con da tra o s,
or, po b c v je
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pede b is com alanço para onselhamo ívio, produç tória dessa
por Priscila S
ença, o diz a entrar sa ão cu
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Ricardo Abus em en
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Bigeli r”. Des vó t ens bolo,
Maria Cristina ejamo á maluca, “e ando bem,
Barbosa s uma ssa vó u ma
José Antônio boa le
itura! não re
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cachorra da casa – e então começamos me passa de uma forma muito secundária.
a pirar com a ideia. Além disso, o Artur Eu acho que durante algum tempo o fato
já tinha trazido a base da música quase de ser menina criava uma relação de muito
pronta, e começamos a colocar a letra cuidado, sabe? Eu falava: “nossa, vocês são
em cima. todos uns brutamontes e aí eu chego aqui
Vamo Vovó (Artur): Tudo que era de- e vocês começam a falar com uma vozinha
sleixado, ou então muito bêbado, era assim... oi Maria” (falando macio). E eu ain-
da estava conhecendo essa galera... Mas Felipe que estão cursando a UNESP –
mundrungo. “Ah o cara tá mó mundrun-
acho que na composição com a banda isso mas decidimos ficar pela banda e levar
go, ah o Lico tá mundrungo hoje”. Falá-
não fica em primeiro plano. A gente forma isso de uma maneira mais séria, com
vamos mundrungo pra tudo, então pens-
um coletivo com muita sintonia e quando horários marcados para ensaio, enfim,
amos: “vamos fazer uma música sobre
subimos no palco eu me perco nisso. Tem mais para o lado profissional. Esse mar-
o que é o mundrungo”. E é isso mesmo,
CIRCUITO: Vocês têm na página do Facebook apresentações em que vem uma coisa mais co foi em 2014.
no processo de composição tem músi-
da banda uma receita da Vovó: “4 Rock´n Rolls; 4 ca de praticamente todos os membros feminina, mas tem outras que não, eu es- Vamo Vovó (Artur): Outro marco foi
colheres de (sopa) de Funk; 3 xícaras (chá) de Ska; da banda, todos colocam alguma coisa tou querendo extravasar ali também, sabe? quando decidimos gravar o primeiro
2 colheres (sopa) de Marchinha; Modo de Preparo: e vira aquela “saladona” mesmo. A “Tar- E os meninos têm um lado sensível muito CD, também em 2014. Tem vários pon-
Misture bem até obter uma consistência cremosa! antela da Nona”, que está no primeiro forte, com essa questão da feminilidade. tos, na verdade. Um deles é quando nos
Sove e nunca deixe descansar. Despeje em uma CD, foi uma brincadeira que o Leonardo Sobre a questão da masculinidade, eles perguntamos o que iríamos fazer após a
assadeira em formato hexagonal pré-untada e puxou no nosso grupo do Facebook. Ele têm um cuidado muito grande, de se aval- formatura, outro era gravar o CD. Depois
leve ao forno até dourar. Depois de assado, frite!!! escreveu lá: “spaghetti, capelete, mama iar, se olhar, se questionar. Acho que quan- pensamos que não era apenas gravar o
Acredite, vai ficar ótimo! Sirva-se à vontade!” mia na mobiliete”. Daí o Tiago comentou: do o Conrado fala dessas contribuições, eu CD, a gente precisava investir em outras
Como é preparar esta receita em nove cabeças, “porpetone, nos molhones da família Cor- não precisava chegar e falar assim: “meu, coisas, como no Spotify, no iTunes, no
dezoito mãos, enfim, com quase uma dezena de leone”, aí eu já comentei em baixo e fomos vocês são uns idiotas”. Não, era assim: “o SoundCloud. Criamos mídias sociais, te-
corpos? compondo a música ali na brincadeira. É que vocês acham de mos uma pessoa que Vamo Vovó (Artur): Também saber ad-
a gente pensar isso, ministrar o dinheiro pensando na continui-
Vamo Vovó (Guilherme): Foi muito tra- mais ou menos assim que saem as músi-
cas, meio no espírito de piada interna. Ou essa pauta?; o que
“Depois de já ter está trabalhando com
a gente agora, no sen- dade e no crescimento da banda. Por exem-
balho! São seis anos de banda, é muita infor-
então, quando a música é mais séria, já vocês acham que tomando um monte tido de alimentar a plo, nunca recebemos cachê. Todo dinheiro
mação e às vezes não absorvemos direito,
mas a gente conseguiu entrar num consen-
chega mais pronta. está acontecendo no de cerveja e vodca. nossa vida online e de que ganhamos retorna para a banda como
investimento. Pagamos o CD, o primeiro
cotidiano, será que
so de organização. Existem núcleos na ban- Vamo Vovó (Yedo): As mais sérias che-
vale à pena ir por
O Espanta (Tiago) tentar vender o nosso
também. clipe e instrumentos assim, e estamos pa-
da e cada um tem a sua dianteira. Um cuida gam na peculiaridade de cada pessoa. A
“Coração sujo”, por exemplo, o Conrado fez
esse caminho? ”. En- estava tão louco Vamo Vovó (Conra-
gando o segundo clipe também assim.
da técnica, outro cuida das informações
que são levadas à mídia etc., existe uma e trouxe pronta quase. O Leonardo também
tão, fico pensando que a guitarra dele do): Nos profissional-
Essa profissionalização se deu desde uma
organização humana até uma organização
na possibilidade des-
gama de pessoas que trabalham em difer- com a música “Circo”, que é uma parceria
ta pergunta: o que é
foi parar em Lon- izamos na marra, eu material.
entes focos, além de com o Guilherme.
ser mulher? Será que drina.” acho. À medida que a
coisa chegava no lim-
estarmos todos os dias
juntos fazendo som. A “Nem todos ouvem existe uma diferença
mesmo?
ite e falávamos: ou a CIRCUITO: Antes de passar pra próxima per-
CIRCUITO: A Maria
formação decorre da a mesma música di- Rita foi uma das últimas
gente muda alguma coisa ou não dá mais.
Foi um processo longo de seis anos e ainda
gunta, a gente quer saber: afinal, o que aconte-
experiência e estilo de ceu na formatura? (Risos generalizados)
cada integrante. Nem
ariamente, cada um a integrar a banda e é a
CIRCUITO: Vocês vêm se profissionalizan- estamos amadurecendo. Vamo Vovó (Maria): Foi na minha for-
CIRCUITO: Em setembro a banda com- todos ouvem a mesma tem seu nicho e eu única mulher. Mudou
alguma depois da sua do. Em qual momento vocês sentiram que valia Vamo Vovó (Tiago): DDesde ajustar os matura. Eu tinha ficado um ano conven-
pleta 6 anos de história. Vocês poderiam música diariamente, acho que com isso chegada? a pena se dedicar e investir no projeto da Vamo horários de ensaio. Porque imagine nove cendo minha turma a contratar a Vamo
contar um pouco da trajetória da Vovó: como
se deu a formação da banda, a escolha do
cada um tem seu nicho
e eu acho que com
fomos montando a Vamo Vovó (Conra-
Vovó? Houve um momento em específico ou foi
cada um em seu tempo?
pessoas que têm que arranjar um horário
específico para ensaiar durante duas horas?!
Vovó para tocar. Seria um dos maiores
cachês que receberíamos! Consegui uns
nome e o encontro dos atuais integrantes? isso fomos montando Vamo Vovó.” do): A Maria é uma
Vamo Vovó (Yedo): Foi mais ou menos Foi difícil. Muito atraso, muita briga por causa convites para a galera [da banda] entrar e
a Vamo Vovó. Não é à pessoa mais organi- disso e fazia falta essa responsabilidade que aproveitar o evento [antes de tocar]. Mas
Vamo Vovó (Conrado): A banda zada, centrada, e acho em 2014, depois da formatura (risos).
começou em 2011, com o vocalista toa que a gente explo- queríamos enquanto profissionais. na hora foi tão emocionante para mim que
que a gente precisava desse contraponto Mas foi um momento também em que
Guilherme (Guito), quando ele convidou ra diversos universos musicais. eu desconsiderei o caos que estava acon-
na banda. É uma presença feminina que muitos precisavam ir embora. Nós tínha-
alguns de nós para tocar duas músicas Vamo Vovó (Artur): Às vezes um vem mos outros planos – tirando o André e o foto: Éder Capobianco tecendo no palco. A galera estava muito
fez toda a diferença no cuidado que a gente louca!
que ele tinha composto para disputar com uma ideia, com a base de uma músi- tem agora, até para escrever. Eu acho que,
o Festival de Ilha Solteira. Não ganha- ca e fala: “ó galera, tô com essa ideia de algumas vezes, a Maria deu toques funda- Vamo Vovó (Artur): A gente tocou às
mos, mas de lá voltamos com o nome. música”. No ensaio a gente tira a música mentais apontando direções que não seriam quatro da manhã.
Um amigo nosso, ouvindo uma das nos- e começa a formar uma ideia em cima legais seguirmos, fora o fato de ela ter uma Vamo Vovó (vários integrantes fa-
sas músicas, disse que escutava: “vamo daquele pedacinho, faz letras, os arranjos voz potente e forte. Então para a banda isso lando): Depois de já ter tomando um
vovó, vamo vovó”, e disso fomos desen- e aí sai algo. agregou bastante. A gente chegou a experi- monte de cerveja e vodca. O Espanta (Ti-
volvendo com o tempo essa identidade mentar com outras meninas, mas foi com a ago) estava tão louco que a guitarra dele
da vovó, com músicas e com letras que Maria que deu este encaixe. foi parar em Londrina. Quebramos um
CIRCUITO: Mas vocês também fazem par-
remetessem à vovó, que tivessem uma Vamo Vovó (Maria): Eu cheguei por um monte de equipamentos. O cara da outra
cerias com outras pessoas nas composições?
pegada irreverente. Então, a partir de 2011 convite do Guilherme. Não éramos amigos banda, que era dono dos equipamentos,
foi um processo continuo de ir amadure- Vamo Vovó (Yedo): No caso do Mun- enviou um e-mail gigantesco acabando
no Facebook, nem nada (risos). Eu estava za-
cendo essa identidade que culminou no drunguera, por exemplo, o Artur chegou com a gente. Isso foi uma grande lição!
peando na internet e tinha uma mensagem
nosso primeiro CD. Sobre a formação dos com a música, com o “mundru, mundru-
dele me perguntando se eu podia cantar Vamo Vovó (Maria): E acho que foi
integrantes, nos conhecemos por conta guera”, fazendo uma piada, pois nossa com eles numa apresentação no Galpão da importante para a mudança da minha
da UNESP, com exceção do André e do casa estava muito suja. Aí estávamos o V.O. (Vila Operária), mas fui ver a mensagem relação com a banda. Porque eles tin-
Felipe que vieram depois. Mas todos nós Clodoaldo (banda “Clodô Bananeira”), o muito tempo depois, entrei em contato e per- ham tanto cuidado comigo, mas tanto
cursamos ou ainda cursam a UNESP e foi Guilherme, o Tiago, eu e a Loka – que é a guntei se ainda dava tempo. Eu estava num cuidado, que no dia que precisavam
a partir desse encontro que começamos a momento muito musical e comecei a ir nos ter mais cuidado, foi o dia em que eles
banda. Éramos amigos, já tocávamos jun- ensaios de um jeito muito sutil, por não con- foram mais descuidados. (Risos)
tos com um e outro, e a partir do convite hecer direito os meninos e eles já terem uma
do Guito a banda foi se firmando e outros relação bem construída. Eu estava chegando
integrantes foram chegando. e observando. Já essa questão de ser mulher
Vamo Vovó (Guilherme): Sobre as prefei- Vamo Vovó (Artur): Só um toque,
turas, é muito importante que os órgãos pú- se for nos convidar, não vem com esse
blicos deem incentivo cultural, isto é, apoio. papo de: “ah vem porque vai ter gente”.
Mas também há um lado bastante difícil que Já temos um monte de gente na banda,
é o atraso nos pagamentos. Passamos dois então já tocamos para um monte de
meses esperando receber o cachê da prefei- gente.
tura de uma cidade do interior de São Paulo.
Nós tivemos que ficar cobrando, inclusive
porque colocamos dinheiro de transporte e CIRCUITO: Sobre a questão da valori-
alimentação do nosso bolso para irmos até a zação dos artistas da capital e a questão do
cidade fazer o show. circuito de artistas que buscam fazer trocas da música autoral, naquele sentido de “prata
de experiências. Como se dá este intercâm-
Vamo Vovó (Artur): Vou contar um “cau- da casa”. É aquela coisa, “santo de casa não
bio? Vocês têm encontrado bandas autorais?
so” para ilustrar. Oferecemos nosso trabalho faz milagre”. Um dos objetivos que a gente
Conseguem fazer intercâmbio de espaço e
para uma prefeitura aqui da região que faz alcançou – não sem suar muito – é ter um
músicas? Há essa troca de experiências no
uma festa grande, que atrai por dia cinco mil público na cidade, o que é algo interessante
interior?
pessoas ou até mais. Mandamos o clipe, re- para uma banda independente. Mas esse
lease e o valor do nosso cachê e depois de Vamo Vovó (Guilherme): O próprio público está muito direcionado e ligado à
um mês eles mandaram resposta via docu- circuito que conseguimos desenvolver UNESP. Quando outras bandas vêm para cá
mento dizendo que a gestão anterior tinha na região nos proporcionou conhecer e veem a relação do público com a nossa
deixado a festa sem verba. O documento diz- outras bandas, e é muito legal esse in- banda, eles falam: “vocês conseguiram!”.
ia: “gostaríamos muito de contar com vocês, tercâmbio porque eles também não têm Corremos atrás desses espaços, mas não
mas não podemos pagar nada”. Aí fica difí- lugar para tocar. As casas de show acei- podemos negar que temos o privilégio de
cil! Nós queríamos tocar, queremos espaço tam mais as bandas que tocam músicas ter esse público. O público universitário já
para tocar, mas não pode ser desse jeito. É cover – que trazem público e com as tem uma noção diferente do que é a arte.
um desrespeito com o artista independente quais é mais fácil conseguir bilheteria
Vamo Vovó (Guilherme): É um público
falar “vem tocar de graça”, entende? As pre- – porque o pessoal não quer conhecer
que sempre se renova. Porque a galera vai
feituras deveriam atentar mais para isso. É nada novo. Quando você começa a viajar
embora e leva a nossa música para São
uma mentalidade que pensa que arte não é e a participar de movimentos culturais
independentes, na contramão do viés Paulo, para Belo Horizonte, aí voltam out-
trabalho. ras pessoas e levam a música e trazem
capitalista, começa a conhecer gente
Vamo Vovó (Tiago): Ou que arte vem da muito interessante, e esse pessoal tem a outras... Acho que é um intercâmbio bem
saco para conseguir tocar. A gente tem capital, arte não vem do interior, entende? O mesma problemática que a nossa: quer legal esse da UNESP.
CIRCUITO: A revista se chama Circuito,
nada mais adequado vocês nos contarem sobre um material de qualidade para oferecer interior não produz arte. ser artista, músico e viver disso. Muitos
o circuito de apresentações que vocês vêm cri- e mesmo assim não consegue muita coi- Vamo Vovó (Guilherme): E tem outra: o de nós não trabalhamos só com música, CIRCUITO: A banda acabou de lançar o ál-
ando nesta trajetória. Quais espaços e eventos sa. Quem faz mais esse papel é o Guito artista às vezes se sujeita a isso, o que tem então, para você ser músico hoje, você bum MUNDRUNGUERA. Poderiam contar um
vocês encontram para tocar? (Guilherme) e agora com o CD a gente que parar de acontecer. Muitas vezes a gen- tem que se desdobrar. Tem que fazer pouco sobre essa experiência: gravação, arte
consegue mais espaços. Sobre as difi- te toca para ninguém ver, principalmente coisas que você não gosta de fazer. Você da capa, escolhas das músicas, lançamento e
Vamo Vovó (Artur): Começamos to-
culdades que a gente enfrenta, realmente quando é música de bar. O contratante não tem que dar aula, você tem que tocar distribuição.
cando em Assis, nas festas que estão
estamos tentando nos profissionalizar está nem aí e você tem que responder na em bar, você tem que Vamo Vovó (Guilherme): O legal
ligadas ao circuito universitário da cidade, Vamo Vovó (Ma-
enquanto banda, mas quando cobramos mesma altura. A prefeitura não faz o míni- fazer freelance, você também é que não procuramos gravar
principalmente da UNESP. A partir das ria): Foi um proces-
festas de Assis, começamos a tocar em
R$ 10,00 pela entrada no bar, valor que co-
bre os gastos básicos da manutenção da
mo esforço para compreender a arte, acha tem que fazer uma
cacetada de coisas, e
“E o carinho da so longo de pensar
em São Paulo. Preferimos ver qual que
que arte é o que traz público. Existem cul-
outras festas do circuito universitário das
banda, ainda há resistência das pessoas turas esquecidas que a gente vai deixan- às vezes a gente não galera?! Quando e planejar até iniciar
é a do cara que está aqui na cidade, que
é o Paulo e que tem um ponto de vista
cidades mais próximas. Fomos para Lon-
drina, Marília, Presidente Prudente, Ourin-
que não querem pagar para assistir. do de lado, das quais tem sempre que ter quer fazer isso. Então, você vê a galera a gravação do CD.
Foram quase dois
bem conceituado sobre a música.
alguém para relembrar, só que nunca tem nós ajudamos a todo
hos, Bauru, Ribeirão Preto, Franca, em Vamo Vovó (Artur): No caso de Assis,
ninguém para assistir. A prefeitura não se momento, criando, chegando e pedindo anos para gravar. Vamo Vovó (Maria): A perspectiva
sentimos falta de um espaço público ce-
São Paulo tocamos no Zé Presidente, ou
então em festas de grupos, como do pes- dido pela cidade para podermos mostrar esforça para fazer a divulgação, para faz- assim, uma rede inde- pra autografar... E Acho que foi um re- é sempre da parceria, de buscar par-
pendente que se aju- flexo muito grande ceiros locais. Depois desse processo de
soal do Mobiliza São Manuel. Tocamos nosso trabalho. Nós temos parceria com er acontecer, e aí ninguém liga para o ar-
tista. E na verdade nunca ligou. Esse é um da a todo momento. O
não era um, você do que era a nossa gravação, que é a matéria prima bruta,
o Galpão Cultural, mas
ainda no Festival Interunesp de MPB em
a prefeitura não cede problema que vem pessoal de [Presiden- via uma galera organização. Era teve toda a mobilização para produzir o
Ilha Solteira, no Grito Rock em Dourados. CD, que foi bater no peito e fazer. Cor-
Tudo isso bem ligado ao Circuito Univer- espaço nem para nós e “Muitos de nós não desde Roma (risos). te] Prudente é super
solícito conosco. Há
fazendo questão. muito difícil con-
seguir conciliar as remos atrás de código de inscrição na
Não é brincadeira!
sitário, ou ao circuito de música indepen- nem para outras bandas
que fazem som autoral trabalham só com É brincadeira, mas também várias ban- Imagina pra recolher idas ao estúdio e Biblioteca Nacional, dos direitos auto-
dente e alternativa. De uns dois anos para
cá, esse circuito começou a expandir. – porque tem uma porra- música, então pra não é brincadeira. das pela região, como nove pessoas no meio afinar isso de não
estarmos juntos.
rais. Aprendemos tudo sozinhos, lendo
tutoriais.
Eu sempre brin- O Mocambo Groove,
Mas ainda queremos mais. da de banda que gostar- você ser músico co com isso, digo Dom Pescoço, Depois de quinhentas.” Eu mesma fui só Vamo Vovó (Guilherme): É uma bu-
ia de ter esse espaço e
Vamo Vovó (Tiago): É legal também acho que é interessante hoje, você tem que que os únicos que do Fogo, Brothers no final. Quando foi rocracia bizarra! Você tem que ter in-
falar do bar Gato Negro aqui de Assis, para a própria cidade se desdobrar.” não podiam votar Reggae Sound. Em
Assis mesmo tem muita gente boa e não
chegando no final
da gravação das faixas, conseguimos
úmeras coisas para conseguir lançar um
no qual tentamos criar uma rede de in- conhecer também o que em Roma eram os CD e isso acaba deixando o artista inde-
tercâmbio entre bandas de fora para ela mesma tem a oferecer. A partir do mo- artistas e as pros- há reconhecimento: o Guido, o Shandala, visualizar isso na própria composição pendente marginalizado. Há coisas que
conseguir espaços em outras cidades, mento em que a gente começou a ter, dig- titutas – e os dois mereciam espaço ali, Heresia Blues, Dor de Gulliver, o Clodô. das músicas. No fim nós demos um gás talvez sejam muito simples e são muito
porque ainda há muita resistência com a amos, uma “vida online” mais significativa, porque eles levavam a sociedade a ferro Vamo Vovó (Artur): Quer ver um exemp- e todo mundo participou junto, o que mal explicadas para o público. Além de
música própria. Agora a gente está com muita gente da cidade começou a conhecer e fogo. Mas não dá para ficar dependen- lo? Tinha um cara em Assis, o André Melo, nos fez perceber que juntos o CD ia sair ser caro, você tem que criar artimanhas
um CD que vai facilitar a nossa vida, mas o nosso som. Mas se tivesse conhecido an- do desses órgãos, agora também não dá que infelizmente faleceu no ano passado. de fato e mais rápido. para ir driblando várias coisas até chegar
até então a gente tentava conseguir os tes, vendo a gente tocar ao vivo na cidade, mais, e temos que fazer por merecer e Ele era conhecido de todos, talvez o maior e conseguir fazer o negócio. E é confuso
nossos shows desbravando, mandan- também teria gostado. Nós gostaríamos de não ficar esperando ninguém. músico da história da cidade, e mesmo mesmo, porque existem vários profission-
do e-mails e mensagens, enchendo o tocar na Virada Cultural, por exemplo, que assim tinha um espaço restrito para tocar. ais no mercado que fazem esse trabalho,
é organizada pelo estado e pela prefeitura, Um cara com o qual todos nós já tivemos então não é interessante o músico inde-
mas como não há esse canal, esse espaço, a contato, tanto com ele como com os filhos pendente entender isso. Até aprendermos
gente precisou ter o CD para as pessoas che- dele que tocam. É perceptível que se trata a fazer isso, tivemos que sentar muito para
garem até a gente. de uma questão cultural de desvalorização entender, para conversar com as distribui-
uma galera fazendo questão. Imagina
para recolher nove pessoas no meio
de quinhentas. E saber que esse ma-
terial está tendo um retorno para a
gente, não só artístico, mas um retor- al de venda. Não é só a internet que vai
no financeiro para a banda conseguir ajudar isso, ela é muito boa para quem
se fomentar. Estamos vendendo o CD é muito famoso. Então, a gente tem
deixando uma dentadura dela, resquícios da que ter um material físico, principal-
a R$ 10,00. Não é um preço tão exor-
vovó. Uma cadeirinha de balanço, um aparel- mente para chegar mais próximo dos
bitante, é bem simbólico para continu- relação de convívio no estúdio, pre-
ho auditivo quebrado, o livrinho de receitas contratantes. Não é só falar “tem lá no
armos fomentando o custo da banda. cisamos estar quietos e concentra-
dela, tudo isso está no encarte. É uma véia SoundCloud”, não é assim. Tem que ter
Então acho importante ver que teve dos.
underground. um portfolio, tem que ter um negócio
uma aceitação bacana da galera que
fez questão de comprar o CD. bonito para mostrar. Chegar no cara e Vamo Vovó (Artur): Todos nós já
falar assim “tá vendo, a gente não vai participamos de outros projetos mu-
CIRCUITO: E no lançamento do CD, vocês Vamo Vovó (Artur): Estes dias teve sicais. Posso falar por mim de outros
acabar em um mês, pode deixar que a
também fizeram parceria com um artista indepen- uma amiga nossa que estava viajando projetos que já participei. A Vamo
gente vai vir fazer o show”. Tem que ter
dente? E como foi o lançamento do CD no Gato de ônibus, ela mora em Santos e gosta Vovó tem uma ligação muito grande
a nossa contrapartida de botar respeito Vamo Vovó (Guilherme): Parece que no
Negro? de acompanhar o nosso som, acom- com o público nos shows ao vivo.
no produto. CD fica contido, não é? Percebemos isso
Vamo Vovó (Guilherme): Aqui na cidade panhou o nascimento da banda. Ela fa- É um bate-volta, como se fosse um
Vamo Vovó (Artur): Quanto a essa também. Acontece com inúmeros artistas.
de Assis tem muita gente boa, como no lou que achou super legal termos feito diálogo mesmo. Tem outro tipo de in-
questão de ser um produto físico, como Existem várias formas de gravar um CD: ao
caso do Diego Max, que é um ótimo artis- o CD, porque ela achou o discman que teração. Costumamos falar que o pes-
vivemos de show, nós termos o CD para vivo, em partes, um grupo, depois outro gru-
ta gráfico. Então nada mais justo do que não usava fazia 15 anos e viajou ouvin- soal fica pelado no nosso show, fica
vender, é importante, porque traz um po, uma pessoa de cada vez. Então o proces-
compor com essas pessoas. Percorremos do a Vamo Vovó. Pouca gente lança CD seduzindo a gente, e no estúdio não
cachê a mais e as pessoas voltam para so de criação é diferente do show mesmo.
lugares que já conhecíamos, com o qual hoje em dia, principalmente banda inde- tem o público. O fato de ter o público
casa com essa arte. Além do romantis- É lógico que tentamos transmitir muitas
já tínhamos contato, e também do under- pendente. E nós fizemos, e fizemos mil e ter o pessoal tocando do lado, tudo
sensações do show, mas seria até impos-
cópias! Mas foi legal, porque o pessoal mo, tem a questão de ter a arte do CD isso traz uma energia mesmo. Então o
ground. Não adiantava nada a gente pedir sível em algumas partes. Lembro sempre
ouve no carro, ouve em casa. na mão, o encarte, o livro de receitas da show ao vivo é o que é mesmo.
patrocínio para as Lojas Cem, por exemp- do Barão Vermelho: no seu primeiro disco
vovó. Acho que é uma questão geracio-
lo, tínhamos que pedir patrocínio para um os jornais caíram matando. Mas é impos-
nal, da nossa geração, então acaba sen-
cara do skate, da tatuagem, pessoas que se CIRCUITO: Produzir um CD nesta onda sível, entendeu? O disco é legal também. Eu
doras de CDs e os fabricantes. Um lado é do um pouco romântico sim. CIRCUITO: Sabemos que vocês já pro-
o produtor do CD, outro é o produtor das identificassem com a gente. digital ainda pode ser uma estratégia ou tra- adoro! E o show é muito bom. Então, você
duziram dois clipes (Mundrungueira e Fim
músicas. Mas, no nosso caso, como foi Vamo Vovó (Artur): Ele sacou o conceito ta-se de uma insistência romântica? Vocês tem que saber separar as coisas, tanto que
do mundo) e estão no processo de produção
tudo criado em conjunto, é tudo escrito da banda na hora. Ele fez o cartaz com uma acham este tipo de materialidade de registro CIRCUITO: Ainda sobre o CD, qual a dif- tem músicas no CD que às vezes não apre-
do terceiro (Coração sujo). Poderiam nos
no nome de todo mundo. Não tem um mina Black Power e outro de um cara Black importante pra música? (risos) erença de tocar ao vivo e no estúdio? Pergun- sentamos nos shows. Primeiro temos que
contar um pouco sobre a experiência des-
que é o dono de alguma coisa, todos so- Power, nós olhamos e achamos lindo. tamos isso por percebemos uma diferença sentir a galera para saber se essa música
Vamo Vovó (Guilherme): É até saudo- sas produções?
mos donos, todos fizeram música. Mas voltando na questão da profission- entre o show da banda ao vivo, com uma alta vai caber no momento. Tem música que em
sista, não? Porque está dentro da gente determinado lugar não surte efeito. Precis- Vamo Vovó (Guilherme): No decor-
Vamo Vovó (Yedo): Continuando esse alização da banda, por exemplo, a gente percorrer o vinil, percorrer o CD. E é boni- carga de energia e o álbum que apresentam
amos ter esse know-how, essa experiência rer dos anos vamos aprendendo a mex-
papo da parceria, foi nunca tinha saído para to ter o negócio ali (risos). Mas ainda as músicas de forma mais lenta.
de conhecer as pessoas e ver onde nós es- er com várias coisas. O clipe da música
muito legal a questão pedir patrocínio aqui faz parte. Mesmo que você Foi uma escolha?
da arte com o Diego
“No decorrer dos em Assis, porque tam- use as mídias digitais,
tamos tocando. Então são produtos difer- “O fim do mundo” foi uma experiência
que foi o fim do mundo (risos). Fomos
entes.
Martins e com o Ro- anos vamos apren- bém não tínhamos um você tem que ter um nós que fizemos: filmamos, editamos e
CD na mão. A partir do Vamo Vovó (Tiago): Ao longo dos dois
dolfo. Nós demos dendo a mexer momento em que o CD
portfólio, você tem
que ter um materi- anos de gravação, essa foi uma preocu-
tudo. E não é um trabalho inteiramente
autonomia para ele,
e ficou acima do que
com várias coisas. ficou pronto, passamos pação constante. Como tentar transmitir a
profissional. Já o “Mundrungueira”... a
pergunta é provocativa, porque chega-
esperávamos. O tra- O clipe da música a apresentar o CD e o vibração que tem os nossos shows para o mos à conclusão que “O fim do mundo”
release, e fomos muito CD. Não foi à toa que demorou tanto tempo.
balho ficou muito bo- “O fim do mundo” bem recebidos. Nesse Nosso processo de gravação foi cada um
não é um clipe. O clipe é o “Mundrun-
nito, e me surpreen-
deu tanto a qualidade foi uma experiên- sentido, temos que gravando meio que separado.
gueira”, que consideramos o nosso pri-
meiro, e o nosso segundo clipe vai sair
da arte quanto a par- cia que foi o fim do agradecer a cidade, Vamo Vovó (Yedo): Acho que por isso há agora, que é o “Coração sujo”. Os dois
porque esses patrocí-
ceria que criamos. mundo (risos).” nios proporcionaram o
uma certa contenção das emoções, porque foram feitos pelo mesmo grupo que
Vamo Vovó (Guil- você está sozinho, se chama Na Veia
lançamento do nosso acabou de sair de um Filmes (SP), um gru-
herme): Que é o CD – independente e bem feito. Nos pro- trampo x, aí vai gra- po de São Paulo que
lance de confiar no artista independente.
Você lança o trabalho e a pessoa apresen-
porcionou fazer um stand para vender var, você se prepara “Acho que o desejo faz cinema de guer-
ta ideias, nós confiamos e só queremos
nossos produtos com imãs de geladeira, para gravar, só que de todos para o fu- rilha, um cinema em
camisetas, adesivos, e a Maria fez bolin-
ver o resultado. ho de chuva (risos). O lançamento do CD
não consegue ol- turo é poder viver, cima de problemas
har para o com- sociais, ou artísti-
Vamo Vovó (Artur): Sobre o nosso foi um momento que deu um impacto panheiro e dar pagar as contas a co com roteiros
logo, o Diego fez toda uma pesquisa de
escrita. O estilo da letra do logo, por ex-
até na gente. risada (risos). partir da arte que fantásticos. E eles
emplo, é um estilo de cartazes de fes-
Vamo Vovó (Yedo): E o carinho No show o ne-
gócio ferve, é
fazemos.” são independentes.
Tanto que largaram
da galera?! Quando você vê a gal-
tas quase que pós-hippie dos anos 70. uma emoção seus empregos para
era chegando e pedindo para au-
Cartazes de filmes, do Quentin Taranti- a mais. Eu vi formar uma pro-
tografar... E não era um, você via
no, filmes de terror. Misturou tudo e nos isso em algumas gravações em dutora de cinema. E eles são parceiros
mandou todas as referências visuais com que estávamos mais unidos no nossos de muito tempo, principalmente
vários logos e mandou para escolhermos. final, as músicas saíram mais meus, porque os conheço desde criança.
Isso há três anos. E ele foi criando esse enérgicas. Acho que é devido à Tanto que a música “O fim do mundo” é
conceito visual da Vamo Vovó com a gen- de um dos diretores do Na Veia Filmes.
te, que seria a vovó, a “véia”. A gente cos- Ao meu ver, o primeiro clipe foi um clipe
tuma chamar o nosso público de netos e ao vivo, para o qual retiramos muitas das
netas, então pensamos se a vovó iria apa- cenas da Semana de Liberdade Criativa,
recer na arte da capa do nosso CD. Será um evento sensacional fomentado pela
que vai ter uma véia ali? Então acabamos
UNESP/Assis, feito pelos alunos e a direção atual que acabou com o evento. MEMBROS DA BANDA
não pelos docentes, do qual várias Só não acabou porque as pessoas insisti- André Diniz (Trompete);
pessoas aqui participaram por muito ram e fizeram o evento, embora sem estru-
tempo. Buscamos trazer isso para o tura nenhuma, não tendo assim o festival Artur Bez (Contrabaixo);
clipe, porque o “Mundrungueira” faz que era o encerramento, o ápice do evento, Conrado Martins (Saxofone);
parte daquele clima, crescemos ali, a por conta de uma gestão que não dá a mín-
Felipe Ciasca (Bateria);
gente deve muito àquele evento. En- ima importância para isso. Sabemos como
tão, o primeiro clipe é muito saudosis- está o contexto atual do país em termos de Guilherme Giordano - Guito (Vocais);
ta, é romântico. E a experiência maior, gestão pública. Lamentável, lamentável... Leonardo Lambertini (Guitarra);
ao meu ver, foi para os produtores do um retrocesso mesmo.
clipe que ficaram abismados com a Maria Rita (Vocais);
diversidade cultural do evento, com Thiago Vecchi - Espanta (Guitarra);
a verve do público, aquela emoção CIRCUITO: E sobre o futuro? O que
vocês estão planejando? Quais são os Yedo Cruz (Percussão e vocais);
abismal e a nossa emoção em cima
do palco enquanto artista. As palavras próximos projetos?
do Calamaris, um dos produtores, foi: Vamo Vovó (Conrado): Agora é correr
“Eu nunca vi isso na minha vida, nem um circuito de lançamento do CD. Nós fize-
em São Paulo a gente vê isso. Esta- mos apenas em Assis, por enquanto. Mas
mos começando a ocupar espaços a ideia é que os próximos shows sejam um
públicos agora em São Paulo e vocês apêndice desse show de lançamento em
já fazem isso aqui com muita proprie- outras cidades, percorrendo o circuito do
dade”. E é um lance de dez anos, não Estado e promovendo o CD. E para o futu-
é um lance de agora. O segundo clipe ro, gravar o segundo CD. Talvez este ano
[Coração sujo], roteirizamos mais, en- ou no próximo, lançar o clipe, aumentar
tão já tem um contexto cinematográfi- essa rede que é fundamental para que a
co. Não é só um clipe, é um curta. gente cresça e continue tocando. Temos
Vamo Vovó (Artur): Inclusive em seis anos, somos uma banda nova. Es-
termos estruturais, porque para o pri- tamos caminhando rumo à profissional-
meiro clipe a equipe cinematográfica ização, melhorando a mídia virtual, enten-
tinha 5 pessoas e para o segundo tinha dendo esse processo, buscando parcerias
22 pessoas mais os figurantes. Como o cada vez mais profissionais. Acho que é
Na Veia Filmes produz curtas, eles pro- continuar nesta toada. Não demorar tanto
puseram fazer um curta com a música pra lançar o próximo CD. (risos) ASSISTA
e dele extrair um clipe. Então foi uma Vamo Vovó (Tiago): Acho que o desejo A ENTREVISTA
troca mesmo. Mas quem colocou a es- de todos para o futuro é poder viver, pagar NA ÍNTEGRA
trutura em termos financeiros fomos as contas a partir da arte que fazemos.
nós. E temos em vista que esse clipe Todos aqui têm outros trabalhos para
do “Coração sujo” vai ser concluído até conseguir sobreviver, mas é um desejo
junho ou julho, máximo agosto. Quan- de todos poder trabalhar apenas com a
to ao primeiro, “O fim do mundo”, por música.
mais que não seja um clipe profission-
Vamo Vovó (Artur): E nós reclamamos
al, foi um experimento nosso e é legal
que o pessoal não nos dá oportunidade,
porque ele mostra um pouco do que
mas temos que agradecer a vocês da
nós somos. Da zoeira, da gente viajan-
Revista Circuito e do Galpão Cultural que https://youtu.be/DbLlJNLwL1k
do, brincando um com outro, algumas
sempre nos prestigiaram. A Vovó agra-
cenas da gente tocando. Quanto à Sem-
dece, depois ela faz um bolo pra vocês.
ana da Liberdade Criativa, é um evento
(risos)
da UNESP de Assis, do qual eu fiz parte
das primeiras [edições]. Depois, tam-
bém o Conrado, o Leo, os meninos e
o Tiago. Era um evento discente que o
pessoal da UNESP resolveu fazer, e era
justamente a ideia de como o público
universitário lida com a arte. Tem muita
gente que está estudando e que faz arte.
Então buscamos abrir um espaço den-
tro da Faculdade para que se mostras-
sem a arte ali produzida. Os anos foram
passando e as pessoas iam crescendo,
saindo dali e indo pra outros lugares E
foi crescendo o evento também com as
gestões anteriores. A direção anterior
fomentava este evento. Dava um palco
que trazia duas mil pessoas, inclusive
da cidade. Isso dava um jeito de quebrar
esse mundo fechado da universidade. As
pessoas iam nas oficinas, tinha um óti-
mo feedback, tanto que o pessoal veio de
São Paulo e ficou abismado. E fica aqui
registrado o protesto, não só meu, mas
da banda, com a gestão atual da UNESP,
foto por Mario Henrique de Souza
por Samuel Iauany Ma
rtin Silva

lares.
sfrego o polegar e o indicador em movimentos circu
palma
Aperto bem até que se esfarele o crime, coloco-o na
a mão
da mão esquerda, enquanto os dedos dessa mesm
Marl-
equilibram sensivelmente o que restou do palito de
fare-
boro que tinha sido esvaziado, futuro recipiente dos
– nesse
los que resultarão do trabalho manual que elaboro
simples, na
caso, não sei onde entra a mais-valia. Trabalho este
fazem palpitar o
teoria, não fossem os batimentos acelerados que
rto com o que
peito e esquentam a cabeça. Vejo que já não me impo
mudem para o
há de vir, caso meus pensamentos persecutórios
de prazer e
status de fato ocorrido. Entendo, com essa sensação
em mim mais do
angústia, que o espaço público que habito, habita
Perce-
que eu. Inclusive me faz palpitar sem o meu consentimento.
m das
bo também que ao ter essa ideia já mudo meu senso comu
o
coisas: afinal, se é público, por que me violenta? Bem no âmag
am ao
daquilo que criaram e me atravessaram como coisa, e disser
incita,
meu corpo: “Você é isto!”. Ou melhor, por que esse lugar
pensei
sem que eu queria, o meu próprio coração? Realizo que já
parte
demais, e que além de pensar, eu havia terminado a primeira
PARADOXO da minha missão de respirar um pouco. Agora só faltava o fogo.
onde
E
é claro, faltava também que eu me movesse um pouco dali de
SERTANEJO estava e me arriscasse a encarar o sol que queima a todos
os
por Manoela Valério a ideia, para que cessem
fumantes da rodoviária Barra Funda. Outr
eram medo. E medo
os pensamentos: os batimentos no meu peito
sgrido porque amo. E
é desejo. Palpito porque não posso, mas tran
dê tempo de respirar
porque odeio. Levanto rapidamente para que
no meu corpo peque-
em paz. Viro para encaixar as duas mochilas
pressão caiu: levantei
no e dolorido, e me dou conta de que minha
tinha ido ao chão, meu
com muita pressa! Outra coisa também
da minha mãe, nordesti-
RG.: Maicon de Aparecida. Homenagem
sar no Chico: afinal, de
na, à padroeira do Brasil. Inevitável não pen
seria ser filho da outra.
que me vale ser filho da Santa? Melhor
olhar daqueles que me
Mesmo assim, resolvi andar. Ignorando o
i meu caminho pensan-
encaravam como encaram tias-avós, segu
for Punk. Mas isso, isso
do novamente...Imagina o dia em que eu
o.
são só reflexões de um respiro ilícito, ou lúcid
o jornal não disse qual lugar – o jornal
também tem sua espécie de superouvi-
dos, dependendo da palavra se retorce
em agonia e vai parar no lixo. a palavra
era guerra: a superlua ouve na serenata
o que nós ouvimos na guerra, meu bem,
e depois dessa declaração não teve quando vier a superlua, i. vai estar
mais gandaia. teve guerra? não usemos procurando uma esquina onde a luz
essas palavras, o jornal tem superouvi- não fica ligada a madrugada toda e vai
dos, as pessoas têm superouvidos e estender seu cobertor ali.
corre o risco de desaparecerem com a
superlua. a superlua vem quando a lua cheia apa-
rece no mesmo dia que o perigeu – o
a poeta brasileira adélia hilst meireles ponto em que a lua está mais próxima
disse que a superlua não vinha porque da terra. falamos na chegada da super-
viu um soldado atravessar o quinto lua como se ela fosse ficar pro jantar. e
espaço das costelas de um cristo em quando a superlua chegar vamos falar
dois mil e quinze e dar sumiço no corpo. de nós mesmos, estampados na super-
então ergueram uma lápide sem nome lua.
no cemitério da consolação, logo ao
lado do mausoléu da família matarazzo. tememos a chegada da superlua com
a uns metros da tarsila do amaral. e no vergonha de que ela ouça o que fala-
terceiro dia tudo estava bem. mos pra nossas crianças – não toque
nisso!

SUPER
d. e a. discutem: qual álbum ouvir na
vai chegar a superlua. desde mil chegada da superlua? d. está pensando porque a superlua pode achar que é
novecentos e quarenta e oito não num álbum do saxofonista pharoah san- com ela e perguntar: “não toco no
vinha uma assim. ders chamado karma, lançado em mil quê?”

LUA
novecentos e sessenta e nove. pharoah
disseram no jornal que a superlua sanders tinha oito anos quando veio a e, incapazes de confessar que estáva-
não vinha desde mil novecentos e superlua. karma tem duas músicas: mos falando com nossas crianças,
quarenta e oito porque se assus- uma de meia hora chamada the creator repetiremos para a superlua: não toque
tou com a gandaia. foi publicada has a master plan e uma de cinco minu- nisso.
uma entrevista de amigos da tos chamada colors.
superlua que preferiam não ser a superlua vai pedir desculpas e desa-
identificados. j., dezenove anos, e a. prefere raça negra. parecer. viraremos o rosto, envolvidos
m., trinta e cinco anos, contaram demais na coisa toda. e agora? agora
que a superlua tem também supe- o filósofo francês michel barthes-batail- só em dois mil e cinquenta e dois, que,
por Nicolas Casal rouvidos – então os fogos de le-deleuze disse, ontem mesmo, que a segundo o astrônomo c., vai ser a
artifício e as serenatas eram, pra superlua ia arrebentar a américa latina. superlua do século.
superlua, decibéis que só ouvimos e a américa latina ficou vazia, certa de
em um lugar. que não iam brincar com uma coisa uma lua pra se recordar.
dessas.

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