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FENÔMENOS DE

TRANSPORTE

Eduardo Emery Cunha Quites


Luis Renato Bastos Lia

segunda edição
APRESENTAÇÃO

Esta apostila é uma coletânea de notas de aula e a tem a finalidade exclusiva de servir de material de apoio da disciplina Fenômenos de
Transporte nos Cursos de Engenharia da Universidade Santa Cecília de Santos, não tendo valor comercial e não sendo autorizado seu
uso com outras finalidades.
Esta apostila não se destina a substituir a bibliografia básica e complementar da disciplina, servindo unicamente como roteiro de estudos,
fornecendo aos alunos os conceitos fundamentais básicos da mesma forma que são ministrados em sala de aula. Esta abordagem tem
por objetivo permitir que os alunos se concentrem nas explanações dadas em aula, livrando-os da tarefa de reproduzir o que for
apresentado no quadro negro.
Também estão incluídos diversos exercícios resolvidos e exercícios propostos com as respectivas respostas. Os exercícios aqui
apresentados, em sua grande maioria, fizeram partes das provas ministradas durante os últimos anos.
Nesta segunda edição desta apostila, devido ao grande número de modificações, certamente ainda estarão presentes erros e
imperfeições. Entretanto, estamos certos de que os alunos nos auxiliarão apontado os erros, comentado e sugerindo, de forma que nas
próximas edições este trabalho possa ser ainda mais aperfeiçoado.

Eduardo Emery Cunha Quites


Engenheiro Metalúrgico, MSc.

Luis Renato Bastos Lia


Engenheiro Químico, PhD.

1
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................................... 4

1.1. CONCEITO E MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ............................................................................................................ 4


1.2. MECANISMOS COMBINADOS......................................................................................................................................................... 6
1.3. RELAÇÃO ENTRE A TRANSFERÊNCIA DE CALOR E A TERMODINÂMICA ............................................................................................ 6
1.4 REGIMES DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ......................................................................................................................................... 8
1.5 REVISÃO DE SISTEMAS DE UNIDADES .............................................................................................................................................. 8

2. CONDUÇÃO DE CALOR UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE .......................................................................................... 13

2.1. MECANISMO DA CONDUÇÃO ....................................................................................................................................................... 13


2.2. LEI DE FOURIER ............................................................................................................................................................................ 13
2.3. CONDUÇÃO ATRAVÉS DE PAREDES PLANAS.................................................................................................................................. 15
2.4. ANALOGIA ENTRE RESISTÊNCIA TÉRMICA E RESISTÊNCIA ELÉTRICA .............................................................................................. 18
2.5. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM SÉRIE ................................................................................................................................ 18
2.6. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM PARALELO ........................................................................................................................ 19
2.7. CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE CONFIGURAÇÕES CILÍNDRICAS ............................................................................................. 22
2.8. CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE CONFIGURAÇÕES ESFÉRICAS ................................................................................................ 24

3. FUNDAMENTOS DA CONVECÇÃO ........................................................................................................................................ 29

3.1. MECANISMO DA CONVECÇÃO...................................................................................................................................................... 29


3.2. LEI BÁSICA DA CONVECÇÃO.......................................................................................................................................................... 29
3.3. CAMADA LIMITE .......................................................................................................................................................................... 30
3.4. DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PELÍCULA ........................................................................................................................... 32
3.5. RESISTÊNCIA TÉRMICA NA CONVECÇÃO ....................................................................................................................................... 34
3.6. MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR (CONDUÇÃO E CONVECÇÃO) .......................................................... 34

4. RADIAÇÃO TÉRMICA ............................................................................................................................................................... 46

4.1. MECANISMO DA RADIAÇÃO TÉRMICA .......................................................................................................................................... 46


4.2. CORPO NEGRO E CORPO CINZENTO ............................................................................................................................................. 47
4.3. LEI DE STEFAN-BOLTZMANN ........................................................................................................................................................ 48
4.4. FATOR FORMA ............................................................................................................................................................................. 49
4.5. CÁLCULO DA TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO ............................................................................................... 49
4.6. EFEITO COMBINADO CONDUÇÃO - CONVECÇÃO - RADIAÇÃO....................................................................................................... 50

5. ALETAS ....................................................................................................................................................................................... 54

5.1. CONCEITO.................................................................................................................................................................................... 54
5.2. FLUXO DE CALOR ATRAVÉS DE UMA SUPERFÍCIE COM ALETAS ..................................................................................................... 54
5.3. EFICIÊNCIA DE UMA ALETA........................................................................................................................................................... 55
5.4. TIPOS DE ALETAS .......................................................................................................................................................................... 56
5.5. EFICÁCIA DE UMA ALETA .............................................................................................................................................................. 58

6. DEFINIÇÕES E PROPRIEDADES DOS FLUIDOS ................................................................................................................................. 66

6.1. DEFINIÇÃO DE FLUIDO ................................................................................................................................................................. 66


6.2. VISCOSIDADE ABSOLUTA OU DINÂMICA ...................................................................................................................................... 67
6.3. MASSA ESPECÍFICA, PESO ESPECÍFICO E DENSIDADE..................................................................................................................... 70
6.4. VISCOSIDADE CINEMÁTICA .......................................................................................................................................................... 71

7. ESTÁTICA DOS FLUIDOS ................................................................................................................................................................. 76

7.1. CONCEITO DE PRESSÃO ................................................................................................................................................................ 76

2
7.2. TEOREMA DE STEVIN ................................................................................................................................................................... 76
7.3. LEI DE PASCAL .............................................................................................................................................................................. 77
7.4. PRESSÃO ATMOSFÉRICA .............................................................................................................................................................. 79
7.5. ESCALAS DE PRESSÃO................................................................................................................................................................... 79
7.6. APARELHOS MEDIDORES DE PRESSÃO.......................................................................................................................................... 80

8. CINEMÁTICA DOS FLUIDOS ............................................................................................................................................................ 89

8.1. VAZÃO EM VOLUME .................................................................................................................................................................... 89


8.2. VAZÃO EM MASSA ....................................................................................................................................................................... 89
8.3. VAZÃO EM PESO .......................................................................................................................................................................... 89
8.4. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE PARA REGIME PERMANENTE ........................................................................................................ 89

9. EQUAÇÃO DE BERNOULLI .............................................................................................................................................................. 95

9.1. FORMAS DE ENERGIA MECÂNICA ................................................................................................................................................. 95


9.2. PRINCÍPIO DE CONSERVAÇÃO DA ENERGIA .................................................................................................................................. 96
9.3. EQUAÇÃO DE BERNOULLI PARA FLUIDO IDEAL ............................................................................................................................. 96
9.4. O TUBO VENTURI ......................................................................................................................................................................... 98
9.5. EQUAÇÃO DE BERNOULLI PARA FLUIDO IDEAL COM MÁQUINA NO ESCOAMENTO ....................................................................... 99
9.6. EQUAÇÃO DE BERNOULLI PARA FLUIDO REAL COM MÁQUINA NO ESCOAMENTO ...................................................................... 103

10. APÊNDICE ................................................................................................................................................................................. 110

APÊNDICE A: CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA ALETA ................................................................................................................................. 110

3
FENÔMENOS DE TRANSPORTE

O processo de transporte é caracterizado pela tendência ao equilíbrio, que é uma condição onde não ocorre nenhuma variação. Os fatos
comuns a todos os processos de transporte são descritos abaixo

Fatos comuns aos processos de transporte


A Força Motriz O movimento no sentido do equilíbrio é causado por uma diferença de potencial
A massa e a geometria do material onde as variações ocorrem afetam a velocidade e a direção do
O Meio
processo
O Fenômeno de Transporte Alguma quantidade física é transferida

Alguns exemplos de processos de transporte:


• Os raios solares aquecem a superfície externa de uma parede e o processo de transferência de calor faz com que energia seja
transferida através da parede, tendendo a um estado de equilíbrio onde a superfície interna será tão quente quanto à externa.
• Quando um fluido está entre duas placas paralelas e uma delas se movimenta, o processo de transferência de quantidade de
movimento faz com que as camadas de fluido adjacentes à placa se movimentem com velocidade próxima à da placa, tendendo a
um estado de equilíbrio onde a velocidade do fluido varia de V na superfície da placa em movimente até zero na superfície da placa
estacionária.
• Uma gota de corante é colocada em recipiente com água e o processo de transferência de massa faz com que o corante se difunda
através da água, atingindo um estado de equilíbrio, facilmente detectado visualmente.

TRANSFERÊNCIA DE CALOR

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONCEITO E MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Transferência de Calor é energia em trânsito devido a uma diferença de temperatura. Sempre que existir uma diferença de temperatura
em um meio ou entre meios ocorrerá transferência de calor.
Por exemplo, se em um sistema composto por dois corpos, em diferentes temperaturas, os corpos são colocados em contato direto,
como mostra a Figura 1-1, ocorrera transferência de calor do corpo de temperatura mais elevada para o corpo de menor temperatura
até que haja equivalência de temperatura entre eles. Dizemos que o sistema tende a atingir o equilíbrio térmico.
𝑆𝑒 𝑇1 > 𝑇2 ⟹ 𝑇1 > 𝑇 > 𝑇2

Figura 1-1

Está implícito na definição acima que um corpo nunca contém calor. Um corpo contém energia interna e isto é representado pela
temperatura. O calor é identificado com tal quando a energia cruza a fronteira de um sistema. O calor é, portanto, um fenômeno
transitório, que cessa quando não existe mais uma diferença de temperatura.
Os diferentes processos de transferência de calor são referidos como mecanismos de transferência de calor. Existem três mecanismos:
Condução, Convecção e Radiação.

4
Condução
É condução quando a transferência de energia ocorrer em um meio estacionário (onde as partículas têm apenas movimento
microscópico) e em virtude de uma diferença de temperatura no meio. Simplificadamente, a transferência de energia se dá pelo choque
de partículas com mais energia com partículas com menor energia.
A Figura 1-2 ilustra a transferência de calor por condução através de uma barra de metal quando existe uma diferença de temperatura
entre as extremidades da barra.

Figura 1-2

Convecção
É convecção quando a transferência de energia ocorrer entre uma superfície e um fluido em movimento em virtude da diferença de
temperatura entre eles. Simplificadamente, a transferência de energia se dá pelo transporte de massa em conjunto com a transferência
de calor por condução junto à superfície.
A Figura 1-3 ilustra uma transferência de calor de calor por convecção quando ar quente de um secador de cabelo escoa sobre a superfície
da cabeça de uma pessoa, transferindo calor, pelo contato com a superfície. Neste caso, o calor é transferindo pelo movimento das
moléculas de ar e condução na superfície. A convecção pode ser natural (o movimento do fluido é causado por forças de flutuação) ou
forçada (o movimento de fluido é causado por agente externo), como na Figura 1-3.

Figura 1-3

Radiação
É radiação quando, na ausência de um meio interveniente, ocorre uma troca líquida de energia entre duas superfícies em diferentes
temperaturas. Simplificadamente, a transferência de energia se dá pela propagação de ondas eletromagnéticas que são geradas
proporcionalmente às temperaturas de cada corpo.
A Figura 1-4 ilustra a transferência de calor por radiação entre as superfícies quentes de uma lareira para as superfícies mais frias do
ambiente e das pessoas no ambiente.

Figura 1-4
A Tabela 1-1 resume as principais características dos três mecanismos descritos, em termos de força motriz, meio onde ocorre e
fenômeno físico preponderante.
5
Tabela 1-1
Condução Convecção Radiação
A Força Motriz A diferença de temperatura A diferença de temperatura A diferença de temperatura
O Meio Meio estacionário Fluido em movimento Não precisa de meio
O Fenômeno Choque entre partículas Condução + transporte de massa Ondas Eletromagnéticas

1.2. MECANISMOS COMBINADOS

Na maioria das situações práticas ocorrem ao mesmo tempo dois ou três mecanismos de transferência de calor atuando em conjunto.
Nos problemas da engenharia, quando um dos mecanismos domina quantitativamente, soluções aproximadas podem ser obtidas
desprezando-se todos, exceto o mecanismo dominante. Entretanto, deve ficar entendido que variações nas condições do problema
podem fazer com que um mecanismo desprezado se torne importante.
Como exemplo de um sistema onde ocorrem, ao mesmo tempo, vários mecanismos de transferência de calor, consideremos uma garrafa
térmica. Neste caso, podemos ter a atuação conjunta dos seguintes mecanismos esquematizados na Figura 1-5.

Figura 1-5
q1 : convecção natural entre o café e a parede do frasco de vidro
q2 : condução através da parede do frasco de vidro
q3 : convecção natural do frasco de vidro para o ar
q4 : radiação entre as superfícies externa do frasco de vidro e interna da capa plástica
q5 : convecção natural do ar para a capa plástica
q6 : condução através da capa plástica
q7 : convecção natural da capa plástica para o ar ambiente
q8 : radiação entre a superfície externa da capa e as vizinhanças

Melhorias, não representada na Figura 1-5, no projeto de uma garrafa térmica estão associadas com uso de superfícies aluminizadas
(bloqueio de radiação) para a parede interna do vidro e utilização de vidro de parede dupla, com o ar evacuado do espaço entre as
paredes de vidro (bloqueio de condução e convecção).

1.3. RELAÇÃO ENTRE A TRANSFERÊNCIA DE CALOR E A TERMODINÂMICA

Iremos nos referir as energias cinética e de rotação, entre outras, dos átomos ou moléculas de um sistema como energia interna e a
transferência desta energia como transferência de calor ou simplesmente calor. A energia pode ser transportada de ou para um dado
sistema por dois mecanismos: calor (Q) e trabalho (W). Um transporte de energia é transferência de calor se sua força motriz é uma
diferença de temperatura. Caso contrário, é trabalho. O movimento de um pistão, um eixo em rotação e energia elétrica fluindo em um
cabo são todos associados com realização de trabalho.
6
A relação entre calor e trabalho é regida pela primeira lei da termodinâmica: "A variação líquida de energia de um sistema é sempre
igual à transferência líquida de energia na forma de calor e trabalho". A Figura 1-6 ilustra quantitativamente a relação: ao transferir calor
para um gás em um recipiente com êmbolo, o mesmo tem aumento de energia interna e realiza trabalho.

Figura 1-6
Se um sistema não realiza trabalho, como no caso de um fluido aquecendo ou resfriando em trocador de calor ou uma peça de metal
sendo aquecida em uma estufa, a quantidade de calor transferido é igual à variação da energia interna, conforme Equação 1-1.
=0
Equação 1-1 ⏞
∆𝐸 = 𝑄 − 𝑊 ⟹ 𝑄 = ∆𝐸
A partir da definição de calor especifico (cp) de uma substância, que é a energia requerida para elevar a temperatura de uma unidade de
massa da substância em um grau, pode ser derivada uma expressão da termodinâmica para o cálculo da variação de energia interna ou
a quantidade de calor transferido em processos que não realizam trabalho, conforme Equação 1-2.
Equação 1-2 𝑸 = ∆𝑬 = 𝒎 . 𝒄𝒑 . ∆𝑻 (𝑱)
𝑚: 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 (𝑘𝑔)
𝑐𝑝 : 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 (𝐽⁄𝑘𝑔. 𝐾)
∆𝑇: 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝐾)

A quantidade de calor transferida durante um processo é simbolizada por “Q” e pode ser obtida pelas relações Termodinâmicas.
Entretanto, somente na Transferência de Calor pode obter a quantidade de calor transferido por unidade de tempo, também
denominada de taxa de transferência de calor ou fluxo de calor (simbolizado por “𝑞̇”, onde o ponto acima significa “por unidade de
tempo”).
A termodinâmica trata com estados de equilíbrio da matéria onde inexistem gradientes de temperatura. A termodinâmica pode ser
usada para determinar a quantidade de energia requerida na forma de calor para um sistema passar de um estado de equilíbrio para
outro, entretanto ela não pode quantificar a taxa (velocidade) na qual a transferência do calor ocorre. A disciplina de transferência de
calor procura fazer aquilo o que a termodinâmica é inerentemente incapaz de fazer.

Exercício R.1.1. Um cubo de 10 cm de lado de cobre inicialmente a 25 ° C é colocado em uma estufa cujo interior está a 150 ° C. Após
um intervalo de 30 minutos o cubo entre em equilíbrio com o interior da estufa, alcançando uma temperatura média de 150 ° C.
Considerando a massa específica e calor específico do cobre neste intervalo de temperatura a iguais a  = 8950 kg/m3 e cp = 0,395
kJ/kg·°C, respectivamente, determine:
(a) a quantidade total de calor transferida para o cubo de cobre;
(b) o fluxo de calor médio transferido

Q ∆t = 30min d
T1 = 25 °C TT21 ==150
25 °C
°C
T1 = 25 °C

Calor específico (cp), uma propriedade de cada substância, é a energia necessária para elevar a temperatura de uma unidade de massa
de uma substância por um grau de temperatura (kJ/kg·°C). Assim a variação da energia interna do cubo pode ser obtida assim:

7
𝑘𝐽
∆𝐸 = 𝑚 . 𝑐𝑝 . ∆𝑇 [𝑘𝑔 × × °𝐶]
𝑘𝑔. º𝐶
a) A massa de cobre pode ser calculada a partir da massa específica e das dimensões do cubo.
𝑑 = 10 𝑐𝑚 = 0,1 𝑚 → 𝑉𝑐𝑢𝑏𝑜 = 𝑑 3 = (0,1)3 = 0,001 𝑚2
𝑚 𝑘𝑔
𝜌= ⟹ 𝑚𝑐𝑢𝑏𝑜 = 𝜌𝑐𝑢𝑏𝑜 . 𝑉𝑐𝑢𝑏𝑜 = 800 3 × 0,001 𝑚3 = 8,95 𝑘𝑔
𝑉 𝑚
A quantidade de calor transferida para o cubo de cobre é igual à variação da energia interna do cubo (não existe realização de trabalho).
𝑘𝐽
𝑄 = ∆𝐸 = 𝑚 . 𝑐𝑝 . ∆𝑇 = 8,95 𝑘𝑔 × 0,395 × (150 − 25) °𝐶 = 441,9 𝑘𝐽
𝑘𝑔. º𝐶
b) O fluxo de calor pode variar ao longo do tempo. No entanto, pode-se determinar o fluxo de calor médio através da divisão da
quantidade total de transferência de calor pelo intervalo de tempo. Portanto,
𝑄 441,9 𝑘𝐽 𝑘𝐽
𝑞̇ = = = 0,245 = 0,245 𝑘𝑊 = 245 𝑊
𝑡 (30 × 60)𝑠 𝑠

1.4 REGIMES DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

O conceito de regime de transferência de calor pode ser melhor entendido através de exemplos. Analisemos, por exemplo, a
transferência de calor através da parede de uma estufa. Consideremos duas situações: operação normal e desligamento ou religamento.
Durante a operação normal, enquanto a estufa estiver ligada, a temperatura na superfície interna da parede não varia. Caso a
temperatura ambiente externa não varie significativamente, a temperatura da superfície externa também é constante. Sob estas
condições a quantidade de calor transferida por condução através da parede é constante e o perfil de temperatura ao longo da parede,
mostrado na Figura 1-7 (a), não varia. Neste caso, dizemos que estamos no regime permanente.

Figura 1-7
Na outra situação consideremos, por exemplo, o desligamento. Quando a estufa é desligada as temperaturas diminuem gradativamente,
de modo que o perfil de temperatura varia com o tempo, como pode ser visto da Figura 1-7 (b) e (c). Como consequência, a quantidade
de calor transferida para fora é cada vez menor e após algum tempo a estufa entra em equilíbrio térmico com o ambiente e fluxo de
calor é nulo. Neste caso, a temperatura em cada ponto da parede varia com o tempo e dizemos que estamos no regime transiente.
Os problemas de fluxo de calor em regime transiente são mais complexos. Entretanto, a maioria dos problemas de transferência de calor
são ou podem ser tratados como regime permanente.

1.5 REVISÃO DE SISTEMAS DE UNIDADES

Unidades são meios de expressar numericamente as dimensões. As dimensões fundamentais (previamente definidas) são quatro: tempo,
comprimento, massa e temperatura.
As unidades são agrupadas em sistemas coerentes. Apesar de ter sido adotado internacionalmente o sistema de unidades denominado
Sistema Internacional (S.I), o Sistema Inglês e o Sistema Métrico ainda são amplamente utilizados em vários países do mundo. Na Tabela
1-2 estão as unidades fundamentais para os três sistemas citados:

8
Tabela 1-2
Sistema Tempo Comprimento Massa Temperatura
S.I. segundo, s metro, m quilograma, kg Kelvin, K
MÉTRICO segundo, s (hora, h) metro, m quilograma, kg Celsius, °C
INGLÊS segundo, s (hora, h) pé, ft * libra-massa, lbm ** Fahrenheit, °F ***
* 1 pé (ft) = 12 polegadas (inch) 1 ft = 0,305 m ** 1 lbm = 0,45 kg *** T(°F) = T(°C) x 1,8 + 32

Todas as outras unidades são derivadas a partir das unidades fundamentais por meio de definições relacionadas a leis ou fenômenos
físicos. Como exemplo, são derivadas a seguir algumas das unidades mais importantes para a transferência de calor (Força, Energia e
Potência) e também mostradas resumidamente na Tabela 1-3.

• Força: as unidades de força são definidas a partir da Segunda Lei de Newton (F = m.a):

➢ Newton (N) é a força necessária para acelerar uma massa de 1 Kg a uma taxa de 1 m/s 2.

a = 1 m/s2
1 kg F=1N 1 N = 1 kg . 1 m/s2
➢ kilograma-força (kgf) é a força necessária para acelerar uma massa de 1 utm (=9,8 kg) a uma taxa de 1 m/s2.

a = 1 m/s2
1 utm F = 1 kgf 1 kgf = 9,8 kg . 1 m/s2 ou 1 kgf = 1 utm . 1 m/s2
➢ libra-força (lbf) é a força necessária para acelerar uma massa de 1 slug (=32,2 lbm) a uma taxa de 1 ft/s 2.

a = 1 ft/s2
1 slug F = 1 lbf 1 lbf = 32,2 lbm . 1 ft/s2 ou 1 lbf = 1 slug . 1 m/s2

A unidade de massa de um corpo é frequentemente usada incorretamente para expressar o peso do corpo, como nas balanças de
farmácia. Na verdade, o peso (G) é uma força resultante da aceleração gravitacional (g) sobre a massa (m) de um corpo e sua intensidade
é determinada pela segunda lei de Newton (G = m.g). Ao nível do mar uma massa de 1 kg pesa 9,8 N:
𝑚 𝑚
𝐺 = 𝑚. 𝑔 = 1 𝑘𝑔 .9,8 2 = 9,8 𝑁 (𝑁 = 𝑘𝑔 . 2 )
𝑠 𝑠
A mesma massa de 1 kg (1 kg = 1/9,8 utm) pesará 1 kgf em unidades do sistema métrico.
1 𝑚 𝑚
𝐺 = 𝑚. 𝑔 = 𝑢𝑡𝑚 .9,8 2 = 1 𝑘𝑔𝑓 (𝑘𝑔𝑓 = 𝑢𝑡𝑚 . )
9,8 𝑠 𝑠2

• Pressão é a relação entre a força normal aplicada e a área (P = F/A), então:

➢ Pascal (Pa) é a pressão resultante quando uma força normal de 1 N é aplicada em uma área de 1 m2.

FN = 1 N

P = 1 Pa
A = 1 m2
1 Pa = 1 N / 1 m2 ( 1 kPa = 1000 Pa)

➢ Kgf/m2 é a unidade no sistema métrico, porém Kgf/cm2 é mais usado (1 Kgf/cm2 = 10000 Kgf/m2).
➢ lbf/pol2 (psi – pound per square inch) é a unidade mais comum no sistema inglês.
9
• Trabalho (uma forma de Energia) é definido como produto da força pela distância ( = F.x), então:

➢ Joule (J) é o trabalho ou a energia despendida por uma força de 1 N em um deslocamento de 1 m.

F=1N F=1N
1J=1N.1m

x=1m

➢ kgf.m (kgm) é a unidade no sistema métrico, kilocaloria (kcal) é mais usada (1 kcal = 1000 calorias).
➢ lbf.ft é a unidade no sistema inglês, porém o Btu (British thermal unity) é mais usado.

As unidades mais usuais de energia (Btu e Kcal) são baseadas em fenômenos térmicos, e definidas como:
➢ Btu é a energia requerida na forma de calor para elevar a temperatura de 1lb de água de 67,5 °F a 68,5 °F
➢ kcal é a energia requerida na forma de calor para elevar a temperatura de 1 kg de água de 14,5 °C a 15,5 °C

• Potência é a capacidade de realizar trabalho na unidade de tempo ( =  / t), então:

➢ Watt (W) é a potência dissipada quando um trabalho de 1 J é realizado em um tempo de 1 s

t=1s
F=1N F=1N
1W=1J/1s

x=1m

➢ kcal/h é a unidade mais comum no sistema métrico.


➢ Btu/h é a unidade mais comum no sistema inglês.

Tabela 1-3
Sistema Força Pressão Energia Potência
S.I. Newton, N Pascal, Pa Joule, J Watt, W
2
MÉTRICO kilograma-força, kgf Kgf/cm kgm (kcal) kcal/h
2
INGLÊS libra-força, lbf lbf/pol lbf-ft (Btu) Btu/h

O fluxo ou taxa de calor transferido (𝑞̇) é a quantidade de calor (Q) transferido na unidade de tempo (t). Neste caso, as seguintes unidades
são, em geral, utilizadas:
𝐽 𝐵𝑡𝑢 𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑄 𝑞̇ : fluxo de calor transferido (potência) em 𝑊 [ ] , ,
𝑞̇ = , 𝑜𝑛𝑑𝑒 { 𝑠 ℎ ℎ }
𝑡
𝑄: quantidade de calor transferida (energia) em 𝐽, 𝐵𝑡𝑢, 𝑘𝑐𝑎𝑙

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Algumas relações de conversão entre os sistemas de unidades:
Força: 1N = 0,225 lbf = 0,102 kgf
Energia: 1J = 0,000948 Btu = 0,000239 Kcal
Potencia: 1W = 3,412 Btu/h = 0,860 Kcal/h = 0,00136 CV = 0,00134 HP

Tabela de prefixos padrões do Sistema Internacional:


Múltiplo 1012 109 106 103 102 101 10-1 10-2 10-3 10-6 10-9 10-12
Prefixo tera,T giga,G mega,M kilo,k hecto,h deca,da deci,d centi,c mili,m micro,µ nano,n pico,ρ

Exercícios Resolvidos

Exercício R.1.2. Converter para o sistema internacional (SI) a seguinte massa especifica:  = 624 lb/ft3, sendo dado que: 1 kg = 2,205 lb
e 1 m = 3,281 ft.
𝑙𝑏 1 𝑘𝑔 3,281 𝑓𝑡 3 𝑘𝑔
𝜌 = 624 3
× × ( ) = 9.995,5 3
𝑓𝑡 2,205 𝑙𝑏 1 𝑚 𝑚

Exercício R.1.3. Determinar a unidade de peso específico () no SI a partir da formula:  =  . g


𝑘𝑔 𝑚 1 𝑚 1 𝑁
[𝛾 ] = [𝜌 ] . [𝑔 ] = × = 3 × (𝑘𝑔 × 2 ) = 3 × 𝑁 = 3
𝑚3 𝑠 2 𝑚 𝑠 𝑚 𝑚

Exercício R.1.4. Converter para o sistema SI o seguinte coeficiente de película: h = 10 Kcal/h.m2. °C, sendo dado que: 1 W = 0,86 Kcal/h
e 1 K = 1 °C. (Nota: 1 °C equivale dimensionalmente a 1 K, porém para converter uma temperatura em Celsius para Kelvin devemos somar
uma constante: T[°C] = T[K] + 273).
𝑘𝑐𝑎𝑙 1 𝑊 1 °𝐶 𝑊
ℎ = 10 × × = 11,63 2
ℎ. 𝑚 . °𝐶 0,86 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄
2 1 𝐾 𝑚 .𝐾

Exercício R.1.5. Determinar a unidade de energia cinética (Ec) no SI a partir da formula: Ec = ½m.v2, sendo dado que: [N] = Kg . m/s2 e
[v] = m/s.
𝑚2 𝑚
[𝐸𝑐 ] = [𝑚] × [𝑣 2 ] = 𝑘𝑔 × 2
= (𝑘𝑔 × 2 ) × 𝑚 = 𝑁 × 𝑚 = 𝐽
𝑠 𝑠

Exercício R.1.6. Determinar a unidade de fluxo de calor (𝑞̇) no SI, no Sistema Métrico e Sistema Inglês a partir da formula: q = Q/t , onde:
Q = quantidade de calor ( Kcal, J ) e t = tempo.
[𝑄 ] 𝐽 [𝑄] 𝑘𝑐𝑎𝑙 [𝑄] 𝐵𝑡𝑢
SI: 𝑞̇ = = =𝑊 Métrico: 𝑞̇ = = Inglês: 𝑞̇ = =
[𝑡 ] 𝑠 [𝑡 ] ℎ [𝑡 ] ℎ

11
Exercício R.1.7. Se uma maçã pesa 100 g (0,1 kg), quantas maçãs são aproximadamente necessárias para que o peso total seja
equivalente a 1 N, 1 lbf e 1 kgf? Dado: g = 9,8 m/s2 (SI e métrico) e g = 32,2 ft/s2 (sist. Inglês) e 1 lbm =
0,45 kg.
𝑚 𝑚
𝐺 = 𝑚. 𝑔 = (0,1. 𝑥 ) 𝑘𝑔 × 9,8 2 = 1 𝑁 (𝑁 = 𝑘𝑔 . 2 ) ⟹ 𝑥 = 1,02 maçãs
𝑠 𝑠
(0,1. 𝑥 ) 𝑚 𝑚
𝐺 = 𝑚. 𝑔 = 𝑢𝑡𝑚 × 9,8 2 = 1 𝑘𝑔 (𝑘𝑔𝑓 = 𝑢𝑡𝑚 . 2 ) ⟹ 𝑥 = 10 maçãs
9,8 𝑠 𝑠
(0,1. 𝑥 ) 𝑓𝑡 𝑓𝑡
𝐺 = 𝑚. 𝑔 = 𝑠𝑙𝑢𝑔 × 32,2 2 = 1 𝑙𝑏𝑓 (𝑙𝑏𝑓 = 𝑠𝑙𝑢𝑔 . ) ⟹ 𝑥 = 4,5 maçãs
0,45 𝑠 𝑠2

Exercícios Propostos:

Exercício P.1.1. Determinar a unidade de peso específico () no Métrico a partir da formula:  =  . g
Kgf/m 3

Exercício P.1.2. Converter para o sistema SI o seguinte coeficiente de película: h = 10 Btu/hft2. °F, sendo dado que: 1 W = 3,412 Btu/h,
1 ft = 0,305 m e 1 °F = 1,8 K. (Nota: 1 °F equivale dimensionalmente a 1,8 K, porém para converter uma temperatura em Fahrenheit para
Kelvin devemos a seguinte relação T(°F) = [T(K) – 273] * 1,8 + 32.
17,5 W/m2 .K

Exercício P.1.3. Determinar a unidade de energia potencial (Ep) no SI a partir da formula: Ep =m.g.h, sendo dado que: [N] = Kg . m/s2,
[m] = kg, [h] = m e [g] = m/s2.
J (Joule)

12
2. CONDUÇÃO DE CALOR UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE

2.1. MECANISMO DA CONDUÇÃO

A condução pode ser definida como o processo pelo qual a energia é transferida de uma região de alta temperatura para outra de
temperatura mais baixa dentro de um meio (sólido, líquido ou gasoso) ou entre meios diferentes em contato direto. Este mecanismo
pode ser visualizado como a transferência de energia de partículas mais energéticas para partículas menos energéticas de uma substância
devido a interações entre elas.
O mecanismo da condução pode ser mais facilmente entendido considerando, como exemplo, um gás submetido a uma diferença de
temperatura conforme mostra a Figura 2-1. Nestas condições (T1 > T2), observamos os seguintes fenômenos:

Figura 2-1

1. O gás ocupa o espaço entre as duas superfícies (1) e (2), mantidas a diferentes temperaturas (T1 > T2). Consideremos que o gás não
está sujeito a nenhum movimento macroscópico, apenas a movimento microscópico.
2. Como altas temperaturas estão associadas com energias moleculares mais elevadas, as moléculas próximas à superfície (1) são mais
energéticas (movimentam-se mais rápido).
3. O plano hipotético X é constantemente atravessado por moléculas de que vem de cima e de baixo. Entretanto, as moléculas de
cima estão associadas com mais energia que as de baixo. Portanto existe uma transferência líquida de energia de (1) para (2) por
condução.
Para os líquidos o processo é basicamente o mesmo, embora as moléculas estejam menos espaçadas e as interações sejam mais fortes
e mais frequentes. Para os sólidos existem basicamente dois processos (ambos bastantes complexos):
• Sólido mau condutor de calor: ondas de vibração da estrutura cristalina
• Sólido bom condutor de calor: movimento dos elétrons livres e vibração da estrutura cristalina.

2.2. LEI DE FOURIER

A lei de Fourier é fenomenológica, ou seja, foi desenvolvida a partir da observação dos fenômenos da natureza em experimentos.
Imaginemos um experimento onde o fluxo de calor resultante é medido após a variação das condições experimentais. Consideremos,
por exemplo, a transferência de calor através de uma barra de ferro com uma das extremidades aquecidas e com a área lateral isolada
termicamente, como mostra a Figura 2-2.

Figura 2-2

13
Com base em experiências, variando a área da seção da barra, a diferença de temperatura e a distância entre as extremidades, chega-
se a seguinte relação de proporcionalidade:
∆𝑻
Equação 2-1 𝒒̇ ∝ 𝑨. ∆𝒙
A relação de proporcionalidade pode ser convertida para igualdade através da introdução de um coeficiente de proporcionalidade (k)
dando origem à Equação de Fourier na forma diferencial (Equação 2-2).
𝒅𝑻
Equação 2-2 𝒒̇ = −𝒌. 𝑨. 𝒅𝒙
𝑞̇: fluxo de calor por condução (W, no SI);
K: condutividade térmica do material;
A: área da seção através da qual o calor flui por condução, medida perpendicularmente à direção do fluxo (m2, no SI);
𝑑𝑇⁄𝑑𝑥: gradiente de temperatura na seção, isto é, taxa de variação da temperatura T com a distância, na direção x do fluxo de
calor (K/m). Se o regime for permanente (temperaturas não variam com o tempo), o gradiente (𝑑𝑇⁄𝑑𝑥) é constante e a
distribuição de temperatura é uma linha reta como na Figura 2-3.

A razão do sinal menos na equação de Fourier é que a direção do aumento da distância x deve ser a direção do fluxo de calor positivo
(Figura 2-3). Como o calor flui do ponto de temperatura mais alta para o de temperatura mais baixa (gradiente negativo), o fluxo só será
positivo quando o gradiente for positivo (multiplicado por -1).

Figura 2-3
O coeficiente de proporcionalidade k, denominado de condutividade térmica, que surge da equação de Fourier é uma propriedade de
cada material e vem exprimir a maior ou menor facilidade que um material apresenta à condução de calor. As unidades de condutividade
térmica são facilmente obtidas da própria equação de Fourier (Equação 2-2), conforme mostrado a seguir:
𝑑𝑇 𝑞̇
𝑞̇ = −𝑘. 𝐴. ⇒ 𝑘= −
𝑑𝑥 𝑑𝑇
𝐴. 𝑑𝑥
𝑊 𝑊
No SI: [𝑘 ] = 𝐾 =
𝑚2 . 𝑚.𝐾
𝑚
𝐾𝑐𝑎𝑙/ℎ 𝑊
No Sistema Métrico: [𝑘 ] = °𝐶 =
𝑚2 . ℎ.𝑚.°𝐶
𝑚
𝐵𝑡𝑢/ℎ 𝐵𝑡𝑢
No Sistema Inglês: [𝑘 ] = °𝐹 =
𝑓𝑡 2 . ℎ.𝑓𝑡.°𝐹
𝑚

Considerando a equação de Fourier, para uma mesma condição de fluxo de calor (𝑞̇), quando menor a condutividade do material (k),
maior o gradiente de temperatura (𝑑𝑡⁄𝑑𝑥 ) no mesmo, ou seja, quanto menor o k, maior a inclinação da linha de distribuição de
temperatura, ou seja, maior a variação da temperatura no material.
Os valores numéricos de k variam em extensa faixa dependendo da constituição química, estado físico e temperatura dos materiais.
Quando o valor de k é elevado o material é considerado condutor térmico e, caso contrário, é isolante térmico. Com relação à
temperatura, em alguns materiais como o alumínio e o cobre, o k varia muito pouco com a temperatura, porém em outros, como em
14
alguns aços, o k varia significativamente com a temperatura. Nestes casos, adota-se como solução de engenharia um valor médio de k
em um intervalo de temperatura. A Tabela 2-1 abaixo lista a condutividade de alguns materiais (no SI) comuns na temperatura ambiente
e a Figura 2-4 ilustra as faixas de condutividades térmicas de diferentes grupos de materiais.

Tabela 2-1
Material Diamante Cobre Ouro Alumínio Gelo Vidro Tijolo Madeira Fibra de Vidro Isopor Ar Parado
k (W/m.K) 2300 401 317 237 2,21 0,78 0,72 0,17 0,043 0,026 0,024

Figura 2-4

2.3. CONDUÇÃO ATRAVÉS DE PAREDES PLANAS

Consideremos a transferência de calor por condução através de uma parede plana submetida a uma diferença de temperatura. Ou seja,
submetida a uma fonte de calor, de temperatura constante e conhecida, de um lado, e a um sorvedouro de calor do outro lado, também
de temperatura constante e conhecida.
Um bom exemplo disto é a transferência de calor através da parede de um forno de um fogão de cozinha. Consideremos, na Figura 2-5,
uma parede como esta, que tem espessura L, área transversal A e foi construída com material de condutividade térmica k. Do lado de
dentro a fonte de calor (combustão de gás) mantém a temperatura na superfície interna da parede constante e igual a T1 e externamente
o sorvedouro de calor (ambiente externo) faz com que a superfície externa permaneça constante e igual a T2.

Figura 2-5

15
Para calcular a transferência de calor por condução através da parede plana, partimos da equação de Fourier (Equação 2-2):
𝑑𝑇
𝑞̇ = −𝑘. 𝐴.
𝑑𝑥
Fazendo a separação de variáveis, obtemos:
Equação 2-3 𝒒̇ . 𝒅𝒙 = −𝒌. 𝑨. 𝒅𝑻

Na Figura 2-5 observamos que na face interna (x=0) a temperatura é T1 e na face externa (x=L) a temperatura é T2. Considerando que,
no regime permanente, o fluxo de calor transferido não varia com o tempo e que a área transversal da parede é uniforme e a
condutividade térmica k é um valor médio, a integração da Equação 2-3, entre os limites que podem ser verificados na Figura 2-5, fica
assim:
𝐿 𝑇2
q̇ . ∫ dx = −k. A. ∫ dT
0 𝑇1

𝑞̇ . (𝐿 − 0) = −𝑘. 𝐴. (𝑇2 − 𝑇1 )
𝑞̇ . 𝐿 = 𝑘. 𝐴. (𝑇1 − 𝑇2 )
Considerando que (T = T1-T2) é a diferença de temperatura entre as faces da parede, o fluxo de calor a que atravessa a parede plana
por condução é:
𝑘.𝐴
Equação 2-4 𝑞̇ = . ∆𝑇
𝐿

Para melhor entender o significado da Equação 2-4, consideremos um exemplo prático. Suponhamos que o engenheiro responsável pela
fabricação de um forno de fogão de cozinha necessita reduzir as perdas térmicas pelas paredes do forno por razões econômicas
(economizar gás). Considerando os termos da Equação 2-4, o engenheiro tem, por exemplo, as opções listadas na Tabela 2-2.

Tabela 2-2
Var Sentido Ação Explicação
Na Equação 2-4 quanto menor a condutividade (k), menor a
k Diminuir Utilização de material de baixa condutividade
transferência de calor (q̇ )
Na Equação 2-4 quanto maior a espessura (L), menor a
L Aumentar Aumentar a espessura da parede
transferência de calor (q̇ )
Na Equação 2-4 quanto menor a área (A), menor a transferência
A Diminuir Diminuir a área do forno
de calor (q̇ )
Na Equação 2-4 quanto menor a diferença de temperatura (∆𝑻),
ΔT Diminuir Diminuir a diferença de temperatura
menor a transferência de calor (q̇ )
Comentário: Obviamente o engenheiro teria dificuldade em diminuir a área do forno (A) e a diferença de temperatura (∆𝑻), que são
necessidades inerentes ao projeto. A melhor solução de engenharia seria trabalhar com o isolamento térmico do forno, reduzindo a
condutividade térmica e aumentando a espessura do isolante, considerando também o aspecto de custo versus benefício.

Exercícios Resolvidos

Exercício R.2.1. Uma sala tem 15 m de comprimento, 6 m de largura e 3 m de altura e as paredes são feitas de tijolos com condutividade
térmica de 0,14 Kcal/h.m.°C e espessura de 25 cm de espessura. Um equipamento condicionador de ar deve manter a face interna das
paredes a 22 °C, enquanto que a face externa das paredes pode estar até a 40 °C em um dia de verão. Determine o fluxo de calor a ser
extraído da sala pelo condicionador (em Btu/h). Considere as seguintes hipóteses simplificadoras: sala sem janela e sem pessoas no
interior. Despreze a transferência de calor pelo piso e pelo teto. (Dado: 1Btu/h = 0,252 Kcal/h).

16
𝑇1 = 40 °𝐶 𝑇2 = 22 °𝐶
𝑘 = 0,14 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝐿 = 25 𝑐𝑚 = 0,25 𝑚

,
Desconsiderando a influência de janelas, a área lateral das paredes, desprezando o piso e o teto, é:
𝐴 = 2 × (6 × 3) + 2 × (15 × 3) = 126 𝑚2
Utilizando a Equação 2-4, podemos calcular o fluxo de calor que entra na sala por condução:
𝑘.𝐴 0,14 (𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ.𝑚.°𝐶 ) ×126 𝑚2
𝑞̇ = . ∆𝑇 = × (40 − 22) °𝐶 = 1270 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ
𝐿 0,25 𝑚

Este mesmo fluxo de calor deverá ser extraído pelo condicionador de ar. Usando a relação de conversão de kcal/h para Btu/h fornecida:
1 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ
𝑞̇ = 1270 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ × = 5039,6 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ
0,252 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ

A potência térmica que deve ser removida de um ambiente condicionado para manter a temperatura em um valor estipulado costuma
ser chamada de carga térmica e envolve, além da transferência de calor pelas estruturas da construção, as condições climáticas, o perfil
de ocupação pelas pessoas, a presença de iluminação e equipamentos, etc.

Exercício R.2.2. As faces internas das paredes de uma casa devem ser mantidas a 20 °C, enquanto que a temperatura média nas faces
externas é -20 °C. Para isto, um sistema de aquecimento utiliza óleo combustível. As paredes da casa medem 25 cm de espessura, e
foram construídas com tijolos de condutividade térmica de 0,75 W/m.K.
a) calcule a perda de calor para cada metro quadrado de superfície por hora.
b) considerando que a área total de transferência de calor das paredes da casa é 250 m2 e que o poder calorífico do óleo combustível é
de 37.215 kJ/litro, determine o volume de óleo combustível a ser utilizado no sistema de aquecimento durante um período de 24 h.
Supor o rendimento do sistema de aquecimento igual a 70%.
𝑇1 = 20 °𝐶 𝑇2 = −20 °𝐶
𝑘 = 0,75 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾
𝐿 = 25 𝑐𝑚 = 0,25 𝑚

a) desprezando o efeito das janelas, utilizamos a equação para a condução em paredes planas. Portanto, o fluxo de calor transferido por
cada metro quadrado de parede (A = 1 m2) é:
𝑘.𝐴 0,75 (𝑊⁄𝑚.𝐾) ×1 𝑚2
𝑞̇ = . ∆𝑇 = × [20 − (−20)] 𝐾 = 120 𝑊 (por m2 de área)
𝐿 0,25 𝑚
b) esta perda de calor pelas paredes da casa deve ser reposta pelo sistema de aquecimento, de modo a manter o interior a 20 °C. A perda
pela área total do edifício de 250 m2 é:
𝑊
𝑞̇ = 120 𝑚2 × 250 𝑚2 = 30.000 𝑊 = 30.000 𝐽⁄𝑠 = 30 𝑘𝐽⁄𝑠
O tempo de utilização do sistema de aquecimento é 24 horas. Neste período a energia perdida para o exterior é:
𝑄
⇒ 𝑄 = 𝑞̇ × 𝑡 = 30 𝑘𝐽⁄𝑠 × 24 ℎ × 60
𝑚𝑖𝑛 𝑠
𝑞̇ = × 60 = 2.592.000 𝑘𝐽
𝑡 ℎ 𝑚𝑖𝑛
Com o rendimento do sistema é 70% a quantidade de calor a ser fornecida pelo óleo é:
𝑄 2.592.000 𝑘𝐽
𝑄= = 3.702.857 𝑘𝐽
𝜂 0,70

Cada quilo de óleo pode fornecer 37215 kJ/litro, então o volume de óleo combustível é:
3.702.857 𝑘𝐽
𝑉ó𝑙𝑒𝑜 = = 99,5 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠
37.215 𝑘𝐽⁄𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
17
2.4. ANALOGIA ENTRE RESISTÊNCIA TÉRMICA E RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Dois sistemas são análogos quando eles obedecem a equações semelhantes. Isto significa que a equação de descrição de um sistema
pode ser transformada em uma equação para outro sistema pela simples troca dos símbolos das variáveis. Por exemplo, a Equação 2-4
que fornece o fluxo de calor através de uma parede plana pode ser colocada na seguinte forma:
𝒌.𝑨 ∆𝑻
Equação 2-5 𝒒̇ = . ∆𝑻 = 𝑳
𝑳
𝒌 .𝑨
O denominador e o numerador da Equação 2-5 podem ser entendidos assim:
• T: a diferença entre a temperatura da face quente e da face fria, consiste no potencial que causa a transferência de calor
𝐿
• : é equivalente a uma resistência térmica (R) que a parede oferece à transferência de calor
𝑘 .𝐴
Portanto, o fluxo de calor através da parede pode ser expresso da seguinte forma:
∆𝑇 𝐿
Equação 2-6 𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒: 𝑅 = (resistência térmica da parede plana)
𝑅 𝑘 .𝐴
Se substituirmos na Equação 2-6 o símbolo do potencial de temperatura (ΔT) pelo de potencial elétrico, isto é, a diferença de tensão
(ΔU), e o símbolo da resistência térmica (R) pelo da resistência elétrica (Re), obtemos a Equação 2-7 (lei de Ohm) para i, a intensidade de
corrente elétrica:
∆𝑼
Equação 2-7 𝒊̇ = 𝑹𝒆
Dada esta analogia, é comum a utilização de uma notação semelhante à usada em circuitos elétricos, quando representamos a resistência
térmica de uma parede ou associações de paredes. Assim, uma parede de resistência R, submetida a um potencial T e atravessada por
um fluxo de calor 𝑞̇ , pode ser representada como na Figura 2-6:

Figura 2-6

2.5. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM SÉRIE

Consideremos um sistema de paredes planas associadas em série, submetidas a uma fonte de calor, de temperatura constante e
conhecida, de um lado e a um sorvedouro de calor do outro lado, também de temperatura constante e conhecida. Assim, haverá a
transferência de um fluxo de calor contínuo no regime permanente através da parede composta. Como exemplo, analisemos a
transferência de calor através da parede de um forno, que pode ser composta de uma camada interna de refratário (condutividade k1 e
espessura L1), uma camada intermediária de isolante térmico (condutividade k2 e espessura L2) e uma camada externa de chapa de aço
(condutividade k3 e espessura L3). A figura 3.7 ilustra o perfil de temperatura ao longo da espessura da parede composta:

18
k1 k2 k3
T1
T2
T3 .
q
T4

L1 L2 L3

Figura 2-7
O fluxo de calor que atravessa a parede composta pode ser obtido em cada uma das paredes planas individualmente:
𝒌𝟏 .𝑨𝟏 𝒌𝟐 .𝑨𝟐 𝒌𝟑 .𝑨𝟑
Equação 2-8 𝒒̇ = . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 ) 𝒒̇ = . (𝑻𝟐 − 𝑻𝟑 ) 𝒒̇ = . (𝑻𝟑 − 𝑻𝟒 )
𝑳𝟏 𝑳𝟐 𝑳𝟑

Colocando em evidência as diferenças de temperatura na Equação 2-8 e somando membro a membro, obtemos:
𝑞̇ . 𝐿1
(𝑇1 − 𝑇2 ) =
𝑘1 . 𝐴1
𝑞̇ . 𝐿2
(𝑇2 − 𝑇3 ) =
𝑘2 . 𝐴2
𝑞̇ . 𝐿3
(𝑇3 − 𝑇4 ) =
𝑘3 . 𝐴3
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑞̇ . 𝐿1 𝑞̇ . 𝐿2 𝑞̇ . 𝐿3
𝑇1 − 𝑇2 + 𝑇2 − 𝑇3 + 𝑇3 − 𝑇4 = + +
𝑘1 . 𝐴1 𝑘2 . 𝐴2 𝑘3 . 𝐴3
Eliminando as temperaturas T2 e T3 e colocando o fluxo de calor (𝑞̇) em evidência, obtemos:
𝑳𝟏 𝑳𝟐 𝑳𝟑
Equação 2-9 𝑻𝟏 − 𝑻𝟒 = 𝒒̇ . [𝒌 +𝒌 + ]
𝟏 .𝑨𝟏 𝟐 .𝑨𝟐 𝒌𝟑 .𝑨𝟑
Substituindo os valores das resistências térmicas em cada parede na Equação 2-9, obtemos o fluxo de calor pela parede composta:
𝑇1 − 𝑇4 = 𝑞̇ . [𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 ]
𝑻𝟏 −𝑻𝟒
Equação 2-10 𝒒̇ = 𝑹𝟏 +𝑹𝟐 + 𝑹𝟑
Portanto, para o caso geral, em que temos uma associação de “n” paredes planas associadas em série o fluxo de calor é dado por:
(∆𝑻)𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍
Equação 2-11 𝒒̇ = 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝑹𝒕 = 𝑹𝟏 + 𝑹𝟐 + ⋯ . + 𝑹𝒏
𝑹𝒕

2.6. ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM PARALELO

Consideremos um sistema de paredes planas associadas em paralelo, submetidas a uma fonte de calor, de temperatura constante e
conhecida, de um lado e a um sorvedouro de calor do outro lado, também de temperatura constante e conhecida, do outro lado. Assim,
haverá a transferência de um fluxo de calor contínuo no regime permanente através da parede composta. Como exemplo, analisemos a
transferência de calor através da parede de um forno, que pode ser composta de uma metade inferior de refratário especial
(condutividade k2) e uma metade superior de refratário comum (condutividade k1), como mostra a Figura 2-8. Faremos as seguintes
considerações:
• Todas as paredes estão sujeitas a mesma diferença de temperatura;
• As paredes podem ser de materiais e/ou dimensões diferentes;
• O fluxo de calor total é a soma dos fluxos por cada parede individual.

19
Figura 2-8

O fluxo de calor que atravessa a parede composta pode ser obtido em cada uma das paredes planas individualmente:
𝒌𝟏 .𝑨𝟏 𝒌𝟐 .𝑨𝟐
Equação 2-12 𝒒̇ 𝟏 = . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 ) 𝒒̇ 𝟐 = . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 )
𝑳𝟏 𝑳𝟐

O fluxo de calor total é igual à soma dos fluxos da Equação 2-12:


𝒌𝟏 .𝑨𝟏 𝒌𝟐 .𝑨𝟐 𝒌𝟏 .𝑨𝟏 𝒌𝟐 .𝑨𝟐
Equação 2-13 𝒒̇ = 𝒒̇ 𝟏 + 𝒒̇ 𝟐 = . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 ) + . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 ) = [ + ] . (𝑻𝟏 − 𝑻𝟐 )
𝑳𝟏 𝑳𝟐 𝑳𝟏 𝑳𝟐

A partir da definição de resistência térmica para parede plana (Equação 2-6), temos que:
𝑳 𝟏 𝒌 .𝑨
Equação 2-14 𝑹= ⇒ =
𝒌 .𝑨 𝑹 𝑳
Substituindo a Equação 2-14 na Equação 2-13, obtemos:
1 1 𝑇1 −𝑇2 1 1 1
𝑞̇ = [𝑅 + 𝑅 ] . (𝑇1 − 𝑇2 ) = onde: =𝑅 +𝑅
1 2 𝑅𝑡 𝑅𝑡 1 2

Portanto, para o caso geral em que temos uma associação de “n” paredes planas associadas em paralelo o fluxo de calor é dado por:
(∆𝑇 )𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 1 1 1
Equação 2-15 𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒: = 𝑅 +𝑅
𝑅𝑡 𝑅𝑡 1 2

Em uma configuração em paralelo, embora se tenha transferência de calor bidimensional, é frequentemente razoável adotar condições
unidimensionais. Nestas condições, admite-se que as superfícies paralelas à direção x são isotérmicas. Entretanto, a medida que a
diferença entre as condutividades térmicas das paredes (k1 e k2) aumenta, os efeitos bidimensionais tornam-se cada vez mais
importantes.

Exercícios Resolvidos

Exercício R.2.3. (Questão ENADE 2014). Visando ao conforto térmico e à economia de energia, um engenheiro propõe a instalação de
um sistema de isolamento nas janelas de uma unidade industrial situada em um local frio, com vento intenso e constante, onde a
temperatura do ambiente externo é de 4,8 °C ao longo do ano. Para manter a temperatura da face interna da janela em 25 °C, as janelas
foram adaptadas de modo a criar uma lacuna de 50 mm preenchida por ar estagnado entre duas lâminas de vidro com espessura de 10
mm cada, conforme o esquema abaixo.

Com base no exposto e admitindo que o sistema se encontra no estado estacionário, pede-se:

20
a) represente, por meio de um esquema, a direção do fluxo de calor no sistema e os perfis de temperatura nas lâminas de vidro e na
camada de ar estagnado;
b) calcule o fluxo de calor que deve ser suprido no sistema para que a temperatura da face interna da janela seja mantida em 25 °C nas
condições especificadas no problema;
c) explique o que acontecerá se a camada de ar interna não for estagnada, ou seja, se houver convecção nesta região.
Resolução
a) a figura abaixo apresenta um esquema em que a direção do fluxo de calor e os perfis de temperatura nas duas lâminas de vidro e na
camada de ar são representados, observando-se que a inclinação no vidro é menor do que a no ar devido a maior condutividade do
vidro.

b) o fluxo de calor pode ser calculado considerando que a temperatura da parede externa é igual ao do ambiente externo e que há
somente condução na camada de ar interna. (ar estagnado). Para uma área unitária de 1 m2, temos
𝐴 = 1 𝑚2 𝐿𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = 10 𝑚𝑚 = 0,01𝑚 𝐿𝑎𝑟 = 50 𝑚𝑚 = 0,05 𝑚 𝑘𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = 1 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 𝑘𝑎𝑟 = 0,025 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾
Cálculo das resistências térmicas:
𝐿𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 0,01 𝐾 𝐿𝑎𝑟 0,05 𝐾
𝑅𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = = = 0,01 𝑅𝑎𝑟 = = =2
𝑘𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 . 𝐴 1 × 1 𝑊 𝑘𝑎𝑟 . 𝐴 0,025 × 1 𝑊
Cálculo do fluxo de calor por m2 de janela:
(𝑇1 − 𝑇2 ) (𝑇1 − 𝑇2 ) (25 − 4,8) 𝐾
𝑞̇ = = = = 10 𝑊
𝑅𝑡 𝑅𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 + 𝑅𝑎𝑟 + 𝑅𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 0,01 + 2 + 0,01 𝐾⁄𝑊
c) caso a camada de ar interna não for estagnada, na resposta deverá ser mencionado pelo menos um dos itens abaixo:
• Haverá aumento no fluxo de calor ou maior troca térmica ou maior perda de calor;
• Haverá diminuição da resistência térmica à transferência de calor;
• Mais energia térmica deverá ser fornecida para manter a temperatura da face interna da janela em 25 °C (maior gasto de energia
ou haverá menor “eficiência” no isolamento térmico);
• A temperatura interna irá diminuir caso a energia térmica fornecida seja mantida.

Exercício R.2.4. A figura abaixo mostra, fora de escala, um corte em uma parede de 1 metro de altura, 1 metro de largura e espessura
total mede 16 cm. A parede é composta por vários materiais associados e as condutividades térmicas de cada material da parede são
indicadas na tabela abaixo. Para uma temperatura da face quente de 1000 °C e da face fria de 100 °C, determine o fluxo de calor
transferido através da parede composta:

Material a b c d e f g
k (W/m.K) 100 40 10 50 30 40 20

Usando a analogia elétrica, o circuito equivalente à parede composta fica assim:

21
As espessuras das paredes são obtidas da figura:
𝐿𝑎 = 𝐿𝑒 = 3 𝑐𝑚 = 003 𝑚 𝐿𝑏 = 𝐿𝑐 = 𝐿𝑑 = 2 𝑐𝑚 = 002 𝑚 𝐿𝑓 = 𝐿𝑔 = 8 𝑐𝑚 = 0,08 𝑚
2
Para uma área unitária de transferência de calor (A= 1x1 = 1 m ), as áreas de cada camada são:
20 60 50
𝐴 𝑎 = 𝐴𝑒 = 1 × 1 = 1 𝑚 2 𝐴𝑏 = 𝐴 𝑑 = × 1 = 0,2 𝑚2 𝐴𝑐 = × 1 = 0,6 𝑚2 𝐴𝑓 = 𝐴𝑔 = × 1 = 0,5 𝑚2
100 100 100
As resistências térmicas de cada parede individual são:
𝐿𝑎 0,03 𝑚 𝐾 0,02 𝑚 𝐾
𝑅𝑎 = = = 0,0003 𝑅𝑏 = = 0,0025
𝑘𝑎 . 𝐴𝑎 100 𝑊 × 1 𝑚2 𝑊 𝑊
40 𝑚. 𝐾 × 0,2 𝑚2 𝑊
𝑚. 𝐾
0,02 𝑚 𝐾 0,02 𝑚 𝐾
𝑅𝑐 = = 0,003333 𝑅𝑑 = = 0,002
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊
10 𝑚. 𝐾 × 0,6 𝑚2 50 𝑚. 𝐾 × 0,2 𝑚2
0,03 𝑚 𝐾 0,08 𝑚 𝐾 0,08 𝑚 𝐾
𝑅𝑒 = = 0,001 𝑅𝑓 = = 0,004 𝑅𝑓 = = 0,008
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊 𝑊 𝑊
30 𝑚. 𝐾 × 1 𝑚2 40 𝑚. 𝐾 × 0,5 𝑚2 20 𝑚. 𝐾 × 0,5 𝑚2
Para os circuitos paralelos, temos:
1 1 1 1 1 1 1 𝐾
= + + = + + = 1200 ⟹ 𝑅𝑏𝑐𝑑 = 0,000833
𝑅𝑏𝑐𝑑 𝑅𝑏 𝑅𝑐 𝑅𝑑 0,0025 0,003333 0,002 𝑊
1 1 1 1 1 1 𝐾
= + + = + = 90 ⟹ 𝑅𝑏𝑐𝑑 = 0,002667
𝑅𝑓𝑔 𝑅𝑓 𝑅𝑔 𝑅𝑑 0,004 0,008 𝑊
Para os circuitos em série:
𝐾
𝑅𝑡 = 𝑅𝑎 + 𝑅𝑏𝑐𝑑 + 𝑅𝑒 + 𝑅𝑓𝑔 = 0,0003 + 0,00833 + 0,001 + 0,002667 = 0,0048
𝑊
Portanto,
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (1000 − 100) 𝐾
𝑞̇ = = = 187.500 𝑊
𝑅𝑡 𝐾
0,0048 𝑊

2.7. CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE CONFIGURAÇÕES CILÍNDRICAS

Consideremos um cilindro vazado submetido à uma diferença de temperatura entre a superfície interna e a superfície externa, como
ilustra a Figura 2-9. Se a temperatura de toda a superfície interna for constante e igual a T1, enquanto que a temperatura de toda a
superfície externa se mantém constante e igual a T2, teremos uma transferência de calor por condução unidimensional e no regime
permanente. Como exemplo, analisemos a transferência de calor em uma tubulação de comprimento L que conduz vapor em alta
temperatura. Neste caso calor é transferido de dentro para fora.

Figura 2-9
O fluxo de calor que atravessa a parede cilíndrica poder ser obtido através da equação de Fourier, ou seja:

22
̇ 𝒅𝑻
Equação 2-16 𝒒̇ = −𝒌 . 𝑨 . 𝒅𝒓
𝑑𝑇
Onde ( ) é o gradiente de temperatura na direção radial
𝑑𝑟
Para configurações cilíndricas a área é uma função do raio:
Equação 2-17 𝑨 = 𝟐 .𝝅 .𝒓 .𝑳
Levando a Equação 2-17 na Equação 2-16, obtemos:
̇ 𝑑𝑇
𝑞̇ = −𝑘 . 2 . 𝜋 . 𝑟 . 𝐿 .
𝑑𝑟
Considerando regime permanente (𝑞̇ é constante), fazendo a separação de variáveis e integrando entre de r1 a r2 e de T1 a T2, conforme
condições da Figura 2-9, chega-se a:
𝑟2 𝑇2
𝑑𝑟
𝑞̇ . ∫ = −𝑘 . 2 . 𝜋 . 𝐿 . ∫ 𝑑𝑇
𝑟1 𝑟 𝑇1

𝑞̇ . (ln 𝑟2 − ln 𝑟1 ) = −𝑘 . 2 . 𝜋 . 𝐿 . (𝑇2 − 𝑇1)


Utilizando propriedades dos logaritmos e usando o sinal “-“ para inverter o ΔT, obtemos:
𝑟
𝑞̇ . ln( 2⁄𝑟1 ) = 𝑘 . 2 . 𝜋 . 𝐿 . (𝑇1 − 𝑇2 )
O fluxo de calor através de uma parede cilíndrica será então:
𝑘 .2 .𝜋 .𝐿
Equação 2-18 𝑞̇ = 𝑟 . 𝛥𝑇
𝑙𝑛( 2⁄𝑟1 )

Para melhor entender o significado da Equação 2-18 consideremos um exemplo prático. Suponhamos que o engenheiro responsável
pela linha de distribuição de vapor em uma empresa necessita reduzir as perdas térmicas da tubulação por razões econômicas
(economizar energia nas caldeiras que produzem o vapor). Considerando os termos da Equação 2-18, o engenheiro tem, por exemplo,
as opções listadas na Tabela 2-3.

Tabela 2-3
Var Sentido Ação Explicação
Na Equação 2-18 quanto menor a condutividade (k), menor a
k Diminuir Utilização de material de baixa condutividade
transferência de calor (q̇ )
𝒓𝟐 Aumentar o 𝑟2 ⁄𝑟1 é o mesmo que aumentar a Na Equação 2-18 quanto maior a espessura da tubulação, menor
Aumentar
𝒓𝟏 espessura da parede da tubulação a transferência de calor (q̇ )
Na Equação 2-18 quanto menor o comprimento (L), menor a
L Diminuir Diminuir o comprimento da tubulação
transferência de calor (q̇ )
Na Equação 2-18 quanto menor a diferença de temperatura
ΔT Diminuir Diminuir a diferença de temperatura
(∆𝑻), menor a transferência de calor (q̇ )
Comentário: Obviamente o engenheiro teria dificuldade em diminuir o comprimento da tubulação (L), e a diferença de temperatura
(∆𝑻), que são itens inerentes ao projeto. A melhor solução de engenharia seria trabalhar no isolamento térmico do tubo, reduzindo
a condutividade térmica e aumentando a espessura do isolante, considerando também o aspecto de custo versus benefício.

O conceito de resistência térmica também pode ser aplicado à parede cilíndrica. Devido à analogia com a eletricidade, um fluxo de calor
na parede cilíndrica também pode ser representado como:
𝑘 . 2 . 𝜋 . 𝑟. 𝐿 𝛥𝑇 𝛥𝑇
𝑞̇ = 𝑟2 . 𝛥𝑇 = 𝐫𝟐 =
𝑙𝑛( ⁄𝑟1 ) 𝑙𝑛( ⁄𝐫𝟏 ) 𝑅
𝑘 .2 .𝜋 .𝐿
Então para a parede cilíndrica, a resistência térmica é:

23
𝒓
𝒍𝒏( 𝟐⁄𝒓𝟏 )
Equação 2-19 𝑹= 𝒌 .𝟐 .𝝅 .𝑳
Para o caso geral em que temos uma associação de paredes “n” cilíndricas associadas em série, por analogia com paredes planas, o fluxo
de calor é dado por:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅𝑡 = 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ . + 𝑅𝑛
𝑅𝑡

Paredes cilíndrica associadas em paralelo não são comuns, mas também seria tratado de maneira similar ao caso das paredes planas:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 1 1 1
𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒: = +
𝑅𝑡 𝑅𝑡 𝑅1 𝑅2

2.8. CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE CONFIGURAÇÕES ESFÉRICAS

Uma das utilizações mais frequentes das configurações esféricas na indústria é na armazenagem de fluidos em baixa temperatura. Devido
a uma maior relação volume/superfície da esfera, os fluxos de calor são minimizados.
Consideremos uma esfera oca submetida à uma diferença de temperatura entre a superfície interna e a superfície externa, como pode
ser visto na Figura 2-10. Se a temperatura da superfície interna for constante e igual a T1, enquanto que a temperatura da superfície
externa se mantém constante e igual a T2, teremos uma transferência de calor por condução no regime permanente. Como exemplo
analisemos a transferência de calor em um reservatório esférico de raio r que contém um fluido em alta temperatura:

Figura 2-10
O fluxo de calor que atravessa a parede esférica poder ser obtido através da equação de Fourier, ou seja:
̇ 𝒅𝑻
Equação 2-20 𝒒̇ = −𝒌 . 𝑨 . 𝒅𝒓
𝑑𝑇
Onde ( ) é o gradiente de temperatura na direção radial
𝑑𝑟
Para configurações esféricas a área é uma função do raio:

Equação 2-21 𝑨 = 𝟒 . 𝝅 . 𝒓𝟐
Levando a Equação 2-21 na Equação 2-20, obtemos:
̇ 𝑑𝑇
𝑞̇ = −𝑘 . 4 . 𝜋 . 𝑟 2 .
𝑑𝑟
Considerando regime permanente (𝑞̇ é constante), fazendo a separação de variáveis e integrando entre de r1 a r2 e de T1 a T2, conforme
condições da Figura 2-10, chega-se a:
𝑟2 𝑇2
𝑑𝑟
𝑞̇ . ∫ = −𝑘 . 4 . 𝜋 . ∫ 𝑑𝑇
𝑟1 𝑟2 𝑇1
𝑟2 𝑇2
𝑞̇ . ∫ 𝑟 −2 𝑑𝑟 = −𝑘 . 4 . 𝜋 . ∫ 𝑑𝑇
𝑟1 𝑇1

𝑞̇ . [−𝑟2−1 − (−𝑟1−1 )] = −𝑘 . 4 . 𝜋 . (𝑇2 − 𝑇1 )

24
Manipulando e usando o sinal “-“ para inverter o ΔT, obtemos:
1 1
𝑞̇ . (− + ) = 𝑘 . 4 . 𝜋 . (𝑇1 − 𝑇2 )
𝑟2 𝑟1
1 1
𝑞̇ . ( − ) = 𝑘 . 4 . 𝜋 . ∆𝑇
𝑟1 𝑟2
O fluxo de calor através de uma parede esférica será então:
𝑘 .4 .𝜋
Equação 2-22 𝑞̇ = 1 1 . ∆𝑇
(𝑟 −𝑟 )
1 2

Para melhor entender o significado da Equação 2-22 consideremos um exemplo prático. Suponhamos que o engenheiro responsável um
reservatório esférico em uma empresa necessita reduzir as perdas térmicas pelas paredes do reservatório por razões econômicas
(economizar energia). Considerando os termos da Equação 2-22, o engenheiro tem, por exemplo, as opções listadas na Tabela 2-4.
Tabela 2-4
Var Sentido Ação Explicação
Utilização de material de baixa Na Equação 2-22 quanto menor a condutividade (k), menor
k Diminuir
condutividade a transferência de calor (q̇ )
𝟏 𝟏 Aumentar esta relação é o mesmo que Na Equação 2-22 quanto maior a espessura da tubulação,
− Aumentar
𝒓𝟏 𝒓𝟐 aumentar a espessura da parede menor a transferência de calor (q̇ )
Na Equação 2-22 quanto menor a diferença de temperatura
ΔT Diminuir Diminuir a diferença de temperatura
(∆𝑻), menor a transferência de calor (q̇ )
Comentário: Obviamente o engenheiro teria dificuldade em diminuir a diferença de temperatura (∆𝑻), que é uma necessidade
inerente ao projeto. A melhor solução de engenharia seria trabalhar com o isolamento térmico do reservatório, reduzindo a
condutividade térmica e aumentando a espessura do isolante, considerando também o aspecto de custo versus benefício.

O conceito de resistência térmica também pode ser aplicado à parede esférica. Devido à analogia com a eletricidade, um fluxo de calor
na parede esférica também pode ser representado como:
𝑘 .4 .𝜋 𝛥𝑇 𝛥𝑇
𝑞̇ = . ∆𝑇 = =
1 1 1 1 𝑅
( − ) ( − )
𝑟1 𝑟2 𝑟1 𝑟2
𝑘 .4 .𝜋
Então para a parede esférica, a resistência térmica é:
𝟏 𝟏
(𝒓 −𝒓 )
𝟏 𝟐
Equação 2-23 𝑹= 𝒌 .𝟒 .𝝅
Para o caso geral em que temos uma associação de “n” paredes esféricas associadas em série, por analogia com paredes planas, o fluxo
de calor é dado por:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅𝑡 = 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ . + 𝑅𝑛
𝑅𝑡
Paredes esféricas associadas em paralelo não são comuns, mas também seria tratado de maneira similar ao caso das paredes planas:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 1 1 1
𝑞̇ = 𝑜𝑛𝑑𝑒: = +
𝑅𝑡 𝑅𝑡 𝑅1 𝑅2

Exercícios Resolvidos

Exercício R.2.5. Uma tubulação industrial tem a configuração de parede cilíndrica, composta de três camadas de diferentes materiais
(tubo de metal, isolante e revestimento), conforme esquema simplificado da figura abaixo. Sendo fornecidos os dados abaixo, calcular:
25
a) o fluxo de calor transferido por metro de comprimento do tubo
,b) a temperatura na interface entre a camada isolante e a camada de revestimento
𝑟1 = 90 𝑚𝑚 = 0,09 𝑚 𝑟2 = 100 𝑚𝑚 = 0,10 𝑚
𝑟3 = 120 𝑚𝑚 = 0,12 𝑚 𝑟2 = 130 𝑚𝑚 = 0,13 𝑚
𝑘𝐴 = 22,0 𝑊⁄𝑚. 𝐾 (tubo metálico)
𝑘𝐵 = 0,051 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 (camada isolante)
𝑘𝐴 = 0,212 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 (camada de revestimento)
𝑇1 = 210 °𝐶 (superfície interna do tubo)
𝑇2 = 30 °𝐶 (superfície externa do revestimento)

a) considerando um comprimento do duto de um metro (L = 1 m), temos:


𝑟 0,10
ln (𝑟2 ) ln (0,09) 𝐾
1
𝑅𝐴 = = = 0,000762
𝑘𝐴 . 2. 𝜋. 𝐿 22,0 𝑊 × 2 × 𝜋 × 1𝑚 𝑊
𝑚. 𝐾
0,12 0,13
ln (0,10) 𝐾 ln (0,12) 𝐾
𝑅𝐵 = = 0,569 𝑅𝐶 = = 0,0601
𝑊 𝑊 𝑊 𝑊
0,051 𝑚. 𝐾 × 2 × 𝜋 × 1𝑚 0,212 𝑚. 𝐾 × 2 × 𝜋 × 1𝑚
Todas as resistências estão em série:
𝑅𝑡 = 𝑅𝐴 + 𝑅𝐵 + 𝑅𝐶 = 0,000762 + 0,569 + 0,0601 = 0,630 K/W
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑇1 −𝑇2 210−30
𝑞̇ = = = = 285,7 𝑊
𝑅𝑡 𝑅𝑡 0,630
b) para calcular a temperatura de interface isolante/revestimento usamos a analogia com a eletricidade, de modo que o fluxo de calor
calculado no item anterior pode ser expresso como:

𝑇𝑖𝑛𝑡 − 𝑇2 𝑇𝑖𝑛𝑡 − 30
𝑞̇ = ⟹ 285,7 = ⟹ 𝑇𝑖𝑛𝑡 = 47,2 °𝐶
𝑅𝐶 0,0601
Observe que também poderia ser usada a expressão abaixo para obter o mesmo resultado
𝑇1 − 𝑇𝑖𝑛𝑡 210 − 𝑇𝑖𝑛𝑡
𝑞̇ = ⟹ 285,7 = ⟹ 𝑇𝑖𝑛𝑡 = 47,2 °𝐶
𝑅𝐴 + 𝑅𝐵 0,000762 + 0,569

Exercício R.2.6. Um tanque de aço (k=40 Kcal/h.m.°C), de formato esférico e raio interno de 0,5 m e espessura de 5 mm, é isolado com
1½" de lã de rocha (k=0,04 Kcal/h.m.°C). A temperatura da face interna do tanque é 220 °C e a da face externa do isolante é 30 °C. Após
alguns anos de utilização, a lã de rocha foi substituída por outro isolante, também de 1½" de espessura. Foi então notado um aumento
de 10% no calor perdido para o ambiente (mantiveram-se as demais condições). Determinar:
a) fluxo de calor pelo tanque isolado com lã de rocha;
b) o coeficiente de condutividade térmica do novo isolante;
c) qual deveria ser a espessura (em polegadas) do novo isolante para que se tenha o mesmo fluxo de calor que era trocado com a lã de
rocha. 𝑟1 = 0,5 𝑚
𝑟2 = 0,5 + 0,005 = 0,505 𝑚
𝑟3 = 0,505 + 1,5" × 0,0254 = 0,5431𝑚
𝑘1 = 40 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚. °𝐶
𝑘2 = 0,04 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚. °𝐶
𝑇1 = 220 °𝐶 𝑇2 = 30 °𝐶

a) no caso, temos duas resistências térmicas de parede esférica associadas em série:

26
(1⁄0,5−1⁄0,505) (1⁄𝑟 −1⁄𝑟 ) (1⁄ 1
𝐶𝐷 (1⁄𝑟1−1⁄𝑟2 ) ℎ.°𝐶 𝐶𝐷 2 3 0,505− ⁄0,5431) ℎ.°𝐶
𝑅𝑎ç𝑜 = 𝑘1 .4.𝜋
= 40× 4×𝜋
= 0,0000394 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑅𝑖𝑠𝑜 = 𝑘2.4.𝜋
= 0,04× 4×𝜋
= 0,2764 𝑘𝑐𝑎𝑙
Observando que a resistência do aço é muito menor que a do isolante, podemos calcular o fluxo de calor assim:
𝑇3 − 𝑇1 (220 − 30) °𝐶 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = 𝐶𝐷 𝐶𝐷 = = 687,41
𝑅𝑎ç𝑜 + 𝑅𝑖𝑠𝑜 ℎ. °𝐶 ℎ
(0,0000394 + 0,2764)
𝑘𝑐𝑎𝑙
b) levando em conta a elevação de 10% no fluxo de calor, após a troca do isolamento:
𝑞′̇ = 1,1 × 𝑞̇ = 1,1 × 687,41 = 756,15 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
Somente a resistência térmica da parede isolante é alterada. Com novo fluxo de calor é possível calcular o seu novo valor:
𝑇3 − 𝑇1 𝑇3 − 𝑇1 220 − 30 ℎ. °𝐶
𝑞′̇ = 𝐶𝐷 ⟹ 𝑅′ 𝐶𝐷
𝑖𝑠𝑜 =
𝐶𝐷
− 𝑅𝑎ç𝑜 = − 0,0000394 = 0,2512
′ 𝐶𝐷
𝑅𝑎ç𝑜 + 𝑅 𝑖𝑠𝑜 𝑞 ̇ ′ 756,15 𝑘𝑐𝑎𝑙
A partir do valor da nova resistência pode ser calculada a condutividade do novo isolante:
(1⁄𝑟2 − 1⁄𝑟3 ) (1⁄0,505 − 1⁄0,5431 ) 𝑘𝑐𝑎𝑙
′ 𝐶𝐷
𝑅𝑖𝑠𝑜 = ⟹ 0,2512 = ⟹ 𝑘′ 2 = 0,044
𝑘′2 . 4. 𝜋 ′
𝑘2× 4×𝜋 ℎ. 𝑚. °𝐶
c) para obter o mesmo fluxo de calor de antes, a resistência do isolante deve ter o mesmo valor de antes. Como o novo isolante é de pior
qualidade (maior condutividade), será necessário usar uma maior espessura isolante:

(1⁄𝑟2 − 1⁄ ) (1⁄0,505 − 1⁄ )
𝑟′3 𝑟′ 3
𝐶𝐷
𝑅𝑖𝑠𝑜 = ⟹ 0,2764 = ⟹ 𝑟′ 3 = 0,5472 𝑚
𝑘′2 . 4. 𝜋 0,044 × 4 × 𝜋
A nova espessura é calculada pela diferença de raios;
𝑒 = 𝑟′ 3 − 𝑟2 = 0,5472 − 0,505 = 0,0422 𝑚 = 4,22 𝑐𝑚 = 1,66"

Exercícios Propostos:

Exercício P.2.1. Em uma indústria farmacêutica, pretende-se dimensionar uma estufa. Ela terá a forma cúbica de 1 m de lado e será
construída de aço (k = 40 kcal/h.m.°C), com 10 mm de espessura, isolada com lã de vidro (k= 0,08 kcal/h.m.°C) e revestida com plástico
(k= 0,2 kcal/h.m.°C) de 10 mm de espessura. O calor será inteiramente gerado por resistências elétricas de 100 , pelas quais passará
uma corrente de 10 A (Potência Gerada = R . i2 ). Não pode ser permitida uma perda de calor superior a 10 % do calor gerado. Sabendo-
se que as temperaturas nas faces das paredes, interna e externa, são respectivamente 300 °C e 20 °C, pede-se:
a) a resistência térmica exigida na parede da estufa;
b) a espessura da lã de vidro. Dado: 1 W = 0,86 Kcal/h
o
Respostas: a) 0,326 h. C/Kcal b) 152,1 mm

Exercício P.2.2. Um reservatório metálico (k = 52 W/m.K), de formato esférico, tem diâmetro interno 1,0 m, espessura de 5 mm, e é
isolado com 20 mm de fibra de vidro (k = 0,034 W/m.K). A temperatura da face interna do reservatório é 200 °C e a da face externa do
isolante é 30 °C. Após alguns anos de utilização, a fibra de vidro foi substituída por outro isolante, mantendo a mesma espessura de
isolamento. Após a troca do isolamento, notou-se uma elevação de 15% na transferência de calor, bem como uma elevação de 2,5 °C na
temperatura da face externa do isolante. Determinar:
a) o fluxo de calor antes da troca do isolamento;
b) o coeficiente de condutividade térmica do novo isolante;
c) qual deveria ser a espessura do novo isolamento para que as condições de temperatura e fluxo voltassem a ser as mesmas de antes.
Respostas: a) 962,7 W b) 0,040 W/m.K c) 23,5 mm

Exercício P.2.3. Um tubo de aço (k = 35 kcal/h.m.°C) tem diâmetro externo de 3”, espessura de 0,2”, 150 m de comprimento e transporta
amônia a -20 °C (resistência de convecção desprezível). Para isolamento do tubo existem duas opções: isolamento de espuma de
borracha (k = 0,13 kcal/h.m.°C) de 3” de espessura e isolamento de isopor (k = 0,24 kcal/h.m.°C) de 2” de espessura. Por razões de ordem
técnica o máximo fluxo de calor não pode ultrapassar 7000 Kcal/h. Sabendo que a temperatura na face externa do isolamento é 40 °C,
pede-se:
a) as resistências térmicas dos isolantes;
27
b) calcule o fluxo de calor para cada opção e diga qual isolamento deve ser usado;
c) para o que não servir, calcule qual deveria ser a espessura mínima para atender o limite de fluxo de calor.
Respostas: a) 0,00897 h.°C/Kcal e 0,00375 h.°C/Kcal b) 6685,7 Kcal/h 15981,7 Kcal/h c) 8,9”

Exercício P.2.4. Um forno de 6 m de comprimento, 5m de largura e 3 m de altura tem sua parede constituída de 3 camadas. A camada
interna de 0,4 m é de tijolos refratários (k=1,0 kcal/h.m.°C). A camada intermediária de 0,30 m tem a metade inferior de tijolos especiais
(k=0,20 kcal/h.m.°C) e a metade superior de tijolos comuns (k=0,40 kcal/h.m.°C). A camada externa de 0,05m é de aço (k=30 kcal/h.m.°C).
Sabendo-se que a superfície interna está a 1700 °C e a superfície externa está a 60 °C. Pede-se:
a) o fluxo de calor pela parede, desprezando o piso e o teto do forno.
b) considerando que após, alguns anos o fluxo de calor aumentou 10 % devido ao desgaste da camada de refratários. Calcular este
desgaste supondo que o mesmo foi uniforme em todo o forno e que a temperaturas são as mesmas.
Respostas: a) 77222 Kcal/h b) 12,7 cm

Exercício P.2.5. Uma longa camada isolante de 9 mm de espessura é utilizada como isolante térmico de um equipamento. A camada
isolante é composta de borracha e possui um grande número de vazios internos de seção quadrada e preenchidos com ar parado,
conforme mostra o esquema na figura abaixo. A condutividade térmica da borracha é 0,097 W/m.K e a condutividade térmica do ar
parado é 0,022 W/m.K. Considerando que a temperatura da face quente da camada é 120 °C e a da face fria é 45 °C, determine:
a) a fluxo de calor transferido por unidade de área da camada isolante;
b) a percentagem de variação do fluxo de calor caso a camada isolante seja substituída por outra de borracha maciça de mesma
espessura.

3 mm
3 mm
3 mm

3 mm
Ar parado
Borracha 3 mm
Respostas: a) 667,96 W b) +21%

Exercício P.2.7. (Questão ENADE 2014). Um ambiente termicamente confortável é uma das condições que devem ser consideradas em
projetos de edificações. A fim de projetar um ambiente interno com temperatura de 20 °C para uma temperatura externa média de 35
°C, um engenheiro considerou um fluxo de calor através de uma parede externa de 105 W/m2, conforme a figura abaixo

A fim de se obter a temperatura interna desejada, qual deve ser o material selecionado, entre os apresentados na tabela acima, para
composição da parede externa.
Resposta: Concreto

28
3. FUNDAMENTOS DA CONVECÇÃO

3.1. MECANISMO DA CONVECÇÃO

A convecção pode ser definida como o processo pelo qual energia é transferida das porções quentes para as porções frias de um fluido
através da ação combinada de: condução de calor, armazenamento de energia e movimento de mistura.
O mecanismo da convecção pode ser mais facilmente entendido considerando, por exemplo, um circuito impresso (chip) sendo
refrigerado por um fluxo de ar ventilado, como mostra a Figura 3-1:

Figura 3-1

No exemplo da Figura 3-1, a velocidade da camada de ar próxima à superfície tende a zero em razão das forças viscosas (atrito). Nesta
região o calor pode ser transferido por condução (meio estacionário). Ocorre, portanto, um armazenamento de energia pelas partículas
presentes nesta região. Na medida que estas partículas passam para a região de velocidade mais alta, devido ao movimento aleatório
das mesmas, elas são carreadas pelo fluxo de ar, transferindo calor para as partículas mais frias.
No caso acima dizemos que a convecção foi forçada, pois o movimento de mistura foi induzido por um agente externo, no caso um
ventilador.
Suponhamos que o ventilador seja retirado. Neste caso, as partículas que estão próximas à superfície continuam recebendo calor por
condução e armazenando a energia. Estas partículas têm sua temperatura elevada e, portanto, a densidade reduzida. Já que são mais
leves elas sobem trocando calor com as partículas mais frias (e mais pesadas) que descem. Neste caso dizemos que a convecção é natural
e o movimento do fluido é causado por forças de flutuação induzidas pelas diferenças de densidade causadas por diferenças de
temperatura no fluido. É óbvio que, na convecção forçada, a quantidade de calor transferida é maior na convecção natural.
Um exemplo bastante conhecido de convecção natural é movimento do ar no interior de uma geladeira, como mostrado na Figura 3-2.
Neste caso, o ar frio proveniente do freezer desce, trocando calor com os alimentos. À medida que a temperatura do ar aumenta, pela
troca de calor e pela absorção do calor que entra pelas paredes, o mesmo volta a subir para transferir este calor novamente no freezer
e reiniciar o processo.

Figura 3-2

3.2. LEI BÁSICA DA CONVECÇÃO

O calor transferido por convecção, na unidade de tempo, entre uma superfície e um fluido em diferentes temperaturas, pode ser
calculado através da relação proposta por Isaac Newton:

Equação 3-1 𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . ∆𝑇
29
𝑞̇: fluxo de calor transferido por convecção (W, kcal/h Btu/h)
𝐴: área de transferência de calor da superfície para o fluido (m2, ft2)
∆𝑇: diferença de temperatura entre a superfície (𝑇𝑆 ) e o fluido (𝑇∞ ) em um local bastante afastado da superfície (K, °C, °F)
ℎ: coeficiente de transferência de calor por convecção ou coeficiente de película
A Figura 3-3 ilustra o perfil de temperatura e o ∆𝑇 para o caso de um fluido escoando sobre uma parede aquecida ou resfriada.
Observamos que existe uma película, a ser discutida no próximo item, onde ocorrem as variações de temperatura.

Figura 3-3
A simplicidade da equação de Newton é ilusória, pois ela não explícita as dificuldades envolvidas no estudo da convecção, servindo
apenas como uma definição do coeficiente de película (h). O coeficiente de película é, na realidade, uma função complexa do escoamento
do fluido, das propriedades físicas do meio fluido e da geometria do sistema. Seu valor numérico não é, em geral, uniforme sobre a
superfície. Por isto utiliza-se um valor médio para a superfície. A partir da Equação 3-1, podem ser obtidas as unidades do coeficiente
de película.
𝑞̇
𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . ∆𝑇 ⟹ ℎ=
𝐴 . ∆𝑇
𝑊
No SI: [ℎ ] =
𝑚2 .𝐾
𝐾𝑐𝑎𝑙/ℎ 𝐾𝑐𝑎𝑙
No Sistema Métrico: [ℎ] = =
𝑚2 . °𝐶 ℎ.𝑚2 .°𝐶
𝐵𝑡𝑢/ℎ 𝐵𝑡𝑢
No Sistema Inglês: [𝑘 ] = =
𝑓𝑡 2 . °𝐹 ℎ. 𝑓𝑡 2 . °𝐹

A Tabela 3-1 mostra, para diversos meios, ordens de grandeza do coeficiente de película em unidade do sistema internacional:

Tabela 3-1
Condição de Transferência de Calor h (W/m2.K)
Convecção natural no ar 5 a 30
Convecção natural na água 30 a 100
Convecção forçada no ar 30 a 300
Convecção forçada em óleo leve 60 a 1.800
Convecção forçada na água 300 a 18.000
Água evaporando ou condensando 3.000 a 120.000

3.3. CAMADA LIMITE

Quando um fluido escoa ao longo de uma superfície, seja o escoamento em regime laminar ou turbulento, as partículas na vizinhança
da superfície são desaceleradas em virtude das forças viscosas. A porção de fluido contida na região de variação substancial de
velocidade, ilustrada na Figura 3-4, é denominada de camada limite hidrodinâmica ().

30
Figura 3-4
Consideremos agora o escoamento de um fluido ao longo de uma superfície quando existe uma diferença de temperatura entre o fluido
e a superfície. Neste caso, O fluido contido na região de variação substancial de temperatura é chamado de camada limite térmica (t).
Por exemplo, analisemos a transferência de calor para o caso de um fluido escoando sobre uma superfície aquecida, como mostra a
Figura 3-5. Para que ocorra a transferência de calor por convecção através do fluido é necessário um gradiente de temperatura (camada
limite térmica) em uma região de baixa velocidade (camada limite hidrodinâmica).

Figura 3-5
O mecanismo da convecção pode então ser entendido como a ação combinada de condução de calor na região de baixa velocidade onde
existe um gradiente de temperatura e movimento de mistura na região de alta velocidade. Portanto, na região de baixa velocidade a
condução é mais importante, por outro lado, a região de alta velocidade a mistura entre o fluido mais quente e o mais frio contribui
substancialmente para a transferência de calor.
Na camada limite térmica tem-se, portanto, elevados gradientes de temperatura e pode-se dizer que o estudo do fenômeno da
convecção se reduz ao estudo da condução através da mesma. Portanto, considerando a camada limite térmica como uma "parede"
hipotética de espessura t e condutividade térmica kt, temos:
Fluxo de calor por condução (Equação 2-4) na camada limite térmica:
𝑘𝑡 .𝐴
Equação 3-2 𝑞̇ = . Δ𝑇
𝛿𝑡
Pela equação de Newton (Equação 3-1), temos que o fluxo de calor por convecção:
Equação 3-3 𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . Δ𝑇
Igualando a Equação 3-2 e a Equação 3-3, obtemos:
𝑘𝑡 . 𝐴
. Δ𝑇 = ℎ . 𝐴 . Δ𝑇
𝛿𝑡
𝒌𝒕
Equação 3-4 𝒉= 𝜹𝒕
Embora essa imagem seja consideravelmente simplificada, a Equação 3-4 mostra que o coeficiente de película é inversamente
proporcional à espessura da camada limite térmica. Desta forma, pode entendida, por exemplo, a ação de um ventilador. O aumento da
velocidade do fluido causado pela rotação das pás resulta aumento da velocidade de escoamento e, como consequência, em redução
da camada limite térmica sobre a nossa pele. A Equação 3-4 mostra que isto resulta em uma elevação do coeficiente de película. Esta

31
elevação do coeficiente de película é responsável pelo aumento da transferência de calor por convecção, conforme Equação 3-1, e pela
consequente sensação de alívio do calor.

3.4. DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PELÍCULA

Como visto anteriormente, o coeficiente h é uma função complexa de uma série de variáveis dos seguintes tipos (unidades no SI):
• Dimensão Característica
L: é a dimensão que domina o fenômeno da convecção. Exemplo: diâmetro de um tubo, altura de uma placa, etc. (m)
• Propriedades Físicas do Fluido
: viscosidade dinâmica do fluido (N.s/m2)
: massa específica (densidade) do fluido (kg/m3)
c: calor específico do fluido (J/kg.K)
k: condutividade térmica do fluido (W/m.K)
: coeficiente de expansão volumétrica (1/K)
• Estado de Movimento do Fluido
V: velocidade do fluido (m/s)
g: aceleração da gravidade (m/s2)
T: diferença de temperatura entre a superfície e o fluido (K)
Logo, o coeficiente de película é uma função das seguintes variáveis:

ℎ = 𝑓 (𝐿, 𝜇, 𝜌, 𝑐, 𝑘, 𝛿, 𝑉, 𝑔, Δ𝑇 … )
Uma fórmula que levasse em conta todos estes parâmetros seria extremamente complexa. O problema é, então, contornado dividindo-
se o estudo em casos particulares. Por exemplo, o estudo da convecção pode ser subdividido em convecção forçada ou natural. A
convecção forçada pode ser em parede plana ou cilíndrica. A parede plana pode horizontal ou vertical, etc.
Para cada caso particular são obtidas equações empíricas através da técnica de análise dimensional combinada com experiências, onde
os coeficientes de película são calculados a partir de equações empíricas obtidas correlacionando-se os dados experimentais com o
auxílio da análise dimensional. Os resultados são obtidos na forma de equações dimensionais conforme o regime de escoamento:

• Para Convecção Forçada a equação é do tipo:


𝑁𝑢 = 𝑓 (𝑅𝑒 , 𝑃𝑟)
ℎ. 𝐿 𝜌 .𝑉 .𝐿 𝑐𝑝 .𝜇
Onde, 𝑁𝑢𝑠𝑠𝑒𝑙𝑡: 𝑁𝑢 = 𝑘
𝑅𝑒𝑦𝑛𝑜𝑙𝑑𝑠: 𝑅𝑒 = 𝜇
𝑃𝑟𝑎𝑛𝑑𝑡; 𝑃𝑟: 𝑘

• Para Convecção Natural a equação é do tipo:


𝑁𝑢 = 𝑓 (𝐺𝑟 , 𝑃𝑟)
𝐷3 . 𝛿 . 𝑔 . ∆𝑇
Onde, 𝐺𝑟𝑎𝑠ℎ𝑜𝑓: 𝐺𝑟 = 𝜇2

Os exemplos a seguir ilustram algumas equações dimensionais utilizadas em alguns casos específicos:

Exemplo 1: Escoamento forçado de um fluido no interior de um tubo de diâmetro D no regime de escoamento turbulento (Re > 3300).
Neste caso, usamos a seguinte equação:
𝑁𝑢 = 0,023 . 𝑅𝑒 0,8 . 𝑃𝑟 𝑛
𝑛 = 0,3 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑓𝑟𝑖𝑎𝑛𝑑𝑜
Onde, {
𝑛 = 0,4 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑞𝑢𝑒𝑐𝑒𝑛𝑑𝑜

32
Exemplo 2: Convecção natural sobre placas verticais de altura L e cilindros de grande diâmetro e altura D e quando Gr.Pr < 108. Neste
caso, usamos a seguinte equação:
𝑁𝑢 = 0,56 . (𝐺𝑟 , 𝑃𝑟)0,25

Exercícios Resolvidos

Exercício R.3.1. Em uma placa plana horizontal de 150 mm de comprimento e 100 mm de largura a temperatura deve ser mantida em
135 °C, por meio de aquecimento elétrico, enquanto que o ar ambiente está a 25 °C. Para estas condições específicas, sabe-se que o
número de Grashof é 2,2 x 107 e o número de Prandt é 0,7. Sabendo que a equação empírica, obtida com o auxílio da análise dimensional,
que descreve a convecção natural (regime laminar) em uma placa plana é dada pela equação abaixo:
1⁄ 1⁄ ℎ. 𝐿
𝑁𝑢 = 0,555 . 𝐺𝑟 4 . 𝑃𝑟 4 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝑁𝑢 = (𝐿: comprimento da placa)
𝑘
Calcular o fluxo de calor por transferido por convecção, por ambos lados da placa, para o ar
atmosférico, considerando a condutividade térmica do ar igual a 0,026 Kcal/h.m.°C.
Resolução:
No caso, a dimensão característica (L) é comprimento da placa: L = 0,15 m
O coeficiente de película do ar em volta da placa é calculado a partir da equação dimensional
1 1
𝑁𝑢 = 0,555 . 𝐺𝑟 ⁄4 . 𝑃𝑟 ⁄4
ℎ × 0,15 𝑚 1 1 𝑘𝑐𝑎𝑙
= 0,555 × (2,2 × 10−7 ) ⁄4 × (0,7) ⁄4 ⟹ ℎ = 6,03
0,026
𝑘𝑐𝑎𝑙 ℎ. 𝑚2 . °𝐶
ℎ. 𝑚. °𝐶
O fluxo de calor por convecção é obtido pela equação de Newton:
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . Δ𝑇 = 6,03 × [2 × (0,10 × 0,15)]𝑚2 × (135 − 25) °𝐶
ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑞̇ = 19,86 𝑘𝑐𝑎𝑙⁄ℎ

Exercício R.3.2. Em uma instalação industrial, ar quente a 300 °C flui sobre uma fina placa metálica plana, com velocidade de 36 km/h.
Como a placa contém alguns sensores, a mesma deve ser mantida a uma temperatura de 27 °C. Para isto, utiliza-se um sistema de
refrigeração composto por tubos sob a placa, por onde circula água de refrigeração. Considerando que a placa é quadrada, com 1,5 m
de lado, determine o fluxo de calor a ser extraído pelo sistema de refrigeração para manter a placa na temperatura de 27 °C.
Dados/Informações Adicionais para o Exercício:
- Considere regime permanente e despreze os efeitos da radiação e da condução.
- Para fluxo laminar (Re < 500.000) seguinte correlação adimensional é apropriada:
1⁄ 1⁄
𝑁𝑢 = 0,664 . 𝑅𝑒 2 . 𝑃𝑟 3
- Para fluxo turbulento (Re > 500.000) seguinte correlação adimensional é apropriada:
4⁄ 1⁄
𝑁𝑢 = 0,0296 . 𝑅𝑒 5 . 𝑃𝑟 3
ℎ. 𝐿
- Número de Nulsselt: 𝑁𝑢 = 𝐾
Onde: h: coeficiente de película W/m2.K), L: largura da placa (m) e k: condutividade térmica do ar (W/m.K)
𝑉. 𝐿
- Número de Reynolds: 𝑅𝑒 = 𝜐
Onde: V: velocidade do fluxo de ar (m/s) e : viscosidade cinemática do ar (m2/s)
- Número de Prandt: Pr (função da temperatura da película)
- As propriedades do ar e o número de Prandt são tabelados em função temperatura da película. Calculando a temperatura da película
(média entre a superfície o fluxo de ar), obtemos, em uma tabela de propriedades do ar, os seguintes dados:
𝑇𝑆 + 𝑇∞ 27 + 300
𝑇𝑝𝑒𝑙í𝑐𝑢𝑙𝑎 = = 163,5 °𝐶
2 2
33
• Condutividade térmica do ar: k = 0,0364 W/m.K
• Viscosidade cinemática do ar:  = 3,13 X 10-5 m2/s
• Número de Prandt: Pr = 0,687
Resolução:
V= 36 km/h = 10 m/s Ar Quente
L= 1,5 m
= 3,13E-05 m2/s
K= 3,64E-02 W/m.K
Tar = 300 °C 1,5 m
Tchapa = 27 °C
Pr = 0,687
Cálculo do número de Reynolds:
𝑉. 𝐿 10 ×1,5
𝑅𝑒 = = 3,13 × 10−5 = 479233,2
𝜐
Portanto, como Re < 500.000, a equação escolhida é:
1⁄ 1⁄
𝑁𝑢 = 0,664 . 𝑅𝑒 2 . 𝑃𝑟 3
1⁄ 1⁄
𝑁𝑢 = 0,664 . (479233,2) 2 . (0,687) 3 = 405,59
Com o número de Nulsselt, calculamos o coeficiente de película:
ℎ .𝐿 𝑁𝑢 . 𝑘 405,59 × 0,0364 𝑊
𝑁𝑢 = ⟹ ℎ= = = 9,84 2
𝑘 𝐿 1,5 𝑚 .𝐾
O fluxo de calor transferido por convecção para a placa é também o fluxo de calor que tem que ser extraído pelo sistema de refrigeração:
𝑊
𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 9,85 × . (1,5 × 1,5) 𝑚2 . (300 − 27) 𝐾
𝑚2 .𝐾
𝑞̇ = 6041,2 𝑊

3.5. RESISTÊNCIA TÉRMICA NA CONVECÇÃO

Como visto anteriormente, a expressão para o fluxo de calor transferido por convecção é dada pela Equação 3-1:
𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . ∆𝑇
Um fluxo de calor é também uma relação entre um potencial térmico e uma resistência:
∆𝑻
Equação 3-5 𝒒̇ = 𝑹
Igualando a Equação 3-1 e a Equação 3-5, obtemos a expressão para a resistência térmica na convecção:
∆𝐓
= ℎ . 𝐴 . ∆𝑇
𝐑
1
Equação 3-6 𝑅 = ℎ .𝐴
Note que, pela Equação 3-6, a resistência térmica da convecção diminui à medida que aumenta o coeficiente de película (h). Por exemplo,
quando nos colocamos em frente de um ventilador e, por consequência, elevamos o coeficiente de película em relação ao ar ambiente
devido à uma maior velocidade do ar em movimento, estamos aumentando o coeficiente de película e reduzindo a resistência da
convecção. Como resultado, aumentamos a transferência de calor por convecção.

3.6. MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR (CONDUÇÃO E CONVECÇÃO)

Consideremos uma parede plana situada entre dois fluidos a diferentes temperaturas, conforme ilustra a Figura 3-6. Se as temperaturas
T1 e T4 dos fluidos são constantes, será estabelecido um fluxo de calor constante através da parede (regime permanente).
34
Um bom exemplo desta condição é o fluxo de calor transferido de dentro de um forno de cozinha para o ambiente externo. Neste caso,
o calor é transferido por convecção até a face interna da parede plana, atravessa a parede plana do fogão por condução e se dissipa,
novamente por convecção, no ar ambiente.

Figura 3-6
Utilizando a equação de Newton para a convecção (Equação 3-1) e a equação para o fluxo de calor por condução em uma parede plana
(Equação 2-4), podemos obter as seguintes equações para o fluxo de calor transferido pelo forno em cada região específica:
Convecção interna: 𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . (𝑇1 − 𝑇2 )
𝑘 .𝐴
Condução na parede plana: 𝑞̇ = . (𝑇2 − 𝑇3)
𝐿
Convecção externa: 𝑞̇ = ℎ . 𝐴 . (𝑇3 − 𝑇4 )

Colocando as diferenças de temperatura nas equações acima em evidência e somando membro a membro, obtemos:
𝑞̇
(𝑇1 − 𝑇2 ) =
ℎ𝑖 . 𝐴
𝑞̇ . 𝐿
(𝑇2 − 𝑇3 ) =
𝑘. 𝐴
𝑞̇
(𝑇3 − 𝑇4 ) =
ℎ𝑒 . 𝐴
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑞̇ 𝑞̇ . 𝐿 𝑞̇
𝑇1 − 𝑇2 + 𝑇2 − 𝑇3 + 𝑇3 − 𝑇4 = + +
ℎ𝑖 . 𝐴 𝑘 . 𝐴 ℎ𝑒 . 𝐴
Eliminando as temperaturas T2 e T3 e colocando o fluxo de calor (𝑞̇) em evidência, obtemos:
𝟏 𝑳 𝟏
Equação 3-7 𝑻𝟏 − 𝑻𝟒 = 𝒒̇ . [𝒉 + 𝒌. 𝑨 + ]
𝒊 .𝑨 𝒉𝒆 .𝑨
Substituindo os valores das resistências térmicas em cada parede na Equação 3-7, obtemos o fluxo de calor na condição de convecção,
condução e convecção combinadas:
𝑇1 − 𝑇4 = 𝑞̇ . [𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 ]
𝑻𝟏 − 𝑻𝟒
𝒒̇ =
𝑹𝟏 + 𝑹𝟐 + 𝑹 𝟑
Portanto, também quando ocorre a ação combinada dos mecanismos de condução e convecção, a analogia com a eletricidade continua
válida; sendo que a resistência total é igual à soma das resistências que estão em série, não importando se por convecção ou condução.

35
Exercícios Resolvidos

Exercício R.3.3. Um forno industrial tem a configuração de paredes planas, conforme esquema simplificado da figura abaixo. Sendo
fornecidas as espessuras e as condutividade dos materiais das duas camadas da parede e os coeficientes de película interno e externo,
conforme figura abaixo, calcular:
𝐿1 = 40 𝑚𝑚 = 0,04 𝑚
a) o fluxo de calor transferido por unidade de área;
b) as temperaturas T2, T3 e T4. 𝐿2 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚
𝑊
𝑘1 = 22 𝑚.𝐾
𝑊
𝑘2 = 0,212
𝑚. 𝐾
𝑊
ℎ𝑖 = 30 𝑚 2 .𝐾
𝑊
ℎ𝑒 = 20 𝑚2.𝐾

𝑇1 = 210 °𝐶 𝑇2 = 30 °
Resolução:
a) Cálculo das resistências térmicas (duas de convecção e duas de condução) para uma área de 1 m2:
1 1 1 1
𝑅𝑖𝐶𝑉 = = = 0,0333 𝐾⁄𝑊 𝑅𝑒𝐶𝑉 = = = 0,0500 𝐾⁄𝑊
ℎ𝑖 .𝐴 30 𝑊⁄𝑚2 .𝐾 × 1 𝑚2 ℎ𝑖 .𝐴 20 × 1
𝐿 0,04 𝑚 𝐿 0,01
𝑅1𝐶𝐷 = = = 0,00182 𝐾⁄𝑊 𝑅2𝐶𝐷 = = = 0,0472 𝐾⁄𝑊
𝑘1 .𝐴 22 𝑊⁄𝑚.𝐾 × 1 𝑚2 𝑘2 .𝐴 0,212 × 1

𝑅𝑡 = 𝑅𝑖𝐶𝑉 + 𝑅1𝐶𝐷 + 𝑅2𝐶𝐷 + 𝑅𝑒𝐶𝑉 = 0,0333 + 0,00182 + 0,0472 + 0,0500 = 0,132 𝐾⁄𝑊
Cálculo do fluxo de calor:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑇1 − 𝑇4 (210 + 273) − (30 + 273) 𝐾
𝑞̇ = = = = 1363,6 𝑊
𝑅𝑡 𝑅𝑡 0,132 𝐾/𝑊
Obs.: note que para uma diferença de temperatura, os fatores de convecção (273) se cancelam, sendo então desnecessários.
b) Calculo da Temperatura T2, T3 e T4:
𝑇1 − 𝑇2 210 − 𝑇2
𝑞̇ = ⟹ 1363,6 = ⟹ 𝑇2 = 164,6 °𝐶
𝑅𝑖𝐶𝑉 0,0333
𝑇2 − 𝑇3 164,6 − 𝑇3
𝑞̇ = ⟹ 1363,6 = ⟹ 𝑇3 = 162,1 °𝐶
𝑅1𝐶𝐷 0,00182
𝑇4 − 𝑇5 𝑇4 − 30
𝑞̇ = ⟹ 1363,6 = ⟹ 𝑇4 = 98,2 °𝐶
𝑅𝑒𝐶𝑉 0,0500

Exercício R.3.4. (Questão ENADE). Após uma aula de transferência de calor, um estudante de engenharia, cansado de passar frio em
seu apartamento, decidiu que iria cobrir todas as paredes internas com uma camada grossa de papel de parede. Para isso, avaliou os
dados da figura a seguir

Considerando os valores de condutividade térmica indicados na figura, assim como as espessuras da parede e do papel e os coeficientes
estimados de convecção para os ambientes interno e externo, seria correto o estudante chegar à conclusão de que o valor da razão
(fluxo de calor sem o papel) / (fluxo de calor com o papel) estaria no intervalo de:
36
A. 1 a 2.
B. 2 a 3.
C. 3 a 4.
D. 4 a 5.
E. 5 a 6.
Resolução:
Cálculo das resistências, considerando os dados da figura e uma área de 1 m 2:
A = 1 m2 Lpapel = 1 cm = 0,01 m Lparede = 10 cm = 0,1 m
1 1 1 1
𝑅𝑖𝐶𝑉 = ℎ .𝐴 = = 0,20 𝐾⁄𝑊 𝑅𝑒𝐶𝑉 = ℎ .𝐴 = = 0,050 𝐾⁄𝑊
𝑖 5 ×1 𝑖 20 × 1
𝐿𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 0,01 𝑚 𝐿𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 0,1
𝐶𝐷
𝑅𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 =𝑘 = = 1,00 𝐾⁄𝑊 𝐶𝐷
𝑅𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 =𝑘 = = 2,50 𝐾⁄𝑊
𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 .𝐴 0,01 × 1 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 .𝐴 0,04 × 1
Cálculo do fluxo de calor, por m2 de parede, sem o papel:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑇𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 − 𝑇𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 20 − 5
𝑞̇ 𝑠𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 = = 𝐶𝑉 𝐶𝐷 𝐶𝑉 = = 5,45 𝑊
𝑅𝑡 𝑅𝑖 + 𝑅𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 + 𝑅𝑒 0,20 + 2,50 + 0,050
Cálculo do fluxo de calor, por m2 de parede, com o papel:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑇𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 − 𝑇𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 20 − 5
𝑞̇ 𝑐𝑜𝑚 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 = = 𝐶𝑉 𝐶𝐷 𝐶𝐷 𝐶𝑉 = = 4,0 𝑊
𝑅𝑡 𝑅𝑖 + 𝑅𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 + 𝑅𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 + 𝑅𝑒 0,20 + 1,00 + 2,50 + 0,050
Portanto, razão (fluxo de calor sem o papel) / (fluxo de calor com o papel) é:
𝑞̇ 𝑠𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 5,45
𝑅𝑎𝑧ã𝑜 = = = 1,36 ⟹ 𝑅𝑒𝑠𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎 𝐴: 𝑒𝑠𝑡á 𝑛𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 1 𝑎 2
𝑞̇ 𝑐𝑜𝑚 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 4,0

Exercício R.3.5. Um aquecedor elétrico de água de 800 W de potência, com resistência elétrica tubular de 0,5 centímetros de diâmetro
e 50 cm de comprimento (zona quente), é colocado um recipiente contendo 60 kg de água inicialmente a 20 °C. A temperatura da
superfície externa da resistência durante o aquecimento pode ser considerada em 120 °C. Dado calor específico da água é 4,18 KJ/Kg.K
e considerando que as perdas de calor pelas superfícies externas do recipiente são desprezíveis, calcule:
a) quanto tempo vai demorar em este aquecedor para aumentar a temperatura da água até 80 °C.
b) os coeficientes de película no início e no final do processo de aquecimento.

a) a quantidade total de calor necessária para aquecer a água é igual à variação da energia interna do volume de água:
𝐾𝐽
𝑄 = ∆𝐸 = 𝑚. 𝑐𝑝 . (𝑇2 − 𝑇1 ) = 60 𝑘𝑔 × 15048 × (80 − 20) 𝐾 = 15.048.000 𝐽
𝑘𝑔. 𝐾
Considerando a potência gerada no aquecedor é igual ao fluxo de calor transferido para água, temos:
℘𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑞̇ = 800 𝑊 = 800 𝐽⁄𝑠
𝑄 𝑄 15.048.000 𝐽
𝑞̇ = ⟹ 𝑡 = = = 18.810 𝑠 = 5,22ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠
𝑡 𝑞̇ 800 𝐽⁄𝑠
b) desprezando a transferência de calor por radiação, temos pela lei de Newton, que a taxa de transferência de calor por convecção da
superfície da resistência para a água é:
𝑞̇ = ℎ . 𝐴. ∆𝑇
A área da resistência que dissipa calor para a água é:
𝑑 0,5
𝑟= = = 0,25 𝑐𝑚 = 0,0025 𝑚 𝑒 𝐿 = 50 𝑐𝑚 = 0,5 𝑚 → 𝐴𝑟𝑒𝑖𝑠𝑡 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,0025 × 0,5 = 0,00785 𝑚2
2 2
37
No início a temperatura a temperatura da água é 20 °C e, portanto, o coeficiente de película é:
𝑞̇ 800 𝑊 𝑊
𝑞̇ = ℎ . 𝐴𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 . (𝑇𝑆 − 𝑇á𝑔𝑢𝑎 𝑖𝑛𝑖 ) ⟹ ℎ = = 2 = 1019,1 2
𝐴𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 . (𝑇𝑆 − 𝑇á𝑔𝑢𝑎 𝑖𝑛𝑖 ) 0,00785 𝑚 × (120 − 20)𝐾 𝑚 .𝐾
No final a temperatura a temperatura da água é 80 °C e, portanto, o coeficiente de película é:
𝑞̇ 800 𝑊 𝑊
𝑞̇ = ℎ . 𝐴𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 . (𝑇𝑆 − 𝑇á𝑔𝑢𝑎 𝑓𝑖𝑚 ) ⟹ ℎ = = 2 = 2547,8 2
𝐴𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 . (𝑇𝑆 − 𝑇á𝑔𝑢𝑎 𝑓𝑖𝑚 ) 0,00785 𝑚 × (120 − 80)𝐾 𝑚 .𝐾

Exercício R.3.6. (Questão ENADE). Uma operação importante na indústria de cerâmica é o tratamento térmico que deve ocorrer em
fornos a altas temperaturas. Para avaliar e supervisionar de maneira eficiente a operação desses fornos é importante conhecer como
acontece a transferência de calor nesses equipamentos, em suas diferentes formas, como a condução e a convecção. Suponha que uma
fábrica de materiais cerâmicos tem como parte de seu processo um forno retangular que é isolado do meio externo por 2 camadas, que
formam a sua parede. A primeira camada, de espessura L1, está em contato com o material que está dentro do forno e é constituída de
material refratário especial (k = 0,50 W/m.K). A segunda camada é constituída de um material isolante (k = 0,1 W/m.K) e tem espessura
L2. A temperatura na face interna do forno (Tint) é igual a 925 °C e a temperatura ambiente (Tamb) é igual a 25 °C. O fluxo de calor através
da parede do forno é constante e igual a 1000 W/m2 e a espessura total da parede é de 0,30 m.
São dadas as seguintes expressões matemáticas:

em que:
• k é a condutividade térmica;
• h é o coeficiente de transferência de calor por convecção (h = 10 W/m2.K para o ar);
• R é a resistência a transferência de calor;
Com base na situação-problema acima e considerando que a área A é igual a 1 m2, faça o que se pede nos itens a seguir.
a) esboce um desenho que represente o circuito térmico equivalente, ou seja, o circuito formado pela resistência à transferência de calor
entre a parte interna do forno e o meio externo, usando analogia com resistências elétricas.
b) determine a espessura de cada uma das camadas que formam a parede do forno.
c) determine a temperatura da superfície externa das camadas.
Resolução:
a) O circuito térmico equivalente é da forma:

b) A resistência térmica total pode ser calculada:


𝑇𝑖𝑛𝑡 −𝑇𝑎𝑚𝑏 925−25 𝐾
𝑅𝑡 = = = 0,9
𝑞̇ 1000 𝑊
As resistências individuais são dadas por:
𝐶𝑉 1 1 𝐾
𝑅𝑎𝑚𝑏 = = = 0,1
ℎ. 𝐴 10 × 1 𝑊
𝐿1 𝐿1 𝐾 𝐿2 𝐿2 𝐾
𝑅1𝐶𝐷 = = = 2. 𝐿1 𝑅2𝐶𝐷 = = = 10. 𝐿2
𝑘1 . 𝐴 0,5 × 1 𝑊 𝑘2 . 𝐴 0,1 × 1 𝑊
A resistência total é a soma das individuais:
𝐶𝑉
𝑅𝑡 = 𝑅1𝐶𝐷 + 𝑅2𝐶𝐷 + 𝑅𝑎𝑚𝑏 ⟹ 0,9 = 0,1 + 2. 𝐿1 + 10. 𝐿2
A outra relação envolvendo 𝑅1𝐶𝐷 e 𝑅2𝐶𝐷 surge da espessura total da parede do forno:
𝐿1 + 𝐿2 = 0,3 ⟹ 𝐿2 = 0,3 − 𝐿1
Resolvendo o sistema formado por estas duas equações, obtemos:
0,9 = 0,1 + 2. 𝐿1 + 10. (0,3 − 𝐿1 ) ⟹ 𝐿1 = 0,275 𝑚 𝑒 𝐿2 = 0,025 𝑚
c) a temperatura externa pode ser obtida no último trecho do circuito:

38
𝑇𝑒𝑥𝑡 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 𝑇𝑒𝑥𝑡 − 25
𝑞̇ = 𝐶𝑉 ⟹ 1000 = ⟹ 𝑇𝑒𝑥𝑡 = 125 °𝐶
𝑅𝑎𝑚𝑏 0,1

Exercício R.3.7. Em uma indústria, um tanque de formato cúbico, com 2 metros de aresta, é utilizado para armazenar um produto
químico a 210 °C, com coeficiente de película interno de 80 W/m2.K. A parede do tanque é constituída de três camadas: uma camada
interna à base de carbono (k = 22 W/m.K) de 40 mm de espessura, uma camada intermediária de refratário (k = 0,212 W/m.K) e um
invólucro de aço (k = 60 W/m.K) com 10 mm de espessura. Por motivo de segurança dos trabalhadores, a temperatura da superfície
externa do aço não deve ser maior que 60 °C. Considerando que a temperatura ambiente é 30 °C, com coeficiente de película externo
de 20 W/m2.K, determine:
a) a espessura do refratário para que a temperatura na superfície externa seja 60°C;
b) a temperatura da superfície externa do aço se a camada de refratário for substituída por uma de isolante (k = 0,0289 W/m.K) de
mesma espessura.
𝐿1 = 40 𝑚𝑚 = 0,04 𝑚
𝐿1 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚
𝑊
𝑘1 = 22
𝑚. 𝐾
𝑊 𝑊
𝑘2 = 0,212 𝑘′2 = 0,0289
𝑚.𝐾 𝑚.𝐾
𝑊
𝑘3 = 60
𝑚. 𝐾
𝑊 𝑊
ℎ1 = 80 ℎ2 = 20
𝑚2 .𝐾 𝑚2 .𝐾
𝑇1 = 210 °𝐶 𝑇5 = 60 °𝐶 𝑇6 = 30 °𝐶
a) a área da parede corresponde a área de um cubo de 2 m de aresta:
A = 6 x (2 x 2) = 24 m2
O fluxo de calor poder ser calculado na película externa:
𝑇4 − 𝑇5 𝑇4 − 𝑇5 60 − 30
𝑞̇ = = = = 14400 𝑊
𝑅𝑒𝐶𝑉 1 1
ℎ𝑒 . 𝐴 20. 24
De posse do fluxo, e considerando as resistências térmicas entre 210 e 60 °C podemos fazer:
𝑇1 − 𝑇5 𝑇4 − 𝑇5 210 − 60
𝑞̇ = 𝐶𝑉 𝐶𝐷 = 1 ⟹ 14400 =
𝐶𝐷
𝑅𝑖 + 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3𝐶𝐷 𝐿 𝐿 𝐿 1 0,04 𝐿2 0,01
+ 1 + 2 + 3 + + +
ℎ𝑖 . 𝐴 𝑘1 . 𝐴 𝑘2 . 𝐴 𝑘3 . 𝐴 80. 24 22 × 24 0,212 × 24 60 × 24
𝐿2 = 0,05 𝑚 = 50 𝑚𝑚
b) o novo fluxo de calor, menor devido ao uso do isolante de baixa condutividade (k = 0,0289 W/m.K), é obtido considerando as duas
únicas temperaturas que não variam:
𝑇1 − 𝑇6 𝑇4 − 𝑇6 210 − 30
𝑞̇ ′ = 𝐶𝑉 = =
𝐶𝐷 ′ 𝐶𝐷
𝑅𝑖 + 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅𝑒 𝐶𝐷 𝐶𝑉 1 𝐿1 𝐿2 𝐿3 1 1 0,04 0,05 0,01 1
ℎ𝑖 . 𝐴 + 𝑘1 . 𝐴 + 𝑘2′ . 𝐴 + 𝑘3 . 𝐴 + ℎ𝑒 . 𝐴 80. 24 + 22 × 24 + 0,0289 × 24 + 60 × 24 + 20. 24
= 2407,2 𝑊
Novamente, na película externa, podemos obter a temperatura da superfície do aço:
𝑇5′ − 𝑇6 𝑇5′ − 𝑇6 𝑇5′ − 30
𝑞̇ ′ = 2407,2 = = = ⟹ 𝑇5′ = 35 °𝐶
𝑅𝑒𝐶𝑉 1 1
ℎ𝑒 . 𝐴 20. 24

Exercício R.3.8. Um chip de silício de formato quadrado, com 2 cm de lado, está engastado em substrato de tal forma que a face inferior
e os lados estão termicamente isolados, enquanto que a face superior está exposta a um fluxo de ar a 25 °C, proveniente de uma
ventoinha de alta velocidade, modo que o coeficiente de película e 250 W/m2.K. Considerando que, nestas condições, a temperatura de
trabalho do chip e 65°C, calcule:
a) o fluxo de calor transferido para o ar.
b) considerando que a resistência elétrica dos circuitos internos do chip seja de 0,85 , determine a corrente elétrica necessária no chip.

39
c) a temperatura do chip caso o mesmo continue dissipando a mesma potência e a ventoinha seja substituída por outra da baixa
velocidade, de modo que o coeficiente de película seja reduzido para 100 W/m 2.k.
Ar
L

Chip

a) O fluxo de calor transferido por convecção para o pode ser obtido assim:
(
q= h  Achip  Tchip − Tar )
As temperaturas e o coeficiente de película são dados. A área pode ser calculada:
Tchip = 65 o C = 338 K Tar = 25 o C = 298 K
h = 250 W m 2 . K
Achip = 0,02 x 0,02 = 0,0004
Portanto, o fluxo de calor pode ser calculado:
q= 250  0,0004  (338 − 298) = 4 W
b) A corrente elétrica pode ser calculada assim:
P = R  i2  4 = 0,85  i 2  i = 2,17 A
c) Após a troca da ventoinha, como o coeficiente de película diminui, o chip terá sua temperatura elevada de modo a continuar a dissipar

a mesma potência: h = 100 W m 2 . K


q
(
q= h   Achip  Tchip
 − Tar )  Tchip = Tar +

h  Achip
= 298 +
4
100  0,0004

Tchip = 398 K = 125 o C

Exercício R.3.9. Em um equipamento eletrônico um delgado chip de silício de resistência térmica desprezível tem formato de um
quadrado com 5 cm de lado. O chip é colado a uma base de metálica (k = 40 W/m.K) de 20 mm de espessura por uma cola com resistência
térmica conhecida e igual a 0,721 K/W. A face superior do chip e a face inferior da base metálica estão expostas a um fluxo de ar na
temperatura de 25 °C e com coeficiente de película de 250 W/m2.K. A temperatura do chip, nestas condições é 77 °C. Determine:

a) o fluxo de calor dissipado pela face superior e pela face inferior do chip;
b) o fluxo calor total gerado no chip;
c) calcule a temperatura do chip caso a base de alumínio seja trocada por uma base feita de material isolante, de modo que o calor total
gerado no chip seja dissipado apenas pela face superior do chip.
Resolução
.
qsup
RAr
𝑘𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 = 40 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 𝐿𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 = 20 𝑚𝑚 = 0,02 𝑚 .
q
Circuito Elétrico
Equivalente
ℎ𝑎𝑟 = 100 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 Rcola
𝑅𝑐𝑜𝑙𝑎 = 0,721 𝐾 ⁄𝑊
.
qinf
𝑇𝑎𝑟 = 25 °𝐶 𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 = 77 °𝐶 RAlumínio

O chip tem 5 cm de lado, portanto a área de face é:


𝑏 = 5 𝑐𝑚 = 0,05 𝑚 → 𝐴 = 𝑏2 = 0,0025 𝑚2 Rar

a) conforme circuito elétrico equivalente, no fluxo de calor pela face superior consideramos apenas a resistência da convecção:
40
𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 77 − 25 52 𝐾
𝑞̇ 𝑠𝑢𝑝 = = = = = 32,5 𝑊
𝐶𝑉
𝑅𝑎𝑟 1 1 1,6 𝐾⁄𝑊
ℎ .𝐴 250 × 0,0025
para calcular o fluxo de calor dissipado pela face inferior do chip consideramos três resistências: a cola, a base metálica e a da convecção:
𝐿𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 0,02
𝑅𝑏𝑎𝑠𝑒 = = = 0,2 𝐾⁄𝑊
𝑘𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 . 𝐴 40 × 0,0025
𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 77 − 25
𝑞̇ 𝑖𝑛𝑓 = 𝐶𝑉
= = 20,6 𝑊
𝑅𝑐𝑜𝑙𝑎 + 𝑅𝑏𝑎𝑠𝑒 + 𝑅𝑎𝑟 0,721 + 0,2 + 1,6
b) o fluxo total gerado no chip é a soma das duas parcelas:
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝑠𝑢𝑝 + 𝑞̇ 𝑖𝑛𝑓 = 32,5 + 20,6 = 53,1 𝑊
c) se a base for isolante, todo o calor gerado será dissipado pela face superior por convecção:

𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 25 ′
𝑞̇ = = ⟹ 53,1 ⟹ 𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 = 110 °𝐶
𝐶𝑉
𝑅𝑎𝑟 1 1
ℎ.𝐴 250 × 0,0025

Exercício R.3.10. Um cabo elétrico de 10 mm de diâmetro tem resistência elétrica por unidade de comprimento de 0,001 Ω/m
(resistência elétrica por metro de comprimento do cabo). O cabo é revestido por uma camada de material plástico de 1 mm de espessura
e condutividade térmica 0,20 W/m.K. O cabo vai ser utilizado em um ambiente cujo ar está na temperatura de 27 °C, com coeficiente de
película de 22 W/m2.K. Para as condições de regime permanente, determine:
a) a temperatura da interface cabo/plástico quando uma corrente de 47 A passa pelo cabo.
b) se o plástico usado suporta no máximo 150 °C sem se derreter, determine a máxima corrente elétrica que pode passar pelo cabo.
c) para uma situação em que a aplicação da camada de material plástico não foi bem executada, resultou na formação de uma resistência
de contato significativa entre o plástico e o cabo de inox, da ordem de 0,40 K/W por metro de comprimento do cabo. Se o plástico usado
suporta no máximo 150 °C sem se derreter, determine a máxima corrente elétrica que pode passar pelo cabo neste caso.

. 10
q 𝑟1 = = 5 𝑚𝑚 = 0,005 𝑚
2
𝑟2 = 5 𝑚𝑚 + 1 𝑚𝑚 = 6 𝑚𝑚 = 0,006 𝑚
r2 Plástico
𝑇𝑎𝑟 = 27 °𝐶
r1 ℎ𝑒 = 22 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾
Cabo 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,20 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾
𝐿 = 1 𝑚 ⟹ 𝑅𝑒 = 0,001 Ω 𝑖 = 47 𝐴
a) a potência gerada para uma corrente de 47 A é:
𝑃 = 𝑅𝑒 . 𝑖 2 = 0,001 . (47)2 = 2,21 𝑊
A potência gerada no cabo é dissipada para o ambiente na forma de calor. Entre o cabo e o ambiente existem duas resistências:
ln(𝑟2 ⁄𝑟1 ) ln(0,006⁄0,005) 1 1
𝑅𝑝𝑙𝑎𝑠 = = = 0,1451 𝐾/𝑊 𝑅𝑎𝑟 = =
𝑘. 2 . 𝜋 . 𝐿 0,20 × 2 × 𝜋1 ℎ . (2. 𝜋 . 𝑟2 . 𝐿) 22 × (2 × 𝜋 × 𝑟2 × 1)
= 1,2057 𝐾/𝑊
Cálculo da temperatura no cabo quando dissipa 2,21 W:
𝑇𝑐𝑎𝑏𝑜 − 𝑇𝑎𝑟 𝑇𝑐𝑎𝑏𝑜 − 27
𝑞̇ = ⟹ 2,21 = ⟹ 𝑇𝑐𝑎𝑏𝑜 = 30 °𝐶
𝑅𝑝𝑙𝑎𝑠 + 𝑅𝑎𝑟 0,1451 + 1,2057
b) Cálculo do calor transferido na temperatura máxima do plástico (150 °C):
𝑇𝑚𝑎𝑥 − 𝑇𝑎𝑟 150 − 27
𝑞̇ = = = 91,06 𝑊
𝑅𝑝𝑙𝑎𝑠 + 𝑅𝑎𝑟 0,1451 + 1,2057
Determinação da corrente máxima:
℘ = 𝑅𝑒 . 𝑖 2 → 91,06 = 0,001 × 𝑖 2 ⟹ 𝑖 = 301,7 𝐴
c) Cálculo do calor transferido na temperatura máxima (150 °C) considerando a resistência de contato.
𝑇𝑚𝑎𝑥 − 𝑇𝑎𝑟 150 − 27
𝑞̇ = = = 70,25 𝑊
𝑅𝑐𝑜𝑛𝑡 + 𝑅𝑝𝑙𝑎𝑠 + 𝑅𝑎𝑟 0,40 + 0,1451 + 1,2057
Determinação da corrente máxima:
℘ = 𝑅𝑒 . 𝑖 2 → 70,25 = 0,001 × 𝑖 2 ⟹ 𝑖 = 265,1 𝐴
41
Exercício R.3.11. Considere uma geladeira de dimensões são 1,8 m X 1,2 m X 0,8 m. As paredes da geladeira tem de 3 cm de espessura
e são compostas de três camadas em série: 2 mm de aço (k = 40 W/m.K) do lado externo, uma camada intermediária de 19 mm de
material isolante (k = 0,075 W/m.K) e 9 mm de plástico (k = 5,03 W/m.K) do lado interno. Verificou-se que, em média, o motor da
geladeira se mantém ligado durante 20 min. a cada hora (1/3 do tempo). Se a temperatura média no interior da geladeira é de 5°C, com
coeficiente de película 11 W/m2.K e no exterior da geladeira é 25°C, com coeficiente de película 16 W/m2.K, determine:
a) o fluxo de calor transferido para o interior da geladeira (ou removido do interior da geladeira);
b) o custo mensal de funcionamento da geladeira para uma relação COP (fluxo de calor removido do interior da geladeira/potência
consumida em funcionamento) de 1,5. Considere o custo unitário da eletricidade igual a R$ 0,28/kWh.

𝑇𝑖𝑛𝑡 = 5 °𝐶 𝑇𝑒𝑥𝑡 = 25 °𝐶 ℎ𝑖𝑛𝑡 = 11 𝑊⁄𝑚2 . 𝐾 ℎ𝑒𝑥𝑡 = 16 𝑊⁄𝑚2 . 𝐾


𝐿𝑎ç𝑜 = 2 𝑚𝑚 = 0,002 𝑚 𝐿𝑖𝑠𝑜 = 19 𝑚𝑚 = 0,019 𝑚 𝐿𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 = 9 𝑚𝑚 = 0,009 𝑚
a) no cálculo do fluxo transferido para o interior da geladeira, devem ser consideradas 5 resistências:
𝑞̇,𝑘𝑎ç𝑜 = 40 𝑊⁄𝑚. 𝐾 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,075 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 𝑘𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 = 5,03 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾
Área da geladeira: 𝐴 = 2 × (1,8 × 1,2) + 2 × (1,8 × 0,8) + 2 × (1,2 × 0,8) = 9,12 𝑚2

𝑇𝑖𝑛𝑡 − 𝑇𝑒𝑥𝑡 𝑇𝑖𝑛𝑡 − 𝑇𝑒𝑥𝑡


𝑞̇ = =
𝑅𝑖𝐶𝑉
+ 𝐶𝐷
𝑅𝑎ç𝑜 𝐶𝐷
+ 𝑅𝑖𝑠𝑜 𝐶𝐷
+ 𝑅𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 + 𝑅𝑒𝐶𝑉 1 𝐿 𝑎ç𝑜 𝐿𝑖𝑠𝑜 𝐿𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 1
ℎ𝑖𝑛𝑡 . 𝐴 𝑘𝑎ç𝑜 . 𝐴 𝑘𝑖𝑠𝑜 . 𝐴 𝑘𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 . 𝐴 + ℎ𝑒𝑥𝑡 . 𝐴
+ + +
25 − 5
𝑞̇ = = 446 𝑊
1 0,002 0,019 0,009 1
+ + + +
16 × 9,12 40 × 9,12 0,075 × 9,12 5,03 × 9,12 1,4 × 9,12
b) O fluxo de calor a ser removido é igual ao fluxo de calor transferido para o interior da geladeira e a relação COP (coeficiente de
performance) é definida como a relação entre fluxo de calor removido do interior da geladeira pela potência consumida pelo sistema de
refrigeração em funcionamento e potência é a relação entre energia consumida e o tempo. Para COP igual 1,5, temos:
𝑞̇ 446
𝐶𝑂𝑃 = ⟹ ℘= = 298 𝑊 = 0,298 𝑘𝑊
℘ 1,5
Para um mês de 30 dias, como a geladeira funciona 1/3 do tempo, obtemos um período de 10 dias (240 horas):
𝐸
℘= ⟹ 𝐸 = ℘ . 𝑡 = 0,298 𝑘𝑊 × 240 ℎ = 71,43 𝑘𝑊ℎ
𝑡
Para um custo unitário da eletricidade igual a R$ 0,28/kWh.
𝑅$ 0,28
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 = 71,43 𝑘𝑊ℎ × = 𝑅$ 20,00
𝑘𝑊ℎ

Exercício R.3.12. Um aquecedor elétrico é usando para manter a água presente em um tanque cilíndrico de 1 metro de diâmetro e 1
metro de altura na temperatura constante de 80 °C. As paredes do tanque são feitas de aço e tem resistência térmica desprezível. Na
face interna do tanque o coeficiente de película é 55 W/m2.K e na face externa o coeficiente de película é 10 W/m2.K. Considerando a
transferência de calor apenas pela área lateral do tanque e que a temperatura do ambiente externo é 20°C, determine:
a) a potência necessária no aquecedor elétrico para manter a temperatura da água constante.
b) o gasto mensal com energia elétrica considerando que o aquecedor opera continuamente. O custo da energia elétrica é R$ 0,36 por
kWh.
c) a nova potência necessária no aquecedor elétrico para manter a temperatura da água constante se tanque for revestido com uma
camada de 10 mm de um material isolante (k = 0,035 W/m.K).
d) a economia mensal (R$/mês) após o isolamento do tanque.
42
𝑇𝑖 = 80 °𝐶 𝑇𝑒 = 20 °𝐶
ℎ𝑖 = 55 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 ℎ𝑒 = 10 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾
𝑑 1
𝑟 = = = 0,5 𝑚 𝐿 =1𝑚
2 2
𝐴 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,5 × 1 = 3,1416 𝑚2

a) para manter a temperatura da água contante a potencia do aquecedor deve ser igual ao fluxo de calor tranferido pelas paredes do
tanque:
1 1 𝐾 1 1 𝐾
𝑅𝑖 = = = 0,00579 𝑅𝑖 = = = 0,0318
ℎ𝑖 . 𝐴 55 × (3,1416) 𝑊 ℎ𝑒 . 𝐴 10 × (3,1416) 𝑊
𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 80 − 20
𝑞̇ = = = 1595 𝑊 = ℘𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎
𝑅𝑖 + 𝑅𝑒 0,00579 + 0,0318
0,36
b) dado o tempo de operação e o custo da energia, temos: 𝑡 = 1 𝑚ê𝑠 = 720 ℎ 𝐶𝐸 = 𝑅$
𝑘𝑊ℎ
𝐸𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎 = ℘𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 . 𝑡 = 1595 𝑊 × 720ℎ = 1.148.373 𝑊ℎ = 1148,4 𝑘𝑊ℎ
0,36
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 = 1148,4 𝑘𝑊ℎ × 𝑅$ = 𝑅$ 413,14
𝑘𝑊ℎ
c) com o isolamento do tanque é introduzida uma resistência de condução:
𝑊
𝑟 = 0,5 𝑚 𝑒𝑖𝑠𝑜 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚 ⟹ 𝑟𝑖𝑠𝑜 = 𝑟 + 𝑒𝑖𝑠𝑜 = 0,5 + 0,01 = 0,51 𝑚 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,035
𝑚. 𝐾
ln(𝑟2 ⁄𝑟1 ) ln(0,51⁄0,5)
𝑅𝑖𝑠𝑜 = = = 0,0901 𝐾/𝑊
𝑘𝑖𝑠𝑜 . 2 . 𝜋 . 𝐿 0,035 × 2 × 𝜋 × 1
A área externa do tanque aumenta com o isolamento, alterando a resistência da convecção na película externa:
𝐴𝑖𝑠𝑜 = 2. 𝜋. 𝑟𝑖𝑠𝑜 . 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,51 × 1 = 3,2044 𝑚2
1 1 𝐾
𝑅′𝑖 = = = 0,0312
ℎ𝑒 . 𝐴 10 × (3,2044) 𝑊
𝑇𝑒 − 𝑇 𝑖 80 − 20
𝑞̇ ′ = = = 472 𝑊 = ℘′𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎
𝑅𝑖 + 𝑅𝑖𝑠𝑜 + 𝑅′𝑒 0,00579 + 0,0901 + 0,0312
Como o tempo de operação e o custo da energia são os mesmos, temos:
𝐸′𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎 = ℘′𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 . 𝑡 = 472 𝑊 × 720ℎ = 339840 𝑊ℎ = 339,8 𝑘𝑊ℎ
0,36
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜′ = 339,8 𝑘𝑊ℎ × 𝑅$ = 𝑅$ 122,33
𝑘𝑊ℎ
d) A economia é a diferença de custos:
𝐸𝑐𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ′ = 𝑅$ 413,14 − 𝑅$ 122,33 = 𝑅$ 290,81

Exercícios Propostos:

Exercício P.3.1. Um forno retangular de uma fábrica de cerâmica está isolado com duas camadas, sendo a primeira, que está em contato
com a carga do forno, de refratário especial (k= 0,6 kcal/h.m.°C) e a outra de um bom isolante (k = 0,09 kcal/h.m.°C). Sabe-se que a
temperatura da face interna do forno é 900 °C e que a temperatura do ar ambiente é 20 °C (h = 20 kcal/h.m2.°C). O fluxo de calor através
da parede do forno, de 40 cm de espessura, é igual a 800 kcal/h por m2. Pede-se:
a) a espessura de cada camada que forma a parede do forno
b) a temperatura da interface das camadas
c) se for especificada uma temperatura máxima de 30 °C na parede externa do forno, qual a nova espessura isolante necessária?
Respostas: a) 0,359 m e 0,0405 m b) 420 °C c) 0,337 m

43
Exercício P.3.2. Em uma fábrica, uma grande folha de plástico (k=1,94 kcal/h.m.°C), com 12 mm de espessura, deve ser colada a uma
folha de cortiça (k=0,037 kcal/h.m.°C) de 25 mm de espessura. Para obter ligadura, a cola deve ser mantida a 50 °C por um considerável
período de tempo. Isto se consegue aplicando uniformemente um fluxo de calor sobre a superfície do plástico. O lado de cortiça,
exposto ao ar ambiente a 25 °C, tem um coeficiente de película de 10 Kcal/h.m2. °C. Desprezando a resistência térmica da cola, calcule:
a) o fluxo de calor por m2 aplicado para se obter a temperatura na interface com cola;
b) as temperaturas nas superfícies externas do plástico e da cortiça.
Respostas: a) 32,23 kcal/h b) 50,2 °C e 28,2 °C

Exercício P.3.3. Um chip de silício de resistência térmica desprezível e uma base de alumínio de 8 mm de espessura (k = 238 W/m.K) são
separados por uma cola de epóxi de resistência térmica 0,9 x 10-4 K/W. A face superior do chip e a face inferior da base de alumínio estão
expostas ao ar na temperatura de 298 K e com coeficiente de película de 100 W/m2.K. O chip dissipa calor na razão de 104 W por m2 de
superfície (inferior e superior) e sua temperatura deve ser mantida abaixo de 358 K (desprezar a transferência de calor pelas áreas
laterais).
a) responda se a temperatura do chip ficará abaixo da máxima temperatura permitida.
b) calcule qual deveria ser a resistência da cola para que o limite de temperatura do chip seja ultrapassado em 1 K.

Respostas: a) 348,31 K (fica abaixo da máxima) b) 5,607 X 10 -3 K/W

Exercício P.3.4. O interior de um refrigerador, cujas dimensões são 0,5 X 0,5 m de área da base e 1,25 m de altura, deve ser mantido a 4
°C. As paredes do refrigerador são construídas de duas chapas de aço (k= 36 kcal/h.m.°C) de 3 mm de espessura, com 65 mm de material
isolante (k=0,213 kcal/h.m.°C) entre elas. O coeficiente de película da superfície interna é 10 kcal/h.m2.°C, enquanto que na superfície
externa varia de 8 a 12,5 kcal/h.m2.°C. Calcular:
a) a potência elétrica (em HP) do motor do refrigerador para que o fluxo de calor removido do interior da geladeira mantenha a
temperatura especificada, numa cozinha cuja temperatura pode variar de 20 a 30 °C (Dados: COP = 2,5 e 1 HP = 641,2 Kcal/h);
b) as temperaturas das superfícies interna e externa da parede.
Respostas: a) 0,1 HP b) 25,7 °C e 9,4 °C

Exercício P.3.5. Uma casca esférica (k = 1,65 kcal/h.m.°C) de diâmetro externo 1,2 m e interno 1,1 m é aquecida internamente por
resistência elétrica de modo a manter a temperatura da superfície externa a 90 °C. Quando água de chuva a 25 °C flui pelo lado externo
do reservatório, durante uma tempestade, a potência requerida na resistência é 140 KW. Quando ar atmosférico a 25 °C, flui pelo lado
externo do reservatório, durante uma ventania, a potência requerida é 20 KW.
a) calcular os coeficientes de película para os fluxos de água e vento. (Dado: 1 KW = 860 kcal/h).
b) calcular a temperatura da superfície interna do reservatório em ambos casos.
Respostas: a) 58,5 e 409,5 Kcal/h.m 2 .°C b) 215,7°C e 969,8 °C

Exercício P.3.6. Ar na temperatura de 300 °C, fluí com velocidade de 10 m/s sobre uma placa plana de comprimento 0,5 m e 0,25 m de
largura. Determine a taxa de transferência de calor necessária para manter a superfície da placa na temperatura de 27 °C. Dados:
- Considere regime permanente e despreze os efeitos da radiação.
- Para fluxo laminar (𝑅𝑒 < 500.000) seguinte correlação adimensional é apropriada para este tipo de escoamento:

, onde: Nu L =
h. L
e Re L =
V .L
(L = comprimento da placa)
k 
- As propriedades estimadas do ar e o número de Prandt são:
𝜈 = 5,21 × 10−4 𝑚2 ⁄𝑠 𝑘 = 0,0364 𝑊⁄𝑚 . 𝐾 𝑃𝑟 = 0,687
Respostas: 142,65 W
44
Exercício P.3.7. Duas substâncias são misturadas reagindo entre si e liberando calor dentro de um tubo de diâmetro interno 7,62 cm e
espessura igual a 0,5 cm (k= 32 kcal/h.m.°C). O comprimento do tubo é 10 m. Todo calor gerado na reação é cedido ao ambiente de
modo que a temperatura da mistura (180 °C) permanece constante. Por motivo de segurança, será necessário isolar a tubulação, de
modo que a temperatura na face externa do isolante (k= 0,065 kcal/h.m.°C) não ultrapasse 50 °C. O ar externo está a 25 °C, com
coeficiente de película 12 kcal/h.m2.°C. O coeficiente de película da mistura é 90 kcal/h.m2.°C. Pede-se a espessura mínima necessária
do isolante, para atender a condição desejada.
Respostas: 2,1 cm

Exercício P.3.8. Uma corrente elétrica de 700 A flui através de um cabo feito de aço inox de diâmetro 15 mm e resistência elétrica de
6,01 X 10-4 Ω por metro de comprimento do cabo. O cabo está instalado em um ambiente na temperatura de 30 °C e com coeficiente de
película estimado para o local em 25 W/m2.K.
a) considerando inicialmente que o cabo de inox não é revestido, determine a temperatura em sua superfície.
b) se uma camada de material plástico isolante de 1 mm de espessura e com condutividade térmica 0,0845 W/m.K é utilizada como
revestimento do cabo de inox, determine qual deverá ser a temperatura na superfície do cabo.
Respostas: a) 280 °C b) 320 °C

Exercício P.3.9. Após dois anos de trabalho, o isolamento térmico de um forno retangular deverá ser substituído. Um dos engenheiros
do setor, recomenda um isolante de condutividade igual a 0,045 kcal/h.m.°C, vendido em placas de 2 cm de espessura; outro engenheiro
é de opinião que poderia ser usado um outro isolante de k igual a 0.055 kcal/h.m.°C, vendido em placas de 4 cm de espessura. Sabe-se
que por razões de ordem técnica, o fluxo de calor através da parede do forno deve ser mantido constante e igual a 350 kcal/h.m2 e que
as temperaturas de trabalho são 800 °C e 25 °C, respectivamente, face interna do isolante e no ambiente. Sabendo-se que o coeficiente
de película do ar no ambiente é 20 kcal/h.m2.°C, pede-se:
a) o número de placas de isolante em cada caso;
b) o tipo de isolante que você recomendaria sabendo que o isolante de maior espessura tem preço por m2 35% maior.
Respostas: a) 9,74 cm (5 placas) e 11,90 cm (3 placas) b) as placas de 4 cm são mais vantajosas.

Exercício P.3.11. O anemômetro de fio quente é um instrumento utilizado para medir a velocidade de uma corrente de ar. Conforme
mostrado na figura, tal aparelho tem em um fio metálico fino que é aquecido eletricamente de forma a manter a sua temperatura
constante quando exposto ao fluxo de ar. Medindo-se a corrente elétrica necessária para manter este fio a temperatura constante, pode-
se calcular a velocidade da corrente de ar. Conforme o exposto atenda ao solicitado abaixo:

a) calcule a potência que deve ser dissipada no fio quente de forma a manter a sua temperatura na superfície (Ts) constante e igual a
330 °C. Suponha um fio cilíndrico fino com 6 mm de comprimento e 0,10 mm de diâmetro, exposto a uma corrente de ar a temperatura
(T∞ ) igual a 25 °C e com coeficiente de película de 1000 W/m2.K.
b) calcule a corrente necessária considerando a resistência elétrica do fio igual a 20 Ω.
c) dada a relação abaixo entre a corrente elétrica (i em amperes) e a velocidade do fluido (V∞ em m/s), determine a velocidade do fluido.
𝑖 2 = 0,0095 ∗ √V∞ + 0,0019
d) se o anemômetro for usado em local com ar parado (V∞ = 0) calcule a potência que deve ser dissipada no fio de forma a manter a sua
temperatura na superfície (Ts) constante e igual a 330 °C e qual o coeficiente de película no local.
Respostas: a) 0,575 W b) 0,17 A c) 8 m/s d) 0,038 W e 66 W/m 2 .K

45
4. RADIAÇÃO TÉRMICA

4.1. MECANISMO DA RADIAÇÃO TÉRMICA

A radiação pode ser definida como o processo pelo qual calor é transferido de uma superfície em alta temperatura para uma superfície
em temperatura mais baixa quando tais superfícies estão separadas no espaço, ainda que exista vácuo entre elas. A energia assim
transferida é chamada radiação térmica e é feita sob a forma de ondas eletromagnéticas.
Um exemplo é a energia que recebemos do sol. Neste caso, mesmo havendo vácuo entre a superfície do sol (temperatura ~5500 °C), e
a superfície do planeta da terra, a energia chega na forma de ondas eletromagnéticas e vida na terra depende desta energia recebida.
As emissões de ondas eletromagnéticas podem ser atribuídas a variações das configurações eletrônicas dos constituintes de átomos e
moléculas, e ocorrem devido a vários fenômenos, porém, para a transferência de calor interessa apenas as ondas eletromagnéticas
resultantes de uma diferença de temperatura (radiações térmicas). As suas características são:
• Todos corpos em temperatura acima do zero absoluto emitem continuamente radiação térmica;
• As intensidades das emissões dependem somente da temperatura e da natureza da superfície emitente;
• A radiação térmica viaja na velocidade da luz (300.000 Km/s).
Apesar de todas as ondas eletromagnéticas terem as mesmas características gerais, ondas de comprimento de onda diferente diferem
significativamente no seu comportamento. As radiações eletromagnéticas encontradas na prática abrangem uma ampla gama de
comprimentos de onda, variando de menos de 10 -10 m (1 m = 10-6 m) para os raios cósmicos para mais de10+8 m para ondas longas
de rádio. O espectro eletromagnético inclui também os raios gama, raios-X, radiação ultravioleta, luz visível, radiação infravermelha,
radiação térmica, micro-ondas e ondas de rádio, como mostrado na Figura 4-1.

Figura 4-1

Diferentes tipos de radiação eletromagnética são produzidos através de vários mecanismos. Por exemplo, raios gama são produzidos em
reações nucleares, raios X pelo bombardeio de metais com elétrons de alta energia, micro-ondas por tipos especiais de tubos de elétrons
(magnetrons) e ondas de rádio pela excitação de alguns cristais ou pelo fluxo de corrente alternada através de condutores elétricos.
O tipo de radiação eletromagnética que é pertinente para a transferência de calor é a radiação térmica emitida como resultado de
transições de energia de moléculas, átomos e elétrons de uma substância. A temperatura é uma medida da potência dessas atividades
no nível microscópico e a taxa de emissão de radiação térmica aumenta com o aumento temperatura. A radiação térmica é
continuamente emitida por toda a matéria cuja temperatura é acima do zero absoluto, ou seja, tudo o que nos rodeia, como paredes,
móveis, e as pessoas. Todos emitem constantemente (e absorvem também) radiação térmica.
A faixa de comprimentos de onda englobados pela radiação térmica fica aproximadamente entre 0,1 e 100 m. Essa faixa é subdividida
em ultravioleta, visível e infravermelho. O sol, com temperatura de superfície da ordem de 5500 °C, emite a maior parte de sua energia
abaixo de 3 m, enquanto que um filamento de lâmpada, a 1000 °C, emite mais de 90 % de sua radiação entre 1 m e 10 m.
46
A análise espectroscópica revelou que as intensidades das radiações térmicas variam como mostrado na figura 5.2. Existe um pico
máximo de emissão para um determinado comprimento de onda (𝜆𝑚𝑎𝑥 ) cuja posição é função da temperatura absoluta do emissor.

Figura 4-2

Algumas observações podem ser feitas, analisando a Figura 4-2:


• A radiação emitida é uma função contínua do comprimento de onda. Em qualquer temperatura especificada, aumenta com o
comprimento de onda, atinge um pico (𝜆𝑚𝑎𝑥 ), e em seguida, diminui.
• Em qualquer comprimento de onda, a quantidade de radiação emitida aumenta com o aumento da temperatura.
• À medida que a temperatura aumenta, as curvas se deslocam para a esquerda (região comprimento de onda mais curto). Assim,
uma maior fracção da radiação é emitida em comprimentos de onda mais curtos em temperaturas mais elevadas.
• A radiação emitida pelo sol, a 5500 °C, atinge o seu pico na região do visível do espectro. Portanto, nossos olhos estão em
sintonia com o sol. Por outro lado, as superfícies abaixo de 600 °C emitem quase inteiramente na região do infravermelho e,
portanto, não são visíveis a olho nu a menos que eles reflitam a luz que vem outras fontes.

4.2. CORPO NEGRO E CORPO CINZENTO

Poder de emissão (E) é a energia radiante total emitida por um corpo, por unidade de tempo e por unidade de área em uma dada
temperatura (W/m2 no sistema internacional). Na Figura 4-2 o poder de emissão corresponde à área sob as curvas em uma dada
temperatura.

Corpo Negro, ou irradiador ideal, é um corpo que emite e absorve, a qualquer temperatura, a máxima quantidade possível de radiação
em qualquer comprimento de onda. O corpo negro é um conceito teórico que estabelece um limite superior de radiação de acordo com
a segunda lei da termodinâmica e com o qual as características de radiação dos outros meios são comparadas. Embora um corpo negro
iria parecer preto aos nossos olhos, uma distinção deve ser feita entre o corpo negro idealizado e uma superfície preta comum. Qualquer
superfície que absorve a luz visível aparece em preto para o olho humano, e uma superfície que reflete a luz visível aparece branca.
Considerando que a radiação visível ocupa uma banda muito estreita do espectro de radiação térmica (0,4-0,76 m), não podemos fazer
qualquer julgamento sobre o comportamento negro de uma superfície, com base em observações visuais. Por exemplo, neve e tinta
branca refletem a luz visível e, portanto, aparecem em branco. Mas são essencialmente negras para a radiação infravermelha já que
absorvem fortemente a radiação de longo comprimento de onda. Superfícies revestidas com a pintura “negro de fumo” se aproximam
do comportamento negro idealizado.

Corpo Cinzento é o corpo cuja energia emitida ou absorvida é uma fração da energia emitida ou absorvida por um corpo negro. As
características de radiação dos corpos cinzentos se aproximam das características dos corpos reais, como mostra a Figura 4-3.

47
Figura 4-3

Emissividade de uma superfície é a razão do poder de emissão de uma superfície cinzenta (real), a uma dada temperatura, para poder
de emissão de um corpo negro na mesma temperatura, conforme Equação 4-1. A emissividade de uma superfície é designada por , e
varia entre zero e um, 0    1. A emissividade é uma medida de quão perto uma superfície se aproxima do comportamento de um
corpo negro, para o qual  = 1.
𝐸
Equação 4-1 𝜀 = 𝐸𝑐
𝑛

, 𝐸𝑐 = 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑐𝑖𝑛𝑧𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑊 ⁄𝑚2 )


𝐸𝑛 = 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑛𝑒𝑔𝑟𝑜 (𝑊 ⁄𝑚2 )

Para os corpos cinzentos a emissividade () é, obviamente, sempre menor que 1. Pertencem à categoria de corpos cinzentos a maior
parte dos materiais de utilização industrial, para os quais em um pequeno intervalo de temperatura pode-se admitir a emissividade
constante e tabelada em função da natureza da superfície do corpo.
A Tabela 4-1 mostra os valores médios de emissividade de alguns materiais na temperatura ambiente (27 °C).

Tabela 4-1
Emissividades Usuais de Alguns Materiais na Temperatura Ambiente
Material Emissividade (ε)
Cobre polido 0,01
Alumínio altamente polido 0,04
Aço inoxidável polido 0,17
Ferro polido 0,23
Areia 0,90
Tintas – branca acrílica 0,90
Vidro 0,92
Vegetação 0,92 – 0,96
Concreto 0,88 – 0,93
Janela de vidro 0,90 – 0,95
Materiais de construção – tijolo, vermelho 0,93 – 0,96
Papel, branco 0,92 – 0,97

4.3. LEI DE STEFAN-BOLTZMANN

A partir da determinação experimental de Stefan em 1879 e da dedução matemática de Boltzmann em 1884, chegou-se à conclusão que
a quantidade total de energia emitida por unidade de área de um corpo negro e na unidade de tempo, ou seja, o seu poder de emissão
(En), é proporcional a quarta potência da temperatura absoluta, conforme a Equação 4-2.

Equação 4-2 𝐸𝑛 = 𝜎 . 𝑇 4
48
𝜎 = 5,67 × 10−8 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 4 (constante de Stefan-Boltzmann no Sistema Internacional)
𝑇 = temperatura absoluta (em graus Kelvin)
Nos outros sistemas de unidades a constante de Stefan-Boltzmann fica assim:
• Sistema Métrico: 𝜎 = 4,88 × 10−8 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ. 𝑚2 . 𝐾 4
• Sistema Inglês: 𝜎 = 5,67 × 10−8 𝐵𝑡𝑢⁄ℎ. 𝑓𝑡 2 . 𝑅4

4.4. FATOR FORMA

Um problema-chave no cálculo da transferência de calor por radiação entre superfícies consiste em determinar a fração da radiação
total difusa que deixa uma superfície e é interceptada por outra e vice-versa.
A fração da radiação distribuída difusamente que deixa a superfície Ai e alcança a superfície Aj é denominada de fator forma para
radiação Fij. O primeiro índice a superfície que emite e o segundo a que recebe radiação.

4.5. CÁLCULO DA TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO

Consideremos duas superfícies negras de áreas A1 e A2, separadas no espaço e em diferentes temperaturas (T1>T2), conforme Figura 4-4.

Figura 4-4
Em relação às superfícies A1 e A2 temos os seguintes fatores forma:
𝐹12 : 𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒𝑖𝑥𝑎 𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 (1) 𝑒 é 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑝𝑡𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 (2)
𝐹21 : 𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒𝑖𝑥𝑎 𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 (2) 𝑒 é 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑝𝑡𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 (1)
Usando a definição de Poder de Emissão, a energia radiante que deixa A1 e alcança A2 pode ser calculada assim:
𝑊
𝑞̇ 1→2 = 𝐸𝑛1 . 𝐴1 . 𝐹12 [ . 𝑚2 . (−) = 𝑊] .
𝑚2
A energia radiante que deixa A2 e alcança A1 pode ser calculada assim:
𝑊
𝑞̇ 2→1 = 𝐸𝑛2 . 𝐴2 . 𝐹21 [ . 𝑚2 . (−) = 𝑊] .
𝑚2
A troca líquida de energia entre as duas superfícies será:
Equação 4-3 𝒒̇ = 𝒒̇ 𝟏→𝟐 − 𝒒̇ 𝟐→𝟏 = 𝑬𝒏𝟏 . 𝑨𝟏 . 𝑭𝟏𝟐 − 𝑬𝒏𝟐 . 𝑨𝟐 . 𝑭𝟐𝟏
Consideremos agora a situação em que as duas superfícies estão na mesma temperatura. Neste caso, o poder de emissão das duas
superfícies negras é o mesmo (En1 = En2) e não pode haver troca líquida de energia (𝑞̇ = 0). Então a Equação 4-3 fica assim:
0 = 𝐸𝑛1 . 𝐴1 . 𝐹12 − 𝐸𝑛2 . 𝐴2 . 𝐹21
Como En1 = En2, obtemos:
Equação 4-4 𝑨𝟏 . 𝑭𝟏𝟐 = 𝑨𝟐 . 𝑭𝟐𝟏
Como tanto a área e o fator forma não dependem da temperatura, a relação dada pela Equação 4-4 é válida para qualquer temperatura.
Substituindo a Equação 4-4 na Equação 4-3, obtemos:

49
𝑞̇ = 𝐸𝑛1 . 𝐴1 . 𝐹12 − 𝐸𝑛2 . 𝐴1 . 𝐹12
𝑞̇ = 𝐴1 . 𝐹12 (𝐸𝑛1 − 𝐸𝑛2 )
Pela lei de Stefan-Boltzmann, temos que:
𝐸𝑛1 = 𝜎 . 𝑇14 𝑒 𝐸𝑛2 = 𝜎 . 𝑇24
Portanto:
𝑞̇ = 𝐴1 . 𝐹12 (𝜎 . 𝑇14 − 𝜎 . 𝑇24 )
Obtemos assim a expressão para o fluxo de calor transferido por radiação entre duas superfícies a diferentes temperaturas:

Equação 4-5 𝑞̇ = 𝜎 . 𝐴1 . 𝐹12 (𝑇14 − 𝑇24 )


O Fator Forma depende da geometria relativa dos corpos e de suas emissividades (). Nos livros e manuais, encontramos para diversos
casos, tabelas e ábacos para o cálculo do fator forma para cada situação (placas paralelas, discos paralelos, retângulos perpendiculares,
quadrados, círculos, etc.).
Exemplos de Fator Forma para algumas configurações geométricas são mostrados a seguir:
• Superfícies (1) e (2) negras, paralelas e de grandes dimensões:
Equação 4-6 𝑭𝟏𝟐 = 𝟏
• Superfícies (1) e (2) cinzentas, grandes e paralelas:
𝟏
Equação 4-7 𝑭𝟏𝟐 = 𝟏 𝟏
+ −𝟏
𝜺𝟏 𝜺𝟐

• Superfície cinzenta (1) muito menor que superfície cinzenta (2):

Equação 4-8 𝑭𝟏𝟐 = 𝜺𝟏


A configuração superfície cinzenta (1) muito menor que superfície cinzenta (2) (Equação 4-8) é bastante comum e corresponde a
situações como um aquecedor em um grande recinto, uma resistência elétrica em uma estufa, uma tubulação aquecida em um galpão,
etc.

4.6. EFEITO COMBINADO CONDUÇÃO - CONVECÇÃO - RADIAÇÃO

Suponhamos, como exemplo, uma parede plana qualquer submetida à uma diferença de temperatura. Na face interna a temperatura é
T1 e na face externa tem-se uma temperatura T2 maior que a temperatura do ar ambiente T3, como mostra a Figura 4-5. Neste caso,
através da parede ocorre uma transferência de calor por condução até a superfície externa. A superfície transfere calor por convecção
para o ambiente. Porém existe também uma parcela de transferência de calor por radiação da superfície para as vizinhanças.

Figura 4-5
Neste caso, é possível estabelecer o seguinte balanço:

Equação 4-9 𝑞̇ 𝐶𝑜𝑛𝑑𝑢çã𝑜 = 𝑞̇ 𝐶𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜 + 𝑞̇ 𝑅𝑎𝑑𝑖𝑎çã𝑜

50
Exercícios Resolvidos

Exercício R.4.1. Duas placas muito grandes de metal, separadas de 2" uma da outra, são aquecidas a 300 °C e 100 °C, respectivamente.
As emissividades são 0,95 e 0,3 respectivamente. Calcular a taxas de transferência de calor por radiação através do par de placas em
unidades do sistema métrico.
𝑇1 = 300 °𝐶 = 573 𝐾
𝑇2 = 100 °𝐶 = 373 𝐾
𝜀1 = 0,95 𝜀2 = 0,30

Para o cálculo do fator forma utilizaremos a Equação 4-7 (duas superfícies cinzentas grandes e paralelas):
1 1
𝐹12 = = = 0,295
1 1 1 1
𝜀1 + 𝜀2 − 1 0,95 + 0,30 − 1
Como T1 é maior que T2, existe um fluxo de calor líquido de (1) para (2). Para uma área unitária, temos:
𝐾𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = 𝜎 . 𝐴1 . 𝐹12 (𝑇14 − 𝑇24 ) = 4,88 × 10−8 2 4 × 1 𝑚2 × 0,295 × [(573)4 − (373)4 ] 𝐾 4 = 1273,2 (𝑝/ 𝑚2 )
ℎ. 𝑚 . 𝐾 ℎ

Exercício R.4.2. Um duto de ar quente, com diâmetro externo de 22 cm e temperatura superficial de 93 °C, está localizado num grande
compartimento cujas paredes estão a 21 °C. O ar no compartimento está a 27 °C e o coeficiente de película é 5 kcal/h.m2.°C. Determinar
a quantidade de calor transferida por unidade de tempo, por metro de tubo, se:
a) o duto é de estanho (= 0,1)
b) o duto é pintado com laca branca (= 0,9) 𝑇𝑖 = 93 °𝐶 = 366 𝐾
𝑇𝑎𝑟 = 27 °𝐶
𝑇𝑝 = 21 °𝐶 = 294 𝐾
𝜀1 = 0,1 ℎ = 5 𝑘𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑑 = 22 𝑐𝑚 → 𝑟 = 11 𝑐𝑚 = 0,11 𝑚 𝐿 =1𝑚

a) para um comprimento unitário do duto de estanho (sem pintura), temos: = 0,1


Como o tubo atravessa um grande compartimento, ou seja, a superfície do tubo é muito menor que a superfície do compartimento, o
fator forma é calculado através da Equação 4-8, assim:
𝐹12 = 𝜀1 = 0,1
o fluxo de calor é composto de duas parcelas (convecção e radiação):
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 𝜎 . 𝐴1 . 𝐹12 (𝑇𝑡4 − 𝑇𝑝4 ) = 𝜎 . (2. 𝜋. 𝑟. 𝐿) . 𝜀1 (𝑇𝑡4 − 𝑇𝑝4 )
𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 4,88 × 10−8 × (2 × 𝜋 × ,11 × 1) 𝑚2 × 0,1 × [(366)4 − (294)4 ] 𝐾 4 = 35 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
ℎ. 𝑚2 . 𝐾 4
𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝐶𝑉 = ℎ . 𝐴 . (𝑇𝑡 − 𝑇𝑎𝑟 ) = 5 × (2 × 𝜋 × 0,11 × 1) 𝑚2 × (93 − 27)°𝐶 = 228,1 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝑅𝐷 + 𝑞̇ 𝐶𝑉 = 35 + 228,1 = 263,1 𝐾𝑐𝑎𝑙 ⁄ℎ
b) quando o tubo é pintado com laca branca (= 0,9) apenas a transferência de calor por radiação é afetada:
𝐹12 = 𝜀1 = 0,9

𝐾𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 4,88 × 10−8 × (2 × 𝜋 × 0,11 × 1) 𝑚2 × 0,9 × [(366)4 − (294)4 ] 𝐾 4 = 315 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ
ℎ. 𝑚2 . 𝐾 4

𝑞̇ ′ = 𝑞̇ 𝑅𝐷 + 𝑞̇ 𝐶𝑉 = 315 + 228,1 = 543,1 𝐾𝑐𝑎𝑙⁄ℎ

51
Exercício R.4.3. Um dispositivo eletrônico, que pode ser considerado como um cilindro de altura 8 mm e diâmetro 6 mm, é montado
sobre uma placa de circuito. O dispositivo é resfriado com ar fluindo a 25 °C e com coeficiente de película 30 W/m 2.K. Desconsiderando
qualquer transferência de calor para a base e sabendo que a temperatura na superfície do dispositivo é 80 °C, calcule:
a) o fluxo de calor dissipado por convecção;
b) o fluxo de calor dissipado por radiação, considerando que a emissividade da superfície do dispositivo é 0,95 e a temperatura das
paredes vizinhas é 22 °C;
c) a corrente elétrica no dispositivo, considerando a resistência elétrica interna igual a 0,44  .
𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 = 80 °𝐶 𝑇𝑎𝑟 = 25 °𝐶 𝑇𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 = 22 °𝐶 ℎ = 30 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 𝜀1 = 0,95 0,4 cm

𝐷 = 6 𝑚𝑚 → 𝑟 = 3 𝑚𝑚 = 0,003 𝑚 𝐻 = 8 𝑚𝑚 = 0,008 𝑚
Dipositivo
0,6 cm
𝐴𝑐𝑖𝑙 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,003 × 0,008 = 1,508 × 10−4 𝐴𝑡𝑜𝑝𝑜 = 𝜋 . 𝑟 2 = 𝜋 × (0,003)2 Eletrônico

TS ≤ 70 °C
= 2,827 × 10−5
𝐴𝑐ℎ𝑖𝑝 = 𝐴𝑐𝑖𝑙 + 𝐴𝑡𝑜𝑝𝑜 = 1,508 × 10−4 + 2,827 × 10−5 = 1,791 × 10−4 𝑚2
a) O fluxo de calor transferido por convecção pode ser obtido assim: Ar, 25 °C
𝐶𝑉 =
1 1 𝐾
𝑅𝑎𝑟 = 2 −4 2
= 186,147
ℎ. 𝐴𝑐ℎ𝑖𝑝 ⁄
30 𝑊 𝑚 . 𝐾 × 1,791 × 10 𝑚 𝑊
𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 (80 − 25) 𝐾
𝑞̇ 𝐶𝑉 = = = 0,295 𝑊
𝐶𝑉
𝑅𝑎𝑟 𝐾
186,147
𝑊
b) O fluxo de calor transferido por radiação pode ser obtido considerando que a área do chip é pequena perto das paredes vizinhas:
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 𝜎 . 𝐴𝑐ℎ𝑖𝑝 . ε . (𝑇4𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇4𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 )
𝑊
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 5,67 × 10−8 × (1,79 × 10−4 ) 𝑚2 × 0,95 × [(80 + 273)4 − (22 + 273)4 ] 𝐾4 = 0,0767 𝑊
𝑚2 . 𝐾4
c) A potência gerada no dispositivo é igual ao calor transferido por convecção e radiação:
℘ = 𝑞̇ 𝐶𝑉 + 𝑞̇ 𝑅𝐷 = 0,298 + 0,0767 = 0,372 𝑊
℘ = 𝑅𝑒 . 𝑖 2 ⟹ 0,372 = 0,44 × 𝑖 2 ⟹ 𝑖 = 0,92 𝐴

Exercício R.4.4. Em uma instalação industrial, uma tubulação de 20 m de comprimento, termicamente isolada, atravessa um grande
galpão em linha reta conduzindo água quente. O tubo, que tem diâmetro externo de 8” (oito polegadas), é feito de aço de alta
condutividade e tem as paredes bem finas. O isolamento do tubo é feito com 1” (uma polegada) de um isolante à base de sílica (k = 0,095
W/m.K). A temperatura da superfície externa da tubulação, na face externa do isolante, é igual a 30 °C e a emissividade da superfície do
isolante é 0,68. Considerando que dentro do galpão a temperatura do ar ambiente é igual a 20 °C, com coeficiente de película de 16
W/m2.K e que as paredes do galpão estão a 17 °C, determine:
a) a transferência de calor da tubulação considerando apenas a radiação;
b) a transferência de calor da tubulação considerando apenas a convecção;
c) considerando a transferência de calor total, obtida através dos itens anteriores, calcule a temperatura da água quente no interior do
tubo considerando o coeficiente de película interno igual a 158,5 W/m 2.K

𝑇𝑖 = 95 °𝐶 𝑇𝑠 = 30 °𝐶 𝑇𝑎𝑟 = 20 °𝐶 𝑇𝑝 = 17 °𝐶
𝑟1 = 8/2" = 4" = 0,1016 m r2 = 4" + 2 = 5" = 0,127 𝑚 𝐿 = 20 𝑚
ℎ𝑒 = 16 𝑊 ⁄𝑚2 . 𝐾 𝑘𝑖𝑠𝑜 = 0,095 𝑊 ⁄𝑚. 𝐾 𝜀𝑖𝑠𝑜 = 0,68
𝐴𝑖 = 2. 𝜋. 𝑟1 . 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,1018 × 20 = 12,77 𝑚2
𝐴𝑒 = 2. 𝜋. 𝑟2 . 𝐿 = 2 × 𝜋 × 0,127 × 20 = 15,96 𝑚2
a) fluxo de calor por radiação:
𝑞̇ 𝑅𝐷 = 𝜎 . 𝐴1 . ε𝑖𝑠𝑜 . (𝑇𝑠4 − 𝑇𝑝4 ) = 5,67 × 10−8 × 15,96 × 0,68 × [(30 + 273)4 − (17 + 273)4 ] = 834,43 𝑊
b) fluxo de calor por convecção:
𝑞̇ 𝐶𝑉 = ℎ. 𝐴 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑎𝑟 ) = 16 × 15,96 × (30 − 20) = 2553,5 𝑊

52
c) O fluxo de calor total transferido a partir da água quente é a soma das parcelas:
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝑟𝑎𝑑 + 𝑞̇ 𝑐𝑜𝑛𝑣 = 834,43 + 2553,3 = 3387,9𝑊
Devido o tubo aço ter alta condutividade e paredes bem finas, a sua resistência térmica pode ser desprezada.
𝑟 0,127
1 1 𝐾 ln 2 ln 𝐾
𝑟1 0,1016
𝑅𝑖 = = = 0,000494 𝑅𝑖𝑠𝑜 = = = 0,01869
ℎ𝑖 . 𝐴 158,5 × 12,77 𝑊 𝑘 . 2. 𝜋 . 𝐿 0,095 . 2. 𝜋 .20 𝑤
𝑇𝑖 − 𝑇𝑆 𝑇𝑖 − 30
𝑞̇ = → 3387,9 = ⟹ 𝑇𝑖 = 95 °𝐶
𝑅𝑖 + 𝑅1𝑠𝑜 0,000494 + 0,01869

Exercícios Propostos:

Exercício P.4.1. Duas superfícies planas negras e de grandes dimensões são mantidas a 200 °C e 300 °C. Determine:
a) determine o fluxo líquido de calor entre as placas, por unidade de área;
b) repita para o caso em as temperaturas de ambas placas são reduzidas em 100 oC e calcule a percentagem de redução da transferência
de calor.
Respostas: a) 3276,76 W (p/ m 2 ) b) 1742,31 W (p/ m 2 ) e 47% de redução

Exercício P.4.2. Repetir o exercício P.4.1 (itens a e b) considerando que as superfícies são cinzentas com emissividades 0,73 e 0,22.
Respostas: a) 665,19 W (p/ m 2 ) b) 353,69 W (p/ m 2 ) e 47% de redução

Exercício P.4.3. Considere uma sala de aula com 30 alunos. A temperatura ambiente na sala é 24 °C e o coeficiente de película interno
é 12 W/m2.K. Considerando que a área média de uma pessoa é 1,6 m2 e que a temperatura média e a emissividade média da superfície
de uma pessoa são 30 °C e 0,75, respectivamente, calcule (em W e Btu/h) a carga térmica resultante da presença dos alunos na sala.
Dados: Temperatura da face interna das paredes igual a 26 °C e 1 W = 3,41 Btu/h
Resposta: 4346,7 W (~ 15.000 Btu/h)

Exercício P.4.4. Os gases quentes do interior de uma fornalha são separados do ar ambiente a 25 °C (h = 17,2 Kcal/h.m2.°C) por uma
parede de tijolos de 15 cm de espessura. Os tijolos têm uma condutividade térmica de 1,0 kcal/h.m.°C e uma emissividade de 0,8. No
regime permanente mediu-se a temperatura da superfície externa da parede da fornalha como sendo 100 °C. Considerando que a
fornalha está em um grande compartimento cuja temperatura da superfície interna é igual a temperatura ambiente, calcule a
temperatura da superfície interna da parede da fornalha
Resposta: 360,7 °C

Exercício P.4.5. Um amplo recinto de 34 ft de comprimento é atravessado por uma tubulação de ferro oxidado (= 0,71) de 9,5" de
diâmetro externo. Se a temperatura superficial do tubo é 680 °C e a temperatura das paredes do recinto é 80 °C. Determinar:
a) a perda de energia radiante para o recinto;
b) a redução da perda quando se utiliza um tubo de alumínio oxidado (= 0,08).
Respostas: a) 166.271 Btu/h b) 89%

Exercício P.4.6. Em uma indústria, vapor d'água saturado a 255 °C escoa por um tubo de parede fina de diâmetro externo igual a 20 cm.
A tubulação atravessa um amplo recinto de 10 m de comprimento e cujas paredes estão à mesma temperatura de 25 °C do ambiente e
com coeficiente de película de 5 kcal/h.m2.°C). Deseja-se pintar a superfície externa do tubo de maneira que ao sair do recinto, o vapor
no interior do tubo se encontre com apenas 5% de sua massa não condensada. No almoxarifado da indústria dispõe-se de 3 tintas cujas
emissividades são: tinta A: A = 0,99; tinta B: B = 0,86 e tinta C: C = 0,65. Sabendo que o calor latente de vaporização nestas condições
é 404 Kcal/Kg e que as resistências de convecção interna e condução no tubo são desprezíveis, determinar:
a) a tinta com a qual devemos pintar o tubo, sabendo-se que a vazão de vapor é 55,2 kg/h
b) a energia radiante por unidade de comprimento após a pintura
c) a vazão de vapor se utilizarmos a tinta A
Respostas: a)  =0,65 (usar a tinta C) b) 1392 Kcal/h (p/m) c) 74,6 kg/h

53
5. ALETAS

5.1. CONCEITO

Para um melhor entendimento do papel desempenhado pelas aletas na transferência de calor consideremos um exemplo prático. Em
um processador (CPU) de computador o principal mecanismo de dissipação de calor é a convecção para o ar. Devido à contínua elevação
da capacidade de processamento, a taxa de geração de calor também aumenta. A taxa de dissipação de calor por convecção a partir da
superfície da CPU, em uma temperatura TS, para o ar circundante, em uma temperatura T, pode calculada conforme a Equação 5-1.

Equação 5-1
𝑻𝑺 − 𝑻∞ 𝟏 𝒉 ↑ ⟹ 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒂𝒍𝒂çã𝒐 𝒅𝒆 𝒖𝒎 𝒗𝒆𝒏𝒕𝒊𝒍𝒂𝒅𝒐𝒓
𝒒̇ ↑= 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝑹𝑪𝑽
𝒂𝒓 ↓= { 𝒂𝒓
𝑹𝑪𝑽
𝒂𝒓 ↓ 𝒉𝒂𝒓 ↑ . 𝑨 ↑ 𝑨 ↑ ⟹ 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒂𝒍𝒂çã𝒐 𝒅𝒆 𝒔𝒖𝒑𝒆𝒓𝒇í𝒄𝒊𝒆𝒔 𝒆𝒙𝒕𝒆𝒏𝒅𝒊𝒅𝒂𝒔 (𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂𝒔)

Quando as temperaturas TS e T são fixadas pelas condições de projeto e/ou ambientais, a taxa de transferência de calor pode ser
maximizada pela minimização da resistência térmica da convecção. Neste caso, existem duas formas de reduzir a resistência térmica da
convecção, que são aumentar o coeficiente de película h e aumentar a área A da superfície de troca de calor da CPU. Aumentar o
coeficiente h pode exigir a instalação de um ventilador, ou a substituição do existente por um maior. Aumentar a área A exige a anexação
à superfície da CPU de uma base com superfícies estendidas, chamada de aletas, feitas de materiais altamente condutores tal como o
alumínio. A Figura 5-1 ilustra a instalação de um “cooler” de CPU, que é um conjunto de aletas e ventilador.

Figura 5-1

É interessante observar que a base das aletas deve ficar bem ajustada sobre a superfície da CPU mas sempre existem algumas
imperfeições, não notadas a olho nu, que ficam preenchidas de ar estagnado que age como um isolante térmico. Neste caso, é comum
a utilização de uma “pasta térmica” entre a CPU e a base das aletas. A pasta térmica é um composto químico pastoso elaborado com
elementos que conferem elevada condutividade térmica.

5.2. FLUXO DE CALOR ATRAVÉS DE UMA SUPERFÍCIE COM ALETAS

Consideremos uma superfície base, na temperatura TS, sobre a qual estão fixadas aletas de seção transversal uniforme, como mostra a
Figura 5-2, transferindo calor por convecção para um fluido ambiente. O fluido está na temperatura T , menor que TS, e o coeficiente de
película no local é h.
54
Figura 5-2

O fluxo de calor total dissipado através da superfície com as aletas é igual a soma do fluxo (𝑞̇ 𝐴 ) transferido pela área exposta das aletas,
denominada AA, mais o fluxo (𝑞̇ 𝑅 ) transferido pela área exposta da superfície base, denominada AR.
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝐴 + 𝑞̇ 𝑅
A parcela (𝑞̇ 𝑅 ) transferida pela área restante da base, que está na temperatura TS, pode ser calculada pela Lei de Newton (Equação 3-1):
𝑞̇ 𝑅 = ℎ . 𝐴𝑅 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
Aplicando o mesmo raciocínio para parcela (𝑞̇ 𝐴 ) transferida pela área das aletas, observamos que a temperatura das aletas não é a
mesma da base pois à medida que a aleta perde calor, a sua temperatura diminui. Portanto, usaremos uma temperatura média das
̅ 𝑨 ), que obviamente é menor que TS, no cálculo do fluxo de calor dissipado pela área AA.
aletas (𝑻
𝑞̇ 𝐴 = ℎ . 𝐴𝐴 . (𝑇̅𝐴 − 𝑇∞ )
Assim, o fluxo de calor total dissipado será:
𝑞̇ = 𝑞̇ 𝐴 + 𝑞̇ 𝑅 = ℎ . 𝐴𝑅 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) + ℎ . 𝐴𝐴 . (𝑇̅ 𝐴 − 𝑇∞ )
̅ 𝑨 ), será utilizada a própria temperatura da base (TS) porém com a
Dado a dificuldade de se calcular a temperatura média das aletas (𝑻
introdução de um fator de correção denominado eficiência das aletas (), que é um número menor que 1,0, que multiplica o potencial
térmico da base:
Equação 5-2 𝒒̇ = 𝒉 . 𝑨𝑹 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ) + 𝒉 . 𝑨𝑨 . 𝜼 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ )
A Equação 5-2 pode ser simplificada, colocando o T e o h em evidência:

Equação 5-3 𝑞̇ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )

5.3. EFICIÊNCIA DE UMA ALETA

O problema encontrado com relação à temperatura média das aletas (𝑇̅𝐴 − 𝑇∞ ) foi contornado utilizado a eficiência das aletas (). Para
melhor entender o conceito da eficiência analisemos as distribuições de temperatura na Figura 5-3 para duas aletas (a) e (b) de diferentes
características.
Observamos na Figura 5-4 que, à medida que afastamos da base, a temperatura das aletas diminui. A taxa de variação da temperatura
vai depender de diversas características das aletas e do fluido ambiente, tais como a condutividade térmica e o coeficiente de película.
Obviamente, a aleta (a) na Figura 5-3 dissipa mais calor que a aleta (b), pois mantém uma maior diferença de temperatura em relação
ao fluido ambiente (T) ao longo da aleta. Portanto, a aleta (a) é mais eficiente que a aleta (b). No caso idealizado, com uma
condutividade térmica infinita para o material da aleta (aleta ideal), a temperatura da aleta seria a mesma da base ao longo de toda a
aleta, conforme ilustra também a Figura 5-3.

55
Figura 5-3

A partir destes conceitos, é definida assim a Eficiência da Aleta ():

𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎


𝜂=
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑡𝑜𝑑𝑎 𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑛𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒

Numericamente, temos para a Eficiência da Aleta ():


̅ 𝑨 − 𝑻∞ )
𝒉 .𝑨𝑨 .(𝑻
Equação 5-4 𝜼= 𝒉 .𝑨𝑨 .(𝑻𝑺 − 𝑻∞ )

Assim, chegamos à expressão utilizada para a correção da temperatura média da aleta:


ℎ . 𝐴𝐴 . (𝑇̅𝐴 − 𝑇∞ ) (𝑇̅𝐴 − 𝑇∞ )
𝜂= = ⟹ (𝑇̅𝐴 − 𝑇∞ ) = 𝜂 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
ℎ . 𝐴𝐴 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞) (𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
A expressão matemática para a eficiência da aleta, mostrada na Equação 5-5, pode obtida por meio de um balanço diferencial de
energia em uma aleta, conforme demostrado no Apêndice A:

𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎.𝒍) 𝒉.𝑷
Equação 5-5 𝜼= 𝒐𝒏𝒅𝒆: 𝒎 = √𝒌.𝑨 (coeficiente da aleta)
𝒎.𝒍 𝒕
A tangente hiperbólica, além de facilmente obtida em qualquer calculadora científica, também pode ser calculada da seguinte forma:
𝑒𝑚.𝑙 − 𝑒𝑚.𝑙
𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 ) =
𝑒𝑚.𝑙 + 𝑒𝑚.𝑙
A Equação 5-5 mostra que a eficiência de uma aleta é uma função do produto "m.l". Observando uma tabela de funções hiperbólicas
nota-se que a medida que o produto "m.l" aumenta a eficiência da aleta diminui, pois, o numerador aumenta em menor proporção.
Portanto, quanto maior o coeficiente da aleta “m” e/ou quanto maior a altura “l”, menor é a eficiência. Em compensação quanto maior
a altura, maior é a área de transferência de calor da aleta (AA).

5.4. TIPOS DE ALETAS

Superfícies aletadas são comumente usados na prática para melhorar a transferência de calor e geralmente aumentam várias vezes a
taxa de transferência de calor a partir de uma superfície. O radiador de automóvel é um exemplo de uma superfície com aletas. Neste
equipamento, finas chapas de metal, densamente espaçadas, são afixadas na superfície dos tubos de água quente, proveniente da
refrigeração do motor, para aumentar a área superficial e, assim, aumentar várias vezes taxa de transferência de calor por convecção a
partir dos tubos para o ar.
Existe uma grande variedade de modelos de aletas disponíveis no mercado, e que parece ser limitado apenas pela imaginação. A seguir
veremos alguns dos tipos mais encontrados industrialmente.
56
• Aletas de Seção Retangular

Figura 5-4
Na Figura 5-4 observamos uma aleta de seção retangular assentada em uma superfície plana. Considerando que a aleta tem largura b e
espessura e (com espessura muito pequena em relação à largura), o coeficiente da aleta “m”, da Equação 5-5, pode ser calculado assim:

ℎ .𝑃
𝑚 = √𝑘 .𝐴 como, 𝑃 = 2 . 𝑏 + 2. 𝑒 ≅ 2. 𝑏 e 𝐴𝑡 = 𝑏. 𝑒 , temos:
𝑡

ℎ .2 .𝑏 2. ℎ
𝑚= √ ⟹ 𝑚= √
𝑘. 𝑏. 𝑒 𝑘. 𝑒

• Aletas de Seção Não-Retangular

Figura 5-5
Neste caso, temos uma aleta de seção triangular, como mostra a Figura 5-5. Aletas de seção parabólica, trapezoidal, etc., também são
comuns. O cálculo do coeficiente “m” pode ser feito de modo similar ao caso anterior, considerando uma área transversal média.

• Aletas Circulares

Figura 5-6

As aletas colocadas sobre superfícies de tubos podem ter colocação radial (transversal) como na Figura 5-6 ou axial (longitudinal),
assentando aletas do tipo retangular nos tubos, como mostrado no Exercício R.5.1. A escolha do assentamento radial ou axial de aletas
sobre superfícies de tubos depende da direção do escoamento do fluido externo, pois a aletas devem prejudicar o mínimo possível o
coeficiente de película, ou seja, não podem provocar estagnação do fluido.
57
O cálculo do coeficiente “m” para a aleta circular da Figura 5-6 é feito da seguinte forma:

ℎ .𝑃
𝑚 = √𝑘 .𝐴 como, 𝑃 = 2 . (2. 𝜋. 𝑟) + 2. 𝑒 ≅ 4. 𝜋. 𝑟 e 𝐴𝑡 = 2. 𝜋. 𝑟. 𝑒 , temos:
𝑡

ℎ. 4. 𝜋. 𝑟 2. ℎ
𝑚= √ ⟹ 𝑚= √
𝑘. 2. 𝜋. 𝑟. 𝑒 𝑘. 𝑒

• Aletas Pino

Em certas aplicações aletas tipo pino são necessárias para não prejudicar demasiadamente o coeficiente de película. A figura 6.6 mostra
uma aleta pino de seção circular. Neste caso, o cálculo do coeficiente “m” para pino de seção circular é:

ℎ .𝑃
𝑚 = √𝑘 .𝐴 como, 𝑃 = 2 . 𝜋. 𝑟 e 𝐴𝑡 = 𝜋. 𝑟 2 , temos:
𝑡

ℎ. 2 . 𝜋. 𝑟 2. ℎ
𝑚= √ ⟹ 𝑚= √
𝑘. 𝜋. 𝑟 2 𝑘. 𝑟

5.5. EFICÁCIA DE UMA ALETA

Aletas são usadas para melhorar a transferência de calor, e a utilização de aletas sobre uma superfície só pode ser recomendada se o
aumento na transferência de calor justifique o custo agregado e a complexidade associada com a introdução das aletas, conforme ilustra
a Figura 5-7. Na verdade, nem sempre há garantia de que acrescentando aletas em uma superfície a transferência de calor irá aumentar.

Figura 5-7
O desempenho das aletas deve ser julgado com base no aumento da transferência de calor em relação ao caso sem aletas. O desempenho
das aletas expresso em termos da Eficácia da Aleta () é definido como:
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑚𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 𝑐𝑜𝑚 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝜀=
𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 𝑠𝑒𝑚 𝑎𝑠 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
Numericamente, temos para a Eficácia da Aleta ():
𝑞̇ 𝑐𝑜𝑚 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 ℎ .(𝐴𝑅 +𝜂.𝐴𝐴 ) .(𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
Equação 5-6 𝜀= = , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 é 𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝑞̇ 𝑠𝑒𝑚 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 ℎ .𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 .(𝑇𝑆 − 𝑇∞ )

Dado o custo e a complexidade adicionada pela instalação de aletas em uma superfície, o seu uso somente é justificado se a eficácia for
no mínimo maior que 2.
58
Exercícios Resolvidos

Exercício R.5.1. Em uma indústria eletrônica, a dissipação de calor em um transistor de formato cilíndrico com raio externo (r 1) de 3 mm
e altura (b) de 6 mm, pode ser melhorada inserindo um dissipador de calor que consiste de um cilindro vazado (luva) de alumínio (k =
200 W/m.K) que possui 12 aletas retangulares de alumínio fixadas sobre a sua superfície externa. O cilindro base, cuja espessura (r2-r1)
é 1 mm, está perfeitamente ajustado ao transistor e tem resistência térmica desprezível. As aletas têm altura de 10 mm e espessura de
1 mm. Sabendo que ar fluindo a 20 °C sobre as superfícies das aletas resulta em um coeficiente de película de 25 W/m 2.K, calcule:
a) o fluxo de calor que pode ser dissipado pelo conjunto base mais aletas, quando a temperatura do transistor for 80 °C.
b) considerando que a taxa de geração de calor no transistor é 17000 W por m 2 de área lateral do transistor, quando a temperatura for
80 °C, determine se o dissipador é adequado para esta aplicação.
𝑊
𝑛 = 12 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 𝑘𝐴𝑙 = 200
𝑚. 𝐾
𝑙 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚 𝑒 = 1𝑚𝑚 = 0,001 𝑚
𝑟1 = 3 𝑚𝑚 = 0,003 𝑚
𝑟2 − 𝑟1 = 1 𝑚𝑚 ⟹ 𝑟2 = 𝑟2 + 1 = 3 + 1 = 4 𝑚𝑚 = 0,004 𝑚
𝑏 = 6 𝑚𝑚 = 0,006 𝑚
𝑇𝑆 = 80 °𝐶 𝑇∞ = 80 °𝐶
𝑊
ℎ = 25
𝑚2 . 𝐾

Cálculo de AR:
𝐴𝑅 = 2. 𝜋. 𝑟2 . 𝑏 − 𝑛. (𝑏. 𝑒) = 2 × 𝜋 × 0,004 × 0,006 − 12 × (0,006 × 0,001) = 7,8796 × 10−5 𝑚2
Cálculo de AA (desprezando as áreas laterais):
𝐴𝐴 = 2. (𝑙. 𝑏). 𝑛 = 2 × (0,01 × 0,006) × 12 = 0,00144 𝑚2
Cálculo da eficiência da aleta:
𝑊
2. ℎ 2 × 25 2
𝑚= √ = √ 𝑚 .𝐾 = √250 𝑚−2 = 15,8114 𝑚−1
𝑘. 𝑒 𝑊
200 𝑚. 𝐾 × 0,001𝑚

𝑚. 𝑙 = 15,8114 𝑚−1 × 0,01𝑚 = 0,158114 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) = 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,158114) = 0,156809


𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 0,156809
𝜂= = = 0,9917
𝑚. 𝑙 0,158114
Cálculo do fluxo de calor: Desprezando as resistências de contato entre o transistor e o cilindro e do próprio cilindro, a temperatura da
base das aletas pode ser considerada como 80 °C.
𝑊
q̇ = h . (AR + η. AA ) . (TS − T∞ ) = 25 . (7,8796 × 10−5 + 0,9917 × 0,00144 ) 𝑚2 . (80 − 20) 𝐾 = 2,26 𝑊
𝑚2 . 𝐾
b) A área externa do transistor é:
𝐴𝑅 = 2. 𝜋. 𝑟2 . 𝑏 = 2 × 𝜋 × 0,003 × 0,006 = 1,131 × 10−4 𝑚2
𝑞̇ 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 𝑊 𝑊
= 1700 2 ⟹ 𝑞̇ 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 1700 2 × 0,0001131 𝑚2 = 1,92 𝑊
𝐴 𝑚 𝑚
Como o calor que pode ser dissipado no transistor é menor que a capacidade do dissipador o mesmo é adequado para esta aplicação.

Exercício R.5.2. Uma placa plana de alumínio (k = 175 Kcal/h.m.°C), de resistência térmica desprezível, tem formato quadrado com 1 m
de lado. Afixadas sobre a placa existem aletas retangulares de 1,5 mm de espessura e 12 mm de altura, espaçadas entre si de uma
distância de 12 mm, ocupando toda a largura da placa. O lado com aletas está em contato com ar a 40 °C e com coeficiente de película
de 25 Kcal/h.m2. °C. Do outro lado, sem aletas, escoa um fluxo de óleo a 150 °C e com resistência de convecção desprezível. Calcule:
a) o número de aletas afixadas sob a placa;
b) fluxo de calor dissipado pela placa aletada desprezando a resistência de convecção da película de óleo;
b) idem item anterior levando em conta a resistência de convecção de película de óleo de 225 kcal/h.m2. °C.
59
𝑃𝑙𝑎𝑐𝑎: 1 𝑚2 𝐿 = 1 𝑚 𝑒 𝑏 = 1𝑚
𝑙 = 12 𝑚𝑚 = 0,012 𝑚 𝑒 = 1,5 𝑚𝑚 = 0,0015 𝑚
∆= 12 𝑚𝑚 = 0,012 𝑚
𝑇𝑆 = 150 °𝐶 𝑇𝑎𝑟 = 40 °𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
ℎ = 25 ℎó𝑙𝑒𝑜 = 25
ℎ. 𝑚2 . °𝐶 ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑘 = 175
ℎ. 𝑚. °𝐶

a) desprezando a resistência da película do óleo, a temperatura da base das aletas é a mesma do fluxo de óleo (TS = 150 °C)
Cálculo do número de aletas:
𝐿 1
𝐿 = (𝑒 + ∆) . 𝑛 ⟹ 𝑛= = = 74,07 ≅ 74 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝑒+∆ 0,0015 + 0,012
b) cálculo da eficiência da aleta:
𝑘𝑐𝑎𝑙
2. ℎ 2 × 25
𝑚= √ = √ ℎ. 𝑚2 . °𝐶 = √ 190,47 𝑚−2 = 13,801 𝑚−1
𝑘. 𝑒 𝑘𝑐𝑎𝑙
175 ℎ. 𝑚. °𝐶 × 0,0015 𝑚
𝑚. 𝑙 = 13,801 𝑚−1 × 0,012 𝑚 = 0,1656 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) = 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,1656) = 0,1641
𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 0,1641
𝜂= = = 0,9909
𝑚. 𝑙 0,1656
Cálculo da área não aletada:
𝐴𝑅 = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. 𝐴𝑡 = 𝑏. 𝐿 − 𝑛. (𝑏. 𝑒) = 1 × 1 − 74 × (1 × 0,0015) = 0,889 𝑚2
Cálculo da área das aletas (desprezando as áreas laterais):
𝐴𝐴 = 2. (𝑙. 𝑏). 𝑛 = 2 × (1 × 0,012) × 74 = 1,776 𝑚2
Cálculo do fluxo de calor:
𝑘𝑐𝑎𝑙 𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 25 2 . (0,889 + 0,9909 × 1,776 ) 𝑚2 . (150 − 40) °𝐶 = 7279,91
ℎ. 𝑚 . °𝐶 ℎ
b) O novo fluxo deve ser obtido considerando a resistência da película do óleo (lembrando que a resistência da placa é desprezível).
Neste caso, a temperatura da base é T’S < TS. O fluxo de calor transferido por convecção do óleo para a base das aletas é:
Tóleo − T′S 150 − T′S
𝑞̇ ′ = = = 33750 − 225 × T′S
1 1
ℎó𝑙𝑒𝑜 . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 225 × (1 × 1)
Este é também o fluxo pela placa aletada:
𝑞′̇ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇′𝑆 − 𝑇∞ ) = 25 . (0,889 + 0,9909 × 1,776 ) . (𝑇′𝑆 − 40) = 66,181 × 𝑇′𝑆 − 2647,24
Igualando as equações acima obtemos a temperatura da base T’S:
33750 − 225 × 𝑇 ′𝑆 = 66,181 × 𝑇 ′𝑆 − 2647,24 ⟹ 𝑇 ′𝑆 = 125 °𝐶
Portanto, o fluxo de calor considerando a resistência da película de óleo será:
𝑘𝑐𝑎𝑙 2
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ = = 25 2 . (0,889 + 0,9909 × 1,776 ) 𝑚 . (125 − 40) °𝐶 = 5628,8
ℎ. 𝑚 . °𝐶 ℎ

Exercício R.5.3. Em um dispositivo eletrônico, um delgado chip de silício de resistência térmica desprezível está perfeitamente ajustado
a uma base de material isolante, de modo que a transferência de calor se dá apenas pela superfície superior do chip, conforme a figura
(a). A face superior do chip está exposta a um fluxo forçado de ar na temperatura de 25 °C e com coeficiente de película de 150 W/m2.K.
O formato da superfície do chip é um quadrado de lado 3 cm e a taxa de geração de calor no chip é de 9 W. Nestas condições determine:
a) a temperatura do chip na situação da figura (a);
b) para reduzir a temperatura do chip, foi instalado sobre o chip um dissipador de calor composto de uma base de alumínio quadrada,
de 3 cm de lado e resistência desprezível, sobre a qual estão montadas 9 aletas retangulares de alumínio (k = 220 W/m.K) com 1 mm de

60
espessura de 10 mm de altura, conforme a figura (b). Considerando que a dissipação é mantida em 9 W e que o coeficiente de película
não é alterado, determine a nova temperatura do chip após a instalação do dissipador.
Aletas 𝑛 = 9 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 𝑞̇ = 9 𝑊
Base das 𝑙 = 10 𝑚𝑚 = 0,01 𝑚 𝑒 = 1𝑚𝑚 = 0,001 𝑚
aletas
𝐿 = 3 𝑐𝑚 = 0,03 𝑚 → 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝐿2 = 0,0009 𝑚2
(a)
Chip
(b) 𝑇𝑆 =? 𝑇𝑎𝑟 = 25 °𝐶
Base isolada 𝑊 𝑊
ℎ = 150 𝑘𝐴𝑙 = 220
a) O calor dissipado (𝑞̇ = 9 𝑊) é por convecção, temos: 𝑚2 . 𝐾 𝑚. 𝐾
𝑇𝑆 − 𝑇𝑎𝑟 𝑞̇ 9
𝑞̇ = = ℎ . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 . (𝑇𝑆 − 𝑇𝑎𝑟 ) ⟹ 𝑇𝑆 = + 𝑇𝑎𝑟 = + 25 = 91,66 °𝐶
1 ℎ . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 150 × 0,0009
ℎ . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒
b) Cálculo da eficiência da aleta:

2. ℎ 2 × 150
𝑚= √ = √ = 36,9274 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 36,9274 𝑚−1 × 0,01 = 0,3693
𝑘. 𝑒 220 × 0,001
𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,3693) 0,3534
𝜂= = = = 0,9569
𝑚. 𝑙 0,3693 0,3693
Cálculo da área não aletada:
𝐴𝑅 = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. 𝐴𝑡 = 𝐿2 − 𝑛. (𝐿. 𝑒) = 0,0009 − 9 × (0,03 × 0,001) = 0,00063 𝑚2
Cálculo da área das aletas (desprezando as áreas laterais):
𝐴𝐴 = 2. (𝑙. 𝑏). 𝑛 = 2 × (0,03 × 0,01) × 9 = 0,0054 𝑚2
Cálculo da temperatura do chip:
𝑞̇ 9
𝑞̇ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇′𝑆 − 𝑇∞ ) ⟹ 𝑇 ′𝑆 = + 𝑇𝑎𝑟 = + 25
ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) 150 × (0,00063 + 0,9569 × 0,0054)
𝑇 ′𝑆 = 35,4 °𝐶

Exercício R.5.4. A parte aletada do motor de uma motocicleta é construída de uma liga de alumínio (k=186 W/m.K) e tem formato que
pode ser aproximado como um cilindro de 15 cm de altura e 50 mm de diâmetro externo. Existem 5 aletas transversais circulares
igualmente espaçadas com espessura de 6 mm e altura de 20 mm. Sob as condições normais de operação a temperatura da superfície
externa do cilindro é 500 K e está exposta ao ambiente a 300 K, com coeficiente de película de 50 W/m2.K quando a moto está em
movimento. Quando a moto está parada o coeficiente cai para 15 W/m2.K. Qual é a elevação percentual da transferência de calor quando
a moto está em movimento.
𝐻 = 15 𝑐𝑚 = 0,15 𝑚 𝑛 = 5 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝑑 = 50 𝑚𝑚 → 𝑟 = 25 𝑚𝑚 = 0,025 𝑚
𝑙 = 20 𝑚𝑚 = 0,02 𝑚 𝑒 = 6 𝑚𝑚 = 0,006 𝑚
Raio da aleta: 𝑟𝑎 = 𝑟 + 𝑙 = 0,025 + 0,02 = 0,045 𝑚
𝑇𝑆 = 500 𝐾 𝑇∞ = 300 𝐾
𝑊 𝑊
ℎ𝑚𝑜𝑣 = 50 2 ℎ𝑝𝑎𝑟 = 15
𝑚 .𝐾 𝑚2 . 𝐾
𝑊
𝑘𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 = 186
𝑚. 𝐾
,
Cálculo da área não aletada:
𝐴𝑅 = 𝐴𝐵 − 𝑛. 𝐴𝑡 = (2. 𝜋. 𝑟. 𝐻) − 𝑛. (2. 𝜋. 𝑟. 𝑒) = (2 × 𝜋 × 0,025 × 0,15) − 5 × (2 × 𝜋 × 0,025 × 0,006) = 0,01885 𝑚2
Cálculo da área das aletas:
𝐴𝐴 = 2. [𝜋. 𝑟𝑎2 − 𝜋. 𝑟 2 ] × 𝑛 = 2 × [𝜋 × (0,045)2 − 𝜋 × (0,025)2 ] × 5 = 0,04398 𝑚2
Cálculo da eficiência da aleta (para a moto em movimento):

61
2. ℎ𝑚𝑜𝑣 2 × 50
𝑚= √ = √ = 9,466 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 9,466 𝑚−1 × 0,02 = 0,1893
𝑘. 𝑒 186 × 0,006
𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,1893) 0,1871
𝜂𝑚𝑜𝑣 = = = = 0,9884
𝑚. 𝑙 0,1893 0,1893
Cálculo da eficiência da aleta (para a moto parada):

2. ℎ𝑝𝑎𝑟 2 × 15
𝑚= √ = √ = 5,1848 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 5,1848 𝑚−1 × 0,02 = 0,1037
𝑘. 𝑒 186 × 0,006
𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,1037) 0,1036
𝜂𝑝𝑎𝑟 = = = = 0,9990
𝑚. 𝑙 0,1037 0,1037
Cálculo do fluxo de calor (para a moto em movimento):
𝑞̇ 𝑚𝑜𝑣 = ℎ𝑚𝑜𝑣 . (𝐴𝑅 + 𝜂𝑚𝑜𝑣 . 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 50 × (0,01885 + 0,9884 × 0,04398) × (500 − 300) = 623,198 𝑊
Cálculo do fluxo de calor (para a moto parada):
𝑞̇ 𝑝𝑎𝑟 = ℎ𝑝𝑎𝑟 . (𝐴𝑅 + 𝜂𝑝𝑎𝑟 . 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 15 × (0,01885 + 0,9990 × 0,04398) × (500 − 300) = 188,358 𝑊
Cálculo da percentagem de elevação do fluxo de calor para a moto em movimento:
𝑞̇ 𝑚 − 𝑞̇ 𝑝 623,198 − 188,358
% 𝐸𝑙𝑒𝑣 = × 100 = × 100 = 230,86%
𝑞̇ 𝑝 188,358

Exercício R.5.5. Calcule a eficácia que poderia ser obtida de uma placa plana usando-se por unidade de área 6400 aletas tipo pino de
alumínio (k = 178 Kcal/h.m.°C), de 5 mm de diâmetro e 30 mm de altura. Sabe-se que na base da placa a temperatura é 300 °C, enquanto
que o ambiente está a 20 °C com coeficiente de película de 120 Kcal/h.m2.°C.

𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 = 1 𝑚2 𝑛 = 6400 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠


𝑑 = 5 𝑚𝑚 → 𝑟 = 2,5 𝑚𝑚 = 0,0025 𝑚
𝑙 = 30 𝑚𝑚 = 0,03 𝑚
𝑇𝑆 = 300 °𝐶 𝑇∞ = 20 °𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙
ℎ = 120
ℎ. 𝑚2 . °𝐶
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑘 = 178
ℎ. 𝑚. °𝐶
Cálculo da eficiência:

2. ℎ 2 × 120
𝑚= √ = √ = 23,2234 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 23,2234 𝑚−1 × 0,03 = 0,6967
𝑘. 𝑟 178 × 0,0025
𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,6967) 0,6023
𝜂= = = = 0,8645
𝑚. 𝑙 0,6967 0,6967
Cálculo da área não aletada:
𝐴𝑅 = 𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. 𝐴𝑡 = 𝐴𝐵𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. (𝜋. 𝑟 2 ) = 1 − 6400 × (𝜋 × (0,0025)2 ) = 0,874 𝑚2
Cálculo da área das aletas (desprezando as áreas laterais):
𝐴𝐴 = (2. 𝜋. 𝑟. 𝑙). 𝑛 = (2 × 𝜋 × 0,0025 × 0,03) × 6400 = 3,016 𝑚2
Cálculo do fluxo de calor:
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑐/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 120 × (0,874 + 0,8645 × 3,016) × (300 − 20) = 116.972,7

Antes da colocação das aletas o fluxo é:
𝑘𝑐𝑎𝑙
𝑞̇ 𝑠 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 = ℎ . 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) = 120 × (1) × (300 − 20) = 33.600

Portanto, a eficácia é:

62
𝑞̇ 𝑐/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 116.972,7
𝜀= = = 3,48
𝑞̇ 𝑠/ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠 33600

Exercício R.5.6. Uma empresa fabrica dissipadores (“cooler”) para “chips” de computador. Os dissipadores têm 10 aletas retangulares
de 1 mm de espessura e 1 cm de altura, montadas sobre uma base retangular com dimensões a = 5 e b =10 cm, conforme a figura abaixo.
O material da aleta é uma liga de aço de condutividade 40 W/m.K. Para uma temperatura na base do dissipador de 65 oC e uma
temperatura do ar de 25 oC, com coeficiente de película de 200 W/m2.K, calcule:
a) O fluxo de calor dissipado nestas condições;
b) Para elevar a dissipação de calor, um dos engenheiros novatos da empresa propõe fazer as aletas com 0,5 cm de altura (metade da
altura), usando agora 20 aletas (o dobro de aletas) montadas na base. Calcule o fluxo de calor dissipado nesta nova proposta e diga
se ela é uma boa opção para elevar a dissipação de calor, considerando que ambas as soluções terão praticamente o mesmo custo
de produção.

Base: 𝑏 = 5 𝑐𝑚 = 0,05 𝑚 𝑎 = 10 𝑐𝑚 = 0,1 𝑚


𝑛 = 10 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎𝑠
𝑙 = 1 𝑐𝑚 = 0,01 𝑚 𝑒 = 1 𝑚𝑚 = 0,001 𝑚
a l
𝑊 𝑊
ℎ = 200 𝑘 = 40
𝑚2 . 𝐾 𝑚. 𝐾
𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 = 65 °𝐶 𝑇𝑎𝑟 = 25 °𝐶

a) Cálculo da eficiência da aleta:

2. ℎ 2 × 200
𝑚= √ = √ = 100 𝑚−1 𝑚. 𝑙 = 100 𝑚−1 × 0,01 = 1
𝑘. 𝑒 40 × 0,001
𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙) 𝑡𝑎𝑔ℎ(1) 0,7616
𝜂= = = = 0,7616
𝑚. 𝑙 1 1
Cálculo da área não aletada:
𝐴𝑅 = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 − 𝑛. (𝐴𝑡 ) = 𝑎. 𝑏 − 𝑛. (𝑏. . 𝑒) = 0,1 × 0,05 − 10 × (0,05 × 0,001) = 0,0045 𝑚2
Cálculo da área das aletas:
𝐴𝐴 = 2. (𝑏. 𝑙). 𝑛 = 2 × (0,05 × 0,01) × 10 = 0,01 𝑚2
Cálculo do fluxo de calor:
𝑞̇ = ℎ . (𝐴𝑅 + 𝜂. 𝐴𝐴 ) . (𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 ) = 200 × (0,0045 + 0,7616 × 0,01) × (65 − 25) = 96,9 𝑊
b) Cálculo da nova proposta: l = 0,5 cm = 0,005m n = 20 aletas
Cálculo da eficiência da aleta:

2. ℎ 2 × 200
𝑚= √ = √ = 100 𝑚−1 𝑚. 𝑙′ = 100 𝑚−1 × 0,005 = 0,5
𝑘. 𝑒 40 × 0,001
𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙′) 𝑡𝑎𝑔ℎ(0,5) 0,4621
𝜂′ = = = = 0,9242
𝑚. 𝑙′ 0,5 0,5
Cálculo da área não aletada:
𝐴′𝑅 = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 − 𝑛′. (𝐴𝑡 ) = 𝑎. 𝑏 − 𝑛′. (𝑏. . 𝑒) = 0,1 × 0,05 − 20 × (0,05 × 0,001) = 0,0040 𝑚2
Cálculo da área das aletas:
𝐴′𝐴 = 2. (𝑏. 𝑙′). 𝑛′ = 2 × (0,05 × 0,005) × 20 = 0,01 𝑚2
Cálculo do fluxo de calor:
𝑞′̇ = ℎ . (𝐴′𝑅 + 𝜂′. 𝐴′𝐴 ) . (𝑇𝑐ℎ𝑖𝑝 − 𝑇𝑎𝑟 ) = 200 × (0,0040 + 0,9242 × 0,01) × (65 − 25) = 105,9 𝑊
Concluímos que a solução proposta pelo novo engenheiro é uma boa opção para elevar a transferência de calor

63
Exercícios Propostos:

Exercício P.5.1. Em uma indústria deseja-se projetar um dissipador de calor para elementos transistores em um local onde o coeficiente
de película é 3 Kcal/h.m2.°C. A base do dissipador será uma placa plana, de 10 x 10 cm, sobre a qual estarão dispostas 8 aletas, de seção
transversal retangular, com espaçamento constante, de 2 mm de espessura e 40 mm de altura. Sob a placa deve ser mantida uma
temperatura de 80 °C, com temperatura ambiente de 30 °C. Para uma condutividade térmica das aletas de 35 Kcal/h.m.°C, pede-se:
a) a eficiência da aleta;
b) calor dissipado pela placa aletada;
c) a eficácia das aletas
a) 95,68% b) 10,44 kcal/h c) 6,96

Exercício P.5.2. Um dissipador de calor (cooler) para chips de computador consiste de uma placa aletada e um ventilador acoplado. A
placa, de resistência térmica desprezível, é quadrada com 5 cm de lado e tem 10 aletas retangulares de 1 mm de espessura e 1 cm de
altura. O material das aletas é uma liga de aço de condutividade 40 W/m.K. O ventilador acoplado faz uma circulação forçada de ar a 25
°C, de modo que o coeficiente de película fica em 200 W/m2.K Para uma temperatura do chip de 65 °C, calcule:
a) o fluxo de calor dissipado pelo “chip” através da superfície aletada nestas condições;
b) a eficácia das aletas nestas condições;
c) considerando que o calor dissipado pelo “chip” é mantido, calcule a nova temperatura do “chip” caso o ventilador seja danificado e o
coeficiente de película diminua para 50 W/m2.K.
a) 76,93 W b) 3,85 c) 161,9 °C

Exercício P.5.3. Um tubo metálico de diâmetro externo 4" e resistência térmica desprezível conduz um produto a 85 °C, com coeficiente
de película interno 1230 Kcal/h.m2. °C. O tubo é de aço, tem 0,8 m de comprimento, e está mergulhado num tanque de água a 20 °C,
com coeficiente de película externo 485 Kcal/h.m2. °C. O tubo deve ter 1,5 aletas por centímetro de tubo. As aletas são circulares e feitas
de chapa de aço, de 1/8 " de espessura e 2 " de altura. Considerando desprezível a resistência térmica da parede do tubo, calcular:
a) o fluxo de calor pelo tubo, sem aletas;
b) a temperatura da superfície externa do tubo, sem aletas;
c) o fluxo de calor pelo tubo aletado, considerando a mesma temperatura calculada anteriormente na superfície externa do tubo e que
a condutividade térmica das aletas é 40,31 Kcal/h.m.°C
a) 5773,4 kcal/h b) 66,6 °C c) 32857,7 kcal/h

Exercício P.5.4. Em uma indústria, deseja-se elevar em 20 % a transferência de calor em um reator de formato cilíndrico e para isto, sua
superfície externa vai ser aletada com aletas tipo pino. O reator tem 2 m de altura e 50 cm de diâmetro e sua superfície trabalha a 250
°C em um local onde a temperatura do ar é 25 °C e o coeficiente de película é 22 W/m2.K. Para isto, dispõe-se de aletas tipo pino de aço
(k = 45 W/m.K) com seção circular de 5 mm de diâmetro e com 25 mm de altura. Considerando que a superfície externa exposta ao ar e
que deve receber aletas é somente a área lateral do reator, calcule:
a) o fluxo de calor dissipado antes do aletamento;
b) calcular o número de pinos de seção circular necessários;
a) 15550,92 W b) 1822 aletas

Exercício P.5.5. Um tubo de diâmetro 4" e 65 cm de comprimento deve receber aletas transversais, circulares, de 1,5 mm de espessura,
separadas de 2 mm uma da outra. As aletas têm 5 cm de altura. No interior do tubo circula um fluido a 135 °C. O ar ambiente está a 32
°C, com coeficiente de película 12 Kcal/h.m2.°C. A condutividade térmica do material da aleta é 38 Kcal/h.m.°C. Determinar o fluxo de
calor pelo tubo aletado.
8369,2 Kcal/h

64
Exercício P.5.6. Uma empresa fabrica dissipadores de calor. Os dissipadores têm 10 aletas retangulares de 1 mm de espessura e 1 cm de
altura, montadas sobre uma base quadrada de 5 cm de lado, de resistência desprezível. O material da aleta é liga de aço de condutividade
40 W/m.K. Para uma temperatura do chip de 65 oC e uma temperatura do ar de 25 oC, com coeficiente de película de 200 W/m2.K,
calcule:
c) O fluxo de calor dissipado nestas condições;
d) Para elevar a dissipação de calor, um dos engenheiros da empresa propõe uma solução A, que é utilizar uma nova liga de alta
condutividade, com k = 200 W/m.K (5 vezes mais condutora). Outro engenheiro propõe uma solução B, que é fazer uma aleta de 5
cm de altura (5 vezes mais alta), usando a liga de aço. Calcule qual é a melhor opção para elevar a dissipação de calor, considerando
que ambas soluções terão praticamente o mesmo custo de produção.
a) 76,93 W b) a solução B (95,99 W) é mais vantajosa que a solução A (91,06 W)

Exercício P.5.7. No laboratório de uma indústria pretende-se testar um novo tipo de aletas, na forma de prisma reto, de seção transversal
triangular (equilátera) com 1 cm de lado. Essas aletas têm altura de 5 cm e serão colocadas, durante o teste, sobre placas de 10 cm X 10
cm, submetidas a uma temperatura de 150 °C na base e expostas ao ar a 40 °C. Por razões técnicas, no máximo 30 % da área das placas
poderá ser aletada. Sabendo que a condutividade térmica do material do aleta é 130 Kcal/h.m.°C e o coeficiente de película do ar é 5
Kcal/h.m2.°C, pede-se o fluxo de calor pela placa aletada.
59,5 kcal/h

Exercício P.5.8. Um tubo de aço de 0,65 m de comprimento e 10 cm de diâmetro, com temperatura de 60 oC na superfície externa, troca
calor com o ar ambiente a 20 oC e com coeficiente de película de 5 Kcal/h.m2. °C, a uma taxa de 40 kcal/h. Existem 2 propostas para
aumentar a dissipação de calor através da colocação de aletas de condutividade térmica 40 Kcal/h.m.°C. A primeira prevê a colocação
de 130 aletas longitudinais de 0,057 m de altura e 0,002 m de espessura. A segunda prevê a colocação de 185 aletas circulares de 0,05m
de altura e 0,0015 m de espessura. Calculando o fluxo de calor para os dois casos, qual das propostas você adotaria, considerando os
custos de instalação iguais.
A primeira proposta é mais vantajosa (1708 kcal/h) que a segunda (1563 kcal/h)

Exercício P.5.9. Um tubo de 14 cm de diâmetro externo deve receber aletas retangulares longitudinais de aço (k = 40 Kcal/h.m.°C) com
58 mm de altura e 2 mm de espessura. As aletas são montadas com espaçamento de 8 mm (na base). O ar ambiente está a 20 °C, com
coeficiente de película igual a 5 Kcal/h.m2. °C. A temperatura da superfície do tubo é 60 °C. Calcular:
a) O número de aletas;
b) O fluxo de calor, por unidade de comprimento, pelo tubo aletado.
c) A eficácia das aletas.
a) 44 b) 968,7 kcal/h c) 11

Exercício P.5.10. Um tubo de aço (k = 35 kcal/h.m.°C), cuja emissividade () é igual a 0,55, com diâmetro externo 5,1 cm e 2,2 m de
comprimento conduz um fluido a 600 °C, em um ambiente onde o ar está a 35 °C, com coeficiente de película 20 kcal/h.m 2.°C. Existem
duas opções elevar a transferência de calor. Na primeira o tubo deve receber 10 aletas de aço de 5 mm de espessura e 10,2 cm de
diâmetro (aletas circulares) e, na segunda, o tubo deve ser pintado com uma tinta de emissividade () igual a 0,83. Determinar:
a) O fluxo de calor por convecção pelo tubo com aletas;
b) O fluxo de calor por radiação pelo tubo com aletas;
c) O fluxo de calor por convecção pelo tubo pintado com a tinta especial;
d) O fluxo de calor por radiação pelo tubo pintado com a tinta especial;
e) A opção que produz o maior fluxo de calor (aletamento ou pintura?).
a) 5207,74 kcal/h b) 7161,49 kcal/h c) 3977,60 kcal/h d) 8199,30 kcal/h e) aletamento (12369,23 > 12176,90)

65
MECÂNICA DOS FLUIDOS

6. DEFINIÇÕES E PROPRIEDADES DOS FLUIDOS

6.1. DEFINIÇÃO DE FLUIDO

Fluido é uma substância que não possui forma própria (assume o formato do recipiente) e que, se em repouso, não resiste a tensões de
cisalhamento (deforma-se continuamente).

Para melhor compreender o significado da definição de fluido, considere uma superfície de área “A” do bloco mostrado na Figura 6-1.
Considere uma força F atuando sobre a superfície. Quando a força for normal à superfície ela é denominada de força de pressão. Quando
a força for tangente à superfície ela é denominada de força de cisalhamento.

Figura 6-1

• Tensão de Cisalhamento () é a razão entre a o módulo da componente tangencial da força e a área da superfície sobre a qual
a força é aplicada.
𝐹𝑡
𝜏= 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝐹𝑡 = 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙
𝐴
• Pressão é a razão entre a o módulo da componente normal da força e a área da superfície sobre a qual a força é aplicada.
𝐹𝑛
𝑃= 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝐹𝑡 = 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜
𝐴

A Experiência das Placas


Consideremos na Figura 6-2 um fluido em repouso entre duas placas planas também em repouso, como por exemplo, um óleo
lubrificante entre duas peças.

Figura 6-2

1. Suponhamos que a placa superior em um dado instante passe a se movimentar sob a ação de uma força tangencial Ft.
2. A força Ft , tangencial ao ao fluido, gera uma tensão de cisalhamento no fluido.
3. As porçções de fluido adjacentes à placa superior adquirem a mesma velocidade da placa ( princípio da aderência )
4. As camadas inferiores do fluido adquirem velocidades tanto menores quanto maior for a distância da placa superior ( surge um perfil
de velocidades no fluido ). Também pelo princípio da aderência, a velocidade do fluido adjacente à placa inferior é zero.
5. Como existe uma diferença de velocidade entre as camadas do fluido, ocorrerá então uma deformação contínua do fluído sob a
ação da tensão de cisalhamento, conforme ilustra a Figura 6-3.

66
Figura 6-3

Fluidos são diferentes de sólidos. Um sólido, quando submetido a ação de uma tensão de cisalhamento, experimenta uma deformação
reversível até que o seu limite de elasticidade seja atingido. A Figura 6-4 (a) nos mostra um bloco de material sólido submetido a uma
tensão de cisalhamento. Por outro lado, um fluido, quando submetido a uma tensão de cisalhamento, experimenta uma deformação
contínua e irreversível durante todo o tempo de atuação da tensão de cisalhamento. A Figura 6-4 (b) mostra um fluido em deformação
quando submetido a uma tensão de cisalhamento.

Figura 6-4

6.2. VISCOSIDADE ABSOLUTA OU DINÂMICA

A definição de viscosidade está relacionada com a Lei de Newton. Considerando a experiência das placas, podemos estabelecer a
seguinte relação de proporcionalidade entre a força tangencial ( Ft ) as seguintes variáveis: área da placa (A), diferença de velocidade
entre as placas ( v ) e distância entre as placas ( y )

A.v Ft v v
Ft      
y A y y
Na forma diferencial, podemos dizer que “a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional à variação da velocidade ao longo da
direção normal às placas”
dv

dy
A relação de proporcionalidade pode ser transformada em igualdade mediante uma constante, dando origem à Equação 6-1, que é
conhecida como Lei de Newton da viscosidade.
𝑑𝑣
Equação 6-1 𝜏 = 𝜇 . 𝑑𝑦
,
A viscosidade dinâmica (  ) é o coeficiente de proporcionalidade entre a tensão de cisalhamento e o gradiente de velocidade. O seu
significado físico é a propriedade do fluido através da qual ele oferece resistência às tensões de cisalhamento.
Os fluidos para os quais a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional à taxa de deformação (Equação 6-1) são chamados fluidos
newtonianos, em homenagem a Sir Isaac Newton, que os definiu primeiro em 1687. A grande maioria dos fluidos são newtonianos, tais
como água, ar, gasolina e óleos. Sangue e plásticos líquidos são exemplos de fluidos não newtonianos. A Figura 6-5 abaixo (lado a) mostra
que um gráfico tensão de cisalhamento contra a taxa de deformação (gradiente de velocidade) para um fluido newtoniano é uma reta
cuja declividade é a própria viscosidade. Nota-se que a viscosidade é independente da taxa de deformação.

67
A Figura 6-5 abaixo (lado b) mostra que para fluidos não newtonianos, a relação entre a a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação
é não linear.

Figura 6-5

O valor da viscosidade varia de fluido para fluido e, para um fluido em particular, esta viscosidade depende muito da temperatura. Os
gases e líquidos tem comportamento diferente com relação à dependência da temperatura, conforme mostra a Tabela 6-1.

Tabela 6-1 - Comportamento dos fluidos com relação à viscosidade


Fluido Comportamento Fenômeno
Líquidos A viscosidade diminui com a Tem espaçamento entre moléculas pequeno e ocorre a redução da atração
temperatura molecular com o aumento da temperatura.
Gases A viscosidade aumenta com a Tem espaçamento entre moléculas grande e ocorre o aumento do choque
temperatura entre moléculas com o aumento da temperatura.

➔ Análise dimensional da viscosidade ( sistema [F][L][T] ):

F F dv LT −1
= = 2 = F .L− 2 = = T −1
A L dy L

dv  F .L−2 F .T
 =.  = = −1 = 2
dy dv T L
dy
Portanto, as unidades de viscosidade nos sistemas de unidades mais comuns são :

• CGS :   = dina 2 s = poise { poise = 100 cetipoise (cp) }


cm
• Métrico Gravitacional ( MK*S ) :   = kgf 2 s
m
• Sistema Internacional ( SI ) :   = N 2 s = Pa  s {1
N
= 1 Pa ( Pascal ) }
m m2

Algumas viscosidades de fluidos newtonianos, na temperatura de 25 °C, estão listadas abaixo:


Gases Líquidos
Hidrogênio Ar Xebônio Alcool Benzeno Água Mercúrio Óleo de Oliva Glicerol
2 -6 -6 -6 -3 -3 -3 -3 -3
Visc (N.s/m ) 8,4 x 10 17,4 x 10 21,2 x 10 0,25 x 10 0,64 x 10 1,003 x 10 17 x 10 81 x 10 1,49

68
Na figura abaixo pode ser visualizada, em unidades do sistema internacional, a variação da viscosidade com a temperatura para diversos
líquidos e gases:

➔ Simplificação Prática : a velocidade varia linearmente com y se a distância entre placas é pequena (e < 4 mm)

Esta simplificação ocorre quando consideramos a espessura do fluido entre as placas (experiência das duas placas) o suficientemente
pequena para que a função representada por uma parábola seja substituída por uma função linear

Por semelhança de triangulos temos: ∆𝐴𝐵𝐶 ≈ ∆𝐴′𝐵′𝐶′


A' B' AB dv V0
=  =
A' C ' AC dy 
Neste caso, a Equação 6-1 pode ser escrita como na Equação 6-2:
𝑑𝑣 𝑉0
Equação 6-2 𝜏 = 𝜇 . 𝑑𝑦 ⟹ 𝜏= 𝜇. 𝜀

Exercícios Resolvidos

Exercício R.6.1. Um bloco de madeira de peso 20 kgf é deslocado para cima em um plano inclinado, delisando sobre uma película de
óleo de 2 mm de espessura, com o auxílio de um sistema de fios e polias ideais, sobre o os quais é fixando um peso de 40 kgf, conforme

69
ilustra a figura. Determinar a viscosidade do óleo para que o bloco tenha uma velocidade de deslocamento igual a 2 m/s constante,
considerando que a face do bloco em contato com o óleo é um quadrado de 1,0 m de lado.
𝜀 = 2 𝑚𝑚 = 2 × 10−3 𝑚 bloco T
Área da placa: 𝐴 = 1 × 1 = 1 𝑚2
Para fios e polias ideais temos: Gt
Fluido lubrificante
G = T = 40 kgf 2 mm F
Balanço de Forças: Gbloco

𝑣 = 𝑐𝑡𝑒 ⟹ ∑ 𝐹 = 𝑚 . 𝑎 = 0 ⟹ T = 𝐹𝜇 + 𝐺𝑡
A componente tangencial do peso do bloco é:
𝐺𝑡 = 𝐺𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 . 𝑠𝑒𝑛 30° = 20 × 0,5 = 10 𝑘𝑔𝑓 Fios e polias ideais
A através do balanço de forças calculamos a força tangencial sobre o óleo G
40 = 𝐹𝜇 + 10 ⟹ 𝐹𝜇 = 30 𝑘𝑔𝑓
Como a espessura da película de óleo é menor que 4 mm, pode ser usada a Equação 6-2
V0 Ft Ft V
 = . como :  =  = . 0
 A A 
30 𝑘𝑔𝑓 2 𝑚/𝑠 𝑘𝑔𝑓. 𝑠
2 = 𝜇 × ⟹ 𝜇 = 30 × 10−3
1𝑚 2 × 10−3 𝑚 𝑚2

6.3. MASSA ESPECÍFICA, PESO ESPECÍFICO E DENSIDADE

Massa Específica () é a massa (m) de uma unidade de volume (V) de um fluido, conforme a Equação 6-3.

𝑚
Equação 6-3 𝜌= 𝑉
As unidades de massa específica são:

 g
CGS :[  ] = cm 3

M  kg
[  ] = 3 SI : [  ] = 3
L  m
 utm
MK S :[  ] = m 3
*


Peso Específico () é o peso (G) de uma unidade de volume (V) de um fluido, conforme a Equação 6-4.

𝐺
Equação 6-4 𝛾= 𝑉
As unidades de massa específica são:

 dina
CGS :[ ] = cm 3

M  L  T −2 F  N
[ ] = = 3 SI : [ ] = 3
L3 L  m
 Kgf
MK S :[ ] = m 3
*


70
A relação entre peso especíco e massa específica é;

G m.g
= = ➔  =  .g
V V
𝑘𝑔 𝑚 𝑁
Se a massa especifica da água pura é 1000 kg/m3, o seu peso específico será: 𝛾 = 𝜌 . 𝑔 = 1000 × 9,8 = 9800
𝑚3 𝑠2 𝑚3

Densidade (𝜸𝒓 ) é a relação entre o peso específico (𝜸) de uma substância e o peso específico da água (𝛾𝐻2 𝑂 ) a uma determinada
temperatura, conforme a Equação 6-5. A densidade é um valor adimensional.

𝛾
Equação 6-5 𝛾𝑟 = 𝛾𝐻2 𝑂

A Densidade de algumas substâncias comuns são listadas abaixo:


Susbstância Água Sangue Água do mar Gasolina Álcool Mercúrio Gelo Ar (1 atm) Ouro Ossos
Densidade 1,0 1.05 1,025 0,7 0,79 13,6 0,92 0,0013 19,2 1,7~2,0

6.4. VISCOSIDADE CINEMÁTICA

É frequente, nos problemas de mecânica dos fluidos, a viscosidade dinâmica aparecer combinada com a massa específica, dando origem
à viscosidade cinemática, conforme a Equação 6-6.

𝜇
Equação 6-6 𝜐= 𝜌

As unidades de viscosidade cinemética são:


 cm 2
CGS :[ ] = ( stoke− st )
 s
M  L−1  T −1 L2  m2
[ ] = =  SI : [ ] =
M  L−3 T  s
 m2
MK S :[ ] =
*

 s

Exercícios Resolvidos

Exercício R.6.2. A massa específica de um combustível leve é 805 kg/m3. Determinar o peso específico e a densidade deste combustível.
( considerar g=9,8 m/s2 )
kg m N m
 =  .g = 805 3
 9,8 2 = 7889 3 ( N = kg. )
m s m s2
A massa específica da água é aproximadamente 1000 kg/m3. Portanto, o peso específico será:
kg m N
 H O =  .g = 1000
2 3
 9,8 2 = 9800 3
m s m
A densidade é calculada a partir da relação com o peso específico da água:

71
 7889
r = = = 0,805
HO 2
9800

Exercício R.6.3. Um reservatório graduado contém 500 ml de um líquido que pesa 6 N. Determine o peso específico, a massa específica
e a densidade do líquido ( considerar g=9,8 m/s2 )
G 6N N
V = 500 ml = 0,5 l = 0,5 10−3 m3 = = −3
= 12 000 3
V 0,5  10 m 3
m
m 3
12000 N / m 3 6 (kg. s 2 ) / m
 Kg
 =  .g   = = 2
= = 1224,5 3
g 9,8 m / s 9,8 m 2 m
s
 12000 N / m 3
r = = = 1,22
H O 2
9800 N / m 3

Exercício R.6.4. Um frasco cheio de gasolina possui massa de 31,6 g. Quando cheio de água, ele pesa 40 g e, quando vazio, pesa 12 g.
Determinar a densidade da gasolina.
m f + g = 31,6 g = 0,0316kg m f + a = 40 g = 0,040 kg mv = 12g = 0,012 kg
Descontando o peso do fraco vazio, temos as massas de gasolina e de água.
mg = 0,0316 − 0,012 = 0,0196 kg ma = 0,040 − 0,012 = 0,028 kg
Como o peso específico da água é conhecido, podemos calcular o volume do frasco.
Ga m .g ma . g 0,028 9,8
a = = a  V frasco = = = 0,000028m3
V frasco V frasco a 9800
Agora podemos calcular o peso específico da gasolina e a densidade da gasolina
Gg mg . g 0,0196 9,8 g 6869
g = = = = 6860 N 3  gr = = = 0,70
V frasco V frasco 0,000028 m

 H 2O 9800

Exercício R.6.5. Os tanques da figura estão totalmente preenchidos com um óleo leve cuja densidade é 0,82. Calcule a pressão sobre a
base em cada um dos casos.

 r = 0,82   =  r .  H 2O = 0,82 . 9800 = 8036 N m 3


V1 = 2  2  2 = 8 m 3 V2 = 2  2  6 = 24 m 3
G
 =  G =  .V G1 =  .V1 = 8036.8 = 64288 N G2 =  .V2 = 8036. 24 =192864 N
V
G 64288 G 192864
Tanque 1  P1 = = = 16072 N / m 2 Tanque 1  P1 = = = 16072 N / m 2
Abase 2.2 Abase 2.6

Exercício R.6.6. A viscosidade cinemática de um óleo leve é 0,033 m2/s e a sua densidade é 0,86. Determinar a sua viscosidade dinâmica
em unidades dos sistemas Métrico. Dado: peso específico da água é 1000 kgf/m 3.

72
 kgf kgf
r =   =  r   H 2O = 0,86  1000 = 860 3
H O 2
m 3
m
 860 kgf / m 3 Kgf .s 2  utm 
 =  .g   = = = 87,75  
g 9,8 m / s 2 m4  m3 
 m2 kgf .s 2 kgf .s
=   =  . = 0,033  87,75 = 2,86 2
 s m 4
m

Exercício R.6.7. Duas placas planas paralelas estão situadas a 3 mm de distância. A placa superior move-se com velocidade de 4m/s,
equanto que a inferior está imóvel. Considerando que um óleo (  = 0,15 stokes e  = 905 kg/m3 ) ocupa o espaço entre elas, determinar
a tensão de cisalhamento que agirá sobre o óleo.
cm 2 m2 −5 m
2
 = 0,15 stokes = 0,15 cm 2 / s = 0,15  10 − 4 = 1,5  10
s cm 2 s
N s
 =    = 1,5  10 −5  905 = 0,0136 2
m
v N  s 4m/ s N
 = . 0 = 0,0136 2  =18,1 2 = 18,1 Pa
e m 0,003 m m

Exercício R.6.8. Uma placa quadrada com 2 m de lado, desloca-se com velocidade constante sob a ação de uma força F de 20 N sobre
uma película de óleo de 1mm de espessura, conforme a figura abaixo. O óleo tem densidade 0,75 e viscosidade 0,03 N.s/m2, calcule:
a) a viscosidade cinemática do óleo;
b) a velocidade de deslocamento da placa móvel.

𝑟
𝐹 = 10 𝑁 𝜀 = 1𝑚𝑚 = 0,001 𝑚 𝜇 = 0,03 𝑁. 𝑠⁄𝑚2 𝐴 = 2 × 2 = 4 𝑚2 𝛾ó𝑙𝑒𝑜 = 0,75
a) cálculo da viscosidade cinemática do óleo
𝑟
𝛾ó𝑙𝑒𝑜 = 0,75 𝛾ó𝑙𝑒𝑜 = 0,75 × 9800 = 7350 𝑁 ⁄𝑚3 𝛾 = 𝜌 .𝑔 ⟹ 𝜌 = 7350⁄9.8 = 750 𝑘𝑔⁄𝑚3
𝜇 0,03 𝑁. 𝑠⁄𝑚2 𝑚2
𝜈= = = 0,00004
𝜌 750 𝑘𝑔⁄𝑚3 𝑠
b) cálculo da velocidade de deslocamento da placa móvel
𝐹 10 𝑁 𝑣 𝜏 .𝜀 2,5 𝑁 × 0,001 𝑚
𝜏= = 2 = 2,5 𝑁 𝜏=𝜇. ⟹ 𝑣= = = 0,0833 𝑚/𝑠
𝐴 4𝑚 𝜀 𝜇 0,03 𝑁. 𝑠⁄𝑚2

Exercício R.6.9. Uma placa retangular de 4 m por 5 m escorrega sobre o plano inclinado da figura, com velocidade constante, e se apoia
sobre uma película de óleo de 1 mm de espessura e de  = 0,01 N.s/m2. Se o peso da placa é 100 N, quanto tempo levará para que a sua
parte dianteira alcance o fim do plano inclinado.
10 10
sen 30o =  S = = 20 m A = 5  4 = 20 m 2
S 0,5 S

FT = G. cos 60o = 100  0,5 = 50 N FT


60o
10 m
v0 FT vo FT G
 = . e  = , então :  . = o
30
e A e A

73
FT .e 50  0,001
vo = = = 0,25 m / s
A. 20  0,01
S S 20 m
vo =  t = =  t = 80 s
t vo 0,25 m / s

Exercícios Propostos

Exercício P.6.1. A massa específica de um fluido é 610 kg/m3. Determinar o peso específico e a densidade.
Respostas : 5978 N/m 3 e 0,610

Exercício P.6.2. A viscosidade cinemática de um óleo é 0,028 m2/s e sua densidade é 0,9. Determinar a viscosidade dinâmica no sistema
métrico.
Resposta : 2,58 Kgf.s/m

Exercício P.6.3. Um engenheiro deseja verificar se um barra de ouro é verdadeira. Para isto, primeiro ele pesa a barra e anota do valor
de 152 g. Em seguida, ele coloca a barra em um recipiente granduado que contém inicialmente água na marca de 100 ml. Após megulhar
a barra, a indicação de volume do recipente para a ser de 108 ml. Ele sabe que a densidade do ouro deve estar na faixa de 18.300 a
19.300 kg/m3. Com base nestes dados, calcule se a barra de ouro é verdadeira.
Resposta : Verdadeira

Exercício P.6.4. Um tanque de ar comprimido contém 6 kg de ar a 80 oC, com peso específico de 38,68 N/m3. Determine o volume do
tanque.
Resposta : 1,52 m 3

Exercício P.6.5. Em um dos pratos de uma balança, conforme figura, são colocados dois litros de água. Para que
a balança fique em equilíbrio, determine qual deverá ser o volume de mercúrio (em mililitros) que deve ser
𝑟
colocado no outro prato da balança. Dado: 𝛾𝐻𝑔 = 13,6

Resposta : 147 ml

Exercício P.6.6. O peso de 3 dm3 de uma substância é 2,7 Kgf. A viscosidade cinemática é 10-5 m2/s. Se g é 10 m/s2, determine a
viscosidade dinâmica no sistema métrico.
Resposta : 9 x 10 -4 Kgf.s/m2

Exercício P.6.7. Um fiscal de pesos e medidas vai checar a qualidade da gasolina de um posto de combustíveis que está vendendo o
produto por um preço muito abaixo da concorrência. Ao verificar que o seu equipamento de análise apresentava defeito e, de modo a
não perder a viagem, o mesmo utilizou uma balança para a checagem preliminar. Primeiramente ele pesou um recipiente graduado e
anotou uma massa de 384,2 g. A seguir ele preencheu o recipiente com gasolina até a marca de 500 ml e pesou, anotando uma massa
de 749,2 g. O fiscal sabe que a densidade do tipo de gasolina vendido no posto deve ser exatamente 0,68. Determine se ele constatou
algum tipo de adulteração.

Resposta : Adulterado

Exercício P.6.8. Uma placa quadrada de 1 m de lado e 20 N de peso, desliza sobre uma película de óleo em plano inclinado de 300. A
velocidade da é placa é constante e igual a 2 m/s. Qual é a viscosidade dinâmica do óleo se a espessura da película é 2 mm ?
Resposta : 0,01 N.s/m 2
74
Exercício P.6.9. Um tanque cilíndrico, de massa 50 kg, tem diâmetro igual a 0,5 m e altura igual a 2,5 m. Este tanque é totalmente
preenchido com um líquido de peso específico 8600 N/m3. Determine a força necessária para imprimir uma aceleração de 2,5 m/s 2 ao
conjunto tanque+líquido.
Resposta : 1201,9 N

Exercício P.6.10. Um recipiente contém 30 kg de água (  = 9800 N/m3 ) e está completamente cheio. Após algum tempo 2/3 (dois terços)
da água do recipiente é consumida e o recipiente é novamente completado, desta vez com um óleo leve ( = 7742 N/m3 ) que,
evidentemente, sobrenada sobre a água. Para estas novas condições, determine a massa total de fluido ( óleo + água ) presente no
recipiente.
Resposta : 25,8 Kg

Exercício P.6.11. Uma placa quadrada de 1 m de lado e 20 N de peso, desliza sobre uma película de óleo em plano inclinado de 30°. A
partir da posição indicada na figura, é necessário um intervalo de tempo de 20 segundos para que a placa atinja o final do plano.
Considerando que a espessura da película de óleo é 2 mm, determine a viscosidade dinâmica do óleo.

FT
10 m
G
30o

Resposta : 0,02 N.s/m 2

Exercício P.6.12. Duas placas de grandes dimensões são paralelas. Considerando que a distância entre as placas é de 5 mm e que este
espaço está preenchido com um óleo de viscosidade dinâmica 0,02 N.s/m2, determine a força necessária para arrastar uma chapa
quadrada de 1 m de lado, de espessura 3 mm, posicionada a igual distância das duas placas, a uma velocidade constante de 0,15 m/s

5 mm Óleo 3 mm F

1m

Resposta: 6 N

Exercício P.6.13. Colocam-se 5 kg de mercúrio (densidade = 13,6) em um recipiente alto, em forma de


prisma reto. A base do prisma é quadrada, com 10 cm de lado, e a sua altura é 1 m. Calcule:
a) a pressão exercida pela coluna de mercúrio sobre a base;
b) a altura a que se elevaria o mercúrio no recipiente;
c) substituindo o mercúrio por gasolina (densidade = 0,7), qual é a altura a que se elevaria a mesma massa
de gasolina (5 kg) no recipiente.
Resposta: a) 4,9 kPa, b) 0,037 m, c) 0,71 m

75
7. ESTÁTICA DOS FLUIDOS

7.1. CONCEITO DE PRESSÃO

É muito comum confundir pressão com força. A pressão, no entanto, leva em conta não só a força como também a área em que ela atua.
Pressão é a força dividida pela área. A pressão é uma variável dinâmica muito importante na Mecânica dos Fluidos. Um escoamento só
é possível se houver um gradiente de pressão.
FN
Força aplicada perpendicular ao plano
P=
Área do plano
FN  Kgf N 
P=  ; 2 = Pa 
 cm 
2
A m A
A relação entre a unidade usuais de pressão são mostradas abaixo:
kgf/cm² lbf/pol² (psi) BAR ATM mmHg mmH2O kPa
kgf/cm² 1 14,233 0,9807 0,9678 735,58 10003 98,0665
lbf/pol² (psi) 0,0703 1 0,0689 0,068 51,71 70329 6,895
BAR 1,0197 14,504 1 0,98692 750,06 10200 100
ATM 1,0332 14,696 1,0133 1 760,05 10335 101,325
mmHg 0,00135 0,019337 0,00133 0,001316 1 13,598 0,13332
mmH2O 0,000099 0,00142 0,00098 0,00009 0,07353 1 0,0098
KPa 0,010197 0,14504 0,01 0,009869 7,50062 101,998 1

7.2. TEOREMA DE STEVIN

Consideremos uma coluna de fluido de peso específico  e altura h fluido


G
= ➔ G =  V
V
G  V h
P= = como V = Abase  h , temos :
Abase Abase
Abase
P=
  Abase  h
Abase
➔ P = h
.
P

“A pressão em um ponto do fluido é diretamente proporcional à profundidade deste ponto e ao peso específico do
fluido”

Com base neste teorema, temos duas considerações importantes a fazer :


• O fluido deve estar em repouso. Se o fluido estiver em movimento o teorema não é válido;
• Devemos notar que a pressão em um ponto de um fluido em repouso depende a apenas da profundidade do ponto e independe
do formato do recipiente, conform mostra a figura abaixo.

P1 = P 2 = P 3

76
• Pelo teorema de Stevin, podemos concluir que a pressão é a mesma em qualquer ponto situado em um mesmo plano em um
fluido em equilíbrio, ou seja, todos os pontos de um fluido num plano horizontal tem a mesma pressão.
• Consideremos o caso de dois líquidos imissíveis, como óleo e água em um tubo em formato U. Para o plano AB, que passa
exatamente pela interface entre os fluidos, pelo teorema de Stevin, concluimos que as pressões P1 e P2 são iguais se o fluido
está equilíbrio. Assim, conhecendo as altura de cada líquido em relação ao plano AB (h1 e h2), podemos obter a seguinte relação:

P1 = P2   H 2 O . h1 =  Óleo . h2

Exercícios Resolvidos

Exercício R.7.1. Determine a distância x na figura, considerando que o peso específico da água e 9800 N/m 3 e que o peso específico do
óleo é 7350 N/m3.

h = 30 cm = 0,3 m
Como : P1 = P 2, temos
 H 2O  h =  Óleo  X
9800  0,3 = 7350  X
X = 0,4 = 40 cm

Exercício R.7.2. Calcule a densidade do líquido X.

 H 2O  (2,5 + 0,8) =  X  0,8


9800 (3,3) =  X  0,8   X = 40425N / m3
 Xr =  X  = 40425
9800
= 4,125
H 2O

7.3. LEI DE PASCAL

“A pressão aplicada em um ponto de um fluido incompressível (líquidos) em repouso é transmitida integralmente a todos
os pontos do fluido.”

Para um melhor entendimento do enunciado acima consideremos os exemplo do tanque com água da Figura 7-1. No lado (a) da Figura
7-1 as pressões nos pontos (1) e (2) do fluido podem ser calculadas atraves do teorema de Stevin:
𝑁 𝑁
𝑃1 = 𝛾𝐻2𝑂 . ℎ1 = 9800 2 × 1 𝑚 = 9.800 2
𝑚 𝑚
𝑁 𝑁
𝑃2 = 𝛾𝐻2𝑂 . ℎ2 = 9800 2 × 2 𝑚 = 19.600 2
𝑚 𝑚

77
Figura 7-1

No lado (b) da Figura 7-1, ao aplicar uma força de 100 N, por meio de um êmbolo de área 0,1 m2, tem-se um acréscimo de pressão sobre
a superfície livre da água, conforme calculado abaixo:
𝐹 100 𝑁 𝑁
𝑃𝑒𝑚𝑏 = = 2 = 1000 2
𝐴 0,1 𝑚 𝑚
Então, conforme a Lei de Pascal, esta pressão será transmitida a todos os pontos do fluido. Portanto, a pressão nos pontos
(1) e (2) do fluido podem ser calculadas somando o acréscimo de pressão:
𝑁 𝑁 𝑁
𝑃1 = 𝛾𝐻2𝑂 . ℎ1 + 𝑃𝑒𝑚𝑏 = 9800 2 × 1 𝑚 + 1000 2 = 10.800 2
𝑚 𝑚 𝑚
𝑁 𝑁 𝑁
𝑃2 = 𝛾𝐻2𝑂 . ℎ2 + 𝑃𝑒𝑚𝑏 = 9800 2 × 2 𝑚 + 1000 2 = 20.600 2
𝑚 𝑚 𝑚

A Lei de Pascal tem grande importância na análise de problemas de dispositivos que transmitem e ampliam uma força
através da pressão aplicada em um fluido como, por exemplo, em prensas, freios e elevadores hidráulicos.
F2 F1
F1 F2
P= P=
A1 A2
A2
.P
.
P A1
F1 F2 A 
=  F2 = F1   2 
A1 A2  A1 

➔ A Força F2 será tantas vezes maior que a Força F1 quantas vezes for a área A2 for maior que a área A1. Por exemplo, em
uma prensa hidráulica cuja área do cilindro maior for 10 vezes maior que a área do menor cilindro, consegue-se multiplicar
a força aplicada por 10.

Exercícios Resolvidos

Exercício R.7.3. A figura mostra, esquematicamente, um elevador hidráulico. Os dois êmbolos têm, respectivamente, as áreas
A1 = 10 cm2 e A2 = 100 cm2. Se for a aplicada uma força F1 = 200 N no êmbolo (1), qual será a força transmitida em (2)?

78
A pressão transmitida pelo êmbilo (1) será:
𝐹1 200 𝑁 𝑁
𝑃1 = = 2 = 20
𝐴1 10 𝑐𝑚 𝑐𝑚2
Mas, pela Lei de Pascal, essa pressão será integralmente transmitida ao êmbolo (2). Portanto, P 1 = P2:
𝑁 𝐹2 𝑁 𝐹2
𝑃2 = 20 2 = ⟹ 20 2 = ⟹ 𝐹2 = 2.000 𝑁
𝑐𝑚 𝐴2 𝑐𝑚 100 𝑐𝑚2
Nota-se, então, que se pode, por meio deste dispositivo, não só transmitir uma força, mas também ampliá-la.

7.4. PRESSÃO ATMOSFÉRICA

A atmosfera do planeta terra consiste de uma camada de fluido (ar) que se estende por mais de 50 quilômetros
ha r
acima da superfície. Em precipício a pressão exercida pela coluna de fluido atmosférico poderia ser calculada
pelo teorema de Stevin:
TERRA

Patm = ar . har , onde:


har : altura da camada atmosférica e ar = peso específico do ar

No entanto, devido a rarefação do ar em grandes altitudes, as medidas de altura da camada atmosférica e de peso especifico do ar
variam amplamente. Um físico italiano chamado Torricelli resolveu o problema fazendo uma medição indireta da pressão atmosférica
através de uma famosa experiência.

➔ A Experiência de Torricelli

Torricelli utilizou um tubo de vidro com uma das extremidades fechadas. Primeiramente ele
mergulhou inteiramente o tubo em um tanque com mercúrio e levantou a extremidade fechada.
Desta forma, foi observado que a coluna de mercúrio sempre media 760 mm se a experiência fosse
realizada no nível do mar (note que na extremidade fechada a pressão tende à do vácuo).
Portanto uma coluna de mercúrio de 760 mm de altura se equilibra contra a pressão da atmosfera no nível do mar. Assim, pelo Teorema
de Stevin, a altura (h =760 mm) da coluna de mercúrio, multiplicada pelo peso específico do mercúrio (Hg), equivale a pressão
atmosférica no nivel do mar.

• Cálculo da Pressão Atmosférica no Sistema Internacional


Patm = Hg . hHg Como Hg = 133.280 N/m3 e hHg = 760 mm = 0,76 m
Patm = 133.280. 0,76 = 101.292,8 N/m2 = 101,3 kPa
• Cálculo da Pressão Atmosférica no Sistema Métrico
Patm = Hg . hHg Como Hg = 13600 Kgf/m3 e hHg = 760 mm = 0,76 m
Patm = 13600 . 0,76 = 10330 Kgf/m2 = 1,033 Kgf/cm2

7.5. ESCALAS DE PRESSÃO

Dependendo da referêcia adotada (o zero da escala), podemos ter pressões absolutas ou pressões efetivas.

79
Escala de pressão absoluta ➔ é aquela que adota como referência a pressão do vácuo (Pv = 0)
Escala de pressão efetiva ➔ é aquela que adota como referência a pressão atmosférica (Patm = 0)

A Figura 7-2 mostra esquematicamente os valores absolutos e efetivos de uma pressão maior que a atmosférica (P1) e de uma pressão
menor que a pressão atmosférica (P2). Note que a pressão absoluta é sempre positiva e que a pressão efetiva pode ser positiva (quando
maior que a pressão atmosférica) ou negativa (quando menor que a pressão atmosférica).

Figura 7-2

Normalmente se utiliza mais a pressão efetiva e, portanto, não é costume usar a palavra “efetiva”. Pressões absolutas são usadas em
situaçãoes especiais como, por exemplo, cálculos termodinâmicos. Para converter de pressão efetiva, que é o valor normalmente medido
pelos aparelhos de medição, para pressão absoluta, usamos a expressão abaixo:
Pabs = Pef + Patm

7.6. APARELHOS MEDIDORES DE PRESSÃO

a) Piezômetro
Consiste apenas de um tubo de vidro ligado a um reservatório, onde
se pode ler diretamente a altura da coluna. A pressão é calculada a
partir da altura h e do peso específico do fluido.
PA =  . h

Apesar de simples, o piezômetro tem algumas desvantagens:


• Não serve para depressões
• Não serve para gases
• Não serve para pressões elevadas

b) Manômetro com tubo em “U”


Consiste de um tubo de vidro em formato “U” onde se pode armazenar um
fluido manométrico de elevada densidade (normalmente o mercúrio com
densidade 13,6). Medindo as alturas h1 e h2, a pressão pode ser calculada
conforme abaixo:
PA = 2 . h2 - 1 . h1

Se o fluido de trabalho for um gás: PA = 2 . h2

80
d) Manômetro Metálico (Tubo de Bourdon)

São instrumentos usados para medir as pressões dos fluidos através de um


tubo metálico curvo e oco (Tubo de Bourdon) que, quando preenchido por um
fluido, distende acionando um mecanismo que faz avançar um ponteiro
sobre uma escala indicadora de valor da pressão. São os medidores mais
utilizados em aplicações industriais.
O manômetro metálico mede a diferença entre a pressão interna do
reservatório e a pressão atmosférica, ou seja, mede a pressão efetiva.
Pman = Pint – Patm

Pint: pressão interna


Patm: pressão atmosférica
Pman: pressão do manômetro

Geralmente: Patm = 0 (escala efetiva), então: Pman = Pint

A Figura 7-3 abaixo ilustra alguns aspectos internos de um manômetro metálico.

Figura 7-3

Exercícios Resolvidos

Exercício R.7.1. Uma empresa está desenvolvendo um relógio para ser usado em mergulho de profundidade no mar. Calcule:
a) a pressão efetiva que o vidro do relógio deve resistir quando o mesmo estiver a 90 metros
b) a força exercida pela água sobre o vidro do relógio, considerando que o mesmo tem diâmetro de 3 cm.
a) h = 90 m  H 2O = 9800 N / m 3 → P =  H 2O . h = 9800  90 = 882000 N / m 2 = 882 kPa
 .d 2   (0,03 )2
b) d = 3 cm = 0,03 m → A= = = 7,0686  10 − 4 m 2
4 4
F N
P=  F = P . A = 882000 2  7,0686 10 − 4 = 623,5 N
A m
81
Exercício R.7.2. Um tubo U é conectado a um tanque que contém vários fluidos. Um manômetro situado na parte superior do tanque
indica uma pressão de 12 kPa. Sabendo que a densidade de glicerina é 1,36 e que a densidade do óleo é 0,80, calcule:
a) a altura h na figura.
b) a pressão absoluta do gás considerando o tanque no nível do mar

Na base do tanque a pressão é igual dos dois lados do tubo “U”, portanto:
pGás +  óleo  0,60 +  água  0,30 +  glicerina  0,20 =  glicerina  h
12000 + (0,8  9800)  0,60 + 9800 0,30 + (1,36 9800)  0,20 = (1,36 9800)  h  h =1,67 m
b) cálculo da pressão absoluta no nível do mar: hHg = 760 mm = 0,76 m
Patm =  Hg  hHg = (13,6  9800)  0,76 = 101292,8 N / m 2 = 101,3 kPa
abs
PGás = PGás + Patm = 12 + 101,3 = 113,3 kPa

Exercício R.7.3. Os tanques da figura estão totalmente preenchidos com um óleo leve cuja densidade é 0,82. Calcule a pressão sobre a
base em cada um dos casos.

2m 2m

1 2
2m 2m

2m 6m

 r = 0,82   =  r .  H 2O = 0,82 . 9800 = 8036 N m 3


Pelo teorema de Stevim, as pressões exercidas na base são iguais, pois os dois tanques tem a mesma altura :

P1 =  .h1 = 8036. 2 = 16072 N / m 2


P2 =  .h2 = 8036. 2 = 16072 N / m 2

Exercício R.7.4. A água de um lago localizado em uma região montanhosa apresenta uma profundidade máxima de 40 m. Se a pressão
barométrica local é 598 mmHg, determine a pressão absoluta na região mais profunda (Hg = 133280 N/m3).
Cálculo da pressão atmosférica no local:

Patm =  Hg . hHg = 133280 N m3  0,598 m = 79701,44 N / m 2


A pressão absoluta é obtida somando a pressão efetiva com a pressão atmosférica:
abs
Pfundo = Patm + Pef = Patm +  H 2O . hH 2O = 79701,44 + 9800 40 = 471701,44N / m2
abs
Pfundo = 472 kPa

82
Exercício R.7.5. Os tanques da figura contêm um mesmo produto químico de densidade 1,2. Na parte superior de cada tanque, sobre o
produto químico, existe um gás cuja pressão é medida por manômetros. Considerando que sistema da figura está em equilíbrio, calcule
a pressão indicada pelo manômetro (3), sabendo que o manômetro (1) indica 60 kPa.

𝛾𝑝𝑞 = 1,2 × 𝛾𝐻2𝑂 = 1,2 × 9800 = 11760 𝑁⁄𝑚3 𝑃𝑀1 = 60 𝑘𝑃𝑎 = 60000 𝑁⁄𝑚2
Igualando a pressão no nível da conexão entre o primeiro e segundo tanque, obtemoa::
𝑃𝑀1 + 𝛾𝑝𝑞 × 5 = 𝑃𝑀2 + 𝛾𝑝𝑞 × 2
60000 + 11760 × 5 = 𝑃𝑀2 + 11760 × 2 ⟹ 𝑃𝑀2 = 95280 𝑁⁄𝑚2
Igualando a pressão no nível da conexão entre o terceiro e quarto tanque, obtemoa::
𝑃𝑀2 + 𝛾𝑝𝑞 × 7 = 𝑃𝑀2 + 𝛾𝑝𝑞 × 3
95280 + 11760 × 7 = 𝑃𝑀3 + 11760 × 3 ⟹ 𝑃𝑀3 = 142320 𝑁⁄𝑚2

Exercício R.7.6. No piezômetro inclinado da figura, temos 1 = 800 Kgf/m2 e 2 = 1700 Kgf/m2, L1 = 20 cm e L2 = 15 cm,  = 30 oC. Qual é a
pressão em P1?
L2
h1 = L1.sem  h2 = L2.sem 
L1 h2
P1 = h1.1 + h2.2 = L1.sem .1 + L2.sem .2
P1 = 0,20 x sen 30o x 800 + 0,15 x sen 30o x 1700 P1 h1

P1 = 207,5 Kgf/m2

Exercício R.7.7. Dois tanques de combustível pressurizados estão interconectados por uma tubulação conforme mostra a figura abaixo.
Dado que o manômetro metálico M1 indica uma pressão de 40 KPa e que o peso específico do combustível é 7000 N/m3, determine:
a) a pressão indicada pelo manômetro M2;
b) a pressão indicada pelo manômetro M3.

PM1 = 40 kPa = 40000 N/m2 comb = 7000 N/m3


a) A pressão ao longo do plano AA’ é constante, portanto podemos fazer:
PM1 + comb . 10 = PM2 + comb . 6
40000 + 7000 . 10 = Pm2 + 7000 . 6 ➔ PM2 = 68000 N/m2 = 68 kPa
b) O manômetro M3 mede a pressão no plano AA’, então:
PM3 = PM1 + comb . 10 = 40000 + 7000 . 10 ➔ PM3 = 110000 N/m2 = 110 kPa

83
Exercício R.7.8. O sistema da figura está em equilíbrio e são conhecidas as
seguintes medidas:
h1 = 140 cm
h2 = 180 cm
h3 = 120 cm.
Considerando que os pesos específicos do mercúrio, água e óleo são 133280
N/m3, 9800 N/m3 e 8800 N/m3 respectivamente, determine:
a) a pressão do Gás A.
b) a pressão do Gás B.
c) a indicação do manômetro (m) m kPa.

a) Considerando que a pressão é igual nos pontos  e , obtemos:


 Hg  h1 =  pOleo  h2 + PGasA
133280  1,4 = 8800 1,80 + PGásA  PGásA =170952 N/m 2 =170,95 kPa
b) Considerando que a pressão é igual nos pontos  e , obtemos:
PGásA =  H 2O  h3 + PGasB
170952 = 9800 1,20 + PGásB  PGásB =158992 N/m 2
c) O manômetro (m) mede a pressão do gás B

Pman = PGásB =158992 N/m 2 =158,9 kPa

Exercício R.7.9. Na figura ao lado são conhecidas as seguintes medidas: h1 = 180 cm e


h2 = 250 cm. Considerando que o peso específico do mercúrio é 133280 N/m 3 e que o
sistema está em equilíbrio, determine:
a) a pressão do Gás A
b) a indicação do manômetro (1), considerando que o manômetro (2) indica uma
pressão de 115000 N/m2 para o Gás B

Considerando o manômetro em U com mercúrio do lado esquerdo, temos:


 Hg . h1 = PGasA +  H 2O . h2  PGasA =  Hg . h1 −  H 2O . h2 = 133280  1,8 − 9800  2,5 = 215404 N m 2
O manômetro metálico (2) indica a pressão do Gás B : PGasB = PM 2 = 115000 N m 2
O manômetro Metálico (1) indica a diferença de pressão entre os Gases ( A – B ):
PM 1 = PGasA − PGasB = 215404 − 115000 = 100404 N m 2 = 100,4 kPa

Exercício R.7.10. O sistema da figura está em equilíbrio e a massa m sobre o pistão é de 10 kg. Sabendo que a altura h é 100 cm,
determinar a pressão do Gás 2.
Dados/Informações Adicionais:
➢ H2O = 9800 N/m3
➢ Desprezar o peso do pistão

A pressão do gás 1 pode ser calculada pelo delocamento da água ( h ) :


h = 100 cm = 1 m
N N
PGas1 =  H 2O . h = 9800 3
 1 m = 9800
m m2
A força exercida pelo gás 1 no pistão é :
84
A = 400 cm 2 = 400 10 −4 m 2
F N
PGas1 = Gás1  FGás1 = PGás1 . A = 9800 2  400 10 − 4 m 2 = 392 N
A m
m
A força peso da massa sobre o pistão é : G = m.g = 10 kg x 9,8 2 = 98 N
s
O balanço de forças do sistema é o seguinte : a força exercida pelo gás 1 mais o peso da massa sobre o pistão é quilibrado pe la força
exercida pelo gás 2.
FGás 2 = FGás1 + G
FGás 2 = 392 + 98 = 490 N
A pressão do gás 2 é então :
FGás 2 490 N
PGas 2 = = −4
 PGás 2 = 12250 = 12,25 kPa
A 400  10 m2

Exercício R.7.11. O tubo tipo “U” da figura está preenchido com um óleo de
peso específico 7552 N/m3. Um dos ramos tem diâmetro de 1,2 m e o outro
tem diâmetro de 1,0 cm. No ramo de maior diâmetro existe um embolo de
massa desprezível e sobre embolo uma massa de 500 kg. Calcule a altura “h”
na figura.

 .D 2   (1,2)2
D =1,2 m A= = = 1,131 m2
4 4
A pressão exercida pelo embolo é:
G m.g 500  9,8 N
P= = = = 4332,5 2 Óleo
A A 1,131 m
Esta pressão é a mesma no plano que passa pela base do embolo. Então:
N
P =  .h  4332,5 = 7552 h  h = 0,57m
m2

Exercício R.7.12. No dispositivo da figura a altura h da coluna de água é 50 cm e o jabuti pesa 12,65 N e o peso dos pistões são
desprezíveis. As áreas do pistão sob o homem é A1 = 1000 cm2 e do pistão sob sobre o jabuti é A2 = 20 cm2. A área da haste que sustenta
o jabuti é A3 = 5 cm2. Como o sistema está em equilíbrio, calcule:
a) a pressão do Gás 2;
b) a pressão do Gás 1;
c) o peso do homem.

h = 50 cm = 0,5 m A1 = 1000 cm2 = 0,1 m 2


A2 = 20 cm2 = 20 x 10-4 m2 A3 = 5 cm2 = 5 x 10-4 m2
a) A pressão do Gás 2 é:
𝑁 𝑁
𝑃𝐺á𝑠 2 = 𝛾𝐻2 𝑂 . ℎ = 9.800 3
× 0,5 𝑚 = 4.900 2
𝑚 𝑚
Cálculo da força exercida pelo gás 2:
𝐹𝐺á𝑠 2 𝑁
𝑃𝐺á𝑠 2 = ⟹ 𝐹𝐺á𝑠 2 = 𝑃𝐺á𝑠 2 × (𝐴2 − 𝐴3 ) = 4.900 2 × (20 × 10−4 − 5 × 10−4 )𝑚2 = 7,35 𝑁
(𝐴 2 − 𝐴 3 ) 𝑚
Como o sistema está em equilíbrio o somatório das forças deve ser zero. Pode-se então calcular a força exercida pelo gás 1:
∑ 𝐹 = 0 ⟹ 𝐹𝐺á𝑠 1 − 𝐹𝐺á𝑠 2 − 𝐺𝑗𝑎𝑏𝑢𝑡𝑖 = 0 ⟹ 𝐹𝐺á𝑠 1 − 7,35 − 12,65 = 0 ⟹ 𝐹𝐺á𝑠 1 = 20 𝑁
Cálculo da pressão do gás 1::
𝐹𝐺á𝑠 1 20 𝑁 𝑁
𝑃𝐺á𝑠 1 = = = 10.000 2
𝐴2 20 × 10−4 𝑚2 𝑚

85
Cálculo do peso do homem:
𝐺ℎ𝑜𝑚𝑒𝑚 𝑁
𝑃𝐺á𝑠 1 = ⟹ 𝐺ℎ𝑜𝑚𝑒𝑚 = 𝑃𝐺á𝑠 1 × 𝐴1 = = 10.000 2 × 0,10 𝑚2 = 1000 𝑁
𝐴1 𝑚

Exercícios Propostos

Exercício P.7.1. A pressão sanguínea das pessoas é usualmente especificada pela relação entre a pressão máxima (pressão sistólica) e a
pressão mínima (pressão diastólica). Por exemplo, um valor típico de um ser humano adulto é 12 x 7, ou seja, máxima de 12 cm de Hg e
mínima de 7 cm de Hg. Determine o valor destas pressões em Pascal. Dado: Hg = 133280 N/m3
Resposta: 15993,6 Pa e 9329,6 Pa

Exercício P.7.2. A figura mostra um tanque fechado que contém água. O manômetro indica que a pressão do ar é 48,3 kPa. Determine:
a) a altura h da coluna aberta;
b) a pressão no fundo do tanque;
c) a pressão absoluta do ar no fundo do tanque se a pressão atmosférica for 101,13 kPa

Ar
h
0,6 m
Água
0,6 m

Respostas: a) 5,53 m b) 60 kPa c) 161,3 kPa

Exercício P.7.3. No manômetro da figura, o fluido A é água (peso específico de 1000 Kgf/m3) e o fluido B é mercúrio (peso específico de
13600 Kgf/m3). As alturas são h1 = 5 cm, h2 = 7,5 cm e h3 = 15 cm. Qual é a pressão no ponto P1.

h3

P1 A

h2
h1

Resposta: 1335 kgf/m3

Exercício P.7.4. Um tanque tem a parte superior dividida em duas por uma chapa que não chega até o
fundo, conforme figura. Inicialmente o tanque contém água. Em um dos lados é colocado um fluido
desconhecido, que não se mistura com a água, até que as dimensões mostradas na figura sejam h1 = 80 cm
e h2 = 45 cm. Considerando o sistema em equilíbrio, determine para o fluido desconhecido o peso
específico, a massa específica e a densidade.

Resposta: 5512,5 N/m 3 562,5 kg/m 3 0,56

Exercício P.7.5. Dado o dispositivo da figura, onde h1 = 25 cm, h2 = 10 cm e h3 = 25 cm, h4 = 25 cm, calcular :
a) A pressão do Gás 2
b) A pressão do Gás 1, sabendo que o manômetro metálico indica uma pressão de 15000 N/m2
c) A pressão absoluta do Gás 1, considerando que a pressão atmosférica local é 730 mmHg
86
Dados :  oleo = 8000 N/m3  Hg = 133280 N/m3  agua = 9800 N/m3

H2O
Gás 2
Gás 1 h3
Óleo h1
h4
h2
 

Respostas : 32970 N/m 2 17970 N/m 2 115265 N/m2

Exercício P.7.6. No dispositivo da figura o manômetro indica 61600 N/m2 para a diferença de pressão entre o Gás 2 e o Gás 1. Dados
água = 9800 N/m3 e Hg = 133280 N/m3, determinar:
a) A pressão do Gás 2
b) A distância x na figura.

Resposta : 123480 N/m2 0,5 m

Exercício P.7.7. O sistema da figura está em equilíbrio e o peso do porquinho é 200 N. Sabendo que a altura h é 50 cm, determinar a
pressão do Gás 2.

Dados/Informações Adicionais:
➢ Hg = 133280 N/m3 h
➢ Desprezar o peso do pistão e da plataforma. 2
A= 50cm Gás 1

Hg

Gás 2

Resposta : 106,64 kPa

Exercício P.7.8. Considerando que o peso específico do óleo é 7000 N/m3 e que o sistema da figura está em equilíbrio, determine a altura
x na figura.

Resposta : 35,7 cm

87
Exercício P.7.9. A tubulação da figura transporta tetracloreto de carbono com densidade de 1,6 e o tanque B, conectado à tubulação,
contém uma solução salina com densidade 1,15. Sabendo que a pressão do ar na parte superior do tanque B é 150 kPa, determine a
pressão do tetracloreto de carbono no ponto A da tubulação.

Resposta : 161,417 kPa

Exercício P.7.10. Os três tanques da figura são interconectados e contém o mesmo produto químico cuja densidade é 0,95. Na parte
superior de cada tanque existe um gás cuja pressão é medida por manômetros. Considerando que h1 = 8 m e h2 = 10 m e que a pressão
indicada pelo manômetro M3 é 196 kPa, calcule:
a) A pressão indicada pelo manômetro M2;
b) A pressão indicada pelo manômetro M1.

Resposta : 161,417 kPa

Exercício P.7.11. No dispositivo da figura, que está em equilíbrio. Dados h1 = 1 m, h2 = 0,5


m e h3 = 0,5 m, determinar:
a) a pressão do Gás 2.
b) dado que o manômetro M1 indica 21740 N/m2 para a diferença de pressão entre o Gás
2 e o Gás 1, qual é a pressão do Gás 1.
c) a indicação do manômetro M2.
Dados/Informações Adicionais
• H2O = 9800 N/m3 e Hg = 133280 N/m3

Resposta : a) 61,7 kPa b) 40 kPa c) 40 kPa

Exercício P.7.12. O sistema da figura está em equilíbrio. Considerando as alturas h1 = 160 mm e h2 = 25 mm, calcule:
a) A pressão do Gás A
b) A pressão absoluta do Gás A se para o local onde a pressão atmosférica equivale a 662 mmHg.
c) A altura h3.
H2O Gás A
h1
h2 h3
H2O
Hg

Resposta : a) 4,9 kPa b) 91,13 kPa c) 0,5 m

88
8. CINEMÁTICA DOS FLUIDOS

8.1. VAZÃO EM VOLUME

Vazão em Volume é o volume de fluido que escoa através de certa seção em um intervalo de tempo.
A
volume que passou pela seção V  m 3 l m 3 cm 3 
Q= =  , , , 
tempo t  s s h s 
A. x x
como V = A . s  Q = = A. = A . v
t t x

Q = v. A
onde, v é a velocidade média do fluido e A é a área da seção

8.2. VAZÃO EM MASSA

Vazão em Massa é a massa de fluido que escoa através de certa seção em um intervalo de tempo.
m  kg kg utm utm 
Qm =  , , , 
t  s h h s 
m  .V V
como  =  m =  .V , portanto : Qm = = . =  .Q
V t t
Qm =  . Q e como Q = v . A , temos :
Qm =  . v . A

8.3. VAZÃO EM PESO

Vazão em peso é o peso de fluido que escoa através de certa seção em um intervalo de tempo.

G  N N Kgf Kgf 
QG =  , , , 
t s h h s 
m. g
como G = m . g  QG = = Qm . g =  . Q . g =  . g . Q =  .Q =  . v . A , portanto:
t
QG =  . v . A

8.4. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE PARA REGIME PERMANENTE

Consideremos um fluido escoando por uma tubulação no regime permanente. O regime permanente se caracteriza por não haver
variações das propriedades do fluido em cada ponto, ou seja, as propriedades na seção [1] ( v 1 , 1 , etc. ) são constante e as propriedades
na seção [2] ( v2 , 2 , etc. ) também são constantes.

89
(2)
(1)

Fluido

Como as propriedades ficam constantes, não pode haver acúmulo de massa entre [1] e [2], pois neste caso, pelo menos a massa
específica variaria. Portanto, concluímos que no regime permanente a massa em cada seção é a mesma, ou seja :

Qm1 = Qm2 = constante em qualquer seção

( . v . A ) = k (equação da continuidade)

1 . v1 . A1 =  2 . v 2 . A2

Fluido incompressível: No caso em que o fluido é incompressível, como a sua massa específica é constante, a equação da continuidade
poderá então ser escrita:

1 . v1 . A1 =  2 . v 2 . A2 , como 1 . =  2 .
v1 . A1 = . v 2 . A2  Q 1 = Q 2 = constante em qualquer seção

Portanto, se o fluido é incompressível a vazão em volume á a mesma em qualquer seção. A partir desta equação pode-se obter a relação
de velocidades em qualquer seção do escoamento.
A1
v1 . A1 = v 2 . A2  v 2 = v1 .
A2
Portanto, a velocidade é maior nas seções de menor área.

Exercícios Resolvidos

Exercício R.8.1. Na tubulação convergente da figura, calcule a vazão em volume e a velocidade na seção 2 sabendo que o fluido é
incompressível. A1 = 10 cm2 A2 = 5 cm2

Q1 = Q2 v1 = 5 m/s
A 10
v1 . A1 = v 2 . A2  v 2 = v1 . 1 = 5 . = 10 m / s
A2 5
A vazão em volume é : (1) (2)
 m2 
m
( )
Q1 = v1 . A1 = 5   .10 cm 2 .10 − 4  2  = 5 .10 −3 m 3 / s = 5 dm 3 / s = 5 l / s
s  cm 

Exercício R.8.2. Uma mangueira de jardim conectada a um bocal é usada para encher um balde de 40 litros. O diâmetro da mangueira é
2,0 cm e na saída do bocal o diâmetro é 0,8 cm. São necessários 50 s para encher o balde com água. Calcule:
a) As vazões em volume e em massa de água na mangueira
b) As velocidades da água na mangueira e na saída do bocal

90
Vbalde = 40 l = 4010 −3 m 3
a)
t = 50 s
Cálculo da vazão em volume
V 4010 −3 m 3
Q= = = 0,0008 m 3 s
t 50 s
Para o cálculo da vazão em massa, utilizamos a massa específica da água que é ρ = 1000 kg/m 3
kg m3
Qm =  . Q = 1000 3  0,0008 = 0,8 kg / s
m s
b) Para o cálculo das velocidades, precisamos calcular a área das seções da mangueira e da saída do bocal.
d mang = 2 cm → rmang = 1cm = 0,01m Amang =  . (rmang ) =  . (0,01) = 3,14  10−4 m 2
2 2

d bocal = 0,8 cm → rmang = 0,4 cm = 0,004 m Abocal =  . (rbocal ) =  . (0,004) = 5,026  10−5 m 2
2 2

Q
Q = v. A  v =
A
Q 0,0008 m 3 s
vmang = = = 2,5 m / s
Amang 3,1410−4
Q 0,0008 m 3 s
vbocal = = = 15,9 m / s
Abocal 5,02610 −5

Exercício R.8.3. Ar escoa em regime permanente num tubo convergente. A área da maior seção do tubo é 20 cm 2 e a da menor seção é
10 cm2. A massa específica do ar na seção (1) é 0,12 utm/m3 enquanto que na seção (2) é 0,09 utm/m3. Sendo a velocidade na seção (1)
10 m/s, determine:
a) a velocidade na seção (2);
b) a vazão em massa de ar nas seções (1) e (2);
c) a vazão em volume de ar nas seções (1) e (2).
a) Como o ar é um fluido compressível, a equação da continuidade é:
Qm1 = Qm2  1 . v1 . A1 =  2 . v 2 . A2 (1) (2)

 .v . A
 utm   m 
0,12 3  .10  . 20 cm 2 ( )
v2 = 1 1 1 = m  s = 26,7 m / s
 2 . A2  utm 
0,09 3  .10 cm 2
( )
m 
b) As vazões em massa em (1) e (2) são iguais ( regime permanente ):
 m2 
 utm   m 
( )
Qm = 1 . v1 . A1 = 0,12 3  .10  . 20 cm 2 .10 − 4  2  = 2,4 .10 −3
utm
m  s  cm  s
c) As vazões em volume em (1) e (2) são são diferentes ( fluido compressível ):
m
( )
Q1 = v1 . A1 = 10   . 20  10 − 4 m 2 = 20  10 −3 m 3 s  Q1 = 20 l s
s
m
( )
Q21 = v2 . A2 = 26 ,7   .10  10 − 4 m 2 = 26 ,7  10 −3 m3 s  Q1 = 26 ,7 l s
s

91
Exercício R.8.4. No tanque misturador da figura 20 l/s de água (  = 1000 Kg/m3) são misturados com 10 l/s de um óleo (  = 800 Kg/m3)
formando uma emulsão. Determinar a massa específica e a velocidade da emulsão formada.
Água Óleo

A=30 cm2

Qe = Qa + Qo = 20 + 10 = 30 l / s
Qme = Qma + Qmo   e .Qe =  a .Qa +  o Qo
l  kg  l  kg  l  kg 
 e . 30  = 1000  . 20  + 800  3  .10    e = 933,33  3 
s m  s m  s m 
3

 m3   m2 
l
Qe = ve . A  30   .10 −3   = ve . 30 cm 2 .10 − 4  2 ( ) 
s  l   cm  ve = 10 m / s

Exercício R.8.5. Os dois tanques cúbicos com água são esvaziados ao mesmo tempo, pela tubulação indicada na figura, em 500 s.
Determinar a velocidade da água na seção A, supondo desprezível a variação de vazão com a altura.
Qtanque1 + Qtanque2 = Qtubo
V1 V2 4m
+ = v. A 2m
t t
2.2.2  m3  4.4.4  m3 
 = v . 45 .10 − 4 (m 2 )
45 cm2
 + 
500  s  500  s 
v = 32 m / s (A)

Exercício R.8.6. Em uma indústria de sucos, um tanque cilíndrico refrigerado de 2 m de altura e 1,5 m de diâmetro é utilizado como
reservatório de uma linha de engarrafamento de sucos. No início do expediente de trabalho, o indicador de nível está na marca que
indica 1500 litros de suco. Depois de iniciado o engarrafamento o reservatório passa a ser passa a ser alimentado pela parte superior
com suco novo que escoa por um tubo de ¼” de diâmetro a uma velocidade de 1,97 m/s. Na linha de engarrafamento, alimentada pelo
reservatório, devem ser engarrafadas 7000 garrafas de 600 ml de volume até o final do expediente de 12 horas. Considerando que a
massa especifica do suco é 1125 kg/m3, determine:
a) A massa de suco no reservatório no início do expediente.
b) A % do volume do tanque ocupado pelo suco no início do expediente.
c) Determine a vazão, em litros/minuto, de suco novo que alimenta o reservatório após o início do engarrafamento.
d) Determine a vazão, em litros/minuto, de suco necessário para enchimento das 7000 garrafas, considerando que a produção é
continua.
e) Determine a massa de suco no tanque ao final do expediente
kg msuco
a) Vsuco = 1500l = 1,5 m ,  suco = 1125  suco =  msuco =  suco .Vsuco = 11251,5 = 1687,5 kg
3
3
m Vsuco
  . D2    . (1,5)2  V
b) H = 2m , D = 1,5 m Vtan que =  . H =  . 2 = 3,53 m 3 %Vol = suco .100 = 1,5 = 42,44%
 
 4   4  Vtan que 3,53
  .d 2   (0,00635)2
d=1 = 0,00635m AS = = = 3,1669  10 −05 v = 1,97 m / s
c) 4 4 4
QE = v . AS = 1,97  3,1669  10 −05 = 6,2388  10 −05 = 3,74 litros / min
92
Vgarr . n 0,6 * 7000
d) Vgarr = 600 ml = 0,6 litro t = 12h = 720 min n = 7000 QS = = = 5,83 litros / min
t 720
QL = QS − Q E = 5,83 − 3,74 = 2,09 litros / min Vconsumido = Q L . t = 2,09  720 = 1504litros
e)
Vinicial = 1500litros  V final  0

Exercício R.8.7. Água é descarregada de um tanque cúbico de 5 m de aresta por um tubo de 5 cm de diâmetro localizado na base. A
vazão de água descarregada pelo tubo é 10 litros/s. Determinar:
a) o tempo que a superfície livre da água levará para descer 20 cm. 5m
b) a velocidade da água no tubo 5m

a) L =5m x = 20 cm = 0,2 m D = 5 cm = 0,05 m Q = 10 l / s =10 10−3 m3 s 0,2 m

a) O volume descarregado é: Vdesc = x.L.L = 5  5  0,2 = 5 m 3

Vdesc V 5
A vazão de descarga é: Q =  t = desc = = 500 s
t Q 10  10 −3
 .D 2   (0,05)2 D
b) A área da seção do tubo é: A = = = 0,001963m 2
4 4
Q 10  10−3
A velocidade na descarga é: Q = v. A  v= = = 5,1 m / s
A 0,001963

Exercícios Propostos

Exercício P.8.1. Água é descarregada de um tanque cúbico de 5 m de aresta por um tubo de 5 cm de diâmetro localizado na base. A
vazão de água no tubo é 10 l/s. Determinar a velocidade de descida da superfície livre da água do tanque e, supondo desprezível a
variação de vazão, determinar o tempo que o nível da água levará para descer 20 cm.
Respostas : 4. 10-4 m/s ; 500 s

Exercício P.8.2. Dois reservatórios cúbicos de 10 m e 5 m de aresta, são enchidos por água proveniente de uma mesma tubulação em
500 s e 100 s, respectivamente. Determinar a velocidade da água na tubulação sabendo que o seu diâmetro é 1,0 m.
Resposta : 4,13 m/s

Exercício P.8.3. O avião esboçado na figura voa a 971 km/h. A área da seção frontal de alimentação de ar da turbina é igual a 0,8 m2 e o
ar, neste local, apresenta massa específica de 0,736 kg/m3. Um observador situado no avião detecta que a velocidade dos gases na
exaustão da turbina é igual a 2021 km/h. A área da seção transversal da exaustão da turbina é 0,558 m2 e a massa específica dos gases
é 0,515 kg/m3. Determine a vazão em massa de combustível utilizada na turbina.

Resposta : 2,51 kg/s

93
Exercício P.8.4. Ar escoa em um tubo divergente, conforme a figura abaixo. A área da menor seção do tubo é 60 cm 2 e a da maior seção
é 120 cm2. A velocidade do ar na seção (1) é 16 m/s enquanto que na seção (2) é 5 m/s. Sendo a massa específica do ar na seção (1) é
0,025 kg/m3, determine:
a) a massa específica do ar na seção (2);
b) a vazão em massa de ar nas seções (1) e (2);
c) a vazão em volume de ar nas seções (1) e (2).

Dados/Informações Adicionais:
• Considere regime permanente e lembre-se que o ar é um fluido compressível

Respostas : a) 0,0468 kg/m3 b) 0,00234 kg/s e 0,00234 kg/s c) 0,09 m3 /s e 0,05 m 3 /s

Exercício P.8.5. Calcule o diâmetro de uma tubulação, sabendo-se que pela mesma, escoa água a uma velocidade de 6m/s. A tubulação
está conectada a um tanque com volume de 12000 litros e leva 1 hora, 5 minutos e 49 segundos para enchê-lo totalmente.
Resposta : 25,4 mm

Exercício P.8.6. Uma pistola d’água tem um reservatório de água com volume de 100 ml. Quando a pistola é acionada o reservatório é
totalmente esvaziado em 2 segundos. O bocal por onde o esguicho de água sai tem diâmetro de 1,5 mm. Calcule:
a) a vazão da água da pistola em m3/s;
b) a velocidade da água na saída do bocal;
c) considerando que a pistola é acionada na posição horizontal e desprezando a resistência do ar, qual é tempo para que o jato de água
percorra uma distância de 5 metros.
Resposta : a) 5 X 10 5 m3 /s b)28,3 m/s c) 0,18 s

Exercício P.8.7. Um reservatório cilíndrico com 4 m de altura e 3 m de diâmetro, completamente cheio com água, é completamente
descarregado para um reservatório inferior, de formato cúbico com 3 m de aresta, através de uma tubulação de diâmetro 9 cm situada
na base na base do reservatório cilíndrico. Determine:
a) se a água descarregada para o reservatório cúbico transborda ou não e qual é o volume que sobra ou falta.
b) a velocidade média da água no tubo de descarga, considerando que é gasto um tempo de 5 minutos para encher o reservatório cúbico.
Resposta : a) Transborda 1,27 m 3 b) 14,1 m/s

94
9. EQUAÇÃO DE BERNOULLI

Premissas Simplificadoras :

• Fluido ideal (  = 0 , escoa sem perda de energia )


• Regime permanente
• Fluidos incompressíveis ( líquidos )

9.1. FORMAS DE ENERGIA MECÂNICA

➢ Energia Potencial de Posição ( EPPo ) G

Energia ( trabalho ) = Força x Deslocamento z


EEPo = G . z , como G = m . g

EEPo = m.g.z onde, m : massa g : aceleraçãoda gravidade z : altura

➢ Energia Potencial de Pressão ( EPPr )


h
P
P =  .h  h =
Energia ( trabalho ) = Força x Deslocamento
 P 
EPPr = G . h

P
EE Pr = G. onde, G : peso P : pressão  : peso específico

➢ Energia Cinética ( Ec )

Energia ( trabalho ) = Força x Deslocamento


Ec = F . x , como: F = m . a x = ½ .a.t2 v = a.t
Ec = (m.a). ½ at2 = ½ . m.(a.t)2 = ½ . m . v2

1
Ec = .m.v 2 onde, m : massa v : velocidade
2

➢ Energia Total ( E )

A energia total do fluido é a soma das parcelas.

E = EPPo + EPPr + Ec

95
Como exemplo ilustrativo das três forma da energia, consideremos o escoamento de água em uma seringa,
(3)
conforme mostra a figura abaixo. A força aplicada aplicada no êmbolo produz uma pressão maior que a
atmosférica no ponto (1) do escoamento. A água escoa pela agulha, ponto (2), em alta velocidade e atinge o
ponto (3) onde para antes volta a cair. Portanto, a energia que foi passada para o líquido através do êmbolo se
manisfeta no ponto (1), principalmente na forma de pressão. No ponto (2) a energia está preponderante na
forma cinética e no ponto (3) a energia está essencialmente na forma potencial.
(2) Tipo de Energia
(1) Ponto Cinética Potencial Pressão
(1) Pequena Zero Grande
(2) Grande Pequena Zero
(3) Zero Grande Zero

9.2. PRINCÍPIO DE CONSERVAÇÃO DA ENERGIA

“No escoamento de um fluido ideal, sua energia total permanece


constante”
E1 = E2 ou
EPPo1 + EPPr1 + Ec1 = EPPo2 + EPPr2 + Ec2 ou
P11 P 1
m.g.z1 + G. + .m.v12 = m.g.z 2 + G. 2 + .m.v 22
 2  2
9.3. EQUAÇÃO DE BERNOULLI PARA FLUIDO IDEAL

Pelo princípio de conservação da energia, temos :


m.v12 P1 P2 m.v 22
m.g.z1 + G. + = m.g.z 2 + G. +
 2  2
Como, G = m.g , temos :
P1 G.v12 P G.v 22
G . z1 + G. + = G.z 2 + G. 2 +
 2.g  2.g
Dividindo ambos membros por G, temos :

v12P1 P2 v 22
z1 + + = z2 + + ou H1 = H2
 2.g  2.g
onde,
𝑧 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝑃𝑜𝑠𝑖çã𝑜 (𝑚)
𝑃 𝑁 ⁄𝑚2
= 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 ( = 𝑚)
𝛾 𝑁 ⁄𝑚3
𝑣2 𝑚2 ⁄𝑠2
= 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 ( = 𝑚)
2. 𝑔 𝑚 ⁄𝑠 2

96
Exercícios Resolvidos

Exercício R.9.1. O tanque da figura tem grandes dimensões e descarrega água pelo tubo indicado. Considerando o fluido ideal,
determinar a vazão em volume de água descarregada, se a seção do tubo é 10 cm 2.

(1)

10 m (2)

2m

Para aplicar a equação de Bernoulli adotamos como seção (1) a superfície livre da água e (2) a saída do tubo. Portanto, temos que :
P1 v12 P v2
H1 = H2 , ou seja: z1 + + = z2 + 2 + 2
 2.g  2.g
Como adotamos a escala efetiva de pressão, as pressões P1 e P2 são nulas pois são iguais à pressão atmosférica. Em relação ao plano de
referência, temos que :
z1 = 10 e z2 = 2
Como o tanque tem grandes dimensões, a velocidade da superfície livre da água pode ser considerada desprezível. Portanto :
v1 = 0
Logo, a equação de Bernoulli fica reduzida à :
v 22 m
z1 = z 2 + ➔ v 2 = 2 . g . (z1 − z 2 ) = 2  9,8 2   (10 − 2)(m ) ➔ v 2 = 12,5 m s
2.g s 
A vazão em volume será :
m
( )
Q = v 2 . A2 = 12,5   10  10 − 4 m 2 = 0,0125 m 3 s ➔ Q = 12,5 l s
s

Exercício R.9.2. Um tanque cilíndrico de grandes dimensões contém água. Em ponto situado a 5 metros abaixo da superfície da água é
feito um furo circular de 1/2 polegada de diâmetro. Considerando a água como um fluido ideal, calcule:
a) a velocidade da água na saída pelo furo;
b) a vazão de água (em m3/s) que flui através do furo;
c) a vazão de água em litros/minuto.
P1 v12 P2 v22
z1 + + = z2 + + onde :
 2.g  2.g
z2 = 5 m z 2 = 0 (nível de referência)
P2 = 0 ( pressão atmosférica efetiva) P2 = 0 ( pressão atmosférica efetiva)
v2 = 0 ( reservatório de grandes dim ensões) v2 = ?
v22
5+0+0 = 0+0+  v2 = 9,9 m / s
2.9,8
0,0254  .d  .(0,0127) 2 2
d = 1 "= = 0,0127m  A = = = 1,27 10− 4
2 2 4 4
Q = v . A = 9,9  1,27  10 −4  Q = 0,00125 m 3 / s
m3 litros s
Q = 0,00125  1000 3  60 = 75,2 litros / min
s m min

97
9.4. O TUBO VENTURI

O venturi consiste de uma tubulação cuja seção varia até um minímo e, novamente, volta a ter a mesma seção inicial. Este tipo de
estrangulamento é denominado de garganta. A equação de Bernoulli aplicada entre as seções (1) e (2) na figura abaixo fornece :

v12
P1 P2 v 22 v 22 − v12 P − P2
z1 + + = z2 + +  = 1
 2.g  2.g 2g 

Como v2 > v1 , temos que P1 > P2 , pode-se avaliar a velocidade medindo-se a diferença de pressão entre as seções (1) e (2). Portanto,
medindo-se a diferença de pressão e conhecendo-se as áreas da seções, pode-se calcular a vazão com este dispositivo, pois pela equação
da continuidade, temos :
Q = v1 .A1 = v 2 . A2

Exercícios Resolvidos

Exercício R.9.3. No Venturi da figura água escoa como fluido ideal. A área na seção (1) é 20 cm 2 enquanto que a da seção (2) é 10 cm2.
Um manômetro cujo fluido manométrico é mercúrio ( Hg = 13600 kgf/m3 ) é ligado entre as seções (1) e (2) e indica um desnível “h” de
10 cm. Pede-se a vazão em volume de água ( H2O = 1000 kgf/m3 )
(1)
(2)

h
(a) (b)
Hg

v12
P1 P2 v 22
H1 = H2 ou z1 + + = z2 + +
 2.g  2.g
Como os centros geométricos das seções (1) e (2) estão na mesma altura : z 1 = z2 , portanto :
P1 v12 P2 v 22 P1 P2 v 22 v2 P1 − P2 v 22 − v12
+ = +  − = − 1  = 
 2.g  2.g   2.g 2.g  2.g
Como A2 < A1 ➔ v2 > v1 ( energia cinética aumenta ) ➔ energia de pressão diminui ( P2 < P1 )
A pressão em (a) é igual a pressão em (b) : Pa = Pb , ou :
P1 + H2O . x + H2O . h = P2 + H2O . x + Hg . h
P1 – P2 = ( Hg - H2O ) . h = ( 13600 – 1000 ) . 0,10 = 1260 kgf/m2
Substituíndo  em  , temos :
P1 − P2 v 22 − v12 1260 v 22 − v12 m2
=  =  v 2 − v1 = 24,7 2
2 2

 2.g 1000 2  9,8 s
Pela equação da continuidade, temos :

Q1 = Q2  v1 . A1 = v 2 . A2  v1 = v 2 .
A2
= v2 .
( )
10 cm 2
 v1 =
v2
A1 ( )
20 cm 2 2

Substituíndo  em  , temos :

98
2
v 
v −  2  = 24,7
2
2  v2 = 5,7 m / s
2
Portanto, a vazão em volume será :
Q = v2 . A2 = 5,7  10 10−4 = 5,7  10−3 Q = 5,7 l / s

9.5. EQUAÇÃO DE BERNOULLI PARA FLUIDO IDEAL COM MÁQUINA NO ESCOAMENTO

Máquina é qualquer elemento, que introduzido no escoamento, é capaz de fornecer ou retirar energia do fluido na forma de trabalho.
Podemos ter dois casos :
• Bomba : qualquer máquina que fornece energia ao fluido
• Turbina : qualquer máquina que retira energia do fluido

Consideremos um escoamento de um fluido. Se não houver máquina no escoamento, sabemos que :

(1) (2)
2 2
P1 v P v
z1 + + = z2 + 2 +
1 2
ou H1 = H 2
 2.g  2.g
Caso haja uma máquina no escoamento, teremos o seguinte

M
(1) (2)
a) Se for bomba : H1 + HB = H2 ( H1 < H2 )
onde , HB = carga manométrica da bomba ( m )

a) Se for turbina : H1 - HT = H2 ( H1 > H2 )


onde , HT = carga manométrica da turbina ( m )

Portanto, a equação de Bernoulli ficará assim :

P1 v12 P2 v 22
H1 + HM = H2 ou z1 + + + H M = z2 + +
 2.g  2.g
onde HM = +HB ( se bomba ) ou HM = -HT ( se turbina )

Potência Retirada ou Fornecida e Rendimento

Da definição de trabalho, temos :


Trabalho = Força x Deslocamento
G
W = G  HM como : =  G =   V , então :
V
W =   V  HM
99
dividindo pelo tempo, obtemos :

W   V  HM W V
= como : = ( potência ) e Q= , obtemos :
t t t t
 =   Q  HM

Unidades de Potência :

m3 N m
Sistema Internacional →  = N
3
 m= =
J
= W
m s s s
m3 kgf  m
Sistema Métrico →  = kgf3  m= =
kgm
( 1 CV = 75
kgm
)
m s s s s
potência útil
O Rendimento (  ) é definido como : =
potência realmente fornecida
• No caso da bomba a potência útil fornecida ao fluido é menor que a potência da máquina, assim :
 
Na Bomba : B =  B =
B B
onde  B é o rendimento da bomba.
• No caso da turbina a potência útil da máquina é menor que a potência fornecida pelo fluido, assim :
T
Na Turbina : T =  T =   T

onde  T é o rendimento da turbina.

Exercícios Resolvidos

Exercício R.9.4. O reservatório de grandes dimensões da figura descarrega água pelo tubo a uma vazão de 10 l/s. Considerando o fluido
ideal, determinar se a máquina instalada é bomba ou turbina e determinar sua potência se o rendimento for de 75%. A área da seção do
tubo é 10 cm2.

(1)

20 m (2)

5m
M

A velocidade na saída do tubo pode ser obtida através da vazão


Q 10  10 −3 m 3 / s
Q = v2 . A → v2 = =
(
= 10 m / s
)
A 10 10 − 4 m 2 ( )
Na equação de Bernoulli adotamos como seção (1) a superfície da água ( v1=0 ) e (2) a saída do tubo.
P1 v12 P v2
H1 + HM = H2 z1 + + + H M = z2 + 2 + 2
 2.g  2.g

100
Como as pressões P1 e P2 são nulas pois são iguais à pressão atmosférica, temos que :
10 2
20 + 0 + 0 + HM = 5 + 0 + ➔ Hm = - 9.9 m
2  9,8
Como no sentido do escoamento o HM ficou negativo, então a máquina é uma turbina. A potência é:
N m
( )
3
N −3 m J
 =   Q  H M = 9800 3
 10  10  9,9 m = 970,2 = 970,2 = 970,2 W
m s s s
Nem toda potência posta em jogo pelo fluido é aproveitada pela turbina, assim :
T
T =  T =   T = 970,2  0,75 = 727,6 W

Exercício R.9.5. Uma empresa de energia utiliza um sistema de “armazenamento” de energia conforme mostra a figura. A noite, quando
sobra energia, é feito um bombeamento de água de um lago para um reservatório elevado e, durante o dia esta água é utilizada para
gerar energia em uma turbina. Considerando que a vazão de água é sempre 500 litros/s e que os rendimentos da bomba e da turbina
são 70%, calcule:
a) a potência ( em kW ) necessária na bomba;
b) a potência ( em kW ) recuperada na turbina

a) Tomando a seção (1) como a superfície livre do lago e a seção (2) como a superfície livre do reservatório e aplicando Bernoulli para
máquina no escoamento, temos:
P1 v12 P v2
z1 + + + H M = z2 + 2 + 2 onde :
 2. g  2.g
z1 = 0 (nível de referência) z 2 = 80 m
P1 = 0 ( pressão atmosférica efetiva) P2 = 0 ( pressão atmosférica efetiva)
v1 = 0 ( lago de grandes dim ensões) v2 = 0 ( reservatório de grandes dim ensões)

0 + 0 + 0 + H M = 80 + 0 + 0  H M = 80 m ( é uma Bomba )
HM = + HB  H B = 80 m
A vazão de 500 litros/s, correspode a 0,5 m3/s. Portanto, a potência requerida para o bombeamento é:
m3 N m
 (0,5)
N J
 =   Q  H B = 9800  80 m = 392000 = 392000 = 392000 W
m3 s s s
A potência requerida na bomba deve levar em conta o rendimento, assim :
  392000
B =  B = = = 560000 W  B = 560 KW
B B 0,70

101
b) Tomando a seção (2) como a superfície livre do reservatório e a seção (3) como a superfície livre do lago e aplicando Bernoulli para
máquina no escoamento, temos:
P2 v 22 P v2
z2 + + + H M = z3 + 3 + 3 onde :
 2.g  2.g
z 2 = 80 m z3 = 0 (nível de referência)
P2 = 0 ( pressão atmosférica efetiva) P3 = 0 ( pressão atmosférica efetiva)
v2 = 0 ( reservatório de grandes dim ensões) v3 = 0 ( lago de grandes dim ensões)
80 + 0 + 0 + H M = 0 + 0 + 0  H M = − 80 m ( é uma Turbina )
H M = − HT  H T = 80 m
A potência fornecida pelo fluido é:
m3 N m
 (0,5)
N J
 =   Q  H T = 9800  80 m = 392000 = 392000 = 392000 W
m3 s s s
A potência aproveitada na turbina deve levar em conta o rendimento, assim :
T
T =  T =    T = 39200  0,70 = 274400 W  T = 274,4 KW

Portanto, levando em conta as perdas nas máquinas, a energia aproveitada é bem menor que a energia utilizada para o
“armazenamento”.

Exercício R.9.6. Uma bomba é utilizada para transferir 600 litros/minuto de combustível entre dois grandes tanques conforme detalhado
na figura. A pressão na parte superior do primeiro tanque é mantida em 60 kPa enquanto que a parte superior do segundo reservatório
é mantida em 40 kPa. A tubulação para transporte do combustível tem diâmetro interno de 1,5” (polegadas). Considerando que o
combustível tem peso especifico de 8000 N/m3 e pode ser considerando fluido ideal, determine :
a) a velocidade do combustível na descarga do tubo no interior do segundo tanque;
b) a potencia da bomba considerando rendimento de 70%

600  10 −3 m 3
Q = 600 litros / min = = 0,01 m3 s  Comb = 8000 N m 3
60 s
a) A velocidade na descarga pode ser obtida a partir da vazão e da área da seção do tubo:
 .d 2   (0,0381)2
d = 1,5 = 1,5  0,0254 = 0,0381 m A= = = 0,00114 m 2
4 4
Q 0,01
Q = v. A  v = = = 8,771 m / s
A 0,00114
b) Escolhendo a seção (1) como a superfície do combustível no primeiro tanque e a seção (2) como o ponto de descarga no interior do
segundo tanque, podemos obter dos dados as cargas de posição, pressão e velocidade:

102
z1 = 5 m z 2 = 17 m
P1 = 60 kPa = 60000 N / m 3
P2 = 40 kPa = 40000 N / m 3
v1  0 ( tan que grande ) v 2 = 8,771 m / s (calculado no item " a")
Aplicando Bernoulli, obtemos a carga manométrica da bomba:
P1 v12 P v2
z1 + + + H M = z2 + 2 + 2
 2.g  2.g
40000 (8,771)
2
60000 02
5 + + + H M = 17 + +  H M = 13,425 m
8000 2  9,8 8000 2  9,8
Calculo da potência, considerando rendimento de 70%:
 =  . Q . H M = 8000  0,0113,425 = 1074,018W
 1074,018
B = = = 1534,311 W  B  1,5 KW
B 0,7

9.6. EQUAÇÃO DE BERNOULLI PARA FLUIDO REAL COM MÁQUINA NO ESCOAMENTO

Se o fluido não for ideal, devido ao efeito do atrito, ocorrerá uma dissipação da energia do fluido entre as seções (1) e (2).

Energia dissipada

(1) (2)

Neste caso, temos que : H1 > H2


Para restabelecer a igualdade, deve ser computado em (2) a energia dissipada entre (1) e (2). Portanto, a equação de Bernoulli ficará
assim :
H1 = H2 + HP
onde, HP = energia dissipada entre (1) e (2) ou “perda de carga”
Levando em conta a presença de uma máquina no escoamento, teremos :

P1 v12 P v2
H1 + HM = H2 + H P ou z1 + + + H M = z2 + 2 + 2 + H P
 2.g  2.g
A perda de carga (perda de energia) de um fluido escoando por um circuito hidráulico depende de:
• diâmetro da tubulação.
• vazão, ou mais especificamente, da velocidade de escoamento.
• rugosidade interna do tubo e, portanto, do material de fabricação do tubo (aço, PVC, etc.).
• comprimento da tubulação.
• singularidades existentes no circuito.
São chamadas de singularidades as peças, dispositivos ou conexões (curvas, válvulas, registros, válvulas de retenção, luvas de redução
etc.) nos quais ocorrem perdas de carga localizadas.
A perda de carga em função da vazão, para os vários diâmetros e tipos de tubos, é normalmente apresentada em tabelas ou ábacos,
usualmente para cada metro de comprimento de tubulação, nos livros de Mecânica dos Fluidos.

Exercício R.9.7. Na instalação da figura a máquina é uma bomba e o fluido é água. A bomba tem potência de 3600 W e seu rendimento
é 80%. A água é descarregada na atmosfera a uma velocidade de 5 m/s pelo tubo, cuja área da seção é 10 cm 2. Determinar a perda de
carga entre as seções (1) e (2).
103
(1)

5m
(2)
B

A vazão de água pelo tubo é :


( )
Q = v . A = 5  10  10−4 = 0,005 m3 / s
A altura manométrica da bomba é obtida considerando que :
 B   B
 =   Q  HB e B = ou = B   B → HB =
B  Q
3600  0,80
HB = = 58,8 m
9800  0,005
Na equação de Bernoulli adotamos como seção (1) a superfície da água ( v1=0 ) e (2) a saída do tubo.
P1 v12 P v2
H1 + HM = H2 + H P ou z1 + + (+ H B ) = z 2 + 2 + 2 + H P
 2.g  2.g
52
5 + 0 + 0 + 58,8 = 0 + 0 + + H P  H P = 62,5 m
2  9,8

Exercício R.9.8. Uma cidade capta água em um lago de 86400 m2 de área. O sistema de captação utiliza uma tubulação de 20,6 cm de
diâmetro e bombeia água até um reservatório na cidade. Não sendo abastecido, o nível da água no lago abaixa 10 cm em dia (24 horas).
Considerando a água um fluido ideal, determine:
a) a vazão de água em m3/s
b) a velocidade da água na descarga em m/s
c) a potência da bomba ( em kW ), considerando que seu rendimento é 65%.
a) A vazão de água na descarga pode ser obtida a partir do abaixamento do lago no tempo:

A = 86400m 2 x = 10 cm = 0,1 m t = 24h = 86400 s


VH O 8640
VH 2O = A.x = 86400 0,1 = 8640 m3 QH 2O = 2 = = 0,1 m3 / s
t 86400
b) Cálculo da velocidade da água na descarga:
 .d 2   (0,206)2
d = 20,6 cm = 0,206 m A= = = 0,0333m 2
4 4
Q 0,1
Q = v. A  v = = = 3m / s
A 0,0333
Escolhendo a seção (1) como a superfície do lago e a seção (2) como o ponto de descarga no reservatório da cidade, podemos obter dos
dados as cargas de posição, pressão e velocidade:

104
z1 = 0 m z2 = 20 m
P1 = 0 (atmosfera) P2 = 0 (atmosfera)
v1  0 ( lago grande) v2 = 3 m / s
Aplicando Bernoulli, obtemos a carga manométrica da bomba:
P1 v12 P v2
z1 + + + H M = z2 + 2 + 2
 2. g  2.g

0 + 0+
02
+ H M = 20 + 0 +
(3) 2
 H M = 20,45 m
2  9,8 2  9,8
Calculo da potência, considerando rendimento de 70%:
 =  . Q . H M = 9800 0,1 20,45 = 20050W
 20050
B = = = 30846 W  B  30,8 KW
B 0,65

Exercício R.9.9. Em uma instalação hidráulica uma bomba é utilizada para levar água de um grande lago para um tanque elevado através
de uma tubulação de 2” (2 polegadas) de diâmetro interno a uma vazão de 36 m3 por hora. A perda de carga (HP1-2) entre as seções (1) e
(2) é 10 m e a perda de carga (HP2-3) entre as seções (2) e (3) é 7 m.
a) Considerando que a pressão P2 indicada por um manômetro instalado na seção (2) é 313,6 kPa, calcule a potência da bomba para
rendimento de 82%.
b) Calcule o valor da distância x indicada na figura.

a) Cálculo da velocidade da água na descarga:


 .d 2   (0,0508)2
d = 2" = 0,0508m A= = = 0,00203m 2 Q = 36 m3 / h = 0,01 m3 / s
4 4
Q 0,01
Q = v. A  v = = = 4,93 m / s
A 0,00203
A seção (1) é a superfície do lago e a seção (2) é o ponto medição da pressão P2.
Seção(1) z1 = 0 ; P1 = 0 ; v1  0 Seção(1) z2 = 7 m ; P2 = 313,6 kPa = 313600N / m3 ; v2 = 4,93m / s
Aplicando Bernoulli, obtemos a carga manométrica da bomba:
P1 v12 P v2
z1 + + + H M = z 2 + 2 + 2 + H P1−2
 2.g  2.g
313600 (4,93)
2
0 + 0 + 0 + HM =7 + + + 10  H M = 50,24 m
9800 2  9,8
Calculo da potência, considerando rendimento de 70%:

105
 =  . Q . H M = 9800 0,01 45,24 = 4923,7 W
 4923,7
B = = = 6004 W  B  6 KW
B 0,82
b) Agora a seção (2) é o ponto medição da pressão P2 e seção (3) é o ponto de descarga na atmosfera:
Seção (2) z2 = 7 m ; P2 = 313,6 kPa = 313600N / m3 ; v2 = 4,93 m / s Seção (3) z3 = ? ; P3 = 0 ; v3 = 4,93 m / s
Aplicando Bernoulli, obtemos a carga manométrica da bomba:
P2 v22 P v2
z2 + + + H M = z3 + 3 + 3 + H P 2−3
 2.g  2.g
313600 (4,93) (4,93) + 7
2 2
7+ + + 0 = z3 + 0 +  z3 = 32 m e x = z3 − 7 = 32 − 7 = 25 m
9800 2  9,8 2  9,8

Exercícios Propostos

Exercício P.9.1. A água contida em um reservatório elevado, de grandes dimensões, alimenta por gravidade a linha de engarrafamento,
em uma fábrica de água mineral gasosa, conforme mostra a figura. O reservatório é pressurizado e o manômetro no topo indica uma
pressão de 50 kPa. O diâmetro da tubulação de descarga é 1,6 cm. Considerando a água um fluido ideal, determine :
a) a velocidade da água mineral na saída da tubulação de descarga
b) o número de garrafões de 20 litros que podem ser enchidos por hora.

Respostas : 17,2 m/s e 622 garrafões

Exercício P.9.2. No Venturi da figura querosene ( densidade: r = 0,85 ) escoa como fluido ideal. A área na seção (1) é 24 cm2 enquanto
que a da seção (2) é 12 cm2. As velocidades médias do querosene nas seções (1) e (2) são 4,5 m/s e 9 m/s, respectivamente. Um
manômetro cujo fluido manométrico é mercúrio (  = 133280 N/m3 ) é ligado entre as seções (1) e (2) e indica um desnível “h”. Pede-se
desnível “h” indicado.

Resposta : 0,206 m

106
Exercício P.9.3. A seringa da figura contém água. A área do êmbolo em contato com a água é de 1,7 x 10-4 m2.
Considerando que a força exercida no êmbolo é de 5 N e que a velocidade de deslocamento do êmbolo é 1 cm
por segundo, determine a altura alcançada (z2) pelo jato de água.
OBS: considere a água um fluido ideal.

Resposta : 3 m

Exercício P.9.4. Em uma indústria de engarrafamento de água mineral, a água de um reservatório de grandes dimensões situado no piso
inferior, deve ser bombeada para alimentar a linha de engarrafamento. O diâmetro da tubulação de recalque é 1,6 cm. Considerando
que a altura manométrica (HB) da bomba é 13 m e que a água se comporta como um fluido ideal, determine :
a) a vazão de água recalcada
b) o número de garrafões de 20 litros que podem ser enchidos por hora.

5m

Patm

15 m
,

Respostas : 2,51 l/s e 454 garrafões

Exercício P.9.5. Deseja-se elevar água do reservatório , que tem grandes dimensões, para o reservatório  a uma vazão de 4 litros/s.
Sabe-se que a tubulação de sucção (antes da bomba) tem diâmetro interno de 2” (2 polegadas) e que a tubulação de recalque (após a
bomba) tem diâmetro interno de 1” (1 polegada). Considerando que os dois reservatórios são abertos para a atmosfera, determine:
a) A velocidade da água na tubulação de sucção.
b) A velocidade da água na tubulação de recalque.
c) A potência da bomba para rendimento de 70%
d) O tempo necessário para se encher o reservatório  sabendo que o volume do mesmo é 10 m3.

20 m 

B
2m

Respostas: a) 1,973 m/s b) 7,894 m/s c) 1410 W d) 41,6 min.

107
Exercício P.9.6. Na instalação da figura a máquina é uma turbina e o fluido é água. A turbina tem potência de 500 W e seu rendimento é
85%. A água é descarregada na atmosfera a uma velocidade de 3 m/s pelo tubo, cuja área da seção é 10 cm 2. Determinar a perda de
carga entre as seções (1) e (2).

(1)

25 m
(2)
T

Resposta: 14,5 m

Exercício P.9.7. Água escoa através da instalação esboçada na figura. A canalização que conduz a água tem um diâmetro interno de 10
cm. A água deve ser considerada como fluido ideal e o tanque da figura tem grandes dimensões.
a) Dado que a vazão de água é 126,33 litros/s, determinar a potência fornecida ( ou recebida ) pela água pela máquina M, indicando se
é uma bomba ou uma turbina.
b) Determine a potência da máquina se o seu rendimento for 65%.

Resposta : a) 7675,93 W ( é bomba ) b) 11809,12 W

Exercício P.9.8. Em um pequeno edifício, uma bomba é utilizada para recalcar água de um reservatório subterrâneo para uma caixa
d´agua situada no topo do edifício. A tubulação de recalque, conforme mostra a figura, tem diâmetro de ½” ( 0,5 polegadas ) e a vazão
de água é 3 litros/s. Considerando a água um fluido ideal, determine :
a) a altura manométrica da bomba
b) a potência da bomba ( em HP ), considerando que o seu rendimento é 65%
Dados/Informações Adicionais
• reservatório subterrâneo tem grandes dimensões e está aberto para a atmosfera
• g= 9,8 m/s 1”=2,54 cm 1 HP =745,7 W

Resposta : 46,7 m ; 2,8 HP


108
Exercício P.9.9. Em uma pequena usina hidroelétrica, uma única turbina é acionada pela água de uma represa de 360000 m 2 de área
superficial, situada em uma região elevada. Não sendo abastecida, o nível da água na represa abaixa 10 cm em uma hora ( 60 minutos ).
A tubulação que conduz a água tem 1,1 m de diâmetro e, após passar pela turbina, descarrega a água em um rio. Considerando a água
como fluido ideal, determine:
a) a vazão de água em m3/s
b) a velocidade da água na descarga em m/s
c) a potência da turbina (em MW), considerando que seu rendimento é 66%.

40 m
Represa

120 m

T
Descarga para o
rio
Resposta : a) 10 m3/s b) 10,5 m/s c) 9,9 MW

Exercício P.9.10. Em uma indústria de engarrafamento de água mineral gasosa, a água de um reservatório de grandes dimensões, situado
em um nível inferior, é utilizada para alimentar uma linha de engarrafamento. O reservatório é fechado e um manômetro indica uma
pressão de 49 kPa para o gás na parte superior do reservatório. Para elevar a água existe uma instalação de bombeamento cuja tubulação
tem 1,0” (uma polegada) de diâmetro interno. Considere que a perda de carga (HP) na instalação equivale a 5 m.
a) sabendo que a linha de engarrafamento opera continuamente e que engarrafa 3600 garrafas de 2 litros por hora, calcule a vazão de
água bombeada;
b) calcule a potência da bomba para rendimento de 75%;
c) calcule qual deveria ser a pressão do gás na parte superior para manter a vazão de água mesmo com a bomba retirada da instalação
(considerar a mesma perda de carga).

Resposta : a) 0,002 m/s b) 151,4 W c) 105,8 kPa

109
10. Apêndice

Apêndice A: CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA ALETA

FLUXO DE CALOR EM ALETAS DE SEÇÃO UNIFORME

Consideremos uma aleta de seção uniforme, conforme mostrado na Figura 10-1, afixada em uma superfície base com temperatura TS e
em contato com um fluido com temperatura T e coeficiente de película h. Para um elemento diferencial de volume, localizado em uma
distância x da base e com um comprimento dx, o balanço de energia pode ser expresso como:

Figura 10-1

𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢çã𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢çã𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜
[ ]= [ ]+ [ ]
𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝑥 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝑥 + 𝑑𝑥 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

Na forma simbólica esta equação torna-se:


𝐶𝐷
𝑞̇ 𝑥𝐶𝐷 = 𝑞̇ 𝑥+𝑑𝑥 + 𝑞̇ 𝐶𝑉
𝒅𝑻 𝒅𝑻 𝒅 𝒅𝑻
Equação 10-1 −𝒌. 𝑨𝒕 . 𝒅𝒙 = [−𝒌. 𝑨𝒕 . 𝒅𝒙 + (−𝒌. 𝑨𝒕 . 𝒅𝒙 ) 𝒅𝒙] + 𝒉. (𝑷. 𝒅𝒙). (𝑻 − 𝑻∞ )
𝒅𝒙

onde P é o perímetro da aleta, At é a área da seção transversal da aleta e (P.dx) a área entre as seções x e (x+dx) em contato com o fluido.
Se h e k podem ser considerados constantes a Equação 10-1 pode ser simplificada para:
𝑑 𝑑𝑇
ℎ. 𝑃. 𝑑𝑥. (𝑇 − 𝑇∞ ) = (𝑘. 𝐴𝑡 . ) 𝑑𝑥
𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑑2𝑇
ℎ. 𝑃. (𝑇 − 𝑇∞ ) = 𝑘. 𝐴𝑡 .
𝑑𝑥 2
𝒅𝟐 𝑻 𝒉.𝑷
Equação 10-2 𝒅𝒙𝟐
= 𝒎𝟐 . (𝑻 − 𝑻∞ ) 𝒐𝒏𝒅𝒆: 𝒎 = √𝒌.𝑨 (𝒄𝒐𝒆𝒇𝒊𝒄𝒊𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒅𝒂 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂, [𝒎] = 𝒎−𝟏 )
𝒕
A Equação 10-2 é uma equação diferencial linear ordinária de segunda ordem. A teoria das equações diferenciais afirma que tal equação
tem duas soluções linearmente independentes. As soluções são funções exponenciais, múltiplos delas ou combinação linear de funções
exponenciais como a funções hiperbólicas. A solução geral é, portanto, da forma apresentada na Equação 10-3.
Equação 10-3 (𝑻 − 𝑻∞ ) = 𝑪𝟏 . 𝒆𝒎𝒙 + 𝑪𝟐 . 𝒆−𝒎𝒙
onde C1 e C2 são constantes para serem determinadas através de duas condições de contorno apropriadas. A primeira das condições de
contorno é que a temperatura da base da barra é igual à temperatura da superfície na qual ela está afixada, ou seja:

• Primeira condição de contorno: 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑥 = 0 (𝑏𝑎𝑠𝑒) → 𝑇 = 𝑇𝑠


0
Levando a condição acima na Equação 10-3 e considerando que e = 1, obtemos:

110
(𝑇S − 𝑇∞ ) = 𝐶1 . 𝑒 𝑚.0 + 𝐶2 . 𝑒 −𝑚.0
Equação 10-4 (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ) = 𝑪𝟏 + 𝑪𝟐
De acordo com a segunda condição de contorno, que depende das condições adotadas, teremos três casos básicos:

• Segunda condição de contorno: Caso A: Aleta muito longa


Neste caso, a temperatura da aleta se aproxima da temperatura do fluido ou T = T quando x → . Substituindo essa condição na
Equação 10-3, obtemos:
Equação 10-5 (𝑻∞ − 𝑻∞ ) = 𝟎 = 𝑪𝟏 . 𝒆𝒎. + 𝑪𝟐 . 𝒆−𝒎
Como o segundo termo da Equação 10-5 é zero (1/), a condição de contorno é satisfeita apenas se C1=0.
Substituindo C1 por 0, na Equação 10-4, na condição da base da aleta, obtemos:
𝐶2 = T𝑆 − T∞
Levando os valores de C1 e C2 na Equação 10-3 a distribuição de temperatura torna-se:
Equação 10-6 (𝑻 − 𝑻∞ ) = (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝒆−𝒎𝒙
Como o calor transferido por condução através da base da aleta deve ser transferido por convecção da superfície para o fluido, temos:
𝒅𝑻
Equação 10-7 𝒒̇ 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂 = −𝒌. 𝑨𝒕 . 𝒅𝒙]
𝒙=𝟎
Diferenciando a Equação 10-6 e substituindo o resultado para x = 0 na Equação 10-7, obtemos:

ℎ. 𝑃 √h. P
𝑞̇ 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 = −k. At . (−𝑚. (TS − T∞ ). 𝑒 (−𝑚).0 )]𝑥=0 = −k. At . (− √ . (TS − T∞ ). 𝑒 0 ) = 𝑘. 𝐴𝑡 . 1⁄ . (TS − T∞ )
𝑘. 𝐴𝑡 1
𝑘 ⁄2 . 𝐴𝑡 2

Equação 10-8 𝒒̇ 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂 = √𝒉. 𝑷. 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ )


A Equação 10-8 fornece uma aproximação razoável do calor transferido, na unidade de tempo, em uma aleta finita, se seu comprimento
for muito grande em comparação com a área de sua seção transversal.

• Segunda condição de contorno: Caso B: Aleta de comprimento finito, com perda de calor pela extremidade desprezível
Neste caso, a segunda condição de contorno requererá que o gradiente de temperatura em x=L seja zero, ou seja, dT dx = 0 em x=L.
A condição na base da aleta permanece a mesma. Com a aplicação dessas duas condições de contorno sobre a equação geral produz,
após algumas manipulações, a seguinte relação para a distribuição de temperatura:
( 𝑇 − 𝑇∞ ) cosh 𝑚. (𝑙 − 𝑥 )
=
( 𝑇S − 𝑇∞ ) cosh 𝑚. 𝑙
A transferência de calor pode ser obtida através da Equação 10-7, substituindo o gradiente de temperatura na base:

𝒅𝑻 𝒉. 𝑷
𝒒̇ 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂 = −𝒌. 𝑨𝒕 . ] = 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝒎 . 𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎. 𝒍) = 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). √ . 𝒎 . 𝒕𝒂𝒈𝒉 (𝒎. 𝒍)
𝒅𝒙 𝒙=𝟎 𝒌. 𝑨𝒕

O calor transferido, na unidade de tempo, é então:

Equação 10-9 𝒒̇ 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂 = √𝒉. 𝑷. 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎. 𝒍)

• Segunda condição de contorno: Caso C: Aleta de comprimento finito, com perda de calor por convecção pela extremidade
Neste caso, a álgebra envolvida é algo mais complicada, entretanto o princípio é o mesmo e o fluxo de calor transferido é:
𝒔𝒆𝒏𝒉(𝒎.𝒍)+(𝒉⁄𝒎.𝒌).𝒄𝒐𝒔𝒉 (𝒎.𝒍)
Equação 10-10 𝒒̇ 𝒂𝒍𝒆𝒕𝒂 = √𝒉. 𝑷. 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ).
𝒄𝒐𝒔𝒉(𝒎.𝒍)+(𝒉⁄𝒎.𝒌).𝒔𝒆𝒏𝒉 (𝒎.𝒍)

111
EFICIÊNCIA DE UMA ALETA

Consideremos uma superfície base sobre a qual estão fixadas aletas de seção transversal uniforme, como mostra a Figura 10-2,
transferindo calor por convecção para um fluido ambiente na temperatura T e com coeficiente de película h. As aletas têm espessura
e, altura l e largura b. A superfície base está na temperatura TS maior que a temperatura ambiente T.

Figura 10-2
A Eficiência da Aleta () é definida como:
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎
𝜂=
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑡𝑜𝑑𝑎 𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑛𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒
Numericamente, temos para a Eficiência da Aleta ():
𝒒̇ 𝑨
Equação 10-11 𝜼= 𝒉 .𝑨𝑨 .(𝑻𝑺 − 𝑻∞ )

Caso a Eficiência da Aleta () seja conhecida, a Equação 10-12 permite o cálculo do fluxo de calor transferido pela aleta:
Equação 10-12 𝒒̇ 𝑨 = 𝒉 . 𝑨𝑨 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝜼
Considerando a troca de calor pela extremidade é desprezível, a Equação 10-9, obtida anteriormente, também permite o cálculo do fluxo
de calor transferido pela aleta:
𝑞̇ 𝐴 = √ℎ. 𝑃. 𝑘. 𝐴𝑡 . (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ). 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 )
É óbvio que desprezar a transferência de calor pela extremidade da aleta é uma simplificação para as aletas de uso industrial. Entretanto,
como as aletas tem espessura pequena, a área de troca de calor na extremidade é pequena; além disto, a diferença de temperatura
entre a aleta e o fluido é menor na extremidade. Portanto, na maioria dos casos, devido à pequena área de troca de calor e ao menor
potencial térmico, a transferência de calor pela extremidade da aleta pode ser desprezada.
Assim, igualando as duas equações para o fluxo de calor (Equação 10-9 e Equação 10-12), obtemos:

Equação 10-13 𝒉 . 𝑨𝑨 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝜼 = √𝒉. 𝑷. 𝒌. 𝑨𝒕 . (𝑻𝑺 − 𝑻∞ ). 𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎. 𝒍)


Eliminando, na Equação 10-13, o mesmo potencial de temperatura dos dois lados e isolando a eficiência da aleta, obtemos:
√𝒉.𝑷.𝒌.𝑨𝒕
Equação 10-14 𝜼= . 𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎. 𝒍)
𝒉 .𝑨𝑨

Tomando a área de troca de calor da aleta aproximadamente igual ao perímetro vezes a altura da aleta (AA = 𝑃. 𝑙) e substituindo na
Equação 10-14 obtemos:
1⁄ 1
ℎ 2 . 𝑃 ⁄2 . √𝑘. 𝐴𝑡 √𝑘. 𝐴𝑡 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 ) 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 )
𝜂= . 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 ) = . 𝑡𝑎𝑔ℎ(𝑚. 𝑙 ) = =
ℎ . (𝑃. 𝑙 ) √ℎ, 𝑃 . 𝑙 √ℎ, 𝑃 ℎ. 𝑃

√𝑘. 𝐴𝑡
.𝑙 𝑘. 𝐴𝑡 . 𝑙

Assim, a expressão final da eficiência da aleta é:

𝒕𝒂𝒈𝒉(𝒎.𝒍) 𝒉.𝑷
Equação 10-15 𝜼= 𝒐𝒏𝒅𝒆: 𝒎= √
𝒎.𝒍 𝒌.𝑨 𝒕

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