Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Recomendações........................................................................................................................18
DOMUS ECCLESIAE: surgimento desde domus domesticae.................................................19
TEMPLO – SINAGOGA – CASA...........................................................................................19
Cidade - Casa...........................................................................................................................20
Casa..........................................................................................................................................20
Casas Privadas.........................................................................................................................20
Domus ecclesiae.......................................................................................................................21
11/04/18 – EDITOS RELATIVOS AO CRISTIANISMO (manhã)....................................22
TEXTO DOS EDITOS:............................................................................................................22
Edito de Galério, de 311, sobre o perdão e sobre a tolerância concedidos aos cristãos depois
das perseguiçoes:.....................................................................................................................22
Edito de Milão, por Constantino em 313, sobre a liberdade religiosa concedida aos cristãos:
...................................................................................................................................................23
Edito dos imperadores Graziano, Valentiniano II e Teodósio, em 380: cristianismo como
religião oficial do Estado........................................................................................................23
11/04/18 – PADRES APOSTÓLICOS (tarde).......................................................................25
LIÉBAERT, Jacques. A época dos primeiros Padres (séculos I-II). In ______. Os Padres da Igreja.
p. 19-23.....................................................................................................................................25
TEXTO DA DIDAQUÊ: Instrução do Senhor através dos doze apóstolos aos gentios (ZILLES,
1972).........................................................................................................................................27
18/04/18 – OS CONCÍLIOS DA IGREJA (manhã).............................................................32
1 DEFINIÇÃO DE TERMOS...................................................................................................32
2 IMPORTÂNCIA DOS CONCÍLIOS [E DO SEU ESTUDO]...............................................32
3 APROXIMAÇÃO INICIAL AOS CONCÍLIOS...................................................................32
18/04/18 – DIDAQUÉ [CONTINUAÇÃO] (tarde)..............................................................34
PADRES APOSTÓLICOS: CARTA A DIOGNETO................................................................37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................45
3
DIFUSÃO DO CRISTIANISMO
Do ponto de vista histórico-social, pode-se dizer que foi devido a:
Unidade política do Império: a unidade do mundo greco-latino conseguida por Roma criou
um amplíssimo espaço geográfico, dominado pela mesma autoridade.
Sistema de comunicação: através das estradas, das rotas marítimas e comerciais, das
estações de correio e de descanso, o cristianismo usou essa vasta rede de comunicações, sobretudo
marítimas (Paulo) para se expandir. “É lícito afirmar que as alçadas romanas e as rotas do mar latino
foram vias para a Boa Nova Evangélica, ao longo da bacia do Mediterrâneo”. O cristianismo
missionário é essencialmente urbano. Segundo Paolo Siniscalco, é “nos itinerários terrestres e
4
marítimos se encontra a maioria absoluta das comunidades cristãs primitivas”. Por exemplo: via do
Mar, do Egito à Palestina; a via Inácia, mais de mil quilômetros; Via Ápia, 600km, de Roma à
Brindisi (porto).
Tábula Peutingeriana: feita entre os séculos III e IV, chegou até nós por uma cópia
medieval do século XII. Tábula porque era o nome dos mapas na época romana, e também na Idade
Média. Assim chamada porque foi estudada por Konrad Peutinger, humanista austríaco que a
estudou no início do século XVI. Para visualização, acessar: https://www.hs-
augsburg.de/~harsch /Chronologia/Lspost03/Tabula/tab_or00.html
Sua importância está no fato de representar 100 mil Km de estradas, com as cidades e
estações de “parada”, e com escala de distância (milhas, mil passos à época, aproximadamente
1.479,5m atualmente). Indicava também termas, que eram locais de encontro de pessoas, e de água).
Apresentava edifícios de cultos pagão e cristão, embora só de São Pedro. Estima-se que seja datado
de 326-333, tempo do governo de Constantino.
Crise religiosa: no segundo século, os cultos oficiais não satisfaziam, era um tempo
favorável à acolhida de uma nova religião. O clima espiritual, dominado pela crise do paganismo
ancestral predispunha o acolhimento do Evangelho.
Filosofia que vai se cristianizando: Militão de Sardes escreve em torno de 170 a Marco
Aurélio e observa que a filosofia cristã, começando a difundir-se em meio aos povos sob o Império
de Augusto, se desenvolve junto com o Império. Temos outros como Irineu de Lião e Orígenes. O
cristianismo vai atingindo outras pessoas, intelectuais, pessoas que conhecem a filosofia e colocam
o raciocínio à serviço da compreensão da nova religião.
Guerra Judaica: entre 66-73, no governo de Tito e Vespasiano, o templo de Jerusalém foi
destruído, causando a diáspora judaica, cuja dispersão e perseguição ajudaram a propagar a fé.
Vida comunitária: era um elemento de agregação e representava uma forma diversa de
viver a fé. Enquanto que os judeus eram um grupo fechado, nacionalista; os religiosos do império
faziam sacrifícios a deuses; cultos públicos ao imperador eram obrigações legais e demonstração de
lealdade. Na contramão disso tudo, o cristianismo mostrava a importância das casas das pessoas,
locais de encontro da vizinhança.
Caráter universal: o cristianismo envolve a todos: mulheres, crianças, estrangeiros, órfãos e
viúvas. O termo catholico significa universal no sentido de incluir a todas as pessoas, raças,
culturas, etc. Não só em todos os lugares.
5
COLONIZAÇÃO ROMANA
A colonização romana foi militar e administrativa, não cultural ou religiosa. O Império
Romano representa um mundo cosmopolita. Cultural e religiosamente é mais o Oriente que
coloniza o império, graças a expansão da cultura e língua grega em toda bacia do Mediterrâneo.
Também há uma invasão pelas religiões orientais: divindades sírias (deus Sol), egípcias (Ísis),
frígias (Cibele), persa (Mitra). Do oriente é também importado o culto do imperador divinizado.
CRISTIANISMO E IMPÉRIO
Do ponto de vista religioso, no século I, o cristianismo se deparou com:
a) Culto ao imperador: nascido de concepções egípcias e orientais, que consideravam o
soberano como “filho de Deus”, ou de deuses. No início, o culto se dirigia ao Imperador somente
após sua morte. Calígula, Nero e Domiciano reivindicam títulos divinos ainda vivos. O culto
imperial se espalhou e suscitou conflitos entre os cristãos, pois era incompatível com sua fé no Deus
único. O culto exprime, de modo especial a lealdade à autoridade. Ou seja, ele não se preocupava se
fosse apenas uma prática externa, não interiorizada.
Nos Evangelhos, a passagem “dai a César o que é de César”1 foi tida como uma resposta
leve, morna, de Jesus. O que não confere na medida em que a César era prestado culto. O imposto
sim, pode ser dado a César, mas o louvor à divindade não pode ser dado a César.
b) Religião tradicional dos gregos e romanos: fusão das crenças em vários deuses
(politeísmo), personificação das forças da natureza. As divindades se fundem após o contato entre
os gregos e romanos. Por exemplo, para os gregos é Zeus, para os romanos é Júpiter, Atena é
Minerva, Hermes é Mercúrio, Afrodite é Vênus, Dionísio é Baco.
Havia o culto público e o privado. O primeiro feito por sacerdotes dependentes do Estado.
O segundo feito pelos chefes de família: divindades penates – protetores das provisões – e lares –
casas e campos.
Portanto, a perseguição daqueles que não prestam culto ao imperador e não creem nas
divindades do império é uma decisão lógica, uma vez que as divindades são vingativas, e esse
desiquilíbrio no império atrai a ira dos deuses sobre si: terremotos, pestes, secas, desastres de todas
as ordens acabam sendo culpa dos cristãos.
6
também seu caminho entre as tentações de retração e isolamento e as seduções dos sincretismos da
moda.
Não é à toa que nesse período apareceram um grande número de heresias. Nem todas mal-
intencionadas, porque naquele contexto, tinha-se que pensar, raciocinar, refletir, entender e
compreender a verdade. Ou seja, distinguir entre a ortodoxia e a heterodoxia.
Marco Aurélio (162-180) com seus decretos, e por sua vontade, ocorre uma perseguição
formal e sistemática aos cristãos (pios).
Nesse período, os montanistas são um grupo cristão herético, seguidores de Montano, que
se dizia portador do Espírito Santo. Acontece que não se conseguia distinguir quais eram os
heréticos dos ortodoxos.
Anarquia militar: confusão de poder. Havia combate em alguma região, com o sucesso da
empreitada, o general era aclamado imperador. Acontecendo outra em outro lugar, outro imperador
era aclamado.
O império se vê tendo cristãos em todas as fileiras e estruturas imperiais: exército, senado,
na corte imperial, etc.
Décio (249-251) emana um Edito a todos os cidadãos o dever de sacrificar aos deuses. Isso
desencadeia uma grande perseguição, já que seria inadmissível um cristão sacrificar aos deuses ou
ao imperador. Aqui morrem mártires, mas muitos recorrem a uma “escamotage”, uma jogada
esperta, e conseguem um documento chamado libellus, um atestado de sacrifício feito.
Valeriano (252-260) vai na mesma esteira que Décio. É uma perseguição a toda igreja, e
bate forte nas lideranças (Papas Estevão, Sisto e Cipriano). Contudo, Aureliano (270-275) toma
medidas favoráveis: reconhece a autoridade da Igreja (problema com Paulo de Samosata, que ocupa
um lugar de culto dos cristãos, e o imperador resolve a questão estabelecendo o critério para que se
reconheça a legitimidade da posse do imóvel a comunhão com o bispo de Roma), devolve lugares
de cultos e cemitérios.
Com a tetrarquia, retorna a ideia de que a autoridade imperial é de ordem divina e exigem
culto. Dentre os quatro imperadores, Diocleciano (284-305) denuncia que os cristãos impediam a
realização das funções sagradas dos auruspices. Assim, ele decide fazer uma limpeza com todos os
militares e os que ocupavam cargos públicos que não queriam sacrificar.
Copiar ultimo parágrafo aqui.
9
#1: Vimos que por baixo dos panos, passava a ideia de que quem teria começado o
incêndio teria sido o próprio Nero, porque queria dar uma visibilidade a parte urbana próxima do
palácio imperial. Ele queria fazer uma limpeza para deixar mais organizada a área perto do palácio
imperial.
Constam aqui elementos da sociedade: vias estreitas, casas amontoadas e mal organizadas.
Queria construir ruas largas, casas organizadas; tirava os escombros nos navios que vinham das
ilhas do sul, carregados de cereais.
#2 e #3: houveram medidas estatais, por assim dizer, para evitar que se repetisse a tragédia
em caso de novo incêndio.
#4: Mas o incêndio fora causado também por ira divina, zangados com aqueles cristãos.
Então se recorre aos Livros Sibilinos (mulheres, chamadas Sibilas, que eram oráculos de Apolo)
para entender o porquê do que tinha acontecido.
#5: Nem as ações do imperador com sua generosidade, nem os ritos aos deuses, abafava os
boatos de que o incêndio tinha sido decidido nas altas esferas do poder imperial. Tácito relata que
os cristãos, assim chamados por causa de um Cristo, castigado e morto no tempo de Pilatos,
originalmente na Judéia e agora em Roma, eram culpados das desgraças e de tudo que há de ruim e
vergonhoso que se espalha no mundo.
Diziam que os cristãos matavam crianças (aliás, como o infanticídio era prática comum no
império, especialmente de meninas, que eram abandonas, eram salvas e acolhidas por cristãos,
tornavam-se elas cristãs, e quando casavam, convertiam os maridos, porque elas jamais abririam
mão da sua fé); eram acusados de incesto – se chamavam de irmão e irmã, e dormiam juntos; o
cristianismo influenciava e transformava elementos culturais (contra o infanticídio, contra o aborto,
na defesa da vida); acusavam os cristãos de adorar um asno crucificado, por causa de um desenho
que ridicularizava os cristãos; eram chamados de ateus, porque não adoravam os deuses romanos
nem o imperador.
#6: Eram presos, martirizados e zombados: cobertos com peles para serem mordidos por
cães; crucificados e queimados como tochas. Contudo, tais suplícios despertavam compaixão nas
pessoas, porque percebiam que eram rigorosamente castigados não ao interesse da nação, mas à
crueldade de um só homem.
As acusações
11
#1: O cristianismo foi declarado como religião: strana et illicita (decreto senatorial de 35);
Non licet vos esse: não é lícito que existais; Exitialis: perniciosa; prava et immodica: malvada e
desenfreada; nova et malefica: nvoa e maléfica; tenebrosa et lucifuga: obscura e inimiga da luz;
detestabilis: detestável. O cristianismo era considera um grande inimigo de Roma, que se baseava
na antiga religião nacional e no culto ao imperador, elementos que davam unidade ao império.
#2: porque os cristãos não seguem a religião dos pais, os veterum instituta (antigos
estatutos) e a Mos maiorum (costume maior)? O problema não é a religião, mas o fato de que eles
não respeitavam a autoridade do imperador, nem lhe davam lealdade e respeito. O cristianismo tem
outra forma de viver. Ele vai incomodar a cultura (entendida como costumes, como religião, a
forma de viver e de se relacionar) vigente na época. Fundamentalmente, os cristãos vão mostrar
uma outra forma de viver, um outro modus vivendi.
Esse jeito de viver do cristão significava não reconhecer o caráter sagrado da civitas, da
cidade e dos deuses, que nelas moram e protegem.
#3: Não era possível desvincular a parte civil/social da religiosa. Se vivia a fé de uma
forma civil-sacral. Os imperadores eram pontífices máximos, mas os judeus eram os únicos que
tinham relativa autonomia, porque faziam ao seu próprio Deus um sacrifício para o imperador.
Havia uma relativa flexibilidade no Império.
#4: Virar as costas para a tradição romana gerava um grande conflito na sociedade, porque
refutar o nomos, a lei, significa negar a tradição dos antepassados. O inimigo da religião romana
era, por consequência, um inimigo de todo o império. Havia um forte patriotismo, que se sustentava
na adesão da pessoa à religião estatal, romana, à pessoa do imperador, e portanto se exigia um
comportamento correspondente à fé. Toynbee afirma que “um ato público de devoção não trazia em
si nenhuma explícita proclamação de uma qualquer fé religiosa, mas tinha o valor de uma
declaração de lealdade diante da comunidade”.
#5: A doutrina do Monoteísmo Trinitário também um motivo de acusações. Enquanto o
cristianismo está grudado no judaísmo, tudo bem. Mas quando os cristãos começam a manifestar
aquilo que creem, como a Eucaristia e a doutrina Trinitária, suspeitas começam a aparecer. Além da
suspeita, isso vai gerar incompreensão, perseguição e o próprio martírio. A nova religião se torna
uma afronta às outras religiões que estão presentes no Império e também ao seu modus vivendi.
Os cristãos são acusados de dois crimes: sacrilégio (descrença aos deuses romanos) e de
lesa majestade (não adorarem ao imperador). Em outras palavras, do crimen religionis (não
reconhecimento e prática da religião da civitas romana) e do crimen maiestatis (recusa de juramento
de lealdade ao imperador e de não tomar parte às festas realizadas em honra do imperador).
12
Justino, padre apostólico, diz: “Vós dizeis: ‘não honrais os deuses e não ofereceis
sacrifícios aos imperadores’... Eis porque somos acusados de sacrilégio e de lesa majestade. É esta a
acusação principal, digamos melhor a inteira acusação”.
De Policarpo, outro padre apostólico, é dito: “o maestro da Ásia, o pai dos cristãos, aquele
que destrói os nossos deuses, que ensina a tanta gente a não realizar sacrifícios e a não adorar os
deuses”.
#6: (copiar parágrafo)
#7: Existia uma opinião pública sobre os cristãos. Num primeiro momento, enquanto
pouco conhecida, a nova religião era alvo de uma série de calúnias boatos e acusações falsas.
#8: O Império era tolerante com as diversas manifestações religiosas, desde que
cumprissem o culto oficial, de adorar o imperador. O choque se deu porque os cristãos em nenhuma
hipótese aceitavam tal imposição. Assim, no século I, os cristãos foram considerados membros de
uma superstição ilícita, criminosa, cheia de “homens vulgares, membros de uma seita perdida,
ilícita e miserável, uma raça que ama os esconderijos e é inimiga da luz”.
#9: Os cristãos são acusados de desgraças naturais: estiagens, enchentes, terremotos,
incêndios, etc.
#10: De modo geral, a uma só voz, unívoca, dependendo dos períodos, há uma ideia
comum: a presença dos cristãos é negativa, que merece exclusão.
#11: Diante disso, os cristãos se tornam para o Império um corpo estranho.
AS CATACUMBAS
Catacumbas são cemitérios essencialmente cristãos, ainda que algumas sejam judaicas, a
maioria é cristã. Segundo os cristãos, eles viviam juntos em comunidade, e descansariam juntos na
morte, viveriam juntos na eternidade. Nelas, algumas eram usadas para, além de local de
sepultamento, celebrações em honra e memória dos que lá estavam sepultados, principalmente
mártires.
Alguns dos símbolos que recordam e representam Cristo para as primeiras comunidades
eram:
as letras que formam a palavra “peixe” em grego, quando escritas em maiúsculas (ΙΧΘΥΣ),
formam um acrônimo com as iniciais da expressão “Iēsous Christos Theou (U)Yios Sōtēr“, que
significa “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador” (em grego antigo: Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ ͑ Υιός,
Σωτήρ).
a âncora, sinal da fortaleza e do sustento da fé em Cristo ressuscitado.
A catacumba é a comunidade dos mortos que aguardam o despertar para a vida eterna, e
também uma forma de “encontro” com eles.
O MARTÍRIO
Segundo Tertuliano de Cartago, “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. Essa
frase se tornou célebre
O mártir tem diante de si aquele que é o mártir por excelência, Jesus Cristo. Ele é a
testemunha fiel que, dia após dia, dá seu sangue. Hoje, diz o Papa Francisco, “o testemunho dos
cristãos é necessário, e quando as circunstâncias históricas requerem um testemunho forte, ali
estarão os mártires, as maiores testemunhas”2. O sofrimento e o martírio cristãos não são geradores
de morte, mas fonte de vida (diferença básica e essencial entre o mártir cristão e o muçulmano).
Paralelamente, há um “martírio branco”, como no caso do período do monacato, no qual
não há o derramamento de sangue, mas o despojamento total em favor de Jesus Cristo, através de
um afastamento em forma de protesto contra a união entre Igreja e Império, que tornou “fácil” ser
cristão publicamente. A posição dos monges será a de combater, em si mesmo, aquilo que lhe separa
da comunhão e configuração à Cristo.
Em Jerusalém, próximo ao Santo Sepulcro, há um local onde a tradição diz ter sido erguida
a Cruz. Há lá uma pintura que mostra, saindo da Cruz, um “fio” vermelho, simbolizando o sangue
de Jesus derramado na Cruz, e que escorre pela rocha, por dentro dela, até chegar ao túmulo de
14
Adão, o primeiro homem. Essa simbologia mostra que a redenção de Cristo abraça toda a
humanidade, indo até o primeiro homem.
Fruto do Concílio Vaticano II, a Constituição Dogmática Lumen Gentium afirma que
“Como Jesus, Filho de Deus, manifestou o Seu amor dando a vida por nós, assim ninguém dá maior
prova de amor do que aquele que oferece a própria vida por Ele e por seus irmãos (cf. 1 Jo 3,16; Jo
15,13). Desde os primeiros tempos, e sempre assim continuará a suceder, alguns cristãos foram
chamados3 a dar este máximo testemunho de amor diante de todos, e especialmente perante os
perseguidores. Por esta razão, o martírio, pelo qual o discípulo se torna semelhante ao mestre, que
livremente aceitou a morte para salvação do mundo, e a Ele se conforma no derramamento do
sangue, é considerado pela Igreja como um dom insigne e prova suprema de amor. E embora seja
concedido a poucos, todos, porém, devem estar dispostos a confessar a Cristo diante dos homens e a
segui-lo no caminho da cruz em meio das perseguições que nunca faltarão à Igreja” (42, grifo
nosso).
Na Sagrada Escritura, sobre o martírio é dito que:
“Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem procura conservar
a própria vida vai perde-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontra-la” (Mt 10, 38-
39).
“Eu garanto a vocês: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho. Mas se
morre, produz muito fruto” (Jo 12,24).
“Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13).
“Bem-aventurados sereis quando vos injuriarem e os perseguirem. [...] Alegrai-vos e
regozijai-vos, pois também perseguiram os profetas antes de vós” (Mt 5,11-12).
ESTEVÃO, 1º MÁRTIR
Os helenistas, pela descrição nos Atos, são judeus cristãos de língua e cultura grega.
Formavam um grupo mais crítico e aberto, enquanto que o grupo dos hebreus era formado por
judeus cristãos de língua aramaica e cultura hebraica, mais ligados à cultura e aos costumes do
judaísmo. Os helenistas se dão conta de que a Igreja não é uma simples seita judaica, é uma
comunidade enraizada no Judaísmo, porém aberta ao mundo.
PERSEGUIÇÕES E MARTÍRIO
José Comblin diz que “O poder romano quis dar muita publicidade aos mártires, pensando
assim que provocaria o desânimo em muitos cristãos [...]. Os mártires são descritos como heróis da
fé cristã. Esses heróis foram capazes de suportar suplícios incríveis, com firme constância, com
15
resistência, até com a alegria de pessoas que se sentem vencedoras na pior tortura que se pode
infligir a corpos humanos”4. Os mártires mostram que “a profissão de fé face aos juízes e face à
multidão dos estádios era um desafio ao poder imperial. Era o supremo ato de liberdade face ao
poder opressor. Por isso, foi vivida como vitória. Os mártires foram tratados como vencedores na
luta contra um império que era a encarnação do pecado”5.
Sendo assim, “Para os cristãos, o martírio teve um extraordinário valor de testemunho. Os
mártires aguentaram tantos sofrimentos, tantas humilhações e a destruição do seu corpo com
tamanha coragem porque tinha fé na ressurreição do seu corpo e professavam essa fé publicamente.
Crer na ressurreição, no meio de um povo e de uma cultura que nunca tinha ouvido falar disso,
exigia uma firmeza total e os mártires deram o exemplo admirável dessa firmeza. Já estavam
vivendo nessa ressurreição que professavam”6.
BATISMO E EUCARISTIA
Cipriano, bispo de Cartago, martirizado em 258, considera o martírio como um segundo
batismo, mais perfeito do que o primeiro porque vem pelo sangue. O martírio aparece como
expressão eminente da santidade cristã. O mártir é testemunha plena do Espírito Santo que imita
Jesus (faltou última parte do slide Martírio).
Deus que eu seja encontrado digno de ir até o fim. Com efeito, o começo é fácil, mas eu queria
obter a graça de receber, sem obstáculo, a minha herança. Receio porém, que o vosso amor me faça
mal. De fato, para vós, é fácil fazer o que quereis; para mim, porém, é difícil alcançar a Deus, se
não me poupardes.
sofro, serei um liberto de Jesus Cristo, e ressurgirei nele como pessoa livre. Acorrentado, aprendo
agora a não desejar nada2.
5. Desde a Síria até Roma, luto contra as feras, por terra e por mar, de noite e de dia,
acorrentado a dez leopardos, a um destacamento de soldados; quando se lhes faz bem, tornam-se
piores ainda. Todavia, por seus maus tratos, eu me torno discípulo melhor, mas “nem por isso sou
justificado.”
Possa eu alegrar-me com as feras que me estão sendo preparadas. Desejo que elas sejam
rápidas comigo. Acariciá-las-ei, para que elas me devorem logo, e não tenham medo, como tiveram
de alguns e não ousaram tocá-los. Se, por má vontade, elas se recusarem, eu as forçarei. Perdoai-
me; sei o que me convém. Agora estou começando a me tornar discípulo. Que nada de visível e
invisível, por inveja, me impeça de alcançar Jesus Cristo. Fogo e cruz, manadas de feras,
lacerações, desmembramentos, deslocamento de ossos, mutilações de membros, trituração de todo o
corpo, que os piores flagelos do diabo caiam sobre mim, com a única condição de que eu alcançe
Jesus Cristo.
comida corruptível, nem me atraem os prazeres desta vida. Desejo o pão de Deus, que é a carne de
Jesus Cristo, da linhagem de Davi, e por bebida desejo o sangue dele, que é o amor incorruptível.
O amor crucificado
8. Não quero mais viver conforme os homens. Se quiserdes, assim o será. Desejai isso,
para que também vós possais ser amados por Deus. Eu vo-lo peço em poucas palavas: Crede em
mim. Jesus Cristo vos manifestará que estou falando sinceramente. Ele é a boca que não mente, pela
qual o Pai verdadeiramente falou. Rogai por mim, para que eu alcance a meta. Não vos escrevi
segundo a carne, mas conforme o pensamento de Deus. Se eu sofrer, vós me tereis amado; se eu for
recusado, vós me tereis odiado.
Recomendações
9. Em vossa oração, lembrai-vos da Igreja da Síria que, em meu lugar, tem Deus por pastor.
Somente Jesus Cristo e o vosso amor serão nela o bispo. De minha parte, sinto-me envergonhado de
ser contado entre seus fiéis. Não sou digno disso, pois sou o último entre eles, e um abortivo.
Contudo, se eu alcançar a Deus, terei recebido a misericórdia de ser alguém. Meu espírito vos
saúda, bem como o amor das Igrejas que me receberam em nome de Jesus Cristo, e não como
simples viajante. Embora não as tenha encontrado fisicamente no meu caminho, elas me
precederam de cidade em cidade.
10. De Esmirna, eu vos escrevo essas coisas, por meio de efésios dignos de serem
chamados felizes. Entre muitos outros, está comigo Croco, nome que me é caro. Creio que
conheceis os que foram à minha frente da Síria até Roma, para a glória de Deus. Avisai-os que estou
perto. Todos eles são dignos de Deus e de vós, e é bom que os reconforteis em todas as coisas.
Eu vos escrevo nove dias antes das calendas de setembro3. Passai bem até o fim,
perseverando em Jesus Cristo.
Notas
1. Alguns veem aí o testemunho do reconhecimento da primazia e da superioridade da
Igreja romana sobre as outras Igrejas.
2. Este parece ser o objetivo principal da carta aos romanos. Inácio desencoraja qualquer
tentativa por parte dos cristãos de Roma, de intervirem em seu favor, a fim de libertá-lo dos
suplícios. Mas esta é a graça suprema pela qual ele aspira. Como se percebe também no parágrafo
19
seguinte, é a primeira e mais forte expressão do desejo do martírio que arderá em outros cristãos nos
séculos seguintes e levará Orígenes e Cipriano a escreverem uma Exortação ao martírio.
3. É a única carta de Inácio, datada. Estes “nove dias das Calendas de setembro”
correspondem a 24 de agosto.
A estrutura central religiosa, que era o Templo, dá lugar à Casa, como lugar específico de
reunião, de ajuda mútua e de missão. Por mais que a reunião nas Casas possa parecer ínfimo de
força, ela será o local privilegiado para a expansão missionária da Igreja nascente.
Cidade - Casa
No entanto, a cidade em si mesma foi somente um amplo espaço. Dentro dela, os lugares
de encontro dos grupos paulinos, e provavelmente da maioria dos outros grupos cristãos, foram as
casas privadas, às quais se denominou de Igreja das Casas, ou Igreja Doméstica. Para os cristãos, a
Casa não constituiu simplesmente uma forma adicional de identidade social e de filiação religiosa,
juntamente com outros lugares como o templo, a sinagoga ou a cidade. Ela foi uma alternativa
decisiva.
Na Escritura se lê:
“Pedro então refletiu e foi para a casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos,
onde muitos se haviam reunido para rezar” (At 12,12);
“Ao sair da prisão, Paulo e Silas foram para a casa de Lídia. Aí encontraram os irmãos, os
encorajaram e depois partiram” (At 16,40);
“Havia muitas lâmpadas na sala superior, onde estávamos reunidos” (At 20,9);
“As igrejas da Ásia mandam saudações. Áquila e Prisca, com a igreja que se reúne na casa
deles [...]” (At ).
Casa
A Casa foi o primeiro lugar de reunião das comunidades cristãs; simultaneamente podemos
dizer também que foi a casa e a família o núcleo humano inicial da Igreja. Assim se expressa na
fórmula: “A Igreja se reúne na casa de”. Quem recebia a Igreja em sua casa automaticamente se
convertia no seu líder.
O Documento Comunidade de Comunidades10 afirma que “As comunidades de Jerusalém,
Antioquia, Roma, Corinto e Éfeso, entre outras, são comunidades formadas por Igrejas Domésticas:
as casas serviam de local de acolhida dos fiéis que ouviam a Palavra, repartiam o pão e viviam a
caridade que Jesus ensinou. Paulo faz da casa a estrutura fundamental das Igrejas por ele fundadas”
(n. 99).
Interessante que uma estrutura antiquíssima da Igreja primitiva é recuperada e proposta sua
atualização como desafio para a realidade hodierna.
Casas Privadas
21
Domus ecclesiae
Entre os séc. II e III, as distintas comunidades cristãs estabelecem suas primeiras estruturas
materiais básicas: os locais de reunião para os vivos – domus eclesiae – e para os defuntos –
catacumbas. Portanto, o culto da comunidade abandona a eclesiae domesticae, que são as pequenas
comunidades albergadas em casas particulares, para passar à domus ecclesiae, cujo vestígio mais
antigo se pode encontrar entre os anos 232 e 235.
Uma domus ecclesiae foi descoberta em Dura Europos. Datada entre 232 – 258, a estrutura
está organizada em dois espaços: a sala para reunião litúrgica e o batistério.
Há outras. Em uma delas há uma imagem de uma figura orante feminina.
22
Recovery: nas cidades haviam inúmeras ecclesia domesticae (igrejas domésticas), que
organizadas em rede de comunidades, fortaleciam a vida e fé dos cristãos. Elas funcionavam como
núcleos abrangentes que extrapolavam as linhas de parentesco: nelas os escravos participavam.
Quando um determinado grupo de igrejas domésticas passa a se reunir em um local
próprio, em uma estrutura particular, surge ali a Domus ecclesiae, para celebração. A casa de um
particular se torna em um templo.
Isso não significa apenas um espaço para celebrar. Ela representa um sentido mais amplo
de organização da Igreja, não só do ponto de vista estrutural. É um espaço teológico e pastoral: tem
local para a sinápse e para os sacramentos (p. ex. Batistério).
Somente mais tarde, quando o cristianismo for a religião oficial do Estado, das massas, é
que surgiram as Basílicas, como local público de culto.
#3 Depois de quase 300 anos, o Imperador escreve que os cristãos tem o direito de
existir. Porque até então non licet vos esse (não é lícito que esses existam);
#4 Em retribuição, os cristãos deveriam rezar ao seu Deus pelo Imperador e pelo
Império, e agirem corretamente, sem delitos e crimes;
Edito de Milão, por Constantino em 313, sobre a liberdade religiosa concedida aos cristãos:
Falar de Padres Apostólicos não é somente falar de nomes ou pessoas, mas também de
escritos que chegaram até nós.
LIÉBAERT, Jacques. A época dos primeiros Padres (séculos I-II). In ______. Os Padres da Igreja.
p. 19-23.
Comentários:
O domínio do Império Romano sobre o mar Mediterrâneo foi de ordem militar e
administrativa, e não cultural ou religiosa. Tanto é que, muitos termos e expressões da Igreja
vinham em decorrência disso.
O Império Romano é cosmopolita, mas tem do oriente muitos elementos que são
incorporados, como por exemplo a filosofia do oriente que influencia fortemente o Império, através
das doutrinas platônicas, estóicas e do neopitagorismo.
No berço do cristianismo estavam a organização romana, o espírito grego e a religiosidade
oriental. Isso vai se manifestar mais fortemente nas heresias.
Baseado no quadro da página 20:
Nos anos 70/80, são redigidos os Evangelhos Sinóticos e os Atos dos Apóstolos. É desse
período a redação da Didaquê11 (Doutrina dos Apóstolos). Nesse mesmo período, os imperadores
Tito e Vespasiano tomaram Jerusalém. Outros textos dos Padres Apostólicos são: Carta de Clemente
de Roma aos Coríntios, Cartas de Inácio de Antioquia, Odes de Salomão, Carta de Policarpo aos
Filipenses, Carta do Pseudo-Barnabé, O Pastor de Hermas (sobre a penitência), o Evangelho de
Tomé (apócrifo), entre outros.
Não há ruptura na passagem da Igreja dos Apóstolos para a Igreja dos Padres. Sendo assim,
o início do Primeiro Período Patrístico, que vai do final do século I à metade do século II, é o
Período dos Padres Apostólicos, que viveram próximos aos apóstolos não só no pensamento e na
doutrina, mas no tempo. Conviveram, aprenderam, celebraram com os apóstolos. O vínculo não foi
quebrada.
Outro detalhe é a diversidade da Igreja daquele tempo. Não só de pessoas e de ministérios,
mas plurilíngue (grega, aramaica, síria, latina). A Igreja era praticamente oriental: os 8 primeiros
concílios foram no oriente; as grandes escolas eram do oriente (por exemplo Alexandria).
É importante perceber que quanto mais distante de Cristo, mais precisamos da teologia, do
estudo da bíblia, da formação permanente.
26
As grandes correntes que nos tempos antigos tentavam influenciar a doutrina cristã, hoje
elas também estão presentes. Haviam diversas fontes nas quais podiam os fieis beber, mas apesar
disso, os escritos dos Padres Apostólicos convidam a uma unidade da diversidade, não de modo
massificador ou alienante, mas verdadeiro: Didaquê: doutrina dos apóstolos; Odes de Salomão: 24
hinos de inspiração cristã, mas em estilo semítico; Carta de Barnabé: leitura cristã do Antigo
Testamento; Pastor de Hermas: convidava a uma reforma moral na Igreja. Além destes, há os
escritos chamados de apócrifos, que fazem parte deste período.
Eis um extrato de uma carta de São Clemente de Roma, no qual os cristãos rezam em
intenção dos responsáveis pela sociedade, mesmo em tempo de perseguição:
[…] Sacia os famintos , liberta os nossos prisioneiros,
Reanima os fracos, consola os pusilânimes
Sim, Mestre, faz brilhar sobre nós a tua face,
Para o bem, na paz,
Para nos proteger com tua mão poderosa,
Para nos liberar de todo pecado, por teu braço estendido,
E nos livrar dos que nos odeiam injustamente.
Concede-nos concórdia e a paz,
A nós e a todos os habitantes da terra,
Como as deste a nosso pais
Quando te invocaram santamente na fé e na verdade.
Faze-nos submissos a teu nome onipotente e santíssimo.
Bem como aos que nos governam e dirigem na terra.
Foste tu, Senhor, que lhes deste o poder da realeza,
Para que, sabendo que por ti lhes foram dadas a glória e a honra,
Lhes sejamos submissos, sem nos opor de modo algum à tua vontade.
Concede-lhes, Senhor, a saúde, a paz, a concórdia, a estabilidade,
Para que exerçam, sem passo em falso, a soberania que lhes confiaste.
Pois és tu, Mestre celestial, Rei dos séculos,
Que dá aos filhos dos homens a glória e a honra
E o poder sobre as coisas terra.
Tu, Senhor, dirige seus desígnios segundo o que é bom e agradável a teus olhos,
Para que, exercendo, na paz e na mansidão
Com piedade, o poder que lhes deste, julguem-te propício
Tu, o único que pode realizar esses benefícios
27
TEXTO DA DIDAQUÊ: Instrução do Senhor através dos doze apóstolos aos gentios (ZILLES,
1972)
PARTE I – O CAMINHO DA VIDA E DA MORTE
CAPÍTULO I – o da vida exige o amor a deus e ao próximo
1 Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte.
2 Há uma grande diferença entre os dois.
Este é o caminho da vida: primeiro, ame a Deus que o criou; segundo, ame a seu próximo
como a si mesmo. Não faça ao outro aquilo que você não quer que façam a você.
3 Este é o ensinamento derivado dessas palavras: bendiga aqueles que o amaldiçoam, reze
por seus inimigos e jejue por aqueles que o perseguem. Ora, se você ama aqueles que o amam, que
graça você merece? Os pagãos também nãofazem o mesmo? Quanto a você, ame aqueles que o
odeiam e assim você não terá nenhum inimigo.
4 Não se deixe levar pelo instinto. Se alguém lhe bofeteia na face direita, ofereça-lhe
também a outra face e assim você será perfeito. Se alguém o obriga a acompanhá-lo por um
quilometro, acompanhe-o por dois. Se alguém lhe tira o manto, ofereça-lhe também a túnica. Se
alguém toma alguma coisa que lhe pertence, não a peça de volta porque não é direito.
5 Dê a quem lhe pede e não peças de volta pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a
todos. Bem-aventurado aquele que dá conforme o mandamento, pois será considerado inocente. Ai
daquele que recebe: se pede por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebeu sem
necessidade, prestará contas do motivo e da finalidade. Será posto na prisão e será interrogado sobre
o que fez... e daí não sairá até que devolva o último centavo.
6 Sobre isso também foi dito: que a sua esmola fique suando nas suas mãos até que você
saiba para quem a está dando.
2 Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não
pratique a magia nem a feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que ela
tenha nascido.
3 Não cobice os bens alheios, não cometa falso juramento, nem preste falso testemunho,
não seja maldoso, nem vingativo.
4 Não tenha duplo pensamento ou linguajar pois o duplo sentido é armadilha fatal.
5 A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática.
6 Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o
mal contra o seu próximo.
7 Não odeie a ninguém, mas corrija alguns, reze por outros e ame ainda aos outros, mais
até do que a si mesmo.
1 Filho, lembre-se dia e noite daquele que prega a Palavra de Deus para você. Honre-o
como se fosse o próprio Senhor, pois Ele está presente onde a soberania do Senhor é anunciada.
2 Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis para encontrar forças em suas
palavras.
3 Não provoque divisão. Ao contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Julgue de
forma justa e corrija as culpas sem distinguir as pessoas.
4 Não hesite sobre o que vai acontecer.
5 Não te pareças com aqueles que dão a mão quando precisam e a retiram quando devem
dar.
6 Se o trabalho de suas mãos te rendem algo, as ofereça como reparação pelos seus
pecados.
7 Não hesite em dar, nem dê reclamando porque, na verdade, você sabe quem realmente
pagou sua recompensa.
8 Não rejeite o necessitado. Compartilhe tudo com seu irmão e não diga que as coisas são
apenas suas. Se vocês estão unidos nas coisas imortais, tanto mais estarão nas coisas perecíveis.
9 Não se descuide de seu filho ou filha. Muito pelo contrário, desde a infância instrua-os a
temer a Deus.
10 Não dê ordens com rudeza ao seu escravo ou escrava pois eles também esperam no
mesmo Deus que você; assim, não perderão o temor de Deus, que está acima de todos. Certamente
Ele não virá chamar a pessoa pela aparência, mas somente aqueles que foram preparados pelo
Espírito.
11 Quanto a vocês, escravos, obedeçam aos seus senhores,com todo o respeito e
reverência, como à própria imagem deDeus.
12 Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada o Senhor.
13 Não viole os mandamentos dos Senhor. Guarde tudo aquilo que você recebeu: não
acrescente ou retire nada.
14 Confesse seus pecados na reunião dos fiéis e não comece a orar estando com má
consciência. Este é o caminho da vida.
assim como também perdoamos os nossos devedores e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-
nos do mal porque teu é o poder e a glória para sempre".
3 Rezem assim três vezes ao dia.
1 DEFINIÇÃO DE TERMOS
Império. Todos estes foram realizados no oriente, e são comuns a Igreja ocidental e oriental.
Somente em 1123, acontece o primeiro concílio no ocidente, e que foi convocado por um papa: o de
Latrão I, pelo papa Calixto II.
A duração dos concílios é muito diversa: o de Latrão I durou uma semana; o de Trento
durou quase vinte anos, entre as discussões e as resoluções; o Vaticano II durou três anos. Os
intervalos entre um e outro também variam grandemente, alguns poucos anos, outros vários séculos.
Os concílios são uma resposta às necessidades dogmáticas, pastorais, legislativa e/ou
judiciária. Suas resoluções eram divulgadas em manuscritos até a invenção da prensa. Os primeiros
tinham como língua oficial o grego, e só posteriormente a latina.
Podemos dividir, pedagogicamente, os concílios em:
1. Concílios do Primeiro Milênio: Niceia I (325), Constantinopla I (381), Éfeso (431),
Calcedônia (451), Constantinopla II (553), Constantinopla III (680-681), Niceia II (787),
Constantinopla IV (869-870).
2. Concílios Medievais: Latrão I (1123), Latrão II (1139), Latrão III (1179), Latrão IV
(1215), Lyon I (1245), Lyon II (1274), Vienne (1311-1312).
3. Concílios da Reforma/Modernidade: Constança (1414-1418), Basileia-Ferrara-Florença-
Roma (1431-1445), Latrão V (1512-1517), Trento (1545-1548/1551-1552/1562-1563).
4. Concílios Contemporâneos: Vaticano I (1869-1870), Vaticano II (1962-1965).
Alguns estão ausentes dessa lista, por diversos motivos e considerações, como por exemplo
o de Jerusalém, que está narrado nos Atos dos Apóstolos. Alguns historiadores dirão que isso
acontece por causa de um “incidente histórico”; outros que o tempo longo entre ele e o próximo foi
responsável por ter ficado de fora da lista; há ainda a posição que não houve uma herança
institucional dele naquele período.
34
Para semana que vem, 25/04, de manhã o texto do Stark, de tarde fazer o trabalho dos
santos padres e ler da pg 25 a 127 dos padres da igreja.
Para dia 02 de maio, de manhã, escolher um tema da História da Igreja antiga e
escrever sobre ele: Igreja da casa, edito, catacumba, imperadores, perseguições, martírio, etc.
Entregar na outra semana. De tarde, o Kiko vai trabalhar os Santos Padres na perspectiva de
alguns critérios deles para um presbítero.
Sobre a apresentação da pesquisa sobre os Santos Padres: apresentar vida/biografia,
obras e aprofundar um excerto em 35-40 minutos. Encaminhar apresentação para
cleocir.b@libero.it
20 de junho: S. Atanásio (Edimar), S. Basílio (Dalcinei) e S. Gregório de Nissa
(Leonardo).
27 de junho: S. Cirilo de Alexandria (Ir. Maria Fátima), S. Macrina (Ir. Neusa), S.
Jeronimo (Isolina).
04 de julho: S. Agostinho (Antônio), S. Antão (Marlon), S. Bento (Joelmar).
11 Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que
não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim
fizeram também os antigos profetas.
12 Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o
escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.
3 Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja
oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável
entre as nações".
A nomenclatura padres apostólicos se extende para além das pessoas dos padres do tempo
dos apóstolos e dos anos subsequentes. Ela engloba também vários escritos, principalmente os
chamados apologéticos, que fazem defesas da fé e do cristianismo. Embora a Didaqué não faça
apologia, ela se encaixa nessa categoria.
Outro escrito que se insere dentro dos escritos dos padres apostólicos é a Carta a Diogneto.
Ela foi, como se diz, escrita por um cristão ao imperador Adriano, mas é destinada a todos aqueles,
ao longo da história, que não compreendem o cristianismo. Ela defende o direito de existência dos
cristãos.
alguém que o guarde, para que não seja roubado; outro é ferro, consumido pela ferrugem; outro de
barro, não menos escolhido que aquele usado para os serviços mais vis?
Tudo isso não é de material corruptível? Não são lavrados com o ferro e o fogo? Não foi o
ferreiro que modelou um, o ourives outro e o oleiro outro? Não é verdade que antes de serem
moldados pelos artesãos na forma que agora têm, cada um deles poderia ser, como agora
transformado em outro? E se os mesmos artesãos trabalhassem os mesmos utensílios do mesmo
material que agora vemos, não poderiam transformar-se em deuses como esses? E, ao contrário,
esses que adorais, não poderiam transformar-se, por mãos de homens, em utensílios semelhantes
aos demais? Essas coisas todas não são surdas, cegas, inanimadas, insensíveis, imóveis? Não
apodrecem todas elas? Não são destrutíveis? A essas coisas chamais de deuses, as servis, as adorais,
e terminais sendo semelhante a elas. Depois, odiais os cristãos, porque estes não os consideram
deuses.
Contudo, vós que os julgais e imaginais deuses, não os desprezais mais do que eles? Por
acaso não zombais deles e os cobris ainda mais de injúrias, vós que venerais deuses de pedra e de
barro, sem ninguém que os guarde, enquanto fechais à chave, durante a noite, aqueles feitos de prata
e de ouro, e de dia colocais guardas para que não sejam roubados?
Com as honras que acreditais tributar-lhes, se é que eles têm sensibilidade, na verdade os
castigais com elas; por outro lado, se são insensíveis, vós os envergonhais com sacrifícios de sangue
e gordura. Caso contrário, que alguém de vós prove essas coisas e permita que elas lhe sejam feitas.
Mas o homem, espontaneamente, não suportaria tal suplício, porque tem sensibilidade e
inteligência; a pedra, porém, suporta tudo, porque é insensível.
Concluindo, eu poderia dizer-te outras coisas sobre o motivo que os cristãos têm para não
se submeterem a esses deuses. Se o que eu disse parece insuficiente para alguém, creio que seja
inútil dizer mais alguma coisa.
CAPÍTULO III [Refutação do culto judaico: os judeus também pensam ter Deus
necessidade desses sacrifícios]
Por outro lado, creio que desejais particularmente saber por que eles [os cristãos] não
adoram Deus à maneira dos judeus. Os judeus têm razão quando rejeitam a idolatria, de que falamos
antes, e prestam culto a um só Deus, considerando-o Senhor do universo. Contudo, erram quando
lhe prestam um culto semelhante ao dos pagãos. Assim como os gregos demonstram idiotice,
sacrificando a coisas insensíveis e surdas, eles também, pensando em oferecer coisas a Deus, como
se ele tivesse necessidade delas, realizam algo que é parecido a loucura, e não um ato de culto.
39
“Quem fez o céu e a terra, e tudo o que neles existe”, e que provê todo aquilo de que
necessitamos, não tem necessidade nenhuma desses bens. Ele próprio fornece as coisas àqueles que
acreditam oferece-las a ele. Aqueles que crêem oferecer-lhe sacrifícios com sangue, gordura e
holocaustos, e que o enaltecem com esses atos, não me parecem diferentes daqueles que tributam
reverência a ídolos surdos, que não podem participar do culto. Os outros imaginam estar dando algo
a quem de nada precisa.
Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos19. Põe a
mesa em comum, mas não o leito20; estão na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na
terra, mas têm sua cidadania no céu; obedecem as leis estabelecidas, mas com sua vida ultrapassam
tais leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, apesar disso, condenados;
são mortos e, deste modo, lhes é dada a vida; são pobres e enriquecem a muitos; carecem de tudo e
tem abundância de tudo21; são desprezados e, no desprezo, tornam-se glorificados; são
amaldiçoados e, depois, proclamados justos; são injuriados, e bendizem; são maltratados, e honram;
fazem o bem, e são punidos como malfeitores; são condenados, e se alegram como se recebessem a
vida. Pelos judeus são combatidos como estrangeiros, pelos gregos são perseguidos, a aqueles que
os odeiam não saberiam dizer o motivo do ódio.
CAPÍTULO VII [Origem divina do cristianismo: Deus enviou o próprio Filho ao mundo]
De fato, como já disse, não é uma invenção humana que lhes foi transmitida, nem julgam
digno observar com tanto cuidado um pensamento mortal, nem se lhes confiou a administração de
mistérios humanos. Ao contrario, aquele que é verdadeiramente senhor e criador de tudo, o Deus
invisível, ele próprio fez descer do céu, para o meio dos homens, a verdade, a palavra santa e
incompreensível, e a colocou em seus corações.
41
Fez isso, não mandando para os homens, como alguém poderia imaginar, algum dos seus
servos, ou um anjo, ou algum príncipe daqueles que governam as coisas terrestres, ou algum dos
que são encarregados das administrações dos céus, mas o próprio artífice e criador do universo;
aquele por meio do qual ele criou os céus e através do qual encerrou o mar em seus limites; aquele
cujo mistério todos os elementos guardam fielmente; aquele de cuja mão o sol recebeu as medidas
que deve observar em seu curso cotidiano; aquele a quem a lua obedece, quando lhe manda luzir
durante a noite; aquele a quem obedecem as estrelas que formam o séqüito da lua em seu percurso;
aquele que, finalmente, por meio do qual todo foi ordenado, delimitado e disposto: os céus e as
coisas que existem nos céus, a terra e as coisas que existem na terra, o mar e as coisas que existem
no mar, o fogo, o ar, o abismo, aquilo que está no alto, o que está no profundo e o que está no meio.
Foi esse que Deus enviou22.
Talvez, como alguém poderia pensar, será que o enviou para que existisse uma tirania ou
para infundir-nos medo e prostração? De modo algum. Ao contrário, enviou-o com clemência e
mansidão, como um rei que envia seu filho. Deus o enviou, e o enviou como homem para os
homens; enviou-o para nos salvar, para persuadir, e não para violentar, pois em Deus não há
violência. Enviou-o para chamar, e não para castigar; enviou-o, finalmente, para amar, e não para
julgar. Ele o enviará para julgar, e quem poderá suportar sua presença? Não vês como os cristãos
são jogados às feras, para que reneguem o Senhor, e não se deixam vencer? Não vês como quanto
mais são castigados com a morte, tanto mais outros se multiplicam? Isso não parece obra humana.
Isso pertence ao poder de Deus e prova a sua presença.
comunicou somente ao Filho. Enquanto o mantinha no mistério e guardava sua sábia vontade,
parecia que não cuidava de nós, não pensava em nós. Todavia, quando, por meio de seu Filho
amado, revelou e manifesto o que tinha estabelecido desde o princípio, concedeu-nos junto todas as
coisas: não só participar de seu benefícios, mas ver e compreender coisas que nenhum de nós teria
jamais esperado.
CAPÍTULO X [A essência da nova religião: os bens que Diogneto obterá com a fé]
43
Se também desejas alcançar esta fé, primeiro deves obter o conhecimento do Pai.
Deus, com efeito, amou os homens. Para eles criou o mundo e a eles submeteu todas as
coisas que estão sobre a terra. Deu-lhes a palavra e a razão, e só a eles permitiu contemplá-lo.
Formou-os à sua imagem, enviou-lhes o seu Filho unigênito, anunciou-lhes o reino do céu, e o dará
àqueles que o tiverem amado.
Depois de conhece-lo, tens idéia da alegria com que será preenchido? Como não amarás
aquele que tanto te amou? Amando-o, tu te tornarás imitador da sua bondade. Não te maravilhes de
que um homem possa se tornar imitador de Deus. Se Deus quiser, o homem poderá.
A felicidade não está em oprimir o próximo, ou em querer estar por cima dos mais fracos,
ou enriquecer-se e praticar violência contra os inferiores. Deste modo, ninguém pode imitar a Deus,
pois tudo isto está longe de sua grandeza. Todavia, quem toma para si o peso do próximo, e naquilo
que é superior procura beneficiar o inferior; aquele que dá aos necessitados o que recebeu de Deus,
é como deus para os que receberam de sua mão, é imitador de Deus.
Então, ainda estando na terra, contemplarás porque Deus reina nos céus. Aí começarás a
falar dos mistérios de Deus, amarás e admirarás os que são castigados por não querer negar a Deus.
Condenarás o erro e o engano do mundo, quando realmente conheceres a vida no céu, quando
desprezares esta vida que aqui parece morte, e temeres a morte verdadeira, reservada àqueles que
estão condenados ao fogo eterno, que atormentarás até o fim aqueles que lhe forem entregues. Se
conheceres este fogo, ficarás admirado, e chamarás de felizes aqueles que, com justiça, suportaram
o fogo passageiro.
regras da fé nem ultrapassar os limites dos Padres. Celebra-se então o temor da lei, reconhecesse a
graça dos profetas, conserva-se a fé dos evangelhos, guarda-se a tradição dos apóstolos e a graça da
Igreja exulta.
Não contristando essa graça, saberás o que o Verbo diz por meio dos que ele quer e quando
quer. Com efeito, quantas coisas fomos levados a vos explicar com zelo pala vontade do Verbo que
no-las inspira! Nós vos comunicamos por amor essas mesmas coisas que nos foram reveladas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ZILLES, Urbano. Didaqué: catecismo dos primeiros cristãos. Rio de Janeiro: Vozes.