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ANESTESIA GERAL
A anestesia geral é essencial para a realização dos procedimentos odontológicos em cães e gatos
por possibilitar o trabalho na cavidade oral sem riscos para o médico veterinário, além de bloquear os
estímulos dolorosos gerados, dependendo da qualidade anestésica.
A escolha de determinada técnica dependerá de vários fatores como o estado geral do paciente,
idade, presença de dor, tipo de procedimento, e outras doenças associadas. Existe também a afinidade do
anestesista por determinadas técnicas e agentes, o que cria diversos protocolos.
O ato anestésico é constituído por três etapas indispensáveis. No período pré-anestésico, o
anestesista se preocupa em preparar o paciente de modo adequado para a anestesia e a operação
propriamente dita. Durante o período trans-anestésico, o anestesista é responsável pela manutenção das
condições de homeostase do paciente e por impedir que ele sinta dor, estresse e os desconfortos da
operação, monitorizando seus sinais vitais, mantendo a sua temperatura e cuidando de sua integridade. Após
o término da operação, período pós-anestésico, o foco está no controle da dor, bem estar, temperatura,
enfim, da recuperação do paciente.
A primeira fase de atuação do anestesista é o preparo do paciente para a anestesia. Nesta fase,
deve-se realizar avaliação criteriosa com antecedência com o objetivo de: determinar sua condição física e
estimar o risco anestésico–cirúrgico (Tabela 1), indicar e avaliar exames complementares (Tabela 2),
recomendar o jejum adequado, escolher a melhor medicação pré-anestésica e selecionar a técnica
anestésica mais adequada ao paciente e ao ato operatório.
Tabela 1. Classificação do estado físico e risco anestésico segundo a American Society of Anesthesiology
Classificação Descrição Exemplos
I Paciente hígido Ausência de doenças sistêmicas
Animais submetidos a procedimentos eletivos
II Paciente com afecção Pacientes neonatos e geriátricos
sistêmica discreta Gestantes; obesos; cardiopatas compensados; infecções
localizadas; fraturas não complicadas.
III Paciente com afecção Desidratação moderada/hipovolemia; anorexia; caquexia; anemia;
sistêmica moderada fraturas complicadas.
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IV Paciente com afecção Choque; uremia; toxemia; desidratação grave; hipovolemia severa;
sistêmica grave anemia grave; doenças cardíaca descompensadas.
V Moribundos, sem Falência de múltiplos órgãos; choque em fase terminal; traumatismo
expectativas de craniano.
sobrevivência com ou
sem cirurgia nas 24
horas.
Fontes: ∗ FANTONI, DT; CORTOPASSI,SRG, 2002.
Tabela 2. Sugestão de exames auxiliares a serem realizados no período pré-anestésico de acordo com o
risco anestésico e a idade do paciente.
Idade
Classificação ASA Até 6 meses 6 meses a 6 anos Mais de 6 anos
I e II Hematócrito, proteína, Hematócrito, proteína, e Hematócrito, proteína, e
glicemia. função renal. função renal, urinálise e
ECG.
III Hemograma, proteína, Hemograma, glicemia, Hemograma, glicemia,
glicemia, função renal, proteína, função renal, proteína, função renal,
urinalise e hemogasometria função hepática, urinalise, função hepática, urinalise,
ECG e hemogasometria. ECG, eletrólitos (Na, K e Ca)
e hemogasometria.
IV e V Hemograma, glicemia, Hemograma, glicemia, Hemograma, glicemia,
proteína, função renal, proteína, função renal, proteína, função renal,
função hepática, urinalise, função hepática, urinalise, função hepática, urinalise,
ECG, eletrólitos (Na, K e Ca) ECG, eletrólitos (Na, K e Ca) ECG, eletrólitos (Na, K e Ca)
e hemogasometria. e hemogasometria. e hemogasometria.
Fonte: ∗ FANTONI, DT; CORTOPASSI,SRG, 2002.
estado físico do paciente, seu grau de apreensão e ansiedade, o tipo de procedimento a ser realizado e a
escolha da técnica de anestesia a ser utilizada.
Os propósitos da utilização da medicação pré-anestésica são diminuir a ansiedade, promover
sedação e miorrelaxamento, reduzir o metabolismo, promover indução e recuperação suaves da anestesia,
potencializar os efeitos dos anestésicos gerais, reduzir os efeitos colaterais associados a alguns anestésicos,
notadamente salivação, bradicardia, tosse e vômitos pós-anestésicos, bem como diminuir o estímulo doloroso
quando este possa ser aumentado durante o manuseio do paciente. Para isto são utilizados medicamentos
de grupos farmacológicos diversos, isolados ou em associação, como tranqüilizantes, benzodiazepínicos,
opióides, agonistas de receptores α2 e anticolinérgicos. (Tabela 3) O ambiente onde o animal é mantido ao
receber um agente pré-anestésico é de grande influência na eficácia da sedação/tranqüilização obtida. De
forma geral, após a administração do medicamento, os animais devem ser alocados em local calmo e sem
estímulos externos durante o período de latência do fármaco. Na maioria dos casos, o emprego da via
intravenosa resulta em período de latência relativamente curto (5 a 15 minutos), enquanto que a
administração pela via intramuscular ou subcutânea resulta em latência relativamente maior (30 minutos). Em
pequenos animais recorre-se às vias intramuscular ou subcutânea, as quais devido a absorção mais lenta
para a circulação sistêmica, possibilita maior tempo de adaptação do animal aos efeitos do fármaco,
minimizando alterações bruscas nos parâmetros fisiológicos (ex. pressão arterial e freqüência cardíaca).
A anestesia geral é uma alteração do estado funcional do SNC de indução rápida e fácil reversão,
provocada por fármacos. Caracteriza-se por perda da consciência, analgesia, relaxamento muscular
esquelético e ausência de reflexos sensoriais e autonômicos à agressão. Independente da via de
administração, qualquer anestésico geral pode exercer estes efeitos, variando um pouco com a natureza do
fármaco, a dose e as circunstancias clínicas.
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agentes de contenção química e/ou indução anestésica em animais indóceis, onde o acesso venoso não
pode ser viável.
Os anestésicos dissociativos disponíveis para utilização em medicina veterinária são a quetamina e a
tiletamina. Devido aos seus efeitos colaterais como hipertonia muscular, hipersensibilidade a estímulos
ambientais e convulsão, são sempre empregados sob a forma de associações com outros fármacos como o
objetivo de abolir os efeitos indesejáveis e melhorar a qualidade de anestesia.
A tiletamina apresenta maior potência, efeito analgésico e duração de ação quando comparada à
quetamina. É apresentada no comércio sob a forma de pó liofilizado em associação com o benzodiazepínico
zolazepam, devido à sua ação miorrelaxante, ansiolítica e anticonvulsivante proporciona uma melhora na
qualidade da anestesia produzida pela tiletamina. Em cães, eventualmente observam-se fenômenos
excitatórios durante a recuperação da anestesia com tiletamina/zolazepam em decorrência da metabolização
e a excreção do zolazepam ocorrer mais rápido que o da tiletamina. Desta forma, torna-se também
necessário a associação de outros fármacos para melhorar a condição anestésica promovida pela associação
tiletamina/zolazepam.
Fármacos como os fenotiazínicos, benzodiazepínicos e agonistas α-2 adrenérgicos podem ser
utilizados associados aos anestésicos dissociativos. Os fenotiazínicos melhoram a qualidade da anestesia e
da recuperação anestésica devido ao seu efeito tranqüilizante prolongado, alem de auxiliar na supressão da
sialorréia ocasionada por estes agentes. A associação com fármacos opióides potencializa a sedação e o
efeito analgésico. Os efeitos anticonvulsivante, miorrelaxante e ansiolítico dos benzodiazepínicos viabilizam
sua associação por antagonizar os efeitos colaterais promovidos pelos anestésicos dissociativos. O uso da
atropina, apesar de inibir a sialorréia induzida pelo agente dissociativo, tem sido questionado por resultar em
taquicardia excessiva. Os agonistas α-2 adrenérgicos também têm sido utilizados, embora os efeitos
miorrelaxante, sedativo e analgésico resultem em potencialização da anestesia dissociativa, o uso destes
fármacos pode resultar em maior depressão cardiovascular. (Tabela 4)
A anestesia inalatória é a anestesia obtida por meio da absorção de um principio ativo pela via
respiratória, passando para a corrente circulatória e atingindo o sistema nervoso central, produzindo
anestesia geral. Pode ser utilizada na indução e na manutenção anestésica. Permite maior controle do plano
anestésico por parte do anestesista, que aprofunda ou superficializa a anestesia conforme a necessidade, em
uma velocidade que depende diretamente das características do agente que está sendo utilizado. De maneira
geral a recuperação anestésica é mais rápida quando comparada às técnicas de anestesia intravenosa total,
mas a velocidade é diretamente proporcional ao tempo de manutenção anestésica, ao tipo de indução
anestésica realizada e à medicação pré-anestésica administrada. A metabolização e eliminação do agente
anestésico inalatório são rápidas, sendo sua eliminação na forma intacta, em grande parte realizada pela via
respiratória.
Por outro lado, a realização da anestesia inalatória requer a aquisição de aparelhagem especifica e
de treinamento dos profissionais que deverão executá-la. É importante que haja monitoração contínua e
atenda do paciente, evitando-se erros na profundidade do plano anestésico.
Os anestésicos inalatórios halogenados (halotano, isofluorano e sevofluorano) se difundiram
amplamente para uso na anestesia veterinária. Entre estes, o isofluorano é o halogenado mais utilizado na
anestesia de pequenos animais. Este anestésico é indicado para pacientes de risco, confere mínimos efeitos
cardiovasculares, depressão respiratória dose-dependente, metabolização hepática mínima (0,2%) com baixa
capacidade de produzir nefrotoxicidade.
BLOQUEIOS REGIONAIS
Com a associação dos bloqueios regionais à anestesia geral, aumenta-se a eficiência analgésica
durante o procedimento cirúrgico, reduz-se o consumo do anestésico geral o que aumenta a segurança da
anestesia e minimiza complicações associadas a planos anestésicos profundos como hipotensão, bradicardia
e hipoventilação. Além disso, os pacientes mantidos em planos anestésicos mais superficiais recuperam-se
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mais rapidamente da anestesia. Estes bloqueios promovem analgesia residual no período pós-operatório,
determinando conforto para o paciente e redução da necessidade de analgésicos sistêmicos. As técnicas são
facilmente realizadas e praticamente não oferecem riscos, quando bem utilizadas.
O material utilizado para a realização destes bloqueios é constituído de agulhas, seringas e
anestésicos locais. As seringas recomendadas são de 1 ou 3 ml, uma vez que utiliza-se volumes pequenos
para cada bloqueio . Há a possibilidade de utilizar seringas de aço inoxidável próprias para procedimentos
odontológicos. A utilização destas seringas requer agulhas especiais apropriadas e frascos de anestésicos
locais de dosagem única (1,8 ml).
Recomenda-se agulhas de tamanhos 13 x 4,5mm ou 25-40 mm x 0,7 mm com bisel curto e pouco
cortante, já que há maior probabilidade de lesão nervosa com a agulha de bisel longo. O bisel de ponta
cortante, por sua vez, dificulta a sensação de resistência à introdução da agulha, não permitindo a definição
precisa de sua localização. Caso as agulhas padrão forem utilizadas, posicionar o bisel na mesma direção
das fibras nervosas para minimizar a ocorrência de incisão inadvertida das mesmas.
Para a realização dos bloqueios periféricos, podem ser utilizadas a lidocaína 0,5 a 2%, a bupivacaína
a 0,25 a 0,5%, e a ropivacaína a 0,5% e a 0,75% respeitando-se a dose tóxica de cada fármaco.(Tabela 5) A
adição de adrenalina ao anestésico, imediatamente antes de seu emprego, é vantajosa em razão da maior
duração do bloqueio, principalmente quando associada à lidocaína, e do menor nível sérico que acarreta.
Ropivacaína 5 3 4,9 20
O nervo trigêmeo é o maior dos nervos cranianos. Sua origem aparente localiza-se no tronco
encefálico na região ventral do bulbo ou medula oblonga, logo após a ponte, e está constituído por um grande
ramo sensitivo e um pequeno ramo motor. O ramo sensitivo expande-se ao longo da superfície plana do
gânglio trigeminal, o qual dá origem a três grandes divisões: os nervos maxilar, mandibular e oftálmico.
Nervo Maxilar
Nervo
Infraorbitário
Nervo
Mandibular
Nervo Alveolar
Mandibular
Figura 1. Ramificações do nervo trigêmio. ( Fonte: Anderson & Anderson, 19941) Nervos Mentonianos
Caudal, Médio e Rostral
Bloqueio Regional do Nervo Infra-orbitário (Figura 2A): A agulha pode ser inserida pela parte interna ou
externa da boca, aproximadamente 1 cm cranialmente à protuberância óssea do forame infra-orbitário. Em
gatos, o forame localiza-se dorsalmente à bifurcação do terceiro dente pré-molar maxilar, entre a junção do
arco zigomático e o osso maxilar.
Região de anestesia: lábio superior e focinho, teto da cavidade nasal, pele ao redor do forame infra-orbitário,
dentes incisivos, caninos e pré-molares.
Bloqueio do Nervo Maxilar (Figura 2B): A agulha deve ser introduzida perpendicular à pele em um ponto
localizado cranial ao ramo vertical da mandíbula, na borda ventral do arco zigomático, aproximadamente 0,5
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cm caudal à comissura lateral do olho, devendo avançar a agulha o mais próximo possível da fossa
pterigopalatina.
Região de Anestesia: dessensibilização completa da maxila ipsilateral, dentes maxilares ipsilaterais, focinho e
lábio superior.
Bloqueio do Nervo Alveolar Mandibular: Há duas técnicas de administração: uma extra-oral e outra intra-oral.
Técnica extra-oral (Figura 2C): O paciente deve ser posicionado em decúbito lateral ou dorsal. A agulha deve
ser inserida através da pele, perpendicularmente ao ramo horizontal, próximo ao ângulo da mandíbula
acompanhando a face medial até a região do forame mandibular, onde o nervo alveolar mandibular adentra o
canal mandibular. Nos cães, este forame localiza-se ventralmente a um ponto médio de uma linha imaginária
traçada entre a proeminência caudal do processo angular mandibular e a junção rostral entre o processo
coronóide mandibular e o terceiro dente pré-molar. Nos gatos, o forame está localizado ventralmente ao ponto
médio da linha imaginária traçada entre a extremidade caudal do processo angular da mandíbula e a junção
caudal da coroa do primeiro dente molar e a gengiva
Técnica intra-oral (Figura 3): deve-se palpar o forame mandibular na cavidade oral, localizado na face lingual
da mandíbula a uma distância de dois terços entre o último dente molar e o processo angular da mandíbula,
sendo este último palpado externamente na maior projeção caudoventral da mandíbula. Uma vez localizado o
forame introduz-se a agulha pela face lingual da mandíbula até sua proximidade e injeta-se o anestésico.
Região de anestesia: mandíbula, dentes mandibulares, a língua e os tecidos moles referentes ao lado da
infiltração.
B A
C
Figura 2. Posicionamento das agulhas para os bloqueios regionais em cabeça:
D
Infraorbitário (A); Maxilar (B); e Mandibular (técnica extra-oral) (C) e Mentoneano (D)
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Região de anestesia: região rostral da mandíbula, os dentes caninos, incisivo e primeiro pré-molar mandibular
e o tecido mole da região de infiltração do anestésico local.
Meloxican 0,2mg/kg uma vez via oral, IV, SC 0,1 - 0,2mg/kg uma vez via oral, SC
Seguido de 0,1mg/kg cd 24h via oral, IV, Seguido de 0,05 – 0,1mg/kg cd 24h via
SC, durante 1 a 3 dias oral, SC, durante 1 a 3 dias
REFERÊNCIAS
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1994. p 148-161.
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