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Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal

PJe - Processo Judicial Eletrônico

05/09/2018

Número: 0601695-09.2018.6.07.0000
Classe: REPRESENTAÇÃO
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral
Órgão julgador: Juiz Auxiliar - Jackson Domenico
Última distribuição : 05/09/2018
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Conduta Vedada a Agente Público
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
Coligação Pra Fazer a Diferença (REPRESENTANTE) TAYNARA TIEMI ONO (ADVOGADO)
BRUNO RANGEL AVELINO DA SILVA (ADVOGADO)
JUAN VITOR BALDUINO NOGUEIRA (ADVOGADO)
RODRIGO SOBRAL ROLLEMBERG (REPRESENTADO)
FACEBOOK SERVICOS ONLINE DO BRASIL LTDA.
(REPRESENTADO)
Ministério Público Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
61365 05/09/2018 21:10 Representacao - conduta vedada - Coligacao pra Petição Inicial Anexa
fazer a diferenca x Rodrigo Rollemberg
EXCELENTÍSSIMA SENHORA DESEMBARGADORA PRESIDENTE DO
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DISTRITO FEDERAL – TRE/DF

Conduta vedada. Art. 73, inciso III, da Lei


9.504/97. Uso de servidor em horário de
expediente para campanha eleitoral.
Necessidade de coibir a conduta e aplicar
multa.

COLIGAÇÃO PRA FAZER A DIFERENÇA (MDB-AVANTE-PP-


PPL-PSL), vem, por seus procuradores abaixo assinados, com endereço no SIG,
quadra 01, lote 495, Edifício Barão do Rio Branco, sala 17, CEP 70.610-410, com
fundamento no artigo 73, I e III da lei 9.504/97, apresentar a presente

REPRESENTAÇÃO
(por conduta vedada, com pedido de liminar)

Em face de RODRIGO SOBRAL ROLLEMBERG, candidato ao cargo de


Governador do Distrito Federal pela Coligação “Brasília de mãos limpas” (PSB-PV-
PCdoB-PDT-REDE), portador do CPF n.º 245.298.501-53, com endereço para
recebimento de intimações na QL 04, conjunto 01, casa 02, Lago Sul, Brasília, DF,
CEP 71610-215, e FACEBOOK DO BRASIL LTDA1, pessoa jurídica de direito
privado, CNPJ sob o n.º 13.347.016/001-17, com endereço na Rua Leopoldo Couto
Magalhães Júnior, 700, 5º andar, bairro Itaim Bibi, São Paulo, CEP 04542-000, pelos
fatos e fundamentos a seguir.

1 O Facebook do Brasil LTDA. figura como representado em razão da impossibilidade de


identificação precisa do responsável pela página, tornando exígua a possibilidade de
citação/intimação.

Assinado eletronicamente por: BRUNO RANGEL AVELINO DA SILVA - 05/09/2018 21:00:33 Num. 61365 - Pág. 1
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Número do documento: 18090521003153900000000060656
I. Dos fatos

No dia 31 de agosto de 2018, na “Rádio comunidade DF” - 98.1 FM, durante


o programa “A voz do povo”, entre 09:00 e 09:55 da manhã, KAROLYNE
GUIMARÃES DO SANTOS, administradora da Região Administrativa III
(Taguatinga), proferiu entrevista, em horário de expediente, fazendo manifestação
acintosa de PEDIDO DE VOTO em favor do atual Governador do Distrito Federal
- Rodrigo Rollemberg (representado).

Esta entrevista foi transmitida pela rádio, assim como teve transmissão ao vivo
pela rede social facebook. Até hoje, o link se encontra disponível na URL:
https://www.facebook.com/724503932/videos/10156895299493933/, contando
com 240 visualizações até o protocolo desta representação e com a possibilidade de
alcançar um número ainda maior de eleitores, como é característica própria das redes
sociais num mundo de rápida informação.

Do vídeo juntado aos autos, que é o mesmo que consta no link aqui
disponibilizado, retira-se que a Administradora Karolyne Guimarãos do Santos
pratica conduta vedada (vídeo com o trecho específico da entrevista: “Radio
Comunidade – Karolyne – Conduta Vedada” /vídeo com a entrevista integral: a falta
da Administradora ocorre nos seguintes arquivos: “Radio comunidade 8” aos 05:22
até “Radio comunidade 10” 00:48).

Pelo conteúdo, fica evidente o uso da máquina estatal em favor do candidato


Rodrigo Rollemberg, uma vez que a Administradora usou do seu horário de
expediente para praticar atos de campanha eleitoral em favor do atual Governador
em momento em que deveria estar praticando relevante serviço público.

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A fim de ficar patente o desvio da máquina estatal, colhe-se parte do
depoimento feito na entrevista, o qual encontra-se evidenciada a conduta vedada:

“Quem vota hoje tem que ter uma linha de corte, eu digo, um divisor
de águas, principalmente depois da Lava Jato. Então nós temos que
votar em pessoas honesta. Em pessoas que não têm em seu marco
corrupção.
O ROLLEMBERG ELE TEM, A VIDA PÚBLICA DELE NÃO
TEM UM MARCO DE CORRUPÇÃO E NÃO É AGORA QUE
VAI TER. ENTÃO, OS ELEITORES QUE TÃO EM CASA
EU PEÇO QUE ANALISE ISSO.
Várias pessoas bateram no governo aqui, que são frutos de governos
passados, que deixaram a nossa saúde precária, que como dizem
antigamente a gente não conseguia compra, o governo quando entrou
não conseguia comprar uma Cibalena, né, como dizia antigamente.
Hoje é o Tylenol ou a Dipirona. Mas não conseguia comprar uma
Cibalena. E hoje nós conseguimos comprar, O GOVERNO
RODRIGO ROLLEMBERG COLOCOU O GOVERNO NOS
EIXOS E QUEREMOS UMA OPORTUNIDADE PARA
CONTINUAR E MELHORAR a saúde que nós pegamos com
28% e hoje estamos com 66% e por óbvio que precisa de melhora
e vamos trabalhar neste sentido”.

Note-se o INDEVIDO USO DA MÁQUINA ESTATAL para promoção de


propaganda eleitoral com pedido de voto em favor do candidato Rodrigo Rollemberg.
A Sra. Karolyne (atual Administradora de Taguatigna) dedicou-se, durante seu
HORÁRIO DE EXPEDIENTE, à realização de atos de campanha em favor do atual
Governador do DF, situação essa que se enquadra dentre as hipóteses de conduta
vedada.

II. Da legitimidade do Facebook para figurar como representado

Tendo em vista que a divulgação da entrevista da Administradora de


Taguatinga deu-se na rede social Facebook e, frente ao potencial de aumento do alcance
da publicação por esse meio, é legítima a representação em face de FACEBOOK

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SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA, que detém o poder de retirar os
conteúdos divulgados nas páginas de seus inscritos.

Ressalte-se que um dos objetivos da presente representação é a retirada do ar


de conteúdo derivado de conduta vedada. Assim, quanto à legitimidade da
representação em face do facebook, vale destacar os seguintes precedentes,
respectivamente do TRE/ES e do TRE/SP:

“DIREITO DE RESPOSTA. DIVULGAÇÃO DE VÍDEO NA


INTERNET. FACEBOOK. LEGITIMIDADE. AFIRMAÇÃO NO
SENTIDO DE QUE O INGRESSO DO CANDIDATO NO
SERVIÇO PÚBLICO SEM CONCURSO se DEU "PELA JANELA"
OU PELA "PORTA DOS FUNDOS" E QUE CARACTERIZA
"CORRUPÇÃO". INGRESSO ANTERIOR À CONSTITUIÇÃO
DE 1988. IMPUTAÇÃO INVERÍDICA E OFENSIVA. DIREITO
DE RESPOSTA CONCEDIDO.
O FACEBOOK É PARTE LEGÍTIMA PARA A AÇÃO QUE
TENHA POR OBJETIVO A RETIRADA DE VÍDEO DE SEU
AMBIENTE VIRTUAL.
Constitui mensagem ofensiva e sabidamente inverídica afirmar que
caracteriza corrupção a forma pela qual o Representante ingressou no
serviço público, quando à época o concurso não era exigido.
Direito de resposta concedido.” (REPRESENTAÇÃO nº 167169,
Acórdão nº 6127 de 17/09/2014, Relator(a) CÉSAR LABOISSIERE
LOYOLA, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Volume 21:50,
Data 17/09/2014 )

E, também:

RECURSO ELEITORAL. PROPAGANDA ELEITORAL


IRREGULAR. ELEIÇÕES 2016. Sentença de improcedência da
representação. Preliminar de ilegitimidade passiva. O FACEBOOK
AFIGURA-SE COMO PARTE LEGITIMA, na medida em que
não se busca no presente recurso a responsabilização pela
postagem na rede social, mas apenas a RETIRADA DA
MENSAGEM IMPUGNADA. Preliminar rejeitada. Mérito.
Publicações em página pessoal de rede social (facebook). Menção à
investigação efetuada pela Polícia Federal. Fatos de conhecimento
público. Comparação com a ex-Presidente Dilma Roussef. Criticas a
sua candidatura à reeleição. Ausência de conteúdo ofensivo. Critica

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contundente do prefeito candidato à reeleição. Arguição preliminar
acolhida e, em relação ao mérito, desprovimento do recurso.
(RECURSO n 2841, ACÓRDÃO de 22/11/2016, Relator(a) SILMAR
FERNANDES, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data
22/11/2016 )

Observe-se, portanto, que na hipótese em que se objetiva a retirada de


propaganda irregular, vislumbra-se a inequívoca legitimidade da rede social Facebook
na presente demanda como representada.

III. Das condutas vedadas e suas consequências

A conduta narrada (servidor do Estado em prol de campanha eleitoral durante


seu horário de expediente) enquadra-se diretamente na proibição do artigo 73, inciso
III, da lei 9.504/97, conforme a seguir:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as


seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de
oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
(...)
III - ceder servidor público ou empregado da administração direta
ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo,
OU USAR SEUS SERVIÇOS, para comitês de campanha
eleitoral de candidato, partido político ou coligação, DURANTE
O HORÁRIO DE EXPEDIENTE NORMAL, salvo se o servidor
ou empregado estiver licenciado;

Tal vedação tem a expressa finalidade de coibir condutas tendentes a afetar a


igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais, sendo justamente
o que vem ocorrendo neste caso, o que torna necessária a intervenção da Justiça
Eleitoral não só para penalizar os responsáveis pelo fato já ocorrido, mas,

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principalmente, para impedir que a conduta lesiva de utilização da máquina
pública por agentes do governo seja reproduzida ao longo da campanha em
benefício do atual Governador do DF.

Assim, diante do USO INDEVIDO DA MÁQUINA PÚBLICA pelo atual


Governador do Distrito Federal, por ato de campanha praticado pela Administradora
de Taguatinga durante seu horário de expediente, torna-se necessária e urgente a
retirada do conteúdo do ar, a fim de que o eleitorado não seja influenciado pela
conduta evidentemente vedada e, consequentemente, a legitimidade do pleito fique
comprometida.

IV. Do uso da máquina pública em prol do interesse exclusivo do


representado: exoneração de servidores lotados na vice-governadoria

Vale ressaltar que o uso indevido da máquina pública também tem se


verificado em situações em que o atual Governador, ora representado, vale-se de sua
posição política para exonerar/transferir servidores com o objetivo de prejudicar seus
adversários políticos.

De acordo com as informações trazidas nos autos da AIJE n.º 0601672-


63.2018.6.07.0000 em curso neste e. TRE/DF, proposta por Eliana Maria Passos
Pedrosa e Coligação Juntos de Você, o abuso de poder político encontra-se
materializado diante dos vários episódios em que o interesse público é afastado em
prol de seu interesse privado à reeleição ao governo do DF. Vejamos trecho da
referida AIJE (doc. ID n.º 57.523):

“EXONERAÇÃO DE SERVIDORES LOTADOS NA VICE-


GOVERNADORIA:
Outra demonstração do abuso do poder político é a exoneração
de servidores e esvaziamento de um de seus adversários políticos,
o Vice-Governador do Distrito Federal, HOJE CANDIDATO A

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DEPUTADO FEDERAL.
Como é de conhecimento público, há um histórico de ingresias
entre o Governador e seu Vice, Renato Santana, ao longo dos 4 (quatro)
anos da atual gestão.
As críticas de lado a lado foram se somando dentro de um
processo político que se desgastou no período em que permaneceram
à frente do GDF.
O episódio em si não é inédito; o surpreendente, no entanto, foi
a forma de Retaliar Tal Desavença: por meio do citado Decreto
38.994, de 18 de abril de 2018 (doc. anexo – publicado no DODF
de 19/04/2018, p. 1) o Governador promoveu a retirada de 38
(trinta e oito) cargos dos 43 (quarenta e três) da Vice-
Governadoria, transferindo-os para outros Órgãos do Distrito
Federal, PRATICAMENTE IMPOSSIBILITANDO OS
TRABALHOS ADMINISTRATIVOS DO VICE-
GOVERNADOR.
Para disfarçar a agressão a princípios administrativos e eleitorais,
o Decreto tentou suavizar a medida, mediante a utilização de termos
como “reestruturação” administrativa, “transformação” de cargos e
ausência de “aumento de despesas
(...)
Ato contínuo, no dia seguinte, O GOVERNO PUBLICOU A
EXONERAÇÃO DE TODOS OS SERVIDORES DA VICE-
GOVERNADORIA, alguns da confiança irrestrita do Vice-
Governador (doc. anexo).
(...)
Não bastassem as ilegais ações administrativas contra o Vice-
Governador, pautadas pelo DESVIO DE FINALIDADE E ABUSO
DO PODER POLÍTICO, o Governador do Distrito Federal também
se valeu do mesmo expediente contra outro adversário político, dessa
vez por meio de ações contra servidores, militares do Corpo de
Bombeiros do Distrito Federal, outro abuso do poder político (...)”.

Ora, como se nota, a conduta do representado frente aos servidores e agentes


públicos do Distrito Federal, longe de tutelar o melhor interesse público, busca zelar
o interesse estritamente pessoal do representado, atual Governador Rodrigo
Rollemberg.

Diante de tais condutas praticadas pelo candidato à reeleição, é certo que a


liberdade dos servidores públicos em não manifestar apoio ao atual chefe encontra-

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se claramente cerceada em prol da garantia de seus cargos.

Assim, é necessária a concessão de liminar para impedir a continuidade de tais


práticas manifestamente graves e com potencialidade de alterar o resultado do
processo eleitoral.

V. Da necessidade de concessão de tutela de evidência/urgência para cessar


imediatamente a conduta lesiva

O requerimento da liminar nesta representação possui dois objetos. Primeiro,


que o atual Governador do DF cesse o uso da máquina pública em seu favor, trazendo
prova do cumprimento desta obrigação de não fazer e, segundo, que o facebook retire
do ar a publicação proveniente de conduta vedada.

Como esclarecimento, É INEQUÍVOCA a participação da Administradora de


Taguatinga em programa de rádio, com transmissão ao vivo na rádio e em rede social,
em seu horário de expediente, conforme documentação juntada. O representado, que
detém o poder de gestão e é responsável direto pela indicação da Administradora de
Taguatinga, tem a responsabilidade de cessar a utilização da máquina pública como
ferramenta de campanha.

O fato apresentado demonstra que, caso não seja concedida a liminar ora
requerida para que o Governador se abstenha de utilizar (ou permitir que utilizem) a
máquina pública em campanha eleitoral, há um grave risco de o indevido uso venha
a se tornar rotina na eleição de 2018, com danos ainda mais graves à lisura do pleito,
além de ocasionar evidente desequilíbrio na igualdade de chances entre os candidatos.

No tocante à hipótese dos autos, vale destacar regra específica que determina
a suspensão imediata da conduta considerada vedada. Vejamos o teor do § 4o do artigo

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73 da Lei 9.504/97:

Art. 73, § 4º. O descumprimento do disposto neste artigo [73]


acarretará a SUSPENSÃO IMEDIATA DA CONDUTA
VEDADA, quando for o caso, e sujeitará os responsáveis a multa
no valor de cinco a cem mil UFIR.

Ainda, importa ressaltar a URGÊNCIA para concessão da medida liminar,


uma vez que a publicação de conteúdos em redes sociais possui enorme potencial de
propagação, o que evidencia necessária e urgente cessação da PUBLICAÇÃO
DEVIDADA DE CONDUTA VEDADA do Facebook.

Registre-se que estão presentes os requisitos suficientes para a concessão da


tutela de urgência, uma vez que “a defesa articulada pelo réu é inconsistente ou
provavelmente o será”2. Assim, encontra-se atendido o requisito do inciso IV do art.
311, do CPC, para a concessão da Tutela Provisória pela Evidência. Vejamos:

Art. 311, CPC/2015. A tutela de evidência será concedida,


independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao
resultado útil do processo, quando: (...)
IV – a petição inicial for INSTRUÍDA COM PROVA
DOCUMENTAL SUFICIENTE DOS FATOS
CONSTITUTIVOS DO DIREITO DO AUTOR, a que o réu não
oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

Na remota hipótese de V. Exa entender pela não concessão da tutela de


evidência do artigo 311 do CPC, é certo que o presente caso preenche os pressupostos
para concessão da Tutela Provisória pela Urgência (art. 300, CPC, segundo o qual
“A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a

2Cf. MARINONI; Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso
de processo civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015, p. 200.

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probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco do resultado útil do
processo”).

A PROBABILIDADE DO DIREITO está presente, haja vista que o vídeo


anexado não deixa dúvidas da prática da conduta vedada prevista no artigo 73, III, da
lei 9.504/97. Somado a isso, faz-se presente o PERIGO DE DANO, pois, o tempo
reduzido de campanha, a permanência da utilização da máquina pública na eleição,
bem como a manutenção do acesso ao referido vídeo são capazes de gerar DANO
IRREVERSÍVEL à lisura do processo eleitoral, demandando atuação firme e em
tempo adequado pela Justiça Eleitoral.

De outro lado, não há perigo de irreversibilidade da medida, pois, caso a


representação seja julgada improcedente ao final, nenhum ato lícito terá deixado de
ser praticado pelo representado, que, por lei, deve se abster de utilizar ou permitir a
utilização da máquina pública em prol de campanhas eleitorais, restando presentes
todos os requisitos autorizadores do artigo 300 do CPC.

Dessa forma, diante do fato concreto (vídeo proveniente da prática de conduta


vedada divulgada em rede social), é o caso de concessão de liminar para determinar
(i) que o candidato Rodrigo Rollemberg se abstenha de fazer uso da máquina pública
para realizar sua campanha eleitoral (ii) a remoção, pela rede social facebook, da
publicação que contém fala que ressalta pedido explícito de votos, praticada por ato
proveniente de conduta vedada (art. 73, Lei 9.504/9).

Espera-se, ainda, na condição de Governador, que o representado adote


medidas necessárias para que práticas dessa natureza cessem imediatamente em sua
gestão, sob pena de se tornar inequívoco beneficiário ou até mesmo autor das
condutas tidas como vedadas (ainda que por omissão), além de atrair para o dano
gravidade suficiente para configuração do ABUSO DE AUTORIDADE, nos termos

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do § 5o do artigo 73 da lei 9504/97 c/c artigo 22 da LC 64/90, segundo os quais:

Art. 73. § 5o Nos casos de descumprimento do disposto nos incisos do


caput e no § 10, sem prejuízo do disposto no § 4o, o candidato
beneficiado, agente público ou não, ficará sujeito à cassação do
registro ou do diploma.

Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério


Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente
ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando
provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação
judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder
econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de
veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato
ou de partido político, obedecido o seguinte rito:
(...)
XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a
proclamação dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do
representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato,
cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se
realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou,
além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente
beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou
abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação,
determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para
instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal,
ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar;

Desse modo, na hipótese de descumprimento da liminar que ora se requer


deferimento e, sendo o caso de incidência dos dispositivos acima, pugna-se, desde já,
pela conversão da presente Representação em Ação de Investigação Judicial Eleitoral,
com redistribuição à Corregedoria deste e. TRE/DF, nos termos dos precedentes
deste Corte3.

3 (...) Resultam prejudicadas as alegações de incompetência de Juiz Auxiliar para o processamento e


julgamento de representação por conduta vedada fundada em abuso de poder político, bem como
de inadequação da via eleita, quando o próprio Juiz Auxiliar, RECONHECENDO A
NATUREZA DE AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL DA
REPRESENTAÇÃO, declina da sua competência para o julgamento pelo Corregedor
Regional Eleitoral, que determina a reclassificação do feito, ratifica os atos já praticados e
processa-a sob o rito previsto na LC nº 64/90. (...) (INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL

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Número do documento: 18090521003153900000000060656
VI. Conclusão

Ante o exposto, requer-se:

1. A concessão de liminar inaudita altera pars para determinar (i) que o


representado Rodrigo Rollemberg, na condição de Governador do Distrito Federal,
se abstenha de utilizar a máquina pública em prol de sua campanha, devendo
comprovar nos autos, no prazo de 24 horas, as providências adotadas com a finalidade
de coibir novas práticas de uso da estrutura de Governo em campanhas eleitorais; (ii)
a remoção pelo facebook de conteúdo oriundo de conduta reconhecida como vedada;

2. A intimação do representado para, querendo, contestar a presente ação;

3. A oitiva do Ministério Público Eleitoral para manifestação;

4. No mérito, requer:

4.1. A procedência da representação para, confirmando a liminar, (i) determinar


que o representado, na condição de Governador do Distrito Federal, se abstenha de
utilizar a máquina pública em prol de sua campanha ou de terceiros, devendo
comprovar nos autos, no prazo de 24 horas, as providências adotadas com a finalidade
de coibir o uso da estrutura de Governo em campanhas eleitorais; (ii) a remoção pelo
facebook de conteúdo oriundo de conduta reconhecida como vedada;

4.2. A aplicação da multa prevista no § 4o do artigo 73 da lei 9.504/97;

n 172365, ACÓRDÃO n 7052 de 27/10/2016, Relator(a) CARMELITA BRASIL, Publicação: DJE


- do TRE-DF, Tomo 15, Data 27/01/2017, Página 4/5)

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Número do documento: 18090521003153900000000060656
4.3. Em caso de descumprimento do dever de adotar as providências necessárias
para cessar o uso da máquina pública nas eleições, que a presente representação seja
convertida em AIJE (art. 22 da LC 64/90), com todas as implicações daí decorrentes;

5. O arrolamento como testemunhas a Administradora de Taguatinga Karolyne


Guimarães dos Santos e o proprietário da rádio Comunidade Francisco Assis
Monteiro para esclarecimento das questões aqui levantadas.

6. Que todas as publicações e intimações advindas deste processo sejam


feitas em nome de Bruno Rangel Avelino da Silva, inscrito na OAB/DF sob o
n. 23.067, sob pena de nulidade.

Pede deferimento,
Brasília, 05 de setembro de 2018.

Bruno Rangel Taynara Tiemi Ono Rodrigo Mesquita


OAB/DF 23.067 OAB/DF 48.454 OAB/DF 41.509

Juan Nogueira Vladmir Belmino


OAB/DF 59.392 OAB/AP 1404-B

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