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Fui dos teus olhos a luz mais radiante

Hoje eles são mortos pra mim

Opacos, ariscos, desconhecidos

Aquela cumplicidade tão secreta que se escondia até da gente

Desapareceu nas trilhas como se não tivesse existido

Fico louca nas minhas obrigações de mulher consciente e responsável

Diluindo nessa postura até então nunca experimentadas as pequenas loucuras do amor
irrealizável

Às voltas com sentimentos tão díspares quanto imediatos

Efêmeros, contradizendo-se a cada dor, a cada alegria

A cada espera

Inerte, absolutamente

Inércia com tensão

Absoluta

Tensão da presença

Estar numa presença morta, sem significado

Sem vida, sem planejamento, sem ânsia

E eu sem calma, sem alma, movendo-me a este sabor indefinível

Tão amargo e tão doce, vil sensação de que as sensações nada são

Que delas não devemos esperar senão que passem, que mudem, que signifiquem, que sugiram

Não há sugestão fora dos miolos

Fico achando tudo tanto

Que sufoco, busco outros caminhos, que sempre me jogam neste

A flor da razão que disseca tudo, transformando em objetos analisáveis, imprescindíveis,


aniquilantes

Não paro de pensar como uma teórica

E o teu olho, que eu queria sobre mim, não sinto mais nem a abstração desse desejo

Nem sei mais porque desejo


Não sei o que se passa, o sol lá fora quer dizer o que?

O trabalho, os dias, os sonhos, o álcool?

A presença, a ausência, a vivência

O que quer dizer acordar todo dia

O que quer dizer realizar?

Tanta razão pra agora bater na porta de vidro, tentando atravessar

Qual é a razão disso tudo?

É mais cruel do que pensei.

Ninguém nem nada tem nada a ver com isso

É só o que eu vejo que conta

As estrelas no céu, ou um por do sol

As gotas de água na pele queimada de sol

As ondas espumando na beira

Uma mulher que molhas os pés na água

Você que me olha, me sorri e me dirige a palavra

De cima, ignorando meu eu, de outra dimensão

O fato é que já não estamos mais em lugar nenhum

Pendurados somente enxergando a queda

Agonizando na fina linha que segura essa ligação

Só a tecnologia que segura

Quantos contatos são mantidos apenas porque seguros pela tecnologia?

Quantos amores e cores e flores e yoga, e sushi, e música, e álcool, só existem porque a fibra
óptica é resistente e não se quebra?

Não é o amor que perdura, é a fibra óptica que liga,

Mas eu queria era sentir, e não analisar

Não sei o que de mim foi feito, mas tornei-me demasiado teórica. Socorro

Meu coração não sente mais


Ele olha, faz belas imagens, mas todas tão artificiais, de que material baixo você quer produzir
arte? Uma arte fracassada desde o princípio, decadente, absurdamente apelativa, ensurdecida
de sua própria desgraça.

É que não entendo como posso amar não amando. Como posso estar não estando. Não há
buraco visível, mas está lá. Tratando de deixar cada um de um lado. Não vejo. Não consigo ver.
Os grandes abcessos e que só a fibra óptica junta.

Não há como acreditar que há alguma coisa de nobre segurando isso. Não há nada, tudo não é
mais nem ruína. É pó, areia, grande vastidão de terra num deserto imperdoável. Um deserto.
Longe de tudo, longe inclusive da companhia um do outro. Nos relacionamos na base do grito.
Gritamos nossas experiências pro outro, o barulho do vento no deserto levando longe essa voz
que fica fraca, mas não emudece. E o vento leva e traz as notícias. É nosso mediador. Não
podemos mais nos falar diretamente. Toda nossa relação de troca é mediada pelo vento. Agora
percebo que quando lembro dos olhos mortos dele me olhando enquanto falava na verdade
estavam vivos, olhando firmemente o vento enquanto lhe repassava o que quer que fosse que
queria me dizer. Os olhos morreram para mim, como todo o paraíso, como o oásis. Quando
abre o olho, nem lembra, já foi.

O sentimento desgraçado que tenho é de sombra, daquela que se faz sombra, que só existe
enquanto atrás de alguém. Passa atrás. Passa atrás. Não decide o que faz no dia, se decide não
faz, não decide o que faz no cabelo. Não vai nunca à praia, porque sombra não anda só.

Eu não sinto. Só sinto raiva. Só a raiva de quem deu tudo a vida inteira, e que agora olha pros
lados e não tem nada em que se apoiar. Foi tudo embora com todos os que passaram por mim.
Tudo foi construído pra eles? Construí tudo pra eles? Cadê a parte que me cabe dessa zelação?

Mas eu não quero ficar pensando nisso. Quero pensar no que eu sinto. O que é que eu sinto?
Até isso me foi levado? A chance de sentir. Aí fico lesando achando que só posso sentir alguma
coisa se alguém sentir alguma coisa por mim. Que viadagem é essa ué?

O que é que eu sinto?

Parece-me que só me entendo enquanto sabotadora oficial de mim, terceirizando essa


atividade para os caras com quem eu fico. Ainda me penalizo pela morte do meu
relacionamento com ele e fico agonizando sozinha porque ainda não achei outro para quem
delegar essa função. Mas o que eu sinto? Além disso? Nada. Perdida.

Eu nem sei o que eu queria agora. Queria trabalhar. Queria escrever.

As estradas fogem de mim. Estou no meio do nada, esperando esse quadrinho ser desenhado.
Socorro. Sou aquela que quer dizer, mas dizer o quê?

Quero dizer que não confio em ninguém.

Estou inerte. Estou cansada e não entendo.

As formas de encarar uma frustração. Você pode sempre cultivar o espírito. Cavar nessa
direção. Estabelecer momentos de interação interior. Porque penso, penso muito, mas penso
muito em coisas que não estão nas minhas mãos. Penso na rejeição, no abandono, na
decepção, e paraliso. Não sei para onde andar. Nunca soube. Sempre carregada pelo braço. Os
pés quase nunca encostando no chão. A água vem em enxurrada e leva e nunca mais encosto
no chão os pés, viro peixe. Um peixinho muito angustiado de tantos pensamentos e tantas
acusações gravíssimas, de não saber amar, de amar mal, de não ser exemplo, de ser Severina.

A cobrança de não ser.

Se eu pensar nas coisas que estão nas minhas mãos, como elas seriam?

As coisas que estão nas minhas mãos, sem a presunção de dizer que a vida é como é, eu posso
trabalhar. Escrever. Quê mais? Empreender ideias coerentes com os meus ideais. Posso
escrever histórias de casos em que a vida é mero pretexto pro brilhantismo da energia.

É só o que eu penso em fazer? Escrever ? poderia também viajar, não fosse minha mania de
sombra.

Mas, sentir, eu não sinto.

Quero dizer, quero dizer que não fui injustiçada a não ser por mim mesma. Todas essas
atrocidades aconteceram porque acreditei em coisas que não existiam. Eu sou a única culpada
de tudo. Não há desculpas para a minha falta. Faltei para comigo mesma. Faltei e não me
reconheço.

O que eu amo? Não sei. Uso com tanta facilidade a palavra amor pra estabelecer vínculos, mas
percebo que meus vínculos últimos não passam de objetos, objetos que me trazem muito
prazer, isto sim, mas e o que mais? Não há um olhar que eu ame, um cheiro, uma mão, dedos,
um nariz. Digo isso e penso imediatamente nele. Penso nele enquanto corpo que já foi muito
amado. Mas não significa mais nada, tanto que já esqueci.

Meu coração não bate. Perdi meu tambor.

Lembranças.

Fodam-se.

Queria uma história bonita? Conta como conheceu este que me tirou de mim, a única
lasquinha que eu tinha, um caquinho que não teve força pra agüentar o vento e sol, e se
desfez, murchou, morreu. Não sei. Quem é ela? Quem sou eu?

A ferida não existe mais. Não existe mais choro ou solução, ou o que quer que seja o que foi.
Passou o passado em vista. Ele não sai da vista. Ele não existe. Nada dele mais existe.
Lembrança, coisa maldita, vai-te pras profundezas. Elas não têm que doer. Que não doam, ora
bolas!

Foste para mim o que havia de mais bonito. Já não sei o que é bonito, só vejo miséria. Mas não
no campo. No campo vejo a esperança brotando verde, brilhando nos olhos do gado. Os
animais são felizes. Eles não têm passado. Eu não sei que diabos estou fazendo.
Queria sair. Isso sim. Estou pensando seriamente em dar uma volta sozinha. Uma sombra solta
na cidade. Que será dela caminha nas vielas tentando encontrar novamente o porquê de estar
aqui. As coisas que poderiam ter sucedido!

Não que eu precise encontrar significado na vida. Ela por si só já é beleza. Só preciso encontrar
onde está escondida, toda sua riqueza e brilho de jóia.

Não há sentimentos porque não há agitações. Tudo tão parado, esperando alguém chegar pra
brilhar de novo. Queria ver de novo os olhos dele vivos! Queria vê-los, mesmo, por outra
mulher. Quero a vida dele. Quero ele vivo! Viva, meu caro!

Da minha não sei o que fazer. Mas sei o que quero. Quero ele vivo!

Então larga dele, deixa ele viver! Deixa ele viver!

Na contramão dos acontecimentos, ou inclusive do que eu achava que sentia por ele, parece
que caminhamos mesmo melhor separados. Quero ele vivo. Quero descobrir minha vida
também!

Quero redescobrir o gosto pelas coisas que antes me interessavam. Quero trabalhar quero
escrever!

A incrível luta

Da mulher que queria ser ela mesma

Criando sua partitura de vida

Combinada com notas de samba e jazz

A onça bebendo água no lajedo

Farejando sua conquista

A glória de dias incalculáveis

Vividos ouvidos ancestrais

A escala do tambor chacoalhando

Bongôs à espreita do derramamento

Exaltando a criatividade humana

Saltando as ondas as pedras as colunas de ferro

Estamos livres e vamos enchendo

As ruas de percepção

O alívio dos motores

A faca afiada cortando dores,


Mas tudo isso me parece ainda tão artificial.

Os bancos vazios de praças esquecidas

O solo queimado de incêndios

A prática insidiosa de ser escombro

Eu quero, eu quero

Sair do lamaçal de desespero

As mãos no rosto, epilética

A calma da razão o sentido

Vai de short mesmo

Lutar pelos teus direitos

Cadê você, cadê?

Não estou vendo mas estou clamando

A tua presença nesse papel

As palavras não te cabem mais é isso?

Quem é vocÊ que não existe nem enquanto escrito?

Cadê?

Reage

É difícil entrar nesse barco, eu mesma tendo que comandar

O caminho ta previamente traçado?

Sabe aonde quer chegar?

Tem mantimento suficiente?

Planejou pra quem ligar quando desabrochar?

Qual é o plano? Qual é o plano?

Escreve

Escrevo versos curtos nas rolhas de vinho

Palavras de ordem

Amor
Liberdade

Vida

Cante

Dance

Ria

Meio do mês, a cara escarafunchada de pensamentos

Os argumentos não são válidos, você tem que relaxar

Aonde seria a estréia, os passageiros tomaram conta

Não custou muito sabiam a entrada das rosas

Criaram minotauros em defesa do sítio orgânico

A luz elétrica não fez mais que sua obrigação

E ficamos desentranhados

Jogados cada um de um lado

Buscando nossas verdades, nossos prazeres

Fizemos um pacto mudo

De sermos quem quiséssemos

Mas às vezes faltamos até pra nós

Nessa falta escondemos que não temos mais rosto

Encarnamos um outro rosto, desconhecido, ele não substitui e nos deixa mutilados

Somos os piores casos de nós mesmos

Vacas travestidas saltitando na existência absurda

Faz falta os comícios que falavam só dos outros

É foda quando você tem que encontrar sua própria vida

Fugindo, vadia, pelos cantos de momentos que poderiam ter sido

Eu quero chuva

A bicha pilantra pergunta:

- Quem és?
E dá gaitadas na minha cara.

- Não consigo ver seu rosto. – ela diz.

- quem és?

E ri novamente da minha falta de jeito segurando a máscara

A pele já comprometida

De tensão dessa desonestidade.

Farta, os joelhos já gastos de tanto implorar.

E então, sabes quem és? Por que queres a chuva?

Era nessa época de chuva que nossas solidões se davam as mãos. Tão quentinhas e agradáveis

Agora vazias, não conseguem se apoiar, não conseguem escrever

E a queda é certa

Quem é você filha da puta?

Não pude deixar de notar sua ansiedade extrema

O olhar vago mas fixo, esperando o bote vital

Mas quem espera nunca alcança

Quem és?

Na cilada do destino a que não tem cara, tendo muitas

Não sabe mais se definir por uma

Antes era porque queria experimentar todas

Agora lhe fogem os desejos

É aquela bengala encostada nos cantos

Os ossos roídos das tristezas da vida

E no entanto como lá foram a chamam!

Para resolver problemas inúteis

Os olhos imbecis, em cima,

Prontos pro abate ilegal

Foi feito de ferro e cinza


Não está mais nos roteiros de horror

Mas queria plugá-los à morte virtual

Muda a perspectiva, desalmada! – disse a vida.

Toda se julgando fácil e atrevida

No frescor de quem quer dar conta de tudo.

Os restos que se façam sozinhos

Não há sobras de vida. Mande pro inferno!

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