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Materiais Elétricos

e Semicondutores
Materiais elétricos e
semicondutores

Keila Tatiana Boni


Patrícia Beneti de Oliveira
© 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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eGTB Editora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Boni, Keila Tatiana


B715m Materiais elétricos e semicondutores / Keila Tatiana
Boni, Patrícia Beneti de Oliveira. – Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2017.
168 p.

ISBN 978-85-8482-549-3

1. Aparelhos e materiais elétricos. 2. Condutores


elétricos. 3. Semicondutores. I. Oliveira, Patrícia Beneti de.
II. Título.

CDD 621.31042

2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
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Sumário

Unidade 1 | Constituição e estrutura dos materiais 7

Seção 1 - Estrutura atômica 11


1.1 | Propriedades dos materiais 11
1.2 | Classificação dos materiais 13
1.3 | Análise geral dos metais 15

Seção 2 - Condutividade e resistividade elétrica 25


2.1 | Condutividade elétrica 25
2.2 | Condução eletrônica 29
2.3 | Resistividade elétrica dos metais 33
2.4 | Condução iônica 37
2.5 | Comportamento dielétrico 37
2.6 | Propriedades térmicas 40

Unidade 2 | Materiais condutores, semicondutores e isolantes 51

Seção 1 - Propriedades dos materiais condutores e isolantes 55


1.1 | Propriedades dos metais 55
1.2 | Materiais de condutividade elétrica elevada 66
1.3 | Propriedades dos materiais isolantes 73

Seção 2 - Propriedades dos materiais semicondutores 75


2.1 | Principais características dos materiais semicondutores 75
2.2 | Elementos semicondutores 79
2.3 | Ligações semicondutoras e principais componentes semicondutores 81

Unidade 3 | Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 93

Seção 1 - Materiais dielétricos 97


1.1 | Polarização dos materiais isolantes 97
1.2 | Comportamento dos dielétricos 100
1.3 | Propriedades básicas dos materiais dielétricos 103
1.4 | Aplicações dos materiais dielétricos voltados à engenharia 109

Seção 2 - Materiais ferroelétricos e piezoelétricos 115


2.1 | Materiais ferroelétricos 115
2.2 | Materiais piezoelétricos 119
Unidade 4 | Materiais ferromagnéticos e supercondutores 129

Seção 1 - Propriedades dos materiais ferromagnéticos 133


1.1 | Magnetização dos materiais 133
1.2 | Classificação dos materiais em termos de suas propriedades 137
1.2.1 | Materiais ferromagnéticos 137
1.2.2 | Materiais diamagnéticos 139
1.2.3 | Materiais paramagnéticos 140
1.2.4 | Antiferromagnetismo e ferrimagnetismo 142
1.3 | Características dos materiais magnéticos 143
1.4 | Indutância 147

Seção 2 - Propriedades dos materiais supercondutores 151


2.1 | Materiais supercondutores 151
2.2 | Propriedades magnéticas de supercondutores 154
Apresentação

Com o estudo proposto nesse material didático objetiva-se que você, estudante
de engenharia, compreenda e diferencie os diversos materiais utilizados em
equipamentos e componentes elétricos e magnéticos, a partir da consideração
das propriedades de cada tipo de material as suas propriedades estruturais. Dentre
esses tipos de materiais destacamos os metais, as cerâmicas, os polímeros e os
semicondutores.

Assim, espera-se que ao final desse estudo você compreenda como diferentes
fatores, sobretudo os relacionados à estrutura do material, influenciam suas
propriedades, principalmente, propriedades elétricas, térmicas e magnéticas,
que são focos do estudo proposto. Para você, como futuro engenheiro, esses
conhecimentos são fundamentais para a elaboração de projetos e seleção de
materiais.

Na primeira unidade, você estudará a estrutura atômica dos materiais, em que


destacamos o estudo dos materiais que apresentam estrutura cristalina. A partir
desse estudo inicial, apresentam-se conceitos relacionados à condutividade e
resistividade elétrica, bem como à condutividade térmica.

Na segunda unidade, você estudará as principais propriedades dos materiais


condutores, semicondutores e isolantes, pautando-se, inclusive, nos conceitos
iniciais tratados na primeira unidade.

Na terceira unidade, propõe-se o estudo de materiais ferromagnéticos e


supercondutores, evidenciando suas propriedades principais.

Por fim, aprofunda-se o estudo sobre materiais dielétricos, tema brevemente


introduzido na primeira unidade, e contempla-se conceitos relacionados aos
materiais piezoelétricos.

Esse material foi produzido em uma linguagem dialógica para auxiliar na


construção do seu conhecimento e esperamos que ele seja utilizado com muito
entusiasmo.

Bons estudos!

Profª Keila Tatiana Boni

Profª Patrícia Beneti de Oliveira


Unidade 1

Constituição e estrutura dos


materiais

Keila Tatiana Boni

Objetivos de aprendizagem:

Com essa unidade, objetiva-se que você apreenda que a estrutura atômica
de materiais sólidos está relacionada às propriedades mais relevantes desses
tipos de materiais, sendo que, dentre essas propriedades, destacamos as
elétricas e térmicas.

Sobre essas propriedades, você compreenderá os fenômenos de


condutividade e resistividade elétrica, bem como de condutividade térmica.

Seção 1 | Estrutura atômica


Na primeira seção dessa unidade, objetivamos evidenciar que as propriedades
mais relevantes de materiais sólidos dependem dos arranjos estruturais dos
átomos, bem como das interações existentes entre estes. Nesse estudo,
partindo do que você já aprendeu nos estudos em Química, adentramos nas
abordagens sobre uma forma estrutural que encontramos em alguns sólidos: a
estrutura cristalina. De maneira mais específica, focamos o estudo em três tipos
de estruturas cristalinas, as quais são comumente encontradas nos metais.

Seção 2 | Condutividade e resistividade elétrica


Na segunda seção dessa unidade, objetivamos apresentar as propriedades
elétricas dos materiais, ou seja, a resposta de um material à aplicação de um
campo elétrico, abordando-se os fenômenos de condutividade e resistividade
elétrica de materiais, sobretudo, de metais. Além disso, nessa mesma seção,
U1

exploraremos as propriedades térmicas dos materiais, ou seja, a resposta de


um material à aplicação de calor, destacando o fenômeno de condutividade
térmica.

8 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Introdução à unidade

Nesta unidade, iniciaremos o estudo sobre materiais elétricos e semicondutores a


partir de suas constituições, ou seja, suas estruturas atômicas e ligações interatômicas.
Tal estudo é relevante porque o tipo de ligação, muitas vezes, nos permite explicar as
propriedades do material, sobretudo, aquelas propriedades que são foco do nosso
estudo: condutividade elétrica.

Além disso, nessa unidade, veremos que as propriedades de alguns materiais estão
diretamente relacionadas as suas estruturas cristalinas.

Por fim, iniciamos a exploração das propriedades elétricas dos materiais,


começando com o fenômeno da condutividade elétrica: quais são os parâmetros
que a expressam, o mecanismo de condução por elétrons etc. Encerramos com as
abordagens sobre resistividade elétrica e condutividade térmica.

Constituição e estrutura dos materiais 9


U1

10 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Seção 1

Estrutura atômica

Introdução à seção

Nesta seção, o objetivo é conduzir você, estudante, a evidenciar algumas das


propriedades fundamentais dos materiais que dependem dos arranjos geométricos
dos átomos, bem como das interações existentes entre os átomos e moléculas que
constituem tais materiais.

Considerando esse objetivo, nesta seção, você recordará alguns conceitos


fundamentais já estudados na disciplina de Química, bem como aprofundará
o estudo de tais conceitos, tendo como foco o estudo dos materiais elétricos
e semicondutores. Entre os conceitos, você estudará a estrutura atômica
(principalmente, estrutura cristalina) e as ligações interatômicas.

Ainda nesta seção, você conhecerá as relações entre as propriedades de alguns


materiais com suas estruturas.

1.1 Propriedades dos materiais


Vamos iniciar o estudo sobre a constituição de materiais sólidos, conhecendo
suas diferentes classificações com relação às suas propriedades. Afinal, conhecer
essas propriedades é fundamental para determinar suas aplicações na engenharia.
Essas propriedades são classificadas em: mecânicas, térmicas, elétricas, químicas e
ópticas.

Analisar tais propriedades dos materiais é essencial para o futuro engenheiro,


pois essa análise permitirá que esse profissional pense sobre matérias-primas e suas
adaptações a novas condições de serviço ou, até mesmo, sobre a substituição de
um material por outro mais adequado.

As propriedades mecânicas estão relacionadas à resistência, elasticidade,


dureza e tenacidade do material. Em outras palavras, as propriedades mecânicas
correspondem à resistência do material a forças mecânicas.

Constituição e estrutura dos materiais 11


U1

As propriedades térmicas referem-se ao comportamento térmico dos materiais


quando submetidos a variações de temperatura (dilatações térmicas) e esse
comportamento é representado em termos de capacidade calorífica e de condutividade
térmica, assunto que será abordado na próxima seção.

Calor e temperatura têm o mesmo significado?

Para falarmos sobre propriedades térmicas, é preciso ter bem clara a ideia de
calor e de temperatura. Para conhecer esse assunto, acesse: <http://fisica.
ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap3/cap3-1.html>. Acesso em: 11 ago. 2016.

Sobre propriedades térmicas, é importante ressaltar que cada material apresenta


distintos pontos de fusão e de ebulição e esses pontos estão relacionados à transição
entre distintos arranjos estruturais dos átomos no material.

O processo de transferência de calor envolvendo sólidos ocorre, em geral, por


condutividade térmica, sendo que tal processo também depende da temperatura.

As propriedades elétricas estão relacionadas à resistividade do material, que é


um conceito inverso à condutividade elétrica, assunto que também será abordado
na segunda seção dessa unidade.

Matematicamente, a resistividade está relacionada à resistência de um material


de modo que:
 comprimento 
resistência = (resistividade) ⋅  
 área 

Exemplo 1: “O cobre tem uma resistividade de 1, 7 ×10−6 ohm.cm. Qual é a


resistência de um fio com 0,1 cm de diâmetro e 30 m de comprimento?” (VAN
VLACK, 1970, p. 9).

Resolução: o primeiro passo é considerar que o comprimento do fio e seu diâmetro


devem ser apresentados na mesma unidade de medida. Assim, transformamos 30
m em centímetros, multiplicando 30 por 100, obtendo, como resultado, 3000 cm.
Fazendo as devidas substituições na expressão dada, temos:

12 Constituição e estrutura dos materiais


U1

3000
resistência = 1, 7 ×10−6 ⋅ = 0, 65
( 0,1)
2

Portanto, a resistência do fio considerado na situação dada é de 0,65 ohm.

As propriedades químicas do material correspondem aos processos de corrosão,


solubilização e oxidação que esse material pode ser suscetível.

Por fim, as propriedades ópticas envolvem, sobretudo, o índice de refração, que


é a razão entre a velocidade da luz no vácuo e a velocidade da luz no material.

Além dessas propriedades, vale destacar que existe ainda um fator determinante
no momento do engenheiro realizar a escolha por um determinado material para
uma certa atividade: o custo desse material. Nesse mesmo fator, considera-se, ainda,
a vida útil do material.

1.2 Classificação dos materiais


Até o momento, abordamos os materiais sólidos de maneira geral, porém tais
materiais são agrupados em três categorias, devido as suas características: metais,
cerâmicas e polímeros.

O que caracteriza um determinado material em uma dessas três categorias é,


principalmente, sua composição química e sua estrutura atômica. Além disso, vale
destacar que existem alguns materiais que são compostos por uma mistura de
alguns desses materiais e, nessa situação, o material deve ser analisado em suas
particularidades.

Dentre as categorias de materiais, daremos enfoque à primeira: metais. Para


que você compreenda porque daremos ênfase a essa categoria, na sequência
apresentamos uma breve descrição de cada um deles, destacando suas principais
características:

- Metais: essa primeira categoria envolve os materiais que são constituídos por
pelo menos um elemento metálico. Isso não significa que em suas composições
não possa ter outros tipos de elementos, porém quando estes também fazem parte
da composição, são em quantidades pequenas se comparadas à quantidade de
elementos metálicos.

Nos metais, os átomos são organizados de modo ordenado e são densos. Por
isso, quanto as suas propriedades mecânicas, os metais constituem materiais rígidos,
o que não impede que estes possam ser deformados sem fratura. Devido a essa
propriedade mecânica, os metais são amplamente aplicados em estruturas.

Constituição e estrutura dos materiais 13


U1

Entre as diversas características dos metais, uma delas em particular é de


grande interesse em nosso estudo: são excelentes condutores de eletricidade e
de calor. Por esse motivo, nosso foco de estudo estará nos materiais constituídos,
predominantemente, por metais.

- Cerâmicas: nessa segunda categoria são contemplados os materiais constituídos


por elementos metálicos e não metálicos, tais como, os carbetos, os nitretos e os
óxidos, além dos materiais formados por minerais argilosos, vidro e cimento. Se
comparados aos metais, os materiais cerâmicos são relativamente rígidos, sendo,
muitas vezes, suscetíveis a fraturas. Sobre a condutibilidade de calor e de eletricidade,
os materiais cerâmicos são tipicamente isolantes, entretanto, são mais resistentes a
altas temperaturas que os metais.

O que são materiais isolantes? O que pode estar relacionado


a essa característica isolante ou condutora dos materiais?

- Polímeros: nessa categoria são considerados aqueles materiais que conhecemos


por plásticos e borrachas. Em geral, esses materiais são constituídos por elementos
não metálicos, tendo como base principal elementos tais como o carbono e o
hidrogênio. Sobre suas propriedades mecânicas, os polímeros se apresentam
como menos resistentes e rígidos que os metais e as cerâmicas, entretanto, são
mais suscetíveis de serem moldados que estes dois tipos materiais. Com relação à
condutividade elétrica, apresentam baixas condutividades.

Além das três categorias apresentadas, existe uma quarta que, de certa
forma, enquadra-se nas categorias já apresentadas: metais, cerâmicas e
polímeros. São os compósitos, que se enquadram nas demais categorias
porque são materiais compostos por dois ou mais materiais individuais,
de modo a tentar combinar as melhores características de cada material.
São exemplos do compósitos as fibras de vidro e os polímeros reforçados
por fibras de carbono. Saiba mais sobre os compósitos, acessando o link
disponível em: <http://www.almaco.org.br/compositos.cfm>. Acesso
em: 11 ago. 2016.

14 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Além das categorias de materiais elencadas, existem aqueles materiais que


são considerados como avançados, os quais são utilizados em aplicações de alta
tecnologia. Entre esses tipos de materiais, destacamos os semicondutores que
apresentam propriedades elétricas intermediárias entre os condutores (metais e ligas
metálicas) e os isolantes (cerâmicas e polímeros).

A importância dos semicondutores que permite serem classificados entre os


“materiais do futuro”, é que eles são muito sensíveis à presença concentrações
mínimas de átomos de impurezas e, assim, possibilitam a evolução dos circuitos
integrados, responsáveis por avanços na área industrial de eletrônicos.

1.3 Análise geral dos metais


Os elementos metálicos e ligas metálicas são os melhores condutores de
eletricidade, assim, daremos maior enfoque ao estudo deles, destacando suas
características principais e suas estruturas.

Entre as principais características dos metais, as quais boa parte serão exploradas
no decorrer dessa subseção, Schmidt (1979) cita:

a) A estrutura cristalina, que corresponde à organização regular e ordenada


dos átomos;

b) A opacidade;

c) A elevada condutividade elétrica e térmica;

d) O brilho típico e elevada capacidade de reflexão da luz;

e) Materiais, em geral, são sólidos;

f) A suscetibilidade de deformação e moldagem, quando submetidos a


temperaturas elevadas ou a grandes esforços mecânicos;

g) A suscetibilidade de formação de ligas metálicas a partir da combinação entre


elementos metálicos;

h) A suscetibilidade de transformação em derivados metálicos, como sais e óxidos.

Como mencionado nas principais características dos metais, eles são


caracterizados por serem de estrutura cristalina. Vamos entender o que isso significa.

Para Callister e Rethwisch (2015, p. 39), “Um material cristalino é um material


no qual os átomos estão posicionados em um arranjo periódico ou repetitivo ao
longo de grandes distâncias atômicas”. Em outras palavras, podemos entender os

Constituição e estrutura dos materiais 15


U1

materiais cristalinos como aqueles em que evidenciamos uma estrutura em padrão


tridimensional repetitivo, sendo tal estrutura engendrada a partir de uma ordem
atômica de longo alcance. Tal estrutura é evidenciada nos metais e apenas em
alguns materiais cerâmicos e polímeros.

É importante ressaltar que cada sólido apresenta uma forma cristalina específica,
ou seja, uma estrutura em que seus átomos, íons ou moléculas estão arranjados
espacialmente.

Sobre essas estruturas cristalinas, temos que os átomos, ou íons, são tomados
como esferas sólidas com diâmetros específicos. Nesse modelo, as esferas que
representam os átomos mais próximos se tocam entre si. Quando o arranjo
tridimensional de pontos coincide com as posições dos átomos ou com os centros
das esferas, designamos a estrutura cristalina como rede cristalina.

Na figura a seguir são apresentados alguns exemplos de estruturas cristalinas:

Figura 1.1 | Estrutura cristalina tridimensional – CFC

Fonte: <http://pt.slideshare.net/laufersil/11-cincias-dos-materiais>. Acesso em: 11 ago. 2016.

Na Figura 1.1, o item (a) é uma representação de uma célula unitária por meio de
esferas rígidas. Células unitárias são entidades que se repetem na estrutura cristalina.
O item (b) é a representação de uma célula unitária por esferas reduzidas e no item
(c) temos a representação de um agregado de muitos átomos.

Agora que você já sabe o que são sólidos cristalinos, reflita: o


que são sólidos não cristalinos?

Nos metais, a ligação atômica é metálica, sendo, portanto, de natureza não


direcional. Nesse caso, como são mínimas as restrições sobre quantidade e posição
dos átomos vizinhos mais próximos, temos que o número de vizinhos mais próximo

16 Constituição e estrutura dos materiais


U1

é relativamente alto, o que ocasiona arranjos atômicos compactos para as estruturas


cristalinas dos metais. Em geral, nos metais predominam três tipos de estruturas
cristalinas: cúbica de faces centradas, cúbica de corpo centrado e hexagonal
compacta (CALLISTER; RETHWISCH, 2015).

Você lembra o que é ligação metálica? E quais são os outros tipos de


ligações? Antes de continuar seus estudos é fundamental recordar esses
conceitos. Para isso, acesse os links, disponíveis em: <https://www.
youtube.com/watch?v=h24RYu_yQSc>; <https://www.youtube.com/
watch?v=bxnCu91Rj_Y>; <https://www.youtube.com/watch?v=EZGH-
OqweF4>. Acesso em: 11 ago. 2016.

A estrutura cúbica de faces centradas é a estrutura que possui uma célula unitária
com estrutura cúbica. Assim, os átomos estão dispostos em cada um dos vértices e
nos centros de todas as faces do cubo. Possuem esse tipo de estrutura cristalina, por
exemplo, o ouro, a prata, o alumínio e o cobre.

Na Figura 1.1 (a), observamos um modelo de esferas rígidas para a célula unitária
cúbica de faces centradas. Já no item (b) da mesma figura, evidenciamos um átomo
em cada vértice da célula unitária, um no centro de cada face e nenhum no centro
do cubo, e, no item (c) temos a seção de um cristal formado por múltiplas células
unitárias cúbicas de faces centradas.

Perceba na Figura 1.1 que as esferas se tocam ao longo de uma diagonal da face.
Matematicamente, podemos relacionar o comprimento da aresta do cubo a e o raio
atômico R pela seguinte expressão:

a = 2R 2

Para compreender melhor tal relação, vamos analisar o seguinte exemplo, em


que temos a intenção de determinar o volume da célula unitária cúbica de faces
centradas:

Exemplo 2: “Calcule o volume de uma célula unitária cúbica de faces centradas


(CFC) em função do raio atômico R” (CALLISTER; RETHWISCH, 2015, p. 42).

Resolução: A célula unitária CFC é representada na figura a seguir.

Constituição e estrutura dos materiais 17


U1

Figura 1.2 | Célula unitária CFC

Fonte: <http://pt.slideshare.net/niqueloi/estrutura-cristalina>. Acesso em: 11 ago. 2016.

Note que os átomos se tocam ao longo de uma diagonal na face do cubo, cujo
comprimento vale 4R.

A célula unitária é um cubo, em que a corresponde ao comprimento da aresta da


célula, temos que seu volume é a³.

Perceba, ainda, que na face há a formação de um triângulo retângulo e, portanto,


podemos aplicar o Teorema de Pitágoras:

a ² + a ² = (4 R )²

Ou, ainda, podemos utilizar a relação entre comprimento da aresta do cubo a e


o raio atômico R:

a = 2R 2

Utilizando essa relação, obtemos:

VC= a=
³ (2 R 2 )³ = 16 R ³ 2

Além disso tudo, outra característica importante de uma estrutura cristalina


que merece destaque diz respeito ao fator de empacotamento atômico (FEA).
Nas estruturas cristalinas CFC, o número de empacotamento atômico é 12. Para
compreender esse número, retorne e visualize a Figura 1.1 (a): nela você pode
perceber que existem quatro vizinhos mais próximos do átomo na face anterior.
Esses quatro átomos estão localizados nos vértices ao redor do átomo na face
anterior. Além disso, percebe-se quatro átomos localizados nas faces em contato na

18 Constituição e estrutura dos materiais


U1

parte de trás e mais quatro átomos de faces equivalentes que estão localizados na
outra célula unitária mais próxima, na parte da frente.

O fator de empacotamento atômico (FEA) pode ser entendido como a razão entre
o somatório dos volumes das esferas que representam os átomos que compõem o
interior de uma célula unitária e o volume de uma única célula unitária.
4
Considerando que o volume para uma esfera é ≠ R³ e considerando que cada
3
célula unitária CFC possui quatro átomos, matematicamente podemos escrever:

4 16
VE = (4) π R ³ → VE = π R ³
3 3

E, como vimos no exemplo 1, o volume total da célula unitária CFC é:

VC = 16 R ³ 2
Assim, podemos concluir que o fator de empacotamento atômico (FEA) para a
estrutura cristalina CFC é de 0,74, pois:
4
(4) π R ³
FEA = 3 = 0, 74
16 R ³ 2
Esse resultado indica o máximo empacotamento que é possível, considerando
esferas de mesmos diâmetros.

Outra estrutura cristalina é a cúbica de corpo centrado (CCO). Estruturalmente,


ela apresenta uma única célula unitária cúbica, com seus átomos alojados nos oito
vértices, sendo um único localizado no centro do cubo. Observe a figura a seguir:

Figura 1.3 | Estruturas cristalina pura de corpo centrado

Fonte: <http://pt.slideshare.net/laufersil/11-cincias-dos-materiais>. Acesso em: 11 ago. 2016.

Na Figura 1.3 (a), visualizamos o diagrama de células unitárias CCC com os


átomos representados pelo modelo de esferas rígidas. Em 1.3 (b), temos a mesma
visualização de 1.3 (a), com a diferença de que não se trata do modelo de esferas

Constituição e estrutura dos materiais 19


U1

rígidas, mas de esferas reduzidas. Por fim, em 1.3 (c), observamos um conjunto de
esferas que representam a estrutura cristalina CCC.

Nesse tipo de estrutura cristalina, temos valores menores para o número de


coordenações e de empacotamento atômico, se comparados às estruturas CFC,
em que o número de coordenação é oito e o fator de empacotamento atômico é
0,68.

Por fim, outra estrutura cristalina é a hexagonal compacta (HC). Essa estrutura
se diferencia das demais, sobretudo, por ser um tipo de estrutura que possui célula
unitária cuja simetria não é cúbica, mas possui célula unitária de simetria hexagonal.
A figura a seguir ilustra essa estrutura cristalina.

Figura 1.4 | Estrutura cristalina hexagonal compacta

Fonte: <http://pt.slideshare.net/laufersil/11-cincias-dos-materiais>. Acesso em: 11 ago. 2016.

Na figura, a primeira imagem traz a representação de uma célula unitária com


esferas reduzidas para a estrutura HC, enquanto, na mesma figura, a segunda
imagem traz a representação de um conjunto de várias células unitárias HC.

Quanto ao número de coordenação e o índice de empacotamento atômico,


esses valores são exatamente os mesmos apresentados para as estruturas CFC: 12 e
0,74, respectivamente.

A tabela a seguir traz a categorização dos principais metais puros, de acordo com
suas estruturas cristalinas.

Tabela 1.1 | Estrutura cristalina dos principais metais puros

Estrutura Metal
CFC Ag, Al, Au, Ca, Co-β, Cu, Fe-γ, Ni, Pb, Pd, Pt, Rh, Sr
HC Be, Cd, Co-α, Hf-α, Mg, Os, Re, Ru, Ti-α, Y, Zn, Zr-α
CCC Ba, Cr, Cs, Fe-α, Fe-δ, Hf-β, K, Li, Mo, Na, Nb, Rb, Ta, Ti-β, V, Zr-β

Fonte: <http://pt.slideshare.net/laufersil/11-cincias-dos-materiais>. Acesso em: 11 ago. 2016.

20 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Além das abordagens realizadas até o momento sobre estruturas cristalinas,


atrelado a esse conceito temos a possibilidade de determinação do cálculo da
massa específica teórica de um sólido metálico. Essa determinação é possibilitada a
partir da seguinte relação:
n⋅ A
ρ=
VC ⋅ N A

Em que:

• ρ é a massa específica teórica do metal (unidade: Ω ⋅ m );


• n é o número de átomos associados a cada célula unitária;
• A é o peso atômico;
• VC é o volume da célula unitária;
• N A é o número de Avogadro ( 6, 022 ×1023 átomos/mol).

Quantos e quais são os sistemas cristalinos? Como diferem


entre si? Quais são suas características?

Aprenda mais sobre estruturas cristalinas. Nos links a seguir, você


acessará vídeos com explicações sobre os três tipos de estruturas que
você estudou: CFC, CCC e HC. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=W_omC_Iyqq0>;
<https://www.youtube.com/watch?v=sTHXe2_ilnk>. Acesso em: 12 ago.
2016.

Como vimos no estudo das estruturas cristalinas, uma molécula tem uma
regularidade estrutural, seja de simetria cúbica ou hexagonal. Essa regularidade
decorre de ligações covalentes que determinam um número de vizinhos para cada
átomo, bem como suas localizações espaciais.

De acordo com Rolim (2002, p. 6), “A maioria dos materiais de interesse para
os engenheiros tem arranjos atômicos que se repetem nas três dimensões de uma

Constituição e estrutura dos materiais 21


U1

unidade básica”. A esse tipo de arranjos designamos cristais.

Além das estruturas cúbicas e hexagonais, Rolim (2002) destaca outros cinco
tipos principais de cristais: tetragonal, ortorrômbico, monoclínico, triclínico e
romboédrico. Entre esses tipos, ainda podem ser acrescentados alguns subgrupos,
os quais podem ser observados na figura a seguir.

Figura 1.5 | Grupos espaciais de cristais

Fonte: Rolim (2002, p. 6).

Sabe qual a importância de conhecermos a estrutura cristalina de um material?


Algumas das propriedades dos materiais dependem dessa estrutura. Em outras
palavras, o modo pelo qual os átomos, íons ou moléculas de um material estão
organizados espacialmente, em termos de estrutura, nos auxilia a compreender
algumas das propriedades desse material, sobretudo, aquelas que são nosso foco
de estudo: as propriedades elétricas e térmicas. Tais assuntos começam a ser
abordados na próxima seção.

1. (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 44) O cobre possui um


raio atômico de 0,128 nm (ou 1,28 x 10-8 cm), uma estrutura
cristalina CFC e um peso atômico de 63,5 g/mol. Calcule sua
massa específica teórica:

22 Constituição e estrutura dos materiais


U1

a) 8,89 g/cm³.
b) 8,94 g/cm³.
c) 8,98 g/cm³.
d) 9,09 g/cm³.
e) 9,19 g/cm³.

2. (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 72) Considere o elemento


irídio (Ir) que possui uma estrutura cristalina CFC. Logo, o
número de átomos por célula unitária é igual a 4. A massa
específica do irídio é de 22,4 g/cm³ e seu peso atômico é de
192,2 g/mol. Calcule o raio de um átomo de irídio (considere
VC = 16 R ³ 2 ).
a) R = 0,456 nm.
b) R = 0,136 nm.
c) R = 0,098 nm.
d) R = 0,827 nm.
e) R = 0,076 nm.

Constituição e estrutura dos materiais 23


U1

24 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Seção 2

Condutividade e resistividade elétrica

Introdução à seção

Durante o projeto de um componente ou de uma estrutura, é essencial conhecer


e considerar as propriedades elétricas e térmicas dos materiais. Afinal, resultados de
condutividade de materiais, em geral, são controláveis, o que é de grande utilidade
para o engenheiro em seu planejamento, seja para fins de suprimentos de força, para
equipamentos de controle ou para comunicações.

Para prever as propriedades elétricas de um material, você aprenderá que será


necessário conhecer como o comportamento elétrico desse material varia de
acordo com as energias dos elétrons na camada de valência, com o “spin” dos
elétrons dos átomos e com a estrutura do material.

Sobre as propriedades térmicas de um material, você conhecerá o comportamento


de sólidos quando absorvem energia na forma de calor, como se dá o transporte
desse tipo de energia no material e a importância da capacidade calorífica, da
expansão térmica e da condutividade térmica para a utilização dos sólidos em
situações práticas.

2.1 Condutividade elétrica


O movimento de cargas elétricas de uma posição para outra é o que designamos
por condutividade elétrica. Esse movimento decorre a partir de íons ou elétrons e a
mobilidade desses elementos varia de material para material.

Note que uma das características elétricas fundamentais de um material sólido


é esse seu poder de mobilidade de transmissão de uma corrente elétrica e, para
adentrar nesse assunto, precisaremos de alguns conceitos que, provavelmente,
você já ouviu falar no estudo de Física no ensino básico.

Existe uma relação entre a corrente I e a voltagem aplicada V. Essa relação é


chamada Lei de Ohm, é escrita como:

Constituição e estrutura dos materiais 25


U1

V = I ⋅R

Na expressão, R representa a resistência do material, por meio do qual a corrente


elétrica I está passando.

Lembre-se de que a corrente I pode ser entendida como a taxa de passagem de


cargas ao longo do tempo.

As unidades que utilizamos para V, I e R são, respectivamente, volt (J/C), ampère


(C/s) e ohm (V/A).

A configuração do material, ou seja, sua estrutura, influencia no valor de sua


resistência R. Já a resistividade elétrica ρ independe dessa estrutura e se relaciona
a R segundo a expressão:
RA
ρ=
l
Em que l representa o comprimento de um ponto a outro do material,
considerando onde se pretende medir a voltagem, e A representa a área da seção
transversal perpendicular à direção da corrente. Na figura a seguir, você poderá
visualizar esses conceitos:
Figura 1.6 | Representação esquemática da relação entre uma amostra de material, a
resistência, a área e o comprimento

Fonte: <https://conhecendoeletrica.wordpress.com/2015/04/05/leis-de-ohm/>.Acesso em 12 ago. 2016.

Considerando, na segunda expressão, que V = I ⋅ R , podemos reescrever R em


termos de V e I:
VA
ρ=
Il

Saiba mais sobre a Lei de Ohm, acessando os links. Disponíveis em:


<https://www.todamateria.com.br/leis-de-ohm/>;
<http://adm.online.unip.br/img_ead_dp/20409.PDF>;
<https://www.youtube.com/watch?v=8kKRhvmPnZ8>. Acesso em: 12
ago. 2016.

26 Constituição e estrutura dos materiais


U1

A natureza elétrica de um material, muitas vezes, é especificada a partir de um


valor numérico específico, o qual é chamado de condutividade elétrica ( σ ). De
maneira bem simples, podemos entender esse conceito como sendo o inverso da
resistividade. Assim: 1
σ=
ρ
Em que σ é dado pela unidade inversa do ohm-metro [ (Ω ⋅ m)−1 ].
A condutividade elétrica auxilia na compreensão de quanto o material é
susceptível de conduzir uma corrente elétrica. Dessa forma, uma das maneiras de
fazer a classificação de materiais sólidos é embasar-se no seu fator de condutividade
elétrica. Assim, torna-se possível classificar tais materiais de três maneiras distintas:
condutores, semicondutores e isolantes.

Os condutores são aqueles que apresentam condutividade elétrica da ordem de


107 (Ω ⋅ m) −1 , como é o caso dos metais, os quais chamamos de bons condutores.

Os isolantes apresentam condutividade elétrica muito baixa, variando na ordem


−20 −1
de 10−10 (Ω ⋅ m) −1 e 10 (Ω ⋅ m) .

Os semicondutores apresentam condutividade elétrica intermediária entre os


−1
condutores e isolantes, variando na ordem de 10−6 (Ω ⋅ m) −1 e 10 (Ω ⋅ m) .
4

Observe as figuras a seguir. Nelas é possível evidenciar as faixas de condutividade


elétrica para diversos tipos de materiais:

Figura 1.7 | Faixas de condutividade elétrica para diversos tipos de materiais

Fonte: <http://docplayer.com.br/8611879-Universidade-do-estado-de-santa-catarina-centro-de-ciencias-tecnologicas-
departamento-de-engenharia-mecanica.html>. Acesso em: 12 ago. 2016.

Constituição e estrutura dos materiais 27


U1

Figura 1.8 | Condutividade σ em (Ω.m)-1 de uma variedade de materiais à temperatura


ambiente

Fonte: <http://professor.ufabc.edu.br/~jeverson.teodoro/archives/bc1105/2015-2/Aula_MSP10_Propriedades_El%C3%A9tricas_
Materiais.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2016.

Que tipo de material você encontra e utiliza no seu


cotidiano é possível classificar como condutores, isolantes e
semicondutores?

Esperamos que até esse momento você tenha compreendido que a condutividade
elétrica diz respeito ao movimento de cargas elétricas de uma posição para outra.
Tal movimento é provocado por um campo elétrico aplicado externamente.

A partir de agora, você estudará como esse movimento ocorre.

A carga tem que ser transportada por íons ou elétrons e essa mobilidade depende
do tipo do material, se é condutor, semicondutor ou isolante.

Considerando que é um campo elétrico externo que ativa o movimento de


cargas elétricas, é importante ressaltar que dependendo da caga das partículas o
movimento dessas terá direções diferentes. As partículas carregadas positivamente
tenderão a acelerar na mesma direção do campo elétrico, enquanto que as partículas
carregadas negativamente serão aceleradas na direção oposta ao campo elétrico.

Além disso, esse movimento, ou seja, a condução, pode ocorrer de duas


maneiras: eletrônica ou iônica.

A condução eletrônica é a que ocorre na maioria dos sólidos, em que uma


corrente tem origem a partir do fluxo de elétrons.

A condução iônica é a que ocorre a partir do movimento resultante de íons


carregados, produzindo uma corrente.

28 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Vamos dar início ao estudo desses dois tipos de conduções nas próximas
subseções.

2.2 Condução eletrônica

A condução eletrônica é a que ocorre na maioria dos materiais, sendo este o tipo
de condução que ocorre em todos os materiais condutores, semicondutores e em
alguns materiais isolantes.

Esse tipo de condutividade depende dos elétrons e, por isso, a magnitude da


condutividade elétrica está estritamente relacionada à quantidade de elétrons
acessíveis para participar desse processo de condução. Isso significa dizer que nem
todos os elétrons de cada átomo do material se movimentaram devido à presença
de um campo elétrico externo.

Recorde os conceitos relacionados aos estados de energia dos elétrons


acessando os links indicados. Disponíveis em: <https://docente.
ifrn.edu.br/denilsonmaia/modelos-atomicos-omodelo-de-bohr>;
<https://www.youtube.com/watch?v=P211XXB5pW0>; <https://www.
youtube.com/watch?v=gL5ytHCKBK4>; <https://www.youtube.com/
watch?v=H8Z3PuPbiB8>. Acesso em: 12 ago. 2016.

Os materiais sólidos são constituídos por N números de átomos que, inicialmente,


estão separados uns dos outros, mas agrupados e ligados ordenadamente de
maneira a formar a estrutura cristalina. Quando a distância entre os átomos é
relativamente grande, devemos compreender que os átomos são independentes
entre si e, portanto, cada átomo apresentará a mesma configuração eletrônica e
níveis de energia do que se estivesse isolado.

Agora, conforme os átomos vão se apresentando relativamente mais próximos


uns do outro, observa-se uma influência dessa aproximação nos elétrons de cada
átomo. Essas influências podemos chamar de perturbações que acontecem porque
aos elétrons e núcleos de átomos que estão próximos. Devido a essa influência,
considerando os materiais sólidos, compreende-se que o estado de cada átomo
individual poderá ser dividido em uma série de estados eletrônicos espaçados, o que
é denominado de banda de energia eletrônica.

Constituição e estrutura dos materiais 29


U1

É importante destacar que a extensão da divisão depende da separação entre os


átomos e começa no sentido das camadas eletrônicas mais externas para as mais
internas. Isso porque as camadas mais externas são as primeiras a sofrerem influências.

Na figura a seguir, você observará uma representação esquemática da energia


eletrônica em função da separação entre átomos correspondente a um agregado
de 12 átomos (N = 12).

Nessa figura, perceba que a partir da aproximação, cada um dos estados atômicos
1s e 2s se divide, formando, assim, uma banda de energia eletrônica que consiste em
12 estados. Cada um desses estados de energia tem a capacidade de acomodar dois
elétrons de spins com sentidos opostos.
Figura 1.9 | Representação esquemática da energia eletrônica em função da separação
entre átomos correspondente a um agregado de 12 átomos (N = 12)

Fonte: <http://professor.ufabc.edu.br/~jeverson.teodoro/archives/bc1105/2016-3/Aula_MSP10_Propriedades_El%C3%A9tricas_
Materiais.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2016.

Na próxima figura, você pode visualizar uma representação esquemática para


bandas de energia eletrônica para um material sólido formado por N átomos.
Figura 1.10 | Representação convencional da estrutura da banda de energia eletrônica para
um material sólido

Fonte: <http://professor.ufabc.edu.br/~jeverson.teodoro/archives/bc1105/2016-3/Aula_MSP10_Propriedades_El%C3%A9tricas_
Materiais.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2016.

30 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Na Figura 1.10 (A), observamos a representação convencional da estrutura da


banda de energia eletrônica para um material sólido na separação entre átomos de
equilíbrio. Na Figura 1.10 (B), observamos a energia eletrônica em função da separação
entre átomos para um agregado de N átomos. Assim, nessa segunda parte, é possível
compreender como é gerada a estrutura da banda de energia na separação entre
átomos de equilíbrio.

Ainda, na Figura 1.10, em que se menciona Gap de energia, podemos entender


isso como o espaçamento entre bandas de energia.

A importância de compreender a estrutura da banda de energia eletrônica consiste


na consequência desta para as propriedades elétricas de um material sólido.

Considerando 0 K, podemos encontrar quatro tipos distintos de estruturas de


bandas, que podem ser visualizados na figura a seguir.

Figura 1.11 | Estruturas de bandas de energia possíveis para sólidos a 0 K

Fonte: <http://professor.ufabc.edu.br/~jeverson.teodoro/archives/bc1105/2016-3/Aula_MSP10_Propriedades_El%C3%A9tricas_
Materiais.pdf>. Acesso em: 2016.

Na Figura 1.11, E f representa a energia correspondente ao estado preenchido


mais elevado a 0K, o que denominamos de energia de Fermi.

Vamos compreender cada um desses tipos distintos de estruturas de bandas


apresentados na Figura 1.11:

(a) Essa estrutura de banda é característica de metais em que se encontram


disponíveis, na mesma banda de energia, estados eletrônicos não preenchidos acima
e adjacentes a estados eletrônicos preenchidos. Um exemplo é o cobre, em que cada
átomo tem um único elétron 4s, sendo capaz de acomodar 2N elétrons e, portanto,
apenas a metade das posições eletrônicas disponíveis nessa banda 4s está preenchida
(CALLISTER; RETHWISH, 2015).

(b) Essa estrutura de banda também é característica de metais como, o magnésio,


que apresenta dois elétrons 3s em cada átomo isolado. Percebe-se nesse elemento
que ocorre a superposição das bandas de energia mais externas, de uma banda vazia
com uma banda preenchida, portanto, quando se forma o sólido, as bandas 3s e 3p
se superpõem.

Constituição e estrutura dos materiais 31


U1

As bandas (c) e (d) são bastante semelhantes. Nelas, a banda de valência, que está
totalmente preenchida com elétrons, está separada de uma banda de condução vazia.
Entre essas duas bandas existe um espaço entre bandas de energia.

Você acabou de estudar que as bandas (c) e (d) são semelhantes.


Observando a Figura 1.11, reflita: qual a diferença entre essas
duas estruturas de bandas, sabendo que a (c) é característica dos
materiais isolantes e a (d) dos semicondutores?

A partir desse estudo devemos compreender o seguinte: apenas os elétrons


com energias maiores que a energia de Fermi sofrem influências de maneira que
são acelerados na presença de um campo elétrico externo. Esses elétrons são
denominados de elétrons livres.

Contudo, existem outros tipos de entidades eletrônicas que também participam


na condução eletrônica e que são menores que a energia de Fermi: são os buracos.
Essas entidades são comumente encontradas nos semicondutores e nos isolantes.

O que diferencia os materiais condutores dos não condutores é exatamente a


quantidade dessas entidades: elétrons livres e buracos.

Os elétrons livres estão presentes, em geral, nos metais, que são considerados
como bons condutores. O elétron torna-se livre quando é excitado de maneira que
possa migrar para um dos estados de energia vazios e disponíveis acima da energia
de Fermi.

Para os metais, classificados nas estruturas de banda (a) e (b), existem estados de
energias vazios adjacentes ao estado preenchido e, assim, pouco energia é necessária
para tornar os elétrons livres. Logo, a energia que o campo elétrico externo proporciona
é o suficiente para excitar um grande número de elétrons. Esse número elevado de
elétrons livres está diretamente relacionado a uma alta condutividade.

Nos isolantes e semicondutores não estão disponíveis os estados vazios adjacentes


ao topo da banda de valência preenchida. Assim, para que se tornem livres, “os elétrons
devem ser promovidos através do espaçamento entre bandas de energia para estados
vazios na parte inferior da banda de condução” (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 619).

Como fazer isso? É preciso atribuir a um elétron a diferença de energia resultante


desses dois estados, banda de energia e de condução, o que corresponde,
aproximadamente, à energia do espaçamento entre as bandas ( Ee). Nesses casos,

32 Constituição e estrutura dos materiais


U1

a energia de excitação não vem de fontes elétricas, mas de fontes de calor (são
termicamente excitados). Essa relação entre espaçamento entre bandas, calor e
condutividade elétrica é inversamente proporcional, “quanto maior for o espaçamento
entre as bandas, menor será a condutividade elétrica em uma dada temperatura”
(CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 619).

Diante dessa relação de proporcionalidade inversa,


envolvendo, de um lado, condutividade elétrica em uma dada
temperatura e, de outro, espaçamento entre bandas, reflita:
em que consiste a diferença entre semicondutores e isolantes?

Conforme há um aumento de temperatura nos materiais isolantes ou semicondutores,


ocorre um aumento na excitação dos elétrons devido ao aumento de energia térmica.
Consequentemente, quanto maior a quantidade elétrons excitados, ou seja, movimentados
para a banda de condução, maior a condutividade do material. Devido a esse fenômeno,
podemos distinguir a condutividade entre os materiais isolantes e semicondutores, pois
de acordo com os modelos de ligação atômica destes dois tipos de materiais, observa-se
que nos semicondutores os elétrons são removidos por excitação térmica com maior
facilidade que os elétrons dos materiais isolantes.

Quanto à mobilidade eletrônica, considerando que o elétron está carregado


negativamente, quando um material está em contato com um campo elétrico a ele
aplicado ocorre uma força que age sobre os elétrons livres, de maneira que esses
elétrons acelerem em uma direção oposta ao campo elétrico.

2.3 Resistividade elétrica dos metais

Diante de tudo que já foi abordado até aqui, destacando o estudo sobre os metais,
os quais são, em sua maioria, considerados como bons condutores, vamos dar início
à abordagem sobre a condução nos metais em termos de resistividade, o que pode
ser entendido como o inverso da condutividade.

Como vimos, os metais apresentam estruturas cristalinas e, nessas estruturas,


observam-se defeitos cristalinos que incluem lacunas, átomos de impurezas,
discordâncias etc. Nesses defeitos cristalinos ocorrem espalhamento dos elétrons
de condução dos metais. Assim, esses defeitos cristalinos estão relacionados ao
aumento da resistividade do material ou da diminuição da condutividade.

Constituição e estrutura dos materiais 33


U1

Como essas imperfeições dependem da temperatura, da composição e do grau


de trabalho a frio com o metal, temos que a resistividade do metal pode ser dada
pela adição entre as “contribuições das vibrações térmicas, das impurezas e da
deformação plástica; ou seja, os mecanismos de espalhamento atuam de maneira
independente uns dos outros” (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 621).
ρtotal = ρt + ρi + ρ d

Essa relação é denominada de Regra de Matthiessen.

Nos materiais semicondutores, a condutividade elétrica é mais baixa em relação


a dos metais. Contudo, esses tipos de materiais apresentam algumas características
elétricas fundamentais e de grande utilidade: eles são muito sensíveis à presença,
mesmo que pequena, de impurezas. E, com relação a essas impurezas, temos duas
classificações: os semicondutores intrínsecos e os semicondutores extrínsecos.

Os semicondutores intrínsecos são caracterizados pela estrutura de banda


eletrônica mostrada na Figura 1.11(d). São exemplos de semicondutores intrínsecos
o silício (Si) e o germânico (Ge), sendo que ambos se encontram, na tabela periódica,
no grupo IVA e se ligam por ligações covalentes.

De acordo com Callister e Rethwish (2015, p. 625), “Nos semicondutores


intrínsecos, cada elétron excitado para a banda de condução resulta na falta de
um elétron em uma das ligações covalentes” ou “há um estado eletrônico vazio na
banda de valência”.

Quando na presença de um campo elétrico, o elétron ausente move-se, na


estrutura cristalina, devido ao movimento de outros elétrons de valência que estão
preenchendo a ligação incompleta. Esse elétron ausente é o que chamamos de
buraco e é uma partícula carregada positivamente. A carga dessa partícula tem
mesmo valor numérico que a carga do elétron, porém como é positiva, apresenta
−19
sinal contrário: +1, 6 ×10 C .

Vimos, então, que existem dois tipos de portadores de carga em um semicondutor


intrínseco, os elétrons livres e os buracos.

A condutividade σ para a maioria dos materiais é expressa por:

σ = n e µe
Em que:

• n é o número de elétrons livres ou condução por unidade de volume;


• e é a magnitude absoluta da carga elétrica de um elétron (1,6 x 10-19 C);
• µe é a mobilidade eletrônica, e é uma constante de proporcionalidade que

34 Constituição e estrutura dos materiais


U1

indica a frequência dos eventos de espalhamentos. Unidade: volt-segundo (m²/Vs).

Note que para expressar a condutividade dos semicondutores intrínsecos, faz-


se necessário acrescentar a essa expressão a contribuição da corrente devido aos
buracos. Assim, escrevemos:

σ = n e µ e + p e µb
Em que:

• p é o número de buracos por m³;

• µb é a mobilidade dos buracos, sendo essa magnitude menor que do µe para


os semicondutores. Unidade: volt-segundo (m²/Vs).

Considerando-se que nos semicondutores intrínsecos, cada elétron que se


movimenta entre o espaçamento entre bandas deixa para trás um buraco na banda
de valência, podemos considerar que:
n= p= ni

Dessa forma, obtemos:

n e ( µ e + µb ) = p e ( µ e + µb )
Logo,
σ = ni e ( µe + µb )

Vamos ver um exemplo:

Exemplo 3: (Adaptada de CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 635) “Calcule a


condutividade elétrica do silício (Si) intrínseco a 150°C (423 K)”. Considere ni do Si
igual a 4 x 1019 m-3, µe = 0,06 m²/Vs e µb = 0,022 m²/Vs.

Resolução:
σ = ni e ( µe + µb )
σ = (4 ×1019 )(1, 6 ×10−19 )(0, 06 + 0, 022)
σ = 0, 52(Ω ⋅ m) −1

Aprofunde seus conhecimentos sobre materiais semicondutores intrínsecos


acessando: <https://www.youtube.com/watch?v=snLCgz7W22Y>. Acesso
em: 13 ago. 2016.

Constituição e estrutura dos materiais 35


U1

Os semicondutores comerciais, em sua maioria, são extrínsecos, em que o


comportamento elétrico é determinado pelas impurezas. Essas impurezas, mesmo
em concentração muito pequena, permitem a introdução de um excesso de elétrons
ou de buracos.

Quando consideramos uma temperatura ambiente, a energia térmica disponível


já é o suficiente para provocar a excitação de um grande número de elétrons a partir
dos estados doadores.

Nesse caso, a condutividade dos semicondutores extrínsecos (do tipo n) é dada


por:
σ ≅ n e µe
Nessa situação, consideramos os elétrons como portadores majoritários devido
à massa específica.

Há, ainda, um efeito oposto, em que o elétron e o buraco trocam de posições,


“Um buraco em movimento é considerado como estando em um estado excitado,
e participa no processo de condução de maneira análoga à de um elétron excitado,
de um doador como descrito anteriormente” (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 630).

Portanto, nesse caso, temos que a concentração de buracos é superior à de


elétrons, sendo, agora, os buracos considerados como portadores majoritários:

σ ≅ p e µe
Essa relação descreve a condutividade dos semicondutores extrínsecos (do tipo p).

Um dos processos de formação de ligas em materiais semicondutores é


denominado de dopagem e está relacionado ao que estudamos sobre
semicondutores intrínsecos e extrínsecos.

Saiba mais sobre esse processo acessando os links:


<https://www.youtube.com/watch?v=lnnpfVR0rmo>;
<https://www.youtube.com/watch?v=CzXlfE6tiUc>;
<http://www.foz.unioeste.br/~lamat/downmateriais/materiaiscap15.
pdf>. Acesso em: 13 ago. 2016.

Além disso, aprofunde seus conhecimentos sobre semicondutores


extrínsecos acessando: <https://www.youtube.com/watch?v=-
UegYHLZbWQ>. Acesso em: 13 ago. 2016.

36 Constituição e estrutura dos materiais


U1

2.4 Condução iônica

À temperatura ambiente, os polímeros e as cerâmicas são materiais isolantes, ou


seja, em temperatura ambiente, poucos elétrons podem ser excitados através do
espaçamento entre bandas pela energia térmica disponível. É isso que faz com que
esses tipos de materiais apresentem uma condutividade elétrica muito pequena.

Contudo, quando se provoca um aumento na temperatura, é possível fazer com


que os materiais isolantes apresentem, inclusive, uma condutividade elétrica maior
que alguns semicondutores.

Vamos entender esse processo.

Sabemos que tanto os cátions quanto os ânions apresentam carga elétrica.


Assim, na presença de um campo elétrico podem se movimentar. O movimento
desses íons carregados é responsável por gerar corrente elétrica.

Assim, podemos escrever a condutividade total de um material iônico como o


somatório entre as contribuições do campo elétrico e as contribuições iônicas:
σ total = σ eletrônica + σ iônica

Quanto à mobilidade µ I , podemos associá-la a cada espécie iônica:


nI eDI
µI =
kT

Em que:

• nI é a valência de um íon específico;


• DI é o coeficiente de difusão de um íon específico;
• k é uma constante;
• T é temperatura.
Logo, podemos concluir que a contribuição iônica para a condutividade total
aumenta na mesma proporção em que aumenta a temperatura, uma vez que esta é
a responsável por provocar a excitação dos íons. Contudo, mesmo em temperaturas
elevadas, existem materiais iônicos e permanecem isolantes.

2.5 Comportamento dielétrico

O material dielétrico pode ser entendido como um isolante elétrico que exibe ou
pode vir a exibir uma estrutura de dipolo elétrico.

Constituição e estrutura dos materiais 37


U1

Saiba o que é um dipolo elétrico acessando: <http://www.fotoacustica.


fis.ufba.br/daniele/FIS3/DipoloEletrico.pdf>;
<http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/
dipolos_eletricos_polarizacao.pdf>;
<http://www.ufjf.br/fisica/files/2013/10/FIII-01-05-
Dipoloel%C3%A9trico.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2016.

Os materiais dielétricos são empregados nos capacitores.

Segundo Callister e Rethwish (2015, p. 646), “Quando uma voltagem é aplicada


através de um capacitor, uma placa fica carregada positivamente, enquanto a outra
fica carregada negativamente”. Relacionada a essa quantidade de carga armazenada
a cada uma das placas Q, definimos capacitância C pela relação:

Q
C=
V

Em que V é a voltagem aplicada por meio do capacitor.

A unidade para a capacitância é o coulomb por volt (C/V) ou Farad (F).

Para um material dielétrico inserido na região entre placas, temos:


A
C =∈
l

Em que ∈ representa a permissividade desse meio dielétrico. A permissividade


relativa, chamada, também, de constante dielétrica, é dada por:

∈r =
∈0

Em que ∈0 é a permissividade no vácuo, cujo valor é 8, 85 ×10−12 .

O que é vácuo? Ou seja, que característica apresenta um


determinado ambiente para que possamos considerá-lo
como vácuo?

38 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Vamos ver um exemplo:

Exemplo 4: Considere um capacitor de placas paralelas com uma área de 6,45


x 10-4 m² (1 in²) e uma separação entre placas de 2 x 10-3 m (0.08 in) através do qual
é aplicado um potencial de 10 V. Se um material com uma constante dielétrica de
6,0 for colocado na região entre as placas, calcule (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p.
650):

a) A capacitância.

b) A magnitude da carga armazenada em cada placa.

Resolução:

(a) Antes de calcular a capacitância, precisamos determinar a permissividade do


meio dielétrico: ∈
∈r =
∈0

6, 0 =
8, 85 ×10−12
∈= 5, 31× 10−11 F / m
Assim, a capacitância será igual a:

A
C =∈
l
(6, 45 ×10−4 )
C = (5, 31×10−11 )
(2 ×10−3 )
C = (5, 31×10−11 )(0, 3225)
C = 1, 71× 10−11 F

Segundo Callister e Rethwish (2015), dentro dos estudos de


comportamento dielétrico, é fundamental compreender os tipos de
polarização. A polarização é o alinhamento de momentos de dipolos
moleculares e atômicos, induzidos ou permanentes, considerando
a aplicação de um campo elétrico externo. Cada material dielétrico
geralmente exibe um desses tipos de polarização: eletrônica, iônica ou
de orientação.
Conheça cada um deles acessando os links a seguir. Disponíveis em:

Constituição e estrutura dos materiais 39


U1

<http://www.labspot.ufsc.br/~jackie/cap4_new.pdf>;
<http://www.foz.unioeste.br/~lamat/downmateriais/materiaiscap18.
pdf>. Acesso em: 13 ago. 2016.

2.6 Propriedades térmicas

As propriedades térmicas de um material estão diretamente relacionadas ao


comportamento desse material quando submetido à aplicação de calor.

Tal como você já deve ter estudado em Física, quando o material é submetido
a uma elevação de temperatura, a energia em forma de calor pode ser absorvida,
apresentando um aumento de temperatura e de suas dimensões (dilatação térmica).

Para a utilização prática dos sólidos, é fundamental que o engenheiro conheça


as principais propriedades térmicas dos materiais, entre elas a capacidade calorífica,
a dilatação térmica e a condutividade térmica.

Vamos adentrar nesse estudo começando pelo conceito de capacidade


calorífica.

A capacidade calorífica (C) é um valor específico de cada material e indica


a habilidade, ou seja, a capacidade que esse material possui de absorver de sua
vizinhança. Tal capacidade está relacionada à quantidade de energia que esse
material precisa produzir para aumentar em uma unidade a sua temperatura. Assim,
matematicamente, podemos escrever essa relação como:
dQ
C=
dT

Em que, dQ é a quantidade de energia necessária [dada em Joule (J) ou calorias


(cal)] para que haja uma variação dT na temperatura.

A unidade para a capacidade calorífica é especificada por mol do material (J/


mol.K ou cal/mol.K).

Além disso, em algumas situações, considera-se um outro valor que é específico


para cada material: o calor específico (c). Esse valor indica a capacidade calorífica do
material por unidade de massa.

Na tabela a seguir você pode verificar o valor do calor específico de algumas


substâncias ou materiais:

40 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Tabela 1.2 | Calor específico de algumas substâncias ou materiais

Calor específico Calor específico


Substância ou material Substância ou material
(cal/g°C) (cal/g°C)
Água 1,0 Oxigênio 0,22
Alumínio 0,22 Rocha 0,21
Carbono 0,12 Ar 0,24
Gelo 0,5 Álcool 0,6
Cobre 0,0091 Chumbo 0,031
Hidrogênio 4,3 Ferro 0,11
Madeira 0,42 Ouro 0,032
Vidro 0,16 Prata 0,056
Fonte: elaborada pela autora.

A dilatação térmica, você já estudou em Física: quando um material é aquecido,


em geral, ele tende a expandir suas dimensões e, de maneira contrária, quando
submetido a baixas temperaturas, ele tende a se contrair.

Esse processo de dilatação ou de contração ocorre de modo diretamente


proporcional ao seu comprimento inicial (ou área, ou volume) e à variação de
temperatura a qual foi submetido. Além disso, depende, também de modo
diretamente proporcional, ao tipo de material:
∆l = l0α l ∆T

Em que o delta (∆) indica variação, l e l0 são, respectivamente, comprimento


final e inicial e α l é o coeficiente linear de dilatação térmica (que varia de acordo
com o material), cuja unidade é (°C)-1.

A figura a seguir ilustra cada um desses parâmetros:

Figura 1.12 | Dilatação térmica linear

Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgEgoAJ/8-relatorio-dilatacao-termica-9-2>. Acesso em: 13 ago. 2016.

Essa mesma expressão pode ser entendida para os casos de dilatação superficial
e volumétrica, em que ao invés de considerar l e l0 , consideramos A e A0 (área
final e área inicial) e V e V0 (volume final e inicial), respectivamente.

Constituição e estrutura dos materiais 41


U1

Na tabela a seguir, você pode entender a variação entre os coeficientes lineares


de dilatação entre os diferentes tipos de materiais que estudamos:

Tabela 1.3 | Variação do coeficiente de dilatação linear para diferentes tipos de materiais

Tipo de Material Variação em (°C)-1


Metal 5 x 10-6 e 25 x 10-6
Cerâmica 0,5 x 10-6 e 15 x 10-6
Polímero 50 x 10-6 e 400 x 10-6

Fonte: elaborada pela autora.

Considerando os coeficientes de dilatação linear para os


diferentes tipos de materiais, reflita: por que um anel de
latão, na tampa de uma jarra de vidro, afrouxará quando o
conjunto for aquecido?

A condutividade térmica corresponde ao fenômeno por meio do qual observamos


o transporte de calor (forma de energia) ocorrendo no sentido de regiões de maior
temperatura para regiões de menor temperatura. Matematicamente, temos:
dT
q = −k
dx

Em que q representa o fluxo de calor em trânsito por unidade de tempo e


dT
unidade de área, k é a condutividade térmica e é o gradiente de temperatura
dx
através do meio de condução. As unidades para q e k são, respectivamente, W/
m² e W/m.K.

Vale destacar que essa expressão só é válida para as situações em que a


temperatura não varia com o tempo, ou seja, quando o processo de transmissão de
calor ocorre em regime estacionário.

A condução de calor pode ocorrer segundo dois mecanismos: por meio


das ondas de vibração da rede (fônons) ou por meio de elétrons livres. Assim, a
condutividade total é dada por:
k = k r + ke

42 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Nos metais, verificamos o predomínio do mecanismo eletrônico (elétrons livres)


no transporte de calor. Isso porque esse processo nos metais é o mais eficiente, uma
vez que os elétrons livres apresentam maior velocidade que os fônons.

Uma característica dos metais é que, além de bons condutores de eletricidade,


também são bons condutores térmicos, sendo essa característica atribuída ao
elevado número de elétrons livres que participam desse processo de condução. Os
valores de condutividade térmica para os metais variam entre 20W/mK e 400W/mK.

É importante observar que no caso de ligas metálicas existe uma queda no valor
da condutividade térmica porque os átomos de impurezas que são adicionados
atuam como centro de espalhamento, o que reduz a eficiência do movimento
dos elétrons. Pelo mesmo motivo, as ligas metálicas apresentam uma queda na
condutividade elétrica.

Nos materiais não metálicos, os quais são isolantes térmicos, verificamos


predominância dos fônos na condutividade térmica, uma vez que os materiais não
metálicos apresentam uma quantidade reduzida de elétrons livres. Isso se observa,
portanto, tanto para as cerâmicas, quanto para os polímeros.

Além das propriedades térmicas da capacidade calorífica, da dilatação térmica e


da condutividade térmica, outra propriedade que vale pena conhecer é de tensão
térmica.

Segundo Callister e Rethwish (2015, p. 675), as “Tensões térmicas são tensões


induzidas em um corpo como resultados de variações na temperatura”. Conhecer
a natureza dessas tensões é essencial para o engenheiro, pois esse conhecimento
auxilia a evitar ou, no mínimo, minimizar, efeito de fraturas e deformação indesejáveis.

Uma das fontes de tensões térmicas é a restrição à dilatação (ou à contração)


térmica de um corpo. Nessa situação, é possível determinar a magnitude da tensão
pela seguinte relação:
σ = Eα l (T0 − T f ) = Eα l ∆T

Em que E é o módulo de elasticidade.


Outra fonte de tensão térmica é a resultante de um aquecimento ou resfriamento
rápido de um corpo de um material, ou seja, é resultante de gradientes de
temperatura entre as regiões externa e interna do corpo.

Por fim, outra fonte que podemos citar são os choques térmicos de materiais
frágeis que estão relacionados às fraturas de um corpo devido a tensões térmicas
induzidas por variações de temperatura que ocorrem com rapidez.

Constituição e estrutura dos materiais 43


U1

1. (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 628) Para o arseneto


de gálio intrínseco, a condutividade elétrica à temperatura
ambiente é de σ = 10−6 (Ω ⋅ m) −1 ; as mobilidades dos elétrons
e dos buracos são, respectivamente, de 0,85 m²/Vs e 0,04
m²/Vs. Calcule a concentração de portadores intrínsecos ni à
temperatura ambiente.
a) 3,0 x 1012 m-3.
b) 4,0 x 1012 m-3.
c) 5,0 x 1012 m-3.
d) 6,0 x 1012 m-3.
e) 7,0 x 1012 m-3.

2. (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 676) Uma barra de latão deve


ser usada em uma aplicação que requer que suas extremidades
sejam mantidas rígidas. Se à temperatura ambiente (20°C) a
barra está livre de tensões, qual é a temperatura máxima até a
qual ela pode ser aquecida sem que uma tensão de compressão
de 172 Mpa seja excedida? Assuma um módulo de elasticidade
de 100 x 10³ MPa para o latão. (Considere o coeficiente linear
de expansão térmica do latão igual a 20 x 10-6 (°C)-1).
a) 98°C.
b) 100°C.
c) 106°C.
d) 118°C.
e) 121°C.

Nesta unidade, você aprendeu:


• As diferentes classificações das propriedades dos materiais.

44 Constituição e estrutura dos materiais


U1

• As diferentes classificações dos principais materiais sólidos,


diferenciando-os pelas características químicas.
• Os conceitos relacionados à estrutura cristalina de materiais, tais
como, desenho das células, célula unitária, raio atômico etc.
• As quatro estruturas possíveis das bandas eletrônicas para os
materiais sólidos.
• Como ocorre e em que influenciam os eventos de excitação
eletrônica que produzem elétrons livres e buracos nos condutores,
semicondutores e isolantes.
• A calcular a condutividade elétrica de condutores, semicondutores
e isolantes.
• A distinguir materiais semicondutores intrínsecos e extrínsecos.
• A calcular capacitância e a definir a constante dielétrica.
• A definir capacidade calorífica e calor específico.
• Quais são os mecanismos principais pelo qual se dá o processo
de energia térmica.
• A definir e calcular o conceito de dilatação térmica.
• A definir condutividade térmica.
• Quais os mecanismos principais de condução de calor nos
sólidos.

Espera-se que ao final desse estudo você compreenda que


a estrutura e as propriedades químicas dos materiais estão
diretamente relacionadas as suas principais características e
propriedades, dentre as quais destacamos as elétricas e térmicas,
envolvendo fatores, tais como, condutividade e resistividade
elétrica e condutividade térmica.
Vale destacar que para que a aprendizagem nessa disciplina de
fato ocorra, é muito importante que você faça uma leitura atenta
do material, resolva novamente os exemplos apresentados,
acesse os links indicados, resolva as atividades de aprendizagem
e também, se possível, faça pesquisa em bibliotecas e estude os
materiais que compõem a bibliografia dessa unidade.

Constituição e estrutura dos materiais 45


U1

Além disso tudo, é muito importante que você realize um estudo


regular dessa disciplina e acesse o fórum, pois será por meio dele
que você poderá sanar suas dúvidas.

Bons estudos!

1. (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 72) O raio do atômico


do alumínio é de 0,143 nm. A partir dessa informação, é
correto afirmar que o volume da célula unitária do alumínio,
em metros cúbicos, é igual a:
a) 6,00 x 10-25 m³.
b) 6,00 x 10-28 m³.
c) 6,62 x 10-25 m³.
d) 6,62 x 10-29 m³.
e) 6,71 x 10-29 m³.

2. (VAN VLACK, 1970, p. 76) Alguns dos metais que possuem


estrutura cristalina cúbica de faces centradas (CFC) são
o cobre, alumínio, prata e ouro. Quando conhecemos o
raio atômico de um elemento dessa estrutura, é possível
determinar o comprimento do lado dessa célula unitária,
bem como o seu volume. Sabendo que a prata é CFC e seu
raio atômico é 0,1444 nm, qual o comprimento do lado de
sua célula unitária?
a) 0,4084 nm.
b) 0,4506 nm.
c) 0,4690 nm.
d) 0,4708 nm.
e) 0,4089 nm .

46 Constituição e estrutura dos materiais


U1

3. Os materiais foram agrupados, de acordo com suas


características, em três categorias: metais, cerâmicas e
polímeros. Porém, além dessas categorias, podemos citar
a dos compósitos e dos semicondutores. Considerando
as características principais dessas cinco categorias, faça a
relação correta:
1 – Metais.
2 – Cerâmicas.
3 – Polímeros.
4 – Compósitos.
5 – Semicondutores.

(__) Facilmente moldados, baixa densidade, isolantes.


(__) Resistentes, dúcteis, bons condutores térmicos/
elétricos.
(__) Combinação de materiais de diferentes categorias, alta
resistência específica.
(__) Condutividade depende da dopagem, podem emitir
luz, não têm aplicação estrutural.
(__) Relativamente rígidos e resistentes, susceptíveis a
fraturas, isolantes.
Assinale a alternativa que apresenta a correspondência
correta:
a) 1, 3, 4, 2, 5.
b) 3, 5, 1, 2, 4.
c) 3, 1, 4, 5, 2.
d) 2, 4, 3, 5, 1.
e) 2, 3, 5, 1, 4.

4. Sabe-se que qualquer quantidade de chumbo sólido, o


qual exibe uma estrutura CFC, é constituída por pequenas
células unitárias com arestas medindo 0,495 x 10-9 m,
calcule o número de células unitárias existentes em 1 cm³
(1 x 10-6 m³) de chumbo.

Constituição e estrutura dos materiais 47


U1

a) 8,2 x 1012 células.


b) 8,2 x 1015 células.
c) 8,2 x 1018 células.
d) 8,2 x 1021 células.
e) 8,2 x 1026 células.

5. (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 635) Considerando a


condutividade elétrica à temperatura ambiente para o silício
extrínseco, considere a situação em que átomos de arsênio,
na proporção de 1023 m-3 são adicionados ao silício de alta
pureza. Sabendo-se que o material é do tipo n, calcule
a condutividade elétrica desse material à temperatura
ambiente, em que µe =0,07 m²/Vs.
−1
a) 1120 (Ω ⋅ m) .
b) 1210 (Ω ⋅ m) −1 .
−1
c) 1280 (Ω ⋅ m) .
d) 1320 (Ω ⋅ m) −1 .
−1
e) 1380 (Ω ⋅ m) .

48 Constituição e estrutura dos materiais


U1

Referências

CALLISTER, William D.; RETHWISH, David G. Ciência e engenharia de materiais: uma


introdução. Tradução de: Sergio Murilo Stamile Soares. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
ROLIM, Jacqueline Gisèle. Materiais elétricos. Santa Catarina: Universidade Federal
de Santa Catarina, 2002. 108 f. Disponível em: <http://professorpetry.com.br/Ensino/
Repositorio/Docencia_UFSC/Materiais_EEL_7051/Apostila_Materiais.pdf>. Acesso
em: 12 ago. 2016.
SCHMIDT, Valfredo. Materiais elétricos. São Paulo: Edgard Blücher, 1979.
VAN VLACK, Lawrence Hall. Princípios de ciência dos materiais. Tradução: Luiz Paulo
Camargo Ferrão. São Paulo: Edgard Blücher, 1970.

Constituição e estrutura dos materiais 49


Unidade 2

Materiais condutores,
semicondutores e isolantes

Keila Tatiana Boni

Objetivos de aprendizagem:

Com essa unidade, objetiva-se aprofundar o estudo sobre propriedades


elétricas de materiais sólidos, destacando as principais propriedades e
características de materiais condutores, isolantes e semicondutores,
destacando, nesse estudo, algumas das características a serem observadas nas
composições de ligas metálicas e a relevância de materiais semicondutores
em diversas situações.

Seção 1 | Propriedades dos materiais condutores e isolantes


Na primeira seção dessa unidade, objetivamos proporcionar maior
aprofundamento sobre propriedades e características específicas de
materiais, sobretudo dos condutores: os metais e as ligas metálicas.

Seção 2 | Propriedades dos materiais semicondutores


Na segunda seção dessa unidade, destacamos a importância dos
materiais semicondutores, bem como apresentamos suas principais
propriedades e características.
U2

52 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Introdução à unidade

Na primeira unidade desse material, você já teve uma prévia sobre o estudo de
diferentes tipos de materiais, em que destacamos a forma estrutural atômica (ou
molecular) e como essa forma estrutural influencia na condutividade e resistividade
elétrica e térmica de cada material.

Diferenças como essas nos permitem classificar os materiais de três maneiras:


condutores, isolantes e semicondutores.

Nessa segunda unidade, você conhecerá em maior profundidade algumas


das ideias principais relacionadas a essas características de resistividade e
condutividade, sobretudo, elétrica. Tais conhecimentos auxiliarão você, futuro
engenheiro, a refletir sobre matérias-primas diversas, decidindo sobre que material
é mais adequado para determinada situação e que tipo de substituições realizar
entre materiais de modo mais adequado.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 53


U2

54 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Seção 1

Propriedades dos materiais condutores e isolantes

Introdução à seção
Tal como você já estudou na primeira unidade desse material, os materiais
sólidos são agrupados, em geral, em três categorias: metais, cerâmicas e polímeros.
Essa classificação é realizada com base na estrutura atômica e nas propriedades
químicas de cada material, o que lhe conferem suas propriedades específicas.
Essas propriedades podem ser de ordem mecânica, elétrica, térmica, magnética,
óptica e de deterioração. Em nosso estudo, nosso enfoque principal tem sido
nas propriedades elétricas e, em alguns casos, nas propriedades térmicas, porém,
considerando estas relacionadas às elétricas.

De maneira mais específica, podemos considerar que, de acordo com suas


características estruturais e químicas, um material sólido pode ser, quanto a suas
propriedades elétricas, classificado como condutor, isolante ou semicondutor. Nessa
seção, destacaremos as propriedades fundamentais dos materiais condutores que,
em geral, são os metais, e dos materiais isolantes, tais como borracha, vidro, silicone,
papel madeira e cerâmica. Tal apresentação já teve início na primeira unidade desse
material, porém, nesse momento, você aprofundará seus conhecimentos sobre as
propriedades desses tipos de materiais, conhecendo novos conceitos essenciais
relacionados às propriedades dos materiais condutores e isolantes.

1.1 Propriedades dos metais


Nesse estudo sobre propriedades dos materiais condutores e isolantes,
iniciaremos pelos condutores que, em geral, são os metais.

Na primeira unidade, você já conheceu, de maneira geral, algumas características


principais dos metais que nos levam a considerá-los como condutores. Contudo,
para darmos sequência ao estudo, em diversos momentos, será necessário fazer
uma breve retomada dessas características principais.

Primeiramente, vimos que os materiais que são utilizados em eletricidade podem


ser classificados como elétricos ou magnéticos e que, na prática, tais classificações

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 55


U2

não são tão precisas quanto na teoria. Isso significa dizer que nem condutores e
nem isolantes são totalmente satisfatórios.

Assim, precisamos interpretar que essa classificação que realizamos, sobretudo,


a classificação sobre condutores e isolantes, é possibilitada a partir da comparação
que realizamos entre materiais, de acordo com seus comportamentos relativos e
características predominantes em situações específicas.

Para simplificar esse processo, convencionou-se a consideração da resistividade


transversal do material para realizar sua classificação do ponto de vista elétrico.
Assim, de acordo com o valor de resistividade transversal, apresentado por Schmidt
(1979, p. 20), podemos classificar os materiais como:

“A) Condutores: quando temos resistividade transversal da ordem de 10-6 a 10Ω


mm²/m.

B) Semicondutores: quando temos resistividade transversal da ordem de 10 a 1012


mm²/m.

C) Isolantes: quando temos resistividade transversal da ordem de 1012 a


10 mm²/m”.
24

Os valores apresentados de resistividade transversal para


os materiais condutores, semicondutores e isolantes
correspondem ao comportamento do material quanto a sua
condutividade diante de corrente elétrica. Esses valores têm
alguma relação com a diferença estrutural entre os materiais?
Em caso afirmativo, qual é a relação?

Como você já sabe, os metais são bons condutores elétricos, mas não são
apenas materiais sólidos que apresentam boa condutividade elétrica, é possível notar
esse fenômeno em líquidos e, dependendo de alguns casos, também em gasosos.
Um bom exemplo que condutor líquido é o mercúrio, que também é um metal,
mas que em condições normais, ou seja, em temperatura ambiente, encontra-se no
estado líquido. No estado gasoso, podemos considerar como exemplo a abertura
instantânea de circuitos elétricos (SCHMIDT, 1979).

Afinal, que característica apresenta um material para que possamos considerá-lo


como condutor?

56 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Vamos pensar em sua estrutura e em algumas ideias físicas: a corrente elétrica


tem origem com o deslocamento de cargas (elétrons ou íons). Essas cargas são de
polaridade própria e seus movimentos são excitados por fatores externos, dentre os
quais podemos citar a energia elétrica, que provoca uma diferença de potencial, a
térmica e a magnética, dentre outras. Essas energias externas provocam, nas partículas
carregadas, um aumento em seus níveis de energia, fazendo com estas se afastem cada
vez mais do núcleo.

Assim, podemos entender corrente elétrica como sendo um fluxo ordenado


de partículas carregadas (elétrons ou íons). Em outras palavras, a corrente elétrica
corresponde ao deslocamento de cargas que ocorrem dentro de um condutor, o que
acontece quando submetido a uma diferença de potencial elétrico ou à aplicação de
outro tipo de energia.

Saiba mais sobre corrente elétrica acessando os links indicados a seguir:


<https://www.mundodaeletrica.com.br/o-que-e-corrente-eletrica/>;
<http://www.efeitojoule.com/2008/04/corrente-eletrica.html>. Acesso
em: 24 ago. 2016.

E como ocorre esse movimento das partículas em um material condutor?

As partículas livres carregadas encontram-se naturalmente em movimento


aleatório e desordenado. Quando submetemos o material à aplicação de uma
energia externa (térmica, elétrica, magnética etc.), estabelecemos um campo
elétrico na região das partículas carregadas. Assim, verifica-se que esse campo
elétrico provocará um movimento ordenado das partículas. É essa situação que
temos ilustrada na figura a seguir:

Figura 2.1 | A movimentação de partículas e a corrente elétrica

Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABKuUAB/apostila-eletricidade-predial?part=5>. Acesso em: 24 ago. 2016.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 57


U2

Na Figura 2.1 observamos, na primeira imagem, os elétrons livres se movimentando


no interior de um material sólido. Na segunda imagem, na mesma, verificamos que
quando diante da aplicação de uma energia externa, há a formação de um campo
elétrico na região dos elétrons livres, obrigando-os a realizarem um movimento
ordenado no interior do material sólido. É esse movimento ordenado que forma a
corrente elétrica.

Ainda na Figura 2.1, note que na primeira imagem menciona-se “sem ddp” e, na
segunda, “com ddp”. Essa sigla corresponde à diferença de potencial elétrico, que é
provocada a partir da aplicação de energia externa ao material sólido.

Nessa situação, quando ocorre o movimento das partículas carregadas, estas se


distanciam do núcleo do átomo e é a força de atração entre o núcleo atômico e as
partículas que estão diretamente relacionada à intensidade de corrente elétrica. Nesse
caso, quanto menor a atração entre o núcleo do átomo e as partículas carregadas,
maior a capacidade do material sólido em permitir o fluxo de corrente elétrica.

A partir dessa constatação, acreditamos que você já entendeu porque os metais


são considerados bons condutores, afinal, de acordo com a estrutura desses tipos de
materiais, conforme você já estudou na primeira unidade desse material, os elétrons
da última camada da eletrosfera, ou seja, os elétrons de valência, encontram-se
fragilmente ligados ao núcleo do átomo e, assim, diante de um campo elétrico,
são capazes de se movimentarem com facilidade e, portanto, capazes de permitir
um fluxo maior de corrente elétrica. Em outras palavras, podemos entender que os
metais são bons condutores porque possuem muitos elétrons livres.

Além disso, devido a essa mesma característica é que podemos afirmar que os
bons condutores são, ao mesmo tempo, materiais com baixa resistência elétrica.

Sobre a estrutura dos metais sólidos, já sabemos que são considerados como
cristalinos, sendo estruturados por átomos dispostos regularmente. Essa disposição
pode ser no formato de um cubo de elemento central, do um cubo de face central
ou de um hexágono fechado.

Figura 2.2 | Principais estruturas dos sólidos cristalinos

Fonte: <http://pt.slideshare.net/thiagotoscanoferrari/5-estrutura-cristalina>. Acesso em: 24 ago. 2016.

58 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Que outras características os metais sólidos apresentam que nos


permitem classificá-los em alcalinos, nobres, bivalentes e de transição?

Em suma, recordando um pouco o que você já estudou na primeira unidade, não


apenas os materiais metálicos, de estrutura sólida cristalina, apresentam propriedades
que dependem da sua disposição atômica, mas outros tipos de materiais sólidos
também apresentam essa dependência. E essa estrutura é responsável por nos
permitir considerar os metais como bons condutores.

Assim, tal como você já se iniciou nessa abordagem, os materiais condutores têm
como características principais as suas propriedades elétricas e térmicas. Sobre esses
conceitos, já apresentamos a ideia de corrente, de condutividade e de resistividade elétrica
e condutividade térmica. Agora, vamos explorar um pouco mais sobre as ligas metálicas.

Quando se realiza a liga de dois metais há um aumento de resistividade. Isso


significa dizer que quando associamos dois ou mais elementos metálicos, o que
compõe o que denominamos de liga metálica, consideramos que cada um desses
elementos apresenta valores específicos de resistividade e, geralmente, após a
formação da liga, percebemos que ela apresenta um valor de resistividade superior
ao de seus componentes. Esse fenômeno também está relacionado à estrutura
atômica da liga, pois na formação da liga metálica, provocamos alterações na
estrutura cristalina de seus componentes, e, consequentemente, irregularidades
nessa estrutura que dificultam a passagem dos elétrons. Além disso, outro fator que
influencia na resistividade é a temperatura, variações de temperatura provocadas em
ligas metálicas também provocam o aumento de resistividade.

Na figura a seguir, você pode observar a variação da resistividade de algumas ligas


metálicas devido à temperatura.
Figura 2.3 | Variação da resistividade elétrica com a temperatura para algumas ligas
metálicas distintas

Fonte: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-92242011000100003>. Acesso em: 25 ago. 2016.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 59


U2

Na Figura 2.3 são apresentadas algumas ligas metálicas, apresentando diferentes


variações de resistividade. Essas variações apresentadas estão ocorrendo devido à
temperatura. É, sobretudo, no ponto de fusão que evidenciamos as variações mais
bruscas na resistividade na maioria das ligas metálicas. É o que observamos, por
exemplo, na Figura 2.3, o comportamento da resistividade para o aço carbono 1020
a 1600°C.

Outro fator que influencia na resistividade de ligas metálicas é a ação de forças


mecânicas que provocam deformações cristalinas nos materiais.

Sobre a condutividade térmica também temos algumas características nas ligas


metálicas que podem ser observadas. Sabemos que é por meio do condutor que
ocorre a circulação e, por isso, é pelo condutor que percebemos as perdas de
energia. Tais perdas são inevitáveis e, geralmente, ocorrem na forma de calor que é
liberado para o meio externo, sendo essa liberação necessária para evitar alterações
consideráveis no material.

Na unidade anterior, você já estudou a condutividade térmica, agora, vamos


entender um pouco sobre resistividade térmica dos metais e ligas metálicas.

Para evitar que equipamentos compostos por metais sofram danos quando
submetidos a temperaturas elevadas, faz-se necessário conhecer as características
de resistividade térmica de cada metal, para melhor selecionar que material utilizar
na construção desse equipamento.

Matematicamente, a resistência térmica é dada pela equação (Segunda Lei de


Ohm):
h
RT = ρT ⋅
A
Em que:

• RT é a resistência térmica total;

• ρT é a resistência térmica específica, dada, em geral, por 1/Ω cm;

• A é a área da seção transversal do condutor;

• h é a unidade linear.

Para materiais puros, temos para a resistência térmica específica ρT valores baixos,
enquanto que para as ligas metálicas esse valor é relativamente mais alto.

Os valores para a resistência térmica específica ρT de metais puros podem ser


observados no quadro a seguir:

60 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Quadro 2.1 | Resistência térmica específica de materiais condutores

Material Resistividade térmica ρT(1/Ω cm)


Cobre 0,24
Alumínio 0,40
Zinco 0,90
Estanho 1,55
Chumbo 3,00

Fonte: Schmidt (1979, p. 31).

Veja um exemplo:

Exemplo 1: (LIMA, 2013) Sabendo que a resistência de um chuveiro elétrico é


feita de um fio enrolado de níquel, calcule o comprimento do fio do resistor desse
chuveiro, cuja resistência vale 7,8Ω.

Dados: Área da seção transversal do fio = 1 . 10-6m2

Resistividade do níquel = 7,8 . 10-8Ω.m

Resolução:

Aplicando a fórmula da segunda Lei de Ohm, temos:


h
RT = ρT ⋅
A
h
7, 8 = 7, 8 ⋅10−8 ⋅
1 ⋅10−6
7, 8 = 0, 078 ⋅ h
7, 8
=h
0, 078
h = 100m

Logo, o fio do resistor desse chuveiro mede 100 metros.

Aprenda mais sobre a segunda Lei de Ohm acessando:


<https://www.youtube.com/watch?v=eAkXQxqfISg>;
<https://www.youtube.com/watch?v=1Xm2KcxmScg>;
<https://www.youtube.com/watch?v=kh5QtTuwz24>. Acesso em: 25
ago. 2016.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 61


U2

Ainda sobre ligas metálicas, quando há o contato entre dois metais distintos, cria-
se uma diferença de potencial (ddp) entre as superfícies de ambos. Isso acontece
devido às diferenças entre as nuvens de elétrons de cada um desses materiais, o que
ocasiona diferenças na pressão interna.

Vamos considerar a diferença de tensão entre dois metais designados


genericamente por A e B. O valor dessa tensão varia em uma ordem de milivolts
(mV) até alguns volts, dependendo dos metais que estarão em contato. Vale destacar
que ao considerarmos um circuito fechado, envolvendo dois metais, a soma do
potencial de contato resultará em zero, isso se considerarmos ambos os metais com
a mesma temperatura.

Agora, quando as temperaturas são diferentes (T1 e T2), teremos:


U = U AB + U BA

K K T1l η0 A KT η
U = UB −U A + ln + U A + U B + 2 ln 0 B
e η0 B e η0 A

ou

K η
U= (T1 − T2 ) ln 0 A
e η0 B
U = A(T1 − T2 )

Em que:

• K = constante de Boltzmann (1 38064852 × 10−23 m 2 kg s −2 K −1 );

• T = temperatura em graus absolutos (Kelvin);

• e = carga de um elétron;

• η0 =número de elétrons livres por unidade de volume do material;

• A = área da seção transversal do condutor.

O quadro a seguir apresenta alguns valores de potencial elétrico de alguns metais


a 20°C:

62 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Quadro 2.2 | Valores de potencial elétrico de alguns metais a 20°C

Condutor símbolo Potencial elétrico


Alumínio ( Al ) -1,33V
Zinco ( Zn ) -0,76V
Cromo ( Cr ) -0,51V
Ferro ( Fe ) -0,44
Níquel ( Ni ) -0,23
Estanho ( Sn ) -0,16
Hidrogênio (H) 0,00V
Cobre ( Cu ) 0,34V
Prata ( Ag ) 0,79V
Ouro ( Au ) 1,36V
Platina ( Pt ) 1,6V

Fonte: <http://www.getulio.eng.br/meusalunos/materiais/coeficiente_de_temperatura.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2016.

Note que a expressão dada é muito próxima daquela estudada na primeira unidade,
segunda seção, para determinação de tensão térmica criada por aquecimento, em
que você pode conhecer um exemplo e realizar algumas atividades.

Quais as diferenças e similaridades entre o que você acabou


de conhecer sobre tensão de contato entre dois metais e o
que você estudou no final de primeira unidade, sobre tensão
térmica criada por aquecimento?

Para alguns materiais, faz-se necessário determinar a concentração, o tipo e a


mobilidade do portador de cargas principal, o que não é possível de ser obtido a
partir da medição da condutividade elétrica. Nessa situação, é preciso realizar um
experimento que permita analisar o chamado efeito Hall.

Tal fenômeno consiste em, a partir de um condutor, por meio do qual circula
uma corrente, aplicar do seu lado de maior comprimento um campo magnético
uniforme. Assim, provoca-se o deslocamento de elétrons em direção perpendicular
ao campo magnético.

Dessa forma, provocamos a ação de uma força entre o campo magnético e os


elétrons e essa força resultante fará com que os elétrons sejam comprimidos sobre a
face maior do condutor. Tal compressão engendra uma diferença de potencial (ddp)
e um campo elétrico.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 63


U2

Acessando o link indicado, você verá um vídeo que ilustra e explica o


fenômeno designado como efeito Hall.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bHo6_jltfc8>.
Acesso em: 25 ago. 2016.

Observe a figura a seguir:

Figura 2.4 | Demonstração esquemática do efeito Hall

Fonte: <http://mtc-m21b.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m21b/2015/02.12.13.42/doc/publicacao.pdf>. Acesso em: 26 ago.


2016.

Na Figura 2.4, você pode observar que os portadores de carga principais são os
elétrons e que estes se acumulam do lado esquerdo da barra (IBACH; LÜTH, 2009).
Ainda, nessa mesma figura, note que temos um esquema de uma barra metálica
que, em resposta a um campo elétrico, os elétrons se deslocam na direção x, o que
provoca o surgimento da corrente Ix. Na direção z, visualizamos a aplicação de um
campo magnético, cuja força resultante dessa aplicação e que age sobre os elétrons
majoritários, faz com que estes se desloquem na direção y, no sentido da esquerda.

O acúmulo de cargas em um dos lados do condutor faz surgir uma diferença de


potencial transversal designada de voltagem de Hall (VH). De acordo com Callister e
Rethwisch (2015, p. 637), essa voltagem “será estabelecida na direção y. A magnitude
de VH dependerá de Ix, Bz e da espessura da amostra d”. Logo, temos:

RH I x Bz
VH =
d

Em que:

• RH é o coeficiente de Hall, que é uma constante com valor específico para cada
material;

64 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

• Ix é a corrente originada;

• Bz é o campo magnético aplicado na direção z;

• d é a espessura da amostra.

Para determinar o RH para os metais, utilizamos:


1
RH =
ne

Em que, n é o número de elétrons livres ou de condução por unidade de volume e


e é a magnitude da carga do elétron, o qual é considerado em módulo porque, para
os metais, como a condução ocorre a partir de elétrons, o valor de RH é negativo.

Quanto à mobilidade do elétron ( µe), podemos determiná-la de duas maneiras,


sendo que para ambos os casos se faz necessário determinar a condutividade ( σ ) do
material:
σ
µe =
ne
ou

µe = RH σ

O exemplo a seguir ajudará você a compreender melhor essas expressões, bem


como suas interpretações.

Exemplo 2: (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 638) A condutividade elétrica e a


mobilidade dos elétrons para o alumínio são de 3, 8 ⋅107 (Ω ⋅ m) −1 e 0,0012 m²/V.s,
respectivamente. Calcule a voltagem de Hall para uma amostra de alumínio com 15
mm de espessura para uma corrente de 25A e um campo magnético de 0,6 tesla
(imposto em uma direção perpendicular à corrente).

Resolução:

Para que possamos determinar a voltagem de Hall (VH) precisamos, primeiro,


determinar o coeficiente de Hall (RH):
µe = RH σ

0, 0012 = RH ⋅ (−3, 8 ⋅107 )


0, 0012
RH =
−3, 8 ⋅107

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 65


U2

RH = −3,16 ⋅10−11V ⋅ m / A ⋅ tesla

Agora que já determinamos o valor do coeficiente de Hall para a situação dada,


vamos determinar o que a questão pede, ou seja, a voltagem de Hall:
RH I x Bz
VH =
d
−3,16 ⋅10−11 ⋅ 25 ⋅ 0, 6
VH =
15 ⋅10−3

−4, 74 ⋅10−10
VH =
15 ⋅10−3

VH = −3,16 ⋅10−8V

1.2 Materiais de condutividade elétrica elevada


Até agora, você estudou os metais que são ótimos condutores de corrente
elétrica, isso porque na estrutura deles verificamos que os elétrons estão fracamente
atraídos pelo núcleo. Você sabia que eles ainda podem ser classificados como
materiais de condutividade elevada ou como materiais de resistividade elevada?

Na primeira classificação contemplamos os materiais que apresentam a menor


perda possível enquanto a corrente elétrica circula pelo condutor. Essa é uma
característica dos elementos de ligação. Já na segunda classificação, consideramos
os elementos utilizados para transformar energia elétrica em térmica e, por isso,
durante a circulação da corrente no condutor esses elementos apresentam muita
perda.

Quanto aos materiais de elevada condutividade elétrica, podemos citar como


exemplo os metais nobres, como o cobre, a prata, o ouro e a platina e suas ligas,
inclusive, com outros metais não nobres.

Vale destacar que nem sempre o material de maior condutividade elétrica deve
ser o escolhido para uma dada situação. Isso porque cada material apresenta diversas
propriedades além de elétrica e térmica, tais como, luminosa, mecânica, magnética
etc., e, diante de certa situação, deve-se ter bem claro que, todas as propriedades
sofrem efeitos. Assim, para cada situação o material deve ser escolhido segundo
cada um dos efeitos sofridos por cada propriedade, tendo em vista escolher aquele
que acarretará menores consequências indesejáveis.

Na eletrotécnica e na eletrônica, em geral, os mais utilizados são os materiais


classificados como ligas metálicas, além do cobre, do alumínio da prata, do chumbo,
da platina e do mercúrio, que são metais de elevada condutividade elétrica.

66 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Além desses, outro material muito utilizado em ligas é o ferro.

Tendo em vista a frequência com que tais materiais são utilizados, vamos
conhecer uma pouco mais sobre suas características principais, tendo como base o
que apresenta Schmidt (1979):

- O cobre (Cu) e suas ligas: entre os materiais condutores, certamente o cobre


ocupa uma posição de destaque. Isso porque esse material apresenta pequena
resistividade, perdendo apenas para a prata, entretanto, ganhando desta no quesito
custo.

Além disso, o cobre apresenta propriedades mecânicas favoráveis e baixa


oxidação, quando diante de umidade em temperatura ambiente. O cobre é, ainda,
bastante maleável, permitindo deformação tanto à temperatura reduzida quanto
elevada. Assim, é possível, até mesmo, reduzir a seção transversal do cobre para
dimensões muito pequenas.

O cobre apresenta, em condições normais, 99,9% de grau de pureza e é muito


fácil de ser influenciado, em termos de condutividade elétrica, quando diante de
impurezas. Quanto maior a distribuição de impurezas na massa do cobre, maior
essa influência e, por esse motivo, há uma redução acentuada do deslocamento dos
elétrons do cobre.

Analise a tabela periódica a seguir.

Figura 2.5 | Tabela periódica

Fonte: <http://umaquimicairresistivel.blogspot.com.br/2011/01/atomos-e-moleculas.html>. Acesso em: 25 ago. 2016.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 67


U2

Na tabela periódica, o cobre é o elemento 29, e próximo a ele podemos encontrar


os demais elementos metálicos de alta condutividade que foram elencados
anteriormente. Sobre esses elementos, temos como regra geral que aqueles que
estão mais afastados do cobre na tabela periódica provocam menores influências na
condutividade elétrica dele. É o caso, por exemplo, do ouro (Au).

Na presença de água, carbonatos e sulfatos, o cobre apresenta boa resistência,


porém, na presença do oxigênio do ar somado a ácidos, sais e amoníaco, pode
sofrer corrosão. Para evitar esse fenômeno, uma boa pedida é o carbonato de cobre,
chamado de patina, o qual é amplamente utilizado como uma proteção para o
cobre para que possa ser submetido a condições normais do ambiente.

Em contato com ar, o óxido do cobre quando formado, o que pode ser
resultado do estado de fusão, por exemplo, pode se fundir à massa do cobre
metálico. Com isso, o cobre passa a apresentar diferença considerável em suas
propriedades elétricas e mecânicas devido à característica de resistividade elétrica
elevada apresentada pelo óxido de cobre. Assim, para contornar essa situação, faz-
se necessário o acréscimo de outros materiais na composição: metais oxidantes, tais
como o silício ou o alumínio. Porém, é essencial destacar que, diante do acréscimo
de outros materiais, seja de óxidos ou de outros metais, mesmo que em pequenas
proporções, já ocorrem mudanças consideráveis no cobre, que passa a apresentar
menor condutibilidade e maior rigidez.

Além disso, existem outras maneiras de se obter o cobre e transformá-lo, como


por recozimento. Em qualquer caso, as propriedades elétricas, bem como outras
propriedades do cobre, são alteradas.

No caso do recozimento do cobre, apesar de alterar as propriedades mecânicas


do material, provoca-se um aumento de sua condutibilidade elétrica e é esse
fenômeno que justifica sua grande aplicação.

Em que consiste o processo de recozimento? De que outra


forma é possível realizar transformações em materiais
metálicos?

Quanto à aplicação do cobre, ele é utilizado encruado ou duro em redes aéreas


de cabo em tração elétrica, como para fios telefônicos. Isso porque, nessas situações,
faz-se necessário um material de elevada rigidez e resistência. O cobre mole ou
recozido é amplamente utilizado em enrolamentos, cabos isolados e barramentos.
Agora, o cobre em seu estado puro tem pouca aplicação direta, porém é muito

68 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

utilizado na composição de ligas metálicas, sendo que os elementos escolhidos para


essa composição têm função complementar, ou seja, objetivam complementar as
propriedades inferiores do outro.

Na tabela a seguir, você pode visualizar e comparar as principais ligas de cobre e


suas características:

Tabela 2.1 | Características das ligas de cobre

Fonte: Schmidt (1979, p. 40).

- O alumínio (Al): depois do cobre, o alumínio é o metal mais utilizado em


situações que envolvem eletricidade.

O alumínio, além de apresentar menor custo que o cobre, apresenta características


consideravelmente favoráveis para diversas aplicações: o peso do alumínio é menor
que o do cobre, mesmo quando ele precisa ser redimensionado para apresentar
condutibilidade elétrica equivalente ao do cobre, o que acarreta em redução do
custo em sustentação; e, no Brasil, encontra-se alumínio com maior facilidade que
o cobre na natureza.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 69


U2

Porém, tanto quanto nas propriedades mecânicas quanto elétricas, o alumínio é


inferior ao cobre, porém, em determinadas circunstâncias, são diferenças pequenas
para nos fazer optar pelo cobre, sendo possível ainda, realizar correções para
aproximar essas diferenças.

As aplicações do alumínio na área elétrica são diversas, sobretudo, na aeronáutica,


na instalação elétrica de aviões e em suas próprias estruturas.

Dentre tantas características, certamente, uma das que se destacam nos


alumínios diz respeito ao peso. Isso reflete, inclusive, nas ligas metálicas que incluem
o alumínio, pois essas ligas apresentam pequeno peso e, por esse motivo, é grande
a utilização de ligas de alumínio em equipamentos eletrônicos portáteis, em partes
de equipamentos elétricos que precisam realizar movimento ou que precisam ser
transportados etc.

- O chumbo (Pb): na aplicação elétrica é muito utilizado como finas chapas ou


folhas, por exemplo, na construção de paredes protetoras contra a ação de raios X.

- O estanho (Sn): apresenta uma resistividade elevada e é amplamente aplicado


como material de solda ou reduzido a finas folhas.

- A prata (Ag): dentre os metais nobres, é o mais utilizado nas indústrias, seja
na forma pura ou de liga, sobretudo em partes condutoras, ou seja, em locais cuja
oxidação poderia causar sérios danos. Por esse motivo, também utiliza-se a prata em
espessuras muito finas para proteger outros metais da corrosão.

- O ouro (Au): esse metal apresenta excelentes características elétricas e


mecânicas, porém o que limita sua utilização é certamente o seu custo elevado. Sua
utilização é geralmente observada nas peças de contato na área de correntes muito
baixas, situações estas em que a oxidação, por menor que seja, pode acarretar na
interrupção elétrica do circuito. Sua utilização é feita essencialmente na forma pura,
uma vez que as ligas apenas minimizariam suas propriedades que já são ótimas.

- A platina (Pt): é utilizada em peças de contato, anodos e fios de aquecimento,


pois apresenta propriedades antioxidantes. Ainda, devido a suas características
mecânicas de suportar até altas temperaturas sem sofrer alterações em sua estrutura,
é aplicada na fabricação de termômetros resistivos.

- O mercúrio (Hg): uma das principais características do mercúrio é que ele é o


único metal que pode ser encontrado, à temperatura ambiente, no estado líquido.
Também é utilizado em termômetros resistivos, porém a temperaturas inferiores
àquelas que são submetidos os termômetros de platina.

- O zinco (Zn): é o metal que apresenta o maior coeficiente de dilatação. É


utilizado em revestimentos e na forma de ligas metálicas, sobretudo com alumínio e
cobre, tendo em vista aumentar suas resistências à tração e outras propriedades de

70 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

ordem mecânica.

Além dos metais elencados, outros apresentam propriedades importantes


e grande aplicabilidade, tais como o cádmio (Cd), o níquel (Ni), o cromo (Cr) e o
tungstênio (W). Conheça e compare as características principais de todos esses
metais que foram mencionados, no quadro a seguir:

Quadro 2.3 | Características de metais condutores

Fonte: Schmidt (1979, p. 89).

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 71


U2

Saiba mais sobre as características e aplicações dos metais que foram


elencados, inclusive de algumas ligas metálicas, acessando o link: <http://
www.labspot.ufsc.br/~jackie/cap3_new.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2016.

Para finalizar nossas discussões acerca de metais e ligas metálicas, vamos


conhecer os tipos de liga quanto as suas funções e abordar sobre as ligas metálicas
resistivas.

As ligas metálicas resistivas são aquelas que apresentam resistividade elétrica ( ρ )


variando entre 0,2 e 1,5 Ωmm²/m. As ligas metálicas, em muitas situações, são preferíveis
ao invés da utilização de metais puros devido a algumas características, tais como:

• Serem de elevada dureza e, portanto, de elevada resistividade (os metais puros


dificilmente apresentam resistividade superior a 0,2 Ωmm²/m).

• Apresentarem resistividade constante dentro de um certo intervalo de variação


de temperatura.

• Apresentarem valores baixos de envelhecimento e oxidação.

Apesar dessas características, como ocorrem mudanças estruturais na estrutura


cristalina de cada elemento envolvido na composição da liga metálica, ocorrem
mudanças nas propriedades, sobretudo, mecânicas da liga metálica. Assim, ao tentar
obter melhores características elétricas, por outro lado pode-se obter características
mecânicas não satisfatórias. Isso ocorre porque as ligas não apresentam uma
estrutura cristalina homogênea, tal como os metais puros.

Assim, tendo em vista essas mudanças nas características mecânicas, no processo


de constituição de ligas, faz-se necessário realizar algumas ponderações para que se
consiga uma otimização elétrica. É sobre essa abordagem que distinguiremos três
tipos de ligas: para fins térmicos, para fins de medição e para fins de regulação.

- Para fins térmicos (ligas de aquecimento): a principalmente característica desse


tipo de liga é a elevada estabilidade térmica, além de ótimo desempenho corrosivo
ou químico local. Em geral, essas ligas se cobrem por fina película de óxido, o que as
protegem do ambiente. Porém, desligamentos e ligamentos na rede elétrica, podem
provocar rupturas dessa película devido à provocação de variações de temperatura
frequentes, por isso, é preciso considerar nessas ligas as capacidades de dilatação e
contração do material, bem como suas capacidades de radiação.

72 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

- Para fins de medição: o principal problema que ligas podem sofrer na


deformação ao frio é o envelhecimento. Para evitar que isso ocorra, é preciso
provocar a estabilização do material a partir de tratamento térmico apropriado.

- Para fins de regulação e carga: para esses tipos de ligas, a faixa de temperatura
varia entre 100 e 200°C.

Aprenda mais sobre características e aplicações de ligas de resistividades,


estudando o material indicado.
Disponível em: <http://www.eletrica.ufpr.br/piazza/materiais/
AndreBranco.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2016.

1.3 Propriedades dos materiais isolantes


Na primeira unidade desse material, você já estudou que a maioria dos
polímeros e das cerâmicas (que fazem ligação iônica) são materiais isolantes em
condições normais (ambiente). Isso significa dizer que, quando submetidos à
temperatura ambiente, esses tipos de materiais apresentam, em sua estrutura,
pouca movimentação dos elétrons por meio dos espaçamentos entre bandas, o que
acarreta em baixa condutividade. Assim, podemos concluir que diante de variações
elevadas de temperatura há a possibilidade de aumentar o valor de condutividade de
alguns desses tipos de materiais que são isolantes à temperatura ambiente.

Van Vlack (1970, p. 109) complementa que os materiais isolantes apresentam


baixa condutividade porque “os elétrons não estão livres para deixar os átomos
dos quais fazem parte” e, ainda, “a probabilidade de um elétron receber a energia
necessária para demovê-lo de sua posição estável é extremamente baixa.

Uma forma de fornecer maior energia para o elétron é por meio da elevação de
temperatura. Contudo, dificilmente essa elevação de temperatura é suficiente para
tornar um material isolante em um bom condutor. O aumento de condutividade,
nesse caso, é inversamente proporcional à resistividade do material, ou seja, quanto
maior a resistividade do material, menor será a elevação de sua condutividade a partir
da variação de temperatura.

Aprofunde seus conhecimentos sobre propriedades dos materiais


isolantes acessando:

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 73


U2

<https://www.youtube.com/watch?v=CUbOFkZV8ZM>;
<http://professores.unisanta.br/santana/downloads%5CTelematica%5C
Microondas_1%5CEletromagnetismo%5Ccapitulo7.pdf>. Acesso em: 27
ago. 2016.

1. (FEI-SP, 1996) O filamento de tungstênio de uma lâmpada


tem resistência de 20Ω a 20°C. Sabendo-se que sua secção
transversal mede 1,1⋅10−4 mm² e que a resistividade do tungstênio
a 20°C é 5, 5 ⋅10−2 Ω ⋅ mm² ⋅ m −1, determine o comprimento do
filamento:
a) 4 m.
b) 4 mm.
c) 0,4 m.
d) 40 mm.
e) 5.10² m.

2. (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 663) Sabe-se que uma liga


metálica possui valores de condutividade elétrica e de mobilidade
dos elétrons de 1, 5 ⋅107 (Ω ⋅ m) −1 e 0, 0020m² / V ⋅ s, respectivamente.
Uma corrente de 45A é passada através de uma amostra dessa
liga com 35 mm de espessura. Qual é o campo magnético que
precisa ser imposto para gerar uma voltagem de Hall de −1, 0 ⋅10−7 V ?
a) 0,34 tesla.
b) 0,42 tesla.
c) 0,53 tesla.
d) 0,58 tesla.
e) 0,61 tesla.

74 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Seção 2

Propriedades dos materiais semicondutores

Introdução à seção
Você já recordou e aprofundou seu estudo sobre materiais condutores e isolantes,
aprofundando, sobretudo, seus conhecimentos sobre materiais condutores,
conhecendo quais são os materiais de alta condutividade e as finalidades e
características das composições denominadas de ligas metálicas.

Agora, você aprofundará seus conhecimentos sobre os materiais semicondutores.


Para adentrarmos nesse estudo, nos basearemos em princípios físicos e serão
apresentados os principais materiais utilizados na composição de materiais
semicondutores.

2.1 Principais características dos materiais semicondutores


Você já estudou, na seção anterior, os materiais condutores e isolantes e é
bem provável que você esteja concluindo que os materiais semicondutores são
caracterizados como materiais intermediários entre os condutores e os isolantes.
Como você verá na sequência de seus estudos, essa é uma visão muito simplista
desses materiais que são de grande importância e aplicabilidade em diversos setores.

Não significa dizer que considerar os semicondutores como uma mediação entre
condutores e isolantes esteja totalmente equivocado, afinal, em termos de valores
de condutibilidade elétrica, de fato, os semicondutores apresentam valores limitados
inferiormente pelos isolantes e superiormente pelos condutores, porém apenas
esses valores não são o suficiente para descrever os materiais e ligas semicondutores.

Considerando o que foi afirmado, reflita: é possível haver


material ou liga que apresente valor de condutividade elétrica
intermediária entre condutores e isolantes e, ainda assim,
não apresente comportamento semicondutor?

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 75


U2

Vamos começar abordando os semicondutores, relacionando condutividade


elétrica com temperatura. Em geral, em temperatura ambiente, os semicondutores
apresentam comportamento diferente dos condutores, no sentido de que o
número de portadores de carga, ou seja, de elétrons, não é constante, mas varia
conforme ocorrem variações de temperatura, podendo alterar esse número de
modo exponencial.

Schmidt (1979) afirma que existe uma relação matemática entre grandezas que
nos permite obter um índice praticamente seguro para afirmar que um material é
semicondutor:
ε
n = f ( n0 ) exp. −
2kT

Nessa relação, temos:

• n representa as partículas em movimento;


• T é a temperatura;

• k é uma constante de proporcionalidade;

• ε é a condutividade.

Com a expressão matemática, podemos entender que a condutividade


é proporcional às partículas em deslocamento ( n ). Nota-se, ainda, uma
proporcionalidade entre a temperatura (T) e as partículas, porém, de maneira inversa.

Podemos interpretar essa situação da seguinte maneira: antes de participarem


da condutividade elétrica, os elétrons são provocados pela ação de uma forma de
energia que pode ser térmica, luminosa ou de outra forma.

Um dos principais efeitos que observamos nesse fenômeno é a emissão


luminosa. Isso ocorre porque os semicondutores são altamente sensíveis à variação
de radiação luminosa (fotocondutividade).

No caso de materiais sólidos, como nestes os átomos estão bastante próximos


entre si, ao ocorrer o contato com a forma de energia que provoca a movimentação
dos elétrons, observa-se uma interação entre eles e os materiais semicondutores,
que são sensíveis a pequenas perturbações da estrutura atômica.

Partindo desse princípio, já podemos concluir que a condutividade térmica do


semicondutor pode ser facilmente influenciada pela presença de impurezas ou pela
provocação de irregularidades, mesmo que pequenas, na estrutura cristalina.

76 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Schmidt (1979) destaca que existem ainda dois efeitos que provocam influência
nos semicondutores, inclusive, influências bem maiores do que nos materiais
condutores, são os efeitos termoelétricos e de Hall. O primeiro efeito é aquele que
provoca uma diferença de potencial no ponto de contato entre dois materiais, a partir
da variação de temperatura nesse ponto. O segundo, o efeito Hall, corresponde à
submissão de um campo magnético perpendicular ao condutor, provocando uma
diferença de potencial na face oposta do material condutor, onde circula a corrente.

De acordo com o que você já estudou na primeira unidade, sobre a estrutura


atômica dos materiais semicondutores, vimos que estes tipos de materiais
apresentam em sua estrutura atômica camadas que estão ocupadas totalmente ou
em níveis de energia muito elevados. Nesse caso, a condutividade é nula devido à
ausência de portadores de carga. Para alterar esse estado é possível:

• Perturbar a estrutura com o intuito de aumentar o nível de energia dos elétrons.

• Perturbar a estrutura, retirando um elétron e, assim, liberando “espaço”.

• Por condutividade intrínseca, em que diante de um acréscimo de energia


provoca-se o deslocamento de um elétron, estabelecendo-se naturalmente a
condutividade.

Diante de tudo isso, Schmidt (1979, p. 94) resume bem uma definição para
material semicondutor:

É um corpo sólido, cuja resistividade se encontra entre os


valores de 10-4 e 1010Ω.cm, que apresenta, pelo menos em certo
trecho, um coeficiente de temperatura da resistência com
valor negativo cujo valor pode ser reduzido sensivelmente pela
presença de impurezas ou de defeitos na estrutura da matéria.

Saiba mais sobre as características fundamentais dos materiais


semicondutores acessando:
<https://www.youtube.com/watch?v=QPewZdVcA48>;
<http://aquarius.ime.eb.br/~aecc/FundEngEle/Semicondutores>.
Acesso em: 27 ago. 2016.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 77


U2

Já vimos que uma das maneiras de provocar o aumento de condutividade


elétrica em semicondutores é a partir da introdução de impurezas. O processo por
meio do qual realizamos a introdução de impurezas em uma rede cristalina, que
é a estrutura da maioria dos materiais semicondutores, com intuito de provocar a
mudança adequada de duas propriedades físicas, sobretudo, elétricas, é chamada
de dopagem.

Você já estudou na unidade anterior esse processo de dopagem, quando


abordamos sobre semicondução intrínseca e extrínseca, em que você
conheceu a do tipo p e do tipo n. Recorde esses conceitos acessando o
link indicado. Nele você encontrará uma sequência de vídeos que tratam
sobre materiais semicondutores.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=snLCgz7W22Y&list
=PL45FgJYSmjREKKSnyfJTOXJM4VGYxYbXD>. Acesso em: 27 ago. 2016.

Para realizar a dopagem, podemos considerar quatro situações distintas: durante


o crescimento do cristal, por liga, por difusão ou por implantação iônica.

1. Durante o crescimento do cristal: “O material de base sofre um aquecimento


até se transformar em massa cristalina fundente, estado em que se efetua o acréscimo
do material de dopagem” (SCHMIDT, 1979, p. 107). Enquanto ocorre esse processo
térmico, nota-se uma expansão do cristal. Assim, na cadeia cristalina que está sendo
formada, os átomos de dopagem vão sendo posicionados.

2. Por liga: “O material de base é levado à fusão conjuntamente com o de


acréscimo, formando-se assim uma liga. Após essa formação e esfriamento, os dois
materiais estão agregados entre si” (SCHMIDT, 1979, p. 108).

3. Por implantação iônica: consiste em injetar na cadeia cristalina do semicondutor


átomos de material dopante que são carregados eletricamente. Esses átomos, em
estado gasoso, são acelerados por um campo elétrico antes de serem injetados.
Dentre os métodos de dopagem, esse é o mais preciso.

4. Por difusão: eleva-se a temperaturas aproximadas de 1000°C alguns discos


de metal tetravalente básico e colocados diante de metais no estado gasoso.
Assim, ocorre a fusão entre os átomos do material gasoso com o sólido cristalino e,
considerando que material sólido é do tipo n, origina-se uma zona p.

78 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

O que determina um material sólido como do tipo n ou do


tipo p?

2.2 Elementos semicondutores


Apesar de já termos definido o que são materiais semicondutores, identificar um
material como tal não é tarefa simples. Entretanto, existem alguns materiais que já
foram identificados assim e que são amplamente utilizados na indústria.

Na tabela periódica, os elementos químicos que apresentam semicondutividade


se encontram no Grupo IV. Esses elementos compartilham de características
comuns, que são: mesma estrutura cristalina e compartilhamento de um par de
elétrons. Veja um exemplo na figura a seguir:

Figura 2.6 | Representação de alguns átomos no cristal de silício

Fonte: <http://www.foz.unioeste.br/~lamat/downmateriais/materiaiscap15.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2016.

O primeiro elemento semicondutor que conheceremos é o carbono (C).

O interessante desse elemento é que, mesmo sendo considerado um


semicondutor, em algumas situações é utilizado como condutor e, em outras,
como material resistivo.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 79


U2

Como matéria-prima, o carbono é utilizado na forma de grafita natural,


antracito e negro-de-fumo, e, quanto à aplicação, observa-se em escovas para
máquinas girantes, resistores de carvão, carvão para microfones, contatos de
carvão e eletrodos.

Outro elemento condutor é o germânio (Ge), que é um dos mais antigos


semicondutores. Na natureza é encontrado nos minérios, acompanhado do zinco,
do ferro e do cobre.

Quanto às aplicações, o germânio é utilizado na fabricação de componentes


semicondutores e, para isso, deve estar em condições de pureza elevada. Por isso,
antes de utilizá-lo na fabricação de componentes, o germânio passa por processos
de purificação, pelo método da cristalização dirigida ou pelo método da fusão zonal.

Conheça os métodos de purificação dos semicondutores acessando os


links: <http://www3.fsa.br/proppex/piic2013/702185.pdf>;
<http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialsemicon/pagina_4.asp>.
Acesso em: 28 ago. 2016

O silício (Si) é outro material semicondutor de muitas aplicações. Esse elemento


também precisa passar pelos mesmos procedimentos que o germânio para ser
obtido e purificado.

Comparando esses dois elementos, o silício é termicamente mais estável que o


germânio. Assim, é possível de ser submetido a temperaturas mais elevadas, de até
150°C. Além disso, apresenta outras características que o tornam mais rentável e
mais utilizado na fabricação de componentes semicondutores.

Além dessas características próprias do silício, ele é o material mais encontrado


na natureza, perdendo apenas para o hidrogênio, podendo ser encontrado em
rochas, areia e minérios.

Quando sua temperatura é elevada, apresenta facilidade de se dissolver em


metais em estado de fusão e, tais reações, originam derivados diversos de grande
aplicabilidade industrial.

O quadro a seguir apresenta um comparativo entre diferentes elementos


semicondutores, em que consta, inclusive outro elemento semicondutor: o selênio (Se).
Esse elemento já foi muito utilizado no passado, sendo hoje substituído pelo silício.

80 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Quadro 2.4 | Comparação de retificadores semicondutores

Retificadores semicondutores Retificadores


Características a vapor de
Se Si Ge mercúrio
Tensão de bloqueio max./elemento (V) 35 600 80 a 160 Até 7500
Queda de tensão/elemento (V) 1,2 1 a 1,3 0,6 a 0,7 Até 24
Rendimento (%) 92 99,6 98,5 Até 99,2
Limite de temperatura da parte ativa (°C) 85 150 65 100
Carga
Até 35 Até 50 Até 35 Até 35
Limite de temperatura do nominal
meio refrigerante (°C) Carga
75 105 50 50
reduzida
Tipo de refrigeração Ar e líquido Ar e líquido Ar e líquido Ar e água
Fonte: Schmidt (1970, p. 124).

2.3 Ligações semicondutoras e principais componentes


semicondutores
Você já estudou que os materiais semicondutores podem ser de dois tipos: p ou n.

Os materiais semicondutores do tipo n são aqueles oriundos de um processo de


dopagem que consiste na introdução de certa quantidade de átomos na estrutura
cristalina, de modo que tais átomos apresentam excesso de elétron de valência.
Assim, nesse processo, um pequeno número de átomos dopantes é capaz de
introduzir modestas modificações na estrutura cristalina do semicondutor puro.

Denominamos o semicondutor dopado com átomos em excesso de elétrons em


sua camada de valência de semicondutor do tipo n porque nesses tipos de materiais
observa-se a condução da corrente elétrica de maneira predominantemente
negativa.

É isso que você pode visualizar na figura a seguir.

Figura 2.7 | Corrente de elétrons em um semicondutor do tipo n

Corrente de elétrons Corrente de elétrons

Fonte: <http://www.feg.unesp.br/~jmarcelo/restrito/arquivos_downloads/apostilas/eb2/semicondut_v1.pdf>. Acesso em: 29


ago. 2016.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 81


U2

Note, na Figura 2.7, que a condução da corrente não depende da polaridade da


tensão que é aplicada nas extremidades do semicondutor.

Os materiais semicondutores do tipo p são aqueles originados a partir da introdução


de átomos na estrutura cristalina do material semicondutor, de modo que nesses
átomos que são introduzidos evidenciamos a deficiência de elétron de valência, o
que chamamos de lacuna. De certa forma, podemos entender que é uma situação
contrária à apresentada para obtenção do semicondutor do tipo n.

Essa formação de lacunas no semicondutor permite um mecanismo de condução


em que um elétron derivado de uma ligação covalente transita para um ponto do
cristal em que existe uma lacuna. Tal movimento acontece em um sentido específico,
do polo negativo para o polo positivo, e, nessa transição, cada elétron disponibiliza
uma nova lacuna em seu local de origem. Por esse motivo, pela corrente elétrica
nas lacunas se comportar como portadores de carga positiva é que atribuímos a
denominação de semicondutor do tipo p.

Veja a ilustração desse processo:

Figura 2.8 | Movimento de lacunas em um semicondutor sujeito a um diferencial de


potência (ddp)

Fonte: <http://www.feg.unesp.br/~jmarcelo/restrito/arquivos_downloads/apostilas/eb2/semicondut_v1.pdf>. Acesso em: 29


ago. 2016.

É importante considerar que nos dois tipos de semicondutores, n e p, o número


de elétrons ou de lacunas, respectivamente, cresce na mesma proporção que a
introdução de átomos de impureza na estrutura cristalina e, consequentemente,
provoca-se um aumento da condutividade elétrica do material. Portanto, podemos
concluir que isso permite um controle de dosagem de condutividade de acordo com

82 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

a função que desejamos desempenhar com esse material semicondutor e, por esse
motivo, materiais semicondutores têm sido aplicados em larga escala no setor elétrico
e eletrônico.

É possível realizar a ligação entre materiais semicondutores do tipo n e p, e esse


processo pode ocorrer de três maneiras: por junção, por pontas ou por difusão.

Por junção é quando a circulação da carga elétrica ocorre a partir da junção de dois
ou mais materiais semicondutores que se juntam com o contato de suas superfícies.

Figura 2.9 | Ligação semicondutora por junção

Fonte: <http://www.feg.unesp.br/~jmarcelo/restrito/arquivos_downloads/apostilas/eb2/semicondut_v1.pdf>. Acesso em: 29


ago. 2016.

Por pontas é quando há o contato entre partes de um componente, ou seja, por


meio de pontas de contato.

Figura 2.10 | Ligação semicondutora por pontas

Fonte: Schmidt (1979, p. 125).

Por difusão corresponde à “dopagem de um certo volume de material de base


numa polaridade ou concentração de cargas diferentes do material de suporte”
(SCHMIDT, 1979, p. 125).

Figura 2.11 | Ligação semicondutora por difusão

Fonte: Schmidt (1979, p. 125).

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 83


U2

Sobre os componentes semicondutores principais, componentes diferentes


podem ser originados a partir da aplicação e/ou presença de diversificados tipos
de energia, tais como, magnéticas, elétricas, luminosas etc. Diante de uma dessas
diferentes fontes de energia, o material apresenta comportamentos diferentes.

Que tipos de comportamentos diferentes podem ser


apresentados pelos materiais semicondutores quando em
contato com os diferentes tipos de energia?

Dentre os componentes semicondutores principais, podemos destacar os diodos


semicondutores, que são componentes que podem se comportar tanto como
condutores, quanto como isolantes elétricos, sendo esse comportamento dependente
da maneira que a tensão é aplicada aos terminais desse diodo semicondutor. São
essas características que fazem o diodo ser utilizado em muitas aplicações.

Dentre as principais aplicações do diodo semicondutor, podemos citar a


transformação de corrente alternada para a corrente contínua.

Entenda a diferença entre corrente contínua e corrente alternada


acessando os links:
<https://www.youtube.com/watch?v=XDHLZ05lHsY>;
<https://www.youtube.com/watch?v=gQTfsj3LOBU>. Acesso em: 16
set. 2016.

Além disso, acessando os links, você poderá aprofundar seu conhecimento


sobre o que é um diodo semicondutor:
<https://www.youtube.com/watch?v=MAO5bCr3204>;
<https://www.youtube.com/watch?v=NeoNq7vc_4k>;
<https://www.youtube.com/watch?v=RBUFZbESlfk>;
<https://www.youtube.com/watch?v=iOn4zM5BZb8>. Acesso em: 30
ago. 2016.

Propriedades retificadoras particulares são obtidas a partir da formação de pares np


de materiais condutores. Dentre os diodos fabricados atualmente, destacam-se os de
germânio e silício.

84 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Mediante dopagem, é possível estabelecer as polaridades de n e p e, em seguida,


ocorre a cristalização. Nesse processo, “os átomos de índio penetram na zona de
borda do cristal de germânio, formando um semicondutor do tipo p, enquanto a parte
inalterada do cristal de germânio mantém a polaridade n” (SCHMIDT, 1979, p. 126).

A característica da condutividade será determinada por esse processo de junção,


sendo tal característica a de um só sentido do diodo, ou seja, o de condução, sendo
neste que se fundamenta o seu efeito retificante.

Além desse diodo de germânio, destacamos o diodo de silício. O diodo de silício é


associado ao alumínio, por junção, sendo o primeiro material do tipo n e, o segundo (o
alumínio), do tipo p. “Uma condução do tipo p é formada quando átomos de alumínio
penetram na borda do corpo de silício, enquanto a parte de silício livre de difusão
mantém sua condutividade n” (SCHMIDT, 1979, p. 126).

Saiba mais sobre os diodos semicondutores acessando o link indicado


a seguir. Nesse link, a partir da página 14, você conhecerá como se dá
e quais são as características da junção pn na formação do diodo, qual
o aspecto e a representação que adotamos para o diodo, as aplicações
de tensão sobre ele, seja a direta ou a inversa, bem como conhecerá
as características elétricas do diodo semicondutor. Além disso, você
conhecerá sua curva característica e limites de operação do diodo.
Disponível em: <http://www.feg.unesp.br/~jmarcelo/restrito/arquivos_
downloads/apostilas/eb2/semicondut_v1.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2016.

1. (UFRPE, 2016) O silício (Si) é o principal elemento semicondutor


conhecido. Para aplicações práticas, os semicondutores devem
ser dopados, ou seja, alguns poucos átomos da rede cristalina
original do material devem ser removidos e adicionados outros
átomos de elementos químicos diferentes, com a finalidade de
introduzir elétrons adicionais (semicondutor dopado tipo n) e
lacunas ou buracos adicionais (semicondutor dopado tipo p).
A inclusão do elemento Alumínio (Al) na matriz de silício (Si)
torna o material semicondutor __________, enquanto que a

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 85


U2

inclusão do elemento Fósforo (P) como dopante na matriz


de Silício (Si) torna o material semicondutor ___________.
Assinale a alternativa na qual se encontram os itens que
completam corretamente as lacunas:
a) Intrínseco; extrínseco.
b) Tipo n; tipo p.
c) Tipo p; tipo n.
d) Intrínseco; tipo n.
e) Extrínseco; tipo p.

2. (FGV, 2014) Uma das maneiras de provocar o aumento


de condutividade elétrica em semicondutores é a partir da
introdução de impurezas, por meio de um processo chamado
de dopagem. A técnica de dopagem dos semicondutores,
em que o material base é levado à fusão conjuntamente
com o material de acréscimo, é a dopagem:
a) Por implantação iônica.
b) Por liga.
c) Por difusão.
d) Durante o crescimento do cristal.
e) Por radiação.

Nesta unidade você aprendeu:


• As características principais de materiais condutores
relacionados às propriedades elétricas e térmicas.
• A relação entre estrutura atômica e movimento de portadores
de carga na condutividade elétrica de materiais.

86 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

• Conheceu quais são os materiais elétricos de elevada


condutividade, bem como algumas de suas aplicações.
• Conheceu as possíveis finalidades da composição de ligas metálicas
e como para essa composição faz-se necessário conhecer diversas
características de cada material dessa composição, tendo em vista
maximizar a condutividade elétrica dessa liga, porém, sem provocar
mudanças muito indesejáveis em outras propriedades da liga como
nas propriedades mecânicas.
• Recordou as características principais dos materiais isolantes.
• Conheceu as principais características dos materiais
semicondutores.
• Conheceu os principais elementos utilizados na composição e
materiais de caraterísticas semicondutoras.
• Dentre os componentes semicondutores você conheceu os diodos
semicondutores que apresentam como principal característica o
comportamento que pode ser condutor ou isolante.

Espera-se que ao final desse estudo você conheça e compreenda


as principais características de metais condutores, isolantes e
semicondutores, sobretudo, a importância das ligas metálicas
para otimização de custo e de desempenho elétrico, dependendo
de suas finalidades, bem como a importância e aplicabilidade
de materiais semicondutores. Com isso, esperamos que tais
conhecimentos sirvam como embasamento para a tomada de
decisões na sua futura prática profissional.
Para otimizar o seu aprendizado nessa disciplina, faça uma
leitura atenta do material, resolva novamente os exemplos
apresentados, acesse os links indicados, resolva as atividades de
aprendizagem e vá além, pesquise em bibliotecas e estude os
materiais que compõem a bibliografia dessa unidade.
Bons estudos!

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 87


U2

1. (Unifenas, 2002) Levando em consideração a segunda lei


de Ohm, considere as grandezas proporcionais envolvidas
na expressão matemática e analise uma possibilidade que
melhor se enquadra para a obtenção de um fio metálico
que apresente uma elevada resistência elétrica.
a) Que o fio metálico possua uma grande área de secção
transversal.
b) Que o fio metálico possua uma grande área de secção
transversal e pequeno comprimento.
c) Que o fio metálico possua uma pequena área de secção
transversal e grande comprimento.
d) Que o fio metálico possua pequena resistividade.
e) Que o fio metálico possua uma pequena área de secção
transversal e pequeno comprimento.

2. (Mack, 2006) Para a transmissão de energia elétrica,


constrói-se um cabo composto por 7 fios de uma liga de
cobre de área de secção transversal 10 mm² cada um, como
mostra a figura.

A resistência elétrica desse cabo, a cada quilometro, é:


(Dado: resistividade da liga de cobre = 2,1 ⋅10−2 Ωmm ² / m )
a) 2,1Ω.
b) 1,8Ω.
c) 1,2Ω.
d) 0,6Ω.
e) 0,3Ω.

88 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

3. (UFLA, 2000) O alumínio e o cobre são largamente


empregados na produção de fios e cabos elétricos. A
condutividade elétrica é uma propriedade comum dos
metais. Este fenômeno deve-se:
a) À presença de impurezas de ametais que fazem a
transferência de elétrons.
b) Ao fato de os elétrons nos metais estarem fracamente
atraídos pelo núcleo.
c) À alta afinidade eletrônica destes elementos.
d) À alta energia de ionização dos metais.
e) Ao tamanho reduzido dos núcleos dos metais.

4. (PUC-SP, 2005) Os metais são conhecidos pela sua


maleabilidade e ductilidade, por serem bons condutores
térmicos e elétricos e apresentarem brilho característico.
Propriedades mais específicas de alguns metais são descritas
a seguir.
- O metal I é líquido à temperatura ambiente e dissolve
diversos outros metais, formando amálgamas que
apresentam larga aplicação.
- O metal II apresenta temperatura de fusão de 98°C, é
mole e reage violentamente com a água, liberando grande
quantidade de energia.
- O metal III é certamente o metal mais utilizado no
mundo, sendo o principal constituinte das ligas metálicas
conhecidas genericamente como aço.
- O metal IV tem bastante aplicação na indústria civil e de
embalagens. Além de pouco denso, tem a vantagem de ser
coberto por uma fina camada de óxido que dificulta a sua
corrosão pelo oxigênio.
Os metais, I, II, III e IV são, respectivamente:
a) Mercúrio, ouro, cobre e titânio.
b) Césio, potássio, prata e alumínio.
c) Mercúrio, sódio, ferro e alumínio.
d) Mercúrio, sódio, cobre e estanho.
e) Gálio, ouro, ferro e alumínio.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 89


U2

5. (FGV, 2014) Considere as afirmativas a respeito dos


materiais isolantes, condutores e semicondutores:
I- A resistividade de um material condutor diminui com o
aumento da temperatura.
II- Nos semicondutores o número de elétrons em
deslocamento não é constante, variando esse valor com a
temperatura.
III- A resistividade de um material isolante ou semicondutor
diminui com o aumento da temperatura.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente a afirmativa II está correta.
c) Somente a afirmativa III está correta.
d) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
e) Somente as afirmativas II e III estão corretas.

90 Materiais condutores, semicondutores e isolantes


U2

Referências

CALLISTER, William D.; RETHWISH, David G. Ciência e engenharia de materiais: uma


introdução. Tradução de: Sergio Murilo Stamile Soares. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
LIMA, Tarcisio. Leis de Ohm: exercício básico. Exercícios resolvidos, 18 nov. 2013.
Disponível em: <http://www.exerciciosresolvidos.net/fisica/eletricidade/resistividade/
exercicio-resolvido/leis-de-ohm-exercicio-basico-48>. Acesso em: 25 ago. 2016.
IBACH H.; LÜTH H. Solid state physics: an introduction to principles of materials
science. 4. ed. Berlin: Springer, 2009.
SCHMIDT, Valfredo. Materiais elétricos. São Paulo: Edgard Blücher, 1979.
VAN VLACK, Lawrence Hall. Princípios de ciência dos materiais. Tradução de: Luiz
Paulo Camargo Ferrão. São Paulo: Edgard Blücher, 1970.

Materiais condutores, semicondutores e isolantes 91


Unidade 3

Materiais dielétricos,
ferroelétricos e piezoelétricos

Patrícia Beneti de Oliveira

Objetivos de aprendizagem:
Essa unidade tem o objetivo de ensinar as propriedades dos materiais
dielétricos, os tipos de polarização que influenciam o comportamento físico do
material e compreensão dos fenômenos da constante e rigidez dielétrica, bem
como o fator de perda. Destacamos os materiais cerâmicos e polímeros e suas
aplicações para a engenharia.

Seção 1 | Materiais dielétricos


Na primeira seção, evidenciamos que as propriedades mais relevantes
dos materiais dielétricos dependem da forma de polarização do material,
bem como o comportamento do material quando submetido a uma
diferença de potencial, modificando-se a partir do campo elétrico. De
maneira mais específica, apresentamos os materiais dielétricos, cerâmicas
e polímeros, seu alto desempenho e aplicação na área de engenharia.

Seção 2 | Materiais ferroelétricos e piezoelétricos


Na segunda seção, apresentamos as propriedades dos materiais
ferroelétricos e piezoelétricos, bem como o comportamento destes
materiais quando submetidos a variações de temperatura, pressão e
campo elétrico. Além disso, exploramos aplicações práticas destes
materiais presentes em nosso cotidiano e na área industrial.
U3

Introdução à unidade

Durante um projeto, é vital que o engenheiro profissional saiba como selecionar


materiais que melhor atendam às exigências do projeto, como exigências
econômicas, estéticas e principalmente exigências de resistência e durabilidade dos
materiais. Por isso, deve entender as propriedades dos materiais e suas limitações.

Nesta unidade, iniciaremos o estudo sobre os materiais dielétricos a partir de


seu comportamento, ou seja, como se comporta a polarização, condutividade
elétrica, constante dielétrica, rigidez dielétrica e fator de perda do material.

Clipes de plástico para papéis e pás de turbinas de cerâmica representam


tentativas de fazer melhor com polímeros e materiais cerâmicos o que antes era
bem-feito com metais. Você perceberá que as características e comportamentos
dos materiais perante alguma alteração de temperatura, pressão e diferença
de potencial apresentarão variações nas propriedades dos materiais, podendo
melhorar ou piorar a qualidade do material, dependendo da finalidade de aplicação.

Por fim, iniciamos a exploração das características e propriedades dos materiais


ferroelétricos e piezoelétricos aplicados à engenharia em situações práticas.

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 95


U3

96 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

Seção 1

Materiais dielétricos
Introdução à seção
Nesta seção, o objetivo é conduzir você, estudante, a evidenciar algumas das
propriedades fundamentais dos materiais dielétricos, também conhecidos como
isolantes, que dependem da composição de sua estrutura para permitir ou não a
passagem de eletricidade, quando ele faz parte do circuito elétrico.

Considerando esse objetivo, nesta seção, você recordará alguns conceitos


abordados na Unidade 2, bem como aprofundará o estudo dos conceitos de
polarização, capacitância, constante dielétrica e rigidez dielétrica, tendo como foco
os materiais dielétricos. Dentre tais conceitos, você estudará: a constante dielétrica,
a tensão de ruptura do dielétrico e o fator de perda.

Ainda nesta seção, você aprofundará seus conhecimentos a respeito de alguns


materiais dielétricos e aplicações voltadas à engenharia.

1.1 Polarização dos materiais isolantes


Os materiais classificados como dielétricos não são isolantes perfeitos. Em
condições limites de aplicação, a condutividade dos elétrons é tão pequena que
geralmente pode ser desprezada. Por outro lado, existem importantes casos de
utilização em que o material dielétrico se torna um condutor com aplicação de um
campo elétrico externo.

Para começar, existe um alinhamento dos dipolos elétricos, o que chamamos


de polarização, ou seja, para cada dipolo elétrico presente no material, existe
uma grandeza vetorial associada, direcionando da carga negativa para a positiva,
separados por uma distância entre elas, como podemos observar na Figura 3.1.

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 97


U3

Figura 3.1 | Representação esquemática de um dipolo elétrico

Fonte: <http://goo.gl/I7WauE>. Acesso em: 31 ago. 2016.

A esse alinhamento denominamos o momento de dipolo dielétrico p associado


a cada dipolo. Assim, dependendo da maneira de aplicação do campo elétrico
externo, existem três tipos de polarização para os dielétricos: a eletrônica, a iônica e
a polarização de orientação. Vejamos a características de cada uma:

Polarização eletrônica: este tipo de polarização é a mais comum entre os


isolantes. Compreende o descolamento das cargas elétricas negativas que
se encontram ao redor do núcleo atômico em direção ao terminal positivo,
deslocando ligeiramente o núcleo atômico para o lado do terminal negativo,
apresentado na Figura 3.2a.

Devido a esse deslocamento, caso o material dielétrico sofra alguma variação de


temperatura, a polarização diminui, pois ocorre a dilatação do material, diminuindo
a quantidade de partículas por unidade de volume. Este tipo de polarização é
16
usualmente utilizada em frequências elevadas, da ordem de 10 Hz (hertz), pois
responde facilmente a alterações do campo elétrico.

Polarização iônica: relaciona-se somente aos materiais iônicos. O momento de


dipolo elétrico, para um par de íons, ocorre pelo descolamento de íons positivos em
uma direção e os íons negativos em direção oposta, representado na Figura 3.2b. Ao
contrário da polarização eletrônica, ao sofrer um aumento na temperatura, aumenta-
se o número de interações quando o material se dilata. Este tipo de polarização é
frequentemente observado nos materiais cerâmicos e apresenta uma frequência de
trabalho mais lenta que a polarização eletrônica, da ordem de 1013 Hz.

Polarização de orientação: presente em materiais que apresentam orientação


de dipolos permanentes. Ocorre a partir do alinhamento dos dipolos pelas vibrações
térmicas dos átomos, como está representado na Figura 3.2c. Este tipo de polarização
é muito comum aos polímeros, como exemplos de aplicação na engenharia,
podemos citar os polímeros sintéticos PE, PP, PET, PC, náilons produzidos a partir de
reações químicas de derivados de petróleo, entre outros que veremos mais à frente
no item materiais aplicados à engenharia.

98 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

Figura 3.2 | Representação esquemática (a), polarização eletrônica (b) e polarização iônica
(c) polarização de orientação

Fonte: <http://goo.gl/I7WauE>. Acesso em: 31 ago. 2016.

Agora que você já sabe a polarização nos materiais


dielétricos, reflita: um material pode se polarizar mediante
outros mecanismos, além da aplicação de um campo
elétrico externo?

O comportamento de polarização dos materiais influencia diretamente no


fator de perdas dielétricas, pois interfere na circulação das correntes transversais
(correntes que perpassam pelo material dielétrico). Podemos representar estas
perdas, graficamente, na Figura 3.3, em dependência da carga elétrica q de um
isolante, ao qual se aplicou uma tensão V.

A Figura 3.3a representa o isolante que não apresenta perdas. “Se num isolante,
a polarização é retardada, aparecem perdas dielétricas e a curva característica se

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 99


U3

torna uma elipse” (SCHMIDT, 1979, p. 32), apresentada pela Figura 3.3b. As perdas
são demonstradas pelo cálculo da área interna à elipse, sendo esta proporcional
à energia absorvida no período de tempo se transformando em calor, por isso é
considerado perda. “Para materiais isolantes eletro-seignéticos e ferromagnéticos a
energia de perda também é proporcional à área interna do laço” (SCHMIDT, 1979, p.
33), representado na Figura 3c.

Figura 3.3 | Representação de dependência entre carga e tensão para (a) isolante sem
perdas; (b) isolante com perdas e (c) isolante seigne-elétrico

Fonte: Schmidt (1979, p. 33).

Reflita: Como um dipolo elétrico consegue manter a


mudança de direção de sua orientação?

Aprenda mais sobre características de perdas dielétricas em diversos


materiais isolantes estudando o material indicado:
Disponível em: <http://goo.gl/SfMZGm>; <http://goo.gl/WTKvf9>;
<http://goo.gl/8mJgBX>. Acesso em: 31 ago. 2016.

1.2 Comportamento dos dielétricos


Na Unidade 2, vimos que um material ao apresentar condutividade elétrica muito
baixa, variando na ordem 10−10 (Ω ⋅ m) −1 e 10−20 (Ω ⋅ m)−1 é classificado como isolante.
As substâncias dielétricas são muito utilizadas em nosso cotidiano, podemos citar:

100 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

silício, polietileno, grafita, vidro, porcelana, madeira, plástico e muitos outros. Afinal,
que características apresenta um material para que possamos considerá-lo como
isolante?

Vamos pensar na condutividade elétrica de alguns destes materiais, para facilitar


demonstramos alguns valores no Quadro 3.1. Observem que a condutividade para o
polietileno e a porcelana são muito baixas, cerca de 1020 vezes menor do que aquela
dos metais altamente condutores.

Quadro 3.1 | Condutividades elétricas típicas à temperatura ambiente

Material Condutividade elétrica [(Ω.m)-1]


Silício 4,3 x 10-4
Polietileno <10-14
Grafita 10 (média)
5

Porcelana 10-10 – 10-12

Fonte: elaborado pela autora.

Outra principal característica de um isolante é que os elétrons estão fortemente


ligados ao núcleo do átomo por meio de ligações iônicas ou covalentes, ou seja,
os elétrons livres apresentam-se em quantidade reduzida, assim, pelos dielétricos
há maior dificuldade na passagem de corrente elétrica, a não ser quando o material
é submetido a altas temperaturas. Utilizamos o modelo de bandas de energia para
representar o posicionamento do aglomerado de átomos durante as interações
interatômicas, representado na Figura 3.4.

Figura 3.4 | Formação de bandas, com 1 átomo, alguns átomos e muitos átomos (sólido)

Fonte: <http://goo.gl/2PE3GP>. Acesso em: 20 ago. 2016.

Como ocorre o movimento dos átomos em um material isolante?

Estes materiais em temperatura ambiente apresentam a estrutura das bandas


de energia representada na Figura 3.5. Quando a banda de valência se apresenta
cheia de elétrons, resta a estes ocuparem a banda seguinte. Para que os elétrons
ultrapassem a lacuna, devem ser energizados a ponto de poder “saltar” até a banda
de condução. Desta forma, quando um isolante está suscetível a um campo elétrico,
poderão ocorrer pequenas conduções por adição de elétrons livres ou o acúmulo

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 101


U3

de elétrons na área de interação de materiais diferentes ou fases diferentes, até que


se atinja o limiar para condução. Isto pode ocasionar pequenas perdas dielétricas,
principalmente em materiais sujeitos a campos alternados.

Figura 3.5 | Representação das bandas de energia para um isolante

Fonte: elaborada pela autora.

Qual é o mínimo de energia que deve ser fornecido para que


ocorra a condução do elétron entre a banda de condução e
a banda de valência de um capacitor?

Percebemos a partir das bandas, que o material dielétrico apresenta-se


eletricamente isolante, já que o material é não metálico e à temperatura ambiente
praticamente não há condução de elétrons. A partir da Figura 3.1, observamos
uma estrutura de dipolo elétrico, ou seja, ocorre a separação dos elementos
eletricamente positivos, dos eletricamente negativos, num nível atômico ou
molecular. Esta separação encontra-se representada na Figura 3.5. Como vimos
anteriormente, devido à forma de polarização e à aplicação de um campo elétrico, é
possível determinar a empregabilidade dos isolantes: capacitores, isolação de cabos,
isoladores poliméricos (apresentado na Figura 3.6) e isolação para transformadores
presentes nas redes de alta tensão, entre outros.
Figura 3.6 | Exemplo de estrutura de um isolador polimérico

Fonte: <http://goo.gl/FH8YSl>. Acesso em: 31 ago. 2016.

102 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

Para falarmos sobre a atuação dos isoladores, principalmente na rede de


transmissão elétrica, é preciso ter bem claro a ideia de comportamento
em cadeia dos isoladores. Para conhecer esse assunto, acesse: <http://
goo.gl/183hHI>. Acesso em: 31 ago. 2016.

Ao utilizar os materiais isolantes, devemos prestar atenção nas propriedades


básicas: a) constante dielétrica, b) rigidez dielétrica e c) o fator de perda. Essas
propriedades seguem as características do tipo de material a ser utilizado (tipo de
ligação, estrutura e defeitos no cristal, constituição das fases), a temperatura a que
serão submetidos, a tensão e frequência aplicados ao funcionamento e o tempo
que permanecerá ligado à mesma tensão e irão afetar as respostas dos dipolos e sua
orientação.

1.3 Propriedades básicas dos materiais dielétricos


Neste estudo sobre as propriedades dos dielétricos, iniciaremos pela constante
dielétrica. Simbolizada pela letra k, esta propriedade deve ser consultada inicialmente
quando pensamos em realizar algum projeto, principalmente se for um capacitor. Os
capacitores, também chamados de condensadores, possuem como principal função
o armazenamento de cargas elétricas quando submetidos a uma tensão elétrica,
devido a esta propriedade, temos o valor da capacitância expressa pela fórmula:
Q (1)
C=
V
Em que:

• C é a capacitância medida em Farad (F);


• Q é a quantidade de cargas, medida em Coulomb (C);
• V é a tensão elétrica, medida em Volts (V).
Os capacitores mais simples apresentam em sua estrutura duas placas paralelas
constituídas de um bom material condutor (metal) e de área A separada pela distância
L, com um dielétrico (ex.: óleo, ar etc.) ou pelo vácuo. Seja o segundo caso, em
que as placas se encontram separadas pelo vácuo, se uma tensão ou diferença de
potencial (ddp) for aplicada às placas, uma das placas ficará carregada com carga +q
e a outra –q e o campo elétrico direcionado ao sentido convencional da corrente
elétrica (movimentação do polo positivo para o polo negativo).

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 103


U3

Assim como o capacitor, representado na Figura 3.4, tem a função de armazenar


cargas, uma carga Q0 permanece acumulada na placa do capacitor diretamente
relacionada à ddp aplicada em seus terminais, e inversamente proporcional à
distância entre as placas, expressa pela fórmula:
A (2)
Q0 = ε 0 V = C0V
L
Em que:

• Q0 carga acumulada;
• ε 0 permissividade no vácuo equivalente a ε 0 = 8, 85 x10−12 F / m ;
• A área das placas;
• L distância entre as placas;
• C capacitância do capacitor;
• V tensão aplicada em volts.

Portanto, podemos relacionar a distância entre as placas de um capacitor,


quando esta distância se encontra preenchida pelo vácuo, ao valor da capacitância
do capacitor pela expressão:
A
C0 = ε 0 (3)
L

Figura 3.7 | Simbologia utilizada para representar um capacitor

Fonte: elaborada pela autora.

Agora que você já sabe a atuação dos capacitores de placas


paralelas, reflita: é possível, devido à atuação do campo
elétrico, obter capacitores em outros formatos?

A variação da capacitância do capacitor depende diretamente da variação da


constante dielétrica, k, do material utilizado na construção do capacitor, que permite

104 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

uma maior carga Q, acumulada entre as placas e disposta pela expressão:


A
Q = εd V = CV (4)
L
Em que:

• ε d representa a permissividade do meio dielétrico que será maior que ε 0 .


Desta forma, podemos relacionar o valor das capacitâncias entre o vácuo e o
dielétrico em um sistema pela interação da expressão (2) e (4):
C ε d ( A / L)V ε d (5)
= = → C = ε r C0
C0 ε 0 ( A / L)V ε 0
Em que:

• ε d é a permissividade relativa ε , chamada habitualmente de constante


r
ε0
dielétrica, k.

Desta forma, ao analisarmos a expressão, podemos verificar que a constante


dielétrica, k, nos indica a quantidade de vezes que a capacidade do sistema aumentou
com a inserção do material isolante entre as placas do capacitor, desde que mantida
as condições de atuação do campo elétrico, as placas de mesma área e tamanho e
o volume de cargas utilizado pelo material.

Agora que você já sabe que a variação da capacitância


depende diretamente da variação da constante dielétrica, o
que aconteceria ao capacitor se fosse aplicado uma grande
diferença de potencial entre seus terminais?

Um capacitor de placas paralelas, tendo como meio o vácuo, encontra-se


representado na Figura 3.8, em que o acúmulo de cargas nas placas do capacitor
produz um campo elétrico a partir da ddp de alimentação. E outro que apresenta
o meio com um dielétrico, em que é gerado um campo elétrico que anula o
apresentado entre as placas.

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 105


U3

Figura 3.8 | Esquematização do campo elétrico atuante no capacitor com placas separadas
pelo vácuo e placas separadas por um dielétrico

Fonte: <http://goo.gl/avsPOb>. Acesso em: 31 ago. 2016.

Sendo o capacitor, um dispositivo que armazena energia, sua capacidade de


armazenamento é aumentada ao utilizar o material dielétrico em sua construção.
Neste material, por apresentar valores muito altos para a constante dielétrica, os
capacitores fabricados são muito pequenos e com altas capacitâncias. Quando
um capacitor apresenta o espaço entre as placas inteiramente ocupado por um
dielétrico, a equação (3) torna-se:
C = kε 0 L (6)

Até aqui citamos o capacitor como elemento dielétrico, não só este, mas
todos os dielétricos possuem um valor limite suportado a fim de desempenhar seu
funcionamento sem avarias. Normalmente, quando estes valores são ultrapassados,
o componente modifica de “maneira irreversível o material, como, por exemplo,
uma ruptura dielétrica, deformação permanente, modificação estrutural etc.
Frequentemente essa modificação afeta fundamentalmente as propriedades
isolantes do dielétrico” (SCHMIDT, 1979, p. 2).

Veja um exemplo:

Exemplo 1 - (Adaptada de SMITH; HASHEMI, 2012, p. 570) Um capacitor simples


de placas paralelas deve armazenar 8µC sob um potencial de 10KV. A distância
de separação entre as placas deve ser 0,20mm. Calcule a área requerida para as
placas, se o dielétrico entre elas for (a) o vácuo (k=1) e (b) sílica fundida (k=3,8). Utilize
ε 0 = 8, 85 x10−12 F / m .

Resolução:

Aplicando a fórmula da capacitância temos:


Q 8 x10−6 C
C= = = 8 x10−10 F
V 10000V

106 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

CL (8 x10−10 F )(0, 20 x10−3 m)


A= =
ε 0k (8, 85 x10−12 F / m)(k )

(a) Para o vácuo, k=1 A = 18, 07 x10−3 m 2

(b) Para a sílica fundida, k = 3,8 A = 4, 75 x10−3 m 2

Logo, a inserção de um material com uma alta constante dielétrica pode reduzir
sensivelmente a área requerida para as placas.

Aprenda mais sobre a constante dielétrica e o funcionamento dos


capacitores acessando:
<http://goo.gl/77kTY9>; <http://goo.gl/kAJXy2>;
<http://goo.gl/O903Dn>; <http://goo.gl/zsgHq2>. Acesso em: 1 ago.
2016.

Outra propriedade que caracteriza os dielétricos é a rigidez dielétrica. Todo


capacitor é fabricado para suportar uma tensão de funcionamento e permanecer
em funcionamento até que se atinja a tensão máxima Vmáx . Ao ser submetido a
uma variação que ultrapasse a Vmáx , o material dielétrico se rompe, o que permite
inicialmente pequenos caminhos condutores entre as placas paralelas, sendo que
estes caminhos aumentam em proporção ao tempo que o material ficar ligado sob a
diferença de potencial maior que a tensão máxima suportada. Assim, especificamos
para o capacitor, além de sua capacitância, a tensão máxima de isolamento.

Como determinar a tensão máxima que um dielétrico poderá suportar?

A relação encontra-se entre o diâmentro do dielétrico e a máxima diferença de


potencial suportada sem ruptura do material isolante. Utiliza, pelo SI, o valor expresso
em Volts por metro (V/m). Os materiais apresentam um valor limite de tensão por
unidade de comprimento, a partir do qual passam a conduzir corrente, ou seja, se
tornam condutores.

A rigidez dielétrica está diretamente relacionada ao campo elétrico que o material


pode suportar sem haver a ruptura do poder isolante do dielétrico. Diversos fatores
influenciam a rigidez: depende da área específica da placa, dos defeitos, porosidade
e pureza do material utilizado, além da frequência e tensão aplicados, o tempo que
permaneceu submetido à aplicação da tensão e as condições ambientais (umidade,
temperatura etc.).

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 107


U3

A ruptura do material isolante inicia-se com o aparecimento de elétrons na


banda de condução. Os elétrons ultrapassam a lacuna a partir do momento em que
há a aplicação de um campo elétrico elevado, que ao ser aplicado em um longo
período de tempo, proporciona a ruptura do material, geralmente por fusão local.
Caso ocorra a troca com elétrons livres presentes na estrutura do material e estes
ofereçam certo grau de impureza, a ocorrência da ruptura geralmente é um arco
voltaico entre o terminal de alta voltagem e a superfície contaminada do isolador,
causando modificações químicas e mecânicas no material isolante. A ruptura
do dielétrico também se relaciona à temperatura a qual o material é submetido.
Quando o material já apresenta deteriorações pelo uso e exposição às intempéries
do tempo, exemplo um isolador polimérico e capacitores velhos, a intensidade do
campo elétrico para a ocorrência da ruptura é relativamente baixa. Assim, podemos
relacionar a rigidez à medição da qualidade de um material como isolante, capaz de
oferecer segurança e evitar falhas elétricas e acidentes.

O Quadro 3.2 traz valores das propriedades de alguns materiais dielétricos à


temperatura ambiente. Lembrando que se houver variação de temperatura, o
comportamento do material será alterado.
Quadro 3.2 | Constante e rigidez dielétrica de alguns materiais isolantes

Constante Constante
Material
dielétrica (k) dielétrica (k)
Ar 1,00059 3
Porcelana 7 5,7
Óleo de transformador 4,5 12
Papel parafinado 3,7 16
Mica 5,4 10-100
Vidro (pirex) 4,7 14

Fonte: elaborado pela autora.

Além das propriedades abordadas, devemos considerar mais uma propriedade


quando falamos em materiais isolantes, o fator de perda dielétrica. Uma das
condições que esta propriedade relaciona é a polarização do material acompanhado
da dissipação de energia, isto provoca o aquecimento do material dielétrico, a
outra condição é quando a polarização se encontra atrasada quando equiparada
à intensidade do campo elétrico E. Esse fator aparece em corrente contínua e em
alternada, pois em ambos os casos circulará uma corrente transversal pelo isolante.

Assim, se a tensão empregada para manter “a carga em um capacitor for senoidal,


como é o caso de voltagens geradas por corrente alternada, a corrente estará 90°
à frente da tensão quando um material dielétrico sem perdas preencher o espaço
entre as placas do capacitor” (SMITH; HASHEMI, 2012, p. 570).

108 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

Aprenda mais sobre a rigidez dielétrica e perda dielétrica acessando:


<http://goo.gl/IEFP9M>; <https://youtu.be/_t0-KBDyZvQ>; <http://goo.
gl/DsM3hB>. Acesso em: 1 ago. 2016.

1.4 Aplicações dos materiais dielétricos voltados à engenharia


Você conheceu a estrutura de diversos materiais na Unidade 1, como as cerâmicas,
os polímeros, os metais principalmente sua estrutura cristalina e suas propriedades
térmicas e elétricas. Neste momento, iremos apresentar propriedades e características
de materiais dielétricos aplicados à engenharia. Vamos começar!

Neste primeiro momento, iremos abordar as cerâmicas e polímeros. As cerâmicas


tradicionais são feitas a partir de três componentes: a argila, sílica (sílex) e feldspato.
Já as cerâmicas de alto desempenho, também aplicadas à engenharia, possuem
compostos puros ou quase puros de óxidos, carbetos ou nitretos.

Estas cerâmicas são aplicadas para a fabricação de ferramentas de corte, matrizes,


peças para motores e peças resistentes ao desgaste. Podemos citar a alumina, nitreto
de silício, carbeto de silício e a zircônia.

Tendo em vista a frequência com que tais materiais são utilizados, vamos conhecer
uma pouco mais sobre suas características principais, tendo como base o que
apresentam Smith e Hashemi (2012):

- Alumina (Al2O3): entre os materiais cerâmicos, certamente a alumina ocupa


lugar de destaque. Isto porque esse material apresenta baixa perda dielétrica, alta
resistividade e dureza, ótimo isolamento térmico, alta resistência à corrosão (baixas e
altas temperaturas), ou seja, também possui estabilidade de temperaturas, além de alta
resistência ao desgaste. Por apresentar todas estas propriedades, é frequentemente
usada em aplicações elétricas de alta qualidade, como em radomes (estrutura protetora
de antenas de radares), peças de motores e turbinas e mancais.

- Nitreto de silício (Si3N4): apresenta a combinação de propriedades mais útil


à engenharia. Quando comparada à alumina, possui melhor tenacidade, além da
excelente cominação de propriedades de materiais, sendo mais leve que o carbeto de
silício (SiC). Sua microestrutura lhe fornece excelente resistência ao choque térmico,
por isso é cada vez mais utilizado em aplicações de alta tecnologia, por exemplo,
válvulas de motores de automóveis. Sua alta resistência à quebra o torna resistente

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 109


U3

aos impactos e choques, por isso é altamente utilizado no processo de usinagem em


ferramentas de corte de altas velocidades.

- Carbeto de silício (SiC): possui maior resistência à oxidação, abrasão e corrosão


a altas temperaturas. É produzido artificialmente pela mistura de área sílica e coque de
petróleo. Possui alta dureza, boa resistência ao choque térmico e ótima condutibilidade
elétrica. Entre suas aplicações podemos citar: trocadores de calor, anéis para selos
mecânicos, rolamentos e componentes para bombas, válvulas esféricas e peças afins
a tubulações sujeitas a processos químicos, entre outros.

- Zirconia (ZrO2): diferente dos outros materiais cerâmicos, possui alta constante
dielétrica, resultando em uma expansão térmica muito elevada. Isto proporciona
uma resistividade elevada à propagação de fendas e alta resistência à fratura, por isso
frequentemente é aplicada como ferramenta para a moldagem de fios, como auxiliar
no processo de fundição de cerâmicas e aço. É utilizado na fabricação de plataformas
auxiliares para a construção de restaurações dentárias, como coras e pontes na
indústria de odontologia, nos automóveis aparece nas células de medição de oxigênio
nas sondas lambda representadas na Figura 3.9, e como anéis de isolamento nos
processos térmicos. Os componentes produzidos com este material são muito
mais caros que os produzidos com alumina. Este material vem sendo estudado para
possíveis aplicações como isolante nos transistores de dispositivos nano-eletrônicos.

Figura 3.9 | Estrutura física de uma sonda lambda, com uso de cerâmida de dióxido de
zinco

Fonte: elaborada pela autora

Veja que até aqui estudamos os tipos específicos de cerâmicas voltadas a um alto
desempenho. Um exemplo típico é a porcelana que, sendo um material de excelente
isolamento térmico, é aplicada em linhas aéreas de transmissão de energia devido a suas
propriedades químicas, mecânicas e dielétricas, mas apresenta desvantagens quanto a
sua flexibilidade, por isso temos suas aplicações mais presentes em equipamentos que
mantêm uma posição fixa.

No Quadro 3.3 a seguir, você pode visualizar os principais materiais cerâmicos


abordados e suas aplicações:

110 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

Quadro 3.3 | Aplicações de materiais cerâmicos

Material Aplicação
Porcelana Isolantes elétricos.
Tijolos Construção; utilização como refratário.
Alumina densa, carboneto Ferramentas de corte, matrizes; superfícies resistentes
nitreto de silício, zircônia ao desgaste, mancais; implantes cirúrgicos; peças de
cúbica motores e turbinas; blindagem.
Fibra de vidro (composto
Estruturas de alto desempenho.
cerâmico)
Cermet Ferramentas de corte, matrizes.
Alumina-carboneto de silício Aplicações em alta temperatura e alta tenacidade.

Fonte: elaborado pela professora.

Como você pôde acompanhar na Unidade 1, os polímeros são constituídos


por elementos não metálicos, tendo como base principal elementos tais como o
carbono e o hidrogênio e com relação à condutividade elétrica, apresentam baixas
condutividades. Devido a esta propriedade, os polímeros são aplicados como materiais
isolantes. Vamos conhecer algumas características deste material e suas aplicações.

Como vimos anteriormente, os dipolos elétricos presentes nos polímeros são


orientados a partir da polarização de orientação, a partir das vibrações térmicas
dos átomos. Assim, suas propriedades podem ser radicalmente alteradas com uma
pequena mudança de temperatura.

Como acontece para as cerâmicas, há um número grande de polímeros e esse


número aumenta a cada ano. Podemos abordar que os vários tipos de polímeros
compreendem os plásticos, as borrachas, as fibras, os revestimentos, as resinas, as
espumas, os adesivos e os filmes. Dependendo da propriedade de um polímero, este
pode ser usado em duas ou mais das categorias citadas.

Os polímeros não são apenas plásticos, eles também constituem estruturas de toda
vida vegetal. Um exemplo é o ADN, código genético que define as características dos
seres vivos, que é um polímero. Portanto, temos polímeros naturais e polímeros sintéticos.

Grande parte dos polímeros sintéticos é produzida a partir de reações químicas


de derivados do petróleo, como os polímeros sintéticos PE, PP, PET, PC, náilons;
polímeros de alto desempenho reforçados com fibra de vidro, de carbono ou de Kevlar
(poliamida de alta resistência); os termoplásticos como o polietileno que amolece com
aquecimento, os thermosets ou resinas como epóxi, que endurecem com a junção
de dois compostos (uma resina e um endurecedor); os elastômeros ou borrachas;
os polímeros naturais como a celulose, lignina e proteína, que proporcionam a base
mecânica de grande parte da vida vegetal e animal.

Observe no Quadro 4.4 algumas das utilizações dos polímeros.

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 111


U3

Quadro 3.4 | Aplicações de materiais polímeros

Material Aplicação
Tubulação, película, garrafas, xícaras, isolamento
Polietileno, PE
elétrico, embalagem.
As mesmas aplicações que o PE, porém é um material
Polipropileno, PP
mais leve, mais rígido e mais resistente à luz do sol.
Utilizações voltadas à arquitetura (esquadrias de janelas
Cloreto de Polivinila, PVC etc). Se plastificado produz couro artificial, meias e
vestuário.
Náilon 66 Têxteis, corda, moldagens.
Fibra de vidro, adesivos. Produto mais caro que o
Epóxi
poliéster.
Fibra de vidro, laminados. Produto mais barato que o
Poliéster
epóxi.
Poliisopreno Borracha natural.
Estrutura de toda vida vegetal, principal componente
Celulose
estrutural em paredes de células.
Proteína Gelatina, lã, seda.

Fonte: elaborado pela autora.

Conheça mais sobre os materiais cerâmicos, suas propriedades e


aplicações acessando: <http://goo.gl/DwQeI5>; <http://goo.gl/p8ufcX>.
Acesso em: 1 set. 2016.

1. (CALLISTER; RETHWISCH, 2015, p. 663) Um capacitor de


−5
placas simples armazena 7, 0 x10 C sob um potencial de 12000
V. Para este capacitor, utilizaremos um material dielétrico de
cerâmica à base de titanato com uma constante dielétrica k =
2100 entre placas, as quais apresentam uma área de 6, 45 x10−4 m 2
. Após a fabricação deste componente, qual será a distância de
separação entre as placas? Utilize ε 0 = 8, 85 x10−12 F / m .
a) 2,054mm.

112 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

b) 1,043mm.
c) 2,11m.
d) 3,21m.
e) 0,108m.

2. (CALLISTER; RETHWISCH, 2015, p. 650) Consideremos a


área de 3, 0 x10−5 m 2 para as placas paralelas de um capacitor,
distantes de 2, 0 x10−3 m uma placa da outra, submetidas a
uma diferença de potência de 10 V. Caso um material que
apresentada uma constante dielétrica de ε r = 6, 0 for alocado
entre as placas paralelas, qual será o valor da capacitância
do capacitor?
a) 0,7965nF.
b) 0,171nF.
c) 6µF.
d) 9,2µF.
e) 7,9F.

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 113


U3

114 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

Seção 2

Materiais ferroelétricos e piezoelétricos


Introdução à seção
Você já aprofundou seu estudo sobre materiais dielétricos, conhecendo a
forma de polarização, o comportamento das estruturas destes materiais quando
isolantes ou condutores de corrente e, sobretudo, seus conhecimentos quanto às
propriedades dielétricas: constante dielétrica, rigidez dielétrica e o fator de perda.

Agora, você aprofundará seus conhecimentos sobre duas novas características


elétricas e relativamente importantes encontradas em alguns materiais: os
ferroelétricos e piezoelétricos. Para adentrarmos nesse estudo, nos basearemos no
princípio de polarização que estes materiais apresentam e serão apresentadas as
principais aplicações destes materiais para a engenharia.

2.1 Materiais ferroelétricos


Como vimos na seção anterior, os materiais dielétricos polarizam seus átomos
sob a ação de um campo elétrico externo aplicado ao material. Agora, iremos
compreender que não somente o material dielétrico pode ser polarizado desta
forma, mas também por outros meios, como variação de temperatura.

É importante ressaltar que existem materiais que não precisam de nenhum


estímulo, ou seja, não precisam da aplicação de um campo elétrico externo para se
polarizar, são os materiais ferroelétricos.

Os materiais ferroelétricos apresentam polarização espontânea, mesmo na ausência


de um campo elétrico externo e a polarização permanente pode ser mudada ou até
mesmo invertida quando este material é exposto a um campo elétrico (SCHMIDT,
1979). Isto ocorre em consequência do posicionamento dos íons na estrutura cristalina,
o que pode ser simétrica, Figura 3.10a, quando o material se encontra em uma
temperatura acima da temperatura de Curie se apresenta em um estado paraelétrico,
ou assimétrica, Figura 3.10b, quando a temperatura a qual o material se encontra está
abaixo da temperatura de Curie se apresenta em estado ferroelétrico.

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 115


U3

No estado ferroelétrico, o material titanato de bário (BaTiO3), representado na


Figura 3.10b, apresenta o centro de cargas positivas não coincidente ao centro das
cargas negativas, havendo um desequilíbrio entre as cargas, dando origem ao cristal
ferroelétrico.

Figura 3.10 | Polarização da célula unitária, mediante o deslocamento do átomo de Titânio,


(a) com centro simétrico e com centro assimétrico

Fonte: <http://goo.gl/2PE3GP>. Acesso em: 20 ago. 2016.

O titanato de bário (BaTiO3) é um dos clássicos conhecidos, pois suas propriedades


cerâmicas influenciaram o desenvolvimento e a produção de dispositivos eletrônicos,
favorecendo a produção de dispositivos da microeletrônica.

Para BaTiO3, quando aquecido acima de sua temperatura de Curie (120°C), a


célula unitária torna-se cúbica, acima desta temperatura crítica, o material perde o
seu comportamento ferroelétrico.

Outro material de relevada importância que exibe comportamentos ferroelétricos


é o sal de Rochelle (NaKC4H4O6 4H2O), conhecido também por tartarato de sódio
e potássio tetrahidratado, um dos primeiros elementos de estudos ferroelétricos,
permite monocristais grandes e de excelente propriedade óptica.

116 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

Agora que você já sabe a aplicação dos materiais ferroelétricos,


reflita: o que estes materiais possuem em comum com os
ferromagnéticos? Quais materiais possuem aplicação desta
característica na eletrônica?

Outra característica importante dos materiais ferroelétricos é a presença do


fenômeno histerese e uma estrutura de domínios, ou seja, uma região com
determinada polarização.

Como isso ocorre no material ferroelétrico?

Consideramos os domínios como sendo as múltiplas regiões de polarização


orientadas de forma aleatória e uniforme, ou seja, de maneira espontânea, Figura
3.11a. Quando aplicada uma diferença de potencial nos terminais do material
ferroelétrico, os domínios tentem a assumir a mesma orientação dos dipolos
elétricos, Figura 3.11b. Após a remoção da diferença de potencial, ou seja, do campo
elétrico externo, os dipolos elétricos, em sua maioria, permanecem orientados,
Figura 3.11c (FUJINO, 2006).

Figura 3.11 | Representação hipotética da orientação de domínios ferroelétricos (a)


orientação espontânea, sem aplicação do campo elétrico, (b) com aplicação do campo
elétrico externo e (c) domínios orientados sem a presença do campo elétrico

Fonte: Fujino (2006, p. 18).

Após a representação da orientação dos domínios ferroelétricos, entender o que


é histerese ferroelétrica ficou fácil. Vamos conferir?

Consideramos a histerese como uma interferência à polarização, que por sua


vez ocorre de forma não linear com o campo elétrico aplicado, representado na
Figura 3.12. Os estados iniciais dos domínios ferroelétricos apresentam-se orientados
aleatoriamente (O). Ao aplicar um campo elétrico de baixa intensidade, somente
uma relação linear entre a polarização e o campo elétrico existe (segmento OA),
porque os domínios tendem a permanecer na sua configuração inicial, devido à

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 117


U3

intensidade do campo elétrico. Os pontos (D) e (H) são as configurações estáveis


quando o campo elétrico é igual a zero, momento em que alguns domínios
ferroelétricos permanecerão alinhados na direção positiva ou negativa e o cristal
exibirá uma polarização remanescente (Pr). Se o segmento (BC) ultrapassar o eixo
de polarização (P), temos o momento de polarização espontânea. A fim de reduzir
a polarização P ao zero, é necessário aplicar um valor de campo elétrico externo,
chamado campo coercitivo (Ec). Se o campo elétrico aumenta na direção oposta
à polarização até (G), uma nova rotação ocorrerá e os dipolos ficarão orientados
em direção oposta, podendo os domínios experimentar uma nova reorientação. Se
realizarmos a inversão do campo elétrico (alterando as polaridades da ligação, por
exemplo) o ciclo se repetirá (FUJINO, 2006).

Se considerarmos a construção de um capacitor, com um material ferroelétrico


ao invés de um dielétrico entres as placas paralelas, iremos obter um componente
altamente não linear. Utilizado ainda em poucas aplicações como memórias DRAM,
capacitores robustos para usar em aparelhos transmissores de ondas de rádio,
cerâmicas ferroelétricas transparentes em aplicações para janelas óticas, displays,
moduladores óticos e guias de onda, filmes finos como titanatos de bismuto (BIT) e
niobato de bário e estrôncio (SBN).

Estes materiais possuem alta aplicação na indústria eletroeletrônica, por


apresentarem diversas aplicações práticas em atuadores e sensores.

Figura 3.12 | Ciclo de histerese ferroelétrica

Fonte: Fujino (2006, p. 19).

Aprofunde seus conhecimentos sobre materiais ferroelétricos e suas


aplicações acessando:

118 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

Disponível em: <http://goo.gl/YVc8lA>; <http://goo.gl/xlW4ce>;


<http://goo.gl/FxZU7Q>; <http://goo.gl/KWxp8Q>.
Acesso em: 1 set. 2016.

2.2 Materiais piezoelétricos


Como acabamos de estudar, os materiais ferroelétricos sofrem uma alteração
em sua polarização devido à temperatura de Curie. Apresentamos agora os materiais
cerâmicos piezoelétricos, em que o prefixo piezo significa pressão, ou seja, a
eletricidade pela pressão.

Como ocorre essa eletricidade pela pressão?

Assim como os ferroelétricos, os piezoelétricos apresentam dipolos elétricos


que devido ao alinhamento de muitos destes dipolos, o material apresenta um
momento bipolar não nulo, ou seja, os centros das cargas positivas e das negativas
não coincidem, Figura 3.13a.

Sujeito a tensões de compressão entre os seus terminais, o material apresenta


um acúmulo de cargas positivas em uma extremidade e na outra extremidade cargas
negativas, como consequência minimiza o momento bipolar total por unidade
volumétrica do material, logo, a distância entre os dipolos unitários é reduzida e o
material se contrai, gerando uma deformação mecânica, Figura 3.13b.

Ao aplicar uma diferença de potencial, as extremidades do material, o campo


elétrico gerado induz a mudança de orientação dos dipolos elétricos, que ligeiramente
alonga o material devido ao aumento da carga positiva, atraindo os polos negativos
do dipolo e o contrário na outra extremidade, Figura 3.13c. Isto caracteriza o efeito
piezoelétrico inverso e direto respectivamente. Essa é uma forma de transformar
energia elétrica em mecânica, pois o cristal vibra com a frequência do campo
alternado aplicado e em proporção ao diferencial de tensão.
Figura 3.13 | Em (a) dipolos em um material piezoelétrico; (b) tensões de compressão
provocam variações dimensionais e (c) a mudança de orientação dos dipolos induz à
deformação pela diferença de potencial

Fonte: Van Vlack (1970, p. 219).

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 119


U3

Logo, podemos caracterizar o efeito piezoelétrico como a transformação de


energia mecânica em energia elétrica, podendo também ocorrer o fenômeno
inverso, transformar a energia elétrica em mecânica. Esta forma de funcionamento
provoca pequenas “vibrações” no material, ao converter a energia mecânica para
energia elétrica o que acontece por exemplo em microfones, ou o inverso ocorre
nos autofalantes. “Os dispositivos eletromecânicos resultantes, que são denominados
de transdutores, são normalmente utilizados para produzir ondas sonoras de alta
frequência e na sintonização de circuitos elétricos” (VAN VLACK, 1970, p. 219).

Qual a principal invenção utilizando as cerâmicas


piezoelétricas, descoberta durante a primeira guerra mundial?

Alguns tipos de materiais que oferecem a variação da polarização são: os


materiais ferroelétricos, a turmalina, o topázio, sulfato de lítio, o quartzo. Também se
apresentam em ordem de importância os materiais cerâmicos construídos a partir
de soluções sólidas de zirconato de chumbo (PbZrO3) e titanato de chumbo (PbTiO3)
utilizados na fabricação das cerâmicas PZT.

Os materiais PZT apresentam Figura 3.14 | Expansão e contração de um


maiores propriedade piezoelétricas disco piezoeléctrico, em resposta a uma
pressão aplicada
do que o titanato de bário, incluindo
a temperatura de Curie mais alta.
Podemos citar alguns exemplos destes
materiais e suas aplicações industriais
como: PTZ-4 aplicado a sistemas de
limpeza por ultrassom e fisioterapia;
PTZ-5A aplicado principalmente em
sensores e transdutores fabricados para
ensaios não destrutivos; o PZT-5J e 5H
para geradores de faísca por impacto
aplicado como fonte de ignição
para isqueiros. A Figura 3.14 mostra a
atuação de um ignitor piezoelétrico.

“Um outro exemplo é um transdutor


de ultrassom subaquático, no qual a Fonte: <http://goo.gl/2PE3GP>. Acesso em: 20 ago. 2016.
potência elétrica de entrada o faz vibrar

120 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

e assim transmitir ondas sonoras” (SMITH; HASHEMI, 2012, p. 575). Outras aplicações
de uso cotidiano que incluímos são: os autofalantes, os microfones, as impressoras
a jato de tinta e relógios de quartzo.

Ao aplicar um campo elétrico ao material piezoelétrico,


como o titanato de bário, o que se pode esperar com relação
às dimensões físicas deste material?

As substâncias piezoelétricas têm grandes aplicações tecnológicas.


Conheça algumas delas acessando:
<http://goo.gl/6O7aSd>; <http://goo.gl/tkYOIo>. Acesso em: 20 ago.
2016.

Além disso, aprofunde seu conhecimentos sobre o efeito piezoelétrico


acessando:
<https://www.youtube.com/watch?v=asFZS84lfn0>;
<https://www.youtube.com/watch?v=ftchx1TDNJo>;
<https://www.youtube.com/watch?v=p9E9P0gQFlg>.
Acesso em: 20 ago. 2016.

1. Os materiais dielétricos, principalmente os ferroelétricos,


são muito utilizados na indústria, principalmente na aplicação
de sensores e atuadores, devido a sua forma de polarização
ocasionada a partir da temperatura. A respeito da variação de
temperatura, assinale a alternativa correta que caracteriza um
material ferroelétrico.

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 121


U3

a) Um material dielétrico é considerado ferroelétrico


quando apresenta uma temperatura acima da temperatura
de superfície.
b) Um material dielétrico é considerado ferromagnético
quando apresenta uma temperatura de compressão sob a
estrutura de placas paralelas.
c) Um material paraelétrico é considerado ferromagnético
quando apresenta uma temperatura acima da temperatura
de Curie.
d) Um material isolante é considerado ferroelétrico quando
apresenta uma temperatura abaixo da temperatura de Curie.
e) Um material isolante é considerado ferromagnético
quando apresenta uma temperatura abaixo da temperatura
de superfície.

2. Com o alto investimento em automação, os transdutores


foram bastante difundidos na área industrial, devido ao tipo
de polarização deste elemento, em que há uma proporção
entre a geração de cargas e as tensões mecânicas aplicadas
e, entre a deformação em função de um campo elétrico
aplicado. Dentre as diversas aplicações, citamos o uso
em dispositivos de geração de imagem por ultrassom. Os
transdutores participam de qual grupo de materiais?
a) Materiais ferromagnéticos.
b) Materiais piezoelétricos.
c) Materiais ferroelétricos.
d) Materiais semicondutores.
e) Materiais condutores.

Nesta unidade, você aprendeu:


• A definir um dipolo elétrico.

122 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

• As diversas formas de polaridade de um material isolante.


• Os conceitos relacionados à condutividade em isolantes, tais
como, bandas de condução.
• A definir capacitância.
• A calcular a capacitância de um capacitor de placas paralelas no
vácuo e com a presenção de um isolante.
• As três propriedades apresentadas na maioria dos dielétricos, tais
como, constante dielétrica, rigidez dielétrica, bem como o fator de
perda.
• Como ocorre e em que influencia a polarização de um material
dielétrico.
• A atuação do campo elétrico nos materiais isolantes.
• A calcular a área entre as placas paralelas de um capacitor.
• A distinguir os materiais ferroelétricos e piezoelétricos.
• A definir constante dielétrica.
As aplicações de materiais dielétricos de alto desempenho,
ferroelétricos e piezoelétricos voltados à engenharia.

Espera-se que ao final desse estudo você compreenda que os


materiais dielétricos ou isolantes são altamente influenciados,
quanto ao seu funcionamento, principalmente, pelo tipo
de polarização que recebem, bem como pela atuação das
propriedades: constante dielétrica, rigidez dielétrica e o fator
de perda. Essas propriedades seguem as características do tipo
de material a ser utilizado (tipo de ligação, estrutura e defeitos
no cristal, constituição das fases), a temperatura a que serão
submetidos, a tensão e frequência aplicadas ao funcionamento
e o tempo que permanecerá ligado à mesma tensão.
Vale destacar que para que para melhor aproveitamento dos
conteúdos abordados nesta disciplina, é muito importante
que você realize a leitura atenta do material, dedique tempo
à resolução dos exercícios indicados como exemplos e às

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 123


U3

atividades de aprendizagem, se possível, realize pesquisas adicionais


em bibliotecas e sites, além do acesso e estudo dos materiais que
compõem a bibliográfica desta unidade.
Bons estudos!

1. Façamos uso de um capacitor de placas paralelas para


o projeto de uma placa eletrônica, em que o material
dielétrico instalado entre as placas dispõe da constante
dielétrica ε r = 2, 5 e apresenta um espaçamento de 1mm.
Considerando a necessidade de troca deste dielétrico para
um que apresente ε r = 4, 0 e a capacitância permanecer
inalterada, qual deverá ser o novo espacamento entre as
placas ε d ?
a) 1 mm.
b) 1,3 mm.
c) 1,6 mm.
d) 2,0 mm.
e) 2,2 mm.

2. (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 663) Considerando


que um capacitor de placas paralelas tenha uma área de
2500mm² e a distância de separação entre as placas seja de
2mm e, sendo que o material dielétrico presente entre as
placas apresenta uma constante dielétrica de 4,0, qual deve
ser a capacitância do capacitor?
a) 1 mm.
b) 1,3 mm.
c) 1,6 mm.
d) 2,0 mm.
e) 2,2 mm.

124 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

3. Considere as afirmativas a respeito dos materiais


dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos:
I- A propriedade constante dielétrica é comum a todos os
materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos.
II- Os materiais piezoelétricos realizam apenas a conversão
de energia elétrica para energia mecânica.
III- O polímero é um material dielétrico, no qual se
encontram classificados apenas materiais plásticos.

Assinale a alternativa correta:


a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente a afirmativa II está correta.
c) Somente a afirmativa III está correta.
d) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
e) Somente as afirmativas II e III estão corretas.

4. Os polímeros são materiais dielétricos conhecidos por


apresentarem diversas aplicações, por causa das características
do tipo de material utilizado (tipo de ligação, estrutura e
defeitos no cristal, constituição das fases) e suas propriedades,
em que, dependendo destas, um polímero pode ser usado em
duas ou mais funções. Características e aplicações específicas
de alguns materiais são descritas a seguir.
- O polímero I apresenta-se como um dos polímeros mais
leve, mais rígido e mais resistente à luz do sol.
- O polímero II é certamente o mais utilizado como base
mecânica de grande parte da vida vegetal e animal.
- O polímero III é produzido pela mistura de dois
componentes que reagem e endurecem, seja em
temperatura ambiente ou por aquecimento.
- O polímero IV possui aplicações na área de arquitetura,
bem como quando submetido à plastificação produz couro
artificial, meias e vestuário.

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 125


U3

Os polímeros, I, II, III e IV são, respectivamente:


a) Poliisopreno, celulose, poliéster e polietileno.
b) Poliestireno, lignina, fenolformaldeído e pvc.
c) Polipropileno, celulose, epóxi e pvc.
d) Polipropileno, proteína, poliéster e náilon.
e) Polipropileno, proteína, epóxi e cloreto de polivinila.

5. Os materiais cerâmicos possuem propriedades elétricas e


mecânicas que os tornam particularmente adequados para
uso como isolantes em muitas aplicações nas indústrias
elétrica e eletrônica. Dentre os materiais abordados em
nosso estudo, um deles apresenta melhor tenacidade e maior
leveza, além de ser o que melhor apresenta combinações de
propriedades úteis à engenharia, estamos nos referindo à:
a) Alumina.
b) Nitreto de silício.
c) Carbeto de silício.
d) Zircônia.
e) Forsterita.

126 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


U3

Referências

CALLISTER, William D.; RETHWISH, David G. Ciência e engenharia de materiais: uma


introdução. Tradução de: Sergio Murilo Stamile Soares. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
FUJINO, Roberto T. Transições de fases estruturais em cerâmicas ferroelétricas
do Sistema PMN-PT. 2006. 90 f. Dissertação (Mestrado em Ciências dos Materiais)
-Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, São Paulo. 2006. Disponível
em: <http://www.fqm.feis.unesp.br/pos/teses/disser-46.pdf>. Acesso em: 1 set. 2016.
SCHMIDT, Valfredo. Materiais elétricos. São Paulo: Edgard Blücher, 1979.
SMITH, William F.; HASHEMI, Javad. Fundamentos de engenharia e ciência dos
materiais. Tradução de: Necesio Gomes Costa, Ricardo Dias Martins de Carvalho,
Míriam de Lourdes Noronha Motta Melo. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
VAN VLACK, Lawrence Hall. Princípios de ciência dos materiais. Tardução: Luiz Paulo
Camargo Ferrão. São Paulo: Edgard Blücher, 1970.

Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos 127


U3

128 Materiais dielétricos, ferroelétricos e piezoelétricos


Unidade 4

Materiais ferromagnéticos e
supercondutores
Patrícia Beneti de Oliveira

Objetivos de aprendizagem:
Com essa unidade, objetiva-se que você apreenda os materiais magnéticos
e como se comportam quanto as suas propriedades magnéticas, bem como
o que lhe ocorre quando submetidos a uma corrente elétrica. Além disso,
evidenciamos o estudo da supercondutividade na apresentação dos materiais
supercondutores, suas características e aplicações no campo da engenharia.
Dentre os tipos de materiais magnéticos, destacamos a classe de materiais
ferromagnéticos, conhecidos como ímãs permanentes devido a sua facilidade
de magnetização e forças de atração intensa.

Seção 1 | Propriedades dos materiais ferromagnéticos


Na primeira seção dessa unidade, evidenciamos como ocorre o
fenômeno de magnetização, as linhas de campo e a classificação dos
materiais quanto as suas propriedades magnéticas, bem como a densidade
de fluxo magnético e a atuação do campo magnético nos diversos tipos
de materiais. De maneira mais específica, focamos o estudo em três tipos
de materiais: os ferromagnéticos, diamagnéticos e os paramagnéticos.

Seção 2 | Propriedades dos materiais supercondutores

Na segunda seção dessa unidade, apresentamos a ocorrência do


fenômeno elétrico da supercondutividade e as propriedades apresentadas
pelos materiais que os tornam supercondutores, bem como a variação de
temperatura a que os materiais são submetidos para serem classificados
em supercondutores do tipo I ou supercondutores do tipo II.
U4

130 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Introdução à unidade

Nesta unidade, iniciaremos o estudo sobre materiais magnéticos e


supercondutores. A análise quanto ao momento de dipolo magnético, ou seja, a
orientação dos elétrons em torno do átomo e sua orientação em seu próprio eixo,
este último proporcionando o efeito spin.

A partir destes estudos, podemos verificar o efeito de magnetização dos materiais


e a partir deste comportamento classificá-los em: ferromagnéticos, diamagnéticos,
paramagnéticos, antiferromagnetismo e ferrimagnetismo. E também verificar
a atuação de um solenoide em razão da permeabilidade de um material, ou em
função do espaço livre ao centro da bobina.

Por fim, iniciamos a exploração dos materiais supercondutores e suas


propriedades magnéticas, começando com a verificação da variação de
temperatura: quais os pontos de temperatura crítica do material, ou seja, o
momento que o material se torna supercondutor. Encerramos com as abordagens
sobre as aplicações dos materiais supercondutores.

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 131


U4

132 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Seção 1

Propriedades dos materiais ferromagnéticos

Introdução à seção

Nesta seção, o objetivo é conduzir você, estudante, a evidenciar algumas das


propriedades fundamentais dos materiais magnéticos que dependem principalmente
do movimento dos elétrons em torno do átomo e o giro em seu próprio eixo,
caracterizando pequenos ímãs compostos por polo norte e polo sul.

Considerando essa propriedade magnética, iremos classificar os materiais em


termos de suas propriedades magnéticas, sendo: ferromagnéticos, diamagnéticos,
paramagnéticos, antiferromagnetismo e ferrimagnetismo. Dentre tais conceitos,
você estudará: a densidade de fluxo magnético, a permeabilidade do material e do
espaço livre, a força magnetizante e a indutância.

Ainda nesta seção, você conhecerá diversas aplicações de cada classificação do


material magnético na área de engenharia.

1.1 Magnetização dos materiais


Os materiais magnéticos estão presentes em diversos projetos de engenharia,
principalmente em engenharia elétrica. Os efeitos magnéticos e eletromagnéticos
proporcionam influências de atração ou de repulsão entre os materiais. Muitos
dispositivos modernos utilizam-se de tecnologias aliadas aos fenômenos magnéticos,
possibilitando maior desempenho durante suas aplicações.

De modo geral, os materiais magnéticos apresentam dois tipos principais:


materiais magnéticos duros e moles. Veremos que os materiais magnéticos
moles são fáceis de magnetizar e desmagnetizar, sujeitos a campos magnéticos
alternados, apresentam baixas perdas de energia. Como exemplo de aplicação
destes materiais, podemos citar os núcleos de transformadores de potência de
linhas de distribuição de energia, materiais para estatores e rotores de motores e
geradores. Já o grupo de materiais magnéticos duros apresenta alta resistência à
desmagnetização, normalmente acumula o campo magnético no material e são
empregados principalmente em ímãs permanentes, tais como ímãs de alto-falantes,

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 133


U4

receptores de telefones e computadores, motores síncronos e motores de partida


de automóveis.

Podemos então nos questionar: por que e como um material se magnetiza?

Analogamente ao conceito de dipolo elétrico, apresentado na Unidade 3,


um material se magnetiza pela análise do comportamento do dipolo magnético.
Este se apresenta nos materiais magnéticos através do movimento de partículas
carregadas eletricamente, ou seja, o movimento dos elétrons em torno do átomo
(dipolo magnético), bem como o efeito spin (giro em seu próprio eixo) caracterizam
pequenos ímãs compostos por polo norte e polo sul, em vez de cargas elétricas
positivas e negativas, denominados de momento de dipolo magnético, representados
na Figura 4.1.

Figura 4.1 | Representação do dipolo magnético e efeito spin

Fonte: <http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/descricao_macroscopica.pdf>. Acesso em: 14 set.


2016.

Na maioria dos casos, os elétrons nos átomos são emparelhados de modo que
os momentos magnéticos ( ms ) positivo e negativo se cancelam. Caracterizando
o momento magnético fundamental, Callister e Rethwisch (2015) afirma ser o
magnéton de Bohr, µ B , que possui valor:
eh
µB =
4π m
Em que:

e é o valor da carga eletrônica;


h constante de Planck ( 6, 63x10−34 J .s );
m massa do elétron.

Para o Sistema Internacional de Unidades, o magnéton de Bohr possui magnitude


de 9, 27 x10−24 A.m² .

134 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Em geral, o magnetismo é um fenômeno bipolar, não tendo sido descoberto


até hoje nenhum monopólio magnético. A tendência de orientação de dipolos
magnéticos, ou seja, a soma de n dipolos magnéticos é que orienta a magnetização
dos materiais classificados em duas categorias: materiais de magnetização
permanente, como os ímãs, e materiais que adquirem a magnetização quando
submetidos a um campo magnético externo.

Devemos nos atentar que os campos magnéticos também são gerados pela
corrente elétrica que transpassa um condutor. A Figura 4.2 demonstra a formação
das linhas de campo magnético ao redor de uma bobina de fio de cobre, denominada
por solenoide. Foram utilizados para a visualização do fenômeno limalha de ferro
em uma folha de papel sobre a barra.

Figura 4.2 | Representação do campo magnético formado por um solenoide

Fonte: <https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/3779571816505/Teoric2Maio(PropMag).pdf>. Acesso em: 14 set. 2016.

Agora que você já sabe o comportamento do campo


magnético, reflita: quando podemos dizer que um material
está magnetizado?

É importante destacar que o estudo das estruturas dos materiais magnéticos


promoveu, ao longo do tempo, o aparecimento de novas soluções para uma
série de aplicações elétricas. Um exemplo é a mudança dos tradicionais núcleos
ferromagnéticos estampados para núcleos fabricados por meio de sinterização
(compactação do pó de metal magnético), desta maneira é possível realizar qualquer
configuração do núcleo.

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 135


U4

Aprenda mais sobre as tendências de uso dos núcleos fabricados por


meio de sinterização no link a seguir. Disponível em: <http://www.lume.
ufrgs.br/handle/10183/60674?locale=pt_BR>; <htpp://goo.gl/O4N9vT>.
Acesso em: 14 set. 2016.

Os núcleos magnéticos ajudam na diminuição de perdas do transformador. Os


núcleos utilizados para a construção de indutores e transformadores são fabricados
a partir da liga de ferro silício. O processo de construção ocorre pelo acoplamento
de lâminas (0,3 mm de espessura), isoladas umas das outras, assim cria-se uma
resistência diminuindo as perdas pela corrente de Focault ou corrente induzida. Estes
núcleos possuem uma região de atuação linear, conforme o aumento do campo
magnético (H), aumenta-se a densidade de fluxo magnético (B). Contudo, acima da
temperatura de Curie, a região não é mais linear, e o aumento de B não é mais tão
relevante quanto de H, saturando o núcleo o prejudicando seu funcionamento.

Desta forma, ressaltamos a correspondência que existe entre o campo magnético


e a corrente elétrica nos ímãs, estes proporcionando o efeito de indução e o da
tensão induzida. O campo magnético pode ser descrito pela análise da totalidade,
ou seja, pela densidade volumétrica dos dipolos existentes. Veremos alguns tipos de
materiais que apresentam magnetização permanente, os ferromagnéticos, ou seja,
exibem uma magnetização independente de campo externo. E também os materiais
paramagnéticos e diamagnéticos, estes alteram o momento de dipolo a fim de
manterem-se contrários à polarização do campo externo e aqueles por somente se
magnetizarem quando o campo externo está presente, representados na Figura 4.3.
Figura 4.3 | Tipos de materiais magnéticos indicados na tabela periódica

Fonte: <http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/diamagnetismo.pdf>. Acesso em: 14 set. 2016.

136 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

1.2 Classificação dos materiais em termos de suas propriedades


magnéticas
Você, pelo menos uma vez, já deve ter manuseado um ímã, aqueles de colocar
em porta retratos ou na geladeira. Também já deve ter percebido que estes ímãs
apresentam-se permanentemente magnetizados. E como será que isto ocorre?

Os ímãs permanentes devem apresentar elevado magnetismo residual, ou seja,


o material é magnetizado e após cessar as forças de magnetização aplicadas, não
cessam as forças magnetizantes no material. Assim, dizemos que o material retém
o magnetismo, o que é típico de materiais magnéticos ditos duros, os materiais
ferromagnéticos.

É possível construir um ímã permanente que possa ser ligado


e desligado quando quiser? Qual seria uma utilidade para isso?

1.2.1 Materiais ferromagnéticos


Estes materiais caracterizam-se, como vimos, por uma magnetização espontânea,
ou seja, não dependem de um campo externo para proporcionar o fenômeno da
magnetização, ou seja, os dipolos se espalham pelo material independente da
presença de um campo magnético externo, ou seja, caso fossem dependentes, a
magnetização seria nula quando o campo externo cessasse. Logo, estes materiais
apresentam comportamentos não lineares. Assim recebem o nome de ímãs, devido
à força de atração ser intensa. Além disso, estes materiais ao sofrerem alterações em
suas propriedades, normalmente quando atingem uma temperatura crítica, passam
de ferromagnético para diamagnético.

Abaixo desta temperatura crítica, denominada de temperatura de Curie, o


material apresenta “um grande número de pequenas seções conhecidas por
domínios, [...], e que se caracterizam por possuir uma única orientação magnética,
ou seja, são dotados, cada um, de um vetor de campo magnético unitário próprio”
(SCHMIDT, 1979). Se os domínios forem orientados aleatoriamente, então não
haverá magnetização resultante em uma amostra finita do material.

Desta forma, o alinhamento paralelo dos dipolos magnéticos de átomos de


Fe, Co e Ni são devido à criação de uma energia de troca positiva entre eles, ou
seja, os momentos magnéticos permanentes, nos materiais ferromagnéticos,
correspondem aos momentos magnéticos atômicos devidos aos spins dos elétrons
internos desemparelhados que se alinham as suas redes cristalinas, Figura 4.4.

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 137


U4

Figura 4.4 | Representação dos domínios desmagnetizado e magnetizado por indução

Fonte: <http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/descricao_macroscopica.pdf>. Acesso em: 14 set.


2016.

Esta característica de alinhamento dos dipolos permite ao material ferromagnético


concentrar o campo magnético que transpassa por ele, devido a esta propriedade,
estes materiais são muito importantes na construção de componentes como os
indutores e transformadores. Como estes materiais apresentam características não
lineares, ou seja, a indução magnética B depende diretamente da atuação do campo
magnético H, temos a formação do fenômeno conhecido como histerese, a partir
da curva de magnetização.

Estudamos a respeito no Item 2.1 Materiais ferroelétricos da Unidade 3, Seção


2. Retome a leitura do material, inclusive abordamos a orientação dos domínios do
material ferroelétrico, analogamente à magnetização.

Você se recorda do conceito de histerese? E como ela ocorre?


Antes de continuar seus estudos, é fundamental recordar esses
conceitos. Para isso, acesse os links. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=BL4F-Afugio>; <https://www.
youtube.com/watch?v=uJtv49litNg>; <https://www.youtube.com/
watch?v=BXARaPglFJg>. Acesso em: 15 de set. 2016.

Agora, pensemos na bobina apresentada na Figura 4.5. Ao considerar o material


no seu interior sendo ferromagnético, iremos obter um campo induzido, ou seja,
uma indução magnética mais intensa do que em apenas um fio, pois ao passar uma
corrente pelo solenoide com um núcleo magnético, o fluxo magnético aumenta
através da bobina. “Em equipamento de corrente alternada, o núcleo é primeiramente
magnetizado em uma direção e depois na outra, quando a corrente é invertida” (VAN
VLACK, 1970, p. 121).

138 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Figura 4.5 | Campo magnético gerado por uma bobina cilíndrica e interferência deste
campo com a inserção de um material sólido

Fonte: <http://coral.ufsm.br/cograca/graca9_1.pdf>. Acesso em: 14 set. 2016.

Logo, temos o princípio de construção de um eletroímã, representado na Figura


4.6. Este, por sua vez, possui diversas aplicações, como: o uso em campainhas, alto-
falantes, eletroímã para sucatas, relés e rotores em motores elétricos.

Figura 4.6 | Representação de um eletroímã (solenoide com um núcleo ferromagnético)

Fonte: <http://museuweg.net/blog/category/eletricidade/>. Acesso em: 14 set. 2016.

Podemos considerar como principais materiais ferromagnéticos aplicados à


engenharia, o Ferro (Fe), o Níquel (Ni) e o Cobre (Co), também conhecidos por
materiais magneticamente duros. Os metais de transição Dy (disprósio), Gd
(gadolínio), Tb (térbio), Ho (hólmio) também são ferromagnéticos à temperatura
ambiente, mas possuem pouca aplicação industrial.

1.2.2 Materiais diamagnéticos


O diamagnetismo ocorre em todos os materiais, mas em muitos o efeito
magnético negativo é cancelado por efeitos magnéticos positivos, ou seja, os
elétrons encontram-se emparelhados (Figura 4.7). Estes materiais apresentam uma
susceptibilidade negativa muito pequena da ordem χ m ≈ −10−5 (Quadro 4.1).

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 139


U4

Identificamos o fenômeno de repulsão (Figura 4.8) ao aproximar um material


diamagnético de um ímã, ou de qualquer outro material magnético, ou seja,
apresenta o fenômeno contrário aos materiais ferromagnéticos. Além disso, quando
colocados entre os polos de um eletroímã forte, os materiais diamagnéticos tendem
a posicionar-se nos locais em que as linhas de campo são extremamente fracas.

Figura 4.7 | Representação do material diamagnético e a atuação dos dipolos atômicos

Fonte: <http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/diamagnetismo.pdf>. Acesso em: 14 set. 2016.

Figura 4.8 | Repulsão entre material diamagnético e ímã

Fonte: <http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/diamagnetismo.pdf>. Acesso em: 14 set. 2016.

Este fenômeno ocorre em materiais que não possuem momentos de dipolos


elétricos permanentes, podemos citar como elementos deste grupo os gases inertes,
metais (cobre, gálio, ouro etc.), bem como a grafita e bismuto que demonstram
intensamente este comportamento. Devemos ressaltar que o diamagnetismo não é
muito utilizado na engenharia.

1.2.3 Materiais paramagnéticos


Assim como o diamagnetismo, o paramagnetismo apresenta formas fracas de
interação entre o sólido e um campo magnético aplicado. Assim, exibe magnetização
apenas na presença de um campo magnético externo (Figura 4.9), ou seja, o efeito
paramagnético extingue-se quando o campo magnético aplicado é removido.

140 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Neste fenômeno, os momentos dos dipolos atômicos se alinham de alguma


forma preferencial: de acordo com a presença do campo magnético, por rotação
(spins), ou ainda momentos de dipolos permanentes em virtude do cancelamento
incompleto dos momentos magnéticos de spin e/ou orbital do elétron (Figura 4.10).

Figura 4.9 | Atuação do campo magnético (H) em material paramagnético

Fonte: <http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/paramagnetismo_dos_materiais.pdf>. Acesso em: 14


set. 2016.

Figura 4.10 | Representação do material paramagnético e a atuação dos dipolos atômicos

Fonte: <http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/diamagnetismo.pdf>. Acesso em: 14 set. 2016.

Agora que você já sabe as orientações dos dipolos magnéticos


para cada material e o seu comportamento, reflita: por que
repetidas quedas de um ímã permanente sobre o piso farão
com que ele fique desmagnetizado?

Aprenda mais sobre as propriedades magnéticas dos materiais e suas


aplicações:<http://www.bv.fapesp.br/pt/dissertacoes-teses/2681/
propriedadesmagneticas-de-sistemas-nanocristalinos/>;
<http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/v22a58.pdf>;
<http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/952>. Acesso em: 14 set.
2016.

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 141


U4

1.2.4 Antiferromagnetismo e ferrimagnetismo


Lembrando que as propriedades magnéticas dependem dos momentos de
dipolo, para o fenômeno de antiferromagnetismo, os átomos se alinham em
direções contrárias, ou seja, os momentos magnéticos estando opostos, ocorrerão
cancelamentos entre si, “como consequência, o sólido como um todo não apresenta
qualquer momento magnético resultante” (CALLISTER; RETHWISH, 2015, p. 690),
verifique a representação na Figura 4.11. O antiferromagnetismo tem como principal
material o cromo, que em fase sólida apresenta este comportamento. Podemos
incluir também alguns elementos de manganês como o óxido de manganês (MnO).

Já o ferrimagnetismo ocorre em alguns materiais cerâmicos com magnetização


permanente e os íons possuem diferentes valores e momentos magnéticos, o
que faz com que não se anulem. Isto podemos observar também na Figura 4.11.
Os materiais ferrimagnéticos naturais são conhecidos como ferrites, tendo como
principal componente a magnetita, Fe3O4, a pedra-ímã dos povos antigos. Em
geral, as ferrites apresentam “baixos valores de condutividade, o que as torna úteis
para muitas aplicações em eletrônica” (SMITH; HASHEMI, 2012, p. 611), como em
transformadores e indutores de alta frequência, cabeças de gravação magnética.

Figura 4.11 | Orientação dos dipolos magnéticos em campo nulo e temperatura ambiente
e curvas de M e H para os tipos de materiais magnéticos

Fonte: <http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0711041_09_cap_01.pdf>. Acesso em: 20 set. 2016

142 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

1.3 Características dos materiais magnéticos


A distribuição de um campo magnético em torno de um material é simbolizada
pela interação das linhas de campo. Em um ímã permanente, existe um campo
magnético com linhas que se direcionam do polo norte ao polo sul, representamos
este comportamento na Figura 4.12.

Figura 4.12 | Linhas de campo para um ímã permanente

Fonte: <http://eletrotecnicasms.blogspot.com.br/2011/05/campos-magneticos.html>. Acesso em: 20 set. 2016.

Lembramos que qualquer fio percorrido por uma corrente elétrica irá apresentar
linhas de campo circulares concêntricas, em que o uso da regra da mão direita
determina a direção e sentido destas linhas, que induzirão a formação de um campo
magnético ao redor do condutor. Este terá seu sentido alterado caso alterne-se o
sentido da corrente elétrica, comportamento representado na Figura 4.13.

Figura 4.13 | Direção e sentido das linhas de campo em um condutor retilíneo

Fonte: <http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/a_lei_de_ampere.pdf>. Acesso em: 20 set. 2016.

Sendo o condutor enrolado, temos a formação de uma espira, que apresenta


linhas de campo resultantes de mesma direção e sentido, logo, se tivermos diversas
espiras, teremos um campo magnético em caminho contínuo ao centro e em torno
de cada condutor e da bobina formada, como podemos observar na representação
da Figura 4.14.

Agora, a intensidade do campo gerado pode ser ampliada ao inserir núcleos de


determinados materiais como ferro, aço ou cobalto, para aumentar a densidade

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 143


U4

de fluxo no interior da bobina, como vimos na Figura 4.5. Assim, chegamos a um


eletroímã que apresenta as mesmas propriedades de um ímã permanente e produz
um campo magnético cuja intensidade pode ser modificada alterando-se um dos
parâmetros (corrente, número de espiras etc.).

Figura 4.14 | Representação do campo magnético em uma espira

Fonte: <http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/a_lei_de_ampere.pdf>. Acesso em: 20 set. 2016.

No SI de unidades, o fluxo magnético, ao redor do condutor e/ou bobina, é


medido em webers (Wb) e o seu símbolo é a letra grega phi ( φ ). O número de linhas
de campo por unidade de área (A=m²) é chamado de densidade de fluxo magnético,
representado pela letra B e medido em teslas (T), assim:
φ
B=
A
No caso da Figura 4.12, a densidade de fluxo é duas vezes maior em a do que
aquela em b, pois em a temos duas vezes mais linhas de campo atravessando a
mesma área.

A densidade do fluxo de um eletroímã está diretamente relacionada ao número de


espiras em torno do núcleo pela intensidade da corrente que atravessa o enrolamento.
Ao produto destes dois elementos chamamos de força magnetomotriz, medida em
ampère-espira (Ae) definida pela expressão:
Fmm = NI

Assim, concluímos que se você aumentar o número de espiras em torno do núcleo


e/ou aumentar a corrente através do enrolamento, a força do campo magnético
também aumentará. Logo, a força magnetomotriz por unidade de comprimento é
chamada de força magnetizante (H), na forma da equação:
Fmm , substituindo na expressão a força magnetomotriz, encontramos
H=
l
NI
H= ( Ae / m) .
l

144 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Figura 4.15 | Definição da força magnetizante de um circuito magnético de um toroide1

Fonte: <http://www.ing.uc.edu.ve/electrica/potencia/maqelec1/index.php?option=com_content&view=article&id=82&Item
id=113>. Acesso em: 21 set. 2016.

Exemplo 1: (BOYLESTAD, 2012, p. 431) Considere o circuito magnético


apresentado na Figura 4.15, em que NI = 40 Ae e l = 0, 2m . Determine o valor da
força magnetizante presente neste arranjo de espiras.

Resolução: considerando o arranjo de espiras sendo um toroide, podemos


aplicar a fórmula da força magnetizante (H), em que:
NI 40
= H
= = 200 Ae / m
l 0, 2
Logo, ao analisarmos este resultado, verificamos que existem 200A de pressão/
força para estabelecer um fluxo magnético no núcleo da espira.

Outro fator que afeta a intensidade do campo magnético, como já conhecemos,


é o tipo do núcleo usado. Se o material será ferromagnético, diamagnético ou
paramagnético teremos alterações quando a permeabilidade do meio, ou seja,
quanto à facilidade com que linhas de fluxo magnético podem ser estabelecidas no
material ou no espaço livre (vácuo).

Para a permeabilidade do ar µ0 há um valor específico 4π x10−7 (T .m / A) ou


(1, 257 x10−6 ) H / m , agora a razão da permeabilidade de um material em função do
espaço livre, chamamos de permeabilidade relativa, isto é,
µ , relacionada à facilidade do campo B ser induzido na presença de um
µr =
µ0
campo externo H. Em geral, para os materiais ferromagnéticos µr ≥ 100 e para os
materiais não magnéticos µr = 1 .

Arranjo de espiras, formando uma superfície de revolução, que pode ser pensada como de um círculo
1

que percorre uma circunferência de raio R.

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 145


U4

Logo, a força magnetizante e a densidade de fluxo estão relacionadas de acordo


com:
B = µH

Em que:

B corresponde à indução magnética ou densidade de fluxo magnético, ou seja,


representa a magnitude do campo interno no interior de uma substância que está
sujeita a um campo, a unidade Wb/m²;
µ permeabilidade magnética, definida pela razão entre a indução magnética B
e o campo aplicado H.

H campo magnético que é gerado pela corrente circular e pelo ímã, com
unidade em ampère/metro ou oersted (Oe).

Logo, apresenta um campo magnético H gerado no interior da bobina e


dependerá da corrente elétrica, do número de espiras e do comprimento da
bobina. Em seguida, se no interior da bobina estiver presente um material sólido, o
mesmo apresentará uma magnetização (M) que será somada ao campo aplicado H,
resultando na indução magnética B = µ0 ( H + M ).

Um ponto importante a ressaltar é que para materiais ferromagnéticos, muitas


vezes a magnetização µ0 M é muito maior que o campo aplicado µ0 H , resultando
na expressão B ≈ µ0 M . Desta forma, para estes materiais, a indução magnética (B) e
a magnetização (M) são algumas vezes utilizadas como sinônimos.

Uma vez que a magnetização de um material magnético é proporcional ao campo


aplicado, temos um fator de proporcionalidade denominado de susceptibilidade
M
magnética, χ m definido como: χ m = . Sendo uma quantidade adimensional,
H
equivalente à permeabilidade magnética.

Para os materiais paramagnéticos e antiferromagnéticos, as susceptibilidades


magnéticas são positivas, ou seja, maiores que zero. Para os materiais ferromagnéticos
e ferrimagnéticos, as susceptibilidades são muito maiores que zero, já os materiais
diamagnéticos possuem susceptibilidades negativas. Verifique alguns valores de
susceptibilidade dos materiais, dispostos no Quadro 4.1.

Quadro 4.1 | Susceptibilidades magnéticas à temperatura ambiente para materiais


paramagnéticos e diamagnéticos

Materiais χ Materiais χ
paramagnéticos diamagnéticos

Alumínio 2, 3 x10−5 Ouro −3, 66 x10−5

146 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Cálcio 1, 9 x10−5 Mercúrio −2, 85 x10−5

Tungstênio 6, 8 x10−5 Nitrogênio −5 x10−9

Fonte: elaborado pela autora.

Conheça mais sobre os elementos paramagnéticos e diamagnéticos em:


<https://www.youtube.com/watch?v=HX_l2HWakvc>; <https://www.
youtube.com/watch?v=Kwkz-lttSuI>. Acesso em: 14 set. 2016.

1.4 Indutância
Denominamos de indutância o fenômeno observado no elemento indutor, que
conhecemos a pouco com o nome de solenoide ou bobina. Percebemos que ao
enviarmos uma corrente a um indutor, com ou sem núcleo, um campo magnético é
estabelecido neste elemento. O nível de indutância irá determinar a força de atuação
do campo magnético pela corrente que será aplicada. Sua unidade de medida é
henries (H).

Logo, para um indutor devemos observar:


µN A
2

L=
l
Em que:

µ é a permeabilidade do meio (Wb/A.m);

N o número de espiras;
A área em metros quadrados (m²);
l comprimento em metros;
L valor da indutância em henries (H).

Assim, percebemos que o número de espiras, ou seja, o número de voltas é


um fator importante, além disso, “o nível de indutância tem sensibilidades de
construção simulares, no sentido de que ele é dependente de área dentro da
bobina, do comprimento do indutor e da permeabilidade do material do núcleo”
(BOYLESTAD, 2012, p. 394). Não havendo material ao centro da espira, denominados

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 147


U4

por núcleo de ar (Figura 4.16), utilizamos a permeabilidade do ar para o cálculo (


µ0 = 4π x10−7 (T .m / A) ).
Em geral, o tamanho de um indutor é determinado por seu tipo de construção,
pelo núcleo usado e pela especificação da corrente. Desta forma, devemos levar
em consideração a espessura do fio condutor que será adotado, quanto mais voltas
houver, maior será a indutância. Entretanto, se o fio for muito fino, a corrente do
indutor poderá ser limitada.

Ao substituir a permeabilidade magnética ( µ = µr .µ0 ) na fórmula de indutância


temos:
 µ N²A  −7  µ r N ² A 
L = µ0  r  ou L = 4π x10  
 l   l 

Decompondo a permeabilidade relativa, obtemos uma equação muito útil:


L = µr L0
Em que conclui-se “a indutância de um indutor com núcleo ferromagnético é
µr vezes a indutância obtida com um núcleo de ar”(BOYLESTAD, 2012, p. 394), ou
seja, no vácuo.

Exemplo 2: (BOYLESTAD, 2012, p. 394) Considerando a bobina com núcleo de


ar apresentado na Figura 4.16.

Figura 4.16 | Bobina com núcleo de ar

Fonte: Boylestad (2012, p. 394).

a) Calcule a indutância.

b) Calcule a indutância se um núcleo metálico com µr = 2 x103 for inserido na


bobina.

Resolução:

a) Inicialmente, vamos converter os valores dados em polegadas para submúltiplos


de metro, ou seja, para milímetros, a fim de descobrir o diâmetro do indutor:

1  1m 
d= pol   = 6, 35mm
 
4  39, 37 pol 

148 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

π d ² π (6, 35mm)²
Logo em seguida, devemos indicar o valor da área A = = = 31, 7 µ m²
4 4
Para calcularmos o valor da indutância, precisamos também do valor do
comprimento do condutor utilizado na construção do solenoide, assim:
 1m 
l = 1 pol   = 25, 4mm
 39, 37 pol 
 

Substituindo os valore encontrados na fórmula da indutância, temos:

 µ N²A 
L = 4π x10−7  r 
 l 
 (1)(100)²(31, 7 x10−6 ) 
L = 4π x10−7   = 15, 68µ H
 25, 4 x10−3 

b) Aplicando a equação L = µr L0 → (2 x103 )(15, 68 x10−6 ) = 31, 36 µ H .

1.(BOYLESTAD, 2012, p. 437) Considere o circuito magnético


apresentado na Figura 4.17.
a) Calcule o valor de corrente necessária para gerar um fluxo
magnético φ = 4 x10−4 Wb . Considere H (aço fundido) = 170 Ae/m.
b) Determine µ e µ r para o material nessas condições.

Figura 4.17 |Representação de solenoide para o Exercício 1

Fonte: Boylestad (2012, p. 437).

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 149


U4

2. (BOYLESTAD, 2012, p. 421) Considerando o eletroímã da


Figura 4.18 e as grandezas apresentadas, determine:

Figura 4.18 |Representação de solenoide para o Exercício 1

Fonte: Boylestad (2012, p. 437).

a) Densidade de fluxo (B) em Wb/m².


b) A força magnetomotriz aplicada;

150 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Seção 2

Propriedades dos materiais supercondutores

Introdução à seção

Um dos campos de estudo que vem contribuindo de modo significativo para


o desenvolvimento científico e tecnológico é o aprimoramento dos materiais
supercondutores. Utilizados nas mais diversas áreas como: armazenamento de
dados, distribuição e transmissão de energia elétrica, transporte e biomedicina.

Nesta seção, o objetivo é conduzir você, estudante, a compreender a ocorrência


do fenômeno elétrico da supercondutividade, que depende principalmente da
variação de temperatura do material. Por esta propriedade, podemos classificar em
supercondutores de tipo I e tipo II, bem como verificar o comportamento destes
materiais quanto à condutividade elétrica.

Os materiais supercondutores apresentam aprimoramento das técnicas de


construção de equipamentos que busquem operar a altas temperaturas.

2.1 Materiais supercondutores


Existem diferentes tipos de materiais, como metais e números compostos
intermetálicos, que em baixas temperaturas, a resistência elétrica é praticamente
igual a zero, ou seja, a corrente flui sem obstáculos e normalmente apresentam
uma permeabilidade magnética não detectável. Por exemplo, o cobre, a resistividade
deste metal diminui continuamente à medida que a temperatura diminui, atingindo
valor residual perto de 0K. Entretanto, para o mercúrio puro, se considerarmos a
resistividade deste elemento, sua resistência elétrica cai subitamente a um valor
muito baixo ao atingir a temperatura de 4,2K.

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 151


U4

Figura 4.19 | Resistividade elétrica em função da temperatura

Fonte: Smith e Hashemi (2012, p. 596).

Logo, o comportamento supercondutor ocorre abaixo da temperatura crítica


(Tc). O material experimenta, nessa temperatura, uma mudança de fase, Figura
4.19. Ainda, pode ocorrer a perda desta característica se o material for sujeito a
correntes elétricas e campos magnéticos suficientemente altos, ou seja, o material
retorna ao estado normal antes da supercondutividade. Cerca de 26 metais são
supercondutores, bem como centenas de ligas e compostos.

Veja o estudo sobre o composto cerâmico YBa2Cu3Ox e sua aplicação


como supercondutor. Acesse:
<http://www.cpgcm.univasf.edu.br/adm/docs/EDUARDO-VFINAL-
REVISAO_WAGNER_31_03_2014.PDF>. Acesso em: 25 set. 2016.

Figura 4.20 | Mudança no comportamento da resistividade e do calor específico durante a


transição de fase supercondutora

Fonte: <http://fisica.ufpr.br/grad/supercondutividade.pdf>. Acesso em: 21 set. 2016.

152 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Além da temperatura, o estado supercondutor também depende de outras


variáveis como a densidade do campo magnético (B) e a densidade de corrente (J),
logo, a transição da condutividade normal para a supercondutividade é abrupta e
cada material apresenta um momento no espaço com os comportamentos críticos
para T, B e J.

Reflita um pouco: os materiais supercondutores podem


apresentar desvantagens quanto a aplicações voltadas à
engenharia?

O gráfico da Figura 4.21 demonstra o comportamento de alguns materiais,


em relação à temperatura crítica. Materiais que apresentam Tc abaixo de 77K são
chamados de Low Temperature Superconductor (LTS – supercondutores de baixa
temperatura), enquanto os materiais que apresenta Tc acima de 77K são chamados
de High Temperature Superconductor (HTS - supercondutores de alta temperatura).

Figura 4.21 | Temperatura crítica de materiais supercondutores

Fonte: <http://fisica.ufpr.br/grad/supercondutividade.pdf>. Acesso em: 21 set. 2016.

Aprofunde seus conhecimentos sobre materiais supercondutores


acessando:

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 153


U4

<https://www.if.ufrgs.br/public/tapf/n8_ostermann_ferrera_cavalcanti.
pdf>;
<http://www.cienciamao.usp.br/dados/epef/_supercondutividadeaplica.
trabalho.pdf>;
<http://www.abenge.org.br/CobengeAnteriores/2011/sessoestec/
art1875.pdf>. Acesso em: 24 set. 2016.

2.2 Propriedades magnéticas de supercondutores


Como vimos, se um material supercondutor sofrer influência de um campo
magnético muito intenso abaixo de sua temperatura crítica, o supercondutor retorna
ao estado normal. A Figura 4.22 demonstra o diagrama de fase entre o campo crítico
(Hc) e a temperatura (K) para corrente nula. A curva do campo magnético crítico, Hc,
para uma data temperatura (obviamente T< Tc) pode ser aproximada por:
  T 2 
H c = H 0 1 −   
  Tc  
Em que:

H 0 é o ponto crítico a T=0K.

Figura 4.22 | Curva de magnetização para supercondutores ideais tipo I e II

Fonte: Smith e Hashemi (2012, p. 596).

De acordo com a dependência do estado supercondutor sob o campo magnético


aplicado, os supercondutores podem ser classificados em dois tipos:

- Tipo I: estes materiais, enquanto no estado supercondutor, são diamagnéticos.


Logo, quando o material estiver em temperatura ambiente (T> Tc), o campo
magnético estará presente em todo o material. Entretanto, quando a temperatura
no supercondutor tipo I for diminuída (T< Tc) e o campo magnético estiver abaixo

154 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

de Hc , o campo magnético será expulso do corpo do material, em um fenômeno


conhecido como efeito Meissner, ilustrado na Figura 4.23.

Figura 4.23 | Efeito Meissner

Fonte: <http://midia.atp.usp.br/ensino_novo/eletromagnetismo/ebooks/eletricidade_materiais_dieletricos.pdf>. Acesso em:


21 set. 2016.

- Tipo II: estes materiais são completamente diamagnéticos desde que submetidos
a aplicação de campos pequenos e a exclusão do campo é total. Logo, a transição
do estado supercondutor para o estado normal é gradual e ocorre entre os campos
críticos inferior (Hc1) e superior (Hc2). Acima da Hc1, as linhas de campo magnético
começam a passar pelo material até que atinja Hc2. Desta forma, entre Hc1 e Hc2 temos
um material em estado misto, nesta região o material pode conduzir a corrente
elétrica em seu interior o que proporciona o uso em aplicações que demandam
alta corrente e alto campo. Os supercondutores mais comumente utilizados são as
ligas de nióbio-titânio (NbTi) e o composto intermetálico nióbio-estanho (Nb3Sn),
aplicados em sistemas de ressonância nuclear magnética para diagnóstico médico.

O Quadro 4.2 apresenta alguns materiais supercondutores do tipo I e II, as


temperaturas críticas e as densidades de fluxo magnético críticas.

Quadro 4.2 | Parâmetros de supercondutividade dos materiais

Material Tipo Tc(K) H0 em T=0K


Mercúrio (Hg) Metal 4,15 0,0411
Alumínio Metal 1,18 0,0105
Chumbo Metal 7,19 0,0803
Nióbio (Nb) Metal 9,15 0,1960
Nb3Ge Ligas metálicas 23 30
Nb3Sn Ligas metálicas 18,3 22
YBa2Cu3Ox Compostos cerâmicos 94 -----
TI2Ba2Cu3Ox Compostos cerâmicos 122 -----
Fonte: elaborado pela autora.

Exemplo 3: (SMITH; HASHEMI, p. 597) Calcular o valor aproximado do campo


crítico necessário para causar o desaparecimento da supercondutividade do nióbio

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 155


U4

puro a 6K. Consulte o Quadro 4.2 para encontrar os valores de Tc e H0 para este
material.

Resolução: a partir do Quadro 4.2, temos que Tc = 9,15 e H0 = 0,1960, assim


aplicados à fórmula do campo magnético crítico, sendo:
  T 2    6 2 
 
H c = H 0 1 −   = 0,1960 1 −    = 0,112T
  Tc     9,15  

Logo, o valor do campo magnético crítico será de 0,112 Teslas.

O fenômeno da supercondutividade tem muitas implicações importantes. Ímãs


supercondutores de alto campo são usados em aceleradores de partículas na física
de alta energia. Também podemos citar outras áreas que vêm sendo exploradas
como: a transmissão de energia elétrica por materiais supercondutores (Figura 4.24),
comutação e transmissão de sinais em computadores a maiores velocidades e em
veículos como trens de alta velocidade, nos quais a levitação resulta da repulsão do
campo magnético.

Figura 4.24 | Cabo de alimentação fabricado com supercondutor HTS

Fonte: <http://www.azom.com/article.aspx?ArticleID=942>. Acesso em: 21 set. 2016.

Do ponto de vista da engenharia, os novos materiais cerâmicos supercondutores


que apresentam alta Tc são muito promissores. Os avanços tecnológicos e o
desenvolvimento destes materiais mostram que as temperaturas críticas estão acima
de 77K, por exemplo para Tc de 90K, o nitrogênio líquido pode ser usado como meio
de refrigeração em substituição ao hidrogênio líquido e ao, muito mais caro, hélio
líquido. Infelizmente, os supercondutores de alta temperatura são essencialmente
cerâmicas e apresentam natureza frágil, ou seja, são quebradiças e na sua forma
natural possuem baixa capacidade de transporte de corrente.

Outras aplicações premeditadas a estes materiais são: uso em motores de


máquinas rotativas, proporcionando a produção de máquinas mais compactas e
eficientes; aplicação em transformadores de potência, reduzindo peso e tamanho; em
cabos de transmissão de energia, substituindo os cabos de cobre e, provavelmente,
na tecnologia de filmes finos em eletrônica, como computadores de alta velocidade.

156 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Agora que você já conheceu um pouco dos materiais


supercondutores, podemos pensar que as estruturas
cristalinas destes materiais se correlacionam diretamente ao
estado de supercondutividade? De que maneira isto ocorre?

Veja demais aplicações dos materiais supercondutores acessando:


<http://www.scielo.br/pdf/rbef/v34n2/v34n2a17.pdf>;
<http://www.cienciamao.usp.br/dados/epef/_
supercondutividadeaplica.trabalho.pdf>;
<http://supercondutividade.blogspot.com.br/2013/08/aplicacoes-
dossupercondutores.html>. Acesso em: 21 set. 2016.

Além disso, acesse os links a seguir e aprofunde seus conhecimentos


sobre a ocorrência das aplicações dos supercondutores, como o
fenômeno de levitação:
<https://www.youtube.com/watch?v=ZZs4Y0_USIc>; <https://www.
youtube.com/watch?v=ge6FyoCmKWs>; <https://www.youtube.com/
watch?v=O9csxWbT8ag>. Acesso em: 21 set. 2016.

1. Calcular o valor aproximado do campo crítico necessário


para causar o desaparecimento da supercondutividade do
mercúrio a 2K. Consulte o Quadro 4.2 para encontrar os valores
de Tc e H0 para este material.

2. A supercondutividade é basicamente um fenômeno elétrico,


normalmente ocorre quando há variação da resistividade
elétrica de um material. Isto ocorre abaixo de um valor de
temperatura denominado como Temperatura crítica (Tc).

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 157


U4

Porém, não é somente a variação abrupta da queda da


resistividade elétrica a um valor imensuravelmente pequeno
que determina o fenômeno da supercondutividade, existem
outros fatores que podem provocar este estado nos materiais.
Quais são estes fatores e qual deve ser o comportamento dos
mesmos para a ocorrência de um material supercondutor?

Nesta unidade você aprendeu:


• As diferentes classificações dos materiais magnéticos.
• Os tipos de classificação dos materiais magnéticos quanto as
suas propriedades magnéticas.
• Os conceitos relacionados à densidade de fluxo magnético ou
indução magnética.
• As propriedades dos materiais quanto à temperatura crítica,
campo crítico, permeabilidade, permissividade e susceptibilidade
magnética.
• As condições para que um material condutor apresente
características supercondutoras.
• A temperatura crítica a qual os materiais precisam permanecer
para apresentarem características de supercondutividade.
• A calcular a força magnetomotriz e a força magnetizante.
• A calcular a indução em indutores constituídos a partir de
solenoides em espaço livre e também na presença de um núcleo
de material ferromagnético, diamagnético e paramagnético.
• A distinguir materiais os materiais magnéticos quanto às
classificações de momento de dipolo elétrico.
• Aplicações dos materiais magnéticos e supercondutores
aplicados à engenharia.

158 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Espera-se que ao final desse estudo você compreenda que


a estrutura e as propriedades dos materiais magnéticos e
supercondutores estão diretamente relacionadas ao momento
do dipolo magnético, ou seja, na movimentação dos elétrons ao
redor do átomo e também o giro em seu próprio eixo conhecido
como efeito spin. A partir desta característica, realizamos a divisão
de classes dos materiais magnéticos, sendo: os ferromagnéticos,
os paramagnéticos, os diamagnéticos, os antiferromagnéticos e
os ferrimagnéticos.
Verificamos a importância do estudo dos materiais
supercondutores, o comportamento delimitado pela variação
da resistividade elétrica, do campo magnético B e a densidade
de corrente J do material, bem como o direcionamento destes
materiais a aplicações voltadas à engenharia.
Vale destacar que para que a aprendizagem nessa disciplina de
fato ocorra, é muito importante que você faça uma leitura atenta
do material, resolva novamente os exemplos apresentados,
acesse os links indicados, resolva as atividades de aprendizagem
e também, se possível, faça pesquisa em bibliotecas e estude os
materiais que compõem a bibliografia dessa unidade.
Além disso tudo, é muito importante que você realize um estudo
regular dessa disciplina e acesse o fórum, pois será por meio dele
que você poderá sanar suas dúvidas.
Bons estudos!

1. Na natureza existem diversos materiais que na presença de


um campo magnético podem se tornar um ímã, com maior ou
menor atração. Também é possível construímos um eletroímã
a partir de um solenoide com um núcleo de magnetização
espontânea. Assim, devido ao material presente no interior da
bobina, iremos obter uma indução magnética mais intensa,
ao interligar os terminais do eletroímã a uma corrente, esta ao
passar pelo condutor junto ao núcleo magnético, aumenta o

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 159


U4

fluxo magnético.
Considerando o abordado no texto, julgue as assertivas:
I- O eletroímã apresenta forte atração por materiais que
apresentem características magnéticas
PORQUE
II- Seu núcleo demonstra uma magnetização espontânea,
ou seja, mesmo após cessar a corrente elétrica, o eletroímã
mantém um magnetismo residual.

Assinale a alternativa que apresenta a relação adequada entre


as asserções.
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma
justificativa da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não
é uma justificativa da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma
proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição
verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.

2. Os materiais magnéticos foram agrupados, de acordo


com o momento de dipolo magnético, em cinco
categorias: ferromagnético, diamagnético, paramagnético,
antiferromagnético e ferrimagnético. Considerando as
características principais dessas cinco categorias, faça a
relação correta:
1- Ferromagnético.
2- Diamagnético.
3- Paramagnético.
4- Antiferromagnético.
5- Ferrimagnético.

(__) Apresenta magnetização espontânea dos

160 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

dipolos magnéticos.
(__) Não apresenta momento magnético resultante, pois os
átomos se alinham em direções contrárias.
(__) Apresenta magnetização sob efeito de campo
magnético externo.
(__) Os dipolos apresentam-se emparelhados, podendo os
efeitos positivos anularem os efeitos negativos.
(__) Os dipolos apresentam sentidos opostos, com
intensidades diferentes, o que faz com que não anulem o
campo magnetizante.

Assinale a alternativa que apresenta a correspondência


correta:
a) 1, 4, 3, 2, 5.
b) 3, 5, 1, 2, 4.
c) 3, 1, 4, 5, 2.
d) 2, 4, 3, 5, 1.
e) 2, 3, 5, 1, 4.

3. (BOYLESTAD, 2012, p. 421) Considere o indutor


apresentado na Figura 4.25. Determine o valor da indutância,
em henries e o valor desta mesma indutância se inserirmos
um núcleo ferromagnético com µr = 500, respectivamente.
Em seguida, assinale a alternativa correta.
Figura 4.25 | Indutor com núcleo de ar

Fonte: Boylestad (2012, p. 421).

a) 40,09µH; 20,04mH.
b) 7,89µH; 3,94mH.
c) 26,03µH; 2,34H.
d) 12,34mH; 4,03µH.
e) 2,11mH; 23,6 mH.

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 161


U4

4. (BOYLESTAD, 2012, p. 448) Se uma força magnetizante


H de 600 Ae/m é aplicada em um circuito magnético, uma
densidade de fluxo B de 1200 x10−4 Wb / m² é estabelecida.
Calcule a permeabilidade µ de um material no qual a mesma
força magnetizante causaria uma densidade de fluxo duas
vezes maior. Após assinale a alternativa correta.
−6
a) 26 x10 Wb / A.m .
b) 2, 6 x10−4 Wb / A.m .
c) 32 x10−8Wb / A.m .
d) 3, 2 x10−8Wb / A.m .
e) 32 x10−2 Wb / A.m .

5. Com o aprimoramento da ciência e tecnologia, o uso


deste tipo de material vem se solidificando ao longo dos
anos. A preponderância de aplicação em máquinas rotativas
mais compactas e eficientes, bem como armazenamento
de dados, distribuição e transmissão de energia elétrica,
transporte e biomedicina são algumas das áreas em que este
material pode e está sendo utilizado e com maiores pesquisas
abrangerá novos mercados. O texto aborda características
de que tipo de material:
a) Ferromagnético.
b) Supercondutor.
c) Condutores.
d) Diamagnético.
e) Paramagnético.

162 Materiais ferromagnéticos e supercondutores


U4

Referências

BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. Tradução de Daniel Vieira e Jorge


Ritter. São Paulo: Person Prentice Hall, 2012.
CALLISTER, William D.; RETHWISH, David G. Ciência e engenharia de materiais: uma
introdução. Tradução de Sergio Murilo Stamile Soares. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
SCHMIDT, Valfredo. Materiais elétricos. São Paulo: Edgard Blücher, 1979.
SMITH, William F.; HASHEMI, Javad. Fundamentos de engenharia e ciência dos
materiais. Tradução de Necesio Gomes Costa, Ricardo Dias Martins de Carvalho,
Míriam de Lourdes Noronha Motta Melo. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
VAN VLACK, Lawrence Hall. Princípios de ciência dos materiais. Tradução de Luiz
Paulo Camargo Ferrão. São Paulo: Edgard Blücher, 1970.

Materiais ferromagnéticos e supercondutores 163


Anotações
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