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Unidade IV

Unidade IV
7 DIREITO DO CONSUMIDOR

Nesta unidade serão analisadas as principais normas envolvendo os direitos do consumidor, ou


seja, um conjunto de regras jurídicas que visa equilibrar as relações decorrentes do consumo de bens e
serviços, envolvendo o fornecedor e o consumidor como destinatário final do objeto dessa relação.

7.1 Código de Defesa do Consumidor (CDC) – Lei nº 8.078/1990

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) – Lei nº 8.078/90 – estabelece bases para proteger a
parte mais frágil nas relações de consumo, ou seja, o consumidor. Mesmo assim, no dia a dia surgem
situações não previstas em lei, e cabe aos órgãos de proteção ao cidadão e principalmente aos tribunais
a interpretação do que a lei descreve.

O consumidor no Brasil, cada vez mais atento aos seus direitos, deve sempre se socorrer ao Judiciário
na proteção de seus interesses, porém é sempre recomendável que em primeiro lugar procure o serviço de
atendimento ao consumidor, se se tratar de fabricante ou de fornecedor, e tente fazer uma composição.
Porque, na verdade, quando existe a prova clara da lesão, o consumidor tem o direito de ser ressarcido.
Na medida em que existir eventual negativa do fornecedor ou do fabricante em compensar aquele dano
verificado pelo consumidor, ele deverá, neste caso, procurar um advogado e fazer valer seus direitos.

O nosso CDC foi criado há mais de vinte anos, e neste tempo muitas mudanças nas relações de
consumo ocorreram, especialmente, diante do ingresso, nos últimos sete anos, de quase 40 milhões de
brasileiros das classes C, D e E no universo do consumo, sem contar a invasão das novas tecnologias no
mercado consumidor. Diante deste quadro se faz necessária uma atualização na lei.

Para o ministro do STJ, Herman Benjamin (2012):

Um bom Código de Defesa do Consumidor é aquele que garante direitos


e impõe obrigações, mas, ao mesmo tempo, facilita a aplicação da lei, do
regramento que aí está posto. E, por isso, a comissão de juristas responsável
para reformular a lei se preocupa também com a aplicação do CDC, na
medida em que não podemos judicializar toda e qualquer disputa de
consumo. Nós temos que criar mecanismos alternativos que passam pela
conciliação e também pelo fortalecimento da via administrativa dos Procon.

Pesquisa divulgada pelo Ministério da Fazenda (BENJAMIN, 2012) indica que, em 2020, o Brasil
será o quinto mercado consumidor do mundo. A previsão é de que o gasto das famílias brasileiras
com alimentação, vestuário, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, cuidados pessoais e automóveis, por
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exemplo, passará de R$ 2,2 trilhões em 2010 para R$ 3,5 trilhões até o final da década – o que se traduz
na necessidade de um consumo mais consciente e de uma legislação ágil, que acompanhe o avanço das
relações de consumo.

O Código de Defesa do Consumidor, oficializado na Lei nº 8.078/1990 (CDC), em seu artigo 4º,
constitui‑se numa verdadeira alma, no sentido de que se visa a atender não apenas às necessidades dos
consumidores e ao respeito à sua dignidade – de sua saúde e segurança, proteção de seus interesses
econômicos, melhoria de sua qualidade de vida –, como também à imprescindível harmonia das relações
de consumo.

7.2 Relação de consumo

Será considerada relação de consumo, para os efeitos da lei, quando ao lado dos interesses figurarem
um consumidor e um fornecedor.

Essa relação jurídica de consumo envolve duas partes bem definidas: de um lado, o adquirente
de um produto ou serviço, chamado de consumidor, enquanto, de outro lado, há o fornecedor ou
vendedor de um produto ou serviço.

A relação de consumo destina‑se à satisfação de uma necessidade privada, interesse particular


do consumidor que, não dispondo de controle sobre a produção de bens ou de serviços que lhe são
destinados, submete‑se ao poder e às condições dos produtores e fornecedores dos bens e serviços,
sendo chamada essa condição de hipossuficiência ou vulnerabilidade do consumidor.

Em outras palavras, como o consumidor não detém todo o conhecimento e acompanha todo o
processo de produção ou prestação do serviço, será considerado sempre como a parte mais fraca da
relação e, portanto, tem especial proteção pelo CDC.

Essa relação de consumo pode ser efetiva (exemplo: compra e venda de automóvel) ou potencial
(exemplo: propaganda).

Portanto, para termos relação de consumo, nos termos do Código de Defesa do Consumidor, não é
necessário que o fornecedor concretamente venda bens ou preste serviço; basta que, mediante oferta,
coloque os bens à disposição de consumidores potenciais.

7.3 Conceito de consumidor

A Lei nº 8.078/90, que é o Código de Defesa do Consumidor, define consumidor como toda pessoa
natural (ser humano) ou jurídica (empresa, por exemplo) que adquire (oneroso ou gratuito) ou utiliza
(consome) o produto ou serviço como destinatário final.

O consumidor pode ser efetivo, ou seja, aquele que concretamente adquire o produto ou serviço, ou
potencial, ou seja, aqueles que são alvos da oferta e/ou publicidade dos produtos e serviços colocados
no mercado à disposição para compra.
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Equipara consumidor à coletividade de pessoas (grupo de pessoas), ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo. Por exemplo, os doentes de hospital ou alunos de escolas, que
adquirem ou utilizam bens e serviços, ou, ainda, os associados a planos de saúde.

As pessoas jurídicas também estão incluídas na lei, como consumidoras, mas apenas aquelas que são
as destinatárias finais do produto, e não aquelas que adquirem bens ou serviços, como matéria‑prima
necessária ao desempenho de sua atividade lucrativa.

Observação

Pode‑se concluir que consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza o produto ou serviço como destinatário final.

7.4 Conceito de fornecedor

O Código de Defesa do Consumidor define, no seu artigo 3º, fornecedor como toda pessoa física
ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

É aquele responsável pela colocação de produtos e serviços à disposição do consumidor, com a


característica da habitualidade.

Desta forma, são fornecedores o supermercado, a grande loja de departamentos, mas também o
feirante, o pequeno merceeiro e outros, no que toca a produtos. Assim, também é fornecedora de serviços
a companhia aérea, a agência ou a operadora de viagens, como também o eletricista, o marceneiro, o
encanador, pequenos empresários etc.

O fornecedor pode ser o próprio Poder Público, por si, ou por suas empresas autorizadas que
desenvolvam atividades de serviços públicos. Os serviços públicos também estão abrangidos pelo Código
de Defesa do Consumidor.

Dessa forma, o Código de Defesa do Consumidor inclui no rol dos fornecedores a pessoa jurídica
pública e, por via de consequência, todos aqueles que em nome dela, direta ou indiretamente, prestam
serviços públicos. Vale dizer, toda e qualquer empresa pública ou privada que por via de contratação
com a administração pública forneça serviços públicos.

O ente despersonalizado também é considerado fornecedor pela nossa legislação. A massa falida
(pessoa jurídica falida) possui no mercado produtos e, eventualmente, resultados dos serviços que ela
ofereceu e efetivou que continuarão sob a proteção da Lei do Consumidor. Por exemplo: a quebra de um
fabricante de televisores não deve eliminar, nem pode, a garantia do funcionamento dos aparelhos pelo
prazo da garantia contratual e legal.

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Além disso, também estão dentro do conceito de ente despersonalizado as chamadas pessoas
jurídicas de fato, ou seja, aquelas que, sem constituir uma pessoa jurídica, desenvolvem, de fato,
atividade industrial, comercial, de prestação de serviços etc. Por exemplo, a figura do “camelô” ou
vendedor ambulante, que não deixa de ser fornecedora, até mesmo porque supre de maneira relevante
o mercado de consumo, estando, portanto, obrigada a obedecer às regras contidas no Código de Defesa
do Consumidor, pois se enquadra no termo ente despersonalizado.

No termo pessoa física, em primeiro lugar, está inclusa a figura do profissional liberal como
prestador de serviço e que não escapou da égide do Código de Defesa do Consumidor, não restando
dúvida de que o profissional liberal é fornecedor. Contudo, em segundo lugar, pessoa física também
corresponde a aquela pessoa que desenvolve atividade eventual ou rotineira de venda de produtos, sem
ter‑se estabelecido como pessoa jurídica. Por exemplo, o estudante que, para pagar a mensalidade da
escola, compra joias ou produtos de maquiagem para revender entre os colegas.

O conceito de fornecedor é gênero, no qual o fabricante, o produtor, o construtor, o importador e o


comerciante são espécies.

7.4.1 Espécies de fornecedores responsáveis

I. Fornecedor real (fabricante, produtor e construtor) – fabricante é quem fabrica e coloca o produto
no mercado. Incluem‑se também o montador e o fabricante de peça ou componente. Produtor é
quem coloca no mercado produtos não industrializados de origem animal ou vegetal. Construtor
é quem introduz produtos imobiliários no mercado de consumo, respondendo pela construção,
bem como pelo material empregado na obra.

II. Fornecedor presumido – importador do produto industrializado ou in natura, porque os


verdadeiros fabricantes ou produtores não podem, em razão da distância, ser alcançados
pelos consumidores.

III. Fornecedor aparente – também chamado de “quase fornecedor”, é quem apõe seu nome ou sua
marca no produto final, aquele que se apresenta como fornecedor. Aplica‑se a Teoria da Aparência,
que se justifica pela “apropriação” que a empresa distribuidora faz do produto. Exemplo: numa
franquia, o franqueador (titular da marca) é o fornecedor aparente. O concessionário franqueado
tem responsabilidade solidária.

IV. Comerciantes e demais participantes do ciclo produtivo e distributivo.

7.5 Conceito de produto

Nos termos do artigo 3º, parágrafo 1º, do Código de Defesa do Consumidor, produto é qualquer bem,
móvel ou imóvel, material ou imaterial, objeto da relação de consumo. Bens econômicos, suscetíveis de
apropriação, que podem ser duráveis, não duráveis, de conveniência, de uso especial etc.

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É qualquer objeto de interesse em dada relação de consumo, destinado a satisfazer uma necessidade
do adquirente, como destinatário final.

Os bens materiais são aqueles tangíveis, com consistência (peso, formato), que podem ser tocados;
já os bens imateriais são aqueles que, embora não tangíveis, ou seja, que não podem ser tocados,
são igualmente objeto de consumo (exemplo: programas/softwares de computadores que contêm o
trabalho intelectual do seu criador).

O produto durável é aquele que, como o próprio nome diz, não se extingue com o uso; ele dura, leva
tempo para se desgastar, pode e deve ser utilizado muitas vezes. O produto “descartável” não deve ser
confundido com o produto “não durável”, um produto “descartável” é o “durável” de baixa durabilidade,
que na maioria das vezes é utilizado uma única vez. Exemplo: copos ou pratos de plástico ou de papelão.

Já o produto “não durável”, por sua vez, é aquele que se acaba com o uso, não tem durabilidade. Usado,
ele se extingue ou, pelo menos, vai‑se extinguindo. Estão nessa condição os alimentos, os remédios, os
cosméticos etc. As bebidas são exemplos de produtos de extinção imediata, pela ingestão; já o sabonete é
exemplo de extinção consumativa ou sequencial, que vai se extinguindo enquanto é usado.

O eminente economista Philip Kotler (1988, p. 33) pondera:

A primeira classificação bens duráveis, bens não duráveis e serviços, que


se aplica igualmente tanto a bens de consumo, como a bens industriais,
distingue três categorias de bens, com base na taxa de consumo e na
tangibilidade deles: bens duráveis – bens tangíveis, que normalmente
sobrevivem a muitos usos (exemplos: roupas); bens não duráveis – bens
tangíveis que normalmente são consumidos em um ou em alguns poucos
usos (exemplo: carne, sabonete etc.); serviços – atividades ou satisfações
que são oferecidos à venda (exemplo: corte de cabelo, consertos).

Os produtos também podem ser classificados de produtos in natura, ou seja, os que não passam
pelo sistema de industrialização. O produto in natura, assim, é aquele que vai ao mercado consumidor
diretamente do sítio ou da fazenda, do local de pesca, da produção agrícola ou pecuária, em suas hortas,
pomares, pastos, granjas etc. São legumes, cereais, grãos, carnes, vegetais, frutas etc. Os produtos in
natura não perdem essa característica quando são vendidos embalados em sacos plásticos após serem
limpos, lavados ou selecionados.

Assim, todas essas classificações de produto podem ser objeto das relações de consumo. Cumpre
lembrar que um mesmo produto pode ser classificado de várias formas. Exemplo: maçã é um produto in
natura, material e não durável.

Os produtos entregues como amostras grátis estão submetidos a todas as exigências legais do
Código de Defesa do Consumidor, tais como: de qualidade, garantia, durabilidade, proteção contra
vícios, defeitos etc.

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7.6 Conceito de serviço

Nos termos do artigo 3º, parágrafo 2º do Código de Defesa do Consumidor, serviço é qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

No entendimento da expressão remuneração, por um lado, excluem‑se os tributos, as taxas e as


contribuições de melhoria, ou seja, excluem‑se as relações inseridas na área tributária, que se referem
ao fisco e ao contribuinte. Por outro lado, incluem‑se as tarifas ou preços públicos, cobrados pela
prestação de serviços prestados pelo Poder Público, ou mediante concessão ou permissão às empresas
de iniciativa privada. Exemplo: transportes, telefonia, água, luz etc.

Serviço é uma ação humana que tem em vista uma finalidade, sendo tipicamente toda atividade
fornecida, ou melhor, prestada no mercado de consumo.

O Código de Defesa do Consumidor tratou de definir também os serviços como duráveis e não duráveis.

Os serviços não duráveis são aqueles que, de fato, exercem‑se uma vez prestados, tais como os de
transporte, de diversões públicas, de hospedagem etc.

Serão considerados serviços duráveis, tais como os contínuos, aqueles que:

a. Tiverem continuidade no tempo em decorrência de uma estipulação contratual. São exemplos a


prestação dos serviços escolares, os chamados planos de saúde etc., bem como todo e qualquer
serviço que no contrato seja estabelecido como contínuo.

b. Embora típicos de não durabilidade e sem estabelecimento contratual de continuidade, deixarem


como resultado um produto. Por exemplo, a pintura de uma casa, a instalação de um carpete, a
colocação de um boxe, os serviços de assistência técnica e de consertos.

7.7 Política Nacional de Relações de Consumo

A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo.

7.7.1 Proteção da vida, da saúde e da segurança

Têm os consumidores o direito de não serem expostos a perigos que atinjam sua incolumidade física,
pelo fornecimento de produtos ou serviços pelo fornecedor ou produtor. Direito que inclui até mesmo a não
colocação no mercado ou a retirada do mercado de produtos de alto grau de nocividade ou periculosidade.
Se, após a colocação no mercado, o fornecedor tomar conhecimento da periculosidade, deverá alertar o
consumidor, mediante anúncios publicitários, e comunicar o fato às autoridades competentes.

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7.7.2 Recall

Por meio desse instrumento, a legislação pretende que o fornecedor impeça ou procure impedir,
ainda que tardiamente, que o consumidor sofra algum dano ou perda em função de vício que o produto
ou o serviço tenham apresentado após sua comercialização.

Artigo 10 – O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua


introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade
que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades
competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários
(BRASIL, 1990b).

Para efetivar o recall, o fornecedor deve utilizar‑se de todos os meios de comunicação disponíveis
(incluindo correspondência) e, claro, com despesas correndo por sua conta.

Caso o consumidor não seja encontrado ou não atenda ao chamado de recall, o fornecedor continua
responsável por eventuais acidentes de consumo causados pelo vício não sanado. Havendo dano, o
fornecedor responde por eles; não há excludente de responsabilização. Quando muito se poderia falar
em culpa concorrente do consumidor, caso ele receba o chamado e o negligencie. Mas, neste caso, de
culpa concorrente, pelas leis do consumidor, o fornecedor continua sendo integralmente responsável.

7.7.3 Educação e informação do consumidor

Esse direito básico abrange a educação formal nas escolas e a educação informal, a cargo do próprio
fornecedor e dos órgãos públicos. A informação que o consumidor deve receber não é somente sobre os
riscos do produto, mas sim sobre quantidade, características, composição, qualidade e preço. O direito
de informação pode ser contemplado sob três espécies: o direito de informar, o direito de se informar e
o direito de ser informado.

7.7.4 Proteção contra publicidade enganosa e práticas comerciais abusivas

Trata da oferta de produtos e lhe atribui o caráter vinculativo, ou seja, a oferta, criando a expectativa
no público consumidor, deverá corresponder exatamente às características do produto. Em relação às
cláusulas contratuais, o CDC dispõe sobre sua interpretação da forma mais benéfica ao consumidor
em caso de obscuridade. Entretanto, se as cláusulas forem consideradas abusivas, o art. 51 do CDC
determinará sua nulidade.

7.7.5 Prevenção de danos individuais e coletivos

O Poder Público tem fiscalização administrativa preventiva sobre a fabricação, a comercialização e a


utilização de produtos e serviços.

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7.7.6 Inversão do ônus da prova

A proteção conferida pelo art. 6º, inciso VIII, do CDC, ao consumidor hipossuficiente deve ser analisada
não apenas sob o prisma econômico e social, mas, sobretudo, quanto ao aspecto da produção de prova
técnica. Trata‑se de hipossuficiência técnica do consumidor o desconhecimento dos mecanismos de
segurança utilizados pela instituição financeira em seus procedimentos.

Art. 6º – São direitos básicos do consumidor: [...].

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do


ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;

Art. 14 – [...]

§ 3° – O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:

I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (BRASIL, 1990b).

Observação

Há, portanto, a responsabilidade objetiva do fabricante/produtor, ou


seja, ele é que tem de provar que o dano não ocorreu por causa do produto
ou serviço, mas por outra causa.

7.8 DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

Segundo o enunciado do artigo 6º do CDC, são direitos básicos do consumidor:

“I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento
de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos” (BRASIL, 1990b).

Dos diversos fornecedores de produtos e serviços que adotem todas as providências necessárias até
para evitar riscos no consumo de produtos, ainda que intrinsecamente apresentem algum risco.

É nesse sentido, por exemplo, que os artigos 8º a 10º do CDC estabelecem os seguintes deveres aos
fornecedores de produtos e serviços.

Art. 8º – Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não


acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os
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considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição,


obrigando‑se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações
necessárias e adequadas a seu respeito.

Art. 9° – O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou


perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e
adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da
adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
Art. 10 – O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto
ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou
periculosidade à saúde ou segurança.

§ 1° – O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua


introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade
que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades
competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.

§ 2° – Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão


veiculados na imprensa, rádio e televisão, a expensas do fornecedor do
produto ou serviço.

§ 3° – Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou


serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os municípios deverão informá‑los a respeito (BRASIL, 1990b).

7.8.1 Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço

A responsabilidade pelo fato do produto ou serviço decorre de um vício capaz de frustrar a legítima
expectativa do consumidor quanto a sua utilização ou fruição. A expectativa do consumidor estará
frustrada se o produto ou serviço contiver riscos à integridade física (periculosidade) ou patrimonial
(insegurança) do consumidor ou de terceiros. Assim, do vício do produto ou serviço podem‑se originar
dois tipos de responsabilidade para o fornecedor – responsabilidade pelo vício e responsabilidade pelo
defeito, resultando em danos materiais e/ou morais, que possam vir a ocorrer devido à existência do vício.

Exemplos de fato do produto: aqueles famosos casos dos telefones celulares cujas baterias
explodiam, causando queimaduras no consumidor; o automóvel cujos freios não funcionam, ocasionando
um acidente e ferindo o consumidor; um ventilador cuja hélice se solta, ferindo o consumidor; um
refrigerante contaminado por larvas ou um alimento estragado que venha a causar intoxicação etc.

Exemplos de fato do serviço: uma dedetização cuja aplicação de veneno seja feita em dosagem
acima do recomendado, causando intoxicação no consumidor; um serviço de pintura realizado com
tinta tóxica, igualmente causando intoxicação; uma instalação de kit gás em automóvel que venha a
provocar um incêndio no veículo etc.

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É importante memorizar: o fato do produto ou do serviço deve desencadear um dano que extrapole
a órbita do próprio produto ou serviço. Sem a ocorrência desse pressuposto da responsabilidade civil,
inexistirá o dever de indenizar.

Prazo para arguir responsabilidade por fato do produto ou do serviço: é prescricional, pois
diz respeito a uma pretensão a ser deduzida em juízo. No caso, o prazo é de cinco anos, iniciando‑se
sua contagem a partir do conhecimento do dano e de sua autoria, consoante disposto no art. 27 do
CDC. Vejamos:
Art. 27 – Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos
causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste
capítulo, iniciando‑se a contagem do prazo a partir do conhecimento do
dano e de sua autoria (BRASIL, 1990b).

7.8.1.1 Produtos com vícios

O vício tem de ser substancial, levando‑se em conta aspectos intrínsecos e extrínsecos (apresentação
do produto ou do serviço) que afetam a segurança do consumidor, considerando‑se o uso e os riscos que
razoavelmente se espera do produto ou do serviço. Os vícios podem ser de criação (projeto e fórmula),
de produção ou de fabricação, de informação ou de comercialização.

7.8.1.2 Responsabilidade por vício do produto ou do serviço

Responsáveis são os fornecedores (sem distinção) de serviço ou de produtos de consumo


duráveis ou não duráveis. Aqui estão incluídas todas as espécies de fornecedor, sem limitação.
A responsabilidade é solidária, ou seja, o consumidor poderá propor a ação judicial contra todos
os fornecedores, ou contra alguns, ou até mesmo contra um só. Há solidariedade passiva, ou
seja, se o escolhido não ressarcir o consumidor integralmente, ele poderá intentar ação contra
outro fornecedor. A responsabilidade dos fornecedores, além de solidária é objetiva, ou seja,
independente de culpa.

7.8.1.3 Espécies de vício

Como regra geral os vícios podem ser aparentes ou ocultos. Vícios aparentes (ou de fácil constatação),
como o próprio nome diz, são aqueles que aparecem no singelo uso e consumo do produto ou serviço.
Vícios ocultos são aqueles que aparecem algum ou muito tempo após o uso e/ou que, por estarem
inacessíveis ao consumidor, não podem ser detectados na utilização ordinária.

7.8.1.4 Vícios de qualidade

São os vícios capazes de tornar o produto impróprio ou inadequado ao consumo ou de lhe diminuir
o valor. Podem ser ocultos (ex.: defeito no sistema de freios) ou aparentes (ex.: vencimento de prazo de
validade). A lei equiparou aos vícios de qualidade os vícios decorrentes de disparidades com as indicações
do recipiente, da embalagem, da rotulagem ou da mensagem publicitária.

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Observação

Os fornecedores não estão impedidos de colocar produtos com vícios


no mercado, desde que haja abatimento do preço e informações adequadas
ao consumidor.

7.8.1.5 Prazo para saneamento do vício

O fornecedor, desde o recebimento do produto com vício, tem trinta dias para saná‑lo definitivamente,
sem ônus. É proibida a recontagem de tempo (prazo de trinta dias), toda vez que o produto retornar com
o mesmo vício, sendo permitida a recontagem no caso de surgimento de vícios diversos. Se o problema
não for sanado no prazo de trinta dias, o fornecedor sofrerá as sanções legais (abaixo descritas) à livre
escolha do consumidor.

O fornecedor e o consumidor podem convencionar redução ou ampliação contratual do prazo de 30


dias para saneamento do vício do produto, que nunca poderá ser inferior a 7 nem superior a 180 dias,
sendo sempre necessária a concordância do consumidor.

7.8.1.6 Sanções para os vícios de qualidade

Caso o vício não seja sanado dentro do prazo legal trinta dias, o consumidor poderá exigir,
alternativamente, a sua escolha:

a) a substituição do produto por outro em perfeitas condições de uso, da mesma espécie


(marca, modelo); se não for possível, poderá haver substituição por outra espécie, mediante
complementação ou substituição de preço;

b) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de perdas e danos;

c) abatimento proporcional do preço.

Observação

O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas supracitadas,


ou seja, não precisa esperar o prazo de trinta dias, sempre que, em razão da
extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a
qualidade ou as características do produto, diminuir‑lhe o valor, ou quando
se tratar de produto essencial (ex.: medicamentos, alimentos etc.).

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7.8.1.7 Vícios de quantidade

Sempre que respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, o vício de quantidade se dará toda
vez que ocorrer diferença a menor de qualquer tipo de medida da porção efetivamente adquirida e paga
pelo consumidor, com relação às indicações constantes do recipiente, da embalagem, da rotulagem, da
mensagem publicitária, da oferta, do contrato etc.

Sanções para os vícios de quantidade

Diferentemente do vício de qualidade, a norma do vício de quantidade não oferece prazo para
o fornecedor sanar o problema. Assim, o consumidor poderá exigir o cumprimento imediato das
alternativas, a sua escolha:

a) complementação do peso ou da medida;

b) a substituição do produto por outro, de igual espécie, marca ou modelo; se não for possível,
poderá haver substituição por outra espécie, mediante complementação ou substituição de preço;

c) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de perdas


e danos;

d) abatimento proporcional do preço.

7.8.1.8 Vícios de serviço

Ocorrem quando os serviços se mostrarem inadequados para os fins que deles se esperam, não
atenderem às normas regulamentadas de prestabilidade, ou quando houver disparidade em relação
às indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária. O serviço defeituoso é o que frustra
a expectativa do consumidor em relação ao modo pelo qual ele é prestado; aos riscos que seu uso
apresenta; ou à época em que foi prestado, não podendo mostrar sinais de envelhecimento.

Sanções para os vícios de serviço

Caso o vício não seja sanado dentro do prazo legal, o consumidor poderá exigir, alternativamente,
a sua escolha:

a) reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;

b) restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de perdas e danos;

c) abatimento proporcional do preço.

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Observação

A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente


capacitados, por conta e risco do fornecedor. Tendo em vista a natureza
dos serviços que se prestam, pode ocorrer que, constatado o vício, o
consumidor não queira mais que o mesmo prestador o reexecute porque
perdeu a confiança nele. Assim, o consumidor pode escolher um terceiro
prestador de serviço de sua confiança para a reexecução dos trabalhos.

7.8.2 Prazo da garantia legal (decadência)

Consiste na extinção dos direitos pela inércia dos titulares (consumidores), em determinado período
de tempo. O Código do Consumidor estabeleceu no artigo 24, uma garantia legal, de que o fornecedor
não pode desonerar. Portanto, o direito de reclamar por vícios aparentes ou ocultos dos produtos ou
serviços extingue‑se em:

• trinta dias, em se tratando de fornecimento de produtos ou serviços não duráveis;

• noventa dias, em se tratando de fornecimento de produtos ou serviços duráveis.

A durabilidade está relacionada com o tempo médio de consumo dos produtos ou serviços. Por
exemplo: produtos alimentares e vestuário são considerados não duráveis, enquanto eletrodomésticos e
veículos são considerados duráveis. O termo inicial da decadência inicia‑se partir da efetiva entrega do
produto ou do término da execução do serviço para os vícios aparentes, e a partir do momento em que
ficar evidenciado o defeito para os vícios ocultos.

O início do prazo se dá com a entrega efetiva do produto ou com o término da execução do serviço.
Em outras palavras, é preciso que o consumidor possa começar a usufruir do produto e do serviço.

• Ressalte‑se que o fornecedor pode oferecer maior garantia que a legal: é a chamada garantia
contratual. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.

• A lei não faz distinção entre produto novo e usado, pois cabe ao fornecedor especificar na oferta
e/ou no contrato de compra e venda (ou na nota fiscal) as condições reais em que o produto está
sendo vendido.

• A reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e


serviços obsta a decadência.

7.8.3 Prazo de validade

O prazo de validade do produto ou do serviço garante ao consumidor que o produto até a data
marcada encontra‑se em condições adequadas de consumo e que, após a data marcada, o risco do
serviço ou do consumo do produto é do consumidor. Decorre também a proibição da comercialização
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ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

de produtos fora do prazo, possibilitando a queda de preços dos produtos que estão próximos do último
dia do prazo de validade.

7.8.4 Produtos com defeito

O defeito é o vício acrescido de um problema extra, algo que cause um dano maior que simplesmente
o mau funcionamento, o não funcionamento, a quantidade errada, a perda do valor pago. O defeito
causa, além do dano do vício – porque o produto ou serviço não cumpriram o fim ao qual se destinavam
–, outros danos ao patrimônio material e/ou moral e/ou estético e/ou à imagem do consumidor. Temos,
então, que o vício pertence ao próprio produto ou serviço, jamais atingindo a pessoa do consumidor
ou outros bens seus. O defeito vai além do produto ou do serviço para atingir o consumidor em seu
patrimônio jurídico mais amplo.

7.8.5 Responsabilidade por danos

Segundo o Código de Defesa do Consumidor, também há responsabilidade do fornecedor em relação


aos danos causados por defeito no produto ou serviço prestado, ou por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e seus riscos. O código refere‑se a fornecedor, abrangendo todos os
participantes do ciclo produtivo e distributivo. Entretanto, em matéria de responsabilidade por danos,
mencionou alguns fornecedores, responsabilizando fabricante, produtor, construtor e importador. O
rol é taxativo, com responsabilidade solidária. O comerciante é responsabilizado por via secundária, ou
seja, se estes relacionados anteriormente não puderem ser identificados ou se não houver condições
suficientes para reparar os danos ocasionados, a responsabilidade do comerciante será então subsidiária.
O responsável que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra
os demais responsáveis. A responsabilidade dos fornecedores, além de solidária, é objetiva, ou seja,
independentemente de culpa, há necessidade de provar apenas o nexo de causalidade entre o produto,
o serviço e o evento dano.

Segundo o artigo 27 do CDC, prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados
por fato do produto ou do serviço, iniciando‑se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano
e de sua autoria.

7.8.6 Responsabilidade civil

Entende‑se por responsabilidade civil a circunstância de alguém ter de ressarcir algum prejuízo
causado a outrem.

Seria extremamente difícil para o consumidor demonstrar essa circunstância, mesmo porque ele é a
parte vulnerável nas relações de consumo, tendo o CDC optado pela responsabilidade objetiva.

Com efeito, dispõe o artigo 12:

O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador


respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
121
Unidade IV

danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,


fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação
ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 1º – O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele


legitimamente se espera, levando‑se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

I – sua apresentação;

II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III – a época em que foi colocado em circulação.

§ 2º – O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor


qualidade ter sido colocado no mercado.

§ 3º – O fabricante, o construtor, o produtor ou o importador só não será


responsabilizado quando provar:

I – que não colocou o produto no mercado;

II – que embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (BRASIL, 1990b).

7.8.7 Causas excludentes

Tenha‑se em vista, entretanto, que o § 3º do artigo 12 do CDC alerta para o fato de que a
responsabilidade do fornecedor não é admitida em todos os casos, conforme parágrafo anterior.

Esse dispositivo trata, portanto, de causas excludentes de responsabilidade. De qualquer forma,


entretanto, cumprirá ao fornecedor demonstrá‑las, ao ensejo da inversão do ônus da prova.

Há alguns anos, uma renomada empresa fabricante de peças automotivas (freios de serviço para
caminhões, tratores e ônibus) foi vítima de um roubo na descida da Rodovia Anchieta, quando um
de seus caminhões transportava aquelas peças ao porto de Santos, com vista à sua exportação.
Imediatamente fez publicar em todos os principais jornais o alerta sobre esse fato, principalmente
dizendo que os proprietários de carros de passeio correriam sérios riscos se colocassem esse tipo de
freios, podendo sofrer acidentes.

Resta claro nesse caso, pois, que a empresa não colocou o produto no mercado, mas foi vítima de
um ato ilícito.
122
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Outro exemplo de excludente de responsabilidade objetiva que nos ocorre é o de aparelhos de


televisão, que trazem uma advertência bastante clara e em cor vermelha na parte de trás, consistente
em alertar o consumidor para não mexer ali e, sobretudo, não abrir o aparelho, sob risco de levar
choques elétricos. Ora, se o consumidor, não obstante tal advertência, simplesmente a desobedecer e
em consequência vier a sofrer algum dano à sua incolumidade física, não se poderá responsabilizar o
fabricante do referido aparelho.

O artigo 13 do Código de Defesa do Consumidor trata da responsabilidade objetiva também


do comerciante em consequência de acidentes de consumo por um defeito constatado, mas nas
seguintes condições:

O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem


ser identificados;

II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante,


produtor, construtor ou importador; e

III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis (BRASIL, 1990b).

Seu parágrafo único, todavia, possibilita o chamado direito de regresso. Com efeito: “Aquele que
efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis,
segundo sua participação na causação do evento danoso” (BRASIL, 1990b).

O artigo 14 trata também da responsabilidade objetiva, mas relativamente aos serviços, a saber:

O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 1º – O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar, levando‑se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

I – o modo de seu fornecimento;

ll – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III – a época em que foi fornecido (BRASIL, 1990b).

O exemplo corresponde ao combate de ratos pelo espargimento de um produto altamente


tóxico, que causou a morte de quase uma dezena de operários e a intoxicação em dezenas deles.
123
Unidade IV

Ou então o serviço de dedetização, em face do qual o agente não explica corretamente as cautelas
que o consumidor deve ter após aquela atividade, e isto vem a ocasionar danos à saúde da família
consumidora daquele serviço.

Como acontece com relação aos produtos, também o § 3º do artigo 14 do CDC (BRASIL, 1990b)
traz algumas excludentes de responsabilidade: o fornecedor de serviços só não será responsabilizado
quando provar:

I. que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II. a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

7.8.8 Qualidade e segurança dos produtos e serviços

Dispõe o artigo 8º:

Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão


riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados
normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando‑se
os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e
adequadas a seu respeito (BRASIL, 1990b).

O risco normal e previsível refere‑se a certa expectativa que o consumidor tem em relação ao
produto ou serviço, ou seja, representa uma normalidade e previsibilidade do consumidor em relação
ao uso e funcionamento rotineiro do produto ou serviço. Exemplo: um liquidificador apresenta riscos
na sua utilização: não se pode, evidentemente, colocar a mão dentro do copo com o aparelho ligado; o
mesmo serve para os ventiladores. Esse seria o risco normal e previsível.

7.8.9 Informações necessárias e adequadas

No artigo 8º o dever de informar do fornecedor está relacionado ao aspecto do risco à saúde e


segurança do consumidor, isto é, o fornecedor deve dar informações sobre os riscos que não são normais
e previsíveis em decorrência da natureza dos produtos e dos serviços. Exemplo: se uma indústria cria
um triturador cujo manuseio não é, ainda, do conhecimento-padrão do consumidor, tem de dar‑lhe
informações corretas, claras, ostensivas e suficientes, visando esclarecer todos os riscos inerentes à
utilização do produto.

7.8.10 Impressos

O parágrafo único do artigo 8º especifica a obrigação do fabricante do produto industrializado


de fornecer as informações em impressos que devem acompanhar o produto. Exemplo: manual
de instruções.

124
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Se o produto é importado e na origem é feito por indústria, é ao importador que caberá fornecer as
informações, e se elas já acompanharem o produto, será ele o responsável pela tradução, a ser oferecida
em impresso próprio que deverá acompanhar o produto.

Para dar guarida ao dever imposto no parágrafo único do artigo 8º, o legislador criou o tipo penal
do artigo 63: “omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas
embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade. Pena: detenção de 6 meses a 2 anos e multa”.

O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança


deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem
prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.

7.9 Direito de arrependimento

O Código de Defesa do Consumidor dispõe sobre o direito de arrependimento do consumidor, que


pode voltar atrás em sua declaração de vontade de celebrar a relação jurídica de consumo. Esse direito
poderá ocorrer se a contratação for efetuada fora do estabelecimento comercial “especialmente” se for
por telefone ou em domicílio. Esse direito não precisa ser justificado pelo consumidor. Não precisa ter
motivo declarado. Basta a vontade de voltar atrás.

7.9.1 Prazo de reflexão: sete dias (para evitar abusos)

Contagem: a partir da conclusão do contrato de consumo ou do ato de recebimento do produto


ou serviço. O prazo não começará em feriado e, se acabar em feriado, será prorrogado até o dia
útil seguinte.

Observação

O defeito é o vício acrescido de um problema extra, alguma coisa que


cause um dano maior que simplesmente o mau funcionamento, o não
funcionamento, a quantidade errada, a perda do valor pago.

7.9.2 Práticas comerciais abusivas

São as condições irregulares de negociação nas relações de consumo, que ferem a boa-fé, os bons
costumes, a ordem pública e a ordem jurídica.

Essas condições têm de estar ligadas ao bem‑estar do consumidor final. É o abuso contra o consumidor.

7.9.2.1 Hipóteses legais

I. Condicionamento do fornecimento de produto ou serviço. Podem ocorrer duas hipóteses: venda


casada, em que o fornecedor se nega a fornecer produto ou serviço, a não ser que o consumidor
125
Unidade IV

adquira também outro produto ou serviço. Não só a venda, mas também qualquer outra forma de
fornecimento pode ser objeto de prática abusiva; e condição quantitativa: diz respeito ao mesmo
produto ou serviço objeto do fornecimento. O fornecedor só vende caso seja “X” quantidade do
produto, caso seja mais ou menos, não vende. A proibição não é absoluta, já que a lei admite a
justa causa. Ex.: estoque limitado.

II. Recusa do atendimento à demanda do consumidor. Desde que o fornecedor tenha estoque
de produtos e esteja habilitado a prestar o serviço, não pode recusar‑se a atender à demanda
do consumidor.

III. Fornecimento não solicitado. O produto ou serviço só pode ser fornecido desde que haja solicitação
prévia por parte do consumidor. Se ocorrer o fornecimento sem solicitação, o consumidor deverá
recebê‑lo como amostra grátis, não cabendo nenhum pagamento.

IV. Aproveitamento da hipossuficiência do consumidor. O fornecedor não pode se valer da fraqueza


ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, seu conhecimento ou sua
condição social, para impingir‑lhe seus produtos ou serviços. Aqui estão incluídas as técnicas
mercadológicas, a propaganda, o marketing, as práticas comerciais de modo geral.

V. Exigência de vantagem excessiva. Vantagem excessiva é a vantagem exagerada, incomum,


desproporcional. Basta a exigência para configurar a prática abusiva.

VI. Serviços sem orçamento ou autorização do consumidor. Para que o fornecedor possa dar início
ao serviço, é preciso haver autorização expressa do consumidor. Para a aprovação expressa do
orçamento. Não basta a apresentação do orçamento. É necessário haver concordância expressa
do consumidor. Serviço prestado sem autorização será considerado amostra grátis.

VII. Divulgação de informações negativas sobre o consumidor. Nenhum fornecedor pode divulgar
informação depreciativa sobre o consumidor.

VIII. Colocar no mercado produtos e serviços em desacordo com as normas técnicas. Se existir norma
técnica expedida por órgão público, ou mesmo entidade privada credenciada pelo Conselho
Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (Conmetro), caberá ao fornecedor respeitá‑la.

IX. Inexistência ou deficiência de prazo para cumprimento da obrigação por parte do fornecedor.
O Código de Defesa do Consumidor obriga o fornecedor a entregar ao consumidor orçamento
prévio, discriminando o valor e as condições de pagamento, com as datas de início e término dos
serviços. Salvo estipulação em contrário, o orçamento tem validade por dez dias, contados do seu
recebimento pelo consumidor.

Existem vários casos de práticas comerciais abusivas em desfavor do consumidor. O Judiciário está
sempre atento e combatendo estes ilícitos.

126
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Algumas decisões que demonstram claramente o abuso contra o consumidor:

“INDENIZAÇÃO – DANO MORAL – Concessão pela ré de financiamento


fraudulento a terceiro, sem as devidas cautelas – Negativação indevida do
nome da autora nos cadastros restritivos de crédito, o que a impediu de
adquirir bens a prazo no comércio local – Responsabilidade da ré e dano
moral caracterizados. Procedência da ação que era mesmo de rigor – Porém,
o quantum indenizatório foi fixado em valor módico, se comparado àqueles
normalmente arbitrados por esta Col. Câmara em casos correlatos, razão pela
qual será majorado, como pede a autora – Recurso provido.” (Apelação n°
0016905‑72.2009.8.26.0032, Rei. RIZZATTO NUNES, 23ª Câmara de Direito
Privado, j. 19/05/2010, r. 08/06/2010).

“DANO MORAL – Utilização de documentos falsos, por terceiro, para


abertura de conta bancária em nome do autor – Inscrição dos dados
pessoais da demandante, junto aos cadastros das entidades defensoras do
crédito – Responsabilidade objetiva do Banco”. (Apelação 991030926409
(1258880000), Rei. ELMANO DE OLIVEIRA, 23ª Câmara de Direito Privado, j.
24/02/2010, r. 18/03/2010).

“RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MORAL – Negativação de nome –


Contrato que deu origem à restrição que foi celebrado com apresentação
de documento de identidade falso e por pessoa diversa do autor – Fato
não negado pelo banco – Responsabilidade deste, pois, evidenciada
– Quantum indenizatório mantido, convertidos, de ofício, os salários
mínimos para reais e fixada a data da prolação da sentença como o dies
a quo da incidência de correção monetária e dos juros de mora de 1% ao
mês – Apelo desprovido, com determinação.” (Apelação 991050424328
(3005823600), Rei. RIZZATTO NUNES, 23ª Câmara de Direito Privado, j.
28/05/2008, r. 09/06/2008).

RESPONSABILIDADE CIVIL – REMESSA DE CARTÃO DE CRÉDITO SEM


SOLICITAÇÃO DO CONSUMIDOR – PRÁTICA ABUSIVA – INDEVIDA COBRANÇA
DE FATURAS MENSAIS – AUSÊNCIA DE PROVA DA ANUÊNCIA E UTILIZAÇÃO
DO CARTÃO PELO CONSUMIDOR – DANO MORAL CONFIGURADO –
NEXO CAUSAL – MONTANTE INDENIZATÓRIO. 1. Apresenta‑se ilegal o
procedimento do banco que envia cartão de crédito ao consumidor sem
a prévia solicitação. Termo de Compromisso originado do Ministério da
Justiça. Prática abusiva – CDC, art. 39, III. Procedimento que colore a figura
do ilícito, ensejando reparação por danos morais. Nexo causal configurado.
2. A fixação do montante indenizatório a título de dano moral segue critérios
subjetivos do juiz, e deve ser consentâneo à realidade dos fatos. Proveram o
apelo (FERRAZ, 2011).

127
Unidade IV

7.10 Da proteção contratual

7.10.1 Cláusulas abusivas

São cláusulas notoriamente desfavoráveis ao consumidor, parte mais fraca da relação.

7.10.2 Cláusulas exemplificativas

a) Cláusula de não indenizar – é nula a cláusula que contenha óbice ao dever legal de indenizar. A
proibição atinge qualquer cláusula que tenha por objetivo exonerar, impossibilitar ou atenuar a
responsabilidade do fornecedor.

b) Cláusula de renúncia ou disposição de direitos.

c) Cláusula de limitação da indenização com consumidor.

d) Cláusula que impeça o reembolso da quantia paga pelo consumidor etc.

7.10.3 Compra e venda a prestação

Seja de móveis ou imóveis, a lei veda cláusula que estipule a perda total dos valores pagos pelo
consumidor em caso de resolução do contrato por inadimplência deste. É permitida, contudo, a
estipulação de pena ao consumidor pelo inadimplemento contratual, desde que essa pena seja equitativa.

7.10.4 Contratos de adesão

São contratos cujas cláusulas tenham sido estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor, sem que
o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. A lei não veda, mas estipula
certas condições; a principal é que as cláusulas limitativas de direitos do consumidor deverão ser regidas
com destaque, permitindo imediata e fácil compreensão, bem como que todo o escrito deverá ter
redação clara e legível.

7.10.5 Cobrança de dívidas

Na cobrança de débitos o consumidor inadimplente não será exposto ao ridículo, nem submetido
a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. O consumidor cobrado em quantia indevida tem
direito à repetição de indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo engano justificável. Muitas vezes, a cobrança indevida decorre
da adoção, pelo credor, de critérios de cálculos e cláusulas contratuais financeiras não conformes
com o sistema legal de proteção do consumidor, em razão do princípio que veda o enriquecimento
injustificado do credor.

Segue um rol de exemplos de práticas abusivas em desrespeito ao direito do consumidor combatidas


pela Justiça:
128
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

“CONTRATO – Compra e venda – Rescisão – Perda dos valores já pagos –


Acolhimento que ensejaria enriquecimento indevido, em face da ausência de
prejuízo – Cláusula leonina configurada – Verba Indevida – Recurso não provido.”
(Apelação Cível nº 186.199‑2 – São Paulo – Apelantes e apelados: Neide Maria
de Oliveira Camargo e WRC Incorporações Ltda. – RJTJESP, ED. LEX – 137/91).

“No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a


devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por
quem o recebeu, exclui indenização maior a título de perdas e danos, salvo
os juros moratórios e os encargos do processo” (Súmula n.º 412 do STF).

“COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA – Rescisão – Cláusula Penal – Perdas


e danos consubstanciados na perda das quantias pagas – Pagamento de
parcela substancial do preço que a torna excessivamente onerosa para o réu
– Construtora, ademais, que lucrará com a rescisão contratual – Ofensa ao
artigo 53, caput, de Código de Defesa do Consumidor, aplicável até mesmo
aos atos pretéritos, ou em julgamento – Devolução das importâncias pagas
ordenadas – Recursos providos para esse fim.”

“CONTRATO – Rescisão – Cláusula penal – Perdas e danos consubstanciados


na perda das quantias pagas – Interpretação que deve ser feita em favor do
aderente – Acolhimento da cláusula, ademais, que conduziria à condenação
do próprio direito – Devolução das importâncias pagas ordenadas – Recursos
próprios para esse fim” (Apelação Cível nº 197.165‑2 – São Paulo – Apelante:
Osvaldo Rodrigues – Apelada: Construtora e Administradora Taquaral S.A. –
RJTJESP, Ed. LEX – 139/41).

“RESCISÃO CONTRATUAL – Contrato de Adesão e o Código de Defesa do


Consumidor – Aplicação imediata – Excessiva onerosidade da cláusula penal
– Ofensa ao art. 53, caput da Lei nº 8.078/90.”

“O contrato de adesão possibilita a intervenção judicial, para a correção


de cláusulas excessivamente onerosas para a parte aderente. O Código de
Proteção e Defesa do Consumidor, cujas normas são de ordem pública e
de interesse social (art. 1o), considera nulas de pleno direito cláusulas que
estabeleçam a perda total das prestações pagas, no caso de resolução do
contrato de compra e venda de coisa móvel ou imóvel, por inadimplemento
do comprador (art. 53). Esta disposição, por ser de ordem pública, aplica‑se
aos contratos anteriores ao referido estatuto legal, de forma a nulificar a
cláusula do contrato que estabelece a perda” – (TJSP – Ap. Cível 197.165‑2/3
– SP – 11ª Câm. Civil Rel. Des. Pinheiro Franco – j. 22.10.92 – m. v.).

“Aplicam‑se as normas do Código de Defesa do Consumidor aos contratos


de execução diferida, não obstante ter sido pactuado antes da vigência
129
Unidade IV

deste diploma legal – art. 1o. Improcede o pedido de perdas das parcelas
pagas, porque nula é a cláusula contratual que a estabelece, face a sua
abusividade” – (TJDF – Ap. Cível 31.902/94 – DF – 3ª T. – Rel. Des. Nancy
Andrighi – j. 16.05.94 – m. v.).

“Ainda que pactuada anteriormente à vigência do Código de Defesa do


Consumidor, a cláusula penal que estipula a perda de todas as importâncias
pagas é draconiana e deve ser reduzida aos seus limites, perdendo o
promissário inadimplente apenas o sinal, assegurando o seu direito de reaver
as demais quantias, corrigidas após o desembolso e com juros de 6% ao ano,
a partir da citação” – (Ac. da 4ª Câm. Civ. do TAMG – Ap. Civ. 158.893‑4 – Rel.
Juiz Jarbas Ladeira – j. 6.10.93).

“Eficácia na resolução. Desfazendo a relação contratual e os seus efeitos, a


resolução determina o retorno ao estado anterior, inclusive a devolução das
parcelas do preço já pagas, exceto o sinal, por força de expressa norma legal
(CC, art. 1.097)”. (RT 653/193).

7.11 Publicidade e propaganda

O anúncio publicitário não pode faltar com a verdade daquilo que anuncia de forma alguma, quer
seja por afirmação, quer por omissão. Nem mesmo manipulando frases, sons e imagens para, de maneira
confusa ou ambígua, iludir o destinatário do anúncio.

O anúncio deve apresentar o preço de forma clara, bem como as condições de seu pagamento:
à vista, a prazo, parcelado etc. Dos pagamentos a prazo ou parcelados, devem constar os valores da
entrada (se houver), das prestações, das taxas de juros e das demais despesas.

A atividade publicitária deve respeitar a dignidade da pessoa humana, a intimidade, o interesse


social, as instituições e o símbolos nacionais, as autoridades instituídas e o núcleo familiar. Os anúncios
não devem conter nada que possa induzir a atividades ilegais e/ou criminosas ou que pareça favorecer,
enaltecer ou estimular tais atividades. Os anúncios também não podem apresentar, de nenhuma maneira,
afirmações, apresentações visuais ou auditivas, mensagens que ofendam os padrões de decência
prevalecentes no meio social, sob pena de serem considerados abusivos.

A oferta e a apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações com as


seguintes características.

• Corretas: praticamente o óbvio ululante; seria absolutamente inadmissível que o fornecedor desse
informações incorretas.

• Claras: a norma pretende evitar o uso de linguagem técnica ou inacessível. Ex.: bulas de remédios.

130
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

• Precisas: a lei impede o uso de termos vagos e/ou ambíguos. Ex.: bancos que informam que o cliente
tem x dias para usar o cheque especial sem que lhe cobrem os juros correspondentes, porém não
informam que, se o uso superar o dia x, os juros do período anterior serão somados e cobrados.

• Ostensivas: dirige‑se especificamente àquelas informações impressas em letras miúdas, difíceis de


serem lidas. A informação ou cláusula impressa dessa forma não tem validade alguma.

• Em língua portuguesa: seria um disparate aceitar o uso da língua alienígena no contexto nacional,
fazendo vingar direitos contra os brasileiros.

• Em linguagem legível: principalmente informações manuscritas ou apagadas. Ex.: receita de


médico, tinta opaca.

Já as informações sobre os produtos e serviços, nos moldes anteriores, devem ser em relação:

• Às características (tamanho, forma, cor etc.), qualidade (utilidade), quantidade, composição,


garantia contratual e origem.

• Ao preço: preço à vista – preço só existe à vista; não se pode confundir preço com forma
de pagamento, que pode ser a prazo, em parcelas, financiada etc. A forma pode variar, mas o
preço tem de ser o mesmo que foi estipulado à vista da compra. Exemplo: se o preço à vista
for R$ 100,00 e o pagamento for a prazo, o fornecedor não poderá dizer que para 60 dias o
preço é R$ 120,00 (acréscimo ilegal). Só é possível cobrar juros em operação sustentada por
instituição financeira (são as únicas autorizadas a cobrarem juros remuneratórios). Preço
visível – o preço tem de estar à mostra, claramente visível ao consumidor, inclusive nos
produtos das prateleiras dos supermercados e nas vitrinas. A lei visa impedir que o consumidor
seja constrangido, isso porque é prática bastante conhecida de venda (a gíria comercial diz
“malho”) a de atrair o consumidor para dentro do estabelecimento, oferecer‑lhe os produtos
sem que ele saiba quanto custa e, só depois que ele fica bastante interessado e diz que quer
comprar, o preço é dito; o consumidor, constrangido, acaba adquirindo um bem com custo
muito mais elevado do que pretendia. Consigne‑se que o preço não declarado não precisará
ser pago, se o consumidor considerá‑lo abusivo e/ou fora do padrão esperado.

• Prazos de validade: todo produto perecível deve trazer informado o prazo de validade. Observe‑se
que certos produtos devem apresentar dois prazos de validade distintos: um até que a embalagem
seja aberta e outro para o consumo após sua abertura. São centenas de produtos que a pessoa
abre e demora para consumir totalmente. Ex.: requeijão, biscoito etc.

Com efeito, o artigo 37 considera enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação


de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão,
capaz de induzir a erro o consumidor a respeito de natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços; a publicidade também
será enganosa, por omissão, quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.

131
Unidade IV

7.11.1 Formas comuns de publicidade enganosa

7.11.1.1 O “chamariz”

Modo enganoso de atrair o consumidor para que ele, uma vez no estabelecimento (ou telefonando),
acabe comprando algo muitas vezes bem constrangido. Ex.: anuncia‑se a liquidação, com grandes
descontos, e, quando o consumidor chega à loja, a liquidação é restrita a uma única prateleira ou
estante; ou: “os primeiros dez ouvintes que ligarem terão desconto de 50% na compra de tal produto”;
quando o consumidor liga, ainda que seja logo em seguida, recebe a resposta de que é o décimo
primeiro a ligar.

7.11.1.2 Informação distorcida

A publicidade será enganosa se o consumidor pudesse não ter adquirido o produto ou o serviço se
este tivesse sido anunciado corretamente; o anúncio será enganoso, se não corresponder à verdade, se
esta não se verificar. Ex.: o fornecedor diz que o produto dura 2 meses, e em 1 mês ele está estragado;
ou que o curso é grátis, exceto o material didático.

7.11.1.3 Ambiguidade

Se o anúncio “brincar” com o sentido ambíguo de seu texto ou se utilizar a ambiguidade com o
intuito de confundir, será enganoso. Se, ao ler o texto, assistir à imagem, ouvir a mensagem falada, restar
possível mais de uma interpretação e uma delas levar à “enganosidade”, o anúncio já será enganoso.
Ex.: anúncio com foto de um aparelho de melhor qualidade, diferente da sigla junto do preço ao pé da
fotografia que indicava um aparelho de qualidade inferior.

7.11.2 Responsabilidade do fornecedor‑anunciante, das agências e do veículo

A responsabilidade é solidária de todos aqueles que participam da produção do anúncio e de sua


veiculação. Tanto o anunciante quanto sua agência e o veículo serão responsáveis solidários pelo dano
que o anúncio causar e pelas infrações praticadas.

Exceção: tanto a agência quanto o veículo anunciante não terão responsabilidade quando
do anúncio não se extrair a “enganosidade” ou por cuja publicidade não for possível, por falta de
condições reais, saber se o anúncio é enganoso ou depende de uma ação real, concreta e posterior do
fornecedor‑anunciante. Ex.: uma loja anuncia desconto de 50% nos preços das mercadorias; quando o
consumidor comparece à loja, vê que os descontos são de apenas 20%.

7.11.3 Oferta e publicidade

Poderíamos desde logo afirmar que oferta é gênero e que publicidade é espécie.

Com efeito, a oferta de produtos e serviços se refere a toda e qualquer manifestação do


anunciante‑fornecedor, com o objetivo de propor sua colocação no mercado (prospectos distribuídos de
132
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

mão em mão, malas diretas, mensagens veiculadas por veículos com alto‑falantes, exibição de produtos
em vitrines de lojas, correspondência contendo propostas concretas etc.).

Já publicidade vem a ser a mensagem estratégica e tecnicamente elaborada por profissionais


especificamente treinados e preparados para tanto e veiculada igualmente por meios de comunicação
de massa mais sofisticados (por exemplo, outdoors, mensagens por televisão, rádios, revistas, jornais,
internet etc.).

Esses esclarecimentos são necessários, na medida em que três são as personagens de uma
mensagem publicitária:

a) Anunciante: o próprio fornecedor, na extensão em que é definido pelo CDC.

b) Agente publicitário: o profissional que engendra e produz a publicidade.

c) Veículo: qualquer meio de comunicação em massa que leva mensagens publicitárias até seus
destinatários, consumidores ou potenciais consumidores.

7.11.4 Conceitos de publicidade enganosa e abusiva

O próprio Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 37, encarrega‑se de definir publicidade
enganosa e abusiva. Com efeito:

Art. 37 – É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1º – É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação


de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer
outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor
a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos
e serviços.

§ 2º – É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer


natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se
aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeite
valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar
de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

§ 3º – Para os efeitos deste Código, a publicidade é enganosa por omissão


quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.

7.11.5 Princípio da vinculação

O art. 30 do Código de Defesa do Consumidor, por seu turno dispõe que:


133
Unidade IV

Toda informação ou publicidade suficientemente precisa, veiculada por


qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela
se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Já o artigo 35 oferece a sanção civil cabível no caso, a saber:

Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,


apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à
sua livre escolha:

I – exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,


apresentação ou publicidade;

II – aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;

III – rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia e eventualmente


antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos (BRASIL, 1990b).

7.11.6 Princípio da transparência

Dispõe o parágrafo único do art. 36 do CDC: “A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o
consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal” (BRASIL, 1990b).

Cuida‑se de princípio eminentemente ético, e tem por base o dever posto tanto aos anunciantes
quanto aos seus agentes publicitários de, ao transmitirem alguma característica especial sobre
determinado bem ou serviço, caso haja dúvidas a respeito, que a justifiquem cientificamente. Exemplo:
o sabão “X” lava muito mais branco do que o “Y” porque contém o princípio ativo “H”.

Lembrete

A oferta e a apresentação de produtos ou serviços devem assegurar


informações corretas, claras, precisas, ostensivas, em língua portuguesa e
com linguagem legível.

8 INTRODUÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO

Os primeiros estudos sobre a saúde dos trabalhadores se iniciaram no século XVI. As pesquisas
aprofundaram‑se com a Revolução Industrial, quando surgiram as primeiras leis trabalhistas visando
proteger o ser humano de possíveis acidentes e doenças ocupacionais em suas relações de trabalho
(PACHECO, 1995). Discutiremos, a seguir, a origem da Saúde e Segurança no Trabalho e sua evolução no
decorrer dos anos.

134
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

No Brasil, nos primeiros séculos pós‑descobrimento, as atividades industriais restringiram‑se praticamente


à fabricação do açúcar e à mineração, sendo permitida a instalação de fábricas apenas a partir de 1808, com
a transferência da corte portuguesa para o Brasil. Entretanto, só em 1890 surge a primeira legislação sobre
condições de trabalho industrial com a criação do Conselho de Saúde Pública. A legislação trabalhista caminhou
a passos lentos até 1930, com a criação do Ministério do Trabalho, que adotou a questão da saúde e segurança
dos trabalhadores. Em 1978, o Ministério aprovou uma Portaria com as 28 Normas Regulamentadoras (NRs)
relativas a segurança e medicina do trabalho. A partir de 1994, já adotando como paradigma a Convenção nº
161/85 da OIT, aprovou as atuais versões das normas NR‑7, NR‑9, NR‑18 e NR‑29. Finalmente, em 1999, foi
aprovada a atual versão da NR‑5 (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa).

Todas as normas citadas no parágrafo anterior serão devidamente examinadas neste livro‑texto.
Ao fazer uma análise sobre Saúde e Segurança no Trabalho, podemos compreender a importância
de interferir no processo de segurança ocupacional dos colaboradores tendo o objetivo de prevenir,
minimizar e eliminar os riscos decorrentes de condutas e procedimentos que causam riscos à saúde do
trabalhador. Podemos entender que um serviço de saúde ocupacional apresenta finalidades como:

• cuidar do colaborador e protegê-lo contra qualquer risco à saúde que se origine em seu ambiente
de trabalho ou das condições físicas e psicológicas a que o trabalho o expõe;

• buscar o equilíbrio e o ajustamento mental e físico do colaborador;

• estabelecer e manter um alto grau de bem‑estar físico e mental do colaborador.

A definição dos objetivos e propósitos de um serviço de saúde ocupacional está formalizada na


Recomendação nº 112 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1959. Essa recomendação
foi um dos marcos importantes no processo de organização dos serviços de saúde do trabalhador, além de ser
utilizada como um paradigma na elaboração da legislação brasileira sobre o assunto. Seu maior mérito foi definir
as funções dos serviços de medicina do trabalho, destacando sua função preventiva. Aconselhava, também, que
todos os países‑membros adotassem a obrigatoriedade da existência de serviços médicos de empresa. O Direito
Internacional, juntamente com as convenções e recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
oferece bases para a efetiva melhora das condições e do meio ambiente do trabalho no mundo.

Saiba mais

Conheça o histórico no, Brasil, da saúde e segurança do trabalho e


confira mais informações sobre a Recomendação nº 112/09 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), sobre serviços de medicina no trabalho, no
endereço a seguir:

WALDHELM NETO, N. História da segurança no trabalho. Segurança


no Trabalho NWN, [s.d.]. Disponível em: <http://segurancadotrabalhonwn.
com/historia‑da‑seguranca‑do‑trabalho/>. Acesso em: 23 mar. 2015.

135
Unidade IV

A maioria dos serviços de saúde ocupacional foca três áreas principais: prevenção, ajustamento ao
trabalho e tratamento.

8.1 A saúde e a segurança do trabalhador e os fatores históricos, sociais,


políticos e econômicos

A saúde do trabalhador é de tamanha importância que pode ser considerada como uma área do
conhecimento que requer investigação e intervenção e que tem sofrido diversas configurações ao longo
das últimas décadas.

O crescimento da área da saúde do trabalhador pode ser entendido através de duas dimensões: uma
decorrente da nova ordem do capital sobre o trabalho; outra por conta do reconhecimento político
da área, representado pela sua inserção, ainda que insuficiente, no conjunto das políticas públicas e
intersetoriais, resultante da capacidade de organização de diferentes agentes políticos.

Com relação à ordem do capital sobre o trabalho, esta se figura no impacto dos novos padrões da
nova ordem capitalista, ao se verificar, a partir do complexo dos avanços produtivos, a necessidade de
uma análise mais detalhada dessas novas estruturas, sem deixar de lado o seu impacto sobre a saúde.

Na segunda dimensão, os avanços político‑legais (novas legislações) estão associados ao


reconhecimento da preocupação ampliada com a saúde e sua regulação como direito universal (direito
para todos) e, ainda, à incorporação da saúde do trabalhador no campo da saúde coletiva e nas
demais políticas públicas, configurando-se como uma nova ordem de interesse geral da população.
Tais fatores contribuem para o crescimento da participação social na defesa e no controle social de
políticas públicas, bem como para o fortalecimento da organização dos trabalhadores (sindicatos) e
a incorporação, nas pautas coletivas, de necessidades voltadas para a saúde e a proteção social e do
trabalho, enquanto conquista da mobilização de amplos setores da sociedade.

8.2 Prevenção

A prevenção na saúde e segurança do trabalho deve ser desdobrada em duas funções – controlar
riscos e controlar emergências –, diminuindo, assim, as estatísticas dos acidentes com os colaboradores.

É muito comum nas empresas encontrar placas de controle dizendo:

“Estamos trabalhando há xxx dias sem acidentes com perda de tempo.


Nosso recorde é de xxx dias.”

De acordo com Cardella (1999), o controle de riscos pode ser exercido por meio de sistemas altamente
sofisticados, como o de uma unidade industrial, ou muito simples, como o de um trabalhador que
controla os riscos de suas atividades. Em qualquer um dos casos, são adotados os seguintes princípios:

• Nas organizações e na sociedade, o acidente é um fenômeno de natureza multifacetada, que


resulta de interações complexas entre fatores físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais.
136
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

• Todos os acidentes podem ser evitados.

• Os acidentes ocorrem porque a mente se envolve com o trabalho e esquece o corpo.

• Um indivíduo não consegue, sozinho, controlar os riscos de sua atividade.

O objetivo da gestão de riscos é trabalhar a prevenção dos acidentes e, dessa forma, manter os riscos
associados à organização abaixo dos valores tolerados pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(Cipa). Algumas organizações não levam seus colaboradores a conscientizar-se da responsabilidade da
prevenção, mas é dever de todos zelar por uma boa saúde, segurança no trabalho e, consequentemente,
por uma boa qualidade de vida. Segundo Cardella (1999), a política estabelece as regras comportamentais
da organização. Portanto, cada organização, família, pessoa ou sociedade deve estabelecer sua própria
política, que é sempre um reflexo de seus valores.

Veja algumas regras básicas:

• A preservação de pessoas tem prioridade sobre a preservação de bens.

• Quem responde por uma atividade deve responder também pelos riscos decorrentes dessa atividade.

Ainda de acordo com Cardella (1999), é considerado emergência todo procedimento perigoso
sobre os quais o homem não tenha nenhum controle. Toda emergência é considerada anormal, pois o
esperado e desejado é a ausência de emergências. Ela pode ser caracterizada como explosão, incêndio,
vazamento de gás tóxico, enchente, falta de energia elétrica, falta de água e refrigeração, dentre outros.
Em qualquer um dos casos, são adotados os seguintes princípios:

• A velocidade de propagação da série de eventos perigosos é maior que a velocidade com a qual o
homem detecta, analisa e toma decisões.

• Em situação de emergência, o homem apresenta uma elevada probabilidade de cometer falhas.


Essa probabilidade diminui caso ele esteja adequadamente treinado.

• Não é possível elevar a confiabilidade dos sistemas a 100%. Quando o último recurso
mecânico‑eletrônico falha, o controle passa a depender totalmente da intervenção humana.

Desses princípios, decorre:

• que as emergências devem ser analisadas previamente para que decisões criticas sejam incorporadas
ao plano de ação e as ações sejam executadas de modo automático no momento da ocorrência;

• que as ações de controle devem ser executadas preferencialmente por equipamentos, pois eles
atuam muito rapidamente e com muito maior confiabilidade do que o homem;

• que as pessoas que atuam no controle de emergências devem ser treinadas em detecção de falhas.
137
Unidade IV

A política de gestão de emergências deve ser simples e objetiva, não deixando dúvidas quanto ao
comportamento esperado. Cabe à liderança estabelecer a política da organização.

Lembrete

É preciso inspecionar regularmente para controlar os riscos.

8.3 Ajustamento ao trabalho

Embora estudos sinalizem, principalmente, os efeitos do trabalho sobre a saúde do colaborador, não
podemos esquecer que é tarefa primordial estudar os efeitos que a saúde pode ter sobre o trabalho.
Podemos iniciar esse estudo pelo processo seletivo do candidato a determinado cargo, com o qual
analisaremos a sua saúde e as suas aptidões.

Algumas organizações realizam um procedimento de triagem com os candidatos por meio


do preenchimento de um questionário de saúde elaborado por um médico e com o auxílio de
um profissional da enfermagem. Esse questionário confirmará se o colaborador está apto ou
não para desenvolver determinada tarefa no seu cotidiano, mas esse não é o único método
utilizado para o ajustamento de função. No caso dos colaboradores admitidos para trabalhar em
uma área que acarreta exposição a riscos específicos, como metais pesados, radiações, barulhos,
eles necessitarão ser examinados para que se estabeleçam dados clínicos de referência, com a
complementação de alguns exames laboratoriais, como audiometria, hemograma completo e
dosagem de chumbo no sangue. Vale lembrar que somente essas ações não bastam: ao lidar com
pessoas, o clima organizacional é primordial para ter um ajustamento organizacional, ideal para
um bom ambiente de trabalho.

Segundo Cardella (1999), o clima organizacional resulta de fatores internos e externos. Dentre eles,
podemos citar a visão de futuro, ameaças externas, situação política, econômica e social do país, grau de
satisfação das necessidades das pessoas, liderança, cultura organizacional e sistema de gestão.

Saiba mais

Leia o artigo de Francisco Antonio de Castro Lacaz. Nele, você verá os


pressupostos teórico‑operacionais do campo Saúde do Trabalhador e os
formulados pela saúde ocupacional.

LACAZ, F. A. C. O campo saúde do trabalhador: resgatando conhecimentos


e práticas sobre as relações trabalho‑saúde. Cad. Saúde Pública, v. 23, n.
4, Rio de Janeiro, abr. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0102‑311X2007000400003>. Acesso em: 23
mar. 2015.

138
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estabeleceu o Programa Internacional para a Melhora


das Condições e Meio Ambiente do Trabalho (PIACT), que iniciou‑se em 1976 e tem como objetivo o
melhoramento das condições de trabalho e a proteção da saúde física e mental do trabalhador. Seu foco
constitui‑se na:

• prevenção contra os efeitos desfavoráveis de fatores físicos, químicos e biológicos no local de


trabalho e no meio ambiente imediato;

• prevenção da tensão mental resultante da duração excessiva do ritmo, do conteúdo ou da


monotonia do trabalho;

• promoção de melhores condições de trabalho visando à distribuição adequada do tempo e do


bem‑estar dos trabalhadores;

• adaptação das instalações e dos locais de trabalho à capacidade mental e física dos trabalhadores
mediante a aplicação da ergonomia.

8.4 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa)

A prevenção dos acidentes do trabalho é vista como forma de evitar a incapacitação dos
colaboradores nas empresas, abordando as causas dos acidentes e mostrando pesquisas e estudos
recentes no nosso país. É a única chance para evitar a incapacitação de milhares de colaboradores,
apesar de muitas empresas ainda considerarem que o custo para os seus negócios é irrecuperável.
Infelizmente, enquanto essa postura equivocada não mudar, será difícil conseguir reduzir o número
desses acidentes.

A saúde e a segurança do empregado são ameaçadas a todo o momento pelas condições


inadequadas de trabalho, que geram um elevado número de acidentes, lesões, distúrbios
e intoxicações, fazendo do nosso país um dos campeões mundiais de acidentes de trabalho.
As causas dos acidentes de trabalho nas organizações estão diretamente relacionadas aos
problemas pessoais e íntimos do colaborador, influenciando seu comportamento e trazendo
como consequência:

• problemas sociais e psicológicos;

• depressão, tensão, estresse;

• conflitos e brigas familiares;

• dificuldade de adaptação às transformações e mudanças;

• utilização de substâncias tóxicas;

• alcoolismo etc.
139
Unidade IV

As doenças mentais, na maioria das vezes, acontecem em decorrência de alguns fatores, tais como:

• conviver com os limites entre a vida e a morte (situação vivida pelos profissionais de saúde,
policiais, motoristas, dentre outros);

• trabalhar com o grande público (situação vivida por professores, palestrantes e gestores, dentre outros);

• pressão temporal, pressão da informatização;

• monotonia;

• trabalho em excesso etc.

Observação

Um dos fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes de


trabalho é a prática do improviso (“jeitinho brasileiro”) e da pressa.

Podemos entender que as organizações precisam constantemente ofertar aos seus colaboradores
algumas atividades destinadas à qualidade de vida, tais como academias, ginástica laboral, cinema nos
horários de intervalo e palestras sobre temas diversos de qualidade de vida que, com certeza, melhoram
a sua vida profissional. O programa de saúde e segurança no trabalho recebeu atenção especial, e
foram consolidadas diversas parcerias e convênios com entidades e empresas. Como órgãos envolvidos
nesses programas, temos a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que é uma agência multilateral
voltada às questões do trabalho, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), e a Organização
Pan‑Americana da Saúde, que é um órgão internacional de saúde pública. Seu objetivo é coordenar
os esforços estratégicos de colaboração entre os Estados‑membros e outros parceiros com o intuito de
manter o equilíbrio na saúde, combater doenças, elevar a qualidade de vida e aumentar a expectativa
de vida dos povos das Américas. Além dessas organizações, temos:

• Ministério do Trabalho e Emprego e Ministério da Saúde: entidades do Governo Federal provedoras


de políticas, programas e ações de sustentação permanente diante das necessidades e dos
requisitos das suas áreas de atuação.

• Fundacentro: órgão que tem como finalidade a realização de estudos e pesquisas relativas
aos problemas de segurança, higiene, meio ambiente e medicina do trabalho. Esse respectivo
organismo está vinculado ao Ministério do Trabalho (MT).

• Sociedade Brasileira de Cardiologia (Departamento de Hipertensão Arterial): organização que


implementa planos e ações educativas e de apoio às pessoas em geral, além de profissionais de
saúde, com o intuito de mostrar à população como aumentar a qualidade de vida por meio da
prevenção contra doenças cardiovasculares.

140
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Podemos concluir que é responsabilidade de toda a sociedade a prevenção contra doenças e acidentes
de trabalho e, principalmente, a melhoria da qualidade de vida de todos.

Lembrete

É fundamental orientar e treinar todos os funcionários para eliminar ou


evitar riscos.

8.5 A Cipa nas organizações

Como vimos anteriormente, a Cipa é uma comissão que tem o objetivo de evitar a ocorrência de
acidentes de trabalho e as doenças que eles acarretam, de modo que garanta que trabalho, segurança
e promoção da saúde estejam sempre em perfeita sintonia e complementação. As empresas que
admitirem trabalhadores como empregados deverão estabelecer e manter suas comissões em perfeito e
regular funcionamento. Incluem‑se, nesse caso, empresas públicas, privadas, cooperativas, associações
recreativas, sociedades de economia mista, dentre outras. Vale lembrar que a NR‑5 também se aplica aos
trabalhadores avulsos e às empresas que lhe tomam serviço.

No caso de uma empresa possuir em um mesmo município mais de um estabelecimento, cada um


destes deverá ter constituída, de forma independente e em funcionamento, sua própria comissão. Porém,
a integração e a harmonia das políticas de segurança e de saúde dos trabalhadores devem ser garantidas
pela empresa. Não haverá uma relação de dependência entre as Cipas, e sim uma uniformidade de esforços.

Saiba mais

Consulte o Manual Cipa: a Nova NR‑5, que entrou em vigor em 24


de maio de 1999 e regulamenta o estabelecido no artigo 163 da CLT,
estabelecendo novas regras para o funcionamento das Comissões Internas
de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Cipa).

MANUAL CIPA: a nova NR‑5. [s.d.]. Disponível em: <http://www.pucminas.


br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_ARQUI20081104143646.pdf>.
Acesso em: 23 mar. 2015.

8.6 Da organização

Toda e qualquer comissão interna de prevenção de acidentes deverá ser composta por membros
representantes do empregador e do quadro de empregados. Os representantes dos empregadores, tanto
os titulares como os suplentes, serão designados por eles mesmos. No caso dos representantes dos
empregados, estes serão eleitos por meio de votação secreta pelos demais empregados interessados. Os
eleitos terão mandato de um ano, podendo ser reeleitos para um próximo mandato subsequente.

141
Unidade IV

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, “o empregador deverá garantir que seus indicados
tenham a representação necessária para a discussão e [o] encaminhamento das soluções de questões de
segurança e saúde no trabalho analisadas na Cipa” (BRASIL, 1999d).

Observação

Um dos fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes de


trabalho é a falta de planejamento e a gestão gerencial descompromissada
com o assunto.

8.7 Atribuições

No interior das organizações, a Cipa possui, atualmente, uma gama de atribuições importantes na
prevenção de acidentes e na promoção da saúde do trabalhador. Podemos citar como as mais relevantes:

• identificar previamente os riscos decorrentes das atividades desenvolvidas pelos empregados;


a comissão, com a ajuda de alguns trabalhadores, elabora um mapa dos riscos detectados para
tentar eliminá‑los;

• realizar um trabalho de detecção dos problemas de segurança e saúde no trabalho e, posteriormente,


desenvolver uma estratégia para minimizá‑los e, se possível, solucioná‑los;

• realizar periodicamente a verificação das condições de trabalho com o intuito de identificar


possíveis riscos à saúde e à segurança dos empregados;

• realizar a divulgação de todas as informações relativas à segurança e à saúde no trabalho;

• participar das discussões do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do


Trabalho (SESMT) acerca das avaliações dos impactos no meio ambiente e dos processos de trabalho;

• colaborar com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional da empresa;

• colaborar com o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais;

• promover, anualmente, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat);

• participar das campanhas de prevenção de doenças como a Aids.

Para que todas as atribuições descritas anteriormente possam ser realizadas, é imprescindível que
os demais empregados participem de todo o processo, que tem início na própria escolha dos membros
da comissão. Os empregados precisam ter a consciência de que se trata de uma comissão formada para
garantir a sua integridade física, sendo importante que essa comissão seja acompanhada e auxiliada
pelos demais colaboradores.
142
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Para auxiliar o trabalho da Cipa, os demais empregados poderão indicar as situações de risco que
sejam detectadas, bem como sugerir ações para eliminá‑las. Será também de grande auxílio à Cipa o uso
correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), assim como o seguimento correto das normas
de segurança no trabalho. Algumas comissões deixam de realizar feitos importantes por perderem
tempo na fiscalização de comportamentos adequados dos trabalhadores.

Observação

Um dos fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes de trabalho


é a inexistência de orientação, ordem de serviço ou treinamento adequado.

8.8 Funcionamento

A Cipa realizará reuniões mensais, com datas preestabelecidas, em local apropriado e sempre no
horário do expediente. Uma vez encerrada a reunião, uma ata desta deverá ser assinada por todos
os participantes, e uma cópia deverá ser enviada para todos os membros presentes ou ausentes à
reunião. Essas atas deverão estar sempre à disposição dos agentes de inspeção do trabalho. Vale lembrar
que, apesar de as datas das reuniões serem previamente fixadas, em caso de necessidade, reuniões
extraordinárias poderão acontecer. São motivos para a convocação de reunião extraordinária:

• denúncia de situação de risco grave ou iminente;

• acidente fatal ou grave;

• solicitação expressa de uma das representações.

Antes de tomarem posse, os membros da Cipa recebem treinamento especializado, cujo conteúdo
programático contempla:

• um estudo completo de seu ambiente de trabalho, incluindo os riscos que ele apresenta;

• a apresentação das metodologias de investigação das doenças do trabalho e dos acidentes de trabalho;

• medidas de prevenção da Aids e algumas noções sobre a doença;

• noções básicas de legislação trabalhista e previdenciária, no que diz respeito à segurança e à


saúde no trabalho;

• medidas de controle de riscos ambientais;

• princípios gerais de higiene do trabalho;

• procedimentos de organização da Cipa.


143
Unidade IV

Observação

Um dos fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes de


trabalho é o descumprimento da legislação.

Exemplo de Aplicação

Faça uma pesquisa e construa uma linha do tempo que retrate a evolução da saúde do trabalhador. Esta
atividade tem o objetivo de analisar o processo histórico da saúde do trabalhador e conhecer a evolução
do processo, com o objetivo de prevenir, minimizar e eliminar os riscos e agravos à saúde do trabalhador.

8.9 Equipamento de proteção individual (EPI)

O ponto principal de que as organizações e as pessoas precisam se conscientizar é que o Equipamento


de Proteção Individual (EPI) não pode ser considerado um instrumento preventivo contra os acidentes
de trabalho, e sim algo que evita ou diminui a gravidade das lesões desses acidentes. Segundo Edwar
Abreu Gonçalves (2003),

deve‑se procurar, sempre e em primeiro lugar, a proteção coletiva, dada a


sua melhor eficácia para eliminar ou neutralizar o risco ambiental na sua
fonte produtora, além do que, essa modalidade preventiva não fica à mercê
da utilização ou não por parte do empregado (GONÇALVES, 2003, p. 183).

Sabemos que a empresa tem o dever, em relação à saúde e segurança no trabalho, de fornecer aos
empregados um ambiente de trabalho propício e seguro, ou seja, de fazer que ele se sinta bem e saudável.
Nesse sentido, “a principal proteção de qualquer trabalhador no Brasil, e em qualquer parte do mundo, é
um ambiente de trabalho livre de riscos à integridade física e adequado às condições necessárias para se
preservar a saúde de cada trabalhador e o meio ambiente” (GONÇALVES, 2003, p. 185).

Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) têm a sua legalização formalizada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, por meio da Norma Regulamentadora nº 6, da Portaria nº 3.214, de 8 de junho de
1978. Essa norma afirma que “equipamento de proteção individual é todo dispositivo de uso individual,
destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador” (BRASIL, 1978). Ela confirma a
necessidade de uso e obriga a organização a fornecer gratuitamente aos empregados o equipamento de
proteção individual direcionado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento:

• para atender aos casos emergenciais e na implantação das medidas de proteção;

• nas situações em que as medidas de proteção forem consideradas inviáveis em relação à sua
técnica, ou quando não oferecerem confiança em relação aos riscos inerentes às atividades.

144
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Observação

É de fundamental importância orientar e treinar todos os funcionários


para eliminar ou evitar os acidentes de trabalho utilizando os equipamentos
de proteção.

8.9.1 Base legal

A NR‑6 é a norma que regulamenta os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Considera‑se EPI
todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador,
sendo a empresa obrigada a fornecê-los aos empregados gratuitamente. Devido a sua importância, a
norma é apresentada aqui na íntegra:

NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI

6.1 Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora (NR),


considera‑se Equipamento de Proteção Individual (EPI) todo dispositivo ou
produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção
de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

6.1.1 Entende‑se como equipamento conjugado de proteção individual todo


aquele composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha associado
contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam
suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importada,


só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de
Aprovação (CA), expedido pelo órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.

6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI


adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento,
nas seguintes circunstâncias:

a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa


proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças
profissionais e do trabalho;

b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,

c) para atender a situações de emergência.

145
Unidade IV

6.4 Atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional, e observado


o disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer aos trabalhadores os
EPI adequados.

6.4.1 As solicitações para que os produtos que não estejam relacionados


na NR sejam considerados como EPI, bem como as propostas para reexame
daqueles ora elencados, deverão ser avaliadas por comissão tripartite a ser
constituída pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e
saúde no trabalho, após ouvida a CTPP, sendo as conclusões submetidas
àquele órgão do Ministério do Trabalho e Emprego para aprovação.

6.5 Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho (SESMT), ouvida a Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes (Cipa) e trabalhadores usuários, recomendar ao empregador
o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade. (Alterado pela
Portaria SIT nº 194, de 7 de dezembro de 2010.)

6.5.1 Nas empresas desobrigadas [de] constituir SESMT, cabe ao


empregador selecionar o EPI adequado ao risco, mediante orientação
de profissional tecnicamente habilitado, ouvida a Cipa ou, na falta
desta, o designado e trabalhadores usuários. (Alterado pela Portaria
SIT nº 194, de 7 de dezembro de 2010.)

6.6 Responsabilidades do empregador. (Alterado pela Portaria SIT nº 194, de


7 de dezembro de 2010.)

6.6.1 Cabe ao empregador, quanto ao EPI:

a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;

b) exigir seu uso;

c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional


competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;

d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;

e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;

f) responsabilizar‑se pela higienização e manutenção periódica; e

g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

146
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros,


fichas ou sistema eletrônico. (Inserida pela Portaria SIT nº 107, de 25 de
agosto de 2009.)

6.7 Responsabilidades do trabalhador. (Alterado pela Portaria SIT nº 194, de


7 de dezembro de 2010.)

6.7.1 Cabe ao empregado, quanto ao EPI:

a) usar, utilizando‑o apenas para a finalidade a que se destina;

b) responsabilizar‑se pela guarda e conservação;

c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para


uso; e

d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

6.8 Responsabilidades de fabricantes e/ou importadores. (Alterado pela


Portaria SIT nº 194, de 7 de dezembro de 2010.)

6.8.1 O fabricante nacional ou o importador deverá:

a) cadastrar‑se junto ao órgão nacional competente em matéria de


segurança e saúde no trabalho (Alterado pela Portaria SIT nº 194, de 7 de
dezembro de 2010.);

b) solicitar a emissão do CA (Alterado pela Portaria SIT nº 194, de 7 de


dezembro de 2010.);

c) solicitar a renovação do CA quando vencido o prazo de validade


estipulado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e
saúde do trabalho (Alterado pela Portaria SIT nº 194, de 7 de dezembro
de 2010.);

d) requerer novo CA quando houver alteração das especificações do


equipamento aprovado (Alterado pela Portaria SIT nº 194, de 7 de dezembro
de 2010.);

e) responsabilizar‑se pela manutenção da qualidade do EPI que deu origem


ao Certificado de Aprovação – CA;

f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI portador de CA;

147
Unidade IV

g) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de segurança e


saúde no trabalho quaisquer alterações dos dados cadastrais fornecidos;

h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, orientando


sua utilização, manutenção, restrição e demais referências ao seu uso;

i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação;

j) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do Sinmetro,


quando for o caso;

k) fornecer as informações referentes aos processos de limpeza e higienização


de seus EPI, indicando, quando for o caso, o número de higienizações acima
do qual é necessário proceder à revisão ou à substituição do equipamento,
a fim de garantir que os mesmos mantenham as características de proteção
original. (Inserido pela Portaria SIT nº 194, de 7 de dezembro de 2010.)

6.8.1.1 Os procedimentos de cadastramento de fabricante e/ou importador


de EPI e de emissão e/ou renovação de CA devem atender os requisitos
estabelecidos em Portaria específica. (Inserido pela Portaria SIT nº 194, de 7
de dezembro de 2010.)

6.9 Certificado de Aprovação (CA).

6.9.1 Para fins de comercialização o CA concedido aos EPI terá validade


(Alterado pela Portaria SIT nº 194, de 7 de dezembro de 2010.):

a) de 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos de ensaio que


não tenham sua conformidade avaliada no âmbito do Sinmetro;

b) do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbito do Sinmetro,


quando for o caso.

6.9.2 O órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no


trabalho, quando necessário e mediante justificativa, poderá estabelecer
prazos diversos daqueles dispostos no subitem 6.9.1.

6.9.3 Todo EPI deverá apresentar, em caracteres indeléveis e bem visíveis,


o nome comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número
do CA, ou, no caso de EPI importado, o nome do importador, o lote de
fabricação e o número do CA.

6.9.3.1 Na impossibilidade de cumprir o determinado no item 6.9.3, o órgão


nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho poderá
148
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

autorizar forma alternativa de gravação, a ser proposta pelo fabricante ou


importador, devendo esta constar do CA.

6.10 (Excluído pela Portaria SIT nº 194, de 7 de dezembro de 2010.)

6.10.1 (Excluído pela Portaria SIT nº 194, de 7 de dezembro de 2010.)

6.11 Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego / MTE.

6.11.1 Cabe ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde


no trabalho:

a) cadastrar o fabricante ou importador de EPI;

b) receber e examinar a documentação para emitir ou renovar o CA de EPI;

c) estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos para ensaios


de EPI;

d) emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou importador;

e) fiscalizar a qualidade do EPI;

f) suspender o cadastramento da empresa fabricante ou importadora;

g) cancelar o CA.

6.11.1.1 Sempre que julgar necessário o órgão nacional competente em


matéria de segurança e saúde no trabalho poderá requisitar amostras de
EPI, identificadas com o nome do fabricante e o número de referência, além
de outros requisitos.

6.11.2 Cabe ao órgão regional do MTE:

a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e à qualidade do EPI;

b) recolher amostras de EPI;

c) aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabíveis pelo


descumprimento desta NR.

6.12 e subitens (Revogados pela Portaria SIT nº 125, de 12 de novembro de


2009.) (BRASIL, 1978).

149
Unidade IV

A seguir, mostraremos os equipamentos individuais referentes as regiões da cabeça, do tronco, dos


membros superiores, dos inferiores, à pele e ao aparelho respiratório do colaborador.

8.9.2 Áreas de proteção

Cabeça

• óculos de segurança para tarefas que possam causar ferimentos nos olhos, provenientes de
impacto de partículas;

• protetores faciais voltados à proteção dos olhos e da face contra lesões geradas por partículas,
respingos, vapores de produtos químicos e radiações luminosas intensas;

• óculos de segurança para trabalhos que possam causar vermelhidão nos olhos e outras lesões
referentes à ação de radiações perigosas;

• capacetes para trabalhos em obras de construções e reformas, onde haja a possibilidade remota
de quedas de partes soltas e restos de materiais;

• óculos de segurança contra respingos para trabalhos que possam causar irritação nos olhos e
outras lesões decorrentes da ação de líquidos agressivos;

• óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos olhos, decorrentes de poeiras.

Observação

Vale lembrar que para cada função é utilizada uma cor de capacete.

Membros superiores

• luvas, mangas de proteção e/ou cremes protetores que devem ser utilizados em atividades em que
haja perigo de lesão provocada por materiais ou objetos:

— escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes;

— produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, alergênicos, oleosos, graxos, solventes


orgânicos e derivados de petróleo;

— aquecidos;

— choque elétrico;

— radiações perigosas.
150
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Membros inferiores

• calçados ou botas impermeáveis para atividades realizadas em áreas úmidas e lamacentas;

• calçados de proteção contra agentes biológicos agressivos;

• calçados de proteção contra riscos com eletricidade;

• calçados impermeáveis e resistentes a agentes químicos agressivos.

Tronco

• Aventais, capas e outras vestimentas especiais de proteção para trabalhos em que haja perigo de
lesões provocadas por riscos de origem radioativa, biológica e química.

Pele

Cremes protetores: só poderão ser comercializados ou utilizados como EPI quando possuírem o
Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Respiração

• respiradores contra poeiras, para trabalhos que gerem produção de poeiras;

• respiradores e máscaras de filtro químico para utilizar quando houver exposição a agentes
químicos;

• aparelhos de isolamento (autônomo ou de adução de ar), para áreas de trabalho nas quais o teor
de oxigênio seja menor que 18% em volume.

Ouvidos

Protetores auriculares de espuma e/ou concha para trabalhos ruidosos que precisam de diminuição
do nível de pressão sonora para garantir a saúde ocupacional.

Observação

Utilização de ferramentas gastas ou inadequadas propicia acidentes de


trabalho.

Não podemos esquecer que, antes de utilizar qualquer equipamento de proteção individual, o
profissional precisa conhecer qual(is) o(s) risco(s) de natureza física, química e biológica a que pode
estar exposto.
151
Unidade IV

Saiba mais

Conheça todos os equipamentos de proteção individual listados no


Anexo I da NR‑6. Consulte:

BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria GM nº 3.214, de


8 de junho de 1978. NR 6: Equipamento de Proteção Individual – EPI. 8
jun. 1978. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_
regulamentadoras/nr_06.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2015.

8.10 Acidente de trabalho

8.10.1 Definição

Acidente de trabalho é considerado como tal quando acontece durante o exercício das atividades
laborais. O acidentado, no caso, o empregado ou segurado, deverá estar em pleno exercício do trabalho,
e o fato poderá acarretar, para ele, lesões corporais ou algum tipo de disfunção funcional que possam
resultar em morte ou, ainda, perda ou limitação, seja permanente ou temporária, de sua capacidade
para a realização do trabalho. Conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991):

acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da


empresa, com o segurado empregado, trabalhador avulso, médico residente,
bem como com o segurado especial, no exercício de suas atividades,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte,
a perda ou a redução, temporária ou permanente, da capacidade para o
trabalho (BRASIL, 1991).

Antes de nos aprofundarmos nesse assunto, precisamos conhecer dois termos indispensáveis:
insalubridade e periculosidade.

• insalubridade: palavra originada do latim, que diz respeito a tudo o que possa causar doença. Seu
conceito legal é dado pelo artigo 189 da Consolidação das Leis do Trabalho, nos seguintes termos:

serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua


natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados, em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

• periculosidade: refere‑se a tudo aquilo que possa de alguma forma oferecer perigo.

Acidentes ocorrem com pessoas e também com materiais, como ferramentas, máquinas, dentre
outros. Assim, acidente pessoal é uma ocorrência inesperada, geralmente, um contato físico do
152
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

empregado com algum objeto ou substância, ou a sua exposição ao ambiente nocivo, que interfere no
andamento normal do trabalho. O contato pode não resultar em lesão.

Os elementos-chaves dessa definição são:

1) Um acidente é uma ocorrência inesperada.

2) Um acidente é geralmente um contato.

3) Um acidente interrompe o trabalho.

Lembrete

Ninguém está livre de acidentes, e suas causas podem estar vinculadas


às condições inseguras.

Exemplo de aplicação

Analise a simulação de um acidente pessoal

Um empregado tentou soltar uma porca grande com uma chave-inglesa. A porca estava enferrujada
e muito apertada. Quando ele foi aplicar uma pressão extra na chave, ela escorregou, fazendo-o
cambalear para trás. Sua cabeça bateu contra a beirada afiada de um transportador, localizado às
suas costas.

Note que existem três ocorrências distintas:

• a chave escorregou;

• o empregado perdeu o equilíbrio e foi para trás;

• a cabeça do empregado bateu contra o transportador.

Esta última é que se ajusta à nossa definição. Ela foi inesperada, interrompeu o trabalho do empregado.

O objeto, a substância ou a exposição a ambiente nocivo referidos na definição de acidente pessoal


requerem maior explicação. Por objetos, queremos dizer as coisas “sólidas” que são parte do ambiente
de trabalho de um empregado, tais como ferramentas, equipamentos, máquinas, materiais duros etc.
Por substâncias, entendemos as coisas “líquidas” que são prejudiciais ao contato físico, tais como ácidos
cáusticos, materiais derretidos e produtos químicos tóxicos. Por exposições a ambientes nocivos nos
referimos a coisas mais ou menos “invisíveis” que prejudicam o empregado, tais como gases tóxicos,
temperaturas elevadas, vapores, poeiras e radiações excessivas.

153
Unidade IV

Analise a simulação de um acidente com equipamento

Trata‑se de ocorrência inesperada envolvendo o manuseio do equipamento que poderia, sob certas
circunstâncias, resultar no contato do empregado com o objeto ou a substância, ou colocá‑lo sob a
condição de exposição. Em geral, embora não necessariamente, a ocorrência inesperada resulta na
interrupção do uso do equipamento.

Note que os elementos‑chave são muito similares àqueles dos acidentes pessoais. Envolvem uma
interrupção do trabalho devido à forma do uso do equipamento. Existe um componente de contato
pessoal. É essa última característica que distingue os acidentes envolvendo equipamento e os torna algo
de interesse especial do ponto de vista da segurança.

Aqui está um caso para ilustrar a definição: um ajudante de guindasteiro afastou‑se da carga e
deu o sinal para iniciar a operação. Enquanto a carga estava sendo erguida, um cabo se partiu e ela
se espatifou no solo, a alguns metros de distância do empregado, que ficou assustado, mas não foi
atingido pela carga.

Agora, responda a esta pergunta: que tipo de acidente você diria que houve, se o ajudante tivesse
sido atingido pela carga?

As duas definições deixaram bem claro o que estamos tentando evitar: ocorrências inesperadas, que
envolvem (ou que poderiam envolver) os empregados em contato com as coisas à sua volta.

Fonte: GARDIN (2001, p. 21‑2).

8.10.1.1 Doenças profissionais e doenças do trabalho

São duas as principais entidades mórbidas consideradas como acidente de trabalho:

• Doenças profissionais: aquelas que foram produzidas ou desencadeadas por algum tipo específico
de atividade. Para ser considerada doença profissional, ela deverá constar na relação oficial do
Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

Observação

As doenças ocasionadas por um movimento repetitivo constante podem


ser classificadas como doenças profissionais (BRASIL, 1997).

• Doenças do trabalho: representadas pelas doenças adquiridas ou desencadeadas por conta das
condições oferecidas pelo trabalho. Elas também necessitam fazer parte da relação do Ministério
do Trabalho e da Previdência Social para serem consideradas como tais (BRASIL, 1997).

154
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Vale ressaltar que, nos casos excepcionais em que a doença não faça parte dessa relação oficial
do Ministério do Trabalho e da Previdência Social, mas tenha ficado constatado que foi adquirida ou
desencadeada pelas condições de trabalho, a Previdência Social (INSS) a considera como doença de trabalho.

As doenças degenerativas próprias da faixa etária do empregado não serão consideradas como doenças
de trabalho. Já as doenças endêmicas, como as epidemias, não serão consideradas como acidentes de
trabalho para aquelas pessoas que já são habitantes no local. É necessária uma comprovação de que o
empregado cujo local de origem é diferente daquele onde adquiriu a doença foi infectado ao se deslocar
para realizar suas atividades laborais em condições ambientais distintas daquelas a que estava habituado.

8.10.1.2 Atos inseguros e condições inseguras

Atos inseguros: representam todos os atos praticados pelo colaborador por conta de sua atividade
no trabalho. São também definidos como o comportamento consciente ou inconsciente do trabalhador,
que pode levá‑lo a sofrer algum tipo de acidente em virtude de sua exposição a um determinado risco
exigido por seu trabalho.

Condições inseguras: representam toda e qualquer condição que de alguma forma comprometa
a segurança do trabalhador. Um risco ambiental sem controle, como um vazamento de gás, pode ser
considerado uma condição insegura. Também podemos citar como exemplos equipamentos com defeito,
lâmpadas queimadas, dificuldade de visibilidade, dentre outros.

8.10.1.3 Outros acidentes de trabalho

Também são considerados acidentes de trabalho:

• o acidente que contribuiu para a morte, perda ou redução da capacidade do segurado para o
exercício laboral, ainda que o acidente não tenha sido a causa exclusiva;

• o acidente sofrido pelo empregado em horário e local de trabalho em consequência de atos


de terrorismo, sabotagem, agressão, desabamento, inundação, imprudência, negligência ou
imperícia de companheiro de trabalho, ou, ainda, ofensa física intencional ocasionada por disputa
de trabalho;

• as doenças oriundas da contaminação, por acidente, do empregado em plena atividade laboral;

• o acidente sofrido fora do horário e do local de trabalho, em viagem do empregado a serviço da empresa.

Observação

Os atos de agressões relacionados a motivos de ordem pessoal não


serão, de forma alguma, considerados como acidentes de trabalho.

155
Unidade IV

8.10.2 O acidente de trabalho e seu reconhecimento técnico

De acordo com Gardin (2001), em 1980, o(Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) registrava
as ocorrências de acidente de trabalho de forma centralizada, mas, a partir de 1990, ocorreu uma
descentralização, e cada agência passou a fazer seu próprio registro e levantamento, o que dificulta
termos um registro dos dados.

A perícia médica do INSS é a responsável por caracterizar tecnicamente os acidentes de trabalho. Ela
realiza o reconhecimento do chamado nexo causal entre:

• o acidente e a lesão;

• a doença e o trabalho;

• a causa mortis e o acidente.

Além disso, é o INSS, por meio de seu setor de benefícios, que reconhecerá o direito do segurado de
receber o benefício acidentário.

De acordo com o artigo 337 do Decreto 3.048/99, “será considerado agravamento do acidente aquele
sofrido pelo acidentado quando estiver sob a responsabilidade da reabilitação profissional” (BRASIL,
1999c). O Decreto nº. 2.172, de 5 de março de 1997, que dispõe sobre os planos de benefícios da
Previdência Social, em seu artigo 131 a 133, determina:

Art. 131 – Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho


a serviço da empresa, ou ainda pelo exercício do trabalho dos segurados
especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente
ou temporária.

Art. 132 – Consideram‑se acidente do trabalho, nos termos do art. 131, as


seguintes entidades mórbidas:

I – doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada


pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
relação de que trata o anexo II;

II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em


função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, desde que constante da relação de que trata o Anexo II.

§ 1º – Não serão consideradas como doença do trabalho:

a) a doença degenerativa;
156
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produz incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região em


que ela se desenvolva, salvo comprovação de que resultou de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho.

§ 2º – Em caso excepcional, constatando‑se que a doença não incluída na


relação constante do Anexo II resultou de condições especiais em que o
trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência
Social deve equipará‑la a acidente do trabalho.

Art. 133 – Equiparam‑se também ao acidente do trabalho, para efeito


deste capítulo:

I – o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a perda ou
redução da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija
atenção médica para a sua recuperação;

II – o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em


consequência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou


companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa


relacionada com o trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro, ou de


companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes


de força maior;

III – a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no


exercício de sua atividade;

IV – o acidente sofrido, ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviços sob a autoridade da empresa;


157
Unidade IV

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar


prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada


por esta, dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra,
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,


qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado, desde que não haja alteração ou interrupção por motivo alheio
ao trabalho.

§ 1º – Nos períodos destinados à refeição ou ao descanso, ou por ocasião


da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou
durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º – Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho


a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se
superponha às consequências do anterior.

§ 3º – Considerar‑se‑á como dia do acidente, no caso de doença profissional


ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício
da atividade habitual ou o dia em que o diagnóstico for concluído, valendo
para esse efeito o que ocorrer em primeiro lugar.

§ 4º – Será considerado agravamento de acidente do trabalho aquele sofrido


pelo acidentado quando estiver sob a responsabilidade da reabilitação
profissional (BRASIL, 1997).

Ao analisar o conceito de “acidente de trabalho” conforme as determinações do já citado decreto,


conclui‑se que é obrigatória a existência do nexo causal, isto é, a relação entre o acidente, o trabalho e
a lesão. De acordo com Gardin (2001), acidente de trabalho típico é aquele em que um fato repentino
e inesperado provoca um dano ao trabalhador, determinando em primeira instância incapacidade
temporária. Nesse sentido, a definição de acidente de trabalho baseia‑se em três itens:

• causa: porque trata de um fato inesperado, isto é, que não foi programado;

• dano: presença de um prejuízo, pois pode provocar lesão corporal, perturbação funcional ou
até morte;

• nexo causal: é imprescindível a existência da ligação do acidente com o fato de que o trabalho foi
a causa do dano.

158
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Quadro 1 – Campos de aplicação da legislação referente aos acidentes de trabalho

A quem se aplica A quem não se aplica


Empregado Empregado doméstico
Trabalhador avulso Empresários que não exerçam a função de empregado
Médico-residente (Lei nº 8.138, de 28/12/90) Autônomo e equiparados
Segurado especial Facultativo

Lembrete

Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço


da empresa, com o segurado empregado, trabalhador avulso, médico-
residente, bem como com o segurado especial, no exercício de suas
atividades, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
a morte, a perda ou a redução, temporária ou permanente, da capacidade
para o trabalho.

8.11 Prevenindo e investigando o acidente de trabalho

Os movimentos sindicais, por meio de suas lutas constantes, foram responsáveis por várias
mudanças nas relações laborais. Essas mudanças tinham a finalidade de diminuir, amenizar e prevenir
os riscos que poderiam comprometer a saúde do trabalhador. Assim, por meio desses movimentos,
houve ampliação da capacidade de intervenção da classe trabalhadora pela participação efetiva nos
processos de negociação da relação trabalho através de instrumentos jurídicos – como convenções
e dissídios coletivos de trabalho – objetivando a prevenção da nocividade do ambiente de trabalho,
a utilização de medidas de proteção contra os riscos ambientais e a defesa da saúde através de
instrumentos técnicos.

No governo de Getúlio Vargas, o modelo de assistência ao trabalhador estava voltado para a questão
da medicina assistencialista, através da intervenção de uma assistência médica voltada para o estudo
das doenças ocupacionais. Nessa época, era clara a figura do assistencialismo médico sindical no qual
se preconizava a tutela de medidas sobre o trabalhador, não envolvendo as questões relacionadas ao
ambiente de trabalho e outros fatores que concorrem para a nocividade do processo gerencial ou de
produção que oferecem riscos ao trabalhador.

8.11.1 Prevenção

A prevenção do acidente de trabalho está diretamente ligada à conscientização dos trabalhadores


acerca de suas tarefas, bem como de tudo que as envolve. Está ligada também à formação destes
trabalhadores para o desempenho de suas atividades laborais. Essas são as duas principais medidas
subjetivas de prevenção de acidentes que, somadas às medidas físicas de segurança individual e coletiva,
auxiliam na diminuição do número de acidente de trabalho que, atualmente, no Brasil, são alarmantes.

159
Unidade IV

Altos também são os custos gerados pelos acidentes de trabalho, tanto para empresários quanto para
os próprios trabalhadores, pois ainda que estes últimos recebam o benefício que lhes é de direito, serão
eles quem deveram arcar com outros gastos, como medicamentos, alimentação especial, transporte
para se deslocar às consultas etc. Portanto, não deixar que os acidentes ocorram, ou seja, preveni‑los, é
a melhor solução tanto para empregadores quanto para empregados.

Hoje, todas as ações que visam evitar acidentes de trabalho estão diretamente ligadas ao tipo
de atividade exercida pelo trabalhador, pois cada atividade possui seus equipamentos e normas de
segurança. Porém, elas também dependem diretamente do ambiente de trabalho e das tecnologias que
o homem tem a seu dispor.

8.11.1.1 Principais causas dos acidentes de trabalho

Diversas são as causas dos acidentes de trabalho, porém as mais frequentes estão ligadas a:

• Cansaço ou fadiga: acomete principalmente os que trabalham com mudança de turnos. Por não
dormirem o suficiente ou por estarem com o relógio biológico desajustado, acabam perdendo o
controle do corpo. Nos casos em que o colaborador trabalha no manejo de máquinas perigosas, a
fadiga poderá ser fatal, podendo levá‑lo ao óbito.

• Álcool: muitos acidentes estão associados à ingestão de bebidas alcoólicas. Algumas estatísticas
mostram que a segunda‑feira é o dia em que mais trabalhadores sofrem acidentes de trabalho
pelo fato de, no fim de semana, terem feito a ingestão de bebidas alcoólicas.

• Alimentação: por mais que pareça absurdo, ainda hoje trabalhadores sofrem acidentes de trabalho
por falta de alimentação. Tonturas e desmaios são os sintomas mais frequentes da hipoglicemia (a
ausência de açúcar no organismo).

• Seleção de pessoal inadequado: alguns cargos exigem que sejam ocupados por pessoas com
formação adequada; porém, muitas vezes, encontrar colaboradores com o perfil desejado passa
a ser uma tarefa muito difícil. Para evitar uma paralisação nas suas atividades, as empresas
passam a contratar pessoas aquém do que o cargo exige e, assim, passam a correr sérios riscos
de acidentes de trabalho, já que estão optando por trabalhar com pessoal não especializado para
a atividade. Outras empresas, por desconhecerem as peculiaridades de alguns cargos, passam
a contratar pessoas inaptas para ocupá‑los e, da mesma forma, caem no risco do acidente de
trabalho, embora, neste caso, o risco seja inconsciente.

• Falta de treinamento adequado: a falta de treinamento adequado para algumas funções tem
contribuído bastante para o aumento do número de acidentes de trabalho no Brasil. Por mais
tempo que o trabalhador tenha desempenhado uma função, deverá participar de treinamentos
periódicos para complementação e atualização sobre suas funções. Sempre que necessário, o
treinamento deve acontecer de forma individualizada, mesmo que os gastos sejam relevantes.
Melhor é gastar um pouco mais para prevenir do que para remediar.

160
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

8.11.1.2 Prevenção de acidentes de trabalho

Como foi dito, a imposição não auxilia as empresas na hora de prevenir acidentes. Conscientização
e formação são a base para se evitar os acidentes de trabalho, porém alguns pontos devem ser
observados. Vejamos.

• O trabalhador precisa sentir‑se parte integrante de seu local de trabalho. Somente quando se
sentir à vontade, interagindo com o ambiente, sentirá a necessidade de cuidar dele, tornando‑o
apto para o desenvolvimento excelente de suas tarefas.

• É preciso que o trabalhador perceba que ele somente tem a ganhar quando segue as regras
de segurança que suas atividades necessitam, sobretudo, quando se tratar de atividades que
envolvam riscos de acidentes. É bom deixar claro que, em caso de acidentes, ele será o maior
prejudicado, juntamente com sua família.

• Um local de trabalho organizado, limpo e sem objetos obsoletos, ou seja, que já estão sem
utilidade, ajuda a reduzir os riscos de acidente de trabalho. Se todos os objetos de trabalho e
equipamentos de segurança estiverem em seus devidos lugares, será fácil encontrá‑los em caso
de alguma urgência.

• É importante também que os colaboradores estejam cientes dos riscos que envolvem sua atividade
laboral, mesmo aqueles mais moderados.

• Não deixar que falte nenhum equipamento de proteção, seja ele individual ou coletivo. É básico
ter à disposição capacetes, vestuário adequado, protetores auriculares, lentes de proteção,
dispositivos antiqueda, manuais de instrução, dentre outros. Estes equipamentos são básicos
quando o objetivo é prevenir acidentes.

• Oferecimento dos mais diversos meios didáticos de transmissão de informações de prevenção


de acidentes. Palestras, filmes e aulas expositivas contribuem bastante para a absorção das
informações, principalmente em se tratando de material ilustrado.

• É importante que não haja imposição, aos seus colaboradores, da utilização de equipamentos ou
do seguimento de determinadas normas de segurança. Eles precisam estar dispostos a fazê‑lo,
ou seja, deve ser uma ação consciente e espontânea. Assim, evitar acidentes deixa de ser uma
constante pressão e passa a ser uma atividade cotidiana.

8.11.2 Investigação

A partir da informação da ocorrência de um acidente, a equipe de investigação deve, se possível,


inteirar‑se do tipo de caso a ser investigado, visando preparar‑se tecnicamente para conduzi‑la. É da
maior importância dar início à investigação o mais rapidamente possível.

161
Unidade IV

Recomenda‑se dispor de um kit pronto (papel, prancheta, lápis, caneta, borracha, trena, máquina
fotográfica e/ou filmadora e filmes).

A escolha do método de investigação depende da complexidade do fenômeno investigado. Em


situações de trabalho caracterizadas por desrespeito evidente à legislação e às regras básicas de
segurança, a investigação é relativamente fácil de ser conduzida. Em situações de trabalho complexas
em que o acidente é fruto da interação de vários fatores, são necessários métodos de investigação
capazes de elucidar os vários aspectos envolvidos em sua gênese.

A coleta de dados é uma fase crucial que deve ser realizada no próprio local de ocorrência do
acidente. Uma boa coleta deve possibilitar a compreensão de como o acidente ocorreu quase como se
fosse possível visualizá‑lo passo a passo.

A sistematização da coleta de dados facilita esta tarefa, além de ajudar a evitar que aspectos
importantes deixem de ser investigados. Em nossas investigações, mesmo quando não utilizamos o
Método de Árvore de Causas, realizamos a coleta de dados com auxílio de suas categorias de análise, ou
seja, atividade em desenvolvimento, desdobrada nos componentes:

• indivíduo: qualificação, treinamento recebido, função/posto de trabalho habituais e por ocasião


do acidente etc.;

• tarefa: o que o(s) trabalhador(res)/indivíduo(s) executa(m) em condições habituais de trabalho e


por ocasião do acidente;

• material: máquinas e equipamentos, matérias‑primas etc. utilizados na execução da tarefa; meio


de trabalho – entendido como o meio social da empresa (relações sociais, pessoais, hierárquicas)
– forma de organização do trabalho, treinamentos ministrados etc.

Recomenda‑se:

a) Tirar fotografias/filmar; fazer esquemas do cenário/máquinas, relacionados ao acidente que ocorreu.

b) Descrever instalações físicas, condições de iluminação, nível de ruído, posição de máquinas,


equipamentos etc.

c) Verificar o tipo de energia utilizada; se for o caso, descrever máquinas e/ou equipamentos (tipo,
forma de acionamento, de alimentação etc.).

d) Descrever a forma habitual de execução da atividade em desenvolvimento no momento de


ocorrência do acidente.

e) Identificar, em relação às condições de trabalho habituais (trabalho real, não trabalho prescrito),
isto é, sem ocorrência de acidente, o que mudou/alterou/variou, investigando as origens das
alterações/mudanças/variações ocorridas. É extremamente importante identificar as condições
162
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

do sistema que permitiram o aparecimento dessas mudanças (ou variações). Em outras palavras,
buscar as “causas das causas”.

f) Descrever cuidadosamente as mudanças que provocaram perturbações que ultrapassaram a


tolerância habitual do sistema, ou seja, aquelas que não foram solucionadas com as estratégias
adotadas no funcionamento do sistema nas situações sem acidente. Quando não for possível
esclarecer como se originou determinada modificação ou variação, dever‑se-ão explorar hipóteses
possíveis acerca de sua origem e, para cada hipótese, buscar evidências diretas ou indiretas de
sua ocorrência. Por exemplo, no caso de sistemas técnicos, a existência de componentes alterados
e/ou com marcas do ocorrido pode fornecer informações importantes, seja por visualização direta,
seja por exames em laboratórios ou serviços especializados. Da mesma forma com os registros
relativos ao histórico de manutenção de uma máquina, inclusive aqueles relativos às mudanças
efetuadas após o acidente com vistas a sua liberação podem ser úteis.

g) Buscar confirmação para todas as afirmações colhidas nas entrevistas visando descrever os fatores
que participaram do desencadeamento do acidente com a maior fidelidade possível.

A obtenção dessas informações exigirá a realização de entrevistas com vários interlocutores:


acidentado (que não estará vivo para informar em casos de acidentes fatais), testemunhas do ocorrido,
colegas de trabalho, chefias, membros de Cipa e do SESMT (quando houver), outros acidentados que
tenham sofrido acidentes semelhantes etc. Em casos de acidentes envolvendo mais de uma empresa,
incluir seus membros na relação de pessoas a entrevistar.

Durante as entrevistas, diante de expressões como “foi um descuido”, “acho que não prestei muita
atenção”, “fiz uma bobeira”, utilizadas pelos próprios acidentados (vítimas) de acidentes não fatais para
descrever os episódios de que foram vítimas, é imprescindível indagar – e, se necessário, insistir –, como
foi o tal “descuido”, a “falta de atenção”, procurando caracterizar o sentido da expressão utilizada pelo
trabalhador (ou testemunha, ou colega, em casos de acidentes fatais). Sobretudo, é da maior importância
investigar suas causas. Frequentemente os “descuidos” ocorrem em situações de pressão de tempo para
execução de tarefas (urgências de várias naturezas e origens), ao final de turnos noturnos, ao final de
jornadas de trabalho prolongadas por horas‑extras, em situações de fadiga evidente do trabalhador,
durante execução de tarefas anexas/secundárias ou de tarefas eventuais, por exemplo, as de manutenção.

Investigações cuidadosas geralmente permitem identificar se os limites das capacidades humanas


foram ultrapassados. Mesmo em grandes empresas é frequente encontrar situações em que a segurança
do trabalhador dependia, quase exclusivamente, de seu desempenho na execução da tarefa.

É fundamental que durante a coleta de informações sejam descritos fatos passíveis de constatação.
Por exemplo, em vez de registrar “expôs‑se desnecessariamente ao perigo”, descrever ações, posições etc.
adotadas pelo trabalhador, sem emitir juízo de valor. Da mesma forma, não incluir interpretações
e/ou conclusões do investigador durante a fase de coleta de dados.

Uma boa descrição de acidente é objetiva e precisa, desprovida de juízos de valor, de interpretações
e de conclusões. Para se conseguir executar uma coleta de dados que atenda a esses requisitos, é
163
Unidade IV

muito importante ter sempre em mente que se buscam as “causas das causas” do acidente, visando
à prevenção, e não à identificação de responsáveis e/ou culpados (objetivos de investigações com
finalidades jurídicas).

Atentar para o seguinte:

• Evitar interrupções precoces na coleta de dados, particularmente quando se tratar de


comportamentos adotados durante a execução de tarefas – é importante investigar suas origens,
em vez de simplesmente rotular como falha do acidentado.

• Considerar prescrições ou normas como equivalentes à tarefa habitual e padrão de referência


para identificação de variações ou mudanças no sistema.

• Jamais confundir o trabalho real com o trabalho prescrito ou reduzir o primeiro ao segundo.
Procure conhecer o trabalho real, o que demanda tempo, entrevistas com operadores etc.

• Não tomar como “causas” opiniões a priori, que não foram adequadamente investigadas,
formando opiniões precoces acerca de causas do acidente que vai ser investigado, contaminando
e prejudicando a investigação.

• Não aceitar como verdade informações sem verificar sua veracidade. A título de exemplo, pode
ser citado um fato ocorrido durante investigação de acidente fatal em uma grande siderúrgica
brasileira. Em reunião entre representantes sindicais, técnicos de várias instituições, um
representante da empresa afirmou não ser possível a instalação de uma tampa no “panelão” que
transportava aço fundido para as lingoteiras. Isso porque a tampa provocaria modificações no aço
que eram incompatíveis com as especificações do produto. Posteriormente, verificou‑se que tal
afirmação era falsa.

8.11.2.1 Organização e análise dos dados

Os dados coletados devem ser organizados, isto é, deve ser elaborada uma descrição coerente do acidente,
baseada em fatos passíveis de serem observados/constatados, sem emissão de juízos de valor e/ou
interpretações, e que permita ao(s) investigador(es) “visualizar” da maneira mais completa possível como o
episódio se desenrolou. Esta etapa é fundamental na investigação. Embora aparentemente fáceis de serem
realizadas, boas descrições exigem treinamento. Pode‑se considerar adequada uma descrição cuja leitura
permita a compreensão de como o acidente ocorreu por profissionais que não participaram da investigação.

Somente após elaborar a descrição do acidente é que se devem analisar e interpretar as informações
registradas e que nortearão a prevenção.

8.11.2.2 Atos inseguros

Representam todos os atos praticados pelo colaborador por conta de sua atividade no trabalho. É
também definido como o comportamento consciente ou inconsciente do trabalhador, que pode levá‑lo
164
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

a sofrer algum tipo de acidente em virtude de sua exposição a um determinado risco exigido por seu
trabalho.

A seguir, alguns exemplos de atos inseguros mais conhecidos.

• Ficar junto a cargas suspensas ou sob essas cargas.

• Usar máquinas sem habilitação ou permissão.

• Lubrificar, ajustar e limpar máquina em movimento.

• Inutilizar dispositivos de segurança.

• Usar roupa inadequada.

• Transportar ou empilhar inseguramente.

• Tentar ganhar tempo.

• Expor partes do corpo a partes móveis de máquinas ou equipamentos.

• Imprimir excesso de velocidade.

• Improvisar ou fazer uso de ferramenta inadequada à tarefa exigida.

• Não utilizar EPI.

• Realizar manipulação inadequada de produtos químicos.

• Fumar em lugar proibido.

• Consumir drogas ou bebidas alcoólicas durante a jornada de trabalho.

Lembrete

Ninguém está livre de acidentes, e suas causas podem estar vinculadas


a atos inseguros.

8.11.2.3 Condições inseguras

Condições inseguras nos locais de serviço são aquelas que compreendem a segurança do trabalhador.
São as falhas, os defeitos, irregularidades técnicas e carência de dispositivos de segurança que põem em
risco a integridade física e/ou a saúde das pessoas e a própria segurança de instalações e equipamentos.
165
Unidade IV

A seguir, alguns exemplos de condições inseguras mais comumente conhecidas.

• Falta de proteção em máquinas e equipamentos.

• Deficiência de maquinário e ferramental.

• Passagens perigosas.

• Instalações elétricas inadequadas ou defeituosas.

• Falta de EPI.

• Nível de ruído elevado.

• Proteções inadequadas ou defeituosas.

• Má arrumação/falta de limpeza.

• Defeitos nas edificações.

• Iluminação inadequada.

• Piso danificado.

• Risco de fogo ou explosão.

Atos inseguros podem ocorrer por diversas causas, e todas elas são provenientes do homem, portanto,
o “como se faz” é o grande problema dos resultados que traz um ato inseguro.

Fazer com segurança, consciência e sem pressa são atitudes que contribuem para que se faça benfeito
e não gerando uma situação insegura, que coloca em risco a própria vida e a dos demais.

A falta de educação, de conhecimento do que é certo ou errado, também contribui favoravelmente


para que muitos incidentes aconteçam. O maior responsável pelo ato inseguro é você; pense antes de
fazer, não faça com pressa, não queira desenvolver várias atividades ao mesmo tempo.

As condições inseguras têm como resultado o tempo; a resistência de certos materiais se desgasta;
a organização do local, que é um fator humano e/ou falta de manutenção; tecnologia aplicada ao local,
dentre outros.

Mesmo sendo originadas por diversos fatores externos, as condições inseguras têm como responsável
o próprio homem, seja por sua omissão, seja por sua irresponsabilidade.

Portanto, a segurança começa e termina com as ações, as atitudes e a consciência de todos nós.
166
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Colabore com ambientes mais salubres, a começar em casa, na escola, rua, sociedade e principalmente
na empresa, reduzindo o número de acontecimentos alarmantes que cresce a cada ano.

Antes de conhecermos como se dá o processo de investigação de um acidente de trabalho, é


necessário que se esclareça que todo e qualquer acidente de trabalho deverá ser caracterizado de
duas maneiras:

• administrativamente: cabe ao INSS, por meio do setor de benefícios, estabelecer o nexo entre o
acidente e o trabalho exercido pelo colaborador;

• tecnicamente: responsabilidade do Setor de Perícias Médicas do Instituto Nacional da Seguridade


Social. Este deverá estabelecer o nexo de causa e efeito entre o acidente de trabalho e a lesão
sofrida pelo segurado.

Observação

Os movimentos sindicais têm a finalidade diminuir, amenizar e prevenir


os riscos.

8.11.2.4 O Método Árvore de Causas (ADC)

Há algum tempo, a investigação de acidentes de trabalho era baseada apenas em atos ou condições
inseguras. Essa prática foi comum até bem pouco tempo atrás, porém sua pouca representatividade na
diminuição dos acidentes de trabalho fez que ela fosse descartada. Atualmente, os acidentes de trabalho
têm sido investigados por meio do Método Árvore de Causas, que objetiva encontrar os elementos
físicos, ambientais e subjetivos que contribuíram para o acidente. A realização de uma investigação
dita causal é um evento muito importante para evitar que os acidentes aconteçam, pois é capaz de
identificar quais são os fatores de risco e trabalhar na sua eliminação, auxiliando, assim, na diminuição
da ocorrência de novos acidentes.

Árvore de Causas é um método de investigação multicausal, desenvolvido na França, em 1977,


por Monteau. Ele representa um meio de investigação certificado pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) que se baseia na Teoria dos Sistemas, sendo o acidente não considerado um evento
pontual e isolado, e sim a consequência de uma disfunção do sistema do qual faz parte.

Esse método se fundamenta em relato objetivo e detalhado dos fatos envolvidos na ocorrência do
acidente de trabalho a partir da lesão produzida, identificando retroativamente tais fatos, denominados
fatores antecedentes. Com estas informações, constrói‑se a rede de antecedentes do acidente,
representada sob forma de diagrama denominado Árvore de Causas.

É consenso que, para que um acidente viesse a ocorrer, algum comportamento foi alterado ou
alguma variação aconteceu se comparada ao cotidiano ao qual o trabalhador estava habituado. Por isso,
o método Árvore de Causas trabalha sobre a reconstituição do acidente, analisando de forma minuciosa
167
Unidade IV

todos os fatos, sejam eles comuns ou estranhos, que antecederam o ocorrido. Com isso, ele poderá
identificar qual alteração ocasionou o acidente.

O método

De acordo com o Método Árvore de Causas, todo trabalhador desenvolve uma atividade que pode
ser decomposta em quatro elementos, descritos a seguir:

1. O indivíduo: representado pela pessoa física que desenvolve suas atividades em seu
ambiente de trabalho, de acordo com as orientações que recebeu ao entrar na organização.
Vale lembrar que esse indivíduo carrega consigo toda a sua bagagem pessoal, como crenças,
valores e sentimentos.

2. a tarefa: são as ações do indivíduo na produção dos bens ou serviços de responsabilidade


da empresa da qual faz parte. É bom esclarecer que a tarefa não representa apenas as
ações desenvolvidas no local de trabalho, mas também o deslocamento do indivíduo até
a empresa.

3. Material: é representado pelo conjunto de meios técnicos e materiais colocados à disposição do


trabalhador para o desenvolvimento de suas tarefas. Os produtos ou matérias‑primas também são
classificados como material.

4. Meio de trabalho: representa o ambiente físico no qual o indivíduo executa suas tarefas.

Uma vez identificados cada um dos quatro elementos descritos anteriormente, a investigação deverá
ocorrer na busca das alterações ocorridas nesses.

Como montar uma Árvore de Causas?

1º passo: deve ser realizada uma investigação do acidente tão logo ele aconteça e, de preferência,
no local do evento. Essa primeira investigação deve, se possível, envolver o próprio acidentado e seus
companheiros de trabalho, bem como algum técnico que tenha conhecimento tanto da situação quanto
da atividade desenvolvida pelo acidentado.

2º passo: identificar, na descrição do acidente, apenas o que forem fatos objetivos. Nesse momento,
as interpretações ou as opiniões próprias de envolvidos ou “curiosos” não acrescentam subsídios para
o esclarecimento do evento. Para isso, é preciso que o investigador seja o mais imparcial possível e não
possua vínculo emocional com os envolvidos.

3º passo: investigar o modo habitual de trabalho (as tarefas rotineiras e o sistema de trabalho
cotidiano). O ideal é que o investigador possa estar pelo menos um dia inteiro no local de trabalho para
que todas as ações sejam observadas. Esse terceiro passo visa encontrar em que ponto o modo habitual
de trabalho sofreu variação.

168
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

4º passo: proceder à investigação dos fatos, tanto os que permaneceram inalterados quanto os que
no momento do acidente sofreram alteração. Neste passo, os quatro componentes (trabalhador, tarefa,
material e meio de trabalho) são observados.

5º passo: montagem da Árvore, procurando identificar uma relação entre os fatos ocorridos. É
importante, nesse momento, respeitar tudo o que tiver coerência e procedência.

Exemplo de aplicação

Identifique, no seu ambiente de trabalho, as situações de riscos ocupacionais. Descreva quais tipos
de equipamentos de proteção são utilizados e verifique se estão adequados à atividade exercida.

Saiba mais

Leia o artigo de Evilázio Junior Magalhães, Fernanda Rodrigues da Silva


e Anderson Cega. Nesse artigo, é traçado um paralelo entre as empresas
e os organismos vivos, ressaltando a importância de adotar a profilaxia
(medidas preventivas) em vez de recorrer à medicina curativa (medidas
corretivas) para manter a saúde em perfeito estado, ou seja, prevenir
acidentes de trabalho.

MAGALHÃES JR., E.; SILVA, F. R.; CEGA, A. Acidente de trabalho:


a importância da higiene e segurança do trabalho na prevenção de
acidentes. Revista Científica Eletrônica de Ciências Contábeis, ano IV,
n. 7, maio 2006.

8.12 Higiene e Segurança do Trabalho

Segurança do Trabalho pode ser definida como um conjunto de medidas que são adotadas visando
minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a
capacidade de trabalho do trabalhador. No Brasil, a Segurança do Trabalho é regulamentada tanto por leis
quanto por normas regulamentadoras e normas regulamentadoras rurais. As Normas Regulamentadoras
da Higiene e Segurança do Trabalho (NR) são formadas pelos 32 dispositivos comentados a seguir.

• NR‑1: refere‑se às disposições gerais e esclarece que as normas regulamentadoras são de total
responsabilidade das empresas que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT).

• NR‑2: todo e qualquer estabelecimento, antes de inaugurar suas atividades, deve obter uma
autorização de funcionamento junto ao Ministério do Trabalho.

169
Unidade IV

• NR‑3: uma vez que a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) ou a Delegacia do Trabalho Marítimo (DTM)
constatem que existe risco grave e iminente para o trabalhador, esses órgãos, utilizando‑se de laudo
técnico, podem pedir a intervenção no estabelecimento ou na obra em execução. Também poderão ser
embargados máquinas e equipamentos que, da mesma forma, ofereçam perigo ao trabalhador.

• NR‑4: de acordo com o número de empregados e o tipo de atividade desenvolvido pela empresa,
ela deverá possuir um setor de Engenharia de Segurança do Trabalho e um setor de Medicina do
Trabalho. Esses setores garantirão a saúde integral dos trabalhadores.

• NR‑5: é de obrigatoriedade de qualquer empresa, cujos empregados sejam regidos pela CLT,
estabelecer de forma permanente uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa).

• NR‑6: as empresas têm obrigação de disponibilizar para seus funcionários os Equipamentos de


Proteção Individual (EPIs). Consideram‑se EPIs os Equipamentos de Proteção Individual, nacionais
ou estrangeiros, cujo objetivo seja o de preservar a integridade física e a saúde do trabalhador.

• NR‑7: toda empresa fica obrigada a formar e implementar seu Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional (PCMSO). O programa deve ter o objetivo permanente de preservar a saúde
dos trabalhadores de forma coletiva.

• NR‑8: as normas regulamentadoras estabelecem que existem alguns requisitos básicos para a construção
de qualquer edificação. Esses requisitos garantem o conforto e a segurança dos trabalhadores.

• NR‑9: as empresas ficam obrigadas a implementar seus programas de prevenção de riscos ambientais
com o objetivo de apresentar aos empregados os riscos decorrentes de suas atividades laborais.

• NR‑10: as normas regulamentadoras estabelecem que existem condições mínimas de segurança


para os empregados que trabalham em contato direto ou indireto com energia elétrica. Essa
norma visa garantir a integridade não somente do empregado, mas também de terceiros.

• NR‑11: todo material deverá ser armazenado de acordo com suas características e requisitos de
segurança. Também ficam estabelecidas normas de segurança para a movimentação física dos
produtos, incluindo máquinas transportadoras, guindastes, empilhadeiras etc.

• NR‑12: o local onde as máquinas mencionadas anteriormente serão guardadas também deverá
obedecer aos requisitos mínimos de segurança.

• NR‑13: as caldeiras de qualquer fonte de energia, bem como os vasos de pressão, terão seus
funcionamentos atrelados à regulamentação profissional brasileira.

• NR‑14: existem requisitos mínimos para a construção de fornos. Eles devem estar em construções
sólidas, cujo revestimento seja feito de material refratário. Essa exigência garante que o calor não
ultrapasse os limites de segurança.

170
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

• NR‑15: as normas regulamentadoras estabelecem os procedimentos obrigatórios para os


trabalhadores que exercem atividades insalubres, ou seja, nas quais estejam presentes agentes
agressivos como calor, radiação, agentes químicos etc.

• NR‑16: os trabalhadores que transportam ou manuseiam materiais como explosivos, produtos inflamáveis,
produtos químicos ou substâncias radioativas terão suas atividades regulamentadas pelas NRs.

• NR‑17: é obrigação da empresa garantir aos seus trabalhadores as condições psicofisiológicas


necessárias para o desempenho confortável de suas tarefas.

• NR‑18: estabelece as medidas de controle e os sistemas preventivos para os trabalhadores da


indústria da construção.

• NR‑19: estabelece o total cumprimento dos procedimentos de manuseio, transporte e


armazenamento de explosivos.

• NR‑20: define as normas para armazenamento, transporte e manuseio de combustíveis, líquidos


inflamáveis e Gás Liquefeito de Petróleo (GLP).

• NR‑21: aos que trabalham a céu aberto, devem ser destinados abrigos capazes de protegê‑los de
intempéries.

• NR‑22: as empresas devem garantir condições satisfatórias de segurança e medicina do trabalho


aos seus empregados cujas atividades acontecem em locais subterrâneos, por exemplo, as minas.

• NR‑23: todas as empresas devem possuir um seguro sistema de proteção contra incêndio. Isso
inclui saídas de emergência, suficiente número de equipamentos e pessoal treinado para utilizá‑los.

• NR‑24: estabelece as condições mínimas para instalações sanitárias como cozinhas, banheiros,
vestiários etc.

• NR‑25: estabelece que todos os resíduos industriais devem ser eliminados do local de trabalho
para evitar riscos à segurança e à saúde dos empregados.

• NR‑26: dispõe sobre a sinalização de segurança, fixando as cores a serem utilizadas nos locais de
trabalho para prevenir acidentes.

• NR‑27: as normas regulamentadoras estabelecem que o exercício da profissão de Técnico de


Segurança do Trabalho estará vinculado ao seu registro no Ministério do Trabalho, cujo processo
deverá ter seu início na DRT.

• NR‑28: normatiza que fiscalização, embargo, interdição e outras penalidades, no cumprimento


das disposições legais e/ou regulamentares a respeito da segurança e da saúde do trabalhador,
serão efetuados conforme o disposto nos Decretos‑leis.
171
Unidade IV

• NR‑29: estabelece normas de proteção à saúde dos trabalhadores de zonas portuárias, como
portos organizados ou instalações portuárias de uso privativo.

• NR‑30: estabelece normas de segurança para os trabalhadores de embarcações comerciais de


bandeiras nacionais ou estrangeiras, dentro do limite que foi disposto na Convenção da OIT nº 147.

• NR‑31: estabelece critérios que garantam a saúde e a segurança dos trabalhadores em


agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, de modo que o meio
ambiente não seja agredido.

• NR‑32: estabelece as diretrizes básicas de segurança à saúde dos trabalhadores dos serviços de
saúde, bem como de todos os que exercem atividades de assistência e promoção à saúde de um
modo geral.

Lembrete

Podemos mencionar, dentre as causas dos acidentes, a falta de proteção


dos equipamentos.

Resumo

Nas relações de consumo, estão presentes, obrigatoriamente, as figuras


do consumidor e do fornecedor de bens (produtos) ou de serviços. O
consumidor é classificado como toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza o produto ou serviço como destinatário final. Por sua vez,
fornecedor é aquele responsável pela colocação de produtos e serviços à
disposição do consumidor, com a característica da habitualidade.

Estudamos, ainda, que os objetos dessa relação de consumo


configuram‑se no produto, que se refere a qualquer objeto de interesse
em uma relação de consumo e destinado a satisfazer uma necessidade do
adquirente (consumidor) como destinatário final; serviço refere‑se a toda
atividade fornecida, ou melhor, prestada no mercado de consumo.

Nesta obra, destacamos que todos os produtos ou serviços colocados no


mercado de consumo devem apresentar o termo de garantia padronizado
e que esclareça, de maneira adequada, em que consiste a garantia, bem
como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exigida, devendo ser
entregue corretamente preenchida pelo fornecedor no ato do fornecimento
do produto ou serviço, acompanhada do manual de instrução, instalação e
uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.

172
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

Por fim, apreendemos que, em relação às cláusulas contratuais, o


Código de Defesa do Consumidor dispõe sobre sua interpretação da forma
mais benéfica ao consumidor em caso de obscuridade. Entretanto, caso as
cláusulas sejam consideradas abusivas, o artigo 51 do Código de Defesa do
Consumidor determina sua nulidade.

Vimos também que, em princípio, o acidente de trabalho acontece


durante o exercício das atividades laborais. Porém, são também considerados
acidentes de trabalho:

• acidente que contribuiu para a morte, perda ou redução da capacidade


do segurado para o exercício laboral, ainda que este acidente não
tenha sido a causa exclusiva;

• o acidente sofrido pelo empregado em horário e local de trabalho


em consequência de atos de terrorismo, sabotagem, agressão,
desabamento, inundação, imprudência, negligência ou imperícia
de companheiro de trabalho, ou, ainda, ofensa física intencional
ocasionada por disputa de trabalho;

• as doenças oriundas da contaminação, por acidente, do empregado


em plena atividade laboral;

• o acidente sofrido fora do horário e do local de trabalho, em viagem


do empregado a serviço da empresa.

Diferença entre insalubridade e periculosidade:

• insalubridade: aquela que, por sua natureza, condições ou métodos


de trabalho, exponha os empregados a agentes nocivos à saúde,
acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos;

• periculosidade: refere‑se a tudo aquilo que possa de alguma forma


oferecer perigo.

Diferença entre atos inseguros e condições inseguras:

• atos inseguros são praticados pelo colaborador por conta de sua


atividade no trabalho também definidos como o comportamento
consciente ou inconsciente do trabalhador;

• condições inseguras representam toda e qualquer condição que de


alguma forma comprometa a segurança do trabalhador.
173
Unidade IV

A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é


a responsável por caracterizar tecnicamente os acidentes de trabalho.
Ela realiza o reconhecimento do chamado nexo causal entre: o acidente e a
lesão; a doença e o trabalho; e a causa mortis e o acidente.

A legislação referente aos acidentes de trabalho aplica‑se ao empregado,


ao trabalhador avulso, ao médico-residente (Lei nº 8.138, de 28/12/90)
e ao segurado especial. Porém, não se aplica ao empregado doméstico,
ao empresário que não exerça a função de empregado, ao autônomo e
equiparados e, ainda, há os facultativos.

A prevenção do acidente de trabalho está diretamente ligada à


conscientização dos trabalhadores acerca de suas tarefas, bem como de
tudo o que as envolve. Está ligada também à formação destes trabalhadores
para o desempenho de suas atividades laborais.

Diversas são as causas dos acidentes de trabalho, porém as mais


frequentes estão ligadas a cansaço ou fadiga, álcool, má alimentação,
seleção de pessoal inadequado e falta de treinamento adequado.

A conscientização e a formação são a base para se evitar os acidentes


de trabalho, porém alguns pontos devem ser observados: o trabalhador
precisa sentir‑se parte integrante de seu local de trabalho; é preciso que
o trabalhador perceba que ele somente tem a ganhar quando segue as
regras de segurança de suas atividades; um local de trabalho organizado,
limpo e sem objetos obsoletos, ou seja, que já estão sem utilidade, ajuda
a reduzir os riscos de acidente de trabalho; é importante também que
os colaboradores estejam cientes dos riscos que envolvem sua atividade
laboral, mesmo aqueles mais moderados, e não deixar que falte nenhum
equipamento de proteção, seja ele individual ou coletivo.

Atualmente, os acidentes de trabalho têm sido investigados por meio


do Método Árvore de Causas, que objetiva encontrar os elementos físicos,
ambientais e subjetivos que contribuíram para o acidente. De acordo com
esse método, todo trabalhador desenvolve uma atividade que pode ser
decomposta em quatro elementos descritos a seguir: o indivíduo, a tarefa,
o material e o meio de trabalho. Para montar uma Árvore de Causas, é
preciso obedecer aos seguintes passos:

1º passo: deve ser realizada uma investigação do acidente tão logo ele
aconteça e de preferência no local do evento.

2º passo: procurar identificar na descrição do acidente apenas o que


forem fatos objetivos.
174
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL

3º passo: investigar o modo habitual de trabalho (as tarefas rotineiras


e o sistema de trabalho cotidiano).

4º passo: proceder à investigação dos fatos, tanto os que permaneceram


inalterados quanto os que no momento do acidente sofreram alteração.

5º passo: montagem da árvore, procurando identificar uma relação


entre os fatos ocorridos.

175
REFERÊNCIAS

Audiovisuais

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DESMUNDO. Dir. Alain Fresnot. Brasil: A. F. Cinema, 2002. 101 minutos.

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documentários). Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/programa/50-
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THE CORPORATION. Dir. Mark Achbar; Jennifer Abbott. Canadá: Zeitgeist Films, 2004. 1 DVD. 145
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113 minutos.

WALL Street. Dir. Oliver Stone. EUA: Twentieth Century Fox Film Corporation, 1987. 126 minutos.

Textuais

ALONSO, F. R.; CASTRUCCI, P. L.; LÓPEZ, F. G. Curso de ética em administração. São Paulo: Atlas, 2006.

ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Escala, 2008. (Coleção Mestres Pensadores).

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