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M

GO
CURSO – INFORMATIVOS 2018/1

DATA – 09/06/2018

PE
DISCIPLINA – DIREITO PENAL

IP
PROFESSOR – ALEXANDRE SALIM

MONITORA – MARCELA RAGE

EL
AULA 02 TURNO: MANHÃ

-F
Ementa

44
Na aula de hoje serão abordados os seguintes pontos:

67
1. Inquérito 4108/STF
2. Informativo 891/STF

32
3. Informativo 884/STF
4. Súmula 588/STJ

44
5. Informativo 623/STJ
6. RE 603.616/STF
7. Informativo 623/STJ
54
8. Súmulas 607 e 587 do STJ
-1
9. Informativo 622/STJ
10. Informativo 622/STJ
11. Informativo 622/STJ
A

12. Informativo 622/STJ


LV

13. Informativo 622/STJ


14. Informativo 621/STJ
15. Informativo 621/STJ
SI

16. Execução Penal e alteração da data-base


DA

 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Instagram: @alexandre.a.salim
DA

Site: http://bit.ly/alexandresalim1
EI

 INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA
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- Relembrando a aula passada: não é possível a continuidade entre roubo e extorsão. Requisitos
para a configuração do crime continuado (art. 71, CP): o CP só prevê requisitos de ordem objetiva.
AL

 Pluralidade de crimes; pluralidade de crimes da mesma espécie + condições executivas


semelhantes.
ES

Existe mais algum requisito? Sim, criado pela jurisprudência dos Tribunais Superiores: unidade de
desígnios, que corresponde ao liame subjetivo entre os eventos. Assim, no Brasil adotamos teoria
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mista objetivo-subjetiva.
GO

Não se aceita continuidade delitiva entre roubo e extorsão porque não são crimes da mesma
espécie, são apenas da mesma natureza (crimes patrimoniais). Crimes da mesma espécie são os
que estão no mesmo tipo penal.
E
PP

- Descaminho e princípio da insignificância: o valor hoje é de R$20.000,00 para o STJ e o STF.


LI
FE
- Possibilidade de execução provisória da pena após condenação em segunda instância.

M
- Controle de convencionalidade envolvendo o crime de desacato, em relação ao Pacto de São

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José da Costa Rica. A 3ª Seção do STJ entendeu que o desacato é crime e que não há ofensa ao
referido Pacto.

PE
1. Inquérito 4108/STF

Terminamos a aula analisando a Súmula 608, STF (ponto 9), que prevê que no crime de estupro,

IP
praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada. O STF se manifestou no
sentido de que a Súmula incide mesmo após o advento da Lei 12.015/2009. O que é violência

EL
real?

-F
Tema: Súmula 608, STF.

Inq 4108 AgR – 2ª Turma - 06/03/2018.

44
É possível a retração de uma representação? A representação é uma autorização da vítima ao

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Estado para tomar as providências que lhe competem. A representação é uma condição objetiva
de procedibilidade.

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É possível a retratação, mas é preciso averiguar se o momento é o adequado. Art. 25, CPP: a

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representação é retratável até o oferecimento da denúncia.
54
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
-1
Existe alguma exceção, isto é, possibilidade legal em que seja possível a retratação em momento
posterior ao oferecimento da denúncia? Sim. Na Lei 11.340/2006, o art. 16 prevê que a vítima
pode se retratar até o recebimento da denúncia.
A

Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata
LV

esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência


especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o
SI

Ministério Público.
DA

No julgado em questão não foi aplicada a Súmula 608, STF. A 2ª Turma do STF entendeu que o
caso não dizia respeito à violência real, por se tratar de lesão corporal de natureza leve.

Assim, compreende violência real: lesão grave; lesão gravíssima; e morte. Essa decisão é
DA

polêmica, pois sempre se entendeu que violência real compreendia lesão corporal e morte.
EI

EMENTA Agravo regimental. Inquérito. Estupro (art. 213, CP). Crime de ação penal pública
condicionada (art. 225, CP). Representação da vítima. Retratação. Efeito. Renúncia àquele
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direito. Lesões corporais de natureza leve. Irrelevância. Crime de ação penal pública
condicionada (art. 88 da Lei nº 9.099/95). Inaplicabilidade da Súmula nº 608 do Supremo
AL

Tribunal Federal. Extinção da punibilidade do agente. Admissibilidade. Aplicação analógica


do art. 107, V, do Código Penal. Agravo não provido. 1. O crime de estupro deixou de ser
crime de ação penal privada para se convolar em crime de ação penal pública condicionada
ES

à representação, quando não se tratar de vítima menor de 18 (dezoito) anos ou de pessoa


vulnerável (art. 225 do Código Penal, na redação dada pela Lei nº 12.015/09). 2. A ação
penal, tanto no crime de estupro (art. 225, CP) quanto no de lesão corporal leve (art. 88 da
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Lei nº 9.099/95), está condicionada à representação da vítima. 3. É inaplicável a Súmula nº


608 do Supremo Tribunal Federal, haja vista que da violência supostamente empregada
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pelo investigado para a prática do estupro resultaram apenas lesões corporais leves na
vítima. 4. A vítima, após representar dentro do prazo decadencial de 6 (seis) meses,
retratou-se. 5. Essa retratação importa renúncia ao direito de representar e conduz à
E

extinção da punibilidade do agente, por força do art. 107, V, do Código Penal, aplicável
analogicamente à espécie. 6. Agravo regimental não provido.
PP
LI
FE
2. Informativo 891/STF

M
Tema: inexigibilidade de licitação e tipicidade da conduta.

GO
Art. 89, Lei 8.666/93:

PE
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de
observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

IP
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido
para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para

EL
celebrar contrato com o Poder Público.

No art. 89 tem dolo específico? Polêmica!

-F
Para a caracterização do art. 90 é necessário dois dolos: dolo genérico (fraudar) + dolo específico
(obter vantagem).

44
A polêmica está no art. 89, pois ele não fala em dolo específico. Todavia, o dolo específico é uma
realidade hoje na jurisprudência.

67
Tipicidade penal:

32
- Tipicidade Objetiva: tipicidade formal (subsunção) + tipicidade material.

44
- Tipicidade Subjetiva: dolo (dolo genérico) + elemento subjetivo especial (dolo específico).
54
Pela tipicidade formal deve-se pura e simplesmente verificar se o fato se amolda ao tipo penal,
-1
sem qualquer juízo de valoração. Depois, na tipicidade material se verifica o princípio da
ofensividade. Assim, além de o fato estar formalmente previsto em lei como crime, houve uma
ofensa grave ao bem jurídico tutelado a justificar a intervenção do Direito Penal? Se sim, incide a
A

tipicidade material.
LV

Às vezes, uma tipicidade subjetiva se satisfaz somente com o dolo genérico, às vezes não, sendo
SI

necessários os dois dolos.

A discussão é a seguinte: o art. 89 se satisfaz somente com o dolo genérico ou também precisa
DA

do dolo específico?

De uma leitura inicial do artigo, extrai-se que não se exige o dolo específico. É uma construção
DA

jurisprudencial, que lamentavelmente vem contribuindo para a corrupção, pois se o MP não


consegue provar na denúncia o dolo específico (fraude na dispensa indevida), esta será rejeitada,
EI

devendo o caso ser resolvido apenas na esfera da improbidade (administrativamente).


M

A Primeira Turma, por maioria, rejeitou denúncia oferecida em face de parlamentar federal
pela suposta prática do crime previsto no art. 89 da Lei 8.666/1993. O Colegiado afirmou
AL

que o tipo penal em questão não criminaliza o mero descumprimento de formalidades, antes
tipifica tal descumprimento quando em aparente conjunto com a violação de princípios
cardeais da administração pública. Irregularidades pontuais são inerentes à burocracia
ES

estatal e não devem, por si só, gerar criminalização de condutas, se não projetam ofensa
consistente - tipicidade material - ao bem jurídico tutelado, no caso, ao procedimento
licitatório.
M

Verifica-se que a decisão administrativa adotada pelo acusado em ordem a deixar de


instaurar procedimento licitatório para a contratação de determinada espécie de serviço
GO

publicitário esteve amparada por argumentos legitimáveis sob o enfoque da legalidade,


lastreada em pareceres - técnicos e jurídicos - que atenderam aos requisitos legais,
fornecendo justificativas plausíveis sobre a escolha do executante e do preço cobrado.
E

Nessa medida, sob a ótica da tipicidade objetiva, não há falar em indícios factíveis a
justificar a instauração de processo criminal contra o acusado.
PP
LI
FE
Por outro lado, inexiste prova indiciária de ter o acusado agido em conluio com os

M
pareceristas, com vistas a fraudar o procedimento de contratação direta, ausente a
prática de conduta dolosa do gestor público para fins da tipicidade subjetiva do crime

GO
previsto no art. 89 da Lei 8.666/1993. O delito em questão exige, além do dolo genérico -
representado pela vontade consciente de dispensar ou inexigir licitação com
descumprimento das formalidades -, a configuração do especial fim de agir, que consiste no
dolo específico de causar dano ao erário ou de gerar o enriquecimento ilícito dos agentes

PE
envolvidos na empreitada criminosa. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Alexandre de
Moraes, que recebiam a denúncia. (STF, 1ª T., Inq 3962, j. 20/02/2018, Informativo 891)

IP
Não tem unanimidade dentro do STF.

EL
A jurisprudência majoritária do STF e do STJ - Ex.: AgRg no REsp 1704711/PR. 5ª Turma - está
dizendo que é necessário (requisitos criados que não estão na lei):

-F
i) o dolo específico (ajuste no sentido de querer fraudar a licitação);
ii) o prejuízo/dano efetivo ao erário.

44
OBS.: Súmula 702, STF – a competência é sempre do TJ para julgar prefeitos? Depende da

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natureza do crime praticado. Crime comum: TJ. Crime de competência federal: TRF. Crime
eleitoral: TRE. Requisitos para a prerrogativa de função (interpretação da decisão de maio/2018

32
do STF): crime funcional + crime praticado no exercício do mandato.

44
Súmula 702. A competência do tribunal de justiça para julgar prefeitos restringe-se aos
crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência
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originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.
-1
3. Informativo 884/STF

Tema: violência doméstica: contravenção penal e possibilidade de substituição da pena


A

A Primeira Turma, por maioria, indeferiu a ordem de habeas corpus em que solicitada a
LV

substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em caso de


contravenção penal envolvendo violência doméstica. O paciente foi condenado por vias de
SI

fato, nos termos do art. 21 da Lei de Contravenções Penais (LCP), a vinte dias de prisão
simples, em regime aberto. O juízo de 1º grau concedeu a suspensão condicional da pena
(“sursis”) pelo prazo de dois anos.
DA

A Turma julgou improcedente o pedido, com base em interpretação extensiva do art. 44, I,
do Código Penal, no caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, em que a
noção de crime abarcaria qualquer conduta delituosa, inclusive contravenção penal.
DA

Nesse sentido, reconhecida a necessidade de combate à cultura de violência contra a


mulher no Brasil, o Colegiado considerou a equiparação da conduta do paciente à infração
de menor potencial ofensivo incoerente com o entendimento da violência de gênero como
EI

grave violação dos direitos humanos.


Vencido o Ministro Marco Aurélio, que votou pelo deferimento da ordem. Entendeu se tratar
M

de mera contravenção penal, não abarcada pela Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), e
considerou a prisão simples prejudicial, em termos sociais, especialmente após a
AL

reconciliação do casal. (STF, 1ª T., HC 137888, j. 31/10/2017, Informativo 884)

O Código Penal no art. 44 traz os requisitos para a substituição da PPL por PRD. O primeiro
ES

requisito (inciso I) indica que o crime não pode ser cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa.
M

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de


GO

liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)


I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
se o crime for culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
E

II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de
PP

1998)
LI
FE
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do

M
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja
suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

GO
Adota-se no Brasil a Teoria dicotômica, que nos diz que temos um gênero (infração penal), o qual
tem duas espécies: i) crime/delito; e ii) contravenção penal.

PE
Crime, segundo o art. 1º, da LICP é uma infração penal punida com reclusão ou reclusão.

IP
Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa;

EL
contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou
de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.

-F
Tentou-se dizer que foi adotada teoria tricotômica com o art. 28, Lei de Drogas. (infração penal
sui generis), pois o tipo ali previsto não se enquadraria no conceito de crime, nem de

44
contravenção penal.

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para

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consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:

32
A questão chegou ao STF.

44
Questão de ordem no RE 430.105: o STF entendeu que não houve descriminalização, mas
54
despenalização do art. 28, Lei de Drogas.
-1
Essa decisão é polêmica, pois trata a contravenção penal como semelhante ao crime.

Existem três espécies de pena: PPL, PRD e multa (art. 32, CP).
A
LV

Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
SI

III - de multa.
DA

Existem três espécies de PPL: reclusão; detenção; e prisão simples. A aplicação é feita de acordo
com o art. 1º, da LICP.
DA

Quais as principais diferenças entre reclusão e detenção? É o regime inicial (art. 33). A reclusão
pode começar no regime fechado, semi aberto ou aberto, mas a detenção nunca pode começar
no regime fechado.
EI

Reclusão e detenção
M

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou


AL

aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de


transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ES

Na lei de contravenções penais, o art. 6º diz que a prisão simples é cumprida no regime semi
aberto ou aberto. Nunca cabe o regime fechado, nem mesmo em face de regressão.
M

Então, o sujeito do Informativo terá que cumprir a pena provavelmente no regime aberto.
GO

O STF disse que não cabe substituição de PPL por PRD, pois tanto o crime, como a
contravenção, praticados com violência impedem a substituição (interpretação extensiva contra o
réu).
E
PP
LI
FE
Analogia: não há lei, busca-se uma outra lei que regulamenta um caso semelhante. Se essa outra

M
lei for benéfica ao réu, a analogia é in bonam partem. Ao contrário, se a lei for prejudicial, a
analogia será in malam partem. No Direito Penal só se admite a analogia in bonam partem.

GO
Interpretação analógica: tem lei, a qual na sua primeira parte traz a fórmula
casuística/exemplificativa e, na sua segunda parte, traz uma fórmula genérica. Ex.: art. 121, §2º,
IV – homicídio qualificado pela surpresa – entra na fórmula genérica da lei.

PE
Interpretação extensiva: quando o legislador disse mais ou menos do que deveria. Normalmente

IP
é utilizada em favor do réu. Ex.: art. 176, CP – “tomar refeição em bar”; bar não é restaurante, mas
enquadra nesse art. 176, pois se não enquadrar o sujeito aqui, teria que enquadrar no art. 171

EL
(estelionato), no qual a pena é pior para o acusado.

-F
O que fez o STF no presente julgado foi interpretação extensiva contra o réu, pois não foi admitido
o cumprimento de penas alternativas.

44
4. Súmula 588/STJ

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A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça
no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por

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restritiva de direitos. (Súmula 588 do STJ)

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5. Informativo 623/STJ

Tema: inviolabilidade de domicílio e tráfico de drogas. 54


A existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não
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configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o


seu consentimento ou determinação judicial.
Na hipótese, verifica-se ofensa ao direito fundamental da inviolabilidade do domicílio,
A

determinado no art. 5°, inc. XI, da Constituição da República, pois, não há referência à
LV

prévia investigação policial para verificar a possível veracidade das informações recebidas,
não se tratando de averiguação de informações concretas e robustas acerca da traficância
naquele local. Ainda que o tráfico ilícito de drogas seja um tipo penal com vários verbos
SI

nucleares, e de caráter permanente em alguns destes verbos, como por exemplo "ter em
depósito", não se pode ignorar o inciso XI do artigo 5º da Constituição Federal e esta
DA

garantia constitucional não pode ser banalizada, em face de tentativas policiais aleatórias de
encontrar algum ilícito em residências. Conforme entendimento da Suprema Corte e da
Sexta Turma deste STJ, a entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia
conforme o direito, é arbitrária, e não será a constatação de situação de flagrância,
DA

posterior ao ingresso, que justificará a medida, pois os agentes estatais devem


demonstrar que havia elemento mínimo a caracterizar fundadas razões (justa causa). (STJ,
6ª T., RHC 83.501, j. 06/03/2018, Informativo 623)
EI
M

Art. 5º, XI, da CF: ninguém pode penetrar na casa de outrem sem consentimento, como regra.
São quatro exceções: flagrante delito; desastre; prestar socorro; ou durante o dia por
AL

determinação judicial.

Art. 5º. [...] XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
ES

consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar


socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
M

O Prof. acha lamentável essa decisão da 6ª Turma do STJ. Foi quebrada a noção de crime
GO

permanente. O crime permanente é aquele cuja consumação está ocorrendo (se prolonga no
tempo). Então, no momento anterior à entrada na casa o crime já estava ocorrendo, e a
Constituição autoriza a entrada na casa no caso de flagrante.
E

O STF irá dizer que terá que ser feita uma justificativa a posteriori da entrada na casa. Vide a tese
PP

do Supremo abaixo, firmada em recurso extraordinário.


LI
FE
6. RE 603.616/STF

M
Tema: inviolabilidade do domicílio e tráfico de drogas.

GO
Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Repercussão geral. 2. Inviolabilidade
de domicílio – art. 5º, XI, da CF. Busca e apreensão domiciliar sem mandado judicial em
caso de crime permanente. Possibilidade. A Constituição dispensa o mandado judicial para

PE
ingresso forçado em residência em caso de flagrante delito. No crime permanente, a
situação de flagrância se protrai no tempo. 3. Período noturno. A cláusula que limita o

IP
ingresso ao período do dia é aplicável apenas aos casos em que a busca é determinada por
ordem judicial. Nos demais casos – flagrante delito, desastre ou para prestar socorro – a

EL
Constituição não faz exigência quanto ao período do dia. 4. Controle judicial a posteriori.
Necessidade de preservação da inviolabilidade domiciliar. Interpretação da Constituição.
Proteção contra ingerências arbitrárias no domicílio. Muito embora o flagrante delito legitime

-F
o ingresso forçado em casa sem determinação judicial, a medida deve ser controlada
judicialmente. A inexistência de controle judicial, ainda que posterior à execução da
medida, esvaziaria o núcleo fundamental da garantia contra a inviolabilidade da casa (art. 5,

44
XI, da CF) e deixaria de proteger contra ingerências arbitrárias no domicílio (Pacto de São
José da Costa Rica, artigo 11, 2, e Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, artigo

67
17, 1). O controle judicial a posteriori decorre tanto da interpretação da Constituição, quanto
da aplicação da proteção consagrada em tratados internacionais sobre direitos humanos
incorporados ao ordenamento jurídico. Normas internacionais de caráter judicial que se

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incorporam à cláusula do devido processo legal. 5. Justa causa. A entrada forçada em
domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o direito, é arbitrária. Não será a

44
constatação de situação de flagrância, posterior ao ingresso, que justificará a medida. Os
agentes estatais devem demonstrar que havia elementos mínimos a caracterizar
54
fundadas razões (justa causa) para a medida. 6. Fixada a interpretação de que a entrada
forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que
-1

dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade


disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados. 7.
Caso concreto. Existência de fundadas razões para suspeitar de flagrante de tráfico de
A

drogas. Negativa de provimento ao recurso. (STF, Pleno, RE 603616, j. 05/11/2015)


LV

Pacto de São José da Costa Rica: promulgado no Decreto 678/1992. Vide artigo 111.
SI

Justa causa: é uma das condições da ação (ao lado da possibilidade jurídica do pedido, interesse
de agir e legitimidade de parte). A justa causa pressupõe lastro probatório mínimo, que agregue
DA

elementos de Direito Penal e de Processo Penal.

Atenção! Tese que cai nas provas:


DA

6. Fixada a interpretação de que a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é


lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente
EI

justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante
delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e
M

de nulidade dos atos praticados. 7. Caso concreto. Existência de fundadas razões para
AL

suspeitar de flagrante de tráfico de drogas. Negativa de provimento ao recurso.

Vide decisão da 5ª Turma do STJ (HC 431711/SP; DJe 01.06.2018), que traz posição em
ES

consonância com a tese do STF.

HABEAS CORPUS. IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO A RECURSO PRÓPRIO. TRÁFICO


M

ILÍCITO DE ENTORPECENTES E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO COM


ENVOLVIMENTO DE MENORES. PRISÃO EM FLAGRANTE. DELITOS PERMANENTES.
GO

AUSÊNCIA DE NULIDADE. PRISÃO PREVENTIVA. GRAVIDADE CONCRETA.


QUANTIDADE DE DROGA. ENVOLVIMENTO DE MENORES. NECESSIDADE DA
PRISÃO PARA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. SEGREGAÇÃO JUSTIFICADA.
E
PP

11
Pacto São José da Costa Rica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-
1994/anexo/and678-92.pdf. Acesso em 10.06.2018.
LI
FE
CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. HABEAS CORPUS NÃO

M
CONHECIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo entendimento firmado pelo
Supremo Tribunal Federal, passou a não admitir o conhecimento de habeas corpus

GO
substitutivo de recurso previsto para a espécie. No entanto, deve-se analisar o pedido
formulado na inicial, tendo em vista a possibilidade de se conceder a ordem de ofício, em
razão da existência de eventual coação ilegal. 2. O tráfico e associação para o tráfico são
crimes permanentes. Assim enquanto o agente estiver guardando ou escondendo o objeto

PE
que sabe ser produto de crime, consuma-se a infração penal, perdurando o flagrante delito.
3. A garantia constitucional de inviolabilidade ao domicílio é excepcionada nos casos de
flagrante delito, não se exigindo, em tais hipóteses, mandado judicial para ingressar na

IP
residência do agente. Precedentes. 4. A privação antecipada da liberdade do cidadão
acusado de crime reveste-se de caráter excepcional em nosso ordenamento jurídico, e a

EL
medida deve estar embasada em decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, da CF), que
demonstre a existência da prova da materialidade do crime e a presença de indícios

-F
suficientes da autoria, bem como a ocorrência de um ou mais pressupostos do artigo 312 do
Código de Processo Penal. Exige-se, ainda, na linha perfilhada pela jurisprudência
dominante deste Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, que a decisão

44
esteja pautada em motivação concreta, sendo vedadas considerações abstratas sobre a
gravidade do crime. 5. Caso em que a prisão preventiva foi mantida pelo Tribunal para
garantia da ordem pública em razão da periculosidade social do paciente, evidenciada pelas

67
circunstâncias concretas extraídas do flagrante - após denúncia anônima, dois adolescentes
foram surpreendidos vendendo droga na frente da casa do paciente e ao serem abordados

32
confessaram a prática do ato e indicaram o paciente como o 'gerente' do ponto de venda de
drogas. Nesse momento o paciente foi preso em flagrante, sendo que no momento da

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prisão foram apreendidas 62 cápsulas de cocaína e 45 trouxinhas de maconha (pesando
105,8g), uma balança de precisão e diversas anotações referentes ao tráfico. A prisão
cautelar dos pacientes está justificada, portanto, para a garantia da ordem pública.
54
Precedentes. 6. As condições subjetivas favoráveis do paciente, por si sós, não obstam a
segregação cautelar, quando presentes os requisitos legais para a decretação da prisão
-1
preventiva. 7. Mostra-se indevida a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão,
quando evidenciada a sua insuficiência para acautelar a ordem pública. 8. Habeas corpus
não conhecido.
A
LV

7. Informativo 623/STJ

Tema: embriaguez ao volante e dolo eventual.


SI

Lei 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro) – art.306: embriaguez ao volante.


DA

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
DA

dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)


Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
EI

o
§ 1 As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei nº
12.760, de 2012)
M

I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou


superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº
AL

12.760, de 2012)
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade
psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
ES

o
§ 2 A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia
ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova
em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei nº
M

12.971, de 2014) (Vigência)


o
§ 3 O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou
GO

toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação


dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
E
PP
LI
FE
Princípio da não autoincriminação: o fundamento não está na Constituição. O fundamento está no
Pacto de São José da Costa Rica – artigo 8º, item 2, letra g2.

M
GO
O crime é de perigo abstrato (presumido), portanto, basta conduzir o veículo embriagado, ainda
que ninguém seja exposto a perigo.

PE
Dirigir veículo sem ser habilitado não é crime. É fato atípico. Só resta punição administrativa. O
crime está previsto no art. 309, CTB e é crime de perigo concreto, ou seja, tem que gerar perigo
de dano.

IP
A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de premissa

EL
bastante para a afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte.
De início, pontua-se que considerar que a embriaguez ao volante, de per si, já configuraria a

-F
existência de dolo eventual equivale admitir que todo e qualquer indivíduo que venha a
conduzir veículo automotor em via pública com a capacidade psicomotora alterada em
razão da influência de álcool responderá por homicídio doloso, ao causar, por violação a

44
regra de trânsito, a morte de alguém. Não se descura que a embriaguez ao volante é
circunstância negativa que deve contribuir para a análise do elemento anímico que move o
agente. Todavia, não é a melhor solução estabelecer-se, como premissa aplicável a

67
qualquer caso relativo a delito viário, no qual o condutor esteja sob efeito de bebida
alcóolica, que a presença do dolo eventual é o elemento subjetivo ínsito ao comportamento,

32
a ponto de determinar que o agente seja submetido a Júri Popular mesmo que não se
indiquem quaisquer outras circunstâncias que confiram lastro à ilação de que o acusado

44
anuiu ao resultado lesivo. O estabelecimento de modelos extraídos da praxis que se
mostrem rígidos e impliquem maior certeza da adequação típica por simples subsunção, a
despeito da facilidade que ocasionam no exame dos casos cotidianos, podem suscitar
54
desapego do magistrado aos fatos sobre os quais recairá a imputação delituosa, afastando,
nessa medida, a incidência do impositivo direito penal do fato. Diferente seria a conclusão
-1
se, por exemplo, estivesse o condutor do automóvel dirigindo em velocidade muito acima do
permitido, ou fazendo, propositalmente, zigue-zague na pista, ou fazendo sucessivas
ultrapassagens perigosas, ou desrespeitando semáforos com sinal vermelho, postando seu
A

veículo em rota de colisão com os demais apenas para assustá-los, ou passando por outros
LV

automóveis "tirando fino" e freando logo em seguida etc. Enfim, situações que permitissem
ao menos suscitar a possível presença de um estado anímico compatível com o de quem
anui com o resultado morte. Assim, não se afigura razoável atribuir a mesma reprovação a
SI

quem ingere uma dose de bebida alcoólica e em seguida dirige em veículo automotor,
comparativamente àquele que, após embriagar-se completamente, conduz automóvel na
via. (STJ, 6ª T., REsp 1.689.173, j. 21/11/2017, Informativo 623)
DA

Direito Penal:
DA

- Do fato: pune-se o sujeito pelo que ele fez.


EI

- Do autor: pune-se o sujeito pelo que ele é. Não é o que se quer hoje em Direito Penal.
M

Embora se pretenda sempre o Direito Penal do fato, há vários resquícios do direito penal do autor
na nossa legislação. Ex.: reincidência (art. 63, CP); culpabilidade, antecedentes, personalidade,
AL

conduta social (art. 59, CP). A reincidência é constitucional, conforme o STF, mas numa análise
crítica, é inegável que ela representa o direito penal do autor. Ex.2: art. 187, CPP – primeira parte
do interrogatório que é sobre a pessoa do acusado.
ES

Na decisão, o STJ está dizendo que se considerar que o bêbado sempre pratica crime pelo dolo
M

eventual, isso é direito penal do autor.


GO

Tanto o dolo eventual, quanto a culpa consciente têm algo em comum: previsão do resultado.
E
PP

22
Pacto São José da Costa Rica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-
1994/anexo/and678-92.pdf. Acesso em 10.06.2018.
LI
FE
Dolo eventual:

M
- previsão do resultado.

GO
- definido em relação ao agente que não quer o resultado, embora aceite e preveja como
possível.
- o agente atua com descaso em relação ao bem jurídico tutelado.

PE
Culpa consciente:

IP
- previsão do resultado;
- definido em relação ao agente que pratica a conduta após prever o resultado, pois

EL
acredita que não irá produzir o resultado, ou seja, confia nas suas habilidades pessoais. Ele jura
para ele mesmo que não irá produzir o resultado.

-F
- o agente confia nas próprias habilidades pessoais.

A partir do início de 2018, o CTB no art. 302 irá passar a ser constituído de qualificadora no §3º.

44
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: [...]

67
o
§ 3 Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de

32
2017) (Vigência)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei nº 13.546, de

44
2017) (Vigência)
54
Dificuldade argumentativa: o homicídio culposo no trânsito estará qualificado se o sujeito está
bêbado ou drogado. Assim, o advogado de defesa deve falar: como o Promotor defende que é
-1
dolo eventual, se o próprio Código diz que é culpa? Para rebater o argumento, é preciso explicar a
diferença entre dolo eventual e culpa consciente, o que não é tarefa fácil.
A

O dolo eventual no trânsito não acabou com o surgimento do §3º. Este §3º serve para os casos de
LV

culpa.
SI

O que a decisão do STJ diz é que não basta a embriaguez para configurar o dolo eventual. É
preciso que haja:
- embriaguez do condutor;
DA

- condução anormal do veículo (ainda que ninguém seja exposto a perigo).

8. Súmulas 607 e 587 do STJ


DA

Tema: tráfico de drogas transnacional e interestadual: desnecessidade de transposição de


EI

fronteiras para a incidência da majorante.


M

Lei 11.343/2006 – art. 40: as majorantes valem para os crimes do art. 33 a 37 (relacionados à
traficância).
AL

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se:
ES

I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do


fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
M

Inciso I: majorante do tráfico transnacional (ou internacional).


GO

O sujeito iria levar a droga para fora do Brasil, mas ele foi preso no aeroporto, por exemplo.

A competência para processo e julgamento é da Justiça Federal (art. 70, Lei 11.343/2006).
E
PP
LI
FE
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se

M
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara federal

GO
serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva.

O que é ilícito transnacional? É possível definir de acordo com o crime à distância, que vem
explicado pela teoria da ubiquidade (art. 6º, do CP), também conhecido como crime de espaço

PE
máximo. É o crime em que a conduta ocorre em um país e o resultado se produz em outro país.

IP
Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,

EL
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

-F
Na Constituição Federal, o art. 109 (expresso e taxativo) que apresenta a competência da Justiça
Federal, traz a transnacionalidade como uma das possibilidades (inciso V).

44
Art. 109 [...] V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada

67
a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;

32
Assim, requisitos para deslocar a competência para a Justiça Federal:
i) previsão em tratado ou convenção internacional;

44
ii) o crime tem que tocar ou pretender tocar o estrangeiro (ou vice-versa quando iniciado
no exterior). 54
Vide Súmula 522, STF: a competência é em regra da Justiça Estadual para julgar os processos
-1
relativos a entorpecentes. A competência da Justiça Federal é a exceção.

Voltando ao art. 40, tem-se que para a incidência da majorante, não há necessidade de
A

transposição da fronteira, desde que haja demonstração inequívoca do dolo do sujeito nesse
LV

sentido. É o previsto na Súmula 607, do STJ.


SI

Art. 40, V: trata do tráfico interestadual. É a mesma inteligência do tráfico transnacional quanto à
desnecessidade de transposição de fronteiras (Súmula 587, STJ).
DA

Súmula 607 do STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei n.
11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que
não consumada a transposição de fronteiras.
DA

Súmula 587 do STJ: Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n.
11.343/2006, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da
EI

Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico


interestadual.
M

9. Informativo 622/STJ
AL

Tema: pagamento de débito oriundo de furto de energia elétrica: não há extinção da punibilidade.
ES

É o caso dos “gatos”. A jurisprudência era pacífica num sentido, qual seja, se o sujeito pagava
antes do recebimento da denúncia o débito, isso acabava por extinguir a punibilidade, por força do
M

princípio da subsidiariedade (ultima ratio do Direito Penal).


GO

OBS.: a subsidiariedade do Direito Penal é estudada dentro do princípio da intervenção mínima.


Esse princípio aborda o caráter fragmentário e o caráter subsidiário do Direito Penal (espécies do
gênero intervenção mínima).
E
PP

Fragmentariedade: nem todos os bens devem ser analisados pelo Direito Penal. Este só se
importa com os bens jurídicos mais relevantes e com ataques intoleráveis a esses bens.
LI
FE
M
Subsidiariedade: o Direito Penal é a ultima ratio (último recurso para resolver o conflito social).

GO
Todavia, a jurisprudência mudou, conforme o veiculado nesse Informativo do STJ:

Não configura causa de extinção de punibilidade o pagamento de débito oriundo de


furto de energia elétrica antes do oferecimento da denúncia.

PE
De início, quanto à configuração de causa de extinção de punibilidade, ressalta-se que o
Superior Tribunal de Justiça se posicionava no sentido de que o pagamento do débito

IP
oriundo do furto de energia elétrica, antes do oferecimento da denúncia, configurava causa
de extinção da punibilidade, pela aplicação analógica do disposto no art. 34 da Lei n.

EL
9.249/1995 e do art. 9º da Lei n. 10.684/2003. Ocorre que a Quinta Turma desta Corte, no
julgamento do AgRg no REsp 1.427.350/RJ, DJe 14/3/2018, modificou a posição anterior,
passando a entender que o furto de energia elétrica não pode receber o mesmo

-F
tratamento dado ao inadimplemento tributário, de modo que o pagamento do débito
antes do recebimento da denúncia não configura causa extintiva de punibilidade, mas
causa de redução de pena relativa ao arrependimento posterior. Isso porque nos crimes

44
contra a ordem tributária, o legislador (Leis n. 9.249/1995 e n. 10.684/2003), ao consagrar a
possibilidade da extinção da punibilidade pelo pagamento do débito, adota política que visa

67
a garantir a higidez do patrimônio público, somente. A sanção penal é invocada pela norma
tributária como forma de fortalecer a ideia de cumprimento da obrigação fiscal. Já nos
crimes patrimoniais, como o furto de energia elétrica, existe previsão legal específica de

32
causa de diminuição da pena para os casos de pagamento da "dívida" antes do
recebimento da denúncia. Em tais hipóteses, o Código Penal, em seu art. 16, prevê o

44
instituto do arrependimento posterior, que em nada afeta a pretensão punitiva, apenas
constitui causa de diminuição da pena. Outrossim, a jurisprudência se consolidou no sentido
54
de que a natureza jurídica da remuneração pela prestação de serviço público, no caso de
fornecimento de energia elétrica, prestado por concessionária, é de tarifa ou preço público,
-1
não possuindo caráter tributário. Não há como se atribuir o efeito pretendido aos diversos
institutos legais, considerando que os dispostos no art. 34 da Lei n. 9.249/1995 e no art. 9º
da Lei n. 10.684/2003 fazem referência expressa e, por isso, taxativa, aos tributos e
contribuições sociais, não dizendo respeito às tarifas ou preços públicos. (STJ, 5ª T., HC
A

412.208, j. 20/03/2018, Informativo 622)


LV

Para a nova tese, segundo a qual o pagamento não configura causa extintiva da punibilidade,
SI

menciona o pagamento até o “recebimento da denúncia”, porque será possível discutir a figura do
arrependimento posterior. O arrependimento posterior constitui causa de redução da pena.
DA

O fundamento é que a natureza da dívida não é dívida tributária, então não é possível utilizar leis
que extinguem a punibilidade de crimes de dívida tributária. O caso o furto da energia elétrica,
trata-se de tarifa ou preço público.
DA

OBS.: Ponte de ouro (art. 15, CP) – permite ao indivíduo voltar à legalidade, respondendo
EI

somente pelos atos praticados (desistência voluntária; arrependimento eficaz; tentativa


qualificada). **OBS.: Tentativa qualificada: é o sujeito responder pelo crime remanescente, se
M

houver (responder pelos atos já praticados, o que ele fez). Natureza jurídica: causa de exclusão
da culpabilidade (doutrina alemã); extinção da punibilidade (Nucci, Zaffaroni); causa de exclusão
AL

da tipicidade (Damásio, Mirabete). Nos concursos tem prevalecido a exclusão da tipicidade.

X
ES

Ponte de prata (art. 16, CP) – arrependimento posterior.


M

Arrependimento posterior: o sujeito não tem causa de exclusão da tipicidade ou exclusão da


GO

culpabilidade, ele só terá redução da pena, se presentes os quatro requisitos do Código.

Requisitos: crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa; reparação do dano; até o
E

recebimento da denúncia; ato voluntário do agente;


PP
LI
FE
Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº 7.209,

M
de 11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede

GO
que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

PE
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário
do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de

IP
11.7.1984)

EL
É possível trabalhar com o arrependimento posterior nos crimes culposos de trânsito de lesão e
homicídio? A interpretação que sempre se deu no art. 16, CP é que a violência é dolosa contra a

-F
pessoa. Muito se permitiu. No entanto, houve guinada da jurisprudência nesse sentido em 2016. O
STJ começou a entender que é impossível o reconhecimento de arrependimento posterior nos
crimes não patrimoniais ou que não possuam efeitos patrimoniais (Resp 1561276/BA). Ex.: furto

44
ou peculato. Assim, no crime culposo de trânsito não é possível o art. 16, pois não possui efeitos
patrimoniais.

67
Segundo a jurisprudência, a reparação do dano ou restituição da coisa pode ser parcial se a

32
vítima concordar.

44
E se a reparação for depois do recebimento da denúncia, mas antes do julgamento? Existe uma
circunstância atenuante (genérica), prevista no art. 65, III, b.
54
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984) [...]
-1
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
[...]
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-
A

lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;


LV

Voluntariedade não é a mesma coisa que espontaneidade. Ato voluntário é pura e simplesmente
ato sem coação, ato livre, ainda que não nasça do próprio agente. Já, o ato espontâneo nasce do
SI

próprio agente, vem do seu íntimo.


DA

A redução se dá de um a dois terços, no caso de presentes os quatro requisitos.

Assim, nos furtos de energia elétrica hoje só dá para falar em redução da pena, na hipótese de
DA

arrependimento posterior.

10. Informativo 622/STJ


EI

Tema: princípio da insignificância e reprovabilidade do comportamento.


M
AL

Requisitos objetivos para configuração do princípio da insignificância:

- Mínima ofensividade da conduta do agente;


ES

- Nenhuma periculosidade social da ação;


- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
M

- Inexpressividade da lesão jurídica provocada.


GO

Precisa de mais alguma coisa? Sim. Prevalece que é necessário o requisito subjetivo  o réu não
pode ser reincidente.

Não se esqueçam de que o menor de 12 anos não pode receber nem medida socioeducativa. Só
E

medida protetiva.
PP
LI
FE
Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor

M
pecuniário de associação sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a
participar do ato.

GO
No caso em análise, teria a paciente, segundo a denúncia, subtraído um cofrinho contendo
R$ 4,80 (quatro reais e oitenta centavos) da Associação dos Voluntários de Combate ao
Câncer - AVCC, induzindo seu filho de apenas 09 anos a pegar o objeto e colocá-lo na sua
bolsa. Nesse contexto, verifica-se o princípio da insignificância não se aplica ao caso,

PE
porquanto, as características dos fatos revelam reprovabilidade suficiente para a
consumação do delito, embora o ínfimo valor da coisa subtraída. O referido princípio se
aplica a fatos dotados de mínima ofensividade, desprovidos de periculosidade social, de

IP
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e que a lesão jurídica provocada seja
inexpressiva. (STF, HC n. 84.412-0/SP, Min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJU de

EL
19/11/2004). Observa-se, assim, que não há falar em mínima ofensividade e nem reduzido
grau de reprovabilidade do comportamento, porquanto foi subtraído o bem com o

-F
induzimento do próprio filho menor da ora paciente a pegá-lo e, lamentavelmente, contra
uma instituição sem fins lucrativos que dá amparo a crianças com câncer. Ainda que
irrelevante a lesão pecuniária provocada, porque inexpressivo o valor do bem, a repulsa

44
social do comportamento é evidente. Viável, por conseguinte, o reconhecimento da
tipicidade conglobante do comportamento irrogado.
(STJ, 6ª T., RHC 93.472, j. 15/03/2018, Informativo 622)

67
Qual requisito falta a esse caso? Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.

32
Se tivéssemos aqui filho que furta do pai ou neto que furta do avô, é preciso verificar a questão da

44
imunidade prevista no art. 181, CP. No caso de vítima idosa não se aplica a imunidade.
54
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em
prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
-1
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou
natural.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
A

I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave


LV

ameaça ou violência à pessoa;


II - ao estranho que participa do crime.
SI

III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
DA

11. Informativo 622/STJ

Tema: tráfico de drogas e majorante do art. 40, III, Lei 11.343/2006.


DA

Não incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei n.
11.343/2006, se a prática de narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não
EI

facilite a prática criminosa e a disseminação de drogas em área de maior


M

aglomeração de pessoas.
Consoante entendimento firmado por este Superior Tribunal de Justiça, a causa de aumento
AL

de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei n. 11.343/2006 tem natureza objetiva, não
sendo necessária a efetiva comprovação de mercancia na respectiva entidade de ensino, ou
mesmo de que o comércio visa a atingir os estudantes, sendo suficiente que a prática ilícita
ES

tenha ocorrido em locais próximos, ou seja, nas imediações do estabelecimento. Na espécie


em exame, contudo, verifica-se a presença de particularidade que, mediante uma
interpretação teleológica do disposto no artigo 40, inciso III, da Lei de Drogas, permite
M

o afastamento da referida causa de aumento de pena, uma vez que o delito de tráfico
ilícito de drogas foi praticado em local próximo a estabelecimento de ensino, tendo o crime
GO

ocorrido no período da madrugada, em um domingo, horário em que a escola não estava


em funcionamento. A proximidade da escola, neste caso, tratou-se de elemento
meramente circunstancial, sem relação real e efetiva com a traficância realizada. Nesse
contexto, observe-se que a razão de ser da norma é punir de forma mais severa quem, por
E

traficar nas dependências ou na proximidade de estabelecimento de ensino, tem maior


PP

proveito e facilidade na difusão e no comércio de drogas em região de grande circulação de


pessoas, expondo os frequentadores do local a um risco inerente à atividade criminosa da
LI
FE
narcotraficância. Conclui-se, por fim, que, diante da prática do delito em dia e horário

M
(domingo de madrugada) em que o estabelecimento de ensino não estava em
funcionamento, de modo a facilitar a prática criminosa e a disseminação de drogas em área

GO
de maior aglomeração de pessoas, não há falar em incidência da majorante prevista no
artigo 40, inciso III, da Lei n. 11.343/2006, pois ausente a ratio legis da norma em tela.
(STJ, 6ª T., REsp 1.719.792, j. 13/03/2018, Informativo 622)

PE
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se:
[...]

IP
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais,

EL
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se
realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de

-F
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em
transportes públicos;

44
O Prof. argumenta que o critério deve ser lido sob o ponto de vista objetivo, pois embora a venda
seja na madrugada a escola é transformada em ponto de venda. Mas a decisão argumenta em

67
sentido contrário, dizendo que devem haver pessoas em volta para incidência da majorante.

32
12. Informativo 622/STJ

Tema: afetação: cumprimento de medida socioeducativa até os 21 anos.

44
A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na
54
aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida,
enquanto não atingida a idade de 21 anos. (Súmula 605 do STJ, DJe 19/03/2018)
-1

A Terceira Seção acolheu a proposta de afetação do recurso especial ao rito dos recursos
repetitivos, conjuntamente com o REsp 1.717.022-RJ, de sorte a definir tese sobre a
A

seguinte controvérsia: se é possível o cumprimento da medida socioeducativa até os 21


LV

anos de idade, aplicada a adolescente em razão de fato praticado durante a menoridade.


(STJ, 3ª Seção, j. 20/03/2018, Informativo 622)
SI

Logo, não sabemos se a Súmula vai continuar sendo aplicada. É preciso aguardar decisão
Colegiada, no sentido da manutenção ou não da súmula, porque a matéria foi afetada. É a mesma
DA

coisa que está ocorrendo em relação à necessidade da perícia na arma de fogo.

13. Informativo 622/STJ


DA

Tema: afetação: necessidade ou não de apreensão e perícia da arma de fogo para a incidência da
majorante do roubo
EI

É a mesma questão da perícia da arma. É necessária a apreensão e perícia da arma de fogo para
M

incidir a majorante? Nunca precisou.


AL

Ex.: o sujeito roubou a casa, quando está fugindo da polícia ele joga a arma no telhado da casa de
alguém. Quando ele é preso ele não tem mais a arma, mas a vítima vai dizer que tinha a arma,
ES

tanto que tem um buraco de bala na parede. É preciso a apreensão e a perícia para a majorante?
Nunca precisou. (HC 419278/SP - STJ).
M

Todavia, o site do STJ em 04.04.2018 noticiou que a Terceira Seção determinou a suspensão dos
GO

processos individuais ou coletivos para definir acerca da necessidade da apreensão e a perícia da


arma de fogo para incidência de aumento de pena nos delitos de roubo. O Prof. acredita que o
STJ irá reverter o posicionamento, porque agora não tem mais qualquer arma com a revogação
do §2º, inciso I, do art. 157, do CP, só aumenta a pena agora a arma de fogo (§2º-A, I).
E
PP
LI
FE
Com isso, acaba vencendo a tese objetiva no STJ, que é uma tendência, ao invés da tese

M
subjetiva. Ou seja, é preciso só o temor incutido da vítima em razão do medo ou preciso
objetivamente que aquele instrumento possa incutir realmente uma lesão na vítima? Pela tese

GO
objetiva, a segunda alternativa. Assim, se eu não apreendo a arma eu não sei. Então, é
necessária a apreensão.

PE
A famosa Súmula 174, do STJ, quando estava em vigor, privilegiava uma teoria subjetiva, porque
aumentava a pena a arma de brinquedo e esta nunca vai machucar uma vítima, vai só causar
medo. Essa Súmula foi cancelada há muitos anos, porque chegou um momento em que se

IP
discutiu qual tese prevalecer, tendo prevalecido a tese objetiva. Se continuar com esse
entendimento, provavelmente será determinada a apreensão da arma e da perícia.

EL
A Terceira Seção acolheu a proposta de afetação do recurso especial ao rito dos recursos

-F
repetitivos, conjuntamente com o REsp 1.711.986-MG, de sorte a definir tese sobre a
seguinte controvérsia: se é ou não necessária a apreensão e perícia da arma de fogo para a
incidência da majorante do art. 157, § 2º, I, do Código Penal. (STJ, 3ª Seção, ProAfR no

44
REsp 1.708.301, j. 20/03/2018, Informativo 622)

14. Informativo 621/STJ

67
Tema: violência doméstica e familiar contra a mulher. Danos morais. Indenização mínima. Pedido

32
necessário. Produção de prova específica dispensável. Dano in re ipsa.

44
Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é
possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja
54
pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e
independentemente de instrução probatória.
-1
Cinge-se a controvérsia a definir a necessidade ou não de indicação de um montante
mínimo pelo postulante, bem como a necessidade ou não da produção de prova, durante a
instrução criminal, para a fixação, em sentença condenatória, da indenização por danos
A

morais sofridos pela vítima de violência doméstica. Em relação à primeira questão, cumpre
salientar que ambas as Turmas desta Corte Superior já firmaram o entendimento de que a
LV

imposição, na sentença condenatória, de indenização, a título de danos morais, para a


vítima de violência doméstica, requer a dedução de um pedido específico, em respeito às
SI

garantias do contraditório e da ampla defesa. Entretanto, a Quinta Turma possui julgados no


sentido de ser necessária a indicação do valor pretendido para a reparação do dano sofrido.
Já a Sexta Turma considera que o juízo deve apenas arbitrar um valor mínimo, mediante a
DA

prudente ponderação das circunstâncias do caso concreto. Nesse sentido, a fim de


uniformizar o entendimento, conclui-se que o pedido expresso por parte do Ministério
Público ou da ofendida, na exordial acusatória, é, de fato, suficiente, ainda que
DA

desprovido de indicação do seu quantum, de sorte a permitir ao juízo sentenciante fixar o


valor mínimo a título de reparação pelos danos morais, sem prejuízo, evidentemente, de
que a pessoa interessada promova, no juízo cível, pedido complementar, onde, então, será
EI

necessário produzir prova para a demonstração do valor dos danos sofridos. Já em relação
à segunda questão, é importante destacar que no âmbito da reparação dos danos morais, a
M

Lei Maria da Penha, complementada pela reforma do Código de Processo Penal através da
Lei n. 11.719/2008, passou a permitir que o juízo único – o criminal – possa decidir sobre
AL

um montante que, relacionado à dor, ao sofrimento, à humilhação da vítima, de difícil


mensuração, deriva da própria prática criminosa experimentada. Assim, não há
razoabilidade na exigência de instrução probatória acerca do dano psíquico, do grau
ES

de humilhação, da diminuição da autoestima, etc, se a própria conduta criminosa


empregada pelo agressor já está imbuída de desonra, descrédito e menosprezo ao valor da
mulher como pessoa e à sua própria dignidade. O que se há de exigir como prova, mediante
M

o respeito às regras do devido processo penal – notadamente as que derivam dos princípios
do contraditório e da ampla defesa –, é a própria imputação criminosa – sob a regra,
GO

decorrente da presunção de inocência, de que o onus probandi é integralmente do órgão de


acusação –, porque, uma vez demonstrada a agressão à mulher, os danos psíquicos dela
resultantes são evidentes e nem têm mesmo como ser demonstrados. Diante desse
E

quadro, a simples relevância de haver pedido expresso na denúncia, a fim de garantir


o exercício do contraditório e da ampla defesa, é bastante para que o Juiz
PP

sentenciante, a partir dos elementos de prova que o levaram à condenação, fixe o


LI
FE
valor mínimo a título de reparação dos danos morais causados pela infração

M
perpetrada, não sendo exigível produção de prova específica para aferição da profundidade
e/ou extensão do dano. O merecimento à indenização é ínsito à própria condição de vítima

GO
de violência doméstica e familiar. O dano, pois, é in re ipsa. (STJ, 3ª Seção, REsp
1.643.051, j. 28/02/2018, Recurso Repetitivo, Tema 983, Informativo 621)

15. Informativo 621/STJ

PE
Tema: unificação das penas e superveniência do trânsito em julgado de sentença condenatória.

IP
Ausência de previsão legal para alteração da data-base.

EL
A alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios, em razão
da unificação das penas, não encontra respaldo legal.
As Turmas que compõem a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em

-F
consonância com a compreensão do Supremo Tribunal Federal acerca do tema, possuíam
o entendimento pacificado de que, sobrevindo condenação definitiva ao apenado, por fato
anterior ou posterior ao início da execução penal, a contagem do prazo para concessão de

44
futuros benefícios seria interrompida, de modo que o novo cálculo, realizado com base no
somatório das penas, teria como termo a quo a data do trânsito em julgado da última

67
sentença condenatória. Entretanto, da leitura dos artigos 111, parágrafo único, e 118, II, da
Lei de Execução Penal, invocados para sustentar o posicionamento mencionado, apenas se

32
conclui que, diante da superveniência do trânsito em julgado de sentença condenatória,
caso o quantum de pena obtido após o somatório não permita a preservação do regime
atual de cumprimento da pena, o novo regime será então determinado por meio do

44
resultado da soma, de forma que estará o sentenciado sujeito à regressão. Assim, sequer
a regressão de regime é consectário necessário da unificação das penas, porquanto será
54
forçosa a regressão de regime somente quando a pena da nova execução, somada à
reprimenda ainda não cumprida, torne incabível o regime atualmente imposto. Portanto, da
-1
leitura dos artigos supra, não se infere que, efetuada a soma das reprimendas impostas
ao sentenciado, é mister a alteração da data-base para concessão de novos
benefícios. Por conseguinte, deduz-se que a alteração do termo a quo referente à
A

concessão de novos benefícios no bojo da execução da pena constitui afronta ao princípio


da legalidade e ofensa à individualização da pena, motivo pelo qual se faz necessária a
LV

preservação do marco interruptivo anterior à unificação das penas. Ainda que assim
não fosse, o reinício do marco temporal permanece sem guarida se analisados seus efeitos
SI

na avaliação do comportamento do reeducando. Caso o crime cometido no curso da


execução tenha sido registrado como infração disciplinar, seus efeitos já repercutiram no
bojo do cumprimento da pena, pois, segundo a jurisprudência consolidada desta Corte
DA

Superior, a prática de falta grave interrompe a data-base para concessão de novas


benesses, à exceção do livramento condicional, da comutação de penas e do indulto.
Portanto, a superveniência do trânsito em julgado da sentença condenatória não poderia
DA

servir de parâmetro para análise do mérito do apenado, sob pena de flagrante bis in idem.
No mesmo caminho, o delito praticado antes do início da execução da pena não constitui
parâmetro idôneo de avaliação do mérito do apenado, porquanto evento anterior ao início
EI

do resgate das reprimendas impostas não desmerece hodiernamente o comportamento do


sentenciado e não se presta a macular sua avaliação, visto que é estranho ao processo de
M

resgate da pena. A unificação de nova condenação definitiva já possui o condão de


recrudescer o quantum de pena restante a ser cumprido pelo reeducando, logo, a
AL

alteração da data-base para concessão de novos benefícios, a despeito da ausência


de previsão legal, configura excesso de execução, baseado apenas em argumentos
extrajurídicos. (STJ, 3ª Seção, REsp 1.557.461, j. 22/02/2018, Informativo 621)
ES

O sujeito pratica a falta grave durante o livramento condicional  isso não altera a data-base no
âmbito do livramento.
M
GO

Só altera a data-base de praticar a faltar grave em relação à progressão do regime. Aí, se tem o
reinício da contagem do zero. (Súmula 534, STJ)

Súmula 534. A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de
E

regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.


PP
LI
FE
16. Execução Penal e alteração da data-base

M
Livramento condicional: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento

GO
condicional (Súmula 441 do STJ).

Progressão de regime: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a


progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento

PE
dessa infração (Súmula 534 do STJ).

Comutação da pena ou indulto: A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de

IP
comutação de pena ou indulto (Súmula 535 do STJ).

EL
Saída temporária e trabalho externo: A prática de falta grave durante o cumprimento da
pena não acarreta a alteração da data-base para fins de saída temporária e trabalho externo

-F
(STJ, 5ª T., AgInt no REsp 1713617, j. 01/03/2018).

44
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32
44
54
-1
A
LV
SI
DA
DA
EI
M
AL
ES
M
GO
E
PP
LI
FE

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