No filme Enrolados, a protagonista Rapunzel é subordinada aos interesses pessoais
doentios de uma bruxa, que a manipula, o que faz com que ela viva 18 anos presa numa torre e confie apenas em sua “mãe”. Não tão diferente dessa obra literária, atualmente, parte das crianças e adolescentes sofrem abusos morais e psicológicos constantes e têm suas infâncias marcadas pela alienação parental, o que resulta em malefícios para esses pequenos indivíduos que se encontram nos primeiros anos de suas vidas. A priori, o alienamento é caracterizado pelo afastamento do filho de um de seus genitores, provocado por aquele que possui a guarda. De acordo com o artigo 3° da Lei 12.318 de 2010, “a prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda”, logo, cercear o contato de uma criança ou adolescente com seu genitor é inconstitucional. Ademais, a Associação de Pais e Mães Separados (Apase) estima que 80% dos filhos de pais separados sofrem com o problema em algum grau. Quando ocorre a ruptura conjugal e um dos pais não consegue aceitar o luto da separação, começa um processo de destruição, vingança e desmoralização do ex-cônjuge. Nesse processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento de agressividade afetando assim o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança. Por outro lado, há relatos de que, na maioria das vezes, a mãe é o agente alienador, visto que, geralmente, a mulher tem preferência na escolha de guarda, o que evidencia a gravidade da questão. Vale ressaltar que, tal ato, gera danos irreparáveis e acarreta em sérios problemas psicológicos, como a depressão. Sendo assim, torna-se imprescindível enfrentar essa mazela para garantir uma melhora no desenvolvimento infantil. Destarte, torna-se evidente que tal situação urge por uma solução cabível. Compete ao Ministério da Justiça, junto ao Conselho Tutelar e à mídia, realizar campanhas de conscientização com os cônjuges que se encontram em processo de divórcio e investir em estudos e ações publicitárias acerca do assunto, afim de, também esclarecer a população em geral. E por fim, cabe ao Ministério da Saúde realizar acompanhamento biopsicossocial das crianças que sofreram com a alienação parental, afim de tentar recuperar os danos causados por tal mazela. Para que, assim, não se tenha indivíduos como mamãe Gothel, que aprisionem seus filhos em torres, tal qual Rapunzel.