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HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

LAURO WANDERLEY-EBSERH
AGÊNCIA TRANSFUSIONAL

Manual de Transfusão
Sanguínea

Junho de 2015
Apresentação

A terapia transfusional é um procedimento que envolve riscos,


mesmo sendo realizada por meio de indicação precisa, respeitando
todas as normas técnicas preconizadas. Há sempre um risco potencial
de ocorrer reações transfusionais, quer sejam imediatas ou tardias.

Surge, portanto, a necessidade de se garantir segurança e qualidade


do sangue e hemocomponentes oferecidos aos pacientes. Visando
este fim, um controle das ações realizadas pelos profissionais
responsáveis, desde a captação dos doadores até a administração no
paciente, se faz necessário. Torna-se imprescindível, também, a
participação do médico assistente na indicação correta da transfusão,
promovendo a utilização racional de hemocomponentes e
hemoderivados, além do devido preenchimento das requisições, com
letras legíveis. Medidas estas, indispensáveis para evitar a troca de
pacientes e de amostras coletadas.

A Coordenação do Serviço de Hematologia, a Agência Transfusional e


o Comitê Transfusional deste hospital se reuniram com o objetivo de
normatizar a prescrição e aplicação dos hemocomponentes, com o
propósito final de elaborar um manual que possa servir de referência,
com diretrizes na conduta transfusional. Foi proposta uma discussão
mais ampla, envolvendo toda a comunidade do hospital,
encaminhada a todas as clínicas, um esboço deste documento, sendo
exposto a sugestões e críticas. Ao final deste período, foi elaborado o
Manual de Transfusão Sanguínea do Hospital Universitário Lauro
Wanderley-EBSERH, com a contribuição de todo o corpo clínico,
enriquecido com valiosas informações, provenientes de profissionais
de diversas especialidades. Esta foi uma forma de aproximar os
profissionais da saúde às questões da hemoterapia de nosso hospital,
buscando um compromisso com a qualidade do atendimento aos
nossos pacientes.

O objetivo maior deste Manual é de auxiliar, de forma simplificada, a


prática hemoterápica, servindo como resumo das principais
indicações transfusionais, suas doses e quantidades, assim como seus
efeitos adversos e a conduta frente aos mesmos.

Dra. Maria Angelina Cartaxo F. Fernandes


Médica Hematologista
Elaboração
Mariana Nóbrega Santos Vita (Bioquímica)
Maria Angelina Cartaxo F. Fernandes ( Hematologista)
Gilson Espinola Guedes Filho (Hematologista)
Zailton Bezerra de Lima Junior (Cirurgião)
Maria de Lourdes Vieira de Sá ( Técnica de Laboratório)
Maria das Dores Menezes (Técnica de laboratório)
Sandra Regina Viegas Ferreira ( Assistente Social)

Revisão

Conteúdo
Capítulo 1 – Considerações Gerais Sobre Transfusão Sanguínea
Capítulo 2 – Comitê Transfusional
Capítulo 3 – Doação de Sangue
Capítulo 4 – Hemocomponentes e Hemoderivados
Capítulo 5 - Reserva Cirúrgica de Hemocomponentes
Capítulo 6 – Reações Transfusionais
Referências Bibliográficas
Capítulo 1
Considerações Gerais Sobre Transfusão Sanguínea

A Portaria 2712/2013 do Ministério da Saúde é o regulamento técnico


vigente que orienta e normatiza os procedimentos hemoterápicos no país.
“Este regulamento técnico tem o objetivo de regular a atividade
hemoterápica do país, no que se refere à captação, proteção ao
doador e ao receptor, coleta, processamento, estocagem,
distribuição e transfusão de sangue e seus derivados, para
diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças”. (Portaria
2712/2013)
 É importante lembrar que toda transfusão de sangue traz em si um
risco, imediato ou tardio, devendo ser criteriosamente indicada.
Portanto, em casos de cirurgias eletivas, devem ser consideradas
ações que reduzam o consumo de hemocomponentes alogênicos,
como métodos que diminuam sangramentos e realização de doação
autóloga.
 Todo paciente candidato à transfusão deve ser esclarecido sobre o
procedimento, seus riscos e benefícios, e que, apesar de todos os
testes sorológicos e de compatibilidade doador-receptor, ainda há
possibilidade de ocorrer reação transfusional, variando de uma
simples urticária até a contaminação por agentes infecciosos e
bacterianos.
 Para melhor atendimento da Agência Transfusional, é necessário que
a solicitação de hemocomponentes esteja devidamente preenchida,
informando nome e registro do paciente no hospital, idade e sexo,
indicação clínica da transfusão, medicamentos em uso, histórico de
outras transfusões, CID do paciente, entre outras informações, para
que se possa selecionar o melhor hemocomponente a ser
transfundido.

 As transfusões devem ser classificadas como:


 Programada;
 Não urgente;
 Urgente;
 De extrema urgência.
Esta classificação é feita com o intuito de sinalizar a Agência Transfusional
sobre a gravidade do paciente. Nos casos de extrema urgência, não há
tempo suficiente para realizar os testes pré-transfusionais, portanto é
preconizado transfundir hemocomponente GS/Rh O-(neg), enquanto os
testes de compatibilidade são realizados. Caso alguma fase do teste seja
incompatível, deve-se comunicar o médico assistente e interromper a
transfusão imediatamente.
 Toda transfusão sanguínea deve ser realizada durante, no máximo, 4
horas, devendo a bolsa ser retirada e descartada caso atinja o tempo
limite.
 Nenhuma transfusão pode ser infundida em acesso venoso
concomitante com qualquer tipo de medicação.
 Pacientes com febre podem ser transfundidos e, para isso, devem ser
medicados previamente à transfusão com antitérmico, e a febre deixa
de ser um parâmetro avaliado para reação transfusional.
 A utilização de equipo com filtro para retenção de partículas
(exemplo: coágulos) é obrigatório, assim como a permanência do
técnico de enfermagem à beira do leito durante os 10 primeiros
minutos da transfusão.

Capítulo 2
Comitê Transfusional

O Comitê Transfusional é formado por um grupo de profissionais de


diferentes especialidades com o intuito de definir e avaliar a prática
hemoterápica e hemovigilância no Hospital. Dentre os membros do Comitê
constam um médico hematologista, um médico cirurgião, um enfermeiro,
um bioquímico e um assistente social.

2.1 Funções do Comitê Transfusional

 Melhorar as práticas hemoterápicas do Hospital;


 Aumentar a segurança transfusional;
 Reduzir os erros transfusionais;
 Promover educação e atualização continuadas em hemoterapia.
 Analisar as solicitações de hemocomponentes antes e/ou depois da
liberação para uso.
 Acompanhar o monitoramento das reações transfusionais;
 Desenvolver protocolos para otimizar as condutas do serviço de
hemoterapia.
 Obedecer a exigência legal da Portaria 2712/2013 do Ministério da
Saúde.

O Comitê Transfusional tem o dever de divulgar ao hospital, as suas


funções, área de atuação, composição, rotina e como os profissionais
poderao acessá-lo (fluxo de informações dentro de cada instituição). Deve
se manter atualizado nos temas pertinentes a hemoterapia e
hemovigilância. O CT deve contar com representantes médicos e
enfermeiros dos serviços que frequentemente prescrevem transfusão. As
reuniões do CT devem ser frequentes ( 1 por mês, no mínimo) e
documentadas em ata. É de interesse do CT fazer a revisao critica da
pratica hemoterapica na instituicao, tendo como objetivo final o uso seguro
e racional do sangue.
Capítulo 3
Doação de Sangue

A doação de sangue é um ato voluntário realizado no Hemocentro, no


qual são retirados em média 450 ml de sangue do doador. Este
procedimento tem duração de 30 minutos e compreende: triagem,
preenchimento de formulário de consentimento e a doação propriamente
dita. Cada doação de sangue total pode originar até 4 hemocomponentes
diferentes, ajudando, consequentemente, 4 pacientes diferentes.

3.1. Quem pode doar sangue:


 Ter entre 16 anos e 65 anos (doadores entre 16 e 17 anos com
consentimento formal do responsável legal)
 Ter peso acima de 50 kg;
 Se homem, não pode ter doado há menos de 60 (90) dias;
 Se mulher, não pode ter doado há menos de 90 (120) dias;
 Ter passado pelo menos três meses de parto ou aborto;
 Não estar grávida;
 Não estar amamentando;
 Ter dormido pelo menos seis horas antes da doação;
 Não ter feito tatuagem, piercing ou acupuntura há menos de um ano;
 Não ter recebido transfusão de sangue ou hemoderivados a menos de
um ano;
 Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 24 horas que antecedem a
doação;
 Não ser portador de doenças infecto-contagiosas como sífilis, doença
de chagas e HIV, Hepatite B e C;
 Estar alimentado e com intervalo mínimo de duas horas após o
almoço.

3.2 Quem não pode doar sangue:


• Tem ou teve um teste positivo para HIV, Hepatite B e C.
• Teve hepatite após os 10 anos de idade.
• Tem doença de Chagas.
• Recebeu enxerto de duramater.
• Teve algum tipo de câncer, incluindo leucemia.
• Tem graves problemas no pulmão, coração, rins ou fígado.
• Tem problema de coagulação de sangue.
• É diabético com complicações vasculares.´
 É hipertenso grave.
• Teve tuberculose extrapulmonar.
• Já teve elefantíase, hanseníase, Calazar ou malária.
• Se foi submetido a transplante de órgãos ou de medula óssea.
 Teve contato com múltiplos parceiros ocasionais sem uso de
preservativo.

3.3 Impedimentos temporários:


• Febre
• Gripe ou resfriado
• Gravidez
• Pessoas que adotaram comportamento de risco para doenças
sexualmente transmissíveis.

Capítulo 4
Hemocomponentes e Hemoderivados

Os hemocomponentes são frações do sangue obtidas a partir de


processos físicos como centrifugação e congelamento. Podem ser obtidos
através de doação de sangue total ou doação por aférese. Os
hemocomponentes se dividem em: concentrado de hemácias, plasma
fresco, concentrado de plaquetas, concentrado de granulócitos e
crioprecipitado.
Os hemoderivados são produzidos em escala industrial através de processos
químicos realizados a partir do plasma, de onde são retiradas e separadas
proteínas específicas, como as proteínas de coagulação. Por exemplo:
fatores de coagulação, imunoglobulina liofilizada e albumina.

4.1. Concentrado de Hemácias


O Concentrado de Hemácias é obtido a partir da centrifugação de uma bolsa
de sangue total, removendo-se uma fração do plasma da massa
eritrocitária. Apresenta volume entre 250 e 350 ml, contendo ainda
pequena quantidade de plasma, leucócitos e plaquetas. Deve ser mantido
em temperatura entre 2 a 6ºC.

4.1.1. Indicações
A transfusão de concentrado de hemácias (CH) deve ser realizada para
tratar, ou prevenir iminente e inadequada liberação de oxigênio (O2) aos
tecidos.
 O concentrado de hemácias é indicado para tratar ou corrigir anemia
ou sangramento agudos do paciente. A solicitação baseia-se,
geralmente, nos valores de hemoglobina e hematócrito.

Valor de Hemoglobina Indicação


Menor que 6,0g/dL É indicativo de transfusão devido ao risco de
hipóxia tecidual.
Não tem indicação de transfusão, a menos
Maior que 10g/dL que haja sangramento ou outra patologia
que a justifique.
Devem ser bem avaliados pelo médico
De 7 a 10g/dL assistente, devendo ser transfundido
somente se o benefício for maior do que o
risco para o paciente.

 Em hemorragias, a transfusão de CH é recomendada após perda


volêmica superior a 30% da volemia total;
 Cada unidade de Concentrado de Hemácias aumenta, em média,
1g/dL os níveis de Hemoglobina e 3% do hematócrito do paciente;
 Deve ser transfundido em 2 horas, em média, a depender do quadro
clínico do paciente;
 Velocidade de Infusão (Gotejamento): Nos primeiros quinze minutos da
infusão, o gotejamento deve ser lento (em média 15 gotas/minuto),
após este período ficará a critério médico, de acordo com o quadro
clínico do paciente.
 Obs.: Pacientes em tratamento com hemodiálise devem receber
transfusão durante o procedimento para evitar sobrecarga
volêmica. O Concentrado de Hemácias selecionado para este fim deve
ser novo (no máximo 5 dias após a doação).
 Caso o CH enviado ao Bloco Cirúrgico seja devolvido, deve-se deixá-lo
em observação por 24 horas para verificar grau de hemólise das
hemácias.

4.1.2 Transfusão de CH em crianças

Recém-nascidos até 4 meses de vida:


 Considerar recém-nascido (RN) até 28 dias de vida;
 RN < 1.200 g de peso: deve-se utilizar hemocomponentes
leucorreduzidos ou não reagentes para CMV;
 Volume a transfundir: 10 a 15 ml/kg de peso;
 Só utilizar hemocomponentes coletados com menos de 5 (cinco) dias.
 A transfusão de CH deve ser compatível com o soro materno, pois a
expressão dos antígenos do bebê ainda está incompleta. A pesquisa de
anticorpos irregulares (PAI) também deve ser feita com o soro da
mãe;
Crianças com mais de 4 meses de vida:
 As transfusões devem ser ABO e RhD compatíveis com sangue da
criança.

4.1.3 Transfusão de extrema urgência

É o tipo de transfusão em que não é possível aguardar o término dos testes


pré-transfusionais pelo risco do paciente evoluir a óbito. É indicado utilizar
concentrados de hemácias do tipo O negativo em crianças e mulheres em
idade fértil, e O positivo em homens. Apesar do início das transfusões, é
obrigatório continuar os testes pré-transfusionais e, caso haja alguma
incompatibilidade, deve-se informar ao médico assistente e ele decidirá o
risco/benefício de continuar a transfusão.

4.1.4 Tipos

Tipo de Concentrado de Características


Hemácias

Obtido por processo de separação do


CONCENTRADO DE HEMÁCIAS sangue total, após a doação sanguínea.
RICO EM LEUCÓCITOS (CH) Ideal para pacientes que serão
transfundidos pela primeira vez, ou que
nunca apresentaram reação
transfusional.
Retiram-se mais de 90% dos leucócitos
(leucorredução), com um filtro contido
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS na bolsa plástica. Procedimento feito no
POBRE EM LEUCÓCITOS (CHPL) Hemocentro. Sua obtenção é mais
rápida do que CHF. Indicado para
pacientes politransfundidos, com
distúrbios hematológicos (Leucemias/
Linfomas), pediátricos e que já
apresentaram reação transfusional a
CH.

Retiram-se mais de 90% dos leucócitos


(leucorredução), utilizando-se um filtro
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS de bancada. Este hemocomponente
FILTRADAS (CHF) pode ser utilizado na falta de CHPL.
Processo realizado no Hemocentro.
Indicado para pacientes
politransfundidos, com distúrbios
hematológicos (Leucemias/ Linfomas) e
pediátricos e que já apresentaram
reação transfusional a CH.

Retiram-se 99,9% dos leucócitos


(leucorredução), com um filtro contido
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS na bolsa plástica. Procedimento mais
DESLEUCOCITADAS (CHD) rápido do que CHF. Pouca
disponibilidade no Hemocentro.
Indicado para pacientes
politransfundidos, com distúrbios
hematológicos (Leucemias/ Linfomas),
pediátricos e que já apresentaram
reação transfusional a CH.

Retiram-se mais de 99,9% dos


CONCENTRADO DE HEMÁCIAS leucócitos (leucorredução), e também
LAVADAS (CHL) as proteínas plasmáticas. Processo
lento, feito no Hemocentro. Ideal para
pacientes que apresentaram reação
transfusional a PFC, CP e CRIO.

4.2 Concentrado de Plaquetas

As plaquetas são derivadas dos megacariócitos, encontrados


fisiologicamente na medula óssea. Atuam na fase primária da coagulação.
São obtidas a partir da centrifugação do plasma e devem ser estocadas à
temperatura ambiente (22ºC), sob agitação constante. O CP tem validade
de 5 dias, contados a partir da doação.

4.2.1 Indicações
A indicação de transfusão de plaquetas está associada à
plaquetopenia devido à falência medular;
 Transfundir sempre que houver contagem inferior a 10.000/l, se a
contagem for inferior a 20.000/l com fatores associados, tipo: febre,
hemorragias, alterações de hemostasia, queda rápida da contagem de
plaquetas, quimioterapia. Procedimentos cirúrgicos são aconselhados
somente com contagens superiores a 50.000/l.
 A transfusão de plaquetas ABO incompatíveis pode ser feita, desde
que seja administrado antialérgico previamente à transfusão;
 Tempo de infusão deve ser de 30 minutos em pacientes adultos ou
pediátricos;
 CIVD;
 Sangramento em pacientes com defeito qualitativo plaquetário;
 Para transfusões profiláticas (contagem superior a 25.000/l):
 Adultos > 55kg de peso: dose mínima de 8-10U de CP
unitários ou 1 CPaférese;
 Pacientes menores: dose de 1U de CP unitários para cada
10kg de peso.

4.2.2 Tipos de Concentrado de Plaquetas


 Concentrado de plaquetas (CP): Obtido por processo de
separação do sangue total. Apresenta volume de 50-60 mL.
 Pool de Plaquetas (CPool): As plaquetas são extraídas da
camada leuco-plaquetária de uma bolsa de sangue total, sendo
agrupadas em pools de 4 a 5 unidades. Tem validade de 5 dias,
assim como o CP randômico. Volume de 250-300 mL.
 Concentrado de Plaquetaférese (CPAférese): Obtido de um
doador único, reduzindo risco de reação transfusional. Processo
especial de doação sanguínea, sendo necessário agendamento
prévio com o Hemocentro. Cada doação equivale a 8-10 CP
randômicas. Também tem validade de 5 dias. Volume médio de
250 mL.

 Situações especiais:
Dengue hemorrágica – transfusão de Concentrado de Plaquetas
somente diante de hemorragia SNC.
 Contra-indicações:
 Púrpura Trombocitopênica Trombótica (P.T.T.);
 Síndrome Hemolítica Urêmica;
 Síndrome Helpp;
 Púrpura Pós transfusional.

 Equivalência de doses:
 6 a 8 CP randômicos;
 1 unidade de pool de concentrado de plaquetas obtidos a partir
de 4 – 5 doações de sangue total;
 1 unidade de concentrado de plaquetas obtida através de 1
doação de aférese.

4.3 Plasma Fresco Congelado


O plasma é uma fração do sangue composta primariamente de água,
com cerca de 7% de proteínas e 2% de carboidratos e lipídeos. O chamado
plasma fresco congelado é preparado a partir do sangue e congelado no
período de 8 horas, após a coleta. Pode ser armazenado até um ano em
temperaturas iguais ou inferiores a -18ºC. O volume de uma unidade de
plasma congelado fresco é de 200-250 ml. É usado primariamente como
terapêutica de substituição de fatores da coagulação em quantidade
deficiente no paciente.
 Uma vez descongelado deve ser utilizado em até 24 horas, se
mantido a temperatura de 2 a 6°C ou em 4 horas, se mantido em
temperatura ambiente;
 Descongelar em banho-maria, dentro de saco plástico limpo, a 37º C;
 O tempo máximo de infusão deve ser de 1 hora;
 Bolsas com aspecto leitoso (lipêmico) devem ser descartadas do uso
para transfusão;
 Caso não seja utilizado assim que descongelado, deve-se colocar o
horário em que foi descongelado em etiqueta presa à bolsa.

4.3.1 Indicações
 Deficiência de fatores da coagulação, congênita ou adquirida (quando
não se tem produto industrializado);
 Hepatopatias;
 Sangramento intenso com coagulopatia;
 Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD);
 Púrpura Trombocitopênica Trombótica (P.T.T.)

4.3.2 Contra-indicações
 Como expansor volêmico;
 Em sangramentos sem coagulopatia;
 Para correção de testes anormais de coagulação, sem sangramento;
 Grandes queimaduras e septicemias;

Atenção: Não se justifica a utilização do plasma para se


obter volume sangüíneo ou como fonte de proteínas,
pois existem outros produtos específicos
(industrializados) para estes casos!

É proibida, pelo Ministério da Saúde, a utilização regular de Plasma em


pacientes Hemofílicos, pois atualmente existem hemoderivados específicos
para estes.
4.4 Crioprecipitado

É a fração insolúvel do plasma a frio. Obtido a partir do


descongelamento até 4°C de uma unidade de PFC. Assim como o plasma,
deve ser mantido em temperatura inferior a -18°C e validade de 1 ano. O
volume varia de 10 a 20ml e contem, em média, 80 UI Fator VIII e 150 mg
de fibrinogênio. Após o descongelamento, deve ser transfundido em até 4
horas, se mantido em temperatura ambiente. Deve ser descongelado
também a 37°C, acondicionado em bolsa plástica seca e limpa. Não pode
ser recongelado.
É composto por:
 Fibrinogênio – 150mg;
 Fator VIII – 80-120 UI;
 Fator XIII – 20 a 30% da quantidade inicial;
 Fator de Von Willebrand – 40 a 70% da quantidade inicial.
4.4.1 Indicações:
 Hipofibrinogenemia;
 Disfibrinogenemia;
 Doença de Von Willebrand, quando não houver o fator
industrializado;
 Deficiência de fator VIII, quando não houver o fator industrializado.

4.5. Hemoderivados
São medicamentos produzidos em escala industrial, obtidos a partir
do plasma sanguíneo. São utilizados para doenças como:

 Hemofilia

 Doença de Von Willebrand

 Coagulopatias raras

 Imunodeficiência primária.

Os tipos mais freqüentes de hemoderivados disponíveis no Brasil são:

 Albumina: para pacientes queimados, com cirrose e de UTI’s.


 Complexo protombínico: conjunto de proteínas que atua na
coagulação sanguínea, indicado para o tratamento de alguns casos de
hemofilia A e B e de pacientes com sangramento devido à cirrose
hepática. Também pode ser usado no processo de recuperação de
pessoas que utilizam medicamentos anticoagulantes e apresentam
hemorragias.
 Fator VIII: proteína da coagulação utilizada no tratamento de pessoas
com hemofilia A.
 Fator IX: Proteína da coagulação utilizada no tratamento de pessoas
com hemofilia B.
 Fator de von Willebrand: proteína de coagulação indicada para o
tratamento da doença de von Willebrand.
 Imunoglobulina: hemoderivado de maior consumo no mundo,
empregado no tratamento de pessoas com Aids e outras deficiências
imunológicas, além de doenças autoimunes e infecciosas.

Capítulo 4
Hemocomponentes e Hemoderivados

O conhecimento e análise do consumo de hemocomponentes pelo paciente


submetido à intervenção cirúrgica são de fundamental importância para que
a Agência Transfusional (AT) do Hospital possa prover um serviço
transfusional rápido, eficaz e seguro.
Tal consumo é bastante variável para cada cirurgia, portanto é
necessário que cada serviço realize um levantamento do número de
hemocomponentes utilizados em cada procedimento e elabore uma tabela.
Estes números servirão como guia no momento da solicitação de
hemocomponentes para reserva cirúrgica, evitando gastos excessivos com
compatibilizações desnecessárias e comprometimento do estoque da AT.
Abaixo, apresentamos a tabela disponibilizada pelo Hospital Sírio
Libanês, elaborada e publicada em 2010 por seu Comitê Transfusional
Multidisciplinar.
Tendo em mente que em cada regra há exceções, e que os pacientes
são individualizados, alterações podem e devem ser feitas, sempre que
necessário.
Considerando-se exclusivamente a utilização de concentrado de
hemácias para cada cirurgia, pode-se classificar a mesma pelo índice de
pacientes transfundidos (IPT):

IPT= nº de pacientes transfundidos x 100


nº de cirurgias realizadas

Quando IPT for maior que 10%, recomenda-se a compatibilização de


sangue previamente à cirurgia (número de unidades compatibilizadas será
determinado pela média utilizada por paciente); quando for entre 1 e 10%,
recomenda-se que seja realizada a tipagem sanguínea (TS) previamente;
quando for menor que 1%, não se recomenda qualquer preparo
hemoterápico prévio.
Exceção a este último grupo ocorre em casos sabidamente complexos ou
cirurgias em que a demora em prover hemocomponentes pode resultar em
óbito, portanto, justificando algum preparo hemoterápico prévio.

Orientações básicas:
 A solicitação de tipagem sanguínea e componentes de reserva devem
ser feitas no intervalo mínimo de 48 h pela equipe cirúrgica, com
assinatura e carimbo do médico, na Requisição de Transfusão. No
campo INDICAÇÃO DA TRANSFUSÃO/ DIAGNÓSTICO, especificar que
se trata de reserva para procedimento cirúrgico (especificar o tipo de
cirurgia), data e hora agendados para a cirurgia.
 Caso a cirurgia seja antecipada ou adiada, é imprescindível que a
Agência Transfusional seja notificada, para realização dos testes pré-
transfusionais ou retirada dos hemocomponentes reservados,
respectivamente.

A reserva cirúrgica garante ao médico e ao paciente segurança no


intra e pós-operatório, mas é importante que o médico se lembre que no
momento em que um hemocomponente está reservado para um, outros
pacientes serão privados deste, portanto deve-se pedir com cautela e bom
senso os tipos e quantidades de hemocomponentes para reserva.

Desta forma, a recomendação atual de preparo hemoterápico para


diversas cirurgias é apresentada na Tabela I:

CIRURGIA PROPOSTA
Aneurisma Aorta Torácico 3
Aneurisma Aorta Abdominal 3
Aneurisma Aorta Abdominal Endoprótese 1
Aneurisma Aorta Abdominal Roto 4
Aneurisma Aorta Tóraco Abdominal 4
Aneurisma Aorta Tóraco Abdominal Roto 4
Abdominoplastia 0
Adenoamidalectomia 0
Adrenalectomia TS
Amputação de perna Depende do
paciente
Anastomose bileo digestiva biliodigestiva TS
Angioplastias (femural, ilíaca, poplítea, renal..) TS
Artrodese de Coluna TS
Artroplastia de Ombro 0
Artroplastia temporo mandibular 0
Artroplastia total joelho TS
Atresia de Vias Biliares Depende do
paciente
Biópsia de mama com congelação 0
Biópsia Hepática por Vídeo TS
Biópsia pulmonar a céu aberto TS
Biópsia renal laparoscópica 0
Broncoscopia rígida 0
Cardíaca congênita 3
Cardíaca válvula 3
Cervicotomia exploradora TS
Cistectomia Parcial 1
Cistectomia radical 3
Cistectomia radical + reservatório ileal 3
Cistoprostatectomia 3
Cistoprostatectomia radical + neo bexiga ileal 3
Cistostomia 0
Colecistectomia 0
Colectomia Depende do
paciente
Colectomia laparoscópica TS
Colocação de perm-cath Depende do paciente
Colocação de porto-cath Depende do paciente
Colpoperineorafia 0
Cordotomia 0
Correção de escoliose 0
Correção de eventração abdominal TS
Correção de fistula anal 0
Correção de pectus escavado TS
Cranioestenose 1
Cranioplastia TS
Craniotomia para hematoma intra parenquimatoso TS
Craniotomia para hematoma subdural 1
Craniotomia para aneurisma 1
Craniotomia para tumor TS
Criptorquidia 0
Curetagem uterina 0
Decorticação pulmonar TS
Descompressão de coluna cervical TS
Divertículo uretral 0
Drenagem pericárdio por vídeo 1
Duodenopancreatectomia 1
Derivação Ventrículo Peritoneal 0
Embolectomia vascular/ Exploração arterial TS
Endarterectomia de carótida 0
Enterectomia laparoscópica TS
Enucleação de olho 0
Enucleação de tu renal TS
Enxerto de pele 0
Enxerto ósseo 0 0
Enxerto vascular (femural, poplíteo, ilíaco) 1
Esofagectomia 3
Esofagogastrectomia 3
Esofagogastrofundoplicatura TS
Esofagogastroplastia TS
Esplenectomia Depende do
paciente
Exerese de cisto de ovário 0
Exerese de nódulo de mama 0
Exerese de paraganglioma TS
Fechamento Comunicação Inter Ventricular pós Infarto Agudo do 2
Miocárdio
Fechamento de ileostomia 0
Filtro de cava 0
Fístula arteriovenosa 0
Gastrectomia parcial Depende do
paciente
Gastrectomia sub total 2
Gastrectomia total 2
Gastroenteroanastomose TS
Gastroplastia 1
Gastroplastia com banda gástrica 0
Glossectomia TS
Hemicolectomia 2
Hemipelvectomia 3
Hemorroidectomia 0
Hepatectomia 3 CH+ 03 PFC ( a
depender do
paciente)
Hérnia abdominal incisional 1
Hérnia de hiato 0
Hérnia inguinal 0
Hipofisectomia transesfenoidal TS
Histerectomia laparoscópica 0
Histerectomia Vaginal 0
Histerectomia Total Abdominal 1
Implante de marcapasso 0
Laminectomia TS
Laparoscopia diagnóstica TS
Laparoscopia ginecológica 0
Laparotomia exploradora 1
Laparotomia ginecológica TS
Laringectomia total 1
Linfadectomia inguinal, ilíaca, pélvica 0
Linfadenectomia retroperitoneal 1
Lipoaspiração 0
Lobectomia 1
Lombotomia exploradora 0
Mamoplastia 0
Mandibulectomia TS
Mastectomia TS
Mastectomia radical 1
Mastoidectomia 0
Mediastinoscopia 0
Miomectomia 0
Nefrectomia TS
Nefrectomia radical 2
Nefrolitotripsia 0
Nefroureterectomia TS
Neurólise 0
Orquiectomia 0
Osteossíntese (úmero, tíbia) 0
Osteossíntese de fêmur 1
Osteotomia 0
Otoplastia 0
Pancreatectomia corpocaudal 2
Paratireoidectomia 0
Parotidectomia 0
Pericardiectomia TS
Perineoplastia 0
Pieloplastia 0
Piloroplastia laparoscópica 0
Pleuroscopia 0
Postectomia 0
Prostatectomia 1
Prostatectomia radical 2
Prótese de esôfago 0
Prótese de Thompson TS
Prótese total de quadril 1
Quadrantectomia 0
Reimplante ureteral 0
Ressecção de costela TS
Ressecção de nódulo hepático Depende do
paciente .
Ressecção de nódulo pulmonar Depende do
paciente
Ressecção de nódulo de mama 0
Ressecção de tu de mediastino 2
Ressecção de tu de parede abdominal 1
Ressecção de tu de pelve 2
Ressecção de tu de vagina e reto 1
Ressecçao de tu endobronquico TS
Ressecção de tu intra abdominal 2
Ressecção de tu nasal 0
Ressecção tu vulva 0
Retosigmoidectomia 1
Retosigmoidectomia laparoscópica 1
Revascularização de miocárdio 2
Revisão de prótese total de joelho TS
Revisão de prótese total de quadril 2
Rinoplastia 0
Ressecção transureteral de bexiga 0
Ressecção transureteral de próstata TS
Safenectomia 0
Segmentectomia pulmonar Depende do
paciente
Setorectomia de mama 0
Simpatectomia torácica, lombar 0
Timectomia TS
Tireodectomia Depende do
paciente
Toracofrenolaparotomia 2
Toracotomia exploradora 1
Toracoscopia TS
Transplante de fígado doador TS
Transplante de fígado receptor Depende do
paciente (
Necessidade
de 04 + 04
PFC)
Transplante de rim doador TS
Transplante de rim receptor 1
Ureterolitotripsia 0
Uretrocistopexia 0
Uretrotomia interna 0
Vaginectomia TS
Varizes bilateral 0
Vasectomia 0
Vulvectomia TS
Retirada extensa de tumor 2
Retirada extensa de tumor com quimioterapia hipertérmica 4

Capítulo 5
Reação Transfusional

A reação transfusional é toda intercorrência que ocorra com o


paciente durante ou após sua administração. Pode ser classificada em aguda
ou crônica, e imune ou não imune, e pode ser classificada de acordo com
sua gravidade. Lembramos que reações às transfusões podem ocorrer,
mesmo obedecendo todas as normatizações, além da indicação precisa e
administração correta dos hemocomponentes.
Tabela 2: Tipos de reações transfusionais.

REAÇÃO
IMUNE NÃO IMUNE
TRANSFUSIONAL

Reação febril não hemolítica Contaminação


bacteriana
Reação febril hemolítica Hipotensão por
inibidor ECA
AGUDA Reação alérgica: leve, Sobrecarga de volume
moderada e grave
< 24 horas
TRALI Hemólise não imune
Embolia aérea
hipotermia
hipocalcemia
Aloimunização eritrocitária Hemossiderose
Reação enxerto x hospedeiro
CRÔNICA
Aloimunização plaquetária
> 24 horas
Purpura pós transfusional Doenças infecciosas
Imunomodulação
Hemólise

De acordo com a gravidade da reação:


 Ausência de risco à vida: baixa gravidade, sem ameaça a vida;
 Morbidade em longo prazo: gravidade moderada, com ou sem
ameaça à vida.
 Risco à vida: alta gravidade; ameaça imediata à vida, sem óbito;
 Óbito: morte decorrente da reação transfusional.

5.1. Conduta Clínica


Toda reação transfusional deve ser seguida de alguns procedimentos
básicos, assim que observada:
 Interromper imediatamente a transfusão;
 Abrir o acesso venoso de soro fisiológico 0,9%;
 Comunicar ao médico assistente ou plantonista;
 Verificar e registrar em prontuário os sinais vitais do paciente;
 Verificar todos os registros, formularios e identificacao do receptor.
 Verificar a beira do leito, se o hemocomponente foi corretamente
administrado ao paciente desejado.
 Comunicar a Agência Transfusional (caso tenha sido observada pela
equipe de enfermagem da internação);
 Caso seja confirmada a reação, registrá-la no formulário de reação
transfusional da NOTIVISA;
 Colocar um aviso na AT sobre a reação e que as próximas transfusões
devem ser realizadas com CHPL, CHD ou CHL, dependendo do tipo de
reação.

5.2. Prevenção
 Treinamento dos profissionais da saúde quanto as normas de coleta e
identificação de amostras e do paciente.
 Avaliação criteriosa da indicação transfusional.

 Avaliação das transfusões “de Urgência”.

 Realizar uma história pré-transfusional detalhada, incluindo


diagnóstico e tratamentos anteriores.

 Atenção em todas as etapas relacionadas a transfusão.

 Atenção redobrada na conferência da bolsa e do paciente a beira do


leito.

 Infusão lenta nos primeiros 50ml.

 Após a reação, utilizar somente CHPL, CHD ou CHL nas próximas


transfusões, a depender do tipo de reação observada.

5.3. Tipos mais frequentes de reação transfusional


 Reação Hemolítica Aguda: é a reação mais grave e põe em risco a
vida do paciente, devido à hemólise intravascular. Está relacionada
normalmente à incompatibilidade ABO e pode ocorrer devido a erros
na identificação da amostra de sangue para classificação sanguínea,
identificação errada da bolsa de sangue ou erro na identificação do
paciente. Os sintomas mais comuns são: febre, calafrios, dor lombar
e no local da punção venosa, hemoglobinúria, dificuldade respiratória,
hipotensão e choque. Ainda pode haver CIVD e insuficiência renal.
Coobs direto positivo, discrepância de GS/Rh entre paciente e bolsa e
hemoglobinúria são achados que auxiliam no diagnóstico. Deve-se
hidratar o paciente, acompanhando a diurese, e corrigir a CIVD com
hemocomponentes.

 Reação febril não-hemolítica: é o tipo mais frequente de reação. Pode


ser associada à febre e calafrios. Geralmente ocorre em pacientes
politransfundidos, devido aos anticorpos contra antígenos
leucocitários do CH e citocinas. Antitérmicos e meperidina são
utilizados para debelar a febre e o calafrio, respectivamente. Para
prevenir o aparecimento de outras reações deste tipo, recomenda-se
transfundir hemocomponentes desleucocitados ou filtrados.

 Reação anafilática: reação de hipersensibilidade imediata, mediada


por IgE. O alérgeno é algum anticorpo presente no plasma do doador.
Normalmente ocorre nos primeiros minutos da transfusão, e os
sintomas mais comuns são tosse, broncoespasmo, insuficiência
respiratória, síncope, choque, náusea, dor abdominal hipotensão, e
até óbito. Interromper imediatamente a transfusão, e utilizar
adrenalina e anti-histamínicos são indicados no tratamento da
reação. Deve-se lavar o CH para retirar o máximo possível de
anticorpos plasmáticos.

 Reação alérgica: reação decorrente de alergia do receptor a alguma


substância no plasma do doador, mediada por anticorpos anti-IgE ou
anti-IgG. Os sintomas mains comuns são: urticária, rash cutâneo,
prurido e febre. Para tratar, deve-se utilizar anti-histamínicos, e estes
também podem ser utilizados antes das próximas transfusões.

 TRALI - Lesão Pulmonar Aguda Realacionada à Transfusão: reação


associada a várias etiologias, como: transfusão de anticorpos
dirigidos contra o sistema HLA ou antígenos neutrofílicos que reagem
com leucócitos e plaquetas do receptor, levando a uma sequência de
eventos que aumento a microcirculação pulmonar, permitindo a
passagem de líquido para os alveólos. Demora em média 4 a 6 horas
para aparecer, caracterizada por insuficiência respiratória grave com
febre, dispnéia e choque. Deve-se interromper a transfusão
imediatamente, iniciar suporte de oxigenoterapia e acompanhamento
em UTI de suporte, se possível. É importante utilizar CHL sempre que
possível para reduzir o número de anticorpos plasmáticos.

Outra reações transfusionais podem ser observadas, mas devido a


sua menor frequência, não serão relatadas neste manual.

Tabela 4: Reções transfusionais imediatas.


REAÇÃO SINAIS/SINTOMAS CONDUTA PREVENÇÃO
CLÍNCA

Reação Febre, Tremores Hidratacao (manter Seguir rigorosamente


diurese 100ml/h). todas as normas
Calafrios, Hipotensao
Hemolítica preconizadas desde a
Cuidados de terapia
Taquicardia coleta ate a transfusao.
Aguda intensiva.
Dor (torax, local da infusao,
abdome, flancos)

Hemoglobinúria

I.Renal e CID

Reação Febril Febre (≥ 1°C) Antipireticos no caso Pre-medicação com


de antipireticos Produtos
Calafrios, tremores
Não Hemolítica desleucocitados para
calafrios intensos
casos recorrentes.
Meperidina

Reação Alérgica Prurido, Urticaria, Eritema, A maioria das Nada ate premedicar
Papulas, Tosse, reacoes e benigna e com antihistaminicos.
Leve ou Rouquidao,Dispneia, pode cessar sem
Se RA leve pode
Sibilos, Nauseas e vomitos, tratamento.
Moderada reinstalar o componente.
Hipotensao e choque
Anti-histaminicos

Reação Alérgica Prurido Instituir cuidados de Componentes celulares


lavados ou deficientes
Urticaria terapia intensiva
Grave em IgA.
Eritema (epinefrina,
(Anafilática) antihistaminicos,
Papulas
corticosteroide)
Rouquidao, tosse

Broncoespamo

Hipotensao e choque

TRALI Qualquer insuficiencia Suporte respiratorio Não há unanimidade.


respiratoria aguda Evitar uso de plasma
(Injúria pulmonar relacionada a transfusao feminino e relacionado
relacionada a (ate 6 horas após) e febre
transfusão)

Sobrecarga Dispneia, cianose. Suporte de O2 e Aliquotar o


Taquicardia, hipertensao. diureticos hemocomponente
volêmica
Edema pulmonar Diuretico previo.

Contaminação Tremores intensos Calafrios Instituir cuidados de Seguir rigorosamente


terapia intensiva todas as normas
Febre alta
Bacteriana preconizadas desde a
Antibiotico de amplo
Choque coleta ate a transfusao
espectro

Hipotensão Hipotensao, rubor Ausencia Suspender o inibidor Utilizar componente


de febre, calafrios ou
Terapia de suporte se filtrado no laboratorio
por inibidor da tremores.
necessario
Investigar uso de
ECA
ECA.

Hemólise Não- Oligossintomatica Terapia de suporte se Seguir rigorosamente


necessario
Atencao a presença de todas as normas
Imune
hemoglobinuria e
preconizadas da
hemoglobinemia
coleta a transfusao.

Hipocalcemia Parestesia, tetania, arritmia Infusao lenta de Monitorizacao dos


calcio com
niveis de calcio em
monitorização quem recebe transfusao
periodica dos niveis macica
séricos

Embolia Aérea Dispneia e cianose subita, Deitar paciente em Nao utilizar infusão sob
dor, tosse, hipotensao, decubito lateral pressao se sistema
arritmia cardiaca esquerdo, com as aberto
pernas acima do
tronco e da cabeca.

Hipotermia Desconforto, calafrios, Diminuir o tempo de Aquecer o


queda da temperatura, infusao hemocomponente
arritmia cardiaca e
Aquecimento dos (GV ou PF) se previsto
sangramento por alteracao
globulos vermelhos infusao acima de
da hemostasia
e/ou plasma 15ml/kg/ hora por mais
de 30 minutos.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Boletim de


Hemovigilância nº 5. Outubro de 2012. Copyright. 2012.

BORDIN, J.O., JÚNIOR, DML., COVAS, DT. HEMOTERAPIA - Fundamentos


e Prática. São Paulo:Atheneu, 2007.

BRASIL Portaria 1353/MS, de 13 de junho de 2011. Aprova o regulamento


técnico de procedimentos hemoterápicos. 2011. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br> Acesso em 23 jun 2014.

BRASIL RDC 2712/ANVISA, de 12 de novembro de 2013. Redefine o


regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos. 2013. Disponível
em: <http://portal.saude.gov.br> Acesso em 20 jun 2014.

COMITÊ TRANSFUSIONAL MULTIDISCIPLINAR. Guia de Condutas


Hemoterápicas Hospital Sírio-Libanês. 2. ed. 2010.

FUNDAÇÃO HEMOMINAS. Hemoterapia - Condutas para a Prática Clínica.


Rede Editora Gráfica Ltda. 2010.

HARDY JF. Current status of transfusion triggers for red blood cell
concentrates.TransfusApher Sci. 2004. 31(1):55-66.

LORENZI, TF. Manual de Hematologia – Propedêutica e Clínica. Guanabara


Koogan. 4ª Ed. 2006.

MINISTÉRIO DA SAUDE, Secretaria de Atenção à Saúde. Guia para uso de


Hemocomponentes. Brasília-DF. 1. ed. 2010.

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