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A Teologia da Missão Integral e o Marxismo

Quinta-feira, 20 de março de 2014


http://ariovaldoramosblog.blogspot.com/2014/03/a-teologia-da-missao-integral-e-o.html
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Desde que ouvi falar de missão integral em 2007, enquanto fazia uma escola da JOCUM, fiquei
interessado e comecei a pesquisar sobre o tema. Adquiri alguns livros, baixei artigos da internet,
assinei Ultimato, enfim, quis saber quem falava sobre missão integral e o que falavam sobre
missão integral. Em meio a muitas leituras e questionamentos, não sei se estou sendo tolo, mas a
minha pergunta é: a teologia da missão integral dialoga com o marxismo ou mesmo se apropria
de alguns pressupostos marxistas? Se sim, como articular cosmovisões contrárias uma da outra?
Filipe Reis, Parintins, AM

Ariovaldo Ramos
Bem, Filipe, nós vivemos num mundo profundamente influenciado pelo marxismo. Então, é
impossível dialogar com o mundo sem dialogar com o marxismo num nível ou noutro. O
marxismo mudou a face do Ocidente por, pelo menos, setenta anos. Estabeleceu-se como fato
histórico, vimos surgirem blocos socialistas no mundo todo. E a grita do marxismo era a de
que o capitalismo estava na contramão do que produziria felicidade humana, e que era
preciso chegar a uma nova fase na história da humanidade a que eles chamaram de
comunismo, que era, segundo Marx, o sucedâneo natural do capitalismo. As experiências
revolucionárias marxistas não comprovaram a tese, porque as grandes nações, que se
tornaram socialistas, do ponto de vista marxista-leninista, deram ou tentaram dar um salto do
feudalismo para o comunismo, já que nem uma delas havia passado pelo capitalismo
propriamente dito. Mas estão aí, fizeram história, milhares de escritos, de reflexão por todo o
mundo, em todas as línguas. Então, é impossível falar ao mundo sem dialogar com os que
também tentam interpretar e até mesmo transformar o mundo. Neste sentido, a Teologia da
Missão Integral dialoga com o marxismo assim como dialoga com A riqueza das nações de
Adam Smith, com o capitalismo, porque nós estamos tentando responder a grande pergunta
humana que é “qual é o sentido da vida, para o que é que nós existimos, de onde viemos, para
onde vamos e como devemos viver?”. Então, nós dialogamos com todo mundo, inclusive com
outras confissões de fé. Nós estamos lutando pela humanidade como todo mundo.

Agora, se o que você está perguntando é se a Teologia da Missão Integral lança mão do
referencial teórico marxista, a resposta é NÃO. A TMI considera as análises marxistas, entende
a validade de muitas de suas análises, mas não lança mão do referencial teórico do marxismo,
porque a Missão Integral se estriba na recuperação de dois conceitos:
1- O conceito de justiça no profetismo hebraico. No profetismo hebreu você tem a noção de
justiça, ela vai aparecer nos grandes profetas que vão dizer, como Amós (5.24), que a justiça
deve correr como um rio que nunca seca. Todos os profetas hebreus levantaram a questão da
justiça e são eles que introduzem esta noção da justiça como um critério transcendente:
justiça não é mais uma relação de poder entre fracos e fortes, entre vencedores e vencidos;
justiça é uma demanda divina, uma demanda de Deus; ele exige justiça, Deus exige que os
pobres sejam tratados com decência, exige, de fato, que não haja pobreza, que haja libertação
econômica, social e política (essa noção aparece no Jubileu e no Ano da Remissão – Lv 25; Dt
15.1-10). A justiça nasce no coração de Deus e é introduzida na história humana pelos
profetas hebreus, são eles que trazem a noção de justiça para a história e trazem-na como um
dado transcendente, e não como uma conclusão imanente, ou seja, não foram os seres
humanos pensando sobre si, sobre a história, sobre a sociedade que chegaram à noção de
igualdade, de justiça, de que não pode haver pobre; pura e simplesmente. Foram os profetas
hebreus que trouxeram este elemento para a história humana, esta visão de que há uma

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demanda da parte de Deus por igualdade entre os homens, por dignidade para todos os
homens, pelo fim da pobreza, pelo respeito ao diferente, pelo abrigo ao estrangeiro, pela
noção de direito humano. E isso vem diretamente de Deus, está espalhado por todo o Antigo
Testamento, desde a lei de Moisés que é reforçada pelo profetismo hebraico que, na verdade,
é um trabalho de recuperação do espírito da lei de Moisés, que clama por justiça. Este é o
primeiro referencial da Missão Integral. Você verá isso nos escritos de René Padilla, nos
escritos de Samuel Escobar, de Orlando Costas, de Pedro Araña e muitos outros.

2- O outro referencial da Teologia da Missão Integral é a recuperação da noção do Reino de


Deus e sua justiça, a ideia de que o Reino de Deus é um outro sistema que se opõe ao sistema
vigente, que se opõe ao sistema capitalista e ao sistema soviético. É um outro sistema que vem
não para estar ao lado dos sistemas em pauta, mas para substituí-los, para erradicá-los. Isso
aparece no profeta Daniel que, quando responde ao sonho de Nabucodonosor, fala sobre a
pedra que é lançada por mãos não humanas contra a estátua. A estátua, no sonho de
Nabucodonosor, sintetiza todas as tentativas humanas de resolver o problema humano sem
considerar a hipótese de Deus ou sem considerar a revelação de Deus, tudo o que os homens
tentaram em todos os níveis: o feudalismo, o capitalismo, o comunismo; está tudo lá na
estátua. E a pedra é o Reino de Deus, que vem e derruba a estátua, triturando-a, desfazendo
todos os componentes da estátua até transformá-la em pó, pó que é varrido pelo vento de
modo que da estátua não fica nem lembrança, e a pedra cresce, alarga-se e toma toda a terra,
ou seja, uma nova realidade assume o controle da história e essa nova realidade é o Reino de
Deus.

A Teologia da Missão Integral vai recuperar essa noção de Reino de Deus que aparece com
força total no Novo Testamento, a partir da pregação de João Batista, e que é referendada e
ratificada pela pregação de Jesus de Nazaré: arrependei-vos porque é chegado o Reino dos
Céus. Nos quatro Evangelhos você verá que os fariseus, os saduceus, os mestres da lei, que
viviam inquirindo Jesus, fizeram perguntas, de toda ordem, de todo tipo, mas nenhum deles
perguntou o que era o Reino dos céus. Todos eles sabiam do que João e Jesus estavam falando,
eles sabiam o que era o Reino dos Céus: a chegada da realidade definitiva, a realidade que iria
se impor á história, que iria conquistar a história, que iria se estabelecer na história e iria dar
o tom à história. É isso que a Teologia da Missão Integral recupera: a noção do Reino de Deus
como um sistema que engloba tudo o que afeta o homem e tudo o que o homem afeta.
Engloba, portanto as questões social, política, econômica, ética, a moral, educacional, do
trabalho, do direito, porque tudo isso afeta o homem e é afetado pelo homem, por isso é um
sistema só, e esse sistema precisa ter um novo princípio vetor que segundo as Escrituras é o
Reino de Deus. Assim, o Reino de Deus é um novo sistema onde só a vontade de Deus é feita, e
é um sistema econômico, político, social, moral, ético, educacional, está tudo contido no Reino
de Deus.

A Teologia da Missão Integral é uma proposta Ortodoxa, que amplia a missiologia da Igreja,
portanto uma proposta de Evangelização, de proclamação da necessidade da conversão ao
Cristo, na sua forma mais radical, mas não tem a pretensão de que seja a Igreja que venha a
implantar o Reino de Deus, ela tem a intenção de encorajar a Igreja a sinalizar que o Reino de
Deus já está presente, e trabalha para que a Igreja seja uma mostra do mundo vindouro “as
primícias” do Reino de Deus, como Tiago (Tg1.18) nos advertiu. Sendo assim, a partir da
Igreja os paradigmas do Reino dos Céus devem ser vividos, e aí a Igreja, como uma das
protagonistas da história, precisa ser proativa e sinalizar a presença do Reino a partir de
todas as suas possibilidades, e influenciar o mundo com os padrões do Reino de tal maneira
que, guardadas as devidas proporções, o mundo se torne o mais parecido possível com o
Reino vindouro. E isso vai significar a chegada da paz, da igualdade, do direito, da

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responsabilidade moral, de uma sociedade sem classes, de uma sociedade justa, de uma
sociedade igualitária, solidária, isso é a pregação da Teologia da Missão Integral.

Você pode dizer que aqui ou ali nós esbarraremos em conceitos marxistas, mas eu preciso
lembrar a você de que Marx veio depois da Igreja Primitiva, veio depois de Jesus, o Cristo. Não
somos nós que estamos buscando conceitos em Marx, foi Marx que buscou os conceitos dele
na tradição judaico-cristã, e tentou criar um projeto de uma vida semelhante ao que a Igreja
primitiva viveu. Porém o filósofo quis atingir essa realidade sem a necessidade da hipótese de
Deus, e por métodos que a Ortodoxia Cristã não apoia.

Nós não trabalhamos com o referencial marxista porque o nosso referencial é anterior.
Embora aqui e ali, nós possamos ter intersecções com os marxistas, se isso acontecer, será
porque, como disse o Karl Jaspers, nenhuma filosofia do Ocidente foi desenvolvida sem que a
Bíblia fosse o pano de fundo. E nem Karl Marx escapou disso. (baseado em artigo publicado na
Revista Ultimato)

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