Sei sulla pagina 1di 15

Digitally signed by LUIZ

Certificado digitalmente por:


RAMON DE MEDEIROS
ANTONIO BARRY:6544
Date: 2017.09.01
14:18:20 BRT
Reason: Validade Legal
Location: Paraná - Brasil

NOGUEIRA

PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

7ª CÂMARA CÍVEL – APELAÇÃO CÍVEL Nº 1668801-


0, DA VARA CÍVEL, DA FAZENDA PÚBLICA,
ACIDENTES DO TRABALHO, REGISTROS PÚBLICOS
E CORREGEDORIA DO FORO EXTRAJUDICIAL,
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E JUIZADO ESPECIAL DA
FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE
ANTONINA/PR.

APELANTE: TERMINAIS PORTUÁRIOS DA


PONTA DO FÉLIX S/A

APELADO: INTERPORTOS LTDA

RELATOR: DES. RAMON DE MEDEIROS


NOGUEIRA

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


NULIDADE DE SENTENÇA ARBITRAL. DEMANDA
JULGADA IMPROCEDENTE. IRRESIGNAÇÃO DA
REQUERENTE. PRELIMINAR DE APELAÇÃO
(AGRAVO RETIDO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DO
CPC/1973). CERCEAMENTO DE DEFESA.
INEXISTÊNCIA. PRELIMINAR AFASTADA. MÉRITO
RECURSAL. INOBSERVÂNCIA DAS REGRAS
CONTRATUAIS (AUTONOMIA DA VONTADE) E DOS
PRINCÍPIOS QUE REGEM O PROCEDIMENTO
ARBITRAL (ART. 32, VIII, LEI DE ARBITRAGEM).
OCORRÊNCIA. INVERSÃO DE ÔNUS PROBATÓRIO
PELO JUÍZO ARBITRAL, SEM QUALQUER

1
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 1 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JUSTIFICATIVA PLAUSÍVEL. PREJUÍZO


DEMONSTRADO. AÇÃO QUE SE JULGA
PROCEDENTE PARA ANULAR A SENTENÇA
ARBITRAL, EM OBSERVÂNCIA AO CONTIDO NA
CLÁUSULA 14 DO CONTRATO FORMULADO ENTRE
AS PARTES. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


apelação cível nº 1668801-0, da Vara Cível, da Fazenda Pública,
Acidentes do Trabalho, Registros Públicos e Corregedoria do Foro
Extrajudicial, Juizado Especial Cível e Juizado Especial da Fazenda
Pública, em que é apelante TERMINAIS PORTUÁRIOS DA PONTA DO
FÉLIX S/A e apelado INTERPORTOS LTDA.

I – RELATÓRIO

Apelação cível, no processo nº 0001233-


28.2013.8.16.0043 de ação declaratória de nulidade de sentença
arbitral, interposta contra a sentença de improcedência cujo dispositivo
segue transcrito:

“3. Dispositivo
Pelas razões expostas, julgo IMPROCEDENTE o
pedido inicial.
Condeno a parte autora ao pagamento das custas,
despesas processuais e honorários advocatícios,
estes fixados em 10% (dez) por cento do valor

2
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 2 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

atualizado da causa, considerando que a solução da


controvérsia prescindiu de dilação probatória.
Oportunamente, arquivem-se os autos, com as
cautelas de praxe.
Sem prejuízo, proceda-se ao imediato
desapensamento dos autos nº 907-
68.2013.8.16.0043, de modo que permaneçam em
apenso apenas os autos da ação cautelar nº 622-
07.2015.8.16.0043.
P.R.I.” (Mov. 72.1)

Dessa decisão, foram manejados embargos de


declaração por Terminais Portuários da Ponta do Félix S/A (mov. 77.1) e
por Interportos Ltda (mov. 78.1), os quais foram rejeitados pelo juízo de
origem (mov. 90.1).
Inconformada com tais decisões, apela a esta
Superior Instância a parte autora Terminais Portuários da Ponta do Félix
S/A alegando, em síntese, que: a) em preliminar de apelação, ter na
petição inicial (mov. 1.1, item V, alínea “f”) requerido a produção de
todos os meios de prova em direito admitidos, indicando
expressamente: prova documental, testemunhal e depoimentos
pessoais, tendo em 28/08/2014 o MM. Juízo a quo indeferido as provas
requeridas pela apelante, à exceção da requisição de informações à
APPA, razão pela qual a apelante interpôs Agravo Retido (Mov. 56.1)
com base no então vigente art. 522 do CPC/1973, diante do
cerceamento de defesa; b) o artigo 33 da Lei nº 9.307/96 garante a
possiblidade de submissão da sentença arbitral ao Poder Judiciário, o
que se alinha ao Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição (CRFB, art.
5º, XXXV); c) em relação à cláusula compromissória do contrato,

3
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 3 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

destaca-se a necessidade imperativa de, antes de se instituir a


arbitragem, observar o disposto na Cláusula 14 do contrato; d) a
pretensa notificação extrajudicial, datada de 02 de junho de 2011,
apresentada pela apelada e aceita pelo Tribunal Arbitral como prova de
comunicação para fins de cumprimento das Cláusulas 14 e 15 do
contrato jamais fora recebida pela apelante; e) a aceitação pelo Tribunal
Arbitral da referida correspondência como recebida pela apelante é uma
inversão irregular do ônus probatório, porquanto a recorrente não teria
condições de comprovar que não recebeu a referida comunicação, sob
pena de ser-lhe imputada obrigação de produzir prova impossível; f) a
sentença arbitral carece de fundamentação; g) discorre sobre demais
cláusulas contratuais e fundamentos utilizados pelo Tribunal Arbitral,
que contrariam a tese apresentada na inicial. Com esses argumentos,
pugna pelo provimento do recurso. (Mov. 95.1)
Em contrarrazões, a apelada Interportos Ltda.
sustenta que firmou contrato de operação portuária com Terminais
Portuários da Ponta do Félix, o qual foi descumprido e em virtude da
cláusula compromissória foi instaurado o procedimento Arbitral; que
após os tramites arbitrais, a apelante foi condenada a pagar a ora
apelada o valor de R$ 3.757.987,30 (três milhões setecentos e
cinquenta e sete mil novecentos e oitenta e sete reais e trinta
centavos); que não há cerceamento de defesa, pois o juiz pode escusar
a produção das provas que entender desnecessárias à solução do feito;
que não há respaldo legal para as fundamentações da parte apelante,
visto que a notificação extrajudicial foi assinada pelos procuradores da
apelada, e a ausência de papel timbrado, por si só, não invalida o
documento; que não diz em seu recurso que após o envio da notificação
extrajudicial as partes se reuniram inúmeras vezes, vários e-mails e
telefones foram trocados, ou seja, as partes tentaram resolver a

4
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 4 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

questão amigavelmente, e isso é reconhecido pela apelante que


menciona em seus e-mails ter recebido a notificação, razão pela qual
deve ser condenada em litigância de má-fé; que não há o que se falar
em nulidade da sentença arbitral por falta de fundamentação ou
qualquer outro motivo. (Mov. 102.1)

II – VOTO

Presentes os pressupostos de admissibilidade,


conhece-se do recurso.
Antes de adentrar ao mérito recursal
propriamente dito, afasto a preliminar de cerceamento de defesa, em
razão de compartilhar do entendimento de que o juiz é o destinatário da
prova e a ele é permitido afastar as pretensões probatórias que sejam
desnecessárias para o deslinde da causa, como no caso.
Pois bem.
Após detido exame dos autos, ousei divergir,
com a devida vênia, do e. Relator originário, por entender que a
sentença arbitral objeto da lide deve ser anulada, por inobservância de
disposição contratual expressa prevendo que “Antes de dar início a
procedimentos formais de solução de controvérsias, as Partes comprometem-se,
em primeiro lugar, a tentar resolvê-las amigavelmente [...]” (Cláusula 14 do
Contrato de Operação Portuária).
Explico.
Conforme alegado no apelo, verifica-se nos
autos que a apelada não comprovou ter notificado, em 02 de junho de
2011, a apelante para propor uma solução amigável para a rescisão
contratual.

5
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 5 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Com efeito, a presente demanda foi intentada,


precipuamente, com fulcro no artigo 32, inciso VIII, da Lei de Arbitragem
(Lei nº 9.307/1996), em estrita observância ao princípio da
inafastabilidade da jurisdição.
Dispõe a lei de regência que:

“Art. 32. É nula a sentença arbitral se:


[...]
VIII – forem desrespeitados os princípios de que trata
o art. 21, § 2º, desta Lei.

Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento


estabelecido pelas partes na convenção de
arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um
órgão arbitral institucional ou entidade
especializada, facultando-se, ainda, às partes
delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral,
regular o procedimento.
[...]
§ 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento
arbitral os princípios do contraditório, da igualdade
das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre
convencimento.” (Destaquei)

A análise dos autos revela que não foi observada


a igualdade entre as partes, diante da conclusão contida na própria
sentença arbitral (mov. 26.4 e 26.5 dos autos eletrônicos). Vejamos o
seguinte trecho da decisão guerreada para melhor compreensão da
controvérsia trazida à baila:

6
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 6 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

7
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 7 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Como se vê, o ônus probatório foi indevidamente


invertido pelo juízo arbitral, pois caberia à apelada a comprovação de
que efetivamente notificou a apelante em 02 de junho de 2011,
propondo solução amigável para o litígio.
Em outras palavras, a INTERPORTOS LTDA não
comprovou o recebimento da correspondência pela TERMINAIS
PORTUÁRIOS DA PONTA DO FÉLIX S/A, inexistindo a mora contratual na

8
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 8 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

espécie.
Vale lembrar, por oportuno, que a cláusula 15 do
contrato de operação portuária condicionava o início da arbitragem
somente após as partes terem previamente buscado a solução do litígio
amigavelmente, nos termos da cláusula 14.
Confira-se o teor de mencionadas cláusulas
contratuais:

“CONTRATO DE OPERAÇÃO PORTUÁRIA


14 - SOLUÇÃO AMIGÁVEL DE CONTROVÉRSIAS
Antes de dar início a procedimentos formais de
solução de controvérsias, as PARTES comprometem-
se, em primeiro lugar, a tentar resolvê-Ias
amigavelmente, da seguinte forma:
a) Mediante solicitação escrita de uma das PARTES,
cada Parte deverá nomear um representante, os
quais deverão reunir-se com a freqüência que as
PARTES julgarem necessária, a fim de coletar e
fornecer reciprocamente todas as informações
relativas à questão em pauta que as PARTES
acreditem ser apropriadas à sua solução. Os
representantes deverão discutir o problema e tentar
solucionar a controvérsia sem a necessidade de
qualquer procedimento formal; ou
b) Procedimentos formais para a solução de uma
controvérsia não poderão ser iniciados até que os
representantes designados pelas PARTES concluam
de boa-fé, no prazo de 30 (trinta) dias, que uma
solução amigável, através de negociações
continuadas, não parecer provável.

9
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 9 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

15 – ARBITRAGEM
Se qualquer controvérsia entre as PARTES surgir e
não for solucionada por acordo mútuo, nos termos
da Cláusula acima, essa controvérsia deverá ser
definitivamente resolvida por arbitragem de acordo
com o Regulamento da Câmara de Mediação e
Arbitragem da Associação Comercial do Paraná –
ARBITAC, por três árbitros, os quais deverão ser
indicados segundo as normas do referido Centro de
Arbitragem. O local da arbitragem será na cidade de
Antonina/Pr e o idioma será o português.
Cada uma das PARTES obriga-se a cumprir suas
obrigações consoante o presente Contrato,
enquanto qualquer controvérsia estiver sendo
solucionada, salvo se a questão controvertida
impedir totalmente o cumprimento da obrigação,
sendo certo que controvérsias sobre pagamento não
serão consideradas impeditivas de cumprimento de
obrigação.” (Mov. 26.16)

Sem observar as disposições contratuais acima


descritas, a apelada em 22 de julho de 2011 apresentou requerimento
de arbitragem perante a ARBITAC – Câmara de Arbitragem da
Associação Comercial do Paraná, com base na citada cláusula 15 do
contrato.
Portanto, diferentemente da conclusão posta na
sentença de primeiro grau, entendo que a aventada “inércia” da
apelante em resolver a controvérsia de forma amigável não tem o
condão de afastar o pleito anterior de arquivamento do procedimento

10
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 10 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

arbitral e, via de consequência, de nulidade da sentença arbitral (art. 32


da LA).
Conforme consignado pelo próprio juízo de
origem, “A par das situações previstas taxativamente pela Lei nº 9.307/96,
tem-se admitido a revisão da sentença arbitral, quando desrespeitada garantia
de ordem pública, em especial as previstas constitucionalmente, como a
ampla defesa e o contraditório.” (Mov. 72.1 – Sentença).
In casu, a apelante requereu à Câmara de
Mediação e Arbitragem o arquivamento do procedimento arbitral
(Arbitragem nº 091/11), comunicando que a apelada “anexou ao pedido
de procedimento arbitral uma notificação extrajudicial, datada de 02 de junho
de 2011, no qual comunica ao TPPF a intenção de submeter ao tribunal arbitral
suposto litígio existente entre as partes. Contudo, o autor não comprovou o
efetivo recebimento da correspondência pelo TPPF, [...]” (mov. 1.8) –
destaquei.
Note-se que no Código de Processo Civil a
distribuição do ônus da prova se encontra estatuída no artigo 373, em
que aponta no inciso I, que “ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu
direito”, e no inciso II que “ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor”.
Já no procedimento arbitral, não existe previsão
legal que verse sobre a distribuição do ônus da prova. Por isso, quem
tiver interesse pelo esclarecimento do fato, deve produzir ou requerer a
produção da prova que entender conveniente.
De qualquer sorte, a lei estabelece que o árbitro
tem livre disposição para requerer a produção das provas que entender
necessário, podendo determinar que as partes esclareçam os fatos ou
tragam documentos necessários para formação de sua convicção e
consequente solução do litígio, nos termos do artigo 22 da Lei de

11
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 11 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Arbitragem (LA).
Nesse passo, cabe reproduzir o texto legal:

“Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar


o depoimento das partes, ouvir testemunhas e
determinar a realização de perícias ou outras provas
que julgar necessárias, mediante requerimento das
partes ou de ofício.”

No caso em apreço, mesmo ciente da


insurgência trazida pela parte, a Câmara de Arbitragem da Associação
Comercial do Paraná deixou de providenciar os esclarecimentos dos
fatos pela recorrida (demandante), em prejuízo da ora recorrente
(demandada), sem que houvesse permissão de inversão convencional
ou legal de tal ônus probatório, justificada simplesmente pela inércia ou
ausência de provas de ter sido recebida a referida notificação
extrajudicial.
Com efeito, a análise em questão não se trata de
revisar o mérito da sentença arbitral, mas sim de verificar a legalidade
do procedimento adotado naquela jurisdição, maculado evidentemente
pela inobservância de disposições contratuais previamente
estabelecidas (autonomia da vontade) e na inversão irregular de ônus
probatório comparável à obrigação de produzir prova impossível.
Nesse aspecto, vale reproduzir os ensinamentos
de Leonardo de Faria Beraldo sobre o tema:

“A sentença arbitral, na medida do possível, deverá


ser mantida; por conseguinte, somente aqueles vícios
bastantes claros e objetivos, nos quais, certamente,

12
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 12 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

houve prejuízo para uma das partes, estarão sujeito a


serem atacados judicialmente, e dentro do prazo
decadencial legal, sob pena da sentença arbitral se
tonar, para sempre, imutável. Recordemo-nos,
destarte, de que não há nulidade sem prejuízo.
Vamos, a partir desse momento, trabalhar com
alguns breves exemplos.
[...]
2. Imagine-se que em um processo arbitral, o árbitro
cria regras ou emite ordens processuais que
favoreçam apenas uma das partes. Diante disso, a
parte que foi alvo das desigualdades poderá
requerer a nulidade da sentença arbitral, caso a
sentença lhe seja desfavorável. Dessa forma, a
sentença poderá ser anulada caso exista “previsão
na convenção arbitral que carreie a uma das partes
todo o ônus probatório ou torne excessivamente
difícil a prova de fatos que lhe possam ser
favoráveis; [...] A determinação de inversão do ônus
da prova, sem qualquer justificativa ou propósito, e a
diferenciação de prazos processuais para as partes,
também são situações passíveis de gerar a nulidade
da sentença arbitral.” (BERALDO, Leonardo de Faria.
Curso de arbitragem: nos termos da Lei nº 9.307/96.
São Paulo: Atlas, 2014, p. 506-507) – Destaquei.

Assim, tendo a apelante demonstrado efetivo


prejuízo pela inobservância das regras contratuais (autonomia da
vontade) e dos princípios que regem o procedimento arbitral (art. 32,
VIII, LA), ou seja, inversão de ônus probatório que não lhe incumbia, a
nulidade da sentença arbitral é medida que se impõe.

13
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 13 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Demais teses trazidas no apelo restam


prejudicadas.

CONCLUSÃO

Em conclusão, afasto a preliminar de


cerceamento de defesa e, no mérito, dou provimento ao recurso e julgo
procedente a presente ação declaratória para anular a sentença
arbitral, em respeito aos princípios da arbitragem e às disposições
contratuais estabelecidas entre as partes, devendo ser observada no
caso a regra da cláusula 14 para solução do litígio.

III – DISPOSITIVO

ACORDAM os Excelentíssimos Senhores


Desembargadores e as Juízas de Direito Substitutas em 2º Grau
integrantes da Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná, por maioria de votos, em dar provimento à apelação, nos
termos do voto do Relator.

A sessão de julgamento foi presidida pela


Excelentíssima Senhora Desembargadora Ana Lúcia Lourenço, sem
voto, tendo dela participado o Excelentíssimo Senhores Desembargador
D’artagnan Serpa Sá e as Juízas de Direito Substitutas em 2º Grau, Ana
Paula Kaled Accioly Rodrigues da Costa e Fabiana Silveira Karam, que
acompanharam o voto do Relator. Vencido o Desembargador Luiz
Antônio Barry, que nega provimento ao agravo e ao apelo, com
declaração de voto.

14
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 14 de 15
PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Curitiba, 22 de agosto de 2017

Des. Ramon de Medeiros Nogueira


Relator 17

Des. Luiz Antônio Barry


Vencido, com declaração de voto

15
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE

Página 15 de 15

Potrebbero piacerti anche