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01/09/2018 XX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano: Transferência negativa, silêncio e amor

Transferência negativa, silêncio e amor

Paola Salinas

Sabemos que uma


experiência analítica se
inicia e se mantém pelo
amor, pelo
estabelecimento de um
laço pautado na
transferência amorosa
que, aos poucos, cede
lugar ou se acopla ao
amor ao saber e,
Salvador Dali, Weaning of Furniture Nutrition, 1934
nalmente, ao amor ao
inconsciente. Uma passagem da vertente imaginária à simbólica.
Inicialmente uma análise pode ser fonte de grande satisfação,
advinda do sentido e do próprio deslizamento dos signi cantes. É o tempo
da descoberta de ideias e sentimentos não conhecidos, de explicações para
comportamentos aparentemente sem conexão, e novas conexões entre
palavras e atos. A fala, que então vai articulando o sentido, provê
explicações para o sofrimento e para a angústia.
Ama-se o que se descobre, ama-se o trabalho e ama-se o analista.
Em alguns casos, pequenos desajustes na suposta correspondência
desse amor – perceptíveis em um tom de voz inesperado, um atraso, um
silêncio, uma ausência ou em um comentário interpretado como “mal
vindo” – são su cientes para que esse amor vacile e se questione a e cácia
do trabalho, as intenções do analista e o curso da vida. Neste ponto, é
necessário um passo além da demanda de amor e, então, o amor ao
inconsciente pode novamente impulsionar o trabalho com um menos de
gozo relativo ao sentido enfatizando a produção do saber inconsciente,
saber furado por excelência.
Se a análise segue seu trajeto, é inevitável que estanque no ponto onde
deslizamento signi cante se depara com um ponto de real que não reenvia
a outro signi cante. Não é mais possível satisfazer-se com o sentido
advindo do inconsciente, há um limite na decifração.
O analisante pode ainda apostar no dispositivo e colher efeitos em relação
ao seu gozo, para os quais não encontra uma explicação. Estes efeitos
podem ser tomados como positivos ou libertadores pelo analisante, ainda
que desprovidos de uma articulação a um saber. Mas, também podem ser
incômodos, angustiante, e trazer com eles novamente a dúvida em relação
à análise e ao analista.
Podemos pensar no surgimento da transferência negativa a partir
dos primeiros desencontros na reciprocidade do amor suposto, o que
coloca o analista sob suspeita. Quando o sujeito insiste na transferência e
na análise pela suposição ao saber – e não mais por uma via imaginária de
reconhecimento pelo amor do analista –, o trabalho avança na relação com
a causa e suporta-se melhor o vazio.
Contudo, também a garantia do saber claudica; não há saber a ser
obtido que elimine o real da pulsão. Neste ponto, não se espera mais uma
resposta do Outro para dizer da satisfação mais íntima, marca de uma
solidão extrema. Como então amar? Como endereçar algo a alguém?

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01/09/2018 XX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano: Transferência negativa, silêncio e amor
Quando não há mais nada a se dizer, o silêncio mortífero pode fazer
o sujeito recuar, recolher-se e não querer saber mais nada disso. Contudo,
quando o amor não se articula mais à suposição de saber, posto que o
analista ocupa então outro lugar, aposto que um amor mais digno poderia
recolocar a transferência quando esta suposição de saber cai. Nesse
momento, defrontado com sua solidão, o sujeito pode fazer uso de um laço
que não garante nem explica, mas que está lá como possibilidade. Suportar
esse silêncio, que pode ser mortífero, e a não palavra que se colocam nesse
ponto de real, permite ir além da transferência negativa e, como efeito do
atravessamento da fantasia, seguir num novo laço amoroso na vida e na
análise.
Creio que somente é possível amar na medida do dar o que não se
tem, não sem antes ter experimentado a angústia da não resposta sobre a
existência. Ponto que marca a vida e o percurso na análise.
Assim, ao nal, um laço pode ser restabelecido e, por que não dizer,
um laço amoroso, que encontra outra cara, tanto no amor da vida cotidiana,
quanto no seio da Escola, quando se escolhe endereçar a ela seu pequeno
achado do nal.
Do silencio ao novo amor, uma aposta viva, que pode fazer frente à
morti cação do gozo inexplicável que habita e incita cada um de nós.

REREFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Miller, J.-A. La transferencia negativa. Buenos Aires: Tres Haches, 2000.
NICÉAS, C. A. O amor de si. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.

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