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ESTACAS ÔMEGA: FUNCIONALIDADE E APLICAÇÃO

*Ana Gabriela Hillesheim Santos


**Izabela Cristina da Silva
***João Otávio da Silva
****Thalita da Silva Spindola
RESUMO

O presente artigo vem trazer uma breve apresentação sobre as propriedades, características,
casos e exemplos sobre a o sistema ômega de fundação. Foi feito inicialmente a pesquisa
bibliográfica e em artigos eletrônicos, logo foram apontadas os principais temas a serem
abordados. O artigo desenvolvido inicia apresentando o relatado do fato da estaca ômega ser
uma evolução da hélice continua. Em seguida apresenta definições e dados pertinentes para a
identificação do trado com ponta ômega. Logo em seguida vem apresentando a metodologia
executiva do sistema ômega, apresentando todo o processo de execução. Logo depois salienta
sobre a importância do monitoramento e controle de execução para a execução de uma estaca
de qualidade e os aparelhos que servem pra esse monitoramento. Adiante diz sobre a
interferência no tipo de solo na execução da estaca, apresentando características do solo e no
que interfere. A exemplificação retrata uma obra da estação de metro de são Paulo onde foi
aplicado este tipo de estaca, detalhes sobre a obra e os motivos que levaram a escolha deste
sistema são retratados.

PALAVRAS-CHAVE: Estacas; Trado; Ômega; Fundação; Perfuratriz.

______________________________
*Graduando em Engenharia Civil – Universidade Filadélfia (UNIFIL) E-mail: anagabriela.hilles@gmail.com.
**Graduando em Engenharia Civil – Universidade Filadélfia (UNIFIL) E-mail: izah_cris@hotmail.com.
***Graduando em Engenharia Civil – Universidade Filadélfia (UNIFIL) E-mail: jo.tec.civil@hotmail.com.
****Graduando em Engenharia Civil – Universidade Filadélfia (UNIFIL) E-mail:
thalita_spindola@hotmail.com.
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OMEGA STAKES: FUNCTIONALITY AND APPLICATION

ABSTRACT

This article brings a brief presentation on the properties, characteristics, cases and examples
on the omega foundation system . It was initially made to literature and electronic items, were
soon identified the main issues to be addressed. The article begins by presenting the
developed reported the fact of cutting omega be an evolution of the propeller continues. Then
presents definitions and data relevant for the identification of the auger with omega tip. Next
up comes the business presenting methodology of omega system, showing the whole process
of implementation. Soon after stresses on the importance of monitoring and control
application for the implementation of a quality and cutting devices that serve to such
monitoring. Forward says about the interference on the type of soil in the execution stake,
with soil characteristics and interfering. The work portrays an exemplification of the St. Paul
metro where you apply this type of cutting, details about the work and the reasons for
choosing this system are portrayed station.

KEYWORDS: cuttings; auger; omega; Foundation; Drilling.

INTRODUÇÃO

Com o rápido avanço tecnológico, novas técnicas são propostas constantemente e na


engenharia de fundações não é diferente. A área tem evoluído em busca de novos elementos
de fundação.
Recentemente, ainda com pouco uso, surgiram as estacas ômega. As estacas tipo
ômega são estacas moldadas "in loco" que possuam alta produtividade, ausência de vibrações
e ruídos na execução, elevada capacidade de carga e controle de qualidade durante a execução
da estaca, entre outros aspectos.
São desenvolvidas como uma evolução das estacas hélice contínua, com
deslocamento lateral do terreno, sem o transporte de solo à superfície, resultando numa
melhora do atrito lateral. A diferença da estaca ômega para hélice contínua está relacionada ao
transporte do solo à superfície. O primeiro tipo de estaca não retira o solo, que permanece
comprimido ao redor do fuste da estaca.
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Comercialmente, essas estacas foram introduzidas no Brasil em 1997. No entanto,


seu surgimento se deu anteriormente na Europa, em 1995 na Bélgica, seguida pela França em
1996.
Suas características, vantagens e inovações estão proporcionando uma disseminação
considerável da nova tecnologia, que provavelmente ganhará um maior espaço no mercado.

DESENVOLVIMENTO

1. Introdução estaca ômega: evolução da hélice continua

Sabe-se que as estacas têm por finalidade: suportar e transferir as cargas ao solo, uma
vez que o solo por si só é errático, heterogêneo e não é tão resistente para suportar todo peso
exercido sobre ele sem o auxílio das fundações.
De acordo com ALMEIDA NETO (2002), o uso de estacas de hélice contínua teve
inicio da década de 50 nos Estados Unidos, os equipamentos eram compostos de guindaste de
torre acoplada e mesas perfuradoras que executavam estacas com diâmetros de 275 mm, 300
mm e 400 mm. No entanto, a potência destas estacas era baixo: entre 10 e 30 KN.m; dessa
forma, durante a perfuração de solos resistentes, as estacas retiravam solo e assim
provocavam descompressão do solo que estava em contado com a estaca.
Posteriormente, na década de 70 esses equipamentos foram introduzidos na
Alemanha e difundidos por toda Europa e para o Oriente também, mais especificamente no
Japão.
A década seguinte foi de grande desenvolvimento para as estacas de hélice contínua,
uma vez que se deixou de utilizar equipamentos adaptados e estes passaram a ser
especificada, como também a metodologia de execução. Destaca-se o aumento dos diâmetros
como também das profundidades e assim ampliando a gama de solos de possível execução
para este tipo de estacas; além disso, substituiu-se a argamassa por concreto e também se
desenvolveu instrumentos que possibilitam o monitoramento automático da execução das
estacas.
BRONS & KOOL (1988), relatam que as estacas hélice contínua tornaram-se muito
populares e difundidas na Europa na década de 80, devido, principalmente, as vantagens
técnicas combinadas com o custo relativamente baixo. (apud ALMEIDA NETO, 2002).
Quando se tornaram conhecidas no Brasil, por pouco mais de duas décadas atrás
(1987), por ser um procedimento novo, os equipamentos adotados ainda não eram próprios
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para o processo executivo - o torque era de 35 KN.m; os diâmetros eram de 27,5 cm, 35 cm e
42,5 cm e sua profundidade máxima era de 15 m. Somente após 6 anos, seu uso passou a ser
comum e assim equipamentos com diâmetros de até 80 cm, maior torque (até 85 KN.m), que
possibilitavam a execução de estacas de até 24 m de profundidade.
Enquanto no Brasil as estacas hélice tipo contínua eram novidade, na Bélgica já
haviam dado inicio ao desenvolvimento das estacas hélice tipo ômega.
O que a diferencia da hélice contínua é o design do trado – semelhante a um parafuso
- resultando no deslocamento lateral do terreno durante a perfuração e assim, não
transportando solo à superfície e resultando numa melhoria do atrito lateral.
Devido às suas características, provavelmente seu uso se disseminará pelo país e se
tornará bem mais popular do que é hoje em dia. (ALMEIDA NETO, 2002).

2. Explicação sobre a o trado com ponta ômega

Assim como a estaca de hélice contínua, a ômega também é moldada “in loco”. No
entanto, enquanto a de hélice contínua é executada por meio de um trado contínuo e é
escavada, funcionando como um saca-rolha; a estaca ômega é de deslocamento duplo (nas
etapas de perfuração e na concretagem) e funciona como um parafuso (longo).
Sua ponta, semelhante a um parafuso feito de aço, é composta por pás com variados
graus de inclinação de acordo com o diâmetro das seções – que aumenta descontinuamente no
topo; mesmo após o diâmetro nominal ainda existem pás que se sobrepõem umas sobre as
outras. Conforme apresentado na figura 1.
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FIGURA 1 – DETALHES DA PONTA HÉLICE ÔMEGA.

1 – Seção Vazada (por onde desce o


concreto)
2 – Tubo de aço
3 – Pá de Hélice superior
4 – Abas metálicas
5 – Seccionamento do diâmetro
6 – Diâmetro Nominal
7 – Pá de Hélice ômega
8 – Ângulo de Transição
9 – Tampa Metálica

FONTE: ALMEIDA NETO, 2002.

De acordo com Van Impe (1994) e Bottiau & Cortvrindt (1994), os ângulos de
transição garantem o deslocamento cinemático do solo, além do mais, marcam a mudança de
diâmetro. (apud ALMEIDA NETO, 2002).
“A forma do parafuso foi desenvolvida de tal maneira que o volume de solo
transportado entre as pás da hélice ômega, pode ser armazenado em cada nível para as
diferentes seções da hélice parafuso. [...] Este solo é deslocado até atingir o nível do diâmetro
nominal, sendo então compactado à lateral do furo. [...] Todo material que, eventualmente,
desmorona do furo da estaca sobre a parte superior do parafuso, é transportado pelas pás
superiores em sentido à ponta, deslizando, posteriormente, pelas abas metálicas até atingir o
nível do diâmetro nominal, sendo então compactado lateralmente”. (ALMEIDA NETO,
2002).
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3. Metodologia executiva

A metodologia executiva da estaca ômega é similar à da hélice contínua. Ambas


consistem em três etapas: perfuração, concretagem e armação, (Figura 2). O que diferencia
esses dois tipos de estacas é a fase de perfuração.

FIGURA 2 - SEQUENCIA EXECUTIVA DE ESTACAS ÔMEGA.

FONTE: JUNIOR et. al., 2005.

Perfuração
A perfuração é executada por cravação do parafuso ômega no terreno por rotação,
como um processo final do material de descarte. Durante o processo de perfuração a hélice
não é retirada do furo e procura-se retirar a menor quantidade de terra possível, para
minimizar o desconfinamento do solo.
A hélice espiral, responsável pela retirada de solo, e um tubo central, são os
elementos que constituem a haste de perfuração. Uma tampa metálica provisória é acoplada a
haste tubular, durante o processo de perfuração, a fim de evitar a entrada de solo ou água na
haste.
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Concretagem

Quando a profundidade determinada é alcançada inicia-se a concretagem por


bombeamento. Na extração do trado, o giro é mantido lento e no mesmo sentido da
perfuração, garantindo o deslocamento do solo.
A injeção do concreto é feita sob uma pressão positiva, que varia de 50 a 100 kpa,
visando propiciar a continuidade do fuste da estaca. A concretagem deve ocorrer de forma
contínua e sem interrupções, assim como a etapa de perfuração, a fim de manter as paredes da
estaca sempre suportadas.
O concreto utilizado é caracterizado pela mistura de agregados (pedrisco e areia) e o
consumo mínimo de cimento é de ordem de 400 kg/m3. O abatimento deve ser da ordem de
240 mm. Sendo essas características e propriedades semelhantes às utilizadas para a hélice
contínua.
Segundo ALMEIDA NETO (2002), um aspecto que pode causar perda de
desempenho em estacas hélice contínua e ômega é na etapa de início e reinício da
concretagem, ao término do concreto de um caminhão e início do bombeamento de concreto
de um novo caminhão.

Colocação da armadura

A armadura pode ser introduzida nestas estacas no tubo central do trado, em forma
de gaiola ou feixe, pode ser feita após a concretagem pela equipe, ou concomitante à
concretagem com ajuda de um pilão ou vibrador. No Brasil, usualmente, a armadura está
sendo instalada posteriormente a concretagem.
De acordo com ALMEIDA NETO (2002), a armação das estacas, para facilitar a sua
colocação, deve ser formada por barras grossas e estribo circular soldado (ponteado) na
armadura longitudinal, aumentando a rigidez da armação para evitar a sua deformação durante
a introdução no fuste da estaca. Para armaduras longas, recomenda-se o uso de estribo espiral
soldado.
É recomendado após há concretagem um tempo mínimo possível até o início da
colocação da armadura.

Processo executivo (passo a passo)


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 Posicionamento da ferramenta de perfuração;


 Perfuração por rotação com a descida da ferramenta de perfuração,
provocando deslocamento lateral do solo perfurado.
 Atingida a profundidade do projeto, determinada sempre por processos
estáticos, é colocada no tubo central a armadura da estaca.
 Inicia-se o bombeamento do concreto com a subida simultânea da ferramenta
de perfuração com rotação.
 O concreto é levado só até a cota de arrasamento prevista no projeto (caso de
se usar a armadura interna) ou até o nível do terreno (caso use a armadura
colocada posteriormente).
A estaca é, assim, concluída sem retirada do solo, dispensando o uso de máquinas de
terraplanagem e caminhões de retirada de terras como é usada no processo da estaca Hélice
Contínua.

3.1. Outros aspectos executivos

Entre outros diversos aspectos que influem na correta execução das estacas ômega,
destacam-se os citados abaixo:

 Procedimentos prévios à execução das estacas: avaliação de possíveis


trajetos e itinerários para acesso ao local da obra e instalações, acessibilidade
e deslocamentos da perfuratriz dentro da obra, capacidade de suporte do
terreno mediante o equipamento e programação de fornecimento do concreto.
 Controle da concretagem: item mais importante para a garantia de
qualidade da estaca, fator que tem causado os maiores problemas em estacas
ômega na prática em razão do concreto não ser de responsabilidade da
empresa executora da estaca.
 Pressão de injeção: influi na homogeneidade e integridade da estaca, pode
influir na capacidade de carga das estacas, maior pressão de injeção leva a um
maior confinamento lateral no fuste da estaca e a um maior atrito lateral na
mesma.

4. Monitoramento e controle na execução


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Durante a execução da estaca é importante o acompanhamento e monitoramento das


etapas, assim como o recolhimento de dados (confiáveis) para que seja realizado um controle
dos parâmetros apresentados.
Segundo ALMEIDA NETO (2002), o equipamento mais comum usado no Brasil é o
TARACORD, porém existem outros disponíveis no mercado (o que os diferencia é a forma
como os dados são apresentados na tela do computador).
Através deste instrumento constituído de vários sensores instalados na perfuratriz por
meio de cabos elétricos e por um computador, é possível a obtenção de dados como:
profundidade, tempo, inclinação da torre, velocidade de penetração do trado, velocidade de
rotação do trado, torque, velocidade de extração da hélice, volume e pressão de concreto
lançado.
“A utilização de dados da monitoração, [...], poderia tornar-se valioso parâmetro de
controle executivo, e na etapa de projeto, parâmetro na previsão de comportamento carga x
recalque e cálculo da capacidade de carga destas estacas valendo das características
executivas destas estacas para atingir máximo desempenho e qualidade.” (ALMEIDA NETO,
2002).
Uma vez que qualquer instrumento pode apresentar erros, com este não é diferente,
visto que existem chances da ocorrência de imprecisões e falhas devido a diversos fatores que,
segundo ALMEIDA NETO (2002), podem ser: inadequada calibragem do sistema de
monitoração, assim como dos medidores, ou até mesmo danos, danos nos sensores, bombas
com muito uso ou sem manutenção e defeito nos cabos de transmissão de dados, entre outros.

5. Aspectos quando a tipo de terreno

Em qualquer situação, o tipo de estaca escolhido e o método de projeto utilizado


serão influenciados pelos fatores que determinam a decisão de usar estacas, em primeiro
lugar. Há inúmeros tipos de estacas, no entanto, considerando os fatores técnicos e custos, a
escolha se reduz a dois ou três tipos.
Sabe-se que, os fatores fundamentais que devem ser considerados na determinação
do tipo de estaca a ser adotado são:

 A localização e o tipo de estrutura;


 A durabilidade em longo prazo, ou seja, a relação custo/benefício;
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 As condições do solo, incluindo a posição do nível do lençol freático.

A respeito das condições do solo, podem-se relacionar os tipos de solos com a estaca
hélice contínuos e tipo ômega, destacando principalmente seu processo de execução:

 Solos muito resistentes: é necessário algumas vezes, “aliviar” a perfuração,


ou seja, girar o trado parado para quebrar o atrito e possibilitar o avanço, com
o intuito de garantir o comprimento mínimo da estaca. Tal procedimento, na
medida em que transporta o solo, provoca desconfinamento do terreno e,
assim, redução da capacidade de carga.

No que tange a estaca ômega, a maior dificuldade para execução neste tipo de terreno
é a força necessária para a perfuração, já que a estaca necessita de mais torque que a hélice.
Os tipos de solos que podem prejudicar o processo de escavação são os seguintes:

 Solos porosos não saturados: na prática, este tipo de solo tem apresentado
dificuldades de penetração da hélice. Segundo CINTRA (1998), a estrutura
porosa é associada à presença de um agente cimentante que, aliado a uma
sucção suficientemente elevada, estabiliza o solo na condição parcialmente
saturada, conferindo-lhe uma resistência aparente ou temporária. Em função
desta resistência aparente, quebrar a estrutura deste solo e iniciar e/ou
prosseguir com a perfuração é uma etapa difícil para as hélices contínuas.
(apud ALMEIDA NETO, 2002).
 Solos com cama de argila mole confinada: a execução de estacas hélices
contínuas nesse tipo de solo é problemática em relação a um elevado
sobreconsumo de concreto e à ruptura do solo em razão da pressão do
concreto. Na concretagem, deve haver um controle rigoroso da subida do
trado, para garantir a integridade da estaca. Como o solo é frágil e o concreto
é injetado sob pressão, o sobreconsumo deverá ser grande, por ruptura do
solo desta camada.
 Solos com camada de argila mole superficial: neste caso, o maior problema
pode ser o peso do equipamento que pode ser excessivo para a capacidade de
suporte do terreno. Em alguns casos, pode ser necessária a escavação da
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camada superficial até se atingir uma camada de maior capacidade de carga


para suporte do equipamento de execução da estaca. Com relação à execução
da estaca, a concretagem deve ser feita até se atingir a cota do terreno, caso
contrário, pode haver desmoronamento de solo. Ainda, deve-se tomar
cuidado, para garantir que o topo do trado sempre esteja acima da cota
superior da argila mole, evitando que a prolonga (região sem trado) atinja esta
camada, e decido a ausência de trado sem solo, crie um alívio.
 Solos com camadas de areias puras na região da ponta: para estacas hélice
contínua, deve-se ter cuidado para garantir a resistência de ponta. Para tanto,
deve-se iniciar a concretagem com giro lento do trado, no sentido da
introdução do trado, de modo a criar um componente ascendente e evitar a
queda de grãos de areia. Esse giro deve ser lento para minimizar o efeito de
transporte, evitando assim o desconfinamento do solo.
 Solos com camada de pedregulhos: neste caso, o que influencia na execução
da estaca é o tamanho dos pedregulhos e a capacidade do equipamento em
perfurá-los. O que esta camada pode causar de mais prejudicial na execução
da estaca, é o desgaste que a mesma causa nos dentes do trado e no próprio
trado, em estacas hélice contínua, obrigando o executor a um controle
constante em seu diâmetro e ponta.

Sabe-se, portanto, que no processo de instalação das estacas no solo, quer seja uma
estaca pré-moldada, quer seja escavada ou aparafusada, como a ômega, as propriedades do
solo, e no caso de estacas moldadas “in-loco”, também, as propriedades do concreto sofrem
alterações. Estas alterações por sua vez, influenciarão decisivamente no desempenho final da
estaca.

5.1. Efeitos da instalação das estacas no sistema estaca-solo

Os principais fatores que influenciam na alteração das propriedades do solo, devido à


instalação de uma estaca hélice contínuas ou ômega, são:

 Variação do estado inicial de tensões devido à perfuração;


 Ação do concreto fresco no restabelecimento de tensões;
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 Demora na concretagem;

Em relação à alteração do estado de tensões do solo, a perfuração do solo tanto para a


hélice contínua como para a hélice ômega, causa uma alteração no estado inicial de tensões do
solo. A hélice contínua desestrutura o solo e pode causa alívio de tensões de pequena ou
grande magnitude, certamente influenciada pelo tipo de solo e pela qualidade da execução e
do concreto, entre outros fatores. Já o parafuso do trado ômega, por causar deslocamento do
solo, compactando-o, tende a causar acréscimo de tensões, exceto em alguns casos que
dependendo do tipo de solo, pode causar alívio de tensões, por exemplo, em camadas de
argilas sensíveis.
Contudo, sabe-se que o tipo de solo influenciará na alteração do estado de tensão.
Em argilas sensíveis, por exemplo, a hélice ômega, ao invés de causar uma densificação do
solo, diminuindo o seu índice de vazios, e por consequência, aumentando a sua resistência,
pode causar perda de resistência por amolgamento do solo. Para a hélice contínua, em virtude
do processo de perfuração e da forma da lâmina da hélice, a queda na resistência por
amolgamento da argila, deverá ser menos significativa.
Então, o estudo da modificação das tensões iniciais do solo, durante e após a
execução de estacas, deve ser feito através de ensaio “in situ” antes, durante e após a
instalação da estaca.
Já em relação à ação do concreto fresco, as tensões que o mesmo impõe às paredes
do fuste e à base da estaca, notoriamente influenciarão o desempenho da mesma em relação à
capacidade de carga, por atrito lateral e ponta, e a recalques mobilizados.
Estas tensões geradas pelo concreto fresco serão, principalmente, determinadas pela
pressão de injeção do concreto, velocidade de extração da hélice, fator água-cimento,
resistência do solo, e comprimento e diâmetro da estaca. Segundo PEIFFER et. al. (1998), o
estado de tensões final em torno de uma estaca ômega, dependerá da consistência do concreto
e da sobrepressão aplicada durante a concretagem. (apud ALMEIDA NETO, 2002).
A respeito da demora na concretagem em estacas escavadas provoca, principalmente,
aumento da expansão do solo adjacente, deflagrada pelo alívio de tensões devido à escavação.
No entanto, no caso de estacas hélice contínua e ômega, isto não ocorre. Estas
estacas são executadas num curto espaço de tempo, e o furo está sempre suportado. No caso
da hélice contínua, está suportado pelas pás e o material entre as pás, e no caso do sistema
ômega, o furo é suportado pela própria ponta do parafuso.
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Portanto, o problema de alívio de tensões devido à escavação somente deverá


representar perda de qualidade e desempenho da estaca, quando houver interrupção no
fornecimento de concreto por longo período de tempo.

6. Vantagens e desvantagens

Vantagens

 Alta produtividade – usual: 20 estacas/dia


 Ausência de vibração
 Execução monitorada eletronicamente
 Perfuração e extração sem escavar e sem remover solo significativamente,
não havendo necessidade de máquinas auxiliares de terraplanagem e
caminhões para remoção.
 Deslocamento lateral eficiente do solo
 Redução do volume do concreto
 Colocação de armadura antes ou depois do lançamento do concreto

Desvantagens

 Dificuldade na colocação de armaduras profundas.


 Mão de obra especializada para operação da perfuratriz de execução da estaca
ômega.
 Subordinação à concreteiras, podendo ocorrer atrasos no fornecimento de
concreto.

7. Exemplo

Um grande exemplo de aplicação de estacas ômegas em fundação é na obra da


estação do metrô Vila das Belezas, situada na zona sul de São Paulo. O motivo de optar por
este tipo de estaca para a fundação, veio do prazo pequeno que tinham em cronograma para a
execução da fundação, pois havia tido um atraso no período de desapropriação do terreno,
encurtando o tempo e mudando o planejamento de execução.
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No inicio a idéia era utilizar estacas tipo Franki, que produz no máximo 6
estacas/dias, como houve o atraso, já citado, optou-se pela estaca ômega, que tem uma
produção máxima estimada em 12 estacas/dia.
Outro problema levado em consideração para a alteração de estacas Franki pra
ômega, foi preocupação com a vizinhança em relação a vibrações, pois o sistema Franki gera
vibrações consideráveis, já o sistema ômega, que perfura o chão com uso de um trado, gera
uma vibração mínima que não afetaria a vizinhança, causando-a problemas, como patologias
em suas estruturas.
De acordo com ALMEIDA NETO (2002), a executora pesquisou entre os diversos
tipos de estacas que melhor se ajustavam à necessidade da obra, e encontrou como melhores
alternativas, estacas hélice continua ou estacas ômegas. Então, foi escolhida a estaca ômega,
por esta não gerar material de descarte, anulando o custo com bota-fora.
Foram levadas em consideração para a escolha da estaca algumas questões
econômicas, que levaram em consideração o custo com serviços extras, como o bota-fora de
material de descarte, que no caso a estaca hélice continua geraria. Já a estaca ômega não
haveria a necessidade, pois gera quase nenhum resíduo.
O passo seguinte a escolha do tipo de sistema que realizaria a perfuração das estacas,
tipo ômega, é um estudo elaborado de acessibilidade do maquinário ao local de execução das
estacas e o estudo de suporte do terreno em relação ao peso da perfuratriz, que pode chegar
até 70 toneladas.
Após o estudo foi verificado que o solo em questão apresentava baixa capacidade de
carga, por se tratar de uma argila mole, e não suportaria o peso da perfuratriz, com isso teve
que ser feita a substituição da camada superficial desta argila mole, com espessura de 1,50 a
2,00 metros, por uma camada composta da mistura de rachão com o mesmo solo escavado.
Sobre o maquinário utilizado para a perfuração e outros dados da obra ALMEIDA
NETO (2002) diz que o equipamento utilizado foi uma perfuratriz de 70 toneladas de peso
total com trado de 15 metros de comprimento e 37 centímetros de diâmetro. Foram
executadas pouco mais de dois mil metros lineares de estacas com uma produtividade média
diária de 13 estacas por dia. A solução em estaca ômega, neste caso, alcançou as expectativas
de prazo e custos, da empreita e produtividade acima da esperada.
Fundações realizadas as próximas etapas de construção seguiram e assim a obra foi
finalizada e inaugurada no dia 20 de outubro de 2002. Esta estação de metrô faz parte das
linhas dos metrôs de São Paulo, Capital, é chamada também de linha 5-lilás, possui
capacidade de 2.213 passageiros/hora/pico e possui uma área construída de 4.886,79 m².
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8. Conclusões

Com base nos estudos pode-se afirmar que, o estudo das fundações vem evoluindo
constantemente, em busca de novos elementos, que possuam alta produtividade, ausência de
vibrações e ruídos na execução, elevada capacidade de carga, entre outros aspectos.
Dentro deste propósito, surgiram recentemente no mercado e tiveram grande
desenvolvimento nos últimos anos, às estacas hélice contínua, sendo hoje uma estaca de
enorme interesse comercial. Mais recentemente, ainda com pouco uso, surgiram as estacas
ômegas, que podem se transformas também em estacas de uso tão intenso.
O desempenho destas estacas, primordialmente da hélice contínua, será severamente
influenciado pela perícia e experiência do operador do equipamento de execução da estaca.
Na prática, têm-se verificado maiores problemas em relação ao controle e garantia de um
concreto de características tais, que permita a colocação da armadura, e alcance o desempenho
previsto para a estaca.
Percebe-se que, o monitoramento, por sua vez, é uma ferramenta valiosa de controle
do processo de execução, porém não é exata, e está sujeita a imprecisões de medidas, devido a
correlações utilizadas para medições de pressão de injeção, por exemplo, e erros devido a
danos no sistema de monitoramento, calibração não adequada do sistema, danos nos sensores,
bombas com muito uso ou sem manutenção, defeitos nos cabos de transmissão de dados, entre
outros. Portanto, não deve ser desprezado um controle rigoroso da execução, por parte de um
engenheiro que conheça os aspectos relacionados ao processo executivo destas estacas.
Ainda, conhecer a composição do solo, suas características e as condições locais em
que será executada a obra são indispensáveis, visto que o terreno é de vital importância para
qualidade e durabilidade da construção e no caso da fundação com estacas, é primordial
prever os efeitos da instalação das estacas no sistema estaca-solo. Em resumo, a alteração do
estado do solo, estará severamente ligada ao tipo de solo que esta estaca está instalada, seu
processo de execução e fundamentalmente, a sua correta execução.
Ademais, deve-se pensar se, a estaca é realmente a melhor solução para fundação,
nesse caso, para escolher a fundação mais adequada, devem-se conhecer os esforços atuantes
sobre a edificação, as características do solo e dos elementos estruturais que formam as
fundações. Assim, analisa-se a possibilidade de utilizar os vários tipos de fundação, em ordem
crescente de complexidade e custos. Fundações bem projetadas correspondem de 3% a 10%
do custo total do edifício; porém, se forem mal concebidas e mal projetadas, podem atingir 5 a
10 vezes o custo da fundação mais apropriada para o caso. Além disso, para a tomada de
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decisão deve-se levar em conta seu custo-benefício, como também o tempo necessário para
conclusão da técnica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA NETO, José de Albuquerque de; ANÁLISE DO DESEMPENHO DE


ESTACAS HÉLICE CONTÍNUA E ÔMEGA – ASPECTOS EXECUTIVOS. USP: São
Paulo, 2002, 166 p. Acessado em: 25/05/2014. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/ 3/3145/tde-27012003-180424/pt-br.php>.

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AUGUER PILES, 3, 1998. Ghent-Belgium. Proceedings... Rotterdam: A.A. Balkema,
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CINTRA, J. C. A. (1998) “Fundações em Solos Colapsíveis”. São Carlos: Serviço Gráfico


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HACHICH, Waldemar et al. FUNDAÇÕES: TEORIA E PRÁTICA. 2. ed. São Paulo:


PINI. 2004.

JUNIOR, M. J. ; CARVALHO, David; ALBUQUERQUE, P. J. R.; ANÁLISE DE


COMPORTAMENTO DE ESTACAS ÔMEGA CARREGADAS
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