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Elymartins

Diabolic escrita por elymartins

Sinopse: uma mulher...duas faces....duas vidas. Até que ponto um homem


pode resistir a sua aura de encanto e mistério. Corpo de mulher...alma de
menina.

Capítulo 1
Prologo

Meu corpo deslizava lentamente pela barra de metal, ao som da música


luxuriante. Ao longe eu ouvia os assovios masculinos. Estava de costas
para a plateia mas eu sentia seu olhar sobre mim. O mesmo de todas as
noites. Eu tinha certeza de quem se tratava. Apenas aquele olhar fazia
meu corpo se contorcer numa clara demonstração sexual. Virei–me de
frente e encontrei aquele par de olhos verdes. Seus olhos pareciam
grudados em mim. Deslizei minhas mãos pelo meu corpo, causando
frisson na plateia

Eu sabia que estava brincando com fogo. Mas minha vida dependia disso.
Era só uma questão de autocontrole para resistir aos encantos daquele
Deus grego que me assistia. Render– me aos seus caprichos só tornaria
ainda mais difícil alcançar o que eu tanto almejava.

Capítulo 2
lembranças

Bella POv
Elymartins
Mais um dia que se passou e eu ainda não tinha chegado nem perto do
meu ponto de partida. Logo eu teria que sair, ir para a boate onde
trabalhava. Morava sozinha desde que cortei relações com minha mãe.
Meu pai se fora há dois anos,morreu de tristeza...por minha culpa. E agora
eu vivia nessa batalha para recuperar o que é meu. No fundo eu tinha a
certeza de que minha mãe era a maior culpada disso tudo. Se dependesse
de mim, nunca mais falaria com ela. Tracei todas as minhas metas, todos
os meus planos. Conseguia ganhar um bom dinheiro com o trabalho que
mantinha. À noite na boate Nightwish. Era pra la que eu me dirigia agora.
Caprichei na maquiagem como sempre. Isso era essencial para que eu não
fosse descoberta. O dono da boate, o senhor Carlisle Cullen me chutaria
porta afora se descobrisse isso. Me olhei no espelho mais uma vez. Meus
longos cabelos castanhos caíam em cascata até abaixo da cintura. Minha
pele, apesar de ter adquirido um leve bronzeado, era um pouco pálida. O
meu corpo era o que os homens costumavam chamar de "mulherão".
Cintura fina, coxas grossas, bumbum arrebitado....chamava facilmente a
atenção masculina. Ter o corpo assim voluptuoso era bom. Eu aparentava
ter uns 22, 23 anos. Se olhassem apenas para o corpo. Mas se olhassem
com atenção para o meu rosto sem maquiagem, me dariam exatamente a
idade que tenho: 17 anos. Menti a idade, forjei documentos.....tudo isso
para alcançar meu objetivo.

Estava pronta para subir ao palco onde me apresentaria. Eu não fazia


programas...tipo sexo. Saía às vezes como acompanhante para grandes
executivos, mas nada de cama. Claro que choviam ofertas, mas eu não
estava preparada pra isso. Eu não podia me arriscar de forma alguma. Eu
tinha que estar muito próxima daquela família, mas sem me envolver com
ninguém. Muito menos com o dono daquele par de ofuscantes esmeraldas
que me olhava da plateia. Edward Cullen.....filho mais novo de Carlisle.
Tinha retornado há pouco para Port Angeles. Não deveria ter mais que 24
anos. E como era lindo.....alto, corpo de atleta, sem exageros, cabelos cor
de bronze que provavelmente só eram penteados com os dedos de tão
revoltos. O homem por inteiro emanava sexo. Era comum vê–lo rodeado de
mulheres, mas sempre com os olhos fixos em mim. Já tentou falar comigo
algumas vezes,mas eu sempre conseguia escapar. Estava totalmente fora
de questão qualquer envolvimento com ele. Ainda mais porque meu corpo
inteiro queimava apenas com aquele olhar. Mas eu jamais cederia tão fácil
a um homem....não mais.

Eu soltava meu corpo ao ritmo da música, rebolando e arrancando


assovios da plateia E aqueles olhos la....em mim. Hoje ele estava
acompanhado por uma garota ruiva, então eu não precisaria correr. Ele
não deixaria a garota sozinha para ir falar comigo. Hoje era a melhor
noite.....sempre quando tinha um Strip eu faturava alto.

Os clientes depositavam dólares no sutiã, calcinha, até nas tiras da


sandália. Vi quando ele se aproximou do palco, fazendo sinal para mim.
Eu estava agachada....uma pose de felina. Me arrastei ate ele. Sua mão
Elymartins
quente e macia depositou algo em meu sutiã.....quase roçando meu
seio....os olhos fixos nos meus.

– Tanks.

– Aspettami...

Italiano? Eu nem entendia nada disso....Somente quando fui me trocar vi o


que ele depositara em mim: Euros...caralho....nem sabia quanto valia
aquilo.

Tinha acabado de me trocar, me virei pra sair e dei de cara com ele,
bloqueando a porta.

– Onde pensa que vai?

Que voz era aquela...meu pai....odiosamente sexy.

– Pra casa, é claro.

– Pensei que tivesse dito para esperar por mim.

– Ah...então foi isso o que disse?

Ele deu um sorriso espetacular.

– Sim.

– E o que deseja?

– Você.

Bom.~...ele era direto, sem dúvida alguma.

– Quer os meus serviços como acompanhante? É isso? Por que precisaria


disso?

Ele avançou dois passos em minha direção, me puxando pela cintura.


Senti o perfume delicioso que emanava da pele dele, bem como os
músculos rijos do seu corpo.

– Não se faça de boba. Sabe muito bem do que estou falando.

– Me solte.

Eu o empurrei e ele se afastou.

– Eu não faço programas, senhor Cullen. Pelo menos, não do tipo que está
pensando.
Elymartins
– Que seja....então saia comigo, sem ser um programa.

– Está querendo sexo de graça? Há milhares por ai que adorariam sair com
o senhor. Inclusive a ruiva que estava agora há pouco ao seu lado.

– Eu não quero Victoria ou outra qualquer.

– Vamos deixar uma coisa bem clara, senhor Cullen.....

– Edward.

–Sim.....eu não vou sair com você...seja pra fazer programa ou não.

– Por que não?

– Porque você não me interessa.

Era uma puta de uma mentira. Que mulher louca diria isso a ele? Mas
infelizmente tinha que ser assim. Eu não poderia jamais ceder aos desejos
de Edward. Eu corria um sério risco de me apaixonar.....de novo.

– Por que será que eu conheço você?

Eu não respondi. Apenas continuei encarando–o. Era só o que me faltava


agora.

– Tem alguma coisa em você.....

– Por favor, me dê licença....preciso ir pra casa.

– Eu levo você.

– Não.....meu....namorado está esperando por mim.

– Ah...seu namorado sabe que se mostra assim, pra esse bando de


homens?

– Isso não é da sua conta.

– Algum problema aqui?

_Ah....oi senhor Cullen....estava apenas conversando com seu filho.

– Espero que ele não esteja perturbando você, Mandy.

– Não....de forma alguma....ele é....muito simpático.

– Até amanhã, senhor Cullen.....Edward.


Elymartins
Apressei-me em sair dali. Merda....merda....merda.....So faltava essa agora.
Edward tentar descobrir de onde me conhecia. So quando cheguei em
casa, eu percebi que chorava. Há tempos eu guardava essas lembranças
dentro de mim. Cheguei a acreditar que estavam enterradas bem la no
fundo de mim. Mas agora essas lembranças vinham a tona, com força
total.

Eu passei muito tempo estudando um meio de conseguir o que eu queria.


Sabia que Edward havia ido embora para a Itália. So não imaginava vê–lo
aqui de novo. Isso com certeza atrapalharia meus planos. Eu precisava de
uma ideia....alguma coisa.....qualquer coisa. Mas eu precisava ficar longe
de Edward ou ele fatalmente me reconheceria. Apenas três anos se
passaram desde aquele dia, mas eu mudei muito. Na época, com 14 anos
eu tinha um corpo de 18. Hoje, aos 17, um corpo de 23. Eu agradecia aos
céus por ter tido a ideia de usar lentes de contato. Meus olhos eram de
uma estranha cor de chocolate...tão rara de se ver. Todos diziam que era
uma marca em mim...os olhos. Talvez tenha sido um dos motivos por não
ter me reconhecido. Eu usava lentes verdes. Além disso, aprendi a fazer
uma maquiagem tão bem-feita que as vezes eu mesma me estranhava ao
olhar no espelho.

Depois de repassar tudo isso, eu pensei em um lado positivo....talvez. Se


eu conseguisse que Edward não me reconhecesse....seria uma
oportunidade e tanto tê–lo ao meu lado. Mas jamais poderia haver
sexo.....e isso era quase impossível evitar. Ainda mais com Edward. Ainda
mais para alguém como eu. Que mesmo de uma maneira totalmente
inescrupulosa, havia experimentado as delicias do prazer nos braços dele.
E jamais havia esquecido.

Capítulo 3
No flagra

Edward Pov

Estava começando a ficar realmente irritado comigo mesmo. Desde que


voltei da Itália e passei a ir a boate aquela mulher não saía da minha
cabeça. Sem dúvida alguma era por causa dela que eu ia la todas as
noites. Mas ela simplesmente me dispensava, ou fugia de mim antes
mesmo de conversar comigo. Foi uma surpresa e tanto. Não sou um
homem convencido, mas a maioria das mulheres se arrastam aos meus
pés. Mas ela não. Simplesmente me descartava. Mas tinha alguma coisa
que me puxava pra ela, como um ímã. E por várias vezes eu tive a
impressão de conhecê–la, de já tê–la visto em algum lugar. Era quase uma
certeza. Ms ela não me dava chances. E hoje mais uma vez eu estava aqui,
observando–a atentamente. Ela sabia disso com certeza, e me provocava.
Meus olhos pareciam presos ao seu corpo quase desnudo que balançava
sensualmente ao som da música. Tinha curvas deliciosamente tentadoras,
tudo perfeito.....feita para o amor e sexo. Fechei meus olhos, suspirando
lentamente. Eu não me lembrava de ter sentido tanto desejo. Aliás....era
Elymartins
mentira. Eu já tinha sentido esse mesmo
desejo....intenso....insano....arrebatador. Mas na maioria das vezes eu
preferia guardar essas lembranças bem no fundo de mim mesmo. Não
eram lembranças boas. Eram lembranças de como fui canalha, bruto,
insensível.....e eu não queria de forma alguma que essas lembranças
viessem me assaltar novamente. Abri meus olhos novamente e ela me
encarava, deslizando sedutoramente as mãos pelo próprio corpo.

Os homens se aproximavam do palco, colocando dinheiro em seu decote,


outros apenas falavam obscenidades. Saí da pista antes que terminasse
seu show. Eu a esperaria no camarim. Eu tinha que falar com ela
novamente. Sentei–me na poltrona e por ali fiquei até ouvir os aplausos.
Em poucos minutos ela entrou, apressada como se fugisse de alguém.
Muito provavelmente de mim.

– Com pressa?

Ela se virou, as mãos no peito.

– Que susto, senhor Cullen.

– Edward.

– O que faz aqui?

– Vim falar com você.

– Pelo amor de Deus...o que foi dessa vez?

– por que me trata assim, Mandy? Por que tanta repulsa?

– Você é insistente.

– Eu tenho que lutar pelo que quero.

– E o que você quer?

– já disse...você.

– olhe bem pra mim, Edward. Acha que sou alguma idiota? Você pode ter a
mulher que quiser. Por que está atrás de mim?

– meu Deus.....é tão difícil entender que eu quero você?

– Você não limites, não é Edward? Para conseguir o que quer. Pois fique
sabendo que não sou assim.

– assim como? Não sabe o que se passa na minha cabeça.


Elymartins
– Nem é preciso saber.....um riquinho metido a besta que acha que pode
pegar a mulher que quiser, na hora que quiser.

Sem pensar, avancei sobre ela, pegando–a pelos braços.

– Por que esse ataque agora, hã? É por que está com tanto desejo quanto
eu e não quer assumir?

– Não seja idiota....eu jamais me deixaria levar pela sua lábia. Não tem
respeito por ninguém, Edward. Não considera os sentimentos de ninguém.

– como ousa falar assim comigo? Mal me conhece e acha que pode me
julgar?

– e vai me dizer que sente alguma coisa por alguma mulher que não seja
única e exclusivamente o desejo de fode–las?

Eu parei assustado com suas palavras.

– As pessoas tem sentimentos, Edward. Pelo menos eu tenho. Não estou


disposta a ser uma na sua lista interminável de conquistas. Vá cantar em
outro galinheiro.

– Está me tirando do sério, Mandy.

– Estou pouco me importando.....quero apenas que me deixe em paz


Edward. Lembre–se que seu dinheiro não pode comprar tudo.....pelo
menos não comigo. Não quero ir pra cama com você nem por todo dinheiro
do mundo.

– O que foi que eu te fiz?

– Nada.....apenas conheço homens de sua laia.....que brincam e jogam


fora.....nunca serão capazes de ter o mínimo de sentimento bom.

– Está muito enganada a meu respeito......não sou esse tipo de homem que
pensa....já fiz besteiras sim...e me arrependo amargamente. Já fui um
homem completamente apaixonado, louco de amor, não correspondido....
Mas não vou negar que morro de tesão por você....

– Me solte, por favor.

Alguma coisa em seu tom de voz me fez soltá–la.

– Desculpe–me.

Disse isso e sai dali. Que porra estava acontecendo comigo afinal? Estava
me deixando levar mais uma vez. Iria mais uma vez agir como um
canalha?
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Não totalmente.....a situação agora era outra. Não que eu queira me
justificar...mas o que fiz na época....apesar de ser abominável....foi por um
amor louco e desesperado. Totalmente proibido para mim. Eu sofri.....fiz a
garota que eu amava sofrer ainda mais. Pior....depois daquele maldito dia
eu nunca mais a vi. Com Mandy era diferente...era atração física, tesão.
Porque no fundo eu ainda amava aquela garota. Talvez com o tempo isso
passasse....mas estava difícil. Três longos anos longe daqui e não foi
suficiente para me fazer esquecê–la.

Sai da boate disposto a deixar Mandy em paz. Talvez ela tivesse razão. Eu
estava acostumado a ter qualquer mulher que quisesse. Prova disso era
que Victoria me esperava encostada em meu volvo. Eu lutava contra meu
desejo, não queria que fosse assim. Mas meu corpo entregava o tesão
insuportável em que eu ficava toda vez que via Mandy.

– Vamos esticar a noite, Ed?

– Com certeza, Victoria.

Mas hoje eu não queria esperar muita coisa. So queria satisfazer meus
desejos. Fui para um lugar mais afastado e ali mesmo dentro do carro eu
fodi Victoria como nunca. Metia cada vez mais fundo nela e a cada
estocada que dava em seu corpo, a imagem de Mandy piscava em minha
mente. Não foi o suficiente pra mim.....transar com Victoria só me deixou
pior do que já estava. Era Mandy quem eu queria. Era dentro dela que eu
queria estar. Mandei meus juízo as favas. Amanhã eu daria um jeito de
descobrir seu endereço. Iria atrás dela em sua casa. Mas antes eu passaria
no escritório do meu pai e descobriria tudo a respeito dela. Eu sabia que
parte da minha fixação era por tomar aquele corpo pra mim. Mas tinha
algo mais. Alguma coisa naquela mulher me intrigava. Era sempre aquela
impressão de conhecê–la de algum lugar.

Na manhã seguinte fui ao escritório do meu pai antes que ele chegasse. Ali
encontrei toda a documentação a respeito de Mandy. Mandy Brandon....23
anos....morava sozinha...solteira....sem filhos. Anotei seu endereço. Hoje a
noite eu iria até a casa dela, assim que terminasse seu show.

Mas depois pensei melhor....a noite seria difícil ela abrir a porta pra
mim....arredia do jeito que era. Era melhor que eu a pegasse de surpresa,
logo pela manhã. Eu desvendaria os segredos dessa mulher, custe o que
custar.

Bella POV

Merda....merda de vida.....me joguei em minha cama, exausta. Era tudo o


que eu não precisava. Edward me rondando. Tomei um banho, limpei toda
a maquiagem e tirei as lentes de contato. Eu tinha descoberto muito pouco
sobre a família de Edward.....mais precisamente sobre Rosalie. Era atrás
dela que eu teria que ir. Mas ao que parece ela morava agora no Canadá.
Elymartins
Eu teria que me manter firme agora. Nada de ceder aos caprichos de
Edward. Mas era difícil demais. Aquela boca tão próxima a minha.....o pior
de tudo era que eu conhecia o gosto, eu sabia das delícias que ela
proporcionava.

Meu Deus.....como eu era fútil......baixa.....Será que existia alguma mulher


no mundo que se recordasse com prazer de uma coisa dessas? Mesmo que
fosse um homem lindo e delicioso feito Edward...o que ele me fez foi
horrível. E eu me sentia pior ainda por saber que eu adorara cada
momento. Eu poderia pedir mais e mais se tivesse tido chance. Era nojento
isso. Apaguei poucos minutos depois. Um sono cheio de sonhos confusos.
Passei quase a manhã toda na cama.

E assim eu ia levando a minha vida. A manhã quase toda na cama...a


noite na boate. Sempre sob os olhares gulosos de Edward. Essa noite não
foi diferente. Ele praticamente me comia com os olhos. Eu ficava excitada
com isso e provocava cada vez mais. Estava acompanhado da mesma ruiva
de outras noites. Mas confesso que fiquei um pouco decepcionada.....hoje
ele não veio atrás de mim. Bom...deve ter conseguido o sexo fácil com a
garota ruiva. Melhor assim. Mas no fundo eu estava chateada. Idiotice
minha.....Edward deve ter tido milhares de mulheres esses anos todos.
Retirava minha maquiagem que borrava ainda mais com as lágrimas. Que
merda! Por que eu estava chorando afinal? Eu não podia deixar esses
sentimentos voltarem a tona. Isso era coisa do passado, morto e enterrado.
Pelo menos no que se referia a Edward. Me enrolei nos cobertores, me
sentindo mais infeliz do que jamais estive. Edward não arruinaria minha
vida novamente, eu não deixaria.

So soube que eu tinha dormido porque acordei horas depois com a


campainha berrando. Olhei as horas....ainda eram sete e meia da manhã.
Saco....quem seria a essa hora? Se fosse Ângela que vinha de vez em
quando dar faxina eu a mataria....onde estava a chave que entreguei a ela?
Fui até o banheiro escovei os dentes e lavei o rosto. Deixei que ela
continuasse a tocar a campainha. Puxei meus cabelos pra trás num rabo
de cavalo. Meu rosto era totalmente diferente assim....desprovido de
maquiagem, com meus olhos de chocolate.... Parecia ter agora a idade que
eu realmente tenho. Suspirei e desci as escadas correndo. Escancarei a
porta já falando.

– Âng....da próxima vez.......

Parei...um grito preso em minha garganta. Ele também parecia querer


gritar alguma coisa. Seu rosto ficou lívido. Dei um passo para trás.

– o que faz aqui?

Ele entrou na sala sem permissão e fechou a porta atrás de si. Seu rosto
ainda chocado. So pensei em duas palavras: Agora fudeu.
Elymartins
Capítulo 4
Cara a cara

Edward POV

Eu sabia que Mandy me poria porta afora assim que eu chegasse a sua
casa. Mas eu tinha que fazer isso. Era mais forte do que eu. Tudo nela me
atraia de uma forma impressionante. O corpo, o rosto, até o cheiro. Sem
contar aquela incômoda desconfiança que de que a conhecia de algum
lugar.. Por isso mesmo não perdi tempo. Ainda não eram oito da manhã
quando toquei a campainha da sua casa. Esperei alguns minutos e nada.
Toquei novamente. Tive a impressão de ouvir alguma movimentação. A
porta se abriu de repente. Aquela conhecida voz já falando.

– Âng....da próxima vez.......

Ela parou em choque e eu também. Não podia ser. Meus olhos deviam
estar me pregando alguma peça. Ela deu um passo para trás.

– o que faz aqui?

Entrei sem ao menos pedir licença e fechei a porta. Ainda aturdida, a


respiração descompassada. Meu coração parecia ter sido esmagado dentro
do peito e eu pensei que fosse morrer ali.

– Bella?

– Mandy.

– Não ouse duvidar da minha inteligência, Bella. Nem vem me dizer que
tem uma prima, uma irmã.....você e Mandy são a mesma pessoa.

Ela fechou os olhos em sinal de derrota. Era ela mesma. Os mesmos


cabelos, os mesmos olhos cor de chocolate. Avancei alguns passos e ela
recuou. Todo o passado voltou a tona com força total. Eu pensei que um
dia conseguiria superar toda a paixão, todo o amor que sentia por Bella.
Estava enganado. Era por isso que me sentia tão atraído por Mandy,
sentia tanto desejo. Eram a mesma pessoa. E Bella era única. Pelo menos
pra mim.

– Vá embora daqui, Edward.

Eu não conseguia falar sem deixar transparecer toda a emoção que sentia
ao vê–la.

– Eu te procurei tanto, Bella. Eu precisava.....eu queria.....

– Suma daqui, Edward. Pra que me procurou? Para se divertir um pouco


mais?
Elymartins
– Não.....não, por favor. Eu precisava....falar....dizer o que eu sentia.

– Eu sei o que sentia, Edward. Um desejo animal, como se eu fosse


qualquer vadia como as quais você estava acostumado.

– Bella, eu penso nisso o tempo todo. Eu preciso me explicar.

– Não....não quero ouvir. Fique longe da minha vida, Edward.

Ela subiu as escadas correndo e ouvi a porta bater. Eu não fui embora.
Sentei–me no sofá ainda em choque. Bella....minha Bella. A garota que eu
amei a minha vida toda. E que arruinei com a vida dela. Ela me odiava e
eu merecia. Merecia sofrer por ela. Porque por mais que eu não quisesse
eu ainda era o homem apaixonado de quase quatro anos atrás. Deitei
minha cabeça no encosto do sofá, fechei meus olhos e senti que chorava.
Chorava toda a vergonha, toda tristeza que eu sentia. As imagens agora
estavam muito mais nítidas. E eu pude me lembrar como se fosse hoje.

Flashback on

Eu conversava com meu amigo Mike. Mike queria que fôssemos ao baile da
escola apenas para "pegar" as garotas. Mas não era isso o que eu queria.
Com 20 anos eu me via apaixonado. Irrevogavelmente apaixonado por uma
garota de apenas 17 anos. Pelo menos era isso o que eu pensava. Bella era
linda. Tinha o corpo mais lindo que eu já tinha visto. E embora muitas
vezes eu tenha percebido certos olhares dela em minha direção, ela jamais
deu qualquer brecha.

Acabei concordando em ir com Mike. Eu não sabia se Bella também


estaria formando. Talvez sim, a julgar pela idade. Mas seria uma boa
oportunidade para chegar até ela. Afinal três anos de diferença não era
tanto assim. O único problema é que ainda era de menor. Mas por pouco
tempo.

– Quem você vai pegar, Edward?

– Não vou pegar ninguém, Mike. So quero pedir em namoro a garota dos
meus sonhos.

– Quem?

– Bella.

– O que?

– Bella Swan, não é esse o nome dela?

Mike me olhava de olhos arregalados.


Elymartins
– Ficou louco, cara? Está querendo morrer?

– Estou apaixonado por ela, Mike.

– Surtou de vez. Tem ideia do absurdo que está falando?

– Por quê?

– Edward.....deixa de ser canalha. Ela tem apenas 14 anos!!!

Eu levei um choque. 14 anos? Impossível.

– Ta de brincadeira agora, Mike?

– por Deus, Edward. Fique longe dela. To falando sério, cara. Ela nem é
formanda hoje. 14 aninhos, apenas.

Meu mundo caiu ali. Eu, com 20 anos, completamente apaixonado por
uma garota de 14 anos. Mike olhava atentamente para a porta do salão.

– Com aquele corpão, parece mesmo ter 17 anos.

Olhei na mesma direção e a vi. Mais linda do que nunca. Dava para
enganar mesmo. Eu jamais imaginaria que ela era tão nova. Deu um
sorriso tímido quando viu que eu a encarava. Deus do céu, eu estava
perdido. Ficaria de molho até ela completar a maioridade? Era o único
jeito.

No entanto, minha tristeza me fez embriagar–me. Bebi muito além do que


estava acostumado. E ao final do baile eu já nem sabia mais quem eu era.
Vi quando Bella se dirigia a saída e fui atrás.

– Está indo já?

– eu....vou procurar.....minha carona.

Seu rosto enrubesceu e ficou ainda mais lindo.

– Posso oferecer uma carona.

– Não..obrigada.

– Não está com medo de mim, está?

– Não...é só que....

– Vamos....poderia ser seu irmão mais velho.


Elymartins
Ela acabou aceitando. Por ingenuidade talvez. Eu juro que não tinha
nenhuma intenção escusa. Eu só queria estar perto dela, ouvir a voz doce
dela. No entanto no meio do caminho, eu olhei de soslaio para as belas
pernas a mostra. Depois olhei em seu rosto e ela deu um outro sorriso
tímido. O cheiro dela dentro do meu carro era enlouquecedor. Eu já estava
alto por causa da bebida...e agora terrivelmente excitado. Desviei o
caminho e fui para um campo deserto.

– Onde....onde está me levando?

– Vamos apenas conversar, Bella.

– Não...não posso...me leve pra casa.

– tudo bem.....não vou machucar você.

O carro já estava parado. Eu virei meu corpo até o dela, pegando em sua
nuca.

– É tão linda Bella....

Eu ainda tinha esperanças que Mike tivesse mentindo.

– Quantos anos tem?

– 14.

Merda.....merda....mil vezes merda.

– Edward..por favor....

Minha mente torpe e cheia de álcool entendeu aquele pedido de outra


forma. Aproximei meu rosto e a beijei. Seus lábios permaneceram
estáticos.

– já foi beijada, Bella?

– Não.

– Não deixe sua boca tão dura, mexa–se comigo.

– Mas eu não quero.....

Suas mãos tremiam. Mas eu a beijei assim mesmo. E dessa vez ela fez o
que eu disse. E entreabriu mais os lábios aceitando a passagem da minha
língua. Foi o que bastou. Eu enlouqueci com isso. Quando dei por mim
estava sobre ela no banco do carro.

– Pare, por favor....eu não quero.


Elymartins
Minhas mãos abriram seu vestido e eu tive a bela visão do seu corpo nu.
Nunca....jamais....aquilo era uma mentira descarada. Ela era uma mulher.
Nenhuma garota de 14 anos tinha os seios daquela forma e tamanho.
Baixei minha boca até eles e suguei. Bella gemeu, me deixando maluco.
Beijei sua boca novamente com fúria, praticamente rasgando seu vestido
para deixá–la nua por inteiro.

– Edward, não....

Mas eu não ouvia. Arranquei minha roupa também, abrindo as pernas


dela. Eu estava fora de mim, não conseguia parar. Mas ainda assim
consegui ser delicado com ela.

– Dói?

– Sim. Não quero. Pare.....

Eu não parei. Continuei entrando dentro dela, abrindo sua carne pra mim.
Bella chorou de dor. Depois que estava todo dentro dela eu parei. Ela não
me olhava. Comecei a me mover lentamente e depois mais rápido.

De repente tudo mudou. Bella não me pedia mais para parar. Pelo
contrário, me segurou pelos braços, me impedindo de sair dali.

– Bella......

Aos poucos ela se soltou, seu corpo movia–se com o meu e eu estava
enlouquecido. E fiquei ainda mais quando ela praticamente implorou.

– Edward....não pare, por favor.

Nem se eu quisesse eu conseguiria parar. Vi com satisfação Bella alcançar


o primeiro orgasmo de sua vida em meus braços e eu gozei como nunca
dentro dela.

Mas depois ela chorou e apenas pedia que a levasse embora. Eu não
conseguia dizer nada. Ainda não acreditava no que tinha acabado de fazer.
Bateu a porta, descendo correndo do carro,sem me olhar. Me amaldiçoei
por ter feito isso, mas era tarde para voltar atrás. Acordei na manha
seguinte com uma ressaca alcoólica e moral. Contei ao meu pai o que eu
havia feito. E depois disso eu jamais soube o que acontecera. Fomos até a
casa de Bella. Seu pai nos escorraçou de la. Mas pelo que entendi Bella
disse que foi com o consentimento dela. Eles a mandaram embora da
cidade. Depois desse dia só soube que seu pai falecera poucos meses
depois. E nunca mais soube de Bella.....até hoje.

Flashback off
Elymartins
Eu ficaria aqui o tempo que fosse preciso. Eu precisava dizer a ela. Apesar
de ter agido feito um canalha....eu a amava. Quando a procurei no dia
seguinte foi para dizer isso tudo a ela e aos seus pais. Apesar da pouca
idade eu não era um moleque. Eu a queria de verdade ao meu lado. Eu
sabia que Bella seria o grande amor da minha vida.

Abri os olhos quando ouvi passos na escada. Bella tinha os olhos


vermelhos...também chorara.

– Ainda aqui? Já não disse que não o quero aqui?

– Bella....por favor......deixe–me falar com você.

– A única coisa que quero de você é distância, Edward.

– Você precisa ouvir minhas razões?

– Razões? Que razões teria um homem de 20 anos para tirar a virgindade


de uma garota de 14? A única razão que vejo é sua perversão. Eu sofri,
Edward....paguei alto por tudo aquilo. Meu pai morreu pouco tempo depois
de desgosto. Minha mãe e eu mal nos falamos agora.

– Bella.....eu procurei você no dia seguinte.

Ela me interrompeu.

– Meu pai virou chacota.....sua filhinha tinha seduzida pelo maldito


Cullen....Foi mais do que ele podia suportar. Eu convivi esse tempo todo
com essa culpa, essa raiva.....se não fosse por minha culpa meu pai ainda
estaria aqui.....

– Não foi sua culpa e sabe disso.....

Ela fechou os olhos e as lágrimas desceram.

– Foi minha culpa.......porque apesar de você ter feito tudo de caso


pensado....

– Eu não fiz de caso.....

Ela me interrompeu novamente.

– Apesar disso.....apesar de não estar na hora, na idade certa para o


sexo......

Mais lágrimas e um soluço abafado.

– Eu adorei cada maldito minuto em que estive com você. Eu chorei de


vergonha, por ter me entregado daquela forma......por pedir que
Elymartins
continuasse. E por desejar ardentemente que você quisesse mais e
mais....assim como eu queria.

– Bella....

Levantei–me e fui até ela, tentando abraçá–la.

– EU ODEIO VOCÊ,EDWARD!!!!Odeio......odeio porque nunca consegui


esquecer.

– Uma parte de você.....sempre pertencerá a mim.

– Bella.....eu jamais tive ideia que você era tão nova.....por Deus...eu
achava que tinha seus 17 anos. Quase fiquei doido quando descobri. Eu....

– Bella......eu estava apaixonado por você.

Ela me olhou surpresa.

– E eu sei....que jamais vou deixar de amar você,Bella. Eu te amo.

Ela simplesmente baixou os olhos.

– Se me ama mesmo, Edward......então saia. Saia daqui e não me procure


nunca mais.

Eu fiz isso. So porque eu disse que a amava. Ela ao contrário, me odiava.

Assim que a porta se fechou eu ouvi os soluços dela la de dentro. Meu


Deus....o que eu havia feito? O que eu com a vida da mulher que eu
amava? Eu não tinha a mínima noção que os estragos eram bem maiores
do que eu supunha

Capítulo 5
Rose

Bella POV

Uma semana se passou desde que Edward esteve em minha casa. Eu


nunca mais o vi. Não apareceu mais na boate. A princípio fiquei com medo
que ele contasse a verdade a Carlisle. Mas depois vi que meu segredo
continuava oculto. Mas com o passar dos dias fui ficando frustrada. Por
não ver Edward ali todos os dias. Mesmo sem querer Edward abriu as
feridas. E o pior de tudo: abriu as portas. As portas que fechei pra ele há
três anos atrás. Meu coração se abriu novamente pra ele, totalmente
apaixonado. Mas eu teria que lutar contra isso, mesmo sabendo da
verdade. Eu acreditei em cada palavra de Edward. Ele fora sincero. E
fiquei realmente surpresa ao saber que ele fez aquilo tudo porque estava
apaixonado e não por ser um safado como minha mãe disse. Por um lado
Elymartins
era até bom que Edward tivesse se afastado. Eu não sei se resistiria muito
tempo. Até aquele dia em minha casa eu não tinha noção do quanto eu
gostava dele. Desisti de pensar muito e fui para a boate. Acabei perdendo o
foco e até hoje não tinha nenhuma notícia sobre Rosalie. Era atrás dela
que eu deveria ir. Edward eu resolveria mais tarde, se é que haveria
alguma coisa para resolver. Entrei direto para o camarim. A casa já estava
cheia. Para minha surpresa Carlisle estava lá.

– Mandy? Posso falar com você um instante?

– Sim.

Comecei a suar frio. E se Edward tivesse dito alguma coisa? Eu estava


ferrada, com certeza.

– Não me leve a mal mas.....meu filho anda importunando você?

– Edward?

– Sim.

–Não.....ele só vem....conversar.

– Se você diz...Ele me pareceu muito....interessado em você.

– É só impressão sua.

– Bom...tudo bem então.

Esperei que ele saísse para me trocar. Até seu pai havia percebido seu
interesse. Era uma pena que ele tivesse desaparecido de vez. Estava
começando a ficar desanimada pra tudo e isso não podia acontecer. E
ainda por cima hoje acompanharia um executivo a uma festa.
Merda...merda.....merda. Por que fui aceitar? Chegou minha vez e me dirigi
ao palco. E senti minhas pernas feito gelatinas ao ver aquele olhar sobre
mim. Edward estava ali, com a mesma ruiva sentada ao seu lado. Mas era
como se ela não existisse ali. Seus olhos estavam cravados em mim, quase
perfurando minha pele. A música começou e com ela comecei a me mover.
DE vez em quando eu ousava olhar para Edward. A mesma expressão de
desejo das noites anteriores. Fechei meus olhos por um tempo, tentando
aplacar o meu próprio desejo. Mas quando abri meus olhos ele não estava
mais lá. Nem a garota ruiva. Terminei meu show e corri para o camarim. E
quase cai de susto ao vê–lo sentado tranquilamente lá.

– O que faz aqui?

– Senti sua falta.

– Edward....é melhor ir. Eu tenho compromisso.


Elymartins
Ele se levantou e veio até mim.

– Disse que não tinha namorado.

– E não tenho. Compromisso não quer dizer apenas com namorado.

– Tudo bem. Eu também tenho que ir. Só queria...te ver.

Ficamos nos encarando.

– Bella...precisamos conversar.

– já conversamos tudo, Edward.

– Eu amo você. Nunca deixei de ter amar.

– Sei....ama aquela ruiva também?

– Victoria é só uma amiga.

– Acho que ela não pensa assim.

– E eu acho que você está com ciúmes.

– Não seja bobo. Agora saia, por favor.

Foi com alívio que o vi sair. Que mulher em sã consciência resistiria a um


homem desse? Sai e me encontrei com Riley. Iríamos juntos a uma festa.
Eu não entendia por que esses homens pagavam acompanhantes. Eram
bonitos, ricos....

– posso te fazer uma pergunta?

– Claro.

– Por que pagar uma companhia?

– Mandy...vocês mulheres são complicadas. Eu não quero me envolver


com alguém agora. E muitas fariam o possível para me envolver. Então eu
prefiro assim. Algum problema?

– Não.....só curiosidade mesmo. Entramos no luxuoso clube e fui


apresentada a várias pessoas que dois minutos depois já não me lembrava
dos nomes. Andei um bom tempo ao lado de Riley até que ele precisou
sair.

– Eu volto logo, Mandy. Aproveite a festa.

Assim que ele saiu, duas mãos forte me empurraram até o jardim.
Elymartins
–Edward! O que pensa que está fazendo?

– mentiu pra mim. Disse que não tinha ninguém.

– E não tenho. Estou apenas como.....acompanhante.

– Ele está te pagando para.....

– isso não é da sua conta, Edward.

– Bella, eu quero você....eu amo você...

– Pare com isso, Edward. Por favor.

Suspirei derrotada. Edward me segurou pelos ombros.

– Diga que não sente nada, Bella. Diga que não me quer....

– Eu....não posso.

– Não posso, Edward.

– Estou sendo sincero com você,Bella.

– Eu sei.

Ficamos calados, olhos nos olhos.

– Mandy?

Quase pulei ao ouvir a voz de Riley.

– Sim?

– Algum problema?

– Não. Estava apenas conversando com....um amigo.

Nos afastamos dali e durante o resto da noite não vi mais Edward.


Finalmente Riley me levou para casa. Eu tinha acabado de passar a chave
quando a campainha tocou. Meu coração disparou, pois eu já imaginava
quem seria. Relutei. Estava louca para abri aquela porta e vê–lo de novo.
Mas e se eu abrisse e não resistisse a ele? Eu sabia que Edward me
tentaria ate o fim. Quase sem perceber abri a porta. Nem me dei ao
trabalho de dizer nada e lhe dei passagem.

– Precisava te ver, Bella.

– Sente–se. Aceita um café?


Elymartins
– Seria bom.

– Venha comigo até a cozinha então.

Edward se sentou e me observou em silêncio.

– Será que algum dia conseguirá me perdoar, Bella?

– Eu não tenho raiva de você,Edward.

– Você consegue entender, ao menos?

– Eu não fazia ideia que tinha algum sentimento por mim.

– Era apaixonado.....aliás sou apaixonado por você,Bella. Não mudou


nada. O tempo não me deixou imune a isso. Pensei que tinha esquecido,
mas não. Eu te amo.

Não respondi e estendi o café para ele. Edward bebericou, depois se


levantou vindo até mim. Seu corpo estava muito próximo e fiquei sem ar.
– Seja sincera comigo....alguma vez sentiu algo por mim?

– Eu.....

– já disse que gostei......de ter feito sexo com você.

– Não é disso que estou falando.

– Eu...não odeio você.

– É tão ruim assim admitir que sente algo? Eu posso ver que me quer.
Olhei em seus olhos e eles ardiam. Não me afastei da boca sensual que se
aproximava da minha. Apenas fechei meus olhos e deixei que Edward me
dominasse. Eu não me lembrava do seu gosto, da maciez de seus lábios.
Aceitei sem pestanejar a invasão de sua língua que se enroscou na minha.
Um gemido me escapou e Edward me puxou forte pela cintura, não
deixando espaço entre nós. Quase entorpecida de paixão e desejo eu me
agarrei aos seus cabelos, me deliciando com sua textura. As mãos de
Edward percorreram meu corpo quando tocaram meus seios eu o afastei.

– Desculpe–me. Não pretendia.....

– Tudo bem.

– Bella, me dê uma chance. Vamos sair juntos. Deixe–me provar o que


sinto.

– Eu não sei.
Elymartins
– Eu juro que não tentarei nada. Até que você se sinta segura comigo.
Segura do meu amor por você. Eu sei que jamais vou poder fazê–la
esquecer de tudo o que fiz, mas......deixe–me tentar.

Perdida naquela imensidão verde e nas palavras que soavam tão


verdadeira e penetrantes, eu me senti impotente.

–Tudo bem. Vamos tentar ser amigo primeiro.

Ele sorriu.

– Eu aceito. Por enquanto.

– Amigos podem se beijar, Bella?

– Você eu permito.

Mais uma vez eu me desmanchei em seus beijos e abraços. Quase sem


querer, deixei escapar.

– Senti sua falta esses dias. Pensei que tivesse desistido.

– Eu sinto sua falta há três anos, Bella. E nunca desistirei.

– Eu precisei viajar. Rose mora no Canadá e não queria vir pra cá sozinha.

Meu corpo enrijeceu.

– Rose?

– Minha irmã. Pediu–me que fosse buscá–la. Não gosta de viajar sozinha
com minha sobrinha. Emmett não poderia vir dessa vez.

Eu tentei a todo o custo buscar ar.

– Sobrinha?

Ele sorriu, alheio a minha tormenta.

– Ela é linda. Adotiva, mas alguns dizem que se parece tanto comigo que
poderia ser da família.

– Quantos.....anos ela tem?

– 2 anos.

Só então Edward percebeu a palidez do meu rosto. Mas já era tarde. Só


percebi seus braços fortes me amparando, impedindo–me de dar com a
cara no chão
Elymartins
Capítulo 6
Face oculta

Edward POV

Não entendi o que aconteceu. Bella simplesmente caiu em meus braços


antes que eu percebesse. Peguei–a no colo e levei até seu quarto, deitando–
a na cama. Já fazia mais de meia hora e eu estava realmente preocupado
quando ela abriu os olhos.

–Edward?

–Por Deus, Bella. Quer me matar de susto?

Tentou se levantar mas sua expressão foi de dor.

–Não se levante. O que sente?

– Minha cabeça....dói.

–Quer que eu pegue alguma coisa para você?

– No armário do banheiro.

Fui até lá e voltei com o único medicamento que havia lá.

– Enxaqueca?

–Sim. Fortíssimas.

Trouxe–lhe um copo com água e esperei que tomasse. Deitou–se


novamente de olhos fechados. Peguei em suas mãos.

– O que houve, Bella? Caiu tão de repente.

– Uma queda de pressão, talvez.

– O que estava dizendo mesmo, Edward?

–Sobre o que?

–Acho que falava sobre sua sobrinha.

– Ah....sim. Kristen é o nome dela.

– Você disse que ela é adotiva.


Elymartins
–Sim. Rose faz tratamento para engravidar, mas não consegue. Um dia
alguém simplesmente deixou o bebê em sua porta. Só havia um bilhete
pedindo que cuidasse da criança. E que seu nome era Kristen.

– Entendo.

–Desde então virou o xodó da família. Principalmente minha mãe.

– Você disse que se parece com você.

Não pude deixar de sorrir.

– Sim. É estranho....até hoje não tinha visto alguém com a cor exata dos
meus cabelos.. Ela é linda.

–Não sabia que gostava de crianças.

– Nem eu. Até bater meus olhos nela.

A expressão de Bella era de dor profunda e isso me deixava confuso. Será


que isso a fazia se lembrar de seus pais? Pelo que sabia ela não se dava
bem com a mãe.

– Você a vê com frequência?

– Sim. Rose sempre vem com ela ou então minha mãe enlouqueceria. E eu
também, porque sou completamente apaixonado por ela.

Vi os olhos de Bella marejados e em seguida as lágrimas correram fácil. Eu


estava cada vez mais perdido.

–Bella?

– Desculpe–me. Acho que me emocionei. Não imaginava você com


sentimentos tão intensos.

– Eu não sou um monstro, Bella. Apesar do que fiz a você.....

Mas ela não me deixou terminar. Sentou–se a minha frente e segurou meu
rosto em suas mãos. Era a primeira prova de carinho que ela me dava
espontaneamente e meu coração disparou com isso. Pensei que com o
tempo isso mudaria, mas não. Eu estava completamente apaixonado por
ela.....ainda.

– Não pense nisso. Eu nunca pensei em você como um monstro.

– Pensou como então?


Elymartins
Ela encostou sua testa na minha e aspirou profundamente, como se
quisesse sentir meu cheiro.

– Penso em você como um homem lindo.

– E que......você....ah...porra, Edward. Você me deixa louca.

– Bella....

Minha surpresa me impedia de dizer qualquer coisa nesse momento.


Apenas fechei meus olhos, sentindo o cheiro delicioso que emanava dela.
Sua boca roçou de leve a minha e um tremor percorreu meu corpo. Abri
meus olhos e ela também me encarava. Abriu um pouco mais a boca e
devorou a minha. Minhas mãos imediatamente seguraram sua cintura,
apertando–a de encontro a mim. Eu tentei me controlar. Mas a minha
paixão por ela aliada ao tempo em que fiquei longe fez meu desejo explodir
de forma violenta. Empurrei seu corpo sobre a cama, o meu sobre o dela.

– Bella.....é melhor que me faça parar.

– Eu não quero que pare, Edward.

Percorri seu corpo desejável e ardente com minhas mãos. Bella gemeu e se
contorceu.

–Tem certeza. Não vai se arrepender depois?

Ela negou com a cabeça. Ergui um pouco seu corpo e despi seu vestido.
Fiquei paralisado observando a beleza daquele corpo de apenas 17 anos.
Seus seios eram na medida certa, preenchiam minhas mãos. Desci minhas
mãos, ainda maravilhado, por toda sua barriga e parei sobre seu sexo,
ainda vestindo uma minúscula calcinha.

– Quero vê–lo, Edward.

Eu agia como se não tivesse vida própria. Ao som de sua voz, eu me


levantei e tirei minha roupa, ficando nu a sua frente. Bella se ajoelhou na
cama e segurou meu membro duro em suas mãos macias.

– Você é lindo.

Dizer que eu esperava isso seria mentira. Bella desceu sua boca quente e
macia e beijou a ponta do meu membro. Eu arfei e segurei seus cabelos. E
gemi alto quando sua boca se abriu mais um pouco, me engolindo por
inteiro. Eu não ia suportar aquilo. Era demais pra mim. Peguei–a de volta
e deitei–a na cama. Seu peito subia e descia devido a respiração ofegante,
alguns fios de cabelo grudavam em seu rosto ruborizado.

– Pense que essa sim,é nossa primeira vez.


Elymartins
Era dessa noite que eu gostaria que Bella se lembrasse. Eu precisava
mostrar a ela o homem apaixonado que sempre fui.

Bella POV

Espantei todos meus pensamentos inoportunos e me deixei levar pelo


momento. Não queria pensar em mais nada a não ser em Edward sobre
mim, tocando meu corpo como se fosse uma nota musical. Era totalmente
diferente da primeira vez. Sua boca sugou meus seios, alternando–os e
mordiscando os mamilos. Eu gemia e me apertava mais a ele. Na época eu
não percebi de verdade o quanto seu membro era grande e grosso. Deveria
ter feito um estrago, mas eu nem me lembrava muito bem. Eu não queria
parecer afoita ou desesperada. O que eu mais queria era sentir seu
membro todo de mim. Mas Edward não tinha pressa. Desceu beijos por
todo meu corpo, pulando meu sexo e beijando minhas coxas. Eu gemi e
arqueei meu corpo, pedindo mais. Sentia meu tesão escorrendo, era
impossível negar o quanto estava maluca por ele. Edward voltou subindo
beijos pela minha perna até que alcançou meu sexo. Eu gemi alto e
demorado quando sua língua passou de leve por meu músculo que
latejava de ansiedade. Em seguida sua língua se enterrou em mim.
Circulava lentamente dentro de mim e depois mordia. Eu me contorcia e
agarrava seus cabelos, puxando–o de volta. Estava bom além da conta,
mas eu necessitava de mais.

– Vem, Edward.

Edward deitou todo seu corpo sobre o meu, me olhando nos olhos. –Ainda
há tempo de desistir.

– Edward.....está sendo a noite mais perfeita de toda minha vida.

Ele baixou a cabeça e me beijou.

–Bella....eu te amo.

Dizendo isso ele foi penetrando lentamente sem desviar nosso olhar.
Quando estava todo dentro ele deitou sua cabeça em meus seios, gemendo
meu nome. Entrelaçou nossas mãos e começou a se mover, ainda me
olhando. Ergui minha perna e joguei em volta da sua cintura, dando total
acesso a ele. Eu rebolei contra ele e Edward aumentou o ritmo de suas
investidas dentro de mim. Ele arfava e uma camada de suor brotava em
seu rosto. Soltei nossas mãos e apertei–as em seu peito, seus ombros e
depois mordi e lambi. Edward gemeu e aprofundou ainda mais seu
membro dentro de mim. Meu sexo se contraia cada vez mais, apertando–o
e vi que Edward estava tão no ponto quanto eu. Olhei em seu rosto,
transbordando de prazer e desejo e perdi totalmente a noção de tudo. Eu
tinha isso em mente, guardado a sete chaves para mim. Mas a intensidade
desse momento era tanto que escaparam por meus lábios antes que eu me
desse conta.
Elymartins
–Eu amo você,Edward.

Ele apenas gemeu mais alto e estocou sem parar, colando sua boca na
minha, ate que senti meu corpo se partir em milhões de pedaços. Mas
todos esses pedaços voltavam a se juntar e se focavam somente em
Edward. Em seu corpo ainda se movendo e liberando seu prazer dentro de
mim. O gemido alto que deu interrompeu nosso beijo e Edward enterrou
seu rosto em meu pescoço. Senti uma umidade ali e segurando em seus
cabelos o forcei a olhar pra mim. Edward tinha chorado.

– Essa deveria ter sido a nossa primeira vez, Bella.

– Então faremos de conta que foi. Mas não me peça para esquecer a
primeira. Eu não poderia.

– Eu não merecia uma segunda chance, Bella.

– Eu fingi esse tempo todo pra mim mesma, Edward. Ocultando essa parte
de mim que te ama com loucura. Eu queria, mas não consegui te
esquecer.minha mente negava, mas meu coração sabia que você seria pra
sempre minha paixão.

–Bella.....

Ele se virou de lado na cama, mas sem me soltar.

– Sonhei com você todos esses anos. Literalmente. Acordava louco.....te


procurei tanto. Deus...como eu queria você comigo. Fica comigo, Bella.

Abracei seu corpo, meu coração disparado no peito. Não era isso que havia
planejado. Como eu pude pensar que resistiria a ele? Eu só não sabia
como agir daqui pra frente. Mas eu não ia me negar isso. Um dia Edward
entenderia.

– Eu fico, Edward.

Ele beijou meu rosto, meu cabelo e finalmente meus lábios.

– Minha...nem acredito. Finalmente minha.

–Acho que sempre fui, não é?

Ele riu.

– Bem que eu queria.

Ficamos horas deitados, as vezes sem falar, apenas sentindo a presença


um do outro.
Elymartins
– Saia comigo hoje.

– Para onde?

– Não sei. Tinha combinado de sair com a Kris. Ela adora ir ao parque.
Meu coração pareceu explodir e depois parar.

– Nós.....nós dois e sua sobrinha?

Ele riu.

– Ela não vai se opor. Apesar da idade é meio possessiva em relação a


mim, mas tenho certeza que vai gostar de você.

– Possessiva?

Ele riu de novo.

–Ela é muito apegada a mim. Rose fica brava. Acha que ela gosta mais de
mim do que dela.

– Então? Vai comigo?

–Só nós três?

– Sim.

– Tudo bem, eu vou.

Ele me beijou, alheio ao que se passava comigo. Eu sentia dificuldades em


respirar. Edward não sabia, mas em poucas horas estaríamos reunidos
como uma família: Edward, eu e Kristen......nossa filha. Fruto da nossa
primeira noite. A noite que ele queria que eu esquecesse.

Capítulo 7
Estragos

Edward POV

Dizer que eu estava feliz era negligenciar o momento. Não existia palavra
boa o bastante para expressar tudo o que eu sentia. Fui pego totalmente
de surpreso por tudo que me aconteceu nas últimas horas. Eu já tinha
percebido que Bella ficava mexida com minha presença, mas eu não
esperava uma segunda chance....pelo menos não agora. Mas ouvir Bella
dizer que me amava.........Eu deveria ter sido muito bom na última
encarnação para merecer isso. Voltar a tocar seu corpo, fazer amor com
ela....eu tinha que fazer de tudo para retribuir. Não poderia magoá–la
jamais. Deixei–a em casa há poucos minutos. Somente o tempo suficiente
para que eu buscasse a Kris e saíssemos juntos. Já nem sei se era uma
Elymartins
boa ideia Bella ficou muito sensível ao me ouvir falar dela. Não insisti no
assunto. Provavelmente a fazia se lembrar da mãe. Não sei muito bem o
que aconteceu entre elas, mas eu não perguntaria. Quando ela estivesse
pronta com certeza me contaria. Assim que entrei em casa, Kris pulou em
meu colo. Era sempre assim.

– Kris já estava me deixando louca, perguntando por você.

– Me atrasei um pouco, mas vim buscá–la para sairmos um pouco.

– E aonde irá levá–la?

– Aonde mais, Rose? Sabe que ela só pensa em parque.

Rose riu e tirou–a do meu colo.

– Vou trocá–la então. Tem que usar uma roupa mais confortável. Quer que
eu vá com você?

– Não precisa. Eu irei com.....uma amiga.

Alice que até então estava quieta ergueu os olhos pra mim.

– Amiga?

–Sim,Alice. Amiga....algum problema?

– E desde quando tem “amigas”?

– Pelo amor de Deus,Edward. Não vá levar minha filha pra ficar com
essas....essas que você anda ultimamente.

Revirei os olhos.

– já disse que é uma amiga. Velha conhecida.....e nunca tive nada com ela,
Alice. Se é que isso é da sua conta.

Rose se retirou com Kristen e Alice me encarou. Alice era minha irmã mais
nova e às vezes era terrivelmente intrometida. Mas eu nunca conseguia
esconder nada dela por muito tempo. Eu me dava muito melhor com ela
do que com Rose. Não que eu não gostasse de Rose, pelo contrário. Eu a
amava demais. Mas Alice,talvez por ser a caçula, sempre foi meu xodó. E
era assim que ela me via também.

– Por que será que tenho a impressão que está mentindo pra mim,Edward?

– Porque além de intrometida você é muito desconfiada.

– Sei.....como se eu não conhecesse você.


Elymartins
– Tudo bem,Alice. Eu irei te contar, mas não hoje, tudo bem?

– Eu vou cobrar.

Eu ri.

– Eu sei que vai.

Logo Rose desceu com Kristen, que estendeu os bracinhos pra mim.

– Vamos, meu anjo.

– Olho nela, Edward. Kris anda muito espoleta ultimamente.

– Até parece que nunca saí com ela, Rose.

– Não custa lembrar.

Sai com Kris e coloquei–a na cadeirinha de bebê que Rose colocara lá.

– Vou levá–la para conhecer uma amiga.

– Quem?

– Vai ver quando chegar lá.

Bella havia insistido em me encontrar no parque. Só agora me veio um


medo. Medo que talvez ela tivesse se arrependido e não viesse. Mas tudo
isso ficou pra trás quando cheguei e a vi sentada num banco, admirando o
enorme lago a sua frente.

– É aquela,tio?

Kris percebeu meu olhar fixo na direção de Bella.

– Sim. É ela. Vamos lá? Você vai adorá–la.

Peguei em suas mãos e fui em direção a Bella.

Bella POV

Eu era a pessoa mais idiota que se podia imaginar na face da terra. Como
pude aceitar me encontrar com Edward e nossa filha? Eu não estava
pronta ainda e era bem provável que colocasse tudo a perder. Mas também
talvez essa fosse a melhor opção. Edward teria que me entender. Eu não
tive culpa, não decidi assim. Mas o pior seria a Kristen. Ela teria que saber
disso um dia desses, não é? Era muito nova ainda. Como explicar que eu a
estava tirando de Rose, depois desse tempo todo? Sim, porque era isso o
que faria. Kristen era minha e era comigo que ela deveria ficar. Só tinha
Elymartins
medo que Edward não me apoiasse. Ficar a meu favor e contra a irmã?
Mas ele me amava. Eu percebi isso no seu jeito de me olhar, de me tocar.
Mas isso ficaria pra depois. Por hora bastava eu me controlar um pouco na
frente deles. Segui para o parque onde iríamos nos encontrar. Aquele lugar
era lindo e eu adorava ficar ali. Já passei horas sentada, apenas olhando o
belo lago, pensando na vida. Mas precisamente em Kristen e em Edward.
Eu nem sabia como era o rosto dela. Só me lembro dos cabelos fartos
exatamente iguais ao do pai. Foi me tirada a força, sem que eu nada
pudesse fazer. Suspirei, resignada. Poderia ter sido pior. Minha mãe
poderia ter doado para qualquer pessoa. Pelo menos teve o bom senso de
deixá–la com a família de Edward, o que não era menos doloroso. Mas até
ela me contar com quem estava meu bebê foi uma luta. Ameacei levá–la a
polícia e somente então ela me contou. Foi até a casa de Edward e
entregou Kristen. Era uma pena que tivesse sido Rose a recebê–la e não
Alice. Ou Carlisle. Tinha certeza que eles não aceitariam e me devolveriam
o bebê. Conhecia Alice só de vista. Mas ela me parecia bem simpática. E
segundo meu pai, ela e Carlisle foram atrás de mim quando souberam o
que Edward fizera. Mas meu pai, é claro os expulsou de casa. Uma tristeza
profunda se abateu sobre mim ao me lembrar do meu pai. Eu iria me
culpar pra sempre pela morte dele. Ouvi passos atrás de mim e congelei no
lugar. Só poderiam ser eles.

– É ela?

Ouvi a voz da garotinha e meu coração disparou.

–Bella?

Me virei a tempo de vê–la se soltar das mãos de Edward e ficar cara a cara
comigo. Foi como um soco diretamente no meu estômago. Me tirou o
fôlego. Minha filha era linda. A cara exata do pai. Como Edward não
percebia isso?

– Oi.

Abaixei-me a sua frente, encarando–a.

– Oi Kris.

Para minha surpresa ela tocou em meu rosto. E depois virou–se para
Edward.

– É sua namorada?

Edward me olhou como se buscasse uma confirmação.

– Sim, querida. É meu namorado.

Ela sorriu e tocou meu rosto mais uma vez.


Elymartins
– Você é linda....

Meu autocontrole, minha emoção que até então estava muito segura
dentro de mim foi para o buraco. Diante de um Edward em choque, eu a
abracei com força, as lágrimas caindo feito cascatas pelo meu rosto. O
susto a impedia de se afastar de mim. Eu chorava vergonhosamente e
senti suas mãozinhas deslizando em meu cabelo.

– Bella?

Só então me afastei, limpando minhas lágrimas.

– Desculpe.

– Me leve naquele brinquedo, tia? Tia?

– Sim, meu anjo, vamos lá.

Edward continuava me encarando. E pela sua expressão.....eu acabava de


dizer a verdade a ele.

Edward POV

Eu olhava aquela cena sem entender muita coisa. Tudo bem que Kristen
era uma garotinha encantadora.....Mas aquele choro de Bella? Algumas
coisas iam se encaixando e minha cabeça. Coisas que só um louco
pensaria. Mas eu não era louco e por mais que eu tentasse negar as
evidências eram fortes demais. Mas eu precisava conversar com Bella a
sós. E Não com Kristen por perto. Olhei as duas brincando. Se deram bem
logo de cara. Bella evitava me olhar. Mas Kristen ria como nunca das
brincadeiras dela.

– Acho que ela gostou de você,Bella.

Ergueu os olhos pra mim e sorriu.

– Ela é adorável,Edward.

– Sim, é.

Vi surpreso que Bella havia levado uma cesta.

– O que é isso?

– Nosso piquenique, oras. Venha me ajudar aqui.

Ajudei–a a estender a toalha e nos sentamos juntos. Kristen corria por


perto de nós. E minha língua coçava de vontade de perguntar a Bela tudo
Elymartins
o que se passava na minha mente. Ela não desgrudava os olhos de
Kristen. Puxei–a pela cintura e caímos os dois deitados na grama.

– Seu louco.......

– Estava voando ai,Bella.

– Estava prestando atenção nela.

– E se esqueceu de mim....

Olhei pra ela e ganhei um beijo leve nos lábios.

– Eu vi....

– kristen!

– Vou contar pra tia Alice.

– Nada disso. E muito menos pra sua mãe.

– por que não,Edward?

– Vamos conversar primeiro,Bella. Só eu e você.

Seu rosto ficou vermelho e só confirmou que ela me escondia algo. Mas
apesar disso nosso dia foi fantástico. Era como olhar duas crianças: Bella
e Kristen. Eu faria de tudo para ver Bella sempre assim: feliz.

– Acho que devemos ir agora,Kris. Ou sua mãe brigará conosco.

– Ah não, tio.

Vi o rosto de Bella desmoronar.

– eu prometo que trago você mais vezes pra ficar com a Bella, tudo bem? –
Está bem.

Bella a pegou no colo e beijou seu rosto.

– E eu vou obrigá–lo a cumprir a promessa.

– Oba. – Gostei muito de você, Kris.

– Eu também, tia.

– Vou te deixar em casa, Bella.

– Não precisa. É perto. Vou caminhando mesmo.


Elymartins
– Eu volto a sua casa hoje.

– Vou esperar.

Somente dentro do carro eu pedi a Kristen que não dissesse o nome de


Bella.

– Por que não?

– É complicado. Outra hora te explico,está bem?

Ela assentiu. Mas o sono estava quase dominando–a. Ainda bem que
consegui chegar antes que ela dormisse ou ouviria um sermão de Rose.

– Nossa.....está imunda. Pelo que vi se divertiram.

– Muito,mamãe.

– E a “amiga” do seu tio.

–É linda.

–Acho que deveria imaginar isso.

– Chega,Rose. Ela está cansada.

Subi e tomei um banho também. Os pensamentos fervilhando na cabeça.


Em menos de meia hora eu já estava de volta a casa de Bella.

– Não vai trabalhar hoje?

– Não. É minha folga. Sentei–me ao seu lado no sofá e segurei suas mãos,
olhando–a nos olhos.

– Bella.....agora conversaremos.

– O que quer conversar?

–É o que estou pensando?

– E o que está pensando?

Ela estava visivelmente nervosa e evitava me olhar.

–Bella...olhe pra mim.

Seus olhos estavam brilhantes e não demoraria a chorar.


Elymartins
– Posso ser um pouco lento, mas não sou burro Bella. Quer
dizer.....Kristen é muito parecida comigo. Até ai tudo bem, nunca me ative
a esse detalhe. Mas agora puxando pela memória......Rose a adotou alguns
meses depois....que fiz aquilo com você.

– Edward, por favor.....deixe isso.....

– Não Bella. Deixe–me terminar. Eu vi sua reação diante dela. Aquilo não
foi normal.

– Edward....

Ajoelhei-me a sua frente ainda segurando em suas mãos. Agora ela


chorava......e eu também.

– Bella...eu te amo. Não me importa o que aconteceu. Eu só quero saber a


verdade.

– Não....

– Eu sempre estarei do seu lado. Vou entender seus motivos.

Bella se soltou de mim,evitando meu olhar, mas ainda chorando.

– Eu não sei do que está falando.

Segurei–a pela nuca forçando seu olhar em mim.

– Bella....

Eu chorava antecipadamente, mas a verdade estava muito clara diante dos


meus olhos.

– Kristen é nossa filha, não é?

Seus braços me apertaram com força, chorando convulsivamente agora.

– Eu não tive culpa, Edward. Eu a queria....

– Bella....eu....

– Não me culpe, não me odeie....Era sua parte em mim...eu não queria que
a tirassem de mim.

Meu peito doía ao ouvir suas palavras. E mesmo que fosse ao contrário, eu
não ficaria contra ela. Bella era muito jovem na época.

– Eu não te odeio. Eu só quero que se acalme e me conte tudo. Eu acredito


em você.
Elymartins
Mas a abracei com força também.

– Nossa filha.....meu Deus...você me deu uma filha.........

– Sim,Edward. Nossa filha.

Bella continuou com o rosto enterrado em meu peito. Eu era um monstro.


Fiz um estrago na vida de Bella.....e faria outro maior ainda na vida de
Rose

Capítulo 8
Explicações

Bella POV

Meu peito doía, uma dor dilacerante que parecia que corta minhas
vísceras. Simplesmente não tinha mais forças,nem vontade de ficar
escondendo as coisas de Edward. Permaneci um bom tempo com o rosto
enterrado em seu peito. Edward chorara comigo por saber que tínhamos
uma filha. Mas a realidade era bem pior do que ele supunha. Pegou–me
nos braços e me colocou sobre seu colo.

– Venha aqui. Está mais calma?

–Um pouco.

– Não irei te pressionar. Vou esperar ate que esteja pronta para falar tudo.

– Eu sei. Mas....acho que já posso falar.

– Bella, seja o que for, eu não julgarei você.

– Eu sei. Eu não tive culpa. Quando...eu descobri que estava grávida, já


estava com um mês e meio. Minha mãe se revoltou e quis me expulsar de
casa. Depois quis que eu abortasse. Percebi as mãos de Edward se
fecharem em punho. Mas meu pai não permitiu. Ele e minha mãe tiveram
uma briga feia. Apesar de toda a tristeza dele, esteve sempre do meu lado.
Só que nos sofremos muito. Eu fiquei um bom tempo sem ir a escola.
Chamavam–me de “a putinha do Cullen”.

Edward estremeceu e fechou os olhos.

– Bella....eu não saia pegando qualquer garota. Eu....

– Eu sei, Edward. Mas foi isso o que pensaram na época. Apesar de me


proteger, meu pai ficou melancólico. Cinco meses depois ele teve um
ataque fulminante. E ai começou meu inferno. Meu pai que era meu
alicerce não estava mais comigo. Minha mãe disse que não cuidaria de um
bastardinho. Nós já tínhamos saído daqui. Saímos assim que aconteceu
Elymartins
aquilo. Minha mãe tinha vergonha de mim e não poderíamos permanecer
nessa cidade. Eu passava meus dias praticamente trancada no quarto,
para não ouvir minha mãe reclamar. Minha sorte era que eu tinha minha
própria conta bancaria. Senão nem poderia comprar outras roupas pra
mim.

Edward ouvia tudo de olhos fechados, a cabeça tombada para trás no sofá,
comigo ainda em seu colo.

– Eles jamais, nem mesmo meu pai, jamais me disseram que você foi me
procurar no dia seguinte. Então nem pensei na hipótese de procurar você
e te contar sobre a gravidez.

– Eu já te amava, Bella.

– Sim, mas eu não sabia. Quando Kristen nasceu, eu já tinha escolhido o


nome. Eu a vi no hospital. Tive alta do hospital e fui pra casa com minha
mãe. Ela esperou apenas que eu dormisse....e levou a Kristen.

– E a levou para Rose?

Fechei meus olhos, as lágrimas escorrendo novamente.

– Acordei desesperada por não ver minha filha. Horas mais tarde ela
voltou, dizendo que havia se livrado do estorvo. Eu gritei, chorei,
esperneei.....mas ela não me disse mais nada. Eu tinha pesadelos horríveis
toda a noite. Acordava gritando, pensando que ela estivesse morta. Até que
um dia me revoltei de vez e ameacei minha mãe de denunciá–la a polícia.
Só então ela me contou que tinha dado para Rose criar.

– Meus Deus....mas ela queria deixar com minha família por que não
contou logo que era nossa filha? Minha família não teria escondido isso de
mim.

– Edward? O que foi exatamente que Rose contou?

– Sobre a Kristen?

– sim.

–Ela disse que um dia simplesmente abriu a porta e a encontrou com um


bilhete para que cuidasse dela.

Olhei para Edward com tristeza. Nós dois éramos vítimas de duas bruxas.

– Edward....Rose sabia que Kristen era sua filha.

Ele ficou pálido e arregalou os olhos para mim.


Elymartins
– Como?

– Minha me contou que quando chegou a sua casa, uma mulher alta e
loira a atendeu. Ela logo entregou a Kristen e falou que não cuidaria de
filho de vagabundo nenhum. E que você além de ter se aproveitado de
mim, me deixou grávida.

Edward me colocou sobre o sofá e se levantou, andando de um lado para o


outro.

– Não pode ser.....sua mãe.....pode estar mentindo, não é?

– Por que ela faria isso? O pior ela já tinha me contado.

Edward se sentou novamente, as mãos no rosto.

– Não consigo acreditar. Rose....minha própria irmã. Sabia de tudo e não


me contou nada?

– Edward...

– Eu preciso ir,Bella. Preciso falar com ela.

– Não, por favor. Você está nervoso. acalme–se um pouco.

– Não, Bella. Eu....

– Edward, por favor. Estou pedindo.

– olha....não vou brigar. vou apenas conversar. E....eu quero abraçar


NOSSA filha. Antes eu só abraçava minha sobrinha. Agora abraçarei
minha filha.

Ele fechou os olhos e mais uma vez chorou.

–Isso não é justo. Eu sempre te amei, Bella. Eu teria cuidado de vocês


duas.

– Eu sei, meu amor. Mas infelizmente teve que ser assim.

Edward se ajoelhou a minha frente,segurando minhas mãos.

– eu prometo que estarei sempre com vocês.

Sorri.

– Eu sei.

– Bella....foi por isso que foi trabalhar com meu pai?


Elymartins
– Sim. Eu precisava estar mais perto e descobrir tudo sobre vocês.

–Eu vi seus documentos...de quando ele te contratou.

Engoli em seco.

– São falsos, não são? Ainda não tem 18.

– São.

– precisamos falar com meu pai, Bella. Se Rose descobrir que você está
com identidade falsa.....as coisas podem se complicar pra você.

– Acha que ela faria alguma coisa?

– Pelo visto é capaz de tudo. Amanhã falaremos com meu pai, ok?

– Tudo bem.

Edward se levantou e me puxou para ele, me abraçando.

– Eu vou agora.

– Promete que me liga depois que conversar com ela?

– Prometo. Eu te amo.

– Eu também te amo.

Edward saiu me deixando apreensiva. Por mais que ele tentasse disfarçar,
estava furioso. Tinha medo do que ele pudesse fazer a Rose. Só
complicaria ainda mais as coisas.

Edward POV

Dirigi com toda a calma possível até minha casa. Talvez quando chegasse
lá minha raiva tivesse passado, pelo menos um pouco. Era inacreditável.
Como Rose teve a coragem de fazer isso comigo? Por quê? Será que o resto
da família sabia disso? Cheguei em casa e todos estavam reunidos na sala.

– Algum problema, filho?

– Nenhum, mãe. Um pouco cansado. Aonde está Kris?

– Já dormiu. Estava morta de cansaço.

–Sim. Brincou muito no parque. Rose.....posso falar com você um minuto?


– Claro. O que houve?
Elymartins
– Vamos ate meu quarto.

Percebi que todos me olhavam com curiosidade. Depois seria a vez deles.
Entrei com ela em meu quarto e fechei a porta.

– O que foi, Edward?

– Como foi que encontrou a Kristen?

– Meu Deus....já falei isso um milhão de vezes. Por que isso agora?

– Porque agora eu sei a verdade.

Ela empalideceu.

–Do que está falando?

Merda...merda....Não queria, mas comecei a chorar.

– Por que, Rose? Por que me privou disso?

– Edward....não estou entend....

– PARE DE MENTIR PRA MIM.

Eu berrei e ela arregalou os olhos.

– CHEGA!!! Eu tinha o direto de saber. Kristen é minha filha.

Rose agora chorava, as mãos na boca.

– Me diga por que, Rose.

– Você era um irresponsável, Edward. Engravidou uma garotinha de


apenas 14 anos.... Se a mãe dela quisesse que você ficasse com ela teria
dado a voc.....

–PARE DE MENTIR, JA DISSE. A avó dela trouxe para minha família


cuidar. Não você. Você se aproveitou disso.

– Como soube disso?

Encarei–a e Rose viu em meus olhos.

– Era com ela que estava hoje?

–Estou com Bella novamente, Rose. Eu, Bella e Kristen.

– NÃO!!!NÃO!!!. Não vai tirá–la de mim.


Elymartins
Eu gritei também, minhas mãos batendo em meu próprio peito.

– ELA É MINHA FILHA. AGRADEÇO QUE TENHA CUIDADO DELA, MAS


VOCÊ ME TIROU O DIREITO DE SER PAI.

Meus pais e Alice subiram correndo com a gritaria.

– O que está havendo aqui?

– E VOCÊS, HÃ? TAMBÉM SABIAM?

– Sabíamos do que, meu filho? Se acalme.

– Mãe, pai.....Alice....vocês também sabiam que Kristen é minha filha?

O choque que tomou o rosto de cada um deles me deu a resposta: eles


também não sabiam. Quatro pares de olhos estavam cravados em Rose,
que baixou a cabeça e mordeu os lábios. Meu pai foi o primeiro a falar.

– Rose?

– Pai...eu..

– Acho que todos merecemos uma explicação, filha.

Rose ergueu os olhos e encarou um a um. Rose foi egoísta. Eu não tive
pena dela nesse momento.

Capítulo 9
Mentiras e calúnias

Edward POv

Estávamos há mais de 20 minutos naquela situação. Eu com a cabeça


entre as mãos, Alice ao meu lado me abraçando. Meus pais estavam
sentados frente a Rose que não parava de chorar. Isso já estava me dando
nos nervos. A minha vontade era pegar a loira pelos cabelos e fazê–la falar.
Menos mal que foi uma surpresa pra minha família também. Não eram
cúmplices naquela sujeira.

– Comece a falar Rose. Não temos o dia todo.

Ela suspirou alto e me olhou de relance.

– Eu sempre quis ter um filho. Não é mistério para ninguém.

– E tinha que ser a minha?

– Deixe–a falar,Edward.
Elymartins
–Eu...a avó da garota esteve aqui realmente. Disse que era filha de Edward
e pediu para que EU a criasse.

–Não é bem assim,Rose. Pelo que sei, ela trouxe pra minha família. E não
especificamente você.

–Ela está mentindo.

– A troco de que? Hã? O pior ela já contou. Ela sabia que Bella falava sério
quando ameaçou denunciá–la a polícia.

–Rose, minha filha, diga logo a verdade.

– Pai.......

Ahhhh.....começou a chorar de novo.

– Eu....ela disse que não cuidaria de uma bastardinha. Eu vi minha


chance de ser mãe. Ela estaria sempre perto do pa.....de Edward. Ele era
um irresponsável.

–NÂO ERA!!! E VOCÊ SABE DISSO!

– CLARO QUE ERA. TRANSOU COM UMA GAROTINHA E NEM QUIS


SABER. Nós dois berrávamos.

– Calma,Edward. Rose...seu irmão errou sim. Não devia ter feito aquilo,
ainda mais bêbado. Mas eu consigo ser solidário a ele. Ele estava
apaixonado....e foi péssimo descobrir que a garota tinha apenas 14 anos.
Não justifica,é claro. Mas tanto não era irresponsável que a primeira coisa
que fez foi me contar o que houve. Fui com ele atrás dela...e eles já tinham
partido.

Rose ficou calada, as mãos cruzados sobre o colo.

–Rose...pense em como Edward e Kristen se dão bem. Ele seria um ótimo


pai para ela. Você simplesmente arrancou esse direito dele. Sei que a
Kristen é muito bem cuidada, mas não posso ser conivente com isso.

– O que vão fazer? Não podem....tirá–la de mim. Eu.....meu casamento


acabará...

– Por que diz isso?

–Emmett...ele quase se separou de mim, porque eu não engravidava. Por


isso escondi a verdade sobre a Kristen.

–QUE MENTIRA É ESSA AGORA,ROSE?


Elymartins
Emmett estava parado a porta, as mãos crispadas junto ao corpo. Rose se
levantou, de olhos arregalados.

–Emm.....não sabia que viria.

– Edward me ligou mais cedo. Aluguei um jatinho. Querem me dizer o que


está acontecendo para você me caluniar desse jeito,Rose?

Caluniar? Agora eu não estava entendendo mais nada.

Meu pai explicou tudo a Emmett, que ouvia de cabeça baixa. às vezes
balançava a cabeça, incrédulo.

– Quer dizer....que a minha Kristen é sua filha, Edward?

–Sim, Emmett

– Meu Deus....é tão parecida com você. Será que não percebíamos ou não
queríamos ver?

–Eu estou com Bella agora,Emmett

– Sei....e querem a Kris..

– Você não vai permitir isso,Emm.

– Cale a boca,Rose. Como pode fazer isso conosco?

Emmett se levantou avançando para Rose.

–E ainda por cima continua mentindo. Acha que não sei a verdade?

Os lábios de Rose tremeram.

– Que verdade,Emmett?

Ele fechou os olhos antes de me responder.

– Eu realmente ameacei abandonar Rose caso não tivéssemos um filho.


Mas fiz isso porque descobri que ela estava tomando pílula.

– NÃO. É MENTIRA!!

Emmett a ignorou.

–Rose queria filhos, mas tinha medo de estragar o corpo. Por isso viu em
Kristen a chance dela. E eu...me encantei com a Kris logo de cara.. Mas eu
nunca soube dessa sujeirada toda,Edward.
Elymartins
–Acredito em você,Emmett

–Eu vou sentir muita falta dela,Edward. Mas você não pode mais ser
privado de ser pai.

– Não....você não vai entregar nossa filha,Emmett

– Ela nunca foi nossa,Rose.

Meu pai intercedeu.

– Temos que agir com a cabeça fria.

Emmett me abraçou, chorando.

– Sei que ela estará bem, afinal ela ama você. Tio Ed....como ela diz.

– Obrigado, Emmett Por tudo.

Rose chorava, praticamente aos berros.

– É uma criança....como vão explicar a ela? Pelo amor de Deus, Emm. Não
faça isso.

– Filho....Emmett Rose está certa. Temos que encontrar uma forma menos
traumática de contar isso a Kris.

– A gente diz que Rose está doente, Carlisle. O que não é de todo mentira.
Precisa de um tratamento psicológico.

– Muito bem. E a gente diz que a Kris precisara ficar um tempo conosco.

– NÃO. EU PREFIRO MORRER!

Rose saiu desembestada, chorando pelo corredor. Emmett foi atrás.

– Edward, não acha que deveria ir atrás dela?

Minha mãe ainda estava em choque. só agora conseguiu falar.

– Não, mãe. Emmett sabe lidar com ela.

– Disse que você e Bella estão juntos, filho?

–Sim, mãe. Nos amamos.

Minha mãe e Alice sorriram.

– Pretendem se casar?
Elymartins
– Por ora não. Bella só tem 17 anos. E isso me lembra uma coisa.

– Pai? Preciso conversar com você a sós.

Alice pegou minha mãe pela mão.

– Vamos ver como a Kris está, mãe.

Meu pai me olhou com curiosidade assim que as duas saíram.

– Espero que não sejam mais problemas.

– Pai...sabe a Mandy, que trabalha com você?

– Sim. Aquela que você vivia correndo atrás dela.

Eu ri.

– É....acho que meu coração não se deixou enganar.

– Como assim?

– Eu sabia que amaria Bella pra sempre.

– Mas o que isso tem a ver com a Mand.....

Seus olhos se arregalaram. meu pai era um homem inteligente. Não eram
necessárias palavras.

– Mandy e Bella......são a mesma pessoa?

– Sim.

– Meu Deus...que loucura.

– Foi a forma que encontrou de estar mais perto da nossa família e tentar
reaver Kris.

– Por que ela não falou com você?

– Pai...ela nunca soube dos meus sentimentos.

– Sim, entendo. Epa.....mas se são a mesma pessoa......Edward, ela só tem


17 anos.

– Sim, é sobre isso que quero falar.

– Os documentos são falsos, não é?


Elymartins
– Sim. Pai...eu...

– Não se preocupe, Edward. Já passaram por coisas demais. Darei um


jeito lá. Apagar as pistas, como se diz. Mas ela não poderá continuar lá.

– Eu sei. E acho que nem é o que ela pretende.

–Fique tranquilo. Eu dou um jeito em tudo. E ninguém ficará sabendo.

– obrigado, pai. Você....

– Nada de elogios. É minha obrigação como pai, zelar pela felicidade dos
meus filhos. Assim espero que você seja com a Kristen também.

– Pode ter a certeza que sim. Aliás...eu vou ver como ela está.

Meu pai sorriu.

– Instinto paterno aflorando. Ah.....Edward.....convide Bella para vir aqui.


Acho que sua mãe gostará.

– Farei isso.

Meu pai me deu um abraço antes de sair.

– Parabéns, papai.

Eu ri e segui ate o quarto da Kristen. Dormia profundamente. Realmente


Emmett tinha razão. Acho que não queríamos ver o óbvio. Era tão parecida
comigo.

– Minha filha....

Lembrei–me que prometi a Bella que ligaria para ela. Desci e vi meus pais
e Alice conversando na sala. Rose e Emmett haviam evaporado. Peguei
meu carro e sai. Liguei pra Bella.

– Acordei você?

– Não. Estava esperando você me ligar.

– Então abra a porta, por favor.

– Edward....você...

Eu não resisti e fui até a casa dela. Precisava vê–la, abraçá–la. Segundos
depois a porta se abriu.

– Oi.
Elymartins
– Seu louco....

– Louco por você.

Puxei–a para mim, buscando sua boca. Minha língua percorreu cada canto
de sua boca antes de me enroscar na dela. Suas mãos acariciaram minha
nuca, me causando arrepio.

– Hummm...tão bom estar com você.

– Que bom que veio, Edward. Eu também.....estava querendo te ver.

– Venha aqui. Sentei–me com ela,abraçando–a novamente.

– E então? Como foi?

– Tenso. Rose ficou....histérica. Mas o marido dela, Emmett, acha


que....Kristen deve ficar comigo.

Bella não se segurou e começou a chorar.

– E é claro que ficaremos os três juntos.

– Ah..Edward. nem acredito. Mas e o que faremos com ela? Ela é só uma
criança. Não entende nada.

– Já pensamos nisso também, fique tranquila

– Minha filha.....não consigo acreditar que consegui.

– Pode acreditar, meu amor. E mais. Conversei com meu pai a seu
respeito.

Senti seus músculos se retesando.

– Ele entendeu, é claro. E vai dar um jeito de mascarar tudo, para não
termos problema.

– Agradeça–o por mim.

– Acho que poderá fazer isso pessoalmente.

– Como? – Ele quer que você vá almoçar conosco.

Percebi a aflição em seu rosto.

– Bella.....fique tranquila Eles não te conhecem. Claro que são a favor de


nós dois. Só eles sabem as besteiras que fiz por sua causa.
Elymartins
– Tudo bem. Eu vou. Mas...e a Rose?

– Esquece a Rose. Emmett dá conta dela.

Empurrei seu corpo sobre o sofá.

– Eu te amo.

– Eu também amo você, Edward.

–Não ficarei essa noite. Quero estar em casa quando nossa filha acordar.

Bella suspirou.

– Mal posso esperar para presenciar isso também.

– Será breve, meu anjo.

Não me arrisquei a fiar muito tempo. Eu levaria Bella pra cama e dai...com
certeza não sairia dali essa noite. Mas combinei de buscá–la na manhã
seguinte.

Acordei bem cedo e assim que entrei no quarto de Kristen ela também
acordava. Emmett e Rose não voltaram. Ele ligou dizendo que Rose estava
histérica demais e ele a sedou. Melhor assim. Kristen abriu os braços para
mim.

– Bom dia, princesa.

– Bom dia, tio Ed.

– Dormiu bem?

– Humhum.....

– Que bom. Sabe que hoje teremos visita?

– Oba....quem é?

– uma pessoa linda que vem almoçar conosco.

– Tia Bella?

– Ela mesma.

Kristen me abraçou com força.

– Eu amo ela.
Elymartins
Quase chorei agora. E tenho a certeza que Bella morreria quando ouvisse
isso.

– Ela também ama você, sabia? Assim como eu.

Estalou um beijo em meu rosto.

– Vamos tomar um banho? Eu vou buscá–la daqui a pouco.

– posso ir com você?

– É claro que pode.

Ajudei Kristen no banho e acabava de pentear seus cabelos quando vi os


três bobos da minha família, parados a porta me olhando.

– O que foi?

– Lindo.....tocante essa cena.

– Deixa de bobeira, Alice.

– Estou louca para conhecer a Bella.

– Daqui a pouco irá conhecê–la.

–Como Rose estava enganada sobre você, Edward.

Minha mãe olhava pra mim e para Kris quase com adoração.

– So pensou nela,mãe. Mas não vamos falar disso agora.

Fiz um sinal em direção a Kristen.

– Tudo bem. Já vai buscar a Bella?

– Sim. – Eu também vou buscar a tia Bella, vovó.

– Ah....que ótimo. tenho certeza que ela adorará.

Peguei Kristen pela mão e segui com ela até a casa de Bella. Ainda bem
que a cadeirinha ainda estava em meu carro. E de lá não sairia mais.

– Vamos passar numa floricultura? O que acha?

– oba....eu escolho.

– Tudo bem. Você escolhe.


Elymartins
E escolheu muito bem. Queria só ver a cara de Bella.

– Você entrega, ok?

– Sim. Será que ela vai gostar?

– Claro que vai, meu amor. São lindas.

Toquei a campainha e quase imediatamente a porta se abriu. Bella abriu


um sorriso para mim e em seguida baixou seu olhar. Kristen estendeu as
flores pra ela.

– Oi, tia.

Bella se ajoelhou a sua frente.

– Oi, meu anjo.

– Pra você. Eu escolhi.

– São lindas......como você. Obrigada.

Bella a abraçou com força, os olhos marejados. Depois segurou Kristen


pela mão e me deu um beijo leve. Falou bem baixo para que só eu ouvisse.

– Você me paga, Edward.

Sim, eu pagaria. Por cada segundo de tristeza que ela já teve ate hoje. Eu a
recompensaria. Transformaria cada dia de sua vida em um momento
único, especial. Kristen escolhera bem. De acordo com a vendedora, o
arranjo de rosas coloridas queria dizer amor, paixão, felicidade. Era tudo o
que eu desejava para nós agora

Capítulo 10
Começar a viver

Bella POV

Ficar ansiosa não era uma coisa que me agradava muito. Eu acabava
comendo demais e pior.... chocolate. Daqui a pouco estaria explodindo de
gorda. Mas o fato de saber que iria conhecer a família de Edward me
deixava com os nervos a flor da pele. Principalmente pelo fato de ter que
encarar Carlisle depois de ter mentido para ele. Edward me dissera que
sua família estava do nosso lado. Mas eles não me conheciam. E se não
fossem com minha cara? Tipo aquela história de um santo não bater com o
outro? Esse era meu medo. Apesar do que, pelo que conhecia de Edward, e
era bem pouco, e do seu pai, eles pareciam ser pessoas legais. Pelo menos
eu tentava acreditar nisso. Esperava por Edward andando de um lado a
outro até que ouvi a campainha. O problema era que Edward não aliviava
Elymartins
em nada para o meu lado. Eu percebi isso no momento em que abri a
porta. Vê–lo tão lindo e perfeito e saber que ele era meu, era sempre uma
emoção. E ele ainda me trazia nossa filha junto, com um enorme buquê de
rosas nas mãos. Minha sensibilidade que já estava aflorada demais só
piorou. Vontade de pegar aquela pequena nos braços, apertá–la e dizer que
ela era minha, minha filha e do homem que eu amo. Mas por enquanto eu
teria que me contentar em ser apenas a “tia” dela. Assim que Kristen se
afastou correndo até o carro, Edward me abraçou.

– Se acalme. Estou vendo que está uma pilha de nervos.

– E não é para estar? Além de ir conhecer sua família você me traz essa
surpresa maravilhosa.

– Gostou?

– Eu sinceramente não esperava que fosse trazê–la.

– Kris ficou eufórica quando soube que você iria até lá. Não resisti. Apesar
do que, se ela não tivesse vindo, eu saberia um jeito excelente de fazer você
se acalmar.

Ergui meus olhos pra ele e Edward ria. Eu não ia discordar. Ele estava
certo.

– Vamos indo, então? Minha mãe deve estar agitada.... e Alice então?

– Está certo. Vamos logo antes que eu enfarte.

Ele riu e me pegou pela mão indo até o carro. Kristen já estava sentada na
cadeirinha e esperava apenas que Edward lhe colocasse o cinto. Abriu a
porta para mim e deu a volta.

– A casa da vovó é linda, tia.

Meu coração se apertava toda vez que a ouvia me chamar de tia. Será que
algum dia ela me chamaria de mãe?

– Mesmo? Ah.... mas eu até posso imaginar. Deve ser tão linda quanto
você?

Ela deu uma risadinha estalada e contagiante.

– Sim... sim....por isso que meu tio é lindo também.

Edward riu e revirou os olhos.

– Puxa saco.
Elymartins
– O que é puxa saco?

Eu ri.

– Responde Edward.

–Humm...puxa saco é uma pessoa bajuladora.

– O que é uma pessoa bajuladora?

Eu ri novamente, erguendo minha sobrancelha pra ele.

– Me ajude, Bella.

– Kris? Quando você quer muito uma coisa, tipo um sorvete, na hora que
não pode, o que você faz com seu tio para que ele lhe dê o sorvete?

– Eu digo que amo ele e que ele é muito lindo e muito fofo.

Edward gargalhou.

– Isso é mais ou menos ser um puxa saco, entendeu?

– Então eu sou puxa saco do meu tio?

Eu ri.

– Um pouco. Mas o puxa saco faz isso sempre, sabia?

– Ah.....então eu sou mesmo puxa saco.

Dessa vez eu e Edward gargalhamos, acompanhadas por ela. Fomos


conversando animadamente. Mas assim que nos aproximávamos da casa
minha tensão aumentou. Edward entrou na residência passando por um
enorme jardim florido.

– Você tem razão, Kristen. A casa é linda.

– A vovó vai ficar feliz que você gostou.

Saltou do carro assim que Edward a tirou do cinto e disparou pelo jardim.
Edward passou os braços em volta dos meus ombros. Eu tremia e ele
parou.

– Amor....calma. Eles vão adorar você. Eu tenho certeza disso. Não confia
em mim?

Olhei em seus olhos tão profundamente verdes e calorosos e meu receio se


dissipou um pouco.
Elymartins
– Confio.

–Ótimo.

Fomos nos aproximando da casa e ao chegarmos à varanda encontramos


Carlisle de pé abraçado a uma mulher bastante jovem e bonita, com
cabelos cor de mel pouco abaixo dos ombros.

–Mãe, pai.....quero que conheçam a Bella .

Carlisle foi o primeiro a se aproximar.

– Como vai, Bella?

– Bem,obrigada. Carlisle. .

– Essa é minha esposa Esme.

– Muito prazer, Esme.

– Oi, querida. Seja bem-vinda. É tão bom finalmente poder conhecê–la.

– Obrigada. Eu também....queria muito conhecer vocês.

O sorriso de Esme se abriu, principalmente porque Edward apertou mais


os braços em volta de mim e beijou meu cabelo.

– Ela é realmente linda, Edward. Não é a toa que está tão apaixonado.

– Está não, Esme. Ele é apaixonado. Faz tempo, lembra?

– É verdade.

Senti meu rosto em chamas. Definitivamente a família de Edward apesar


de estar me deixando à vontade, estava me deixando super sem graça
também.

– Vamos entrar?

Antes que nos movêssemos uma baixinha de cabelos espetados apareceu


acompanhada por Kristen.

– Oi Bella.

–Olá.

– Minha irmã Alice, Bella.


Elymartins
Alice segurou minha mão, depois me abraçou. Foi um gesto tão
espontâneo e natural que me comoveu.

– É tão bom que tenha aceitado nosso convite.....depois de tudo.

– Temos que deixar algumas coisas no passado, não é?

–Tia....vem ver a casa. É muito linda.

– Claro que vamos, Kristen. Estamos só conversando um pouco,sim?

– Ta, tio. Eu espero lá dentro então.

Pouco depois nós entramos e Kristen veio toda satisfeita me mostrar a


casa. Realmente era uma casa belíssima.

– Vou te mostrar o quarto que a vovó fez pra mim.

Parecia mais um quarto de boneca. Era a cara da Kristen, realmente.

– É muito lindo seu quarto, Kris.

– Quando você quiser pode dormir aqui.

Olhei para Edward que sorriu maliciosamente. Eu já podia imaginar o que


ele pensava. Se um dia eu viesse a dormir aqui, seria na cama dele.

– Com certeza. Vou me sentir uma princesa dormindo nesse quarto.

Ela riu e trouxe suas bonecas para me mostrar. Pelo menos estávamos nos
dando bem e isso era o importante. Afinal, um dia teríamos que contar a
verdade para ela . Alice apareceu à porta do quarto, sorridente. – Posso
atrapalhá–los um pouco?

– Pergunta depois que já atrapalhou.

Alice revirou os olhos.

– Não ligue pra ele,Bella. Edward é sempre muito simpático comigo. Um


amor de pessoa.

Eu ri.

– Estou vendo.

– Edward? Nosso pai quer que desça com Kristen para vocês três
conversarem. Você sabe o que.

Olhei para Edward sem entender o que se passava.


Elymartins
– Bella....fique a vontade. Alice lhe fará companhia. É um assunto que não
podemos adiar. Depois te conto tudo.

– Não se preocupe comigo, Edward. Vá atender seu pai.

Deu–me um longo beijo e somente se desvencilhou porque Alice e Kristen


deram risadinhas.

– Eu não me demoro.

–Vamos Kris?

Pegou Kristen e saiu do quarto. Alice veio se sentar ao meu lado.

– Edward está tão apaixonado.

– E eu por ele. Não vou negar.

– E nem pode. Está estampado em seu rosto.

Uma batida na porta e Esme entrou.

– Então, Bella, como está se sentindo com essa situação toda?

– Confesso que às vezes fico meio perdida, sem saber como agir,Esme.

– É natural. Mas....Bella....será que um dia poderá nos perdoar?

– Perdoar vocês?

– Sim. Por toda essa tristeza pela qual vem passando. Culpa da
irresponsabilidade de Edward. E agora...Rose.

–Vocês não têm culpa de nada. Edward errou na época, sim. Mas hoje em
dia eu entendo seus motivos.

– Sim. Ele chegou em casa tão abalado naquele dia. Nem quiseram me
falar realmente o que tinha acontecido. Se eu soubesse...

– Tudo bem, Esme. Acho que todo mundo errou um pouco. Minha família
também não foi motivo de orgulho pra mim. Quero dizer, minha mãe.
Porque meu pai, apesar de tudo, sempre me deu apoio. Ele só não
resistiu....a tanta tristeza.

– Sinto muito,Bella. Nem posso imaginar o quanto sofreu.

– Tudo bem, Alice. Eu vou superando isso aos poucos. Edward tem me
ajudado bastante.
Elymartins
–É tão lindo ver que se entenderam.

– Mãe, Alice? Eu posso falar com Bella um instante?

Edward estava ali novamente.

– Claro meu filho. Depois desçam. O almoço já vai ser servido.

As duas saíram e Edward entrou com Kristen. Meu coração disparou. Seus
olhos estavam vermelhos, parecia que tinha chorado. Olhei para Edward,
confusa.

– Kristen, meu anjo, sente–se aqui.

Ela se aproximou e para minha felicidade, sentou–se em meu colo, a


cabeça escondida em meus cabelos.

–O que aconteceu? Ela estava chorando?

–Sim...chorou um pouco. Eu e meu pai tivemos uma conversa com ela.

– E?

–Bom...contamos a ela que sua mãe, Rose, está doente e precisará ficar
um tempo fora.

–Entendo.

– Então ela não voltará para o Canadá.

–Irá morar aqui com vocês, é isso?

Então Kristen ergueu a cabeça, me olhando e depois passou a mão em


meu rosto. Engoli em seco.

– Tia....eu posso morar um tempo com você? Até minha mãe ficar boa? –
Com.....comigo?

–Sim. Meu tio disse que morará com você também.

Olhei para Edward,sem fala. Seus olhos me confirmaram o que Kristen


dizia. Era emoção demais pra mim e não conseguir me segurar. Comecei a
chorar também, beijando os cabelos da minha filha.

–É claro que pode, meu amor. Eu vou adorar ter vocês dois em minha
casa.

Ela abraçou com força meu pescoço e assim ficou por um bom tempo.
Elymartins
– Tia..Lá também terei um quarto só pra mim?

–Sim, é claro que terá.

– Kris....eu e Bella prepararemos um quarto bem legal pra você, tudo bem?

– Eu posso ajudar a escolher?

– Claro que pode.

Apesar de tudo, Kristen parecia bem feliz e sua alegria me contagiava.


Peguei nas mãos de Edward e olhei em seu rosto, agradecendo em silêncio.

– Que tal se fôssemos ao shopping amanhã para começar a comprar as


coisas para seu quarto, Kris?

–Oba..... Tio...nós vamos não é?

–Claro que vamos, gatinha. Amanhã passaremos o dia no shopping


escolhendo tudo.

Kristen enlaçou o meu pescoço e o de Edward, beijando nossas bochechas.

– Kristen, porque não diz pra tia Bella o que você me disse hoje cedo?
Kristen olhou para Edward como se tentasse entender sobre o que ele
falava. Depois seu sorriso iluminou seu rosto. Edward sorriu também.

– Diga.

Seus olhinhos buscaram os meus e então ela falou o que fez meu coração
perder uma batida e voltar a pulsar freneticamente.

– Tia Bella, eu te amo.

Abracei – a com força, quase esmagando–a em meus braços, as lágrimas


correndo soltas agora.

– Ah....meu amor....eu também te amo. Muito. Amo vocês dois.

Abracei Edward também.

– Vai dar tudo certo a partir de agora. Seremos uma família, amor. Edward
sussurrou em meu ouvido.

– Sim.....uma família.

Kristen ainda estava agarrada em meu pescoço. Ouvimos um arquejo e


olhamos em direção a porta. Minha nova família estava parada a porta,
apreciando a cena. Esme segurava o choro,com a mão na boca.
Elymartins
– São lindos....é tão injusto...

Falou olhando para Carlisle. Sim. Era injusto. Mas agora estaríamos
juntos, prontos pra começarmos a vida que deveríamos ter tido há três
anos. Mas teríamos muita coisa ainda pela frente. Eu por exemplo,
precisaria de um novo emprego. Eu ainda não tinha conversado com
Edward a respeito disso. Também não fazia ideia do que ele faria
profissionalmente. Mas tudo a seu tempo.

No momento eu pensava em curtir minha família: minha filha e o homem


que eu amo. Para Kristen seria o começo de tudo. Edward e eu
recomeçaríamos o que foi feito de forma errada há anos.

Eu sempre soube que nunca é tarde demais para se recomeçar

Capítulo 11
Atitude nobre

Edward POV

Cena linda de se ver. Diminui meus passos apenas para poder apreciar
Bella e Kris que olhavam as vitrines das lojas. Mãe e filha de mãos dadas.
E eu feito um bobo logo atrás. Eu que nunca me imaginei pai tão jovem
estava amando aquela ideia Minha filha... tão parecida comigo. Mas
quando é que eu poderia imaginar isso? Quando é que imaginaria que
minha Mandy fosse na verdade minha Bella? As duas estavam se
divertindo. Já tínhamos comprado quase tudo para reformar o quarto para
Kris. Faltavam agora apenas as roupas de cama.

–Acho que vai ficar um quarto de princesa, Kris.

–Tia Bella falou que vai me dar uma boneca linda.

Olhei pra Bella que sorria, mas, no fundo, tinha um pouco de tristeza.
Tristeza por não ser chamada de mãe. Mas seria por pouco tempo. Eu não
tinha intenção de demorar a contar a verdade para Kristen. Bella já sofrera
demais. Era um absurdo fazê–la sofrer ainda mais. Depois de horas
escolhendo o enxoval paramos para fazer um lanche. Nem demoramos
muito. Eu já percebia o cansaço de Kristen. Mas ela foi forte. Na verdade
estava aflita para conhecer a casa de Bella. Quando chegamos olhou tudo
com curiosidade.

–Sua casa é linda, tia Bella.

– Agora é nossa casa, meu anjo.

Bella agachou–se a frente dela, tocando seu rosto.


Elymartins
– Hoje ainda vai dormir no quarto “velho”, mas logo ele estará bem lindo
pra você.

– Tudo bem.

Ela respondeu já passando as mãos nos olhos, típico de quando está com
sono.

– Está cansada, não é? Vamos tomar um banho? Depois cama?

Ela segurou nas mãos de Bella e juntas foram até o banheiro.

– Pode deixar que separo as roupas dela, Bella.

Mesmo no quarto eu conseguia ouvir a risada gostosa da Kristen. As duas


riam e brincavam durante o banho. Bella seria uma ótima mãe, eu não
tinha dúvidas.

De repente me bateu uma raiva tão grande daqueles que tiraram esse
direito dela... Teria sido tudo tão diferente se eu tivesse conseguido falar
com ela no dia seguinte ao da besteira que fiz. Estaríamos juntos desde
aquela data, criando nossa filha juntos. Logo as duas entraram no quarto
e fiquei observando enquanto Bella a vestia e secava seus cabelos com a
toalha. Kristen mal se aguentava de pé. Eu já tinha arrumado a cama para
ela dormir.

– Pronto Kris. Agora é cama.

Kristen enlaçou Bella pelo pescoço, as mãozinhas miúdas acariciando o


rosto dela.

– Gosto muito de você.

– Eu também adoro você, Kris.

– Tia Bella?

– Sim, meu anjo?

– Eu posso... chamar você de mãe? Já que a Rose vai ficar muito tempo
longe.?

Aquilo pegou tanto a mim quanto a Bella de surpresa. Vi Bella abrir a


boca, completamente incrédula. E eu também. ÀS vezes, por algum deslize
Kristen chamava Rose de mãe. Mas era muito raro e eu nunca entendi.

– Claro que pode meu amor. E saiba que serei uma ótima mãe pra
você...enquanto..hã...Rose não voltar.
Elymartins
– Obrigada, mamãe.

Bella abraçou–a com força, os olhos marejados fixos em mim.

– Durma bem. Vou deixar sua porta aberta, está bem?

– Sim. Boa noite.

Estendeu os bracinhos para mim, fui até ela e fui abraçado também.

– Boa noite, tio.

– Boa noite, princesinha. Durma com os anjos.

Bella mal tinha ajeitado suas cobertas e Kristen dormia a sono solto.
Ficamos para dos ali, abraçados olhando–a.

– Quando é que terei esse prazer também? Ser chamado de pai?

Bella me enlaçou pela cintura, a cabeça em meu peito.

– Assim que contarmos a verdade a ela, Edward. Ele me parece tão


madura para a idade dela.

Segurei em seu queixo erguendo seu rosto para mim.

– Talvez tenha puxado a mãe nesse aspecto.

Ela sorriu brevemente.

– Ela adora você, Edward. Tenho certeza que ficará muito feliz em saber
que é o pai verdadeiro dela.

– Eu espero que sim.

–Agora é nossa vez. Vamos tomar um banho. Estou cansado. Não sei como
vocês mulheres conseguem passar tanto tempo fazendo compras. Bella riu
e me puxou e pela mão seguindo para nosso quarto.

– Deve ser alguém gene que nós temos.

Eu ri alto. Só podia ser essa a explicação. Tomamos nosso banho e


deitamos. Bella com a cabeça em meu peito.

– E rose, Edward? Como será que ela está?

– Está com Emmett Ele sabe como lidar com ela.

– Mas... será que ela não tentará vir atrás de nós?


Elymartins
– Por enquanto eu duvido. Mesmo assim conversarei com o Emmett Ver o
que ele decidiu. Eu creio que ela precisa sim, de um tratamento.

Bella me apertou com força, talvez com medo da ameaça que Rose
representava.

– Esquece isso por um momento, amor.

– Eu tento, mas é difícil.

– Vou fazê–la esquecer fácil.

Girei meu corpo sobre o dela e lentamente busquei sua boca.


Imediatamente meu beijo foi aceito, sua língua me convidando a se
enroscar nela. Fazer amor com ela era a experiência mais fantástica que já
tive em toda a minha vida. Ela era fogosa, sexy, intensa. E eu ainda estava
loucamente apaixonado por ela. A cada dia isso só aumentava. Não teria
fim nunca.

– Amo você.

Eu sussurrei em seu ouvido quando nossos corpos estremeceram tomados


pelo êxtase.

– Também... amo você, Edward.

Encolheu seu corpo junto ao meu e em seguida dormia profundamente. Eu


ainda levei um tempo até conseguir dormir. Pensava em quanta coisa boa
iríamos construir juntos. Inclusive em um filho... estando juntos...nós três.

Bella POV

Não tinha como acordar e não sorrir de bem com a vida. O dia já seria
perfeito somente por acordar nos braços de Edward. E ainda mais por
saber que finalmente minha filha estava comigo. Estávamos juntos, os
três, em minha casa há uma semana. E era sempre assim. Eu acordava
com esses pensamentos. E sempre acordava nos braços de Edward. O
quarto de Kristen já estava pronto e ela tinha amado. Era seu lugar
preferido agora. Cercada de bonecas, era sempre assim que a encontrava.

– Bom dia, amor.

– Bom dia.

Apertei–me nos braços de Edward.

– É sempre um bom dia acordar com você.

Edward beijou meus cabelos.


Elymartins
– Precisamos conversar Edward.

– Sobre o que?

– Primeiro acho que é tempo de Kris ir para a escola. Ela já estava


frequentando alguma lá no Canadá?

– Não. Rose achava muito cedo.

– Vou conversar com a Kris sobre isso. É importante pra ela.

– Concordo com você.

– E eu preciso procurar alguma coisa para fazer. Não poso ficar sem
trabalho. Embora eu não esteja mal financeiramente... não posso ficar
assim para sempre.

–Bom... eu vou assumir a direção da boate do meu pai agora.

– Eu não sabia disso.

– Meu pai já tinha me oferecido isso há tempos. Confesso que só aceitaria


para estar mais perto de você. Mas não acho que você precisará disso por
enquanto. Você pode voltar a estudar, o que acha?

– É... ainda não tinha pensado nisso, mas pode ser uma boa ideia

– Bella... assim que completar 18 anos....eu quero me casar com você.


Abracei seu corpo, beijando seu tórax. Embora estivéssemos apaixonados,
eu sequer pensei nessa possibilidade, assim tão rápido. Mas na verdade,
eu queria aquilo demais. E realmente teríamos que esperar... ou pedir a
autorização para minha mãe. E definitivamente, eu não queria ver aquela
mulher... nunca mais. O que ela infligiu a mim e a Edward não tinha
perdão.

– Eu me caso com você, Edward. É o que mais quero.

– Bella... mas não creio que vamos conseguir matricular a Kris. Sou
apenas tio dela, pelo menos no papel.

– Será que se você conversasse com o Emmett..

Ele me interrompeu.

– Está certa... eu não tinha pensado nisso. Bom... vamos levantar,


preparar o café da Kris e depois eu ligo para o Emmett

Subi sobre seu corpo, enchendo–o de beijos e fazendo–o rir.


Elymartins
– Eu te amo... amo....amo...

Suas mãos alisaram meus cabelos.

– Eu também... vai dar certo,amor. Faremos dar certo.

– Já está dando certo, Edward.

– Vamos lá ver a Kris?

– Vamos.

Kris como sempre estava sentada na cama rodeada de bonecas. Assim eu


nos viu abriu um largo sorriso e abriu os braços. Eu e Bella pulamos ao
seu lado, enchendo–a de beijos e fazendo–a gargalhar.

– Bom dia princesinha.

– Bom dia.

– Estava tão concentrada ai. Não está com fome?

– Estou. mas não quis bater na sua porta. Eu tinha que admitir que Rose
a educara bem. Embora isso não anulasse todo o resto.

– Tudo bem. Vamos descer? Assim você nos ajuda a preparar a mesa do
café.

– Oba... eu sempre quis fazer isso.

Primeiro levei–a para lavar o rosto, trocar de roupa e pentear os cabelos.


Enquanto isso Edward ligava para o Emmett e pedia que viesse a nossa
casa. Estávamos reunidos à mesa do café quando resolvi perguntar a
opinião de Kris.

– Kris, você gostaria de frequentar uma escola? Conhecer novos amigos?


Aprender a ler... essas coisas...

Seus olhinhos brilharam.

– Eu quero... adoro desenhar.

– Muito bem. Seu p... Emmett vem aqui hoje e resolveremos isso, está
certo?

– Meu pai vem aqui? Estou com saudades dele.

Vi o rosto de Edward ficar triste. Eu achava que devíamos contar logo a


verdade a Kris. Ele não merecia isso. Alguns minutos depois Emmett
Elymartins
chegou. Levantei–me nervosa e fui ate a porta. Ele me olhou de cima a
baixo e deu um sorriso simpático.

– Bella?

–Sim. Como vai? Deve ser o Emmett

Ele me deu um abraço. Foi muito simpático da parte dele.

– é um prazer conhecê–la, embora a situação não seja lá grande coisa.

– Papai?

Kris estava logo atrás e pulou em seu colo.

–Oi, florzinha... estava com saudade.

–Eu também.

Ela disse depositando um beijo em sua bochecha.

– Entre, Emmett Fique à vontade.

Ele entrou e foi até Edward também abraçando.

– E ai como estão as coisas?

– Maravilhosas, é claro. Kris está se adaptando perfeitamente bem.

– Ela adora você, cara.

– Adoro mesmo. Ela beijou o rosto de Edward.

– Kris... pode subir um pouco enquanto conversamos com o Emmett?

– Sim, mamãe.

Deu um beijo em cada um de nós e subiu.

– Mamãe?

– Ela me perguntou se poderia me chamar de mãe.

Emmett escondeu a cabeça entre as mãos, balançando a cabeça.

– Isso é injusto... não pode.

Eu entendi a que ele se referia. Ao fato de não chamar Edward de pai.


Elymartins
– Emmett gostaríamos de colocar Kris numa escola e precisamos de você,
já que... é o...pai.

–Não.

Ele se levantou me assustando.

– Não farei isso. Chega de farsa. Ninguém mais pode sofrer nessa história
além de quem merece.

– O que está dizendo, Emmett?

– Chame a Kris de volta, por favor.

– Mas o que?

– Por favor, Edward.

Edward assim como eu não entendia nada. Mas mesmo assim subiu e foi
buscar Kris. Voltou em seguida com ela no colo.

– Vem Cá, florzinha. Quero conversar com você.

Emmett pegou Kris no colo. Edward sentou–se ao meu lado, tão apreensivo
quanto eu.

– Kris... eu não sei se você vai entender, mas eu preciso te dizer uma coisa.

– O que é pai?

Ele fechou os olhos angustiados e só então entendi. Não era o momento,


era?

– Emmett não acha melhor...

– Por favor, Bella...

Calei–me e esperei.

– Kris... às vezes acontece de algumas mãe não conseguirem ter filhos.


Outras vezes acontece de uma mãe ter um filho e não conseguir tomar
conta dele, por falta de dinheiro ou por problemas de saúde... você está me
entendendo?

–Sim... umas pessoas tem filhos e outras não.

–Sim. É o que aconteceu comigo e sua mãe. Nós... a Rose não podia ter
filhos.
Elymartins
Seus lábios tremeram.

– A Rose... não é minha mãe?

– Kris, a sua mãe verdadeira... aquela que carregou você dentro da barriga
dela, era tão novinha...e por algum motivo que um dia você vai saber, ela
não pôde ficar com você. Mas ela te ama muito, e quer você de volta.

Nessa altura tanto eu quanto Edward chorávamos.

– E você também não é meu pai?

– Kris... olha esses cabelinhos lindos que você tem....esses olhinhos verdes
tão lindos...você não se acha parecida com ninguém? Imediatamente sua
cabeça virou na direção de Edward.

– Tio Ed?

Abracei Edward com força, pois senti que seu corpo tremia violentamente.

– Você está conseguindo entender alguma coisa Kris?

– Meu tio... é meu pai?

– Kris, entenda uma coisa. Ele não sabia que era seu pai. Ele só descobriu
há pouco tempo. Ninguém sabia. Mas ele te ama isso é o que importa
agora.

– Eu sei. Eu também amo.

Seus olhos pequenos estavam vidrados em Edward... e os dele nela. Eu via


o medo da rejeição tomar conta dele. Embora soubéssemos da adoração de
Kristen por ele, era difícil para uma criança tão pequena assimilar essa
situação.

– Pode me dizer o que entendeu Kristen?

– Você não é meu pai... nem a Rose é minha mãe.

–Sim, isso mesmo. E o que mais?

– Acho...

Seus lábios tremeram novamente e uma pequena lágrima deslizou pelo seu
rosto.

– Acho que o tio Ed é meu pai.

– Sim, anjo, ele é seu pai.


Elymartins
Agora as pequenas lágrimas desciam mais abundantes. Edward e eu
também chorávamos incapazes de dizer qualquer coisa.

–E minha mãe?

– Tente imaginar um pouco... ou sentir aqui....

Colocou a mão no peito dela.

– Aqui no seu coração... quem acha que é sua mãe?

Seus olhos encontraram os meus e ela chorou ainda mais.

– Kristen? Eu devo pensar que essas lágrimas são de felicidade?

Ela afirmou, balançando a cabeça.

– Então agora...

Dessa vez Emmett não se segurou e começou a chorar. Eu bem sabia a dor
que ele deveria sentir ao fazer aquilo. E o admirava por isso.

– Agora eu serei seu tio. Seu tio Em...

Kris o abraçou com força para seus braços minúsculos.

– Mas eu gosto de você. Eu tenho dois pais.

–Sim, meu amor. Continuarei sendo seu pai de coração. Mas agora... por
que não vai abraçar seu pai? Eu já vi que você chama a Bella de mãe. Não
acha que o Edward merece também?

Ela veio meio tímida, os olhinhos brilhando em expectativa e parou a


frente de Edward.

– Papai?

Edward abriu os braços para ela que se aninhou neles.

– Kris... minha filha...eu amo você.

Ela passou as mãozinhas no rosto dele como se quisesse se certificar que


ele era mesmo pai dela, ou que tudo aquilo era real. Mas depois sorriu.

– Papai...

Olhou pra mim e estendeu a mão.

– E mamãe...
Elymartins
Um de seus braços em Edward e o outro em mim. Nós três ficamos
abraçados. Por sobre a cabeça de Kris eu encontrei o olhar de Emmett que
também chorava.

– Obrigada, Emmett

– Era meu dever.

Era difícil para as quatro pessoas ali na sala conseguirem segurar a


emoção. Emoções diferentes, é claro. Alguns ganhavam, outros perdiam.
Emmett embora continuasse a ser amado por Kristen, não seria mais o
pai, mas sim tio. E Edward, seu verdadeiro pai, ocupando seu lugar de
direito. E para minha felicidade, eu vi nos olhos de Kristen que aquela não
era uma situação que a desagradava. Pelo contrário, ela estava feliz. Feliz
em descobrir em mim e em Edward a sua verdadeira família.

Capítulo 12
Sob suspeita

Edward POV
Não conseguia tirar aquele sorriso bobo da cara. E nem era preciso... pra
que esconder minha felicidade?
Há três semanas eu tinha a minha família reunida: Bella, Kristen e eu.
Confesso que até hoje estava meio aturdido por Kris ter aceitado com tanta
facilidade o fato de sermos seus verdadeiros pais. Ou talvez ela apenas
tivesse gostado da ideia, sem realmente compreender o que se passava.

Eu assumi de vez a direção dos negócios do meu pai. Bella por enquanto
continuava em casa. Queria um tempo sendo apenas mãe e esposa. Ainda
não tínhamos nos casado, mas eu planejava isso para breve.

No mesmo dia em que conversamos com a Kristen e o Emmett contou toda


a verdade,ela foi matriculada em uma escola particular. Todos os dias
antes de sair para o trabalho eu a deixava na escola. Bella ia à tarde para
buscá–la.

– Viu como o papai ta todo babão olhando pra você?


Ela riu baixinho, os olhinhos brilhando em minha direção. Se antes ela era
apegada a mim, agora estava muito mais. Mas na realidade ela era assim
com nós dois. Era completamente louca por Bella.
Agora ela terminava de arrumar Kristen para a escola, penteando seus
cabelos que desciam em cachos até os ombros.

– Minha princesa é linda. É lógico que tenho que ficar babando.


– A mamãe também é linda.
Aproximei –me das duas, abraçando–as.
– As duas são lindas. Não é a toa que sou apaixonado por vocês.
Bella e Kristen se entreolharam e falaram juntos.
– E o papai é o mais lindo de todos.
Elymartins
Eu ri alto.
– Andaram treinando essa frase?

–Claro que não. A gente não precisa ensaiar para dizer o óbvio.
– Duas mentirosas.
Agarrei Kristen jogando–a na cama e mordendo sua barriga.
– Pára papai...
Ela ria tentando me afastar com as mãos pequeninas. Bella olhava a cena,
rindo também.
– Deixa de ser moleque, Edward. Vai amassar a roupa dela.
Soltei Kris, sentando–me na cama.
– Acho que alguém ficou com ciúmes, Kris.
– Nem vem. Vão acabar se atrasando.
Levantei–me e segurei a mão de Kristen, mas sussurrei no ouvido de Bella.
– Não se preocupe. Mais tarde eu faço “cócegas” em você também.
Seu rosto ficou vermelho e ela me deu um tapa no ombro.
– Vá trabalhar. Ocupe essa mente.

Peguei a mochila e lancheira da Kristen e saímos com Bella em nosso


encalço.
Abraçou nossa filha e deu um beijo em seu rosto.
– Boa aula, meu anjo.
–Tchau, mamãe.
Coloquei –a no assento do carro e só depois abracei Bella.
– Já sinto sua falta. É tão ruim, Bella. Ficar o dia todo fora.
– Eu sei. Mas é preciso.
– Por que não vem trabalhar comigo? Já pensou? Nós dois juntos o dia
todo?
Ela sorriu apoiando a cabeça em meu peito.

– Seria maravilhoso. Mas eu gosto de ter um tempo com Kristen quando


ela chega da escola. Ela chega cansada, mas fica maravilhada em poder
brincar comigo.
– Eu sei disso. Já cansei de ver as duas dormindo, esgotadas, esqueceu?
Era verdade. Pelo menos umas duas ou três vezes eu cheguei em casa e
encontrei as duas rodeadas de bonecas, dormindo no tapete da sala.
Nesses dias eu sentei e fiquei apenas observando as duas. Pensar que
poderíamos estar assim há anos. Queria ter estado ao lado da Bella
durante a gravidez, durante o parto... Mas não adiantava ficar me
remoendo. O importante agora é ser feliz com o que tínhamos.

– Bom trabalho, Edward.


– Obrigado. Já estou louco para voltar pra casa.
Ela riu e me empurrou em direção ao carro. Deu um último tchau à Kris e
aguardou enquanto eu me afastava.
– Fico com tanta dó da mamãe...
– Humm... sei que não deve ser muito bom ficar sozinho tanto tempo. Mas
Elymartins
ela gosta, sabe por quê?
Ela negou, os cachinhos balançando em torno do seu rosto.
– Porque ela adorava ficar em casa cuidando de tudo para quando a gente
chegar. Gosta de fazer a nossa comida, arrumar seu quarto e seus
brinquedos...
– E ela sempre faz um lanche gostoso quando eu chego.
– Mesmo? Viu só? Ela adora isso. E se algum dia ela ficar muito triste por
ficar sozinha... ela pode ir trabalhar comigo, entendeu?
– Sim, papai.
Estacionei em frente a escola e levei Kristen até a entrada.

– Papai Cullen... bom dia.


– Bom dia, professora.
– Jane... apenas Jane.
Ignorei e agachei–me a frente de Kristen dando um beijo em sua bochecha.
– Estude pouco e divirta–se bastante.
– Papai!
– Ah... errei... estude muito e divirta–se só um pouco.
Ela sorriu e me beijou também.
– Tchau, papai.
– Tchau, linda.
Fiquei parado, olhando enquanto ela desaparecia.

– A Kris é muito linda. É a cara do pai.


Meu sorriso congelou.
– Engano seu, Jane. Apenas os cabelos são parecidos. Ela é linda como a
mãe. Bom dia!

Afastei–me entrando no carro. Eu não fazia a mínima ideia se Bella era


ciumenta ou não. Mas tinha a certeza que ela não ficaria satisfeita se
soubesse que a tal professora Jane só faltava abrir as pernas pra mim
todos os dias em que me via. Melhor deixar quieto e não falar nada.
Cheguei à boate e fui direto para o escritório. Sinceramente eu não gostava
muito do que fazia aqui. Preferia algum outro tipo de negócio. Mas por
enquanto ajudaria meu pai. Depois embarcaria em outra coisa.

Trabalhei duro a manhã toda. Mas as palavras de Kristen não me saíam


da cabeça. Ficava com pena da mãe por ficar em casa sozinha. Então
resolvi nem almoçar para adiantar o trabalho, sair mais cedo e levá–las
para sair um pouco.
Achei melhor ligar pra Bella e deixá–la de sobreaviso, assim as duas não
iam se esbaldar na brincadeira.

– Bella?
– Oi, Edward.
Oi, Edward? Onde foi parar o “Oi, meu amor… já estou com saudades”?
Era sempre assim que ela atendia. Alguma coisa estava errada.
– Está tudo bem?
Elymartins
– Sim.
– Não está, Bella. Eu te conheço. Está diferente. O que houve?
– Hum... poderia buscar a Kristen hoje?
– Se me disser o que está acontecendo.
– É que... bom... temos visita.
– Sério? Quem é?
Ela ficou muda um irritante segundo antes de responder.
– Minha mãe.

Descontrolado, dei um soco na mesa. O que aquela vaca queria agora? Ver
o estrago que quase fez em nossa vida?
– E o que ela quer?
– Conhecer a neta.
– Um caralho que ela vai chegar perto dela.
– Edward...
– Bella, eu entendo que é sua mãe. Mas ela foi a responsável por tudo de
ruim que passamos. Se não foi totalmente responsável, pelo menos grande
parte foi culpa dela.
– Eu sei. Eu concordo com você. Mas... só vou deixá–la ver a Kris, mais
nada.
Fechei meus olhos, agoniado
– Tudo bem, Bella. Você deve saber o que está fazendo.
– Eu te amo, Edward.
– Eu também, anjo.

Só me restava colocar a máscara de marido satisfeito em ver a sogra.


Como se ela fosse a pessoa mais maravilhosa da face da terra.

Bella POV
Finalmente consegui colocar as roupas de Edward no lugar. Meu Deus...
como esse homem era bagunceiro. Tenho certeza que arrumei essas
gavetas há dois dias. Mas no fundo eu não me importava. Pra ser sincera
eu até gostava. Deixar a casa impecável, comida pronta para quando os
dois chegassem. Acho que eu era meio Amélia. Amava cuidar da Kristen e
do Edward. Por enquanto não sentia falta de trabalhar fora ou coisa do
tipo. E se um dia eu viesse a sentir, Edward já havia me chamado
inúmeras vezes para trabalhar com ele.
Eu iria, é claro.

Agora sim, eu podia dizer que estava realmente feliz. Kristen aceitara tão
bem seus "novos pais" que eu me emocionava só em me lembrar da cena.
Infelizmente eu sabia que o Emmett também estava sofrendo. Pelo menos
ele sabia que a Kristen era muito amada.

Pelo que Emmett contou a Edward há uma semana, Rose estava em


tratamento psiquiátrico. Eu tive pena. Kristen era uma criança tão
adorável que a falta que ela fazia a Rose deveria ser algo
insuportavelmente doloroso. Bom, mas ela mesmo procurou por isso ao
mentir tanto, principalmente para o irmão. Agora era tarde.
Elymartins
Estava começando a separar os ingredientes para o almoço quando a
campainha tocou. Estranho... não pedi nada e tampouco estava esperando
visitas.
Nada, mas nada mesmo estava me preparando para aquilo. Para ver
aquela pessoa parada à minha porta.

– Renné?
– Como assim, Renné? Sou sua mãe.
Arqueei minhas sobrancelhas, irritada com seu cinismo.
– O que quer aqui?
– Conversar, Bella.
– Não temos nada a conversar.
– Por favor, filha. Deixe–me falar com você.

Pensei por um momento e por fim deixei–a entrar. Era melhor escutá–la e
mandá–la logo embora, antes que Edward chegasse.
Ela entrou, reparando em tudo.
– Bonito.
– Obrigada.
– Eu já estou sabendo de tudo, Bella.
– Tudo o quê?
– Você e aquele rapaz... e também minha neta.
Minha respiração acelerou rapidamente.
– Como... como soube?
– Rose. No dia em que a família dela descobriu a verdade ela foi atrás de
mim.
– A troco de quê?

Meu telefone interrompeu antes que ela respondesse. Era Edward. Fui
obrigada a contar a ele quem estava aqui. Ele percebia quando eu não
estava satisfeita com alguma coisa. Não fazia sentido esconder isso dele.
Eu realmente não sabia se preferia Edward aqui ou não. Ele era meu porto
seguro, sem sombra de dúvida. Mas também era tão impulsivo às vezes.
Voltei para sala. Minha mãe continuava sentada olhando para as mãos.

– O que Rose queria?


– O que você acha? A filha dela.
– FILHA DELA UMA OVA! MINHA FILHA QUE ELA ASSUMIU COM SUA
AJUDA!
– Filha... calma. Eu sei que errei. Estou arrependida. Eu disse que não iria
ajudá–la, é claro.
– E ela?
– Xingou, ameaçou, mas no fim viu que eu não cairia nas chantagens dela.

Era estranho. Mas depois de tudo por que passei, por culpa da minha
mãe, eu não conseguia simpatizar com seus motivos. Talvez eu estivesse
Elymartins
sendo injusta, mas não conseguia acreditar em seu arrependimento. Ou
eu estava louca ou via um quê de maldade em seus olhos.

– Ela está doente, Bella. Pelo menos eu acho.


– Sim. Está em tratamento psiquiátrico.
– Sei...
Olhou em meus olhos e eu sustentei seu olhar.
– Filha... será que algum dia poderá me perdoar? Eu errei... fui... um
monstro. Mas eu me arrependo.
– Sinceramente, Renné, não estou em condições de pensar nisso agora.
– Eu compreendo você. Mas como você está? O rapaz a devolveu pra você?
– O rapaz se chama Edward. E sim... estamos juntos: Kristen, Edward e
eu.
Ela arregalou os olhos e arfou.
– Estão... como uma família então?
– Sim. O marido da Rose contou a verdade para a Kris. Ela já sabe que
somos os verdadeiros pais dela.
– Nossa... parabéns. Estou feliz por vocês.

Eu estava certa. As palavras dela não condiziam com seu olhar. Ela não
estava feliz por mim. Parecia que a minha felicidade era a infelicidade dela.

Felizmente Edward chegou rapidamente. Bem antes do previsto. Tenho


certeza que largou tudo para vir ficar comigo. Tanto que ainda nem era
hora de buscar a Kris na escola.
Um silêncio constrangedor tomou conta do ambiente quando ele abriu a
porta e entrou. Dois olhares gélidos se encontraram.

– Renné...
– Como vai, rapaz?
– Edward.
– Sim, Edward. Desculpe–me.
– Então resolveu visitar a Bella?
Ele perguntou enquanto caminhava atém mim e me abraçava.
– Oi, amor.
Meu coração estava mais leve. Com Edward ao meu lado, sentia–me mais
segura.

– Sim. Eu precisava... pedir perdão à minha filha.


Edward deu de ombros.
– Se acha que resolve.
– Edward...
– Vou fazer um café para nós primeiro, Renné. E aí sim, conversaremos.
– Muito gentil. Obrigada.
Edward rumou para a cozinha, mas dois minutos depois me chamou.
– Amor? Não estou encontrando o pó.
Ele queria me dizer alguma coisa. Era ele quem sempre fazia o café. Eu
nunca tirava do lugar.
Assim que entrei na cozinha ele me abraçou.
Elymartins
– Bella, eu sei que ela é sua mãe. Mas... cuidado.
Minha garganta ficou seca e meu coração disparou.
– Por que diz isso?
– Vai doer em você.
– Sou forte.
– Ela é fria, Bella. A sua felicidade não interessa a ela. Eu só preciso
descobrir por quê.
Fechei meus olhos com força obrigando minhas lágrimas a voltarem para o
lugar de onde não deveriam ter saído.
– Eu acho que percebi isso, Edward.
– Por favor, tome cuidado com ela. E não fique brava comigo por dizer isso
a você.
Abracei–o também com força.

– Amo você. E sei que não deixará nada de mal nos acontecer.
Então eu estava certa. Renné não merecia confiança. Mas o que ela queria
comigo, afinal? Se queria tentar alguma coisa iria cair do cavalo. Eu não
estava mais só e indefesa. Eu estava com Edward. Estava protegida

Capítulo 13
Suspeita confirmada

Bella POV

O cheiro delicioso de rosas invadiu meu organismo. Além disso eu sentia


beijos sendo distribuídos pelo meu rosto, boca, braços,mãos... duas bocas.
Uma pequena e macia e outra...lasciva e tremendamente sexy.

Sorri largamente ainda de olhos fechados.

– Que delícia acordar assim.

– Feliz aniversário, mamãe.

– Feliz aniversário, amor.

Abri meus olhos encarando as duas pessoas que eu mais amava nessa
vida. Envolvi Kristen com um braço e Edward com o outro.

– Obrigada, meus amores.

Sorridente, Kristen me entregou uma caixa quadrada de veludo.

– Edward... o que eu falei sobre presentes?

– Não resisti, amor.

– É lindo, mamãe. Abra.


Elymartins
Abri a caixa, ficando sem fôlego ao ver as joias. Colar e brincos de
brilhantes e esmeraldas. Era bem discreto e muito lindo.

– Deus... obrigada, minha flor. Obrigada, Edward.

– Esse é o presente da Kris. O meu é esse...

Olhei para Edward, repreendendo–o com o olhar. Mas sua carinha de


santo acabou por me fazer rir.

Abri a pequena caixa e fiquei estática ao ver o par de grossas alianças de


ouro. Mordi meus lábios, sem palavras para expressar o que eu estava
sentindo.

Edward sentou–se na cama e pegou minha mão e uma das alianças.

– Agora que minha garota fez dezoito anos... deixará de ser solteira...

Ele falava enquanto deslizava a aliança em meu dedo, o olhar penetrante


no meu.

– E se casará comigo.

Peguei a outra aliança e deslizei em seu dedo, tudo sob o olhar atento de
Kristen.

– Então que seja breve... porque eu não suporto mais meus dias de
solteira.

Edward riu e me envolveu com seus braços, sua boca já tomando a minha.

– Eu amo você... e você é minha.

Kristen se enfiou no meio de nós, os braços em volta do meu pescoço.

– Guloso... a mamãe também é minha.

Edward puxou nós duas sobre seu corpo, deitando–se na cama.

– As duas são minhas.

– Agora só falta um irmãozinho pra mim.

Meu corpo retesou–se na hora. Kristen ainda era tão nova e já falava
certas coisas que me deixavam completamente sem chão.

– Não acha que devemos esperar mais um pouco, meu anjo? Você ainda é
um bebezinho...
Elymartins
– Eu não sou um bebezinho. A tia Alice disse que eu sou uma mocinha.

Edward revirou os olhos.

– Só podia ser coisa da Alice.

Entretanto, Edward me olhou sério.

– Sabe que isso não é impossível, Bella. Não estamos evitando.

Era a mais pura verdade. Caramba... como pude ser tão irresponsável?
Apenas dezoito anos e com a possibilidade de ter dois filhos. Não que eu
não quisesse outro filho com ele, mas ainda era muito cedo. Melhor
começar a me prevenir a partir de agora.

– Eu sei. Mas faremos isso a partir de agora.

Edward colocou a mão no meu ventre e Kristen fez o mesmo.

– Queria ter curtido a gravidez da Kris, ter estado ao seu lado. Como foi
quando sentiu–a se mexer pela primeira vez?

Eu sorri com a lembrança.

– Por incrível que pareça... eu estava pensando em você, Edward.


Pensando em como eu gostaria de ter contado a você que seria pai. Sei lá...
parece que ela percebeu que eu estava triste e se mexeu.

– Estava triste porque o papai não estava?

– Sim, anjo. Queria que ele estivesse por perto pra ver seu rostinho quando
nasceu.

Ela tocou meu rosto, tentando aliviar a tristeza que via em meus olhos.

– Não fique assim, amor. Não falei por mal. Esqueça.

– Estou bem, Edward. Apenas fico chateada por você ter sido privado
disso.

– Mas da próxima vez não serei. Isso é o que importa. Agora abra essa
carinha e vem tomar seu café da manhã. É seu aniversário, princesa.

Aceitei a mão que ele me estendia e me levantei. Arrepiei–me da cabeça aos


pés ao ver o olhar que Edward lançou ao ver minha curta camisola de
seda.

– Vista um robe, pelo menos.


Elymartins
– Por que, papai? Ela está linda assim.

Sorri para Kris, apertando–lhe a bochecha.

– Por isso mesmo. Linda demais...

– Tudo bem, Edward. Se isso te deixa melhor.

Vesti um robe e amarrei meu cabelo num rabo de cavalo.

Ao chegar à sala de jantar eu entendi o motivo de me apressar para o café.


A mesa estava perfeitamente arrumada, além de flores por todos os lados.

Olhei para os dois que sorriam de mãos dadas.

– Quando foi que fizeram isso?

– Papai foi cedinho ao meu quarto e me acordou. Enquanto você dormia...


nós saímos.

– Bonito... fazendo peraltices enquanto durmo.

Abracei os dois ao mesmo tempo, feliz demais para falar qualquer coisa
que soasse razoável.

– Obrigada. Eu amo vocês.

**********

Logo após o café, tomei um banho e coloquei um vestido fresco. Edward


estava deitado tranquilamente com as mãos atrás da cabeça.

– Onde está a Kris?

– Brincando com as bonecas no quarto.

– Não vai trabalhar hoje?

– Não... e nem a Kris vai pra escola. Hoje é seu dia e ficaremos com você.
Vou sair rapidamente apenas para assinar uns documentos, mas volto
logo.

– A que horas vai?

– Daqui a pouco. O cliente viaja hoje e precisa levar os documentos


assinados.

– Fora isso... pensou em alguma coisa?


Elymartins
– Eu queria sair com vocês duas. Mas como hoje é seu aniversário... você
escolhe o lugar.

– Hum...

Deitei–me ao lado dele, meu queixo apoiado em seu peito.

– Vou pensando nisso enquanto você vai lá na boate.

– Pense num lugar bem legal. Confesso que estou sem ideia Mas teria que
ser um lugar onde a Kristen possa brincar e eu possa curtir você.

Deslizei minhas unhas pela pele nua do seu peito, vendo–o arrepiar–se.

– Vou pensar com carinho.

Ele enrolou uma mecha dos meus cabelos em seus dedos enquanto me
olhava, parecendo preocupado.

– E sua mãe?

– Ela tem telefonado... querendo saber se estou bem, mas não voltou mais
aqui.

– Não confio nela, Bella.

– Eu também não. Mas trato bem porque tinha medo que ela tentasse
alguma coisa conosco, já que eu era menor de idade. A Kristen eu sei que
está protegida. Você ou eu sempre estamos por perto.

– Mas agora que você está velhinha... não tem mais o que temer.

Dei um soco em seu peito, mas ele revidou me beijando com paixão.
Realmente ele estava certo. Agora ela não poderia fazer nada para impedir
que eu me casasse com Edward. Mas eu estava atenta a ela. Se ela
tentasse algo contra minha filha, eu nem sei do que seria capaz.

*********

Eu acabava de preparar um suco para o lanche da tarde e Edward ainda


não tinha voltado. Também eu queria o que? Ele tinha saído há menos de
uma hora. Mas minha saudade não conhecia a palavra relógio.

– Cadê o papai?

– Ainda não voltou, meu anjo.

– Posso ver TV no meu quarto?


Elymartins
– O que quer ver? Algum filme?

– Sim. Me ajuda a escolher?

– Vamos lá então. Daqui a pouco levo um lanche pra você.

Coloquei um filme para ela e voltei para a cozinha. Nesse exato momento
tocaram a campainha. Só faltava ser o Edward fazendo gracinhas.

Para minha infelicidade... não era ele.

– Mãe?

Ela me apertou num abraço.

– Parabéns, minha filha. É claro que não me esqueci.

– Ah... tá... obrigada.

– Não vai me convidar para entrar?

– Claro.

Dei passagem para ela contra a minha vontade.

– Seu... hum... Edward?

– Precisou resolver uns problemas de trabalho, mas já está voltando.

– E minha neta?

– Assistindo TV. Estou terminando um lanche pra ela. Quer... vir até a
cozinha?

– Claro. Eu ajudo você.

Enquanto eu terminava os sanduíches, ela se ofereceu para fazer o suco. A


presença dela estava me incomodando ao extremo. Esperaria um tempo e
iria ser curta e grossa: não a queria mais aqui. Estava me sentindo... só
porque completei dezoito anos.

– Vou levar o lanche da Kris. Eu já volto.

– Daqui a pouco poderei vê–la?

– Sim. Eu peço para ela descer assim que terminar.

Kristen estava deitada de bruços, o queixo apoiado nas mãos e as pernas


pra cima.
Elymartins
– Que folga, hein? Vou deixar seu lanche aqui na mesa, certo?

– Tudo bem, mamãe.

Os olhos continuaram fixos na TV. Eu ri e voltei para a cozinha. Não falei


nada sobre a presença da avó.

– Já servi seu sanduíche. Vai querer suco?

– Pode deixar que eu faço isso, Renné.

– É seu aniversário. Não me custa servir o suco.

Olhei desconfiada para o sanduíche que ela preparou. Por via das dúvidas,
tomei apenas o suco.

– Não vai comer?

– Estou sem fome.

– Mas, filha, você tem que...

– Renné... vamos parar com essa de mãe preocupada? Eu não cofio em


você e não quero você por aqui.

– Filha!

– É isso mesmo. E além...

Minha cabeça começou a girar e minhas vistas escureceram. Parecia que


eu ia desmaiar a qualquer tempo. Olhei para o copo de suco...

Avancei sobre ela, mas a tontura não me deixou dar dois passos.

– Sua desgraçada... o que fez comigo?

Sentia meu corpo escorregar para o chão e não conseguia me segurar.

– MALDITA!!

– Você não nasceu para ser mãe, Bella. Nem você... e nem aquele boyzinho
que acha. A filha é da Rose.... e é pra ela que deverá voltar.

– NÃO...

Eu berrei desesperada antes de sentir meu corpo chocar–se contra o chão


frio.
Elymartins
"Se alguém trai você uma vez, a culpa é dele. Se trai duas vezes, a culpa é
sua." (Eleanor Roosevelt)

Capítulo 14
Proteção de pai

Edward POV

O dia de hoje era particularmente especial. Não só por ser o primeiro


aniversário em que passaria ao lado de Bella como seria nossa liberdade.
Ela completava dezoito anos e eu não via a hora de finalmente poder me
casar com ela. Saber que não precisaríamos da mãe dela para que
realizássemos nosso sonho era um pesadelo a menos em nossa vida.

Eu não estava gostando nem um pouco da presença daquela mulher


rondando minha família. Mas eu entendia que Bella deveria ter medo dela
justamente por ser menor de idade. O que para mim, era infundado. Eu
estaria ao lado delas e não deixaria que aquela bruxa nos fizesse sofrer
ainda mais.

No dia anterior passei em uma joalheria para escolher o presente dela. Um


deles seria para a Kristen entregar. E o outro eram nossas alianças. Já
tinha passado da hora de fazermos isso.

Hoje eu nem trabalharia. Passaria o dia ao lado das mulheres da minha


vida. Eu estava simplesmente amando essa vida. Sair pela manhã com a
Kris e voltar no final da tarde e encontrar as duas à minha espera. Na
maioria das vezes Bella estava bem disposta, e constatei, satisfeito, que ela
gostava daquela vida. Ficar em casa e deixar tudo pronto para quando
chegássemos. Ainda assim eu insistia para que ela voltasse a estudar.
Seria importante pra ela.

Eu pensava agora em uma forma de sairmos para comemorar seu


aniversário. Logicamente Kris iria conosco. Portanto teria que ser um lugar
onde ela pudesse se divertir, enquanto eu namorava minha futura esposa.
Eu ainda não tinha muita experiência com essas coisas. Não fazia a
mínima ideia do que fazer.

No entanto, antes de sairmos eu ainda teria que ir até a boate assinar


alguns papéis. Meu cliente viajaria hoje e precisava levar esses
documentos. Não era coisa demorada e rapidamente eu voltaria para casa.

Durante o percurso até a boate, eu ia pensando nas palavras da Kristen:


Agora só falta um irmãozinho pra mim.

Bella ficou visivelmente surpresa, mas eu amei a ideia Queria muito ter
outro filho com ela. Poder curtir toda sua gravidez, mês a mês. Ver sua
barriga crescer a cada dia, acompanhá–la nas consultas, sentir o bebê se
mover pela primeira vez... tudo o que eu queria ter feito na gravidez da Kris
Elymartins
e não pude. Bella achava que era cedo e eu quase ri. Não estávamos
evitando de forma alguma... não seria surpresa se ela aparecesse grávida.

Mas se ela não queria nesse momento, então iríamos esperar um pouco...
e começar a nos prevenir desde agora.

Estacionei em frente a boate e fui direto ao escritório. Algumas dançarinas


ainda estavam por ali, o que me lembrou da época em que Bella estava
aqui. E de como eu ficava babando por ela, completamente maluco para
tê–la. Agora eu percebo como fui tolo a ponto de não perceber que era ela.
Apesar do que... ela disfarçou muito bem.

–Bom dia, Edward. O senhor Collin ligou e disse que já está a caminho.

–Tudo bem, Katrina. Obrigado. Quando ele chegar peça para ir direto ao
meu escritório.

Era incrível...,menos de meia hora longe de Bella e da Kris e eu já estava


com saudades, louco para voltar pra casa. Peguei os documentos e dei
mais uma lida enquanto Collin não chegava. Deixei tudo assinado porque
assim adiantava meu lado.

Uns quinze minutos depois, meu cliente chegou, desculpando –se pelo
atraso.

– Não tem problema, Collin. Como vai?

–Muito bem, obrigado. Acabei me atrasando, mas preciso ser rápido aqui.
Viajarei daqui a uma hora e meia.

– Então vamos nos apressar. Eu já li tudo e pra mim está tudo em ordem.
Inclusive já está assinado. Basta apenas você ler e assinar também. É
coisa rápida, não está muito complexo.

– Ah...que bom.

Passei os papeis a ele e enquanto ele lia eu me afastei e liguei pra Bella.
Liguei tanto para nossa casa quanto para o celular dela. Nenhum dos dois
foi atendido. Talvez tivesse saído com a Kris ou estavam no banho. Só
esperava que aquela mulher não resolvesse nos visitar hoje. Estava tudo
muito bom para que ela viesse atrapalhar.

–Está aqui, Edward. Está tudo como conversamos mesmo.

– nenhuma dúvida, então?

– Nenhuma. Tudo perfeito.

Peguei os documentos, dei mais uma olhada e devolvi uma cópia a ele.
Elymartins
–Obrigado, Edward. É bom trabalhar com pessoas tão comprometidas.

– Eu que agradeço. Será uma honra termos uma filial em seu país.

–Eu preciso ir agora. Demorei demais para encontrar um táxi para vir pra
cá. Estou com medo de perder meu voo.

Pensei um pouco...creio que não me demoraria muito se desse uma carona


pra ele. Se Bella não me ligou era porque estava sem problemas.

– Posso te dar uma carona até o aeroporto... assim não precisará esperar
por um táxi.

–Você faria isso? Nossa, cara... nem sei como agradecer. Realmente me
fará um favor enorme.

–Vamos lá. É bom que ganha um tempo antes do voo.

Seguimos até o aeroporto. Escolhi um caminho um pouco mais longo, mas


que era não tinha tanto trânsito, então o tempo gasto até lá foi
praticamente o mesmo.

Fiquei sem jeito de deixá–lo ali, na entrada do aeroporto. Acabei entrando


com ele enquanto conversávamos.

– Seu pai me falou que você tem uma filha? Eu não sabia.

–Na verdade nem eu sabia. Descobri há pouco tempo. Mas ela é um doce
de garota.

– Que bom. Eu sempre quis ter filhos também. Mas até hoje não
conseguimos. Minha esposa está fazendo tratamento. Vamos ver no que
dará.

–Só posso dizer que é gratificante demais. Cada dia tem uma surpresa
diferente.

–Estou vendo. Seus olhos brilham quando fala isso.

–Sim... hoje é aniversário da mãe dela. Faremos algum programa juntos.

– Está com a mãe da criança também?

–Sim... Bella e eu iremos nos casar em breve.

–Ah... meus parabéns. Apesar de tudo...casamento é muito bom.

Nós gargalhamos e ele apertou minha mão.


Elymartins
– Não vou tomar mais seu tempo. Vá ficar com sua família. E mais uma
vez obrigado.

– Não há de quê. Boa viagem, Collin. Qualquer coisa pode me ligar.

– Eu ligo, com certeza.

Esperei até que ele chegasse ao balcão e me virei para sair. Tinha andado
pouco tempo quando ouvi a voz de uma garotinha.

– Eu não quero ir.

– Mas você irá. Vamos nos divertir muito.

– Mas eu quero ficar com minha mãe e meu pai, Rose.

Meu coração disparou e pensei que teria um troço ali mesmo. Aquela voz
era da Kristen...sem dúvida alguma. E ainda por cima ela disse...Rose?

Virei–me, procurando por elas. De onde veio essa voz? Enquanto eu


andava peguei meu celular e liguei pra Bella. Ninguém atendeu. Liguei pra
Alice sem deixar de vasculhar o saguão do aeroporto com meus olhos.

– Alice? É o Edward. Preciso de um favor. Estou tentando falar com a Bella


e não consigo. Eu não sei..estou com um pressentimento ruim...

– Pode deixar, Edward. Irei lá agora mesmo verificar como ela está. Eu te
ligo assim que chegar lá.

– Obrigado, Alice.

Era bom ter Alice por perto. Sempre se antecipava às coisas sem que eu
precisasse dar maiores detalhes.

Desliguei e praticamente corri pelo saguão...o desespero começava a me


dominar. Aquela voz era da Kristen. Olhei ao redor, passando a mão pela
testa, sem saber como agir. Foi quando olhei para o segundo piso e a vi.
Uma dor massacrante em meu peito me fez ofegar. Rose arrastava Kristen
pela mão, que praticamente pulava sem dar conta de acompanhar seus
passos.

– Maldita.

Pulei entre as pessoas na escada rolante e subi os degraus de dois em


dois, praticamente. Cheguei ao segundo piso correndo na direção em que
as vi.

Deus...onde elas se enfiaram? Avistei um policial ao lado do segurança do


aeroporto e não tive dúvidas... fui até eles.
Elymartins
– Por favor, senhores... minha filha...ela está sendo raptada.

– Como assim, senhor?

– Eu a vi agora... sendo puxada por uma mulher loira.

–Tem certeza? Conhece essa mulher? Não podemos fazer nada sem ter
certeza...

Interrompi o policial.

–Sim, eu tenho certeza...é minha irmã. Ela está com sérios problemas
mentais... eu as vi la de baixo e seguiram pra lá.

Apontei a direção e nesse exato momento eu vi Rose ressurgir com Kristen


que agora chorava.

–Desgraçada...eu vou te matar.

Corri até elas. Kristen foi a primeira a me ver.

– PAPAI!

Rose se virou assustada e ao me ver pegou Kristen no colo e começou a


correr. Eu corri atrás e percebi que o policial e o segurança também corria.
As pessoas se afastavam dando passagem não só para Rose como para nós
também. Mas ela tinha dificuldades por causa do salto e eu, além de mais
ágil, tenho as pernas mais compridas. Consegui agarrá–la, mas ela se
desequilibrou e caímos ao chão.

– ME SOLTA, MALDITO! ELA É MINHA FILHA!

– NUNCA, SUA LOUCA!OLHA O QUE ESTÁ FAZENDO COM ELA.

Kristen chorava desesperadamente. Rolei de lado e segurei os pulso de


Rose, forçando–a a soltar Kris. Felizmente o policial conseguiu tirar Kristen
e a pegou no colo. O segurança também me ajudou a imobilizar Rose.

–Papai...papai...

Kristen estendia o braço pra mim. O outro estava encolhido junto ao


corpo. O policial colocou–a no chão e imobilizou Rose para que eu pudesse
pegar minha filha. Abracei–a e ela gemeu quando toquei seu braço.

–Está doendo, meu anjo?

–Está.

– Tire as mão dela, Edward... ela é minha.


Elymartins
– O que faremos com ela senhor? São irmãos mesmo?

–ELE É MEU IRMÃO...ESSE IDIOTA QUE QUER TIRAR A GAROTINHA


QUE CRIEI COM TODO CARINHO.

Sintetizei a história para eles e em seguida liguei para o Emmett.

– O marido dela virá buscá–la. Não sei como ela fugiu da clínica onde
estava internada.

Kristen ainda chorava em meu colo. Beijei seus cabelos.

– Vai ficar tudo bem, querida. Eu prometo.

– Eu quero...quero a mamãe...

– Onde ela está?

–Eu não sei...aquela...a mãe dela falou que ela precisou sair. E ficou
comigo.

Fechei meus olhos, o desespero voltando a me assombrar. Mas durou


pouco porque em seguida Alice me ligou.

–Edward? Estou com a Bella. Parece que foi dopada...estava desacordada


mas está voltando agora. Mas...a Kris...

–Eu sei, Alice. Ela está comigo. Eu te explico quando chegar. Obrigado.

Infelizmente, mesmo com Kristen chorando com a dor no braço, tive que
esperar a chegada do Emmett. Fiquei triste por ele. Era a imagem do
cansaço e da desolação.

–Eu sinto muito, Edward. Está bem, bonequinha?

Kristen deu um beijo no rosto dele que chorava.

–Estou bem. Papai vai cuidar de mim. Eu te amo, tio Emmett.

–Ah...boneca...eu também te amo.

– O QUE? VAI DEIXAR EDWARD LEVAR NOSSA FILHA?

–Vá, Edward. Eu tomo conta daqui pra frente.

–Obrigado, Emmett. Desculpe–me, não queria que fosse assim.

– Não tem que se desculpar. Transmita minhas desculpas à Bella.


Elymartins
Afastei–me com a Kristen saindo daquele inferno.

–Ainda dói, princesa?

– Dói.

– Vou levá–la ao hospital. Vamos ver o que houve com seu braço.

– Onde está a mamãe?

–Ela está bem. Tia Alice está com ela.

– Papai? Por que a Rose fez isso? Ela ia me levar embora?

–Descanse, amor. Depois a gente conversa, está bem?

– Está.

Prendi–a no cinto e dei a partida no carro. No hospital deram um


medicamento pra dor. Disseram que foi apenas uma luxação no braço e
colocaram uma faixa.

Mal havia estacionado em frente a nossa casa, Bella já desceu


correndo,abrindo a porta do carro.

– Kris...

Corri até ela e abracei seu corpo.

–Calma, amor. Está tudo bem agora.

Ela chorava e tremia incontrolavelmente.

– Minha mãe...ela ...ela me dopou e levou nossa menina, Edward. Eu fui


burra. Você me avisou, mas eu fui burra e....

–Vamos entrar. A Kris também está assustada. Vamos cuidar dela e depois
conversaremos.

– Onde a encontrou?

Suspirei profundamente antes de responder.

– Rose pretendia tirá–la do país. Encontrei–as no aeroporto.

Bella levou a mão à boca, horrorizada, talvez pensando o mesmo que eu.
Por pouco não teríamos perdido nossa filha.
Elymartins
Tirei Kristen de dentro do carro e ela imediatamente abriu os braços pra
Bella.

– Mamãe...

–Ah...princesa...você se machucou?

– Já está bom. Papai me levou ao médico.

Alice nos esperava de pé ao lado da porta. Fiz apenas um sinal para que
ela entrasse.

Bella sentou–se com Kristen no colo, as duas abraçadas e em silêncio.


Realmente Bella estava certa, mas obviamente eu não diria nada. Ela foi
tola em permitir que a mãe entrasse. Mas ela tinha bom coração e apesar
de tudo...aquela mulher era mãe dela. Pelo menos era isso que eu
imaginava que a levou a recebê–la em nossa casa.

Mas isso já não era o mais importante. A única coisa que eu sabia é que
iria atrás de Renné. Encontraria essa mulher nem que fosse no inferno. E
ai, quando eu estivesse cara a cara com ela... só Deus poderia ajudá–la.

“Não me lembro de nenhuma necessidade da infância tão grande quanto a


necessidade da proteção de um PAI.” (Freud)

Capítulo 15
Exorcizando o passado

Notas iniciais do capítulo

Bella POV

Eu me divertia muito vendo Edward e Kristen correndo pelo jardim.


Preferimos passar nosso final de semana em casa e era assim que eles
ficavam. Correndo pelo jardim, pela casa que, aliás, estava um caos. Eu
estava meio cansada, sem vontade alguma de me aventurar junto com
eles. Na verdade, mesmo após três semanas terem se passado, eu ainda
estava meio angustiada com toda a situação. Por mais que eu pensasse
simplesmente não conseguia entender por que minha mãe fazia isso
comigo.

Eu sabia que embora não tocasse mais no assunto, Edward ainda


procurava por ela. Eu tinha até medo do que ele poderia fazer ao ficar cara
a cara com ela. Felizmente Rosalie foi internada novamente, entretanto
Emmett a levou para fora do país. Não sei se adiantaria grande coisa,
afinal já fugiu uma vez.

Mas, apesar de toda essa loucura, Edward e eu estávamos muito bem.


Nosso dia a dia era perfeito. Ele nunca deixava de brincar nem que fosse
Elymartins
um pouco com a Kristen sempre que chegava do trabalho. E eu... não
tinha vontade nenhuma de trabalhar fora. Sei lá... muita gente pode achar
estranho para os dias atuais, mas acho que nasci mesmo pra ser mãe e
esposa. Isso não quer dizer de jeito nenhum que Edward chegava em casa
e encontrava uma mulher esculachada.

Pelo contrário. Ele sempre ficava ouriçado ao me ver sempre depilada,


cheirosa... esperando por ele. Talvez isso mudasse um dia... talvez eu fosse
querer trabalhar fora ou ter um negócio próprio. Por ora... eu me
contentava com isso.

Edward se jogou ao meu lado, a cabeça em meu colo, sorrindo largamente.

–Cheguei primeiro, Kris.

–Não vale, papai. Você correu antes.

–Está me chamando de trapaceiro? Ouviu o que sua filha disse, Bella?

–Acho que não posso discordar dela.

Ele abriu a boca, mostrando sua indignação.

– O que é isso agora? Todas contra Edward? Estou perdido.

Deitou novamente em meu colo e Kristen se jogou sobre ele, mordendo


suas costas.

–Au... e ainda maltrata. Kris...por que não pergunta pra sua mãe...aquilo?

Olhei desconfiada pra ele.

–Aquilo o que?

Kristen colocou a mão e meu rosto, deu–me um beijo e depois me


perguntou.

– Quando vai me dar um irmãozinho?

Olhei pra Edward de cara fechada.

–Pare de dizer essas coisas pra ela.

–Eu não falei nada. Eu juro.

–Kris...

–não falou, mamãe. Mas eu quero alguém pra brincar. Só com o papai é
muito chato.
Elymartins
Edward levantou–se indignado e eu ri dele.

–Bem feito. Quem manda colocar caraminholas na cabeça dela?

–Eu que quero, mamãe...pra brincar de boneca se for uma irmãzinha.

Rolei meus olhos e apertei sua bochecha.

–Prometo que pensarei.

–Eba...

Ele se levantou correndo e entrou em casa. Edward se jogou novamente,


mas dessa vez sobre mim.

–Eu também estou louco para brincar de boneca. Deixou–me na mão


ontem.

–Estava um pouco cansada. Prometo que hoje recompenso você.

–Assim fica bem melhor.

–Mamãe...

Kristen gritou e veio correndo com meu celular na mão.

–Estava tocando.

– Obrigada, florzinha.

Olhei para o visor estranho o número. Não era de ninguém que eu


conhecesse.

–Alô?

–Isabella Swan?

–Sim...sou eu.

–Sou o policial Brandon. Gostaria de lhe falar um minuto.

–Policial?

Edward imediatamente sentou–se, olhando–me com o cenho franzido.

–Pois não, senhor. Pode falar.

–Hum...é filha de Renné Swan?


Elymartins
Pensei em gritar bem alto: NÃO...ELA NUNCA FOI MINHA MÃE!

Mas como eu não sabia do que se tratava acabei confirmando.

–Bem..ela foi baleada e está no hospital. Foi apenas um tiro de raspão mas
como ela está encrencada com a polícia também, precisamos de algum
familiar.

Então era assim? Quando precisava de mim, lembrava–se que tinha uma
filha?

– Pode me informar o endereço, por favor?

Anotei mentalmente o endereço e desliguei.

– O que foi, amor?

–O policial disse que minha mãe foi baleada de raspão, mas está
encrencada com a polícia. Precisam de algum familiar.

–Sabe que eu apoiarei você no que for.

–Eu irei lá, Edward. Nem que seja para dizer pra nunca mais olhar na
minha cara.

–Então vamos lá. Eu deixo a Kristen na casa dos meus pais.

Enquanto Edward tomava seu banho, eu dei banho na Kris e em seguida


tomei o meu. Desaforo... nessas horas eu era a filhinha...eu era da família.
Acabaria com essa palhaçada de uma vez por todas.

–Eu não queria ir para a casa da vovó. Queria ficar com vocês.

–É só por alguns minutos, Kris. Prometo que não demoraremos. Tudo


bem?

–Está bem.

Fui calada durante todo o percurso. Deixamos Kristen com a Esme e


fomos até o hospital onde minha mãe estava. Edward seguiu direto para a
recepção sem soltar minha mão.

–Boa tarde. Estamos procurando uma paciente. O nome dela é Renné


Swan.

–Ah...sim. Quarta treze. Estão esperando por vocês. Sigam o corredor à


esquerda.
Elymartins
Assustei–me ao ver dois policiais parados à porta do quarto. Logo que me
aproximei um outro policial se aproximou.

–Senhorita Swan?

–Sim...

–Sou o policial Brandon...liguei pra você.

–Sim. Eu posso falar com minha mãe?

–Somente você.

– Por que há policiais aqui?

–Isabella...sabia que sua mãe trafica drogas?

Um grito de horror ficou entalado em minha garganta. Traficante de


drogas? Era isso mesmo o que eu ouvi? Como se não bastasse todas as
outras coisas horrorosas que já fez ainda era traficante?

–Não, senhor. Eu não sabia.

–Imaginei. Bom...ela teve um desentendimento com outro traficante e ele


acabou acertando um tiro de raspão em seu braço. Não foi nada grave e
ela já está liberada. Mas como falei... o problema agora é com a polícia. E o
hospital só libera com a anuência de algum familiar.

–Vou falar com ela primeiro.

–Sem problemas.

Edward segurou meu rosto e beijou.

–Não se deixe abater por alguma coisa que ela te disser.

–Não se preocupe.

Entrei no quarto e olhei sem emoção para a mulher que estava recostada
na cabeceira da cama. Ela,entretanto, sorriu sarcasticamente.

–Ah... então minha adorada filhinha veio me ver.

–E quer dizer que você é uma maldita traficante...

– Olha como fala comigo, moleca. Sou sua mãe.

–Mãe merda nenhuma. Que espécie de mãe faz tudo o que você fez
comigo?
Elymartins
–Quem você pensa que é para falar assim comigo? Uma putinha que abriu
as pernas para qualquer um aos quatorze anos, engravidou e trouxe uma
bastardinha ao mundo e eu tive que me virar para ficar livre dela.

–MINHA FILHA NÃO É BASTARDINHA!.

–É ...filha de uma fedelha com um vagabundo comedor de piranhas.

Não consegui fazer o que Edward me pediu e comecei a chorar. Como uma
mãe podia dizer isso a uma filha? Por que tanta raiva? Tanto rancor? Eu
era uma garota... errei. Edward errou e quis consertar o erro. Só não
conseguiu porque ela impediu.

–Por que me odeia tanto?

–Porque você existe. Como se não bastasse roubar toda minha juventude,
ainda me desmoralizou, trepando feito uma meretriz dentro de um carro
com aquele playboy vagabundo. Pensa que as pessoas não viram e
comentaram? Vários rapazes passaram perto daquele carro naquela noite
e ouviram seus gemidos de puta. Eu engravidei de você bem jovem, mas foi
com o homem que eu amava. Amava demais mas não queria filhos...
nunca quis. E você veio de intrometida...acabando com meu corpo,
deixando–me mais velha, acabada.

–Não é verdade. Eu não tenho culpa se você não se cuidava. Eu tenho uma
filha e não estou com o corpo acabado.

Ela vociferou com ódio.

–Rameira.

–CHEGA! EU NÃO VOU MAIS OUVIR SEUS INSULTOS. VOCÊ QUE É UMA
MAL AMADA E APOSTO COMO QUERIA ESTAR NO MEU LUGAR
NAQUELE CARRO.

–CALA A BOCA!

–EU QUERO QUE VOCÊ SE DANE, SUA ORDINÁRIA. MERECE ESTAR NA


SARJETA...E É PRA LÁ QUE VOCÊ VAI.

A porta foi aberta quase com violência e um médico entrou acompanhado


por Edward e pelo policial Brandon.

–Senhorita Swan? Está tudo bem?

Limpei minhas lágrimas e segurei na mão de Edward. Ele me olhava ao


mesmo tempo assustado e pesaroso.

–Sim, está tudo bem.


Elymartins
–Então... podemos liberar sua mãe? Ela poderá ir com os policiais? Nós só
podemos liberá–la com sua permissão...

–E se ela não tivesse família?

–Ai também será liberada para os policiais.

Encarei bem os olhos odiosos daquela mulher.

–E então?

–Sinto muito, senhores. Talvez deva ser um caso de homônimos. Eu não


conheço essa mulher. Tenham uma boa tarde.

Girei e sai puxando Edward. Não falei nada. Apenas dentro do carro eu
desabei. Chorei como nunca havia chorado em toda minha vida. Edward
não falou nada.

Passamos na casa dos pais dele e buscamos a Kristen. Talvez percebendo


meu estado Esme não falou nada.

Chegando em casa deitei–me na cama com Kristen de um lado e Edward


do outro.

–Não fique triste, mamãe. Eu estou aqui.

–Eu sei, meu anjo. Obrigada por estar aqui. Isso logo vai passar.

Edward abraçou meu corpo por trás e sussurrou em meu ouvido.

–Eu amo você.

Mesmo assim eu chorei. Acho que chorei tudo o que tinha direito. Tanto
que dormi. Talvez o sono tenha me ajudado um pouco. Dormi sem sonhos
e quando acordei senti que uma nova vida se abria pra mim. Exorcizei de
vez aquela mulher da minha vida. Ela jamais me faria mal novamente, seja
com palavras ou atos.

Olhei ao redor e vi que estava sozinha na cama. Levantei–me e fui até o


quarto da Kristen. Meu peito imediatamente aqueceu–se, enchendo meu
coração de amor e carinho. Edward estava abraçado a ela, ambos
dormindo.

Percebi que eu poderia ser muito mais feliz do que sonhei. Bastava amar
as pessoas certas. E esperar o amor também de pessoas certas. A vida é
boa demais para ser desperdiçada com quem não merece. Com quem não
sabe o que é amar.
Elymartins
"A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, ou uma hora, ou um dia, ou
um ano, mas finalmente ela acabará e alguma outra coisa tomará o seu
lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre." (Lance Armstrong)

Capítulo 16
Sonho e realidade

Edward POV

Eu girava a caneta entre meus dedos, sem conseguir realmente me


concentrar em nada. Estava no trabalho e embora eu conseguisse passar
essas horas longe da minha família, hoje eu estava meio aéreo... meio
nostálgico. Mas tudo no bom sentido. Recordava–me de tudo o que
aconteceu comigo e Bella nesses anos. Pensava principalmente em como
me apaixonei por uma garota de apenas quatorze anos acreditando
realmente que ela fosse mais velha.

E logo depois a reencontrei... Mandy. Sorri ao me lembrar do seu nome


fictício. Bem que eu sabia... meu corpo reagia a ela de forma absurda. Na
época eu ficava com Victoria e nunca senti algo tão forte. Desejo intenso só
tinha sentido por Bella. Estava mais do que claro meu amor por ela e
minha reação a Mandy: as duas eram a mesma pessoa.

Mas isso tudo parecia muito distante agora. Sofremos muito ao descobrir
sobre a Kristen. Fizemos algumas pessoas sofrerem, como o Emmett.
Involuntariamente, mas foi inevitável. Sem contar a presença irritante de
Renné, tentando derrubar a filha de todas as formas.

Hoje estávamos casados. Há seis meses nos casamos, uma cerimônia


simples, mas bonita, bem ao estilo de Bella. Kristen levou nossas alianças
e estava simplesmente radiante. Aliás ela andava radiante desde quando
Bella se descobriu grávida. Agora Bella entrava na trigésima oitava semana
de gestação e estava mais linda do que nunca.

Pensar nela só me fez querer ir para casa mais cedo. Entretanto eu tinha
que acertar tudo com a nova dançarina e não poderia passar de hoje. Meu
pai deixava cada vez mais os negócios sob minha responsabilidade.

–Está tudo bem, filho?

–Está, pai. Apenas pensando.

Nem tinha percebido sua presença no escritório.

–Acho que sei em que.

Ele falou rindo, olhando para o porta retrato sobre a minha mesa. Uma
foto de Bella e Kristen abraçadas e sorrindo. Isso me lembrou uma coisa.
Elymartins
–Tem notícias da Rose, pai?

–Emmett ligou há dois dias. Disse que ela está reagindo muito bem ao
tratamento. Nem parece mais aquela louca que vimos em nossa casa.

Suspirei e me recostei na cadeira.

–Espero que ele seja feliz. Sofreu demais... às vezes me sinto até mal por
isso.

–Edward... só existem duas culpadas nessa história: Rose e Renne. Aliás...


como ela está? Está sabendo de alguma coisa?

–A última notícia que tivemos foi que estava presa e pelo jeito era odiada
pelas outras presidiárias.

–Sério? Como assim?

–Ela tem aquele ar superior... e pior... costuma entregar as colegas. Tudo


isso para ficar bem na fita. Eu nem queria que isso chegasse aos ouvidos
de Bella. Mas um dia desses o delegado ligou lá em casa. Renné tinha
apanhado de uma das detentas. Já falamos que não temos nada a ver com
aquela mulher... é um saco.

–Não acha melhor ir até a delegacia e conversar mais uma vez? Bella está
entrando nas últimas semanas de gestação e não fará nada bem a ela
sofrer contrariedades agora.

–Também acho e já pensei nisso. Acho que é isso mesmo que farei.

–É o melhor. Se quiser ir... eu recebo a garota.

–Eu ficaria agradecido se fizesse isso. Além do mais, Bella anda ciumenta
ao extremo.

Ele riu e bateu em meu ombro.

–São os hormônios, meu filho. Pode ir se acostumando. Sua mãe também


teve esses ataques.

–Vou ver se sobrevivo. Bom... então vou indo. Não vai mesmo precisar de
mim?

–Não. Fique tranquilo.

–Até mais tarde então.

–Até logo.
Elymartins
Está certo que sai do trabalho com o intuito de ir até a delegacia.
Entretanto alguma coisa me puxava para casa. Alguma coisa chamada
Bella e Kristen. Merda. Acabaria fazendo como Bella e trabalhando em
casa. Não suportava passar tanto tempo longe delas. Por isso mesmo
resolvi passar em casa primeiro e somente depois iria até a delegacia.

Estava realmente na hora de deixarem Bella em paz. Era a segunda vez


que Renné apanhava na cadeia e eles ligavam pra Bella pedindo que fosse
até lá já que ela estava ferida. Deus... quando cairiam na real e aceitarem
que Renné só fazia mal a Bella? Ela já a renegou e não tinha mais motivos
para continuar com essa encheção de saco.

Cheguei em casa e encontrei Kristen na sala vendo TV. Sorriu ao me ver.

–Oi anjo. O que está fazendo de bom?

–Vendo desenho.

–Onde está sua mãe?

–Está deitada. Ela falou que está sentindo dor.

Congelei no lugar. Bella sempre querendo ser autossuficiente.

–Dor?

–É. E me pediu pra ficar quietinha aqui.

–Vou vê–la.

Praticamente voei até nosso quarto e encontrei Bella deitada de lado na


cama.

–Amor?

–Edward? O que faz aqui?

Ignorei e me ajoelhei em frente a ela.

–Kristen me disse que estava sentindo dor...

–Um pouco, mas já está melhorando.

–Mas que dor, amor?

–Aqui.
Elymartins
Levou a mão logo abaixo do ventre. Seria uma contração? Creio que não.
Bella entendia disso bem mais do que eu e não falou nada sobre
contração.

–Ligou para sua médica?

–Não precisa Edward. Já estou melhorando.

–Mesmo assim vou ligar.

Eu pegava meu celular quando Kristen entrou no quarto trazendo o


telefone para mim.

–É para a mamãe, mas...

–Deixe, meu bem. Eu mesmo atendo. Pode ser Bella?

Ela apenas afirmou, mexendo a cabeça.

–Edward Cullen falando.

Rolei meus olhos e sai do quarto ao ouvir o nome do delegado. Daria um


belo esporro nele, ainda que fosse um desacato. Estava farto disso.
Entretanto não tive tempo para isso. Seu relato me deixou mudo...
estático. Eu não sabia se Bella aprovaria minha decisão, mas eu não vi
alternativa.

–Como já dissemos várias vezes... essa mulher só fez mal a minha esposa e
a nossa filha. Nós não temos nada a ver com ela. Para todos os efeitos ela
não tem parentes vivos.

–Eu entendo senhor Cullen. Mas converse com sua esposa, por favor.

–Irei conversar, mas não garanto nada.

Merda... merda. Desliguei o telefone e voltei para o quarto, ajoelhando–me


novamente à frente de Bella.

–Quem era?

–Deixe–me ligar para sua médica primeiro, ok?

–Edward... não. O que aconteceu?

Suspirei.

–Ligaram da delegacia.

Ela fechou os olhos, uma expressão torturada no rosto.


Elymartins
–Está vendo? Olha o que falei.

–O que ela aprontou dessa vez?

–Bella...

–Diga Edward.

–Eu não sei ao certo. Mas se envolveu numa nova briga e ficou muito
machucada. Ela... ela sofreu uma hemorragia... e não resistiu.

Bella arregalou os olhos, engoliu em seco e segurou o ventre.

–Ela... morreu?

Coloquei minha mão sobre seu ventre também, sentindo nosso filho se
mexer. Mesmo num momento desse era emocionante senti–lo se mover
dentro da barriga de Bella.

–Sim, amor. Ela está morta.

Ela não disse nada. Ficou estática... tão parada que comecei a sentir
medo. Quando toquei seu rosto ela me olhou sem emoção alguma.

–Eu não tenho nada a ver com essa mulher. Ela procurou por isso e...

Calou–se e um gemido escapou dos seus lábios.

–O que foi?

–Uma dor... uma pontada. Mas já vai passar.

Entretanto não passou. Pelo contrário... suas dores aumentavam e eu não


esperei para ligar para sua médica. Pediu que eu marcasse o tempo entre
uma contração e outra, porque era isso mesmo... Bella estava tendo
contrações. Marquei e liguei novamente pra ela.

–Leve–a para a maternidade, Edward. Isabella está entrando em trabalho


de parto.

–Mas...mas... ainda não está no tempo e...

–Não perca tempo. Leve–a. Já é o segundo filho e geralmente o parto é


mais rápido.

–Ah... sim. Estou indo pra lá.

Desliguei e corri novamente pra perto de Bella.


Elymartins
–Amor... vou levá–la para a maternidade. Venha... vou ajudá–la a se
levantar.

–Papai?

Kristen estava parada na porta com os olhinhos arregalados.

–Seu irmãozinho já está a caminho, Kris. Pegue aqui meu celular e disque
o número três. Fale com a vovó que a sua mãe já está indo para a
maternidade.

Ela obedeceu mas sem tirar os olhos de Bella, que já estava com os
cabelos grudados no rosto, algumas gotas de suor brotando acima dos
seus lábios.

–Eu não arrumei nada.

–Não tem problema.

Virei–me para Kris que ainda falava ao celular.

–Querida... peça a tia Alice para vir aqui arrumar as malas para sua mãe.
Não teremos tempo.

Ajudei Bella a se levantar e trocar a roupa e em seguida partimos para a


maternidade. Fui direto ao atendimento e rapidamente Bella foi atendida e
colocada numa maca. As contrações já estavam bem menos espaçadas.
Pouco depois minha família chegou e pode fazer companhia a Kristen.

–como ela está Edward? Não está fora da época?

–irei lá agora, mãe. Kristen não podia ir e eu não iria deixá–la sozinha.

–Edward, dê–me a chave para que eu possa buscar as coisas da Bella.

–Obrigado Alice... agora deixe–me correr até lá.

Tive que esperar enquanto examinavam Bella. Caminhei de um lado a


outro pelo corredor até que a porta foi aberta e Bella saiu na maca. Corri
até ela segurando sua mão.

–Amor... como você está?

–Ela está bem, Edward. Seu filho já está nascendo...

Arregalei os olhos.

–Como assim... nascendo?


Elymartins
–Eu falei que o segundo parto costuma ser mais rápido. Ela já está bem
dilatada.

–Eu ficarei com ela.

–Você já informou isso lá na...

Interrompi a médica, já estava começando a ficar nervoso. Nem sei por


quê... talvez porque fosse antes da hora esperada. Bella estava com uma
expressão tranquila.

–Olha só... não avisei nada e não vou sair de perto dela. Eu já perdi a
chance de estar com ela quando nossa primeira filha nasceu... não será
assim agora.

A médica pareceu ponderar um pouco, mas finalmente cedeu.

Entrei com eles na sala de parto e a partir daí foi tudo realmente muito
rápido. O tempo todo eu segurei a mão de Bella e alisei seu rosto. Ficava
cada vez mais encantado com a força dessa mulher. Eu olhava pra ela e
me pensava como deve ter sido ter a Kristen sozinha... praticamente sem
amparo.

Mas agora eu estava ao seu lado. E foi ali, ao lado dela, olhando em seus
olhos que eu ouvi o choro do nosso filho pela primeira vez. As minhas
lágrimas se juntaram às dela quando me inclinei e beijei levemente seus
lábios.

–Obrigado por isso amor.

–Eu amo você Edward.

Nem parecia que nosso filho tinha nascido algumas semanas antes do
previsto. Era forte e robusto... e tinha os cabelos e os olhos da mãe. Era a
cópia masculina de Bella. Eu sorri feito um bobo ao vê–lo ao lado da mãe,
chorando sem parar, mas já com olhos bem abertos, como se quisesse ver
tudo.

–Ele é lindo.

–Sim... lindo.

–Obrigado amor. Por me dar a chance de presenciar o que não pude da


primeira vez.

Bella apenas sorriu e voltou novamente a atenção para nosso filho.


Quando ele foi retirado pela enfermeira eu também resolvi sair do quarto.
Elymartins
–Anjo... vou lá fora contar a novidade. Kristen deve estar maluca para
saber se já nasceu.

–Dê um beijo nela por mim.

–Darei.

Tão logo sai pelo corredor meus pais se aproximaram. Kristen estava no
colo da minha mãe e Alice acabava de chegar com duas grandes bolsas.

–E então filho?

Sorri entre lágrimas e peguei Kristen no colo.

–Seu irmãozinho acabou de nascer, princesa.

–Oba...

Seus bracinhos envolveram meu pescoço enquanto ela me beijava.

–Com quem que ele se parece Edward?

–Eu acho que ele é a cara da Bella.

–Eu quero ver papai.

–Daqui a pouco ele estará no berçário e então poderá vê–lo.

–Coloca o nome dele de Robert?

–Robert? Por quê?

–Porque eu gosto, papai.

–Irei falar com a mamãe, ok? Aliás...

Estalei um beijo em sua bochecha.

–Ela mandou um beijo.

Fui abraçado por meus pais e logo depois por Alice.

–Já deixei a bolsa no quarto em que Bella ficará. Agora vamos até o
berçário, por favor.

Fomos todos juntos e ao olhar pelo vidro imediatamente reconheci meu


filho. Felizmente ele estava bem próximo a enorme janela onde estávamos.

–Olhe ali, Kris. É aquele.


Elymartins
Apontei meu dedo para o bebê que dormia tranquilamente.

–Ele é muito fofo... ai que vontade de morder.

–Contenha–se Alice. Lembro–me muito bem de como apertava as


bochechas da Kris.

–Mas ela era uma bonequinha linda.

Essas palavras me fizeram lembrar do que perdi. Tudo por causa daquelas
duas loucas. Tiraram de mim e de Bella a chance de curtirmos nossa filha
como merecíamos. Mas agora ninguém tiraria esse momento da família
que construímos e que acabava de crescer. Uma estava morta e a outra em
tratamento. Poderíamos ser felizes, finalmente.

******************

Kristen estava encarapitada na cama ao lado de Bella enquanto ela


amamentava Robert. Eu terminava de limpar as coisas usadas no banho
dele. Sujou–se tanto que apenas limpeza não resolveu, precisou de um
banho. Hoje ele completava duas semanas. Nesse tempo nossa vida deu
uma guinada. Fraldas, mamadeiras, pomadas para Bella passar nos seios,
lenços umedecidos...esse era nosso dia a dia.

Minha mãe sugeriu que contratássemos uma babá, mas tanto eu quanto
Bella negamos veementemente. Não pudemos ter isso com a Kristen então
não iríamos permitir que outra pessoa fizesse o que estávamos adorando
fazer.

Kristen também estava esfuziante, tentando ajudar em tudo. E o


engraçado era que ao final do dia eu não me sentia exausto louco para ir
pra cama. Muito menos Bella. Devo admitir que fomos agraciados. Robert
era muito tranquilo e só chorava quando tinha fome.

Afastei–me do trabalho nessas primeiras semanas para ajudar Bella em


casa. Se deixasse ela iria querer fazer tudo sozinha. Dois dias após o parto
ela já queria ir para a cozinha, fazer almoço, jantar... mas claro que não
permiti.

Eu mesmo fazia tudo, sempre com Kristen atrás de mim, dando palpite e
querendo me ajudar. Uma ou outra coisa eu permitia. À tarde geralmente
Bella dormia um pouco com Robert enquanto Kristen estava na escola.

Era tudo tão novo para nós e tudo tão intensamente satisfatório que nem
nos lembrávamos mais dos tristes acontecimentos que vivemos.

–Kristen, princesa... está na hora de ir pra cama.

–Mas papai...
Elymartins
–Lembre–se do nosso combinado.

–Mas eu não estou com sono.

–Você sempre diz isso todo dia...e dorme feito pedra. Dê boa noite a mamãe
e ao Robert e venha.

Ela desceu da cama contrariada, mas obedeceu. Ajudei–a a escovar os


dentes e vestir a camisola e coloquei–a na cama. Imediatamente bocejou e
eu ri.

–Viu só? Teimosa.

Apertei levemente seu nariz e depois beijei seu rosto.

–Boa noite, flor. Durma com os anjos.

–Boa noite papai.

–Eu te amo. Muito.

Ela sorriu, pegando no meu cabelo, como fez a vida inteira.

–eu também.

Beijei–a novamente, acendi a luz do abajur e quando sai ela se ajeitava de


lado, já embarcando no sono.

Voltei para o quarto e Bella não estava. Provavelmente foi colocar Robert
no berço. Mas voltou logo e se deitou ao meu lado.

–Cansada?

–Nunca.

Ri baixinho.

–Sei disso.

–Não tem como ficar cansada com você me ajudando em tudo.

–É assim que deveria ter sido desde quando a Kris nasceu.

Ela me abraçou colocando a cabeça em meu peito.

–Sei que é horrível, mas me sinto aliviada agora que... que ela se foi.
Elymartins
Desde quando Renné morreu não tocamos mais no assunto. Nem tinha
como. Bella foi levada às pressas para o hospital. Sei apenas que Renné foi
enterrada, sem nenhum parente conhecido para reclamar o corpo.

–Mas você está certa Bella. Ela não teria nos dado paz. Ela descansou... e
nós também.

Bella ergueu a cabeça e nossos lábios se encontraram. O amor que eu


sentia por ela só se diferenciava do que sentia há alguns anos, por ser bem
mais intenso agora.

–Eu te amo Edward.

–Eu também amo você. Amo demais... pra sempre.

Voltei a beijá–la, esquecido momentaneamente do mundo. Sempre um


apaixonado por ela. E foi essa paixão, esse amor que me fez ter esperança
de um dia poder vivê–lo em toda sua intensidade. E agora esse sonho era
mais que realidade.

“O Amor...

É difícil para os indecisos.


É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!” (Cecília Meireles)

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