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Contexto de Pesquisa
O contexto desta pesquisa foi um Curso de Licenciatura Semipresencial Letras
de Língua Inglesa. O curso, criado em 2013, é oferecido pelo Instituto John (nome
fictício) de uma universidade brasileira a qual denominarei Universidade UniDA (nome
fictício), em 17 polos. A Universidade UniDA foi credenciada para ofertar cursos
semipresenciais e a distância pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), em 1999.
De acordo com o Projeto Pedagógico do curso de licenciatura semipresencial
Letras-Inglês da Universidade Unida, o Instituto John originou-se de trabalhos
realizados na modalidade de educação à distância, tendo como primeiros projetos as
atividades de um grupo de pesquisa em EaD, iniciados na década de 90.
Segundo as informações no site do Instituto John, o curso de Licenciatura Plena
Letras Semipresencial de Língua Inglesa tem duração de 10 semestres letivos,
integralizando no total 2.824 (dois mil, oitocentos e vinte e quatro) horas. Dessa carga
horária, 80% (oitenta por cento) é virtual e 20% (vinte por cento) presencial. A Figura 2
ilustra o site em que as informações gerais do curso, na modalidade semipresencial,
estão disponibilizadas para discentes e docentes.
Em termo de carga horária, o curríuculo do curso está dividido da seguinte
forma: 1.800 horas/aula de conteúdo específico das disciplinas científico-culturais e
pesagógicas; 408 horas de Prática como Componente Curricular; 416 horas de Estágio
Supervisionado e 200 horas para as atividades Pedagógicas Complementares; o que
integraliza um total de 2.824h.
Fonte: Disciplina Língua Inglesa: Texto e Discurso, acessado em 11 set. 2016 e 2017.
EQUIPE
GESTORA
Vice
Coordenador Supervisor do Tutores Tutores a
Coordenador Secretário
do curso Estágio Presenciais Distância
do curso
Professores
Especialistas
Professores
Professores
Formadores/
Pesquisadores/
Coordenadores de
Conteudistas
Disciplina
Segundo semestre
Produção Oral Produção Oral
Língua Inglesa I – B: Compreensão e Língua Inglesa II – B: Compreensão e
Produção Escrita Produção Escrita
Teorias de Língua e de Segunda Fundamentos da Literatura em Língua
Língua Inglesa
Educação à distância Fundamentos da Linguística Aplicada
Língua Inglesa III – A: Compreensão Língua Inglesa IV – A: Compreensão e
Terceiro semestre
Quarto Semestre
e Produção Oral Produção Oral
Língua Inglesa III – B: Compreensão Língua Inglesa IV – B: Compreensão e
e Produção Escrita Produção Escrita
Panorama Histórico-Social da Morfossintaxe da Língua Inglesa I
Literatura em Língua Inglesa
Psicologia do Desenvolvimento e da Fonologia Segmental da Língua Inglesa
Aprendizagem na Adolescência
Língua Inglesa V – A: Compreensão Fonologia Suprassegmental da Língua
Quinto Semestre
Oitavo Semestre
Estágio II: Ensino das Atividades online no AVA: 30 16h: Encontro Presencial e
Habilidades Comunicativas pontos observações: 03 atividades
da Língua Inglesa Observações: 30 pontos no 10 pts cada
total
80h :Atividades online e
4 Atividades de Portfolio:15 orientações
pontos no total.
Atividades de Portfolio:
3 Atividades de Fórum de Portfolio 1: 3pts
Discussão: 15 pontos no Portfolio 2: 3 pts
total. Portfolio 3: 6 pts
Portfolio 4: 3 pts
Relatório Final:40 pontos
Atividades de Fórum de
Discussão:3,0 pontos cada
Fonte: Elaborado pelo autor, de acordo com informações recebidas pelos professores-
coordenadores das disciplinas em 11 de set. 2017
1
In life, we create our own reality out of persons or situations; it isn't that the person or situation is the
rality (ELY, VINZ, DOWNING, ANZUL, 1997, 2006, p. 20)
2
"a support group and facilator" (ELY, VINZ, DOWNING, ANZUL, 1997, 2006, p. 22)
escolhas" (ELY, VINZ, DOWNING, ANZUL, 1997, 2006, p.22 tradução minha3).
Enfim, de acordo com Ely, Vinz, Dowing, Anzul (1997, 2006), fazer escolhas também é
parte do processo de composição de sentidos. Todo esse processo de contar, recontar e
reconstruir pode proporcionar que o pesquisador viva um processo de reflexão profunda
e contínua sobre seu papel na pesquisa (ELY; VINZ; DOWNING; ANZUL, 1997, 2006
p. 22).
Dessa forma, ao recontar as histórias sobre minha experiência vivenciada, à
medida que lia e relia, questionava e pensava sobre os meus textos de campo, fui
entendendo, construindo percebendo outros modos de ver e pensar minhas experiências
de professor-tutor em um curso a distância. Essas experiências estão relacionadas ao
meu entendimento sobre o processo de ensino e aprendizagem em contextos à distância,
mediação, interação, sobre o ser professor-tutor e o que eu esperava dos discentes em
um curso à distância.
Ao discutirem a escrita da pesquisa qualitativa, Ely, Vinz, Dowing, Anzul (1997,
2006, p.59-62 – tradução minha4) discutem as múltiplas formas de escrita, esclarecendo
que “[...] a forma molda o significado”. As autoras discutem sobre as várias formas de
escrita e fornecem exemplos do que está disponível para os escritores - pesquisadores -
na pesquisa qualitativa. Esclarecem ainda que tais exemplos não constituem “o grupo
total”, mas que, a partir desses exemplos outras possibilidades de escrita podem surgir;
acreditam que os escritores/pesquisadores podem criar a própria forma de escrita e
encontrar outras disponíveis na literatura.
Ely, Vinz, Dowing, Anzul (1997, 2006) discutem e sugerem as várias formas
para a escrita de textos qualitativos, entre elas: narrativas, anedotas, metáforas, vinhetas,
histórias em camadas, pastiches, drama, teatro, poesia, projeto, esboço e índices. Como
nesta tese optei pelo uso do ‘pastiche’, passo a abordar esse tipo de escrita. Ely, Vinz,
3
"[...] rethink and wonder [...] decinding where and how ideas are juxtaposed, discovering how data
relate onde piece to another, making choices" (ELY, VINZ, DOWNING, ANZUL, 1997, 2006, p. 22)
4
“Form shapes meaning” (ELY, VINZ, DOWNING, ANZUL, 1997, 2006, p. 59).
Dowing, Anzul (1997, 2006) apresentam a definição de pastiche do dicionário “The
American Heritage Dictionary” e segundo essa fonte o pastiche é considerado como um
pedaço de um texto do gênero drama, literário ou musical feito da seleção de vários
trabalhos. Ao discutirem essa definição, se ela for literalmente considerada, a escrita de
textos de pesquisa qualitativa também pode estar em consonância com a concepção
apresentada no dicionário. Na visão de Ely, Vinz, Dowing, Anzul (1997, 2006), a
escrita de um trabalho acadêmico, também, tem uma combinação de outros textos - as
autoras chamam essa combinação de amalgama- com vários pedaços de informações a
partir da utilização de outros textos. (ELY; VINZ; DOWNING; ANZUL, 1997, 2006 p.
97).
Considerando essas definições de pastiche apresentada por Ely, Vinz, Dowing,
Anzul (1997, 2006), as autoras estabelecem que as seleções dos pedaços de textos, os
quais podem ser textos em camadas, múltiplas histórias e paródia, precisam combinar,
de forma justaposta, a produzir um significado, ou seja, devem comunicar uma
mensagem particular, e, além do mais, o sentido do pastiche deve ser construído ‘pelo’
leitor ao invés de ser construído para o leitor. A forma do pastiche com os pedaços de
textos imprime um sentido singular, porque cada pedaço dos textos se relaciona com
outros textos e “[...] cada texto e uma absorção e transformação de outro em uma nova
articulação de sentidos” (ELY; VINZ; DOWNING; ANZUL, 1997, 2006 p. 100). As
autoras explicam que essa articulação “[..] produz um efeito cinético, dando uma
qualidade dinâmica e um senso de
Além do mais, a forma de escrita do pastiche permite que leitor comece a se
interrogar, questionar, analisar, refletir, criar sua própria interpretação e, além disso, o
pastiche “convida o leitor a entrar em uma instância paradoxal, vendo dois pontos de
vistas ou vários simultaneamente a partir da limitação de um texto impresso” (ELY;
VINZ; DOWNING; ANZUL, 1997, 2006 p. 97).
Ao explicarem sobre a forma de escrita do pastiche Ely, Vinz, Dowing, Anzul
(1997, 2006) expõe algumas versões e variações que os escritores e pesquisadores
podem experienciar em seus textos de pesquisa qualitativa: Múltiplas Formas, Pontos de
Vistas de co-escritores, Múltiplos Posicionamentos e Perspectivas, Trançado (braining).
A versão ‘Múltiplas Formas’ é composta de diversos tipos de textos: histórias, poemas,
vinhetas, entre outros, de forma justaposta. Nessa versão, cada texto pode representar a
experiência e perspectivas do pesquisador sobre o assunto abordado. Outra versão
apresentada por Ely, Vinz, Dowing, Anzul (1997, 2006) é o pastiche com ‘Pontos de
Vistas de Co-escritores’. As autoras explicam que nessa versão, os textos que compõe
esse pastiche representam as múltiplas interpretações dos pesquisadores sobre um
mesmo assunto ou experiência. A escrita desse pastiche com os pontos de vistas,
segundo as autoras, pode ser de várias formas, por justaposição de textos, tomada de
turnos e entrelaçados (weaving). As autoras explicam ainda que a partir do
entrelaçamentos dos pontos de vistas dos pesquisadores, outras questões mais
complexas são levantadas e abordadas.
Já a versão ‘Múltiplos Posicionamentos e Perspectivas’, Ely, Vinz, Dowing,
Anzul (1997, 2006) explicam que essa versão de pastiche é escrita a partir dos
posicionamentos e perspectivas do pesquisador sobre um tema, assunto ou pesquisa.
Para as autoras, nessa versão “o ‘olhar’ e o ‘Eu’ estão interligados e claramente não
separados” (p.103), ou seja, como aquele assunto/tema é visto e como o assunto é
influenciado pela paisagem e pela experiência do pesquisador a partir dos movimentos
de “[...] distanciamento e proximidade [...]” e de “[...] para dentro e para fora [...]” que
ele faz ao escrever os textos que compõem o pastiche com os múltiplos
posicionamentos e perspectivas. Esses movimentos, permite ao pesquisador que se
mova de “forma livre entre paisagens produzidas”, desconsiderando, na visão das
autoras, a “relação linear e convencional entre o passado e o presente” (p.106) e
oportunizando, ao pesquisador, apresentar uma “perspectiva curvilínea dos movimentos
entre o tempo passado, presente e futuro” (ELY; VINZ; DOWNING; ANZUL, 1997,
2006, p. 105-106).
Por fim, em outra perspectiva de escrita de pastiche, Ely, Vinz, Dowing, Anzul
(1997, 2006) apresenta o pastiche ‘trançado’ (braiding). As autoras, ao discutirem o
processo de escrita desse pastiche, explicam que ao escrever os textos que compões o
pastiche trançado, o pesquisador considera vários aspectos entre eles “[...] percepção e
consciência do pensamento” e “[...] de descrição e análise do que é visto e o que é
imaginado [...]” (p. 106), escritos de forma separada, porém relacionados entre si, partes
intercambiáveis, que podem ser a voz do pesquisador entrelaçado com o texto de
pesquisa e, também, a voz dele com a voz do participante. Sendo assim, o pesquisador
ao escrever esse pastiche, mostra o movimento dinâmico de “para frente e para trás” ao
descrever e pensar sobre sua pesquisa (ELY, VINZ, DOWING, ANZUL, 1997, 2006,
p.106-107).
Nesta tese criei pastiches a partir de vários pedaços de textos escritos e lidos em
momentos da minha pesquisa, entre eles artigos científicos, teses e dissertações sobre os
temas que discuto na composição de sentidos desta pesquisa. Para a escrita dos
pastiches, considerei poemas, textos de campo, experiências de campo e dos relatos,
notas de campo e anotações que eu fazia em meu caderno particular que eu usava para
fazer anotações diversas.
No processo de composição de sentidos, considerei as narrativas e pastiches
como uma “unidade de sentido” (ELY; VINZ; DOWNING; ANZUL; 1997, 2006).
Apesar da diversidade de textos de campos elaborados, mesmo assim considerei toda
essas formas de escrita de textos como uma unidade da minha experiência vivida como
professor-tutor. Busquei “costurar” as múltiplas formas de escrita (ELY; VINZ;
DOWNING; ANZUL; 1997, 2006) com a interpretação da minha experiência.
Neste capítulo, apresentei o caminho teórico-metodológico desta pesquisa, o
procedimento de composição de textos de campo e de composição de sentidos. No
próximo capítulo, apresentarei a fundamentação teórica que serviu de base para o
desenvolvimento deste estudo.