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10/04/2018 “O Poder e o Economista Útil” – John Kenneth Galbraith | diálogos essenciais

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“O Poder e o Economista Útil” – John Kenneth


Galbraith

18 de fevereiro de 2015 · por Paulom · em ECONOMIA. ·


Em 09 de janeiro deste ano publicamos este texto em língua espanhola e prometemos que, tão logo
fosse possível, publicaríamos o texto em português. A versão que apresentamos a seguir é a
tradução do texto original, publicada na Revista Argumento – Ano I No. 2 – novembro 1973. A
Revista Argumento teve apenas dois números e foi “inviabilizada” pela ditadura.

Infelizmente, seremos obrigados a publicar o artigo em partes. Leia, abaixo, a parte inicial.

Paulo Martins – dialogosessenciais.com

O PODER E O ECONOMISTA ÚTIL

“O discurso cerimonial do presidente da American Economic Association é uma forma artística


que, como a maioria dos meus antecessores, creio eu, recapitulei minuciosamente. Por vezes, no
passado, os discursos trataram de algum problema substantivo de nossa disciplina, ou de algum
problema premente da economia . Mais frequentemente, abordaram, sempre com uma ponta de
crítica, a metodologia da ciência econômica. Ainda que aceitando as linhas gerais da ciência,
faziam-se reparos a aspectos específicos de sua prática. A ciência econômica é insuficientemente
normativa. A construção de modelos tornou-se um fim, não um meio. Recentemente, por vários
anos consecutivos, as críticas – envolvendo uma certa dose de introspecção pessoal – continham
ataques particularmente severos à economia matemática. O estilo dessas alocuções, permitam-me
notar de passagem, é tão característico quanto o tema. Espelha a solenidade concentrada de
homens que sentem que estão falando para a posteridade. Talvez valha a pena dedicar um
momento, nessas grandes ocasiões, à lembrança de que a nossa é uma disciplina que leva a marca
de expectativas frustradas. Esta noite sinto-me tentado a abandonar os ritos estabelecidos. Gostaria
de me deter em questões básicas de abordagem e estrutura. Se isso contraria a tradição, não
contraria a tendência hoje vigente em nossa profissão. Reunimo-nos num momento em que as
críticas são generalizadas – quando o corpo de teoria vigente em seu conjunto está sob um ataque
extensivo. De uns seis anos para cá, o que antes, no mundo não-socialista, chamava-se
simplesmente ciência econômica, passou a ser designado como economia neoclássica, com as
devidas aberturas para as contribuições keynesiana e pós-keynesiana. O que era uma teoria geral e
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aceita com comportamento econômico tornou-se uma interpretação particular e contestável desse
comportamento. Para uma nova e notavelmente articulada geração de economistas, as referências à
economia neoclássica tornaram-se marcadamente pejorativas. Estou propenso a considerar, tanto
quanto desejo, que a atual ofensiva será decisiva. Ainda restam forças à teoria estabelecida. Ela dá
margem a muito refinamento secundário que não levanta o problema de sua validade ou utilidade
globais. Sobrevive robustamente nos livros de textos, embora até nessa fortaleza sinta-se alguma
ansiedade entre os autores mais progressistas ou comercialmente sensíveis. Talvez haja limites para
a possibilidade de se fazer aceitar entre os jovens. E os arranjos através dos quais a ortodoxia se
mantém na vida acadêmica moderna continuam sendo formidáveis. Em seu primeiro meio século
de existência como tema de ensino de pesquisa, a ciência econômica esteve sujeita à censura de
leigos. Os homens de negócios e seus prepostos políticos e ideológicos mantinham-se de olho nos
departamentos de Economia e reagiam prontamente contra a heresia, sendo esta tudo o que
ameaçasse os sagrados direitos de propriedade, os lucros, uma política tarifária adequada, um
orçamento equilibrado, ou que implicasse em simpatia pelos sindicatos, pela propriedade estatal,
pela regulamentação pública ou pelos pobres. O poder e a autoconfiança crescentes do sistema
educacional, a complexidade cada vez maior de nossa disciplina e, sem dúvida, a aceitabilidade
crescente de nossas ideias, livraram-nos em boa medida dessa ingerência. Nos principais centros de
instrução, a liberdade de cátedra está ou assegurada ou em vias de o ser. Mas no lugar da antiga
censura surgiu uma nova tirania. Consiste ela em definir o mérito científico pela afinidade, em
termos de crença e métodos, com a tendência acadêmica dos que já se encontram instalados nas
instituições. Trata-se de uma atitude difusa e opressiva, não menos perigosa por ser, via de regra,
tão farisaica quanto inconsciente. Mas até esta forma de controle enfrenta problemas. A economia
neoclássica ou neo-keynesiana, embora ofereça oportunidades ilimitadas de refinamento das
pesquisas, tem uma debilidade básica. Ela não proporciona um instrumental adequado para
abarcar os problemas econômicos que hoje afligem a sociedade moderna. E esses problemas são
teimosos – não vão deitar-se e morrer em benefício de nossa profissão. Nenhum arranjo para a
perpetuação do pensamento é seguro se este não toma contato com os problemas que
presumivelmente deveria resolver.

Esta noite não deixarei de mencionar os fracassos da teoria neoclássica. Mas também quero os
meios pelos quais poderemos nos reassociar à realidade. Em parte isso corresponderá a um resumo
de argumentos já conhecidos, mais um livro que está para ser publicado. Nesse ponto, até o mais
conservador dos meus ouvintes há de sentir-se tranquilizado. Sejam quais forem as outras
extravagâncias do autor, falar bem dos próprios escritos é um costume consagrados em nossa
tradição profissional. As características mais batidas da economia neoclássica ou neo-kenesiana são
os pressupostos de que o poder, e com ele a política, é alheio ao objeto da ciência econômica. A
empresa está subordinada às disposições do mercado e, nessa medida, ao indivíduo ou ao grupo
doméstico. O Estado está subordinado às disposições do cidadão. Há exceções, mas estas
confirmam a regra geral e imperativa, e é sobre a regra que se apóia firmemente a teoria
neoclássica. Se a empresa está subordinada ao mercado – se este é seu amo e senhor -, então ela só
tem poder de expansão enquanto isso beneficiar o mercado e o consumidor. E, fora as tentativas
vitoriosas de influenciar ou manipular fraudulentamente os mercados, ela não tem de onde extrair
poder de pressão sobre o Estado, pois lá se encontra, vigilante, o cidadão. A grande debilidade da
economia neoclássica e neo-keynesiana não é o erro dos pressupostos pelos quais elide a questão
do poder. Afinal errar é humano, especialmente quando o erro vai de mãos dadas com a
conveniência. Acontece que, ao elidir a questão do poder – ao tornar a economia uma disciplina
não-política -, a teoria neoclássica destrói, pelo mesmo processo, sua relação com o mundo real.
Como se isso não bastasse, os problemas deste mundo estão crescendo, tanto em número quanto na
profundidade de sua premência social. Em consequência, a economia neoclássica e neo-keynesiana
está empurrando seus campeões para fora da arena social, onde eles ou se abstém de jogar ou
apostam em lances perdidos. Especificamente, a exclusão do poder e da dimensão política
resultante leva a ciência econômica a prognosticar somente dois problemas econômicos intrínsecos
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e importantes. Um deles é o problema microeconômico das imperfeições do mercado – mais


especificamente, o do monopólio ou oligopólio em mercados de produtos ou fatores – conduzindo
a aberrações na distribuição dos recursos e da renda. O outro é o problema macroeconômico do
desemprego ou da inflação – da falta ou excesso na procura global de bens e serviços, incluindo as
implicações monetárias desses fenômenos. Tanto num caso como no outro, o fracasso é dramático.
A teoria neoclássica leva a uma falsa solução do problema microeconômico, e a nenhuma solução
do problema macroeconômico. Enquanto isso, deixa em boa medida intocada toda uma
constelação de outros temas econômicos urgentes”.

Tags: economia e poder, economia neoclássica, Neutralidade na Economia, ortodoxia econômica

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