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COMUNICAÇÃO
ALTERNATIVA
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3 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
4 UNIDADE 2 – Tecnologia Assistiva e Comunicação Suplementar - Conceitos e Definições Essenciais
4 2.1 Tecnologia Assistiva
SUMÁRIO
18 3.3.5 Braille
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
Vamos iniciar este módulo com uma pe- • Conceitos e definições essenciais
quena historinha, mas verdadeira e que dentro da Tecnologia Assistiva e Comuni-
pode bater à porta da sala de aula de qual- cação Suplementar Alternativa (CSA);
quer um de vocês, educadores e que ne-
• Conceito para comunicação, os dis-
cessariamente não precisa estar em uma
túrbios e os sistemas como o Bliss, o Brail-
escola especial.
le e outros;
Primeiro dia de aula, turma de crian-
• O Atendimento Educacional Espe-
ças de 6 anos, num misto de animação,
cializado (AEE);
alegria, medo e ansiedade, afinal nunca
foram à escola...e na primeira tarefa de- • A Baixa e alta tecnologia para CSA;
param com uma menina, nome fictício
• Os recursos, os símbolos, as estra-
Maria Clara, que fixa os olhos para tentar
tégias para a CSA e como utilizá-los;
completar a simples tarefa de colar uma
etiqueta no caderno. Primeiro diagnós- • As adaptações curriculares e as
tico ou identificação do problema: baixa condições de acesso e permanência na
visão. O que fazer? Com certeza não será escola regular.
enviá-la para uma instituição de cegos ou
escola que atenda este tipo de clientela, Ressaltamos em primeiro lugar que em-
mas sim, utilizar os métodos, estratégias bora a escrita acadêmica tenha como pre-
e recursos disponíveis como a Tecnologia missa ser científica, baseada em normas
Assistiva! e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos
Lembrem-se sempre: de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas
A tecnologia Assistiva aumenta ou
não menos científicos. Em segundo lugar,
restaura a função humana, proporcio-
deixamos claro que este módulo é uma
nando uma vida independente e produ-
compilação das ideias de vários autores,
tiva à pessoa com deficiência.
incluindo aqueles que consideramos clás-
A tecnologia Assistiva ou ajudas técni- sicos, não se tratando, portanto, de uma
cas, a sala de recursos devidamente equi- redação original.
pada, uma dose extra de paciência e cari-
Ao final do módulo, além da lista de re-
nho com certeza serão grandes aliados de
ferências básicas, encontram-se muitas
ambos, você e seu aluno portador de algu-
outras que foram ora utilizadas, ora so-
ma deficiência.
mente consultadas e que podem servir
Ao longo desta apostila veremos os tó- para sanar lacunas que por ventura surgi-
picos abaixo relacionados, que somados, rem ao longo dos estudos.
formam um arcabouço teórico-prático
que pretendemos que sirvam de guia ao
longo de sua missão enquanto educador:
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UNIDADE 2 – Tecnologia Assistiva e Comuni-
cação Suplementar - Conceitos e Definições
Essenciais
2.1 Tecnologia Assistiva Proporcionar à pessoa portadora de
A Tecnologia Assistiva engloba as áre- deficiência maior independência, quali-
as de comunicação alternativa e ampliada dade de vida e inclusão social, através da
(CAA), adaptações de acesso ao computa- ampliação da comunicação, mobilidade,
dor; equipamentos de auxílio para visão controle do seu ambiente, habilidades
e audição; controle do meio ambiente, de seu aprendizado, competição, traba-
adaptação de jogos e brincadeiras; adap- lho e integração com a família, amigos e
tações da postura sentada; mobilidade sociedade.
alternativa; próteses e a integração des-
Tecnologia Assistiva é uma expressão
sa tecnologia nos diferentes ambientes
utilizada para identificar todo o arsenal
como a casa, a escola, a comunidade e o
de recursos e serviços que contribuem
local de trabalho (KINQ, 1999 apud PELO-
para proporcionar ou ampliar habilidades
SI, 2005).
funcionais de pessoas com deficiência e,
Muitos profissionais podem estar en- consequentemente, promover vida inde-
volvidos no trabalho da tecnologia As- pendente e inclusão.
sistiva como engenheiros, educadores,
Ainda, de acordo com Dias de Sá (2003),
terapeutas ocupacionais, protéticos, fo-
a tecnologia Assistiva deve ser compre-
noaudiólogos, fisioterapeutas, oftalmo-
endida como resolução de problemas fun-
logistas, enfermeiras, assistentes sociais
cionais, em uma perspectiva de desenvol-
e especialistas em audição.
vimento das potencialidades humanas,
valorização de desejos, habilidades, ex-
pectativas positivas e da qualidade de
vida, as quais incluem recursos de comu-
nicação alternativa, de acessibilidade ao
computador, de atividades de vida diárias,
de orientação e mobilidade, de adequação
postural, de adaptação de veículos, órte-
ses e próteses, entre outros.
ternativa para que o aluno realize o que pessoas sem fala ou escrita funcional ou
deseja ou precisa. É encontrar uma es- em defasagem entre sua necessidade co-
tratégia para que ele possa fazer de ou- municativa e sua habilidade em falar e/ou
tro jeito. É valorizar o seu jeito de fazer escrever. Recursos como as pranchas de
e aumentar suas capacidades de ação e comunicação, construídas com simbologia
interação a partir de suas habilidades. É gráfica (BLISS, PCS e outros), letras ou pa-
conhecer e criar novas alternativas para a lavras escritas, são utilizados pelo usuá-
comunicação, escrita, mobilidade, leitura, rio da CAA para expressar suas questões,
brincadeiras, artes, utilização de mate- desejos, sentimentos, entendimentos. A
riais escolares e pedagógicos, exploração alta tecnologia dos vocalizadores (pran-
e produção de temas através do compu- chas com produção de voz) ou o computa-
tador, etc. É envolver o aluno ativamente, dor com softwares específicos, garantem
desafiando-se a experimentar e conhecer, grande eficiência à função comunicativa.
permitindo que construa individual e cole-
c) Recursos de acessibilidade ao
tivamente novos conhecimentos. É retirar
computador - Conjunto de hardware e
do aluno o papel de espectador e atribuir-
software especialmente idealizado para
-lhe a função de ator (BRASIL, 2007).
tornar o computador acessível, no senti-
do de que possa ser utilizado por pessoas
2.1.1 Categorias da Tecno- com privações sensoriais e motoras. São
exemplos de equipamentos de entrada os
logia Assistiva teclados modificados, os teclados virtuais
Citamos as várias categorias de TA, com varredura, mouses especiais e acio-
agora vamos falar, mesmo que sucinta- nadores diversos, softwares de reconhe-
mente sobre cada uma delas, porque o cimento de voz, ponteiras de cabeça por
nosso foco é a comunicação alternativa. luz, entre outros. Como equipamentos de
saída podemos citar a síntese de voz, mo-
nitores especiais, os softwares leitores
a) Auxílios para a vida diária e vida de texto (OCR), impressoras braile e linha
prática - Materiais e produtos que favo- braile.
recem desempenho autônomo e indepen-
dente em tarefas rotineiras ou facilitam d) Sistemas de controle de ambien-
o cuidado de pessoas em situação de de- te - Através de um controle remoto, as
pendência de auxílio, nas atividades como pessoas com limitações motoras, podem
se alimentar, cozinhar, vestir-se, tomar ligar, desligar e ajustar aparelhos eletro-
banho e executar necessidades pessoais. eletrônicos como a luz, o som, televiso-
São exemplos os talheres modificados, res, ventiladores, executar a abertura e
suportes para utensílios domésticos, rou- fechamento de portas e janelas, receber
pas desenhadas para facilitar o vestir e e fazer chamadas telefônicas, acionar
despir, abotoadores, velcro, recursos para sistemas de segurança, entre outros, lo-
transferência, barras de apoio, etc. calizados em seu quarto, sala, escritório,
casa e arredores. O controle remoto pode
b) CAA - Comunicação Aumentati- ser acionado de forma direta ou indireta
va e Alternativa - Destinada a atender
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• Autismo;
Frisando o conceito... • Traumatismo crânio-encefálico;
No Brasil, o Comitê de Ajudas Técnicas - • Distrofia muscular progressiva;
CAT, instituído pela Portaria N° 142, de 16
de novembro de 2006 propõe o seguinte • Lesão medular;
conceito para a tecnologia Assistiva: “Tec- • Deficiência estrutural...
nologia Assistiva é uma área do conheci-
mento, de característica interdisciplinar,
que engloba produtos, recursos, meto- A CA deve ser introduzida o mais
dologias, estratégias, práticas e serviços cedo possível:
que objetivam promover a funcionalida-
de, relacionada à atividade e participação • quando um gap2 entre a linguagem
de pessoas com deficiência, incapacida- receptiva e expressiva começa a se apre-
des ou mobilidade reduzida, visando sua sentar;
autonomia, independência, qualidade de
• quando a fala e/ou escrita começa
vida e inclusão social” (ATA VII - Comitê
a se distanciar, em relação a fala/escrita
de Ajudas Técnicas (CAT) - Coordenadoria
dos colegas;
Nacional para Integração da Pessoa Por-
tadora de Deficiência (CORDE) - Secreta- • quando a deficiência motora impe-
ria Especial dos Direitos Humanos - Presi- de o aprendizado.
dência da República).
Resumindo...
A Comunicação Alternativa tem 2- Pode ser entendido como um desvio, um erro de percur-
como objetivos auxiliar em: so comportamental.
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A comunicação E proporciona...
impacta na...
Independência Melhora da autoestima;
Aprendizado
2. Tamanho
Pictográficos
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3. Localização 8. Os números
9. A referência posicional
4. A distância
5. O tamanho do ângulo
São potenciais utilizadores do Sistema
BLISS:
7. O indicador
Vantagens e desvantagens do uso do
BLISS:
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Vantagens Desvantagens
Reforça as capa- Limita os utilizadores, na medida em que exige um perfil de capa-
cidades de leitura, cidades (boa capacidade de discriminação visual, capacidades cog-
uma vez que utiliza nitivas, boa ou moderada compreensão auditiva e boas capacidades
símbolos tal como a visuais);
ortografia tradicio-
Boa capacidade de discriminação visual para conseguir distinguir
nal;
pequenas diferenças em características como o tamanho, a confi-
A natureza pic- guração e a orientação dos símbolos;
tográfica e ideo-
Capacidades cognitivas ao último nível pré-operatório ou ao nível
gráfica dos símbo-
das primeiras operações concretas;
los são fáceis de
apreender e fixar. Para pessoas com afasia é necessária boa ou moderada compre-
ensão auditiva e boas capacidades visuais.
põem de recursos de áudio e animação de
seus símbolos, além do acompanhamento
de legendas junto a cada símbolo gráfico.
3.3.2 O sistema pictográfi-
As histórias contam ainda com recur-
co sos de edição de personagens para que o
Um dos sistemas gráficos mais usados autista possa se identificar com mais fa-
na comunicação com e por pessoas que cilidade em suas histórias, bem como tra-
não usam a fala para comunicar é o “Sis- balhar as expressões faciais que denotam
tema Pictográfico para a Comunicação” estados de humor, dificilmente identificá-
(SPC) criado por Mayer-Johnson. veis por pessoas com autismo.
Além de utilizados em tabelas de comu- Os sistemas podem não somente ga-
nicação e digitalizadores de fala, pode ser rantir um modo de comunicação efetivo,
utilizado para adaptar canções, histórias, como também favorecer o desenvolvi-
etc. mento e uso da linguagem, sendo ampla-
mente utilizados com pacientes que não
adquiriram a fala ou a perderam devido
algum acidente neurológico.
3.3.3 O sistema SCALA e
“The Picture Exchange Communica-
PECS para autistas tion System” (PECS) é um dos diversos
O SCALA é um software de comunica- sistemas de CSA. Desenvolvido em 1985
ção alternativa que visa, dentre outros por Lory Frost e Andy Bondy nos Estados
públicos, os autistas. Unidos, o programa é destinado às crian-
ças portadoras de transtorno autístico
Visa desenvolver a oralidade e letra-
ou quaisquer outros transtornos relacio-
mento de pessoas com autismo a partir da
nadas à comunicação e interação social -
construção de pranchas de comunicação
aquelas crianças que apresentam fala não
e histórias em quadrinho. As pranchas dis-
funcional, ou seja, sabem falar, mas não
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utilizam a fala como forma de comunica- çam o sistema. Os símbolos foram dese-
ção. nhados com o objetivo de:
Na leitura, qualquer letra ou sinal brail- querda toma parte ativa na interpretação
le é apreendido em todas as suas partes dos sinais. Em alguns leitores a mão es-
ao mesmo tempo, sem que o dedo tenha querda avança até mais ou menos metade
que ziguezaguear para cima e para bai- da linha, proporcionando assim um notá-
xo. Nos leitores experimentados, o único vel aumento de velocidade na leitura.
movimento que se observa é da esquerda
para a direita, ao longo das linhas. Não so- Abaixo temos representado os símbo-
mente a mão direita corre com agilidade los do Sistema Braille:
sobre as linhas, mas também a mão es-
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O AEE para as pessoas com deficiência É importante esclarecer que o AEE não
mental está centrado na dimensão subje- é ensino particular, nem reforço escolar.
tiva do processo de conhecimento, com- Ele pode ser realizado em grupos, porém
plementando o conhecimento acadêmico deve atentar para as formas específicas
e o ensino coletivo que caracterizam a es- de cada aluno se relacionar com o saber.
cola comum. O conhecimento acadêmico Isso também não implica em atender a es-
exige o domínio de um determinado con- ses alunos, formando grupos homogêne-
teúdo curricular; o atendimento educa- os com o mesmo tipo de problema (pato-
cional, por sua vez, refere-se à forma pela logias) e/ou desenvolvimento.
qual o aluno trata todo e qualquer conte-
Pelo contrário, os grupos devem se
údo que lhe é apresentado e como conse-
constituir obrigatoriamente por alunos da
gue significá-lo, ou seja, compreendê-lo.
mesma faixa etária e em vários níveis do
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processo de conhecimento. Alunos com permite que o aluno traga a sua vivência
Síndrome de Down, por exemplo, pode- e que se posicione de forma autônoma e
rão compartilhar esse atendimento com criativa diante do conhecimento, o pro-
seus colegas autistas, com outras síndro- fessor sai do lugar de todo o saber. Des-
mes, sequelas de paralisia cerebral e ain- sa maneira, o aluno pode se questionar e
da outros com ou sem uma causa orgânica modificar sua atitude de recusa do saber
esclarecida de sua deficiência e com di- e sua posição de “não saber”. Ele, então,
ferentes possibilidades de acesso ao co- pode se mobilizar e buscar o saber. Na ver-
nhecimento (BRASIL, 2007). dade, é tomando consciência de que não
sabe, que o aluno pode se mobilizar e bus-
O atendimento educacional especiali-
car o saber. A liberdade de criação e de po-
zado para o aluno com deficiência mental
sicionamento autônomo do aluno diante
deve permitir que esse aluno saia de uma
do saber permite que sua verdade seja co-
posição de “não saber”, ou de “recusa de
locada, o que é fundamental para os alu-
saber” para se apropriar de um saber que
nos com deficiência mental. Ele deixa de
lhe é próprio, ou melhor, que ele tem cons-
ser o “repeteco”, o eco do outro e se torna
ciência de que o construiu.
um ser pensante e desejante de saber.
A inibição, definida na teoria freudiana,
Mas o atendimento educacional não
ou a “posição débil” enunciada por Lacan
deve funcionar como uma análise inter-
provocam atitudes particulares diante do
pretativa, própria das sessões psicanalíti-
saber, influenciando a pessoa na aquisição
cas, e nem como uma intervenção psico-
do conhecimento acadêmico. É importan-
pedagógica, tradicionalmente praticada.
te ressaltar que o saber da Psicanálise é
Esse atendimento deve permitir ao alu-
o “saber inconsciente”, relativo à verdade
no elaborar suas questões, suas ideias,
do sujeito. Em outras palavras, trata-se de
de forma ativa e não corroborar para sua
um processo inconsciente e o que o sujei-
alienação diante de todo e qualquer saber
to recusa saber sobre a própria incomple-
(BRASIL, 2007).
tude, tanto dele, quanto do outro. O aluno
com deficiência mental, nessa posição de
recusa e de negação do saber, fica passivo 4.1 AEE para alunos com
e dependente do outro (do seu professor, baixa visão
por exemplo), ao qual outorga o poder de
todo o saber. Se o professor assume o lu- O trabalho com alunos com baixa vi-
gar daquele que sabe tudo e oferece to- são baseia-se no princípio de estimular a
das as respostas para seus alunos, o que é utilização plena do potencial de visão e
muito comum nas escolas e, principalmen- dos sentidos remanescentes, bem como
te na prática da Educação Especial, ele re- na superação de dificuldades e conflitos
força essa posição débil e de inibição, não emocionais.
permitindo que esse aluno se mobilize Algumas sugestões para pais, profes-
para adquirir/construir qualquer tipo de sores e outras pessoas que convivem com
conhecimento (BRASIL, 2007). a criança de baixa visão na idade escolar:
Quando o atendimento educacional • Ensine a criança e o jovem sobre
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sua deficiência e sobre o que eles podem • Compreenda que o sentido da visão
ver ou não podem ver bem (muitas crian- funciona melhor em conjunto com os ou-
ças não têm consciência disso). tros sentidos.
que preparam o aluno para novas apren- medidas curriculares menos significati-
dizagens; vas. De um modo geral, constituem estra-
tégias necessárias quando os alunos apre-
• à introdução de atividades alterna-
sentam sérias dificuldades para aprender,
tivas além das planejadas para a turma,
como resultado, entre outros fatores:
enquanto os demais colegas realizam ou-
tras atividades. É indicada nas atividades • da defasagem entre a sua compe-
mais complexas que exigem uma sequen- tência curricular e a de seus colegas;
ciação de tarefas;
• da discrepância entre as suas ne-
• à alteração do nível de abstração cessidades e as demandas das atividades
de uma atividade oferecendo recursos de e expectativas escolares;
apoio, sejam visuais, auditivos, gráficos,
• da crescente complexidade das ati-
materiais manipulativos, etc.;
vidades acadêmicas que vai se ampliando,
• à alteração do nível de complexida- na medida do avanço na escolarização.
de das atividades por meio de recursos do
Praticamente, o que se almeja é a bus-
tipo: eliminar partes de seus componen-
ca de soluções para as necessidades es-
tes (simplificar um problema matemático,
pecíficas do aluno e, não, o fracasso na
excluindo a necessidade de alguns cálcu-
viabilização do processo de ensino-apren-
los, é um exemplo); ou explicitar os passos
dizagem. As demandas escolares preci-
que devem ser seguidos para orientar a
sam ser ajustadas, para favorecer a inclu-
solução da tarefa, ou seja, oferecer apoio,
são do aluno. É importante observar que
especificando passo a passo a sua realiza-
as adaptações focalizam as capacidades,
ção;
o potencial, a zona de desenvolvimento
• à alteração na seleção de materiais proximal (nos termos de Vygotsky) e não
e adaptação de materiais – uso de máqui- se centralizam nas deficiências e limita-
na braille para o aluno cego, calculadoras ções do aluno, como tradicionalmente
científicas para alunos com altas habilida- ocorria (BRASIL, 1998).
des/superdotados, etc.
Embora muitos educadores possam in-
As adaptações na temporalidade terpretar essas medidas como “abrir mão”
dizem respeito: da qualidade do ensino ou empobrecer
as expectativas educacionais, essas de-
• à alteração no tempo previsto para
cisões curriculares podem ser as únicas
a realização das atividades ou conteúdos;
alternativas possíveis para os alunos que
• ao período para alcançar determi- apresentam necessidades especiais como
nados objetivos. forma de evitar a sua exclusão.
dos ou eliminados. Desse modo, influen- lizar o currículo para que ele possa ser
ciam os resultados que levam, ou não, à desenvolvido na sala de aula e atender
promoção do aluno e evitam a “cobrança” às necessidades especiais de alguns alu-
de conteúdos e habilidades que possam nos. As adaptações curriculares no nível
estar além de suas atuais possibilidades do projeto pedagógico devem focalizar,
de aprendizagem e aquisição. principalmente, a organização escolar e
os serviços de apoio. Elas devem propiciar
As adaptações significativas na tem-
condições estruturais para que possam
poralidade referem-se ao ajuste temporal
ocorrer no nível da sala de aula e no nível
possível para que o aluno adquira conhe-
individual, caso seja necessária uma pro-
cimentos e habilidades que estão ao seu
gramação específica para o aluno.
alcance, mas que dependem do ritmo pró-
prio ou do desenvolvimento de um reper- Essas medidas podem se concretizar
tório anterior que seja indispensável para nas seguintes situações:
novas aprendizagens. Desse modo, reque-
a) a escola flexibiliza os critérios e os
rem uma criteriosa avaliação do aluno e do
procedimentos pedagógicos levando em
contexto escolar e familiar, porque podem
conta a diversidade dos seus alunos;
resultar em um prolongamento significa-
tivo do tempo de escolarização do aluno, b) o contexto escolar permite discus-
ou seja, em sua retenção. Não caracteriza sões e propicia medidas diferenciadas
reprovação, mas parcelamento e sequen- metodológicas e de avaliação e promoção
ciação de objetivos e conteúdos. que contemplam as diferenças individuais
dos alunos;
As adaptações curriculares não devem
ser entendidas como um processo exclu- c) a escola favorece e estimula a di-
sivamente individual ou uma decisão que versificação de técnicas, procedimentos e
envolve apenas o professor e o aluno. Re- estratégias de ensino, de modo que ajus-
alizam-se em três níveis: te o processo de ensino e aprendizagem
às características, potencialidades e ca-
a) no âmbito do projeto pedagógico
pacidades dos alunos;
(currículo escolar);
d) a comunidade escolar realiza ava-
b) no currículo desenvolvido na sala
liações do contexto que interferem no
de aula;
processo pedagógico;
c) no nível individual.
e) a escola assume a responsabilidade
na identificação e avaliação diagnóstica
dos alunos que apresentam necessidades
As adaptações no nível do projeto pe-
educacionais especiais, com o apoio dos
dagógico (isto é, do currículo escolar) re-
setores do sistema e outras articulações;
ferem-se a medidas de ajuste do currículo
em geral, que nem sempre precisam re- f) a escola elabora documentos infor-
sultar em adaptações individualizadas. mativos mais completos e elucidativos;
de escrever ou computador; material di- cial, dando ênfase aos espaços escolares.
dático em Braille ou gravado em voz; má- Segundo o artigo 24,
quina que reproduz mapas em alto relevo
os estabelecimentos de ensino
(mapas táteis) para o ensino da geografia;
de qualquer nível, etapa ou modali-
ábaco (ou soroban) para o ensino da mate-
dade, públicos ou privados, propor-
mática; reglete, tipo de régua para escre-
cionarão condições de acesso e uti-
ver em braile; punção, lápis ou caneta da
lização de todos os seus ambientes
pessoa cega, usado com a reglete; máqui-
ou compartimentos para pessoas
na braile; lupas; lentes de aumento e ré-
portadoras de deficiência ou com
guas de leitura; suporte com ilustrações;
mobilidade reduzida, inclusive salas
programas de computador leitores de
de aula, bibliotecas, auditórios, giná-
tela, livro falado, gravado ou digitalizado,
sios e instalações desportivas, labo-
etc.
ratórios, áreas de lazer e sanitários.
• O recurso alternativo para a comu-
nicação oral com a utilização de pranchas
de comunicação ou comunicadores; E ainda, no Capítulo VII sobre Ajudas
Técnicas, o artigo 61 estabelece,
• A independência nas atividades de
vida diária e de vida prática com adapta-
ções simples como argolas para auxiliar a
para os fins deste Decreto, consi-
abertura da merendeira ou mochila, copos
deram-se ajudas técnicas os produ-
e talheres adaptados para o lanche, eti-
tos, instrumentos, equipamentos ou
quetas em braile em prateleiras e equipa-
tecnologia adaptados ou especial-
mentos.
mente projetados para melhorar a
A informática tem se mostrado um re- funcionalidade da pessoa portado-
curso de ajuda poderoso. Os livros digi- ra de deficiência ou com mobilidade
tais, os leitores de tela, teclados virtuais reduzida, favorecendo a autonomia
e simuladores diversos estão disponíveis pessoal, total ou assistida.
facilitando a vida dos alunos com deficiên-
cia e atingindo um público cada vez mais
diverso e numeroso. Como vimos acima, claramente dispos-
tos em lei, os direitos do aluno deveriam
A legislação mais recente tem levado
garantir o acesso integral à educação, sig-
em conta esses avanços tecnológicos e
nificando ter, à sua disposição, a tecnolo-
tenta garantir a utilização desses recur-
gia necessária para seu desenvolvimento
sos, através de regulamentações como o
pleno (BARBOSA, 2007).
decreto n° 5296, assinado às vésperas do
Dia Internacional de Luta da Pessoa com
Deficiência, em 03 de dezembro de 2004.
Este decreto veio reafirmar e definir obje-
tivamente os direitos da pessoa com de-
ficiência em todos os espaços da vida so-
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UNIDADE 8 – Introdução às Politicas Publi-
cas para Saúde Mental
Falar de políticas públicas para a saú- dão no Sistema de Saúde Pública.
de mental requer entender que política é
A história das conquistas, dos avanços,
conflito! E mais: “ela permeia a vida do ho-
das dificuldades e dos desafios em rela-
mem em todas as suas atividades sociais,
ção à promoção da saúde no Brasil, vem
ditando as regras das relações profissio-
sendo construída ao longo de décadas e
nais, de vizinhança, comerciais e de lazer,
perpassa por conceitos relacionados aos
entre muitas outras” (VIANNA E BARROS,
programas, ações, projetos, agentes co-
2005).
munitários de saúde, dentre outros, os
Para Ferreira (2004) várias são as acep- quais formam uma imensa rede interliga-
ções para política, desde a arte de gover- da e ao mesmo tempo, descentralizada.
nar os povos, passando pela habilidade no
Como diz Silva (2009), a implemen-
trato das relações humanas, com vistas à
tação de Políticas Públicas requer uma
obtenção dos resultados desejados, sen-
disseminação do conhecimento, com a
do a mais pertinente ao nosso estudo, ser
garantia de acesso das pessoas aos recur-
um conjunto de objetivos que informam
sos tecnológicos, garantia de motivação
determinado programa de ação governa-
para a participação e demandam não só
mental e condicional a sua execução.
o investimento adequado, mas também
No conjunto de apostilas que compõem a existência de pessoal habilitado a lidar
o Curso de Gestão em Saúde Mental, essa com tais ferramentas para que tais ações
apostila segue duas linhas de pensamen- possam ser concebidas realmente como
to. Primeiro listar as habilidades e com- públicas. Política pública refere-se, por-
petências necessárias à equipe multipro- tanto, à ação dos governantes que detêm
fissional que atua nos serviços de saúde a autoridade e o poder para dirigir a cole-
mental e segundo, promover uma refle- tividade organizada, bom como às ações
xão sobre a conquista da cidadania no da coletividade em apoio ou contrárias às
campo da saúde mental, apresentando e autoridades governamentais.
confrontando a legislação existente e as
Paim e Teixeira (2006) entendem como
políticas de saúde mental, passando pelas
política de saúde a resposta social (ação
normas técnicas a nível global (as decla-
ou omissão) de uma organização (como
rações de Caracas, Madri e Salamanca), as
o Estado) diante das condições de saúde
portarias editadas pelo Ministério da Saú-
dos indivíduos e das populações e seus
de, não esquecendo de analisar a política
determinantes, bem como em relação à
nacional para a saúde mental focando a
produção, distribuição, gestão e regula-
inclusão ou inserção do portador de do-
ção de bens e serviços que afetam a saú-
ença mental, os problemas com álcool e
de humana e o ambiente. Política de saú-
outras drogas, a criança e o adolescente,
de abrange questões relativas ao poder
enfim, os grupos vulneráveis e a atenção
em saúde (Politics), bem como as que se
básica que é a porta de entrada do cida-
referem ao estabelecimento de diretri-
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ciais, como baixo nível de renda, desem- gias de prevenção primária, estimulando o
prego e baixo nível de instrução estão debate sobre políticas de saúde. Melhorar
relacionados à maior incidência de trans- o padrão de prescrição e controle da ven-
tornos mentais. Assim como no caso das da de medicações psicotrópicas, capaci-
doenças infecciosas, essa relação não é di- tar os profissionais para atendimentos de
reta nem unívoca. Pessoas com transtor- emergência e acompanhamento.
nos mentais podem ter seu desempenho
Entretanto, a conquista efetiva da ci-
educacional e profissional prejudicado,
dadania pelos portadores de transtornos
o que numa sociedade sem mecanismos
mentais não depende apenas de ações
de proteção social leva à progressão do
no âmbito da saúde. É preciso combater o
processo de empobrecimento. É nessa
estigma que ainda atinge as pessoas por-
mesma parcela da população que encon-
tadoras de transtornos mentais e garantir
tramos as maiores dificuldades de acesso
o seu acesso às oportunidades, serviços e
aos serviços de saúde. É preciso romper
riquezas que a sociedade produz.
esse ciclo pobreza-doença-mais pobreza.
Concordando com Vasconcelos (2008)
Se é verdade que a saúde mental é um
as sociedades latino-americanas apre-
fenômeno com determinantes biológi-
sentam características estruturais bem
cos, psicológicos e sociais, há que se
diversas como a marca de uma cultura
considerar essas três perspectivas na
hegemonicamente hierárquica em con-
sua promoção e na abordagem terapêuti-
traste com o individualismo anglo-saxôni-
ca daqueles que sofrem. A área da saúde
co. Nossa sociedade é constituída de ca-
mental tem como característica a mul-
pitalismo periférico, com políticas sociais
tiplicidade, e mesmo o conflito, de pers-
pobres e segmentadas, com forte perfil
pectivas e propostas de abordagens. Isso
de exploração e desigualdade entre as
é reflexo da riqueza do seu objeto de tra-
classes e grupos sociais e com exclusão da
balho, a mente humana, e da intensidade
maioria da população no acesso aos bens
de suas demandas. Assim, reducionismos
materiais e serviços sociais básicos.
teóricos e terapêuticos podem ser vistos
como tentativas ilusórias de se negar essa As nossas políticas sociais tendem a ser
complexidade. As propostas de atuação estatais, somente muito recentemente o
no campo da saúde mental devem estar à terceiro setor vem se desenvolvendo e se
altura das características da nossa clínica constituindo produtor direto de serviços
e aproveitar as múltiplas formações da- sociais mais apropriados a cada grupo es-
queles que a praticam. pecífico de pessoas e necessidades socio-
culturais, assim, somente agora começa a
Para que os cidadãos atinjam a cidada-
vislumbrar a possibilidade de que organi-
nia em sua plenitude é preciso que o Esta-
zações de usuários possam ser incluídas
do olhe todos os segmentos, desde aque-
no rol das organizações não governamen-
les que têm problemas com álcool e outras
tais financiáveis pelo Estado para a pro-
drogas, passando pela mulher, criança,
visão de serviços de suporte em saúde
adolescente e idoso, organizando os ser-
mental (VASCONCELOS, 2008).
viços de atendimento, montando estraté-
51
munitário para pessoas com transtornos para alcançar seus objetivos e proteger
mentais, por exemplo, tem sido impedido os direitos e melhorar as vidas de pessoas
em muitos países por leis que não incluem afetadas por transtornos mentais.
disposições relativas ao tratamento co-
A legislação representa um mecanis-
munitário.
mo importante para garantir a atenção e
Política e legislação são dois métodos o tratamento adequados e apropriados, a
complementares para melhorar a aten- proteção dos direitos humanos de pesso-
ção e os serviços de saúde mental, mas, a as com transtornos mentais e a promoção
menos que também haja vontade política, da saúde mental das populações (OMS,
recursos adequados, instituições funcio- 2005).
nando corretamente, serviços de apoio
Em resumo, a legislação deve permitir a
comunitário e pessoal de boa formação,
consecução de objetivos de saúde pública
a melhor política e a melhor legislação
e da política de saúde. Os governos estão
terão pouca importância. A legislação de
submetidos a uma obrigação de respeitar,
integração à comunidade acima sugeri-
promover e realizar direitos fundamentais
da, por exemplo, não vingará se os recur-
de pessoas com transtornos mentais con-
sos fornecidos forem insuficientes para
forme definidos em documentos interna-
o desenvolvimento de instalações, servi-
cionais de direitos humanos obrigatórios.
ços e programas de reabilitação de base
comunitária. Embora a legislação possa Enfim lembremos que:
fornecer um ímpeto para a criação de tais
• A legislação pode ajudar as pessoas
instalações, serviços e programas, os le-
com transtornos mentais a receber aten-
gisladores e formuladores de políticas
ção e tratamento adequados.
precisam acompanhar todo o processo a
fim de perceber os benefícios plenos dos • Ela pode proteger e promover direi-
esforços de integração à comunidade. To- tos e prevenir a discriminação.
das as políticas de saúde mental exigem
apoio político para garantir que a legis- • Ela pode defender direitos espe-
lação seja corretamente implementada. cíficos, tais como direito ao voto, à pro-
O apoio político também é necessário priedade, à liberdade de associação, a um
para emendar a legislação, após ela ter julgamento justo, a garantias judiciais e
sido aprovada, para corrigir quaisquer si- revisão de detenções e a proteção em
tuações indesejadas que possam minar os áreas como habitação e emprego.
objetivos da política. Mas não podemos nos esquecer que
Legislação de saúde mental e políti- ela não é a única solução nem a mais sim-
ca de saúde mental estão estreitamen- ples, somente mais uma ferramenta que
te ligadas. A legislação de saúde mental possibilita alcançar esses objetivos, e in-
pode influenciar o desenvolvimento e sistimos mais uma vez que a capacitação,
implementação da política, ao passo que o treinamento adequado e pleno envolvi-
o inverso também é verdadeiro. A política mento dos profissionais é de suma impor-
de saúde mental depende do marco legal tância para que a legislação produza os
efeitos desejáveis.
55
UNIDADE 11 – As Normas Técnicas
Internacionais
Acreditamos que o marco inicial, uma ambiente natural, com isso gerando maior
pré-conscientização, mesmo que tímida deficiência. A Declaração estabelece um
e escamoteada, dos direitos dos porta- elo crítico entre os serviços de saúde
dores de transtornos mentais aconteceu mental e os direitos humanos ao concluir
quando, em 1948, nasce a Declaração que os serviços ultrapassados de saúde
Universal dos Direitos Humanos. Junto a mental colocam em risco os direitos hu-
ela temos o Pacto Internacional sobre Di- manos dos pacientes.
reitos Civis e Políticos (PIDCP, 1966) e o
A Declaração visa promover serviços de
Pacto Internacional sobre Direitos Econô-
saúde mental de base comunitária e inte-
micos, Sociais e Culturais (PIDESC, 1966),
grada, sugerindo uma re-estruturação da
que constituem o que é conhecido como a
atenção psiquiátrica existente. Ela afirma
“Declaração Internacional de Direitos”.
que os recursos, a atenção e o tratamen-
Nesse contexto, as resoluções da As- to para pessoas com transtornos mentais
sembleia Geral das Nações Unidas, as devem salvaguardar sua dignidade e di-
agências da ONU, conferências mundiais reitos humanos, fornecer tratamento ra-
e outros grupos profissionais têm adota- cional e apropriado e empenhar-se para
do uma ampla gama de diretrizes técnicas manter as pessoas com transtornos men-
e formulações políticas. Essas podem ser tais em suas comunidades. Afirma ainda
uma fonte valiosa de interpretação das que a legislação de saúde mental deve
convenções internacionais de direitos hu- salvaguardar os direitos humanos de pes-
manos. soas com transtornos mentais e que os
serviços devem ser organizados de modo
A primeira dessas declarações nasceu
a garantir a aplicação desses direitos.
durante a Conferência Regional para a Re-
-estruturação da Assistência Psiquiátrica Suas proposições básicas foram:
no Continente, convocada pela Organi-
1. A superação do hospital psiquiá-
zação Pan-americana da Saúde/Organi-
trico como serviço central da atenção em
zação Mundial da Saúde (OPAS/OMS) em
saúde mental;
Caracas, na Venezuela, em novembro de
1990. 2. A humanização dos hospitais psi-
quiátricos;
Ela trouxe implicações importantes
para a estrutura dos serviços de saúde 3. A ampliação dos direitos das pesso-
mental, sendo adotada como uma resolu- as com transtornos mentais.
ção por legisladores, profissionais de saú-
O Ministério da Saúde do Brasil incor-
de mental, líderes dos direitos humanos
porou essas diretrizes e elegeu as seguin-
e ativistas dos movimentos de deficien-
tes ações estratégicas:
tes. Ela afirma que o recurso exclusivo a
tratamento por internação em um hospi- 1. Mudar o financiamento da área de
tal psiquiátrico isola os pacientes de seu saúde mental na Tabela de Procedimen-
56
DECLARAÇÃO DE CARACAS
Verificando,
a) isolar o doente do seu meio, gerando, dessa forma, maior incapacidade social;
c) requerer a maior parte dos recursos humanos e financeiros destinados pelos países
aos serviços de saúde mental; e
Considerando,
2 Que os Sistemas Locais de Saúde (SILOS) foram estabelecidos pelos países da região
para facilitar o alcance dessa meta, pois oferecem melhores condições para desenvolver
programas baseados nas necessidades da população de forma descentralizada, partici-
pativa e preventiva;
57
Declaram
5 Que a capacitação dos recursos humanos em Saúde Mental e Psiquiatria deve fa-
zer-se apontando para um modelo, cujo eixo passa pelo serviço de saúde comunitária e
propicia a internação psiquiátrica nos hospitais gerais, de acordo com os princípios que
regem e fundamentam essa re-estruturação;
Para o que
Swolicitam
5. Autodeterminação.
59
Distrito Federal
Espírito Santo
Minas Gerais
3- Leis são de competência do Poder Legislativo, sancionadas pelo respectivo Poder Executivo. Decretos são atos administrativos
da competência exclusiva do chefe do Executivo, para atender situações previstas em leis. Portarias são instrumentos pelos quais mi-
nistros, secretários de governo ou outras autoridades editam instruções sobre a organização e funcionamento de serviços. Resoluções
e deliberações são diretrizes ou regulamentos emanados de órgãos colegiados, tais como os Conselhos de Saúde.
61
Paraná
Pernambuco
Art. 2º Na denominação e razão social das entidades a que se refere o artigo anterior,
é obrigatório o uso da expressão “Cooperativa Social”, aplicando-se lhes todas as normas
relativas ao setor em que operarem, desde que compatíveis com os objetivos desta lei.
IV - os egressos de prisões;
V - VETADO
§ 1º VETADO
Art. 4º O estatuto da Cooperativa Social poderá prever uma ou mais categorias de só-
cios voluntários, que lhe prestem serviços gratuitamente, e não estejam incluídos na de-
finição de pessoas em desvantagem.
64
Art. 5º VETADO
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu trata-
mento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
Art. 6º A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico cir-
cunstanciado que caracterize os seus motivos.
Art. 7º A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve
assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tra-
tamento.
Art. 10º Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento se-
rão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao
representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária responsável, no prazo
máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.
Art. 11º Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser
realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e
sem a devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Na-
cional de Saúde.
Art. 12º O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão na-
cional para acompanhar a implementação desta Lei.
O Presidente da República.
sos atores sociais envolvidos nesta em- natureza, fazendo que o indivíduo e o seu
preitada. Respeitando o disposto na Lei nº meio de convívio ficassem aparentemen-
8.142/91, a Comissão tem representados te relegados a um plano menos importan-
usuários, familiares, gestores, prestado- te.
res de serviços e associações de profissio-
Isto por vezes é confirmado pela mul-
nais de saúde (BRASIL, 2002).
tiplicidade de propostas e abordagens
Bipartite/RJ nº 54, de 14 de março preventivas/terapêuticas consideravel-
de 2000 - Aprova o Programa de Implan- mente ineficazes, por vezes reforçadoras
tação de Serviços Residenciais Terapêuti- da própria situação de uso abusivo e/ou
cos para Pacientes Psiquiátricos de Longa dependência. Assim, historicamente, no
Permanência. Essa deliberação foi incluí- Brasil o tema do uso do álcool e de outras
da nessa publicação pelo caráter exemplar drogas vem sendo associado à criminali-
que encerra: os níveis estadual e munici- dade e práticas anti-sociais e à oferta de
pal podem e devem legislar em questões “tratamentos” inspirados em modelos de
relativas ao financiamento setorial. Cabe exclusão/separação dos usuários do con-
ressaltar também o fórum apropriado vívio social. As iniciativas governamentais
onde se deu a pactuação, pois o sucesso restringiam-se a poucos serviços ambula-
da iniciativa depende de ação articulada toriais ou hospitalares, em geral vincula-
pelo estado entre os diversos municípios dos a programas universitários. Não havia
das respectivas regiões (BRASIL, 2002). uma política de alcance nacional, no âmbi-
to da saúde pública (BRASIL, 2005).
Nos serviços de saúde eles têm sido No Brasil, é histórica a omissão da saú-
atendidos junto com as crianças e os pro- de pública no direcionamento das políticas
blemas que surgem são praticamente os de saúde mental para a infância e adoles-
mesmos das crianças. cência. Esta lacuna possibilitou, ao longo
dos anos, a criação de uma rede de assis-
Podem surgir problemas de personali-
tência à infância e adolescência fundada
dade (soma das qualidades físicas e men-
em instituições filantrópicas e privadas,
tais de uma pessoa em interação com o
com forte componente tutelar, como edu-
meio ambiente), os quais Freud salientou
candários, abrigos, escolas especiais, ins-
que as experiências da infância podem
titutos para deficientes mentais e clínicas
trazer efeitos negativos à vida adulta.
para autistas. Não há dúvidas de que to-
Dentre os transtornos mentais na in- das estas instituições desempenharam e
fância e adolescência, Mello (2008) cita o desempenham ainda um relevante papel
retardo mental, os transtornos de apren- na assistência às crianças e adolescen-
dizagem, transtornos de habilidades mo- tes com transtornos mentais. É a partir
toras, transtornos invasivos do desen- de 2003, no entanto, que o Ministério da
volvimento (autismo), transtornos de Saúde passa a orientar a construção cole-
alimentação na infância, transtorno de tiva e intersetorial das diretrizes de uma
tique (Síndrome de Tourette) dentre ou- rede de assistência de base comunitária
tros. e em acordo com as diretrizes da Reforma
Psiquiátrica.
Os fatores de exposição dos adoles-
centes são relativos a riscos físicos, emo- A criação do Fórum Nacional de Saúde
cionais e ambientais, dentre eles, alimen- Mental de Crianças e Adolescentes foi,
tação e peso; comportamento violento, neste sentido, fundamental para possi-
divórcio dos pais, fuga de casa, gravidez, bilitar a ampla participação da sociedade
transtornos de conduta, uso e abuso de na elaboração de propostas para o campo
drogas, suicídio (TAYLOR, 1992). da saúde mental de crianças e adolescen-
tes e para a construção e consolidação
A unidade de saúde mental que propor-
de uma política de saúde para esta popu-
ciona assistência para a criança e o ado-
lação específica. Sua composição inclui
lescente com transtorno mental precisa
representantes de instituições governa-
criar um ambiente terapêutico específico,
mentais, setores da sociedade civil, enti-
contando com a presença de uma pes-
dades filantrópicas, agentes da justiça e
soa significativa que lhe dê sensação de
promotoria da infância e juventude, e sua
segurança e intimidade, atividades que
atuação tem caráter deliberativo. O Fórum
estimulem o seu desenvolvimento, inter-
busca incorporar as orientações do Esta-
venções individuais ou grupais e recursos
tuto da Criança e do Adolescente (ECA),
como arte-terapia, jogos e narração de
importante documento legal, aprovado
histórias.
72
em 1990, que tem o objetivo de assegu- um e as construções que cada sujeito faz
rar os direitos de cidadania a crianças e jo- a partir de seu quadro (BRASIL, 2005).
vens. O ECA é uma importante conquista
Os serviços públicos de saúde mental
do movimento pelos direitos humanos no
infanto-juvenis, em particular os de base
Brasil. O Fórum configura-se assim como
territorial e voltados para a atenção in-
um instrumento de gestão, possibilitando
tensiva, deverão seguir as seguintes dire-
dar visibilidade e resolutividade às diver-
trizes operacionais em suas ações de cui-
sas dificuldades que durante muito tem-
dado e foi em articulação com o Fórum que
po ficaram em um segundo plano ou até
foram elaborados um conjunto de diretri-
mesmo totalmente ignoradas no campo
zes para estes e outros serviços públicos
da saúde mental de crianças e adolescen-
de atenção à saúde mental da infância e
tes. No ano de 2005, o Fórum divulgou as
adolescência, fundadas na lógica territo-
primeiras diretrizes para o processo de
rial de organização da rede e da atenção:
desinstitucionalização de crianças e ado-
lescentes em território nacional. • Reconhecer aquele que necessita
e/ou procura o serviço – seja a criança, o
É função do Fórum a promoção de uma
adolescente ou o adulto que o acompanha
articulação eficaz entre os variados cam-
–, como o portador de um pedido legítimo
pos de atenção à infância e à adolescência
a ser levado em conta, implicando uma ne-
e o fomento do processo de expansão de
cessária ação de acolhimento;
uma rede comunitária de atenção à saúde
mental para este segmento. Neste senti- • Tomar em sua responsabilidade o
do, a expansão e a consolidação da rede agenciamento do cuidado, seja por meio
de CAPSi tem se revelado fundamental dos procedimentos próprios ao serviço
para a mudança nos paradigmas de assis- procurado, seja em outro dispositivo do
tência à infância e adolescência. mesmo campo ou de outro, caso em que o
encaminhamento deverá necessariamen-
As atuais políticas de saúde mental
te incluir o ato responsável daquele que
destacam a importância de promoção e
encaminha;
prevenção em saúde. Os serviços de saú-
de mental infanto-juvenil, dentro da pers- • Conduzir a ação do cuidado de
pectiva que hoje rege as políticas de saú- modo a sustentar, em todo o processo,
de mental no setor, devem assumir uma a condição da criança ou do adolescente
função social que extrapola o fazer me- como sujeito de direitos e de responsabi-
ramente técnico do tratar, e que se tra- lidades, o que deve ser tomado tanto em
duz em ações, tais como acolher, escutar, sua dimensão subjetiva quanto social;
cuidar, possibilitar ações emancipatórias,
• Comprometer os responsáveis pela
melhorar a qualidade de vida da pessoa
criança ou adolescente a ser cuidado – se-
portadora de sofrimento mental, tendo-a
jam familiares ou agentes institucionais
como um ser integral com direito a plena
– no processo de atenção, situando-os,
participação e inclusão em sua comunida-
igualmente, como sujeitos da demanda;
de, partindo de uma rede de cuidados que
leve em conta as singularidades de cada • Garantir que a ação do cuidado seja
73
o mais possível fundamentada nos recur- Outro grupo atendido pela saúde men-
sos teórico-técnicos e de saber disponí- tal, a mulher, ser humano capaz de con-
veis aos profissionais, técnicos ou equipe ceber e dar a luz a outros seres humanos,
atuantes no serviço, envolvendo a discus- diferenciando-se do homem, principal-
são com os demais membros da equipe e mente por essa característica (TAYLOR,
sempre referida aos princípios e às diretri- 1992).
zes coletivamente estabelecidos pela po-
A necessidade de aderir a novos papéis
lítica pública de saúde mental para consti-
expôs a mulher às condições de risco como
tuição do campo de cuidados;
práticas prejudiciais à saúde e condições
• Manter abertos os canais de articu- ambientais adversas e estresse. Nesse
lação da ação com outros equipamentos novo contexto, houve o aumento do inte-
do território, de modo a operar com a lógi- resse social pela sua saúde. Seus aspec-
ca da rede ampliada de atenção. As ações tos biológicos e psicossociais passaram a
devem orientar-se de modo a tomar os ca- ser estudados da concepção à morte.
sos em sua dimensão territorial, ou seja,
Muitos problemas clínicos e transtor-
nas múltiplas, singulares e mutáveis con-
nos mentais têm apresentação diferente
figurações, determinadas pelas marcas
nos sexos feminino e masculino. No caso
e balizas que cada sujeito vai delineando
da mulher, o ciclo reprodutivo, disforia
em seus trajetos de vida (BRASIL, 2005).
menstrual, gestação e puerpério, peri-
Para focar o idoso, vamos partir da con- menopausa e menopausa podem relacio-
ceituação de idoso segundo a OMS: a pes- nar-se com transtornos mentais (MELLO,
soa com 65 anos de idade ou mais e que 2008).
devido ao aumento de expectativa de
Sobre os transtornos mentais e com-
vida dessa faixa da população, estudiosos
portamentais associados ao puerpério,
e formuladores de políticas públicas tem
a pesquisa realizada por Laurenti (2002)
se dedicado mais à questão.
encontrou 97 mor¬tes por suicídio asso-
O envelhecimento normal e saudável ciado à depressão, inclusive relaciona-
está diretamente relacionado à manuten- da ao pós-parto. É necessário intervir no
ção de bons hábitos de vida e saúde. Soli- modelo vigente de atenção à saúde men-
dão, perda e luto e revisão de vida acabam tal das mulheres, visando a propiciar um
sendo situações peculiares vivenciadas atendimento mais justo, mais humano,
pelos idosos que devem ser observadas eficiente e eficaz, em que a integralidade
cuidadosamente. e as questões de gê¬nero sejam incorpo-
radas como referências na formação dos
Quanto aos transtornos, o paciente
profissio¬nais que atendem a esse grupo
idoso pode apresentar transtorno men-
populacional e podem intervir positi-va-
tal ou neurológico, sendo as depressões e
mente nessa realidade. Para que os pro-
demências os mais comuns. Os tratamen-
fissionais de saúde possam compreender
tos podem ser biológicos, psicoterapias,
as reais necessidades das mulheres que
reabilitação psicossocial, psicoeducação
buscam um atendimento em serviço de
ou grupos de alto-ajuda (MELLO, 2008).
saúde mental, é necessário que se dê um
74
Também é importante dispor de equi- 4- Informação – é o processo no qual uma organização se in-
pamentos e materiais em quantidade e forma sobre ela própria e informa ao ambiente sobre ela. Não se
limita a dados coletados.
qualidade apropriadas e condições ade-
Sistema de informação – consiste num conjunto de pessoas,
quadas de funcionamento de sistemas estrutura, tecnologia da informação (hardware e software), pro-
de manutenção preventiva e corretiva; cedimentos e métodos que devem permitir à empresa dispor em
tempo desejado das informações de que necessita.
85
REFERÊNCIAS
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ANEXOS
(Legislação) so_deficientes.pdf