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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

TERESA CRISTINA DE FREITAS ALVES

A RESSIGNIFICAÇÃO DA ARTE FORA DOS MUSEUS:


EDUARDO KOBRA E O MURALISMO NAS RUAS DA
CAPITAL DE SÃO PAULO

SÃO PAULO
2018
2

TERESA CRISTINA DE FREITAS ALVES

A RESSIGNIFICAÇÃO DA ARTE FORA DOS MUSEUS:


EDUARDO KOBRA E O MURALISMO NAS RUAS DA
CAPITAL DE SÃO PAULO

Trabalho apresentado junto ao Curso de Artes


Visuais, da Universidade Cruzeiro do Sul como
exigência parcial da disciplina Projeto
Experimental I.

SÃO PAULO
2018
3

A RESSIGNIFICAÇÃO DA ARTE FORA DOS MUSEUS:


EDUARDO KOBRA E O MURALISMO NAS RUAS DA
CAPITAL DE SÃO PAULO

RESUMO: A presente pesquisa trata de retratar a arte mural nas ruas de São
Paulo, tendo como foco de estudo as obras do artista Eduardo Kobra, mostrando a
importância que esse estilo artístico agrega à sociedade, visto se tratar de um estilo
que não está restrito ao ambiente de um museu e também identificar as motivações
do artista pela escolha da arte muralista e fazer uma breve análise da repercussão
que as obras do autor exercem no contexto cultural e social.

PALAVRAS-CHAVE: Muralismo, Eduardo Kobra, Arte pública, São Paulo.

ABSTRACT: The present research tries to portray the mural art in the streets of
São Paulo, having as a study focus the works of the artist Eduardo Kobra, showing
the importance that this artistic style adds to the society, since it is a style that is not
restricted to the environment of a museum and also to identify the motivations of the
artist for the choice of mural art and to make a brief analysis of the repercussion that
the works of the author exert in the cultural and social context.

KEY WORDS: Muralism, Eduardo Kobra, Public art, São Paulo.


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INTRODUÇÃO

A humanidade nunca esteve em momento tão significativamente veloz, onde


o tempo é um inimigo cruel nos fazendo perceber que não conseguimos cumprir
com aquilo que planejamos no nosso dia a dia. A velocidade da evolução tecnológica
nos faz pequenos em vista de sua grandiosidade.
Essa transformação também afeta as diversas linguagens artísticas que
evoluíram, tanto em questão de técnica quanto de materiais disponíveis.
Desde tempos remotos, o mural está presente em nossa cultura como forma
de construção do conhecimento, com o papel de comunicar e sensibilizar o olhar de
quem o vê. Percorreu um caminho longo até conceber que a arte se mantivesse
sempre viva na construção de seu processo cultural, que significa a base das
civilizações e a percepção de mundo.
O intuito da pesquisa é o de mostrar a importância que esse estilo artístico
agrega à sociedade, visto ser aberto a todos e possibilitar fácil leitura para diversas
camadas sociais, por possuir localização acessível já que é executado em fachadas
de prédios e nas entradas de edíficios.
A escolha do assunto da pesquisa se deu por ser uma linguagem gráfica
muito popular no Brasil, tanto no universo da arte acadêmica, quanto da arte popular.
O período escolhido foi bastante significativo, pois essa linguagem esteve
bastante ligada aos círculos populares da arte e também porque foi
significativamente valorizado pelo artista em discussão, Eduardo Kobra.
São Paulo, por ser a maior cidade do Brasil, além de possuir o maior centro
comercial, industrial e financeiro do país com uma população de mais de 11 milhões
de habitantes, considerada atualmente uma das aglomerações mais povoadas da
Terra e por ser também o local de residência do artista Eduardo Kobra e pelo fato de
que poucas cidades de nosso país apresentam trabalhos em quantidade
significativa.
Eduardo Kobra, artista escolhido como recorte desse trabalho de pesquisa, é
um importante artista brasileiro que se destacou ainda muito jovem em um meio
artístico considerado socialmente não aceitável e que hoje é ícone dessa linguagem
artística, reconhecido internacionalmente. Ele, além de ter conquistado notoriedade
por sua produção artística, destacou-se como ganhador do Guiness Book e por sua
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visão social em favor da realidade social e da busca por fazer a diferença na


conscientização da população através de sua arte. Será de extrema relevância
identificar o que o levou a esse estilo de arte e o quanto isso acrescenta à nossa
sociedade e cultura.

ASPECTOS CONCEITUAIS

A arte muralista tem como característica a reprodução de fatos e de opiniões


sociais, direcionada à população em geral. Seu surgimento é consequencia de uma
necessidade de se levar a arte a todas as camadas sociais, deixando de ser restrita
apenas aos frenquentadores de galerias de arte.
Dessa forma, a população tem acesso à arte pública, pois a arte muralista por
estar localizada nos espaços urbanos tem um teor “público”, no sentido de pertencer
a todos.
A arte muralista tem sido utilizada para a sensibilização e mobilização do
público em torno de ideais filosóficos, políticos e sociais. O ser humano busca
representar sua percepção de mundo através da arte e para compreender sua
relação com a cultura, a arte e a sociedade na qual está inserido é primordial
perceber a complexidade da cultura.
Podemos citar Fischer (2002, p. 170): “Novas maneiras de ver e de ouvir não
são apenas resultado de aperfeiçõamentos e refinamentos na percepção sensorial,
mas também uma decorrência de novas realidades sociais”.

CONTEXTO HISTÓRICO

O surgimento da arte muralista remonta aos tempos das pinturas nas


cavernas como forma de linguagem e de expressão. As descobertas de imagens
antigas criadas pelo homem datam do período Paleolítico Superior (40.000 a.C.) e o
seu teor leva a crer, segundo Martin (2006), que esses registros teriam um cunho
educativo no qual os ensinamentos eram passados de geração em geração, a fim de
eternizar os ritos, as cerimônias e ações cotidianas do grupo. A reprodução de
imagens do cotidiano, aliás, se torna ainda mais evidente no período Mesolítico.
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Para Martin (2006), a interpretação dos registros rupestres assume um caráter


especulativo, pois:
Muito antes que a arte rupestre representasse para a ciência uma
fonte inesgotável de dados para o conhecimento das sociedades pré-
históricas, a preocupação em se conhecer e "decifrar" o que os
registros rupestres queriam dizer produziu enorme quantidade de
bibliografia, desde trabalhos sérios às fantasias mais desvairadas,
essas quase sempre fruto da ignorância. As interpretações foram
especialmente férteis nos casos em que os registros eram ricos em
grafismos de conteúdo abstrato, com ou sem representações
figurativas associadas. A magia propiciatória da caça, o culto à
fertilidade e a iniciação sexual têm sido os temas favoritos no registro
figurativo. Interpretações cosmogônicas, linguagem codificada
precursora dos verdadeiros hieróglifos, são interpretações
corriqueiras nos grafismos puros. Muitas dessas interpretações
aproximam-se bastante da realidade, mas o problema está sempre
no seu valor científico. (MARTIN, 2006)

Diversas culturas posteriores também utilizaram de pinturas em paredes e


fachadas, com diversos interesses desde religiosos quanto de denúncia à opressão.
Com a evolução da tecnologia foram sendo aprimoradas suas formas de
utilização, como mosaido, afresco, azulejo e também foram se modificando os
materiais a serem utilizados. Nos tempos remotos só era possível a utilização de
pigmentos naturais, já com o advento da industrialização, a fabricação em massa e
industrial possibilitou maior quantidade de material disponível.
Analisando, hoje ainda, existem artistas que preferem a utilização de materiais
artesanais, mas a maioria se rendeu aos industrializados.
A pintura mural vem acompanhando e se reformulando a cada fase evolutiva
da humanidade, mas se mantendo sempre viva em expressar e sensibilizar.

A ARTE MURAL E SEU SURGIMENTO

A arte mural foi concebida com o entendimento de que deveria ser disponível
a todos, exposta em locais abertos para que todos tivessem acesso a ela,
independentemente de classe social. Nessa perspectiva, podemos considerá-la
como Arte Pública, na conotação de que “público” está relacionado a um espaço
onde todos podem estar juntos compartilhando experiências (AREND, 2010, p. 51-
60). Sua característica principal é necessidade de se levar a arte para além das
estruturas dos museus, onde pudesse estar exposta a céu aberto, em muros e
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fachadas de prédio. Ela é uma pintura que está diretamente vinculada à arquitetura,
já que é realizada nas ruas das cidades, que se tornam galerias de arte ao ar livre.
Ao longo da História, a arte tem sido utilizada pelo homem como forma de
linguagem e de expressão, inclusive como forma de expressar ideais filosóficos,
políticios e sociais.
Existe um diálogo nesse tipo de arte com o público que a vê, geralmente
representando momentos e fatos significativos na história da cidade e da cultura
dessa região. Um lembrete daquilo que deveríamos estar conscientes, mas que no
decorrer da evolução da sociedade se perdeu no esquecimento. São um farol
indicando o árduo caminho percorrido para chegarmos nesse momento presente,
todas as lutas e conquistas sociais, ou até mesmo derrotas que não tiveram
qualquer fruto no descaso com a situação vivenciada. É uma forma de comunicação
totalmente voltada a um número bem maior de pessoas, interligando a arte e seu
público.
[...] ao dialogar com o espaço, passamos da simples exposição ao
integrar o conjunto das emoções presentes no espaço urbano, seja
uma manifestação política, um encontro de amigos, o brincar na
praça, o caminhar, o festejar. O artista se funde como luz, imagens,
ruínas, natureza, viabilizando um diálogo interativo e plural com o
público. Há um envolvimento com o entorno, um respeito à demanda
local, ao mesmo tempo em que a obra criada tem uma força de
comunicação universal. (SILVA, 2005, p.30).

A arte mural busca através da arte expressar uma reflexão crítica, social e
política e também por ser pública oferece às pessoas a oportunidade de aumentar
sua percepção estética e cultural, sendo uma forma de expressão que interage com
o espectador. Sant’Anna (2009) descreve que “a arte representa a memória cultural
das cidades”.
Para Klintowitz (1988), “[...] o mural pode ser entendido, em sua trajetória,
como o registro da vida, como uma exposição de caráter didático, como cenário
sacro de experiências transcendentais [...]”.
Se formos analisar o contexto histórico das pinturas pictóricas em seus
primórdios, como a pintura rupestre, ela também tinha um sentido de informação e
de expressão de sentimentos e desejos, eram uma forma de comunicação. Eram
pintadas nas paredes das cavernas, já que naquela época o ambiente protegido
servia como moradia ou descanso em suas andanças. Assim surgiu a arte de se
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trabalhar sobre paredes, deixando impresso nela traços que se perpetuaram pelo
tempo.
A pintura mural tem por característica ser executada de forma a que tenha
maior durabilidade, utilizando materiais que não se deteriorem com o tempo como,
por exemplo, o cimento ou cerâmica de alta queima para murais externos, ou no
caso de projetos internos, a madeira ou tela forte.
Bonomi (2007) se refere a esse fator em sua tese de mestrado na USP como
“[...] ele se torna referência: não pode ser frívolo [...] é um referencial fixo, local de
alguma certeza, apesar do tumulto geral que é a cidade”.
Existem indicações da passagem de diversos povos da antiguidade por
cavernas pré-históricas e em ruínas, como na China, Mesopotâmia e Índia, as quais
demonstram que conforme o progresso tecnológico avançava as técnicas de pintura
também variavam conforme a característica de cada povo e cultura.
Foram diversas as técnicas empregadas, desde pigmentos naturais nas
pinturas nas cavernas, os afrescos pelos povos egípcios, romanos e medievais da
Itália, bem como a têmpera (gema do ovo e pigmento) e a encáustica (cera de
abelha quente e pigmento). Utilizaram também a técnica do mosaico e da cerâmica
de alta queima no decorrer do tempo, conforme adquiriam conhecimento de
materiais diversos.
Historicamente, podemos verificar que egípcios, romanos, góticos e
renascentistas a utilizaram de diversas formas e com diversos materiais, a fim de
cobrirem suas edificações, com o intuito de afirmar seu poder político ou para
assegurar suas crenças ou até como força na revolução, como foi o marco dos
murais mexicanos.
Como diz Klintowitz (1988, p.180), [...] “a tradição brasileira, ainda que
repensada em razão das novas funções do mural e das cidades, está mantida esta
tradição de nossa arte, extensiva aos murais, é de ser memorialística, emocional ou
descritiva [...]”.
No Brasil, na segunda metade do séc. XX eclodiu uma série de manifestações
populares nas ruas, desde a música, a dança e o grafite. Esse último possibilitou
uma ligação maior com a população gerando um maior sincretismo cultural.
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[...] significado de arte consagrada de uma época, mas de expansão,


da arte que exercita a comunicação e faz propostas ao meio, de
forma interativa. As cidades não são só o suporte, mas os tons das
tintas e os movimentos todos do surpreendente imaginário humano.
O que está dentro fica, o que está fora se expande (grupos 3nós3)
(Gitahy, 1999: 74).

Explanaremos no próximo capítulo sobre um dos maiores expoentes do


Muralismo no Brasil, Eduardo Kobra.

EDUARDO KOBRA

Totalmente autodidata Kobra começou a pintar com 12 anos. Inicialmente,


como pichador e depois se tornou grafiteiro e hoje se intitula muralista. Sofreu muito
preconceito por conta de seu trabalho. Kobra (2017) mesmo diz “já fui chamado de
vagabundo, mas com o tempo eu e outros artistas passamos a ser reconhecidos
pela qualidade de nosso trabalho.”
Criado no Campo Limpo, periferia sul da cidade, Eduardo teve uma infância
simples ao lado de seus dois irmãos. O gosto pelo desenho surgiu aos sete anos de
idade e influenciado pela cultura hip hop, naturalmente migrou para a pichação com
apenas 12 anos. Foi nas ruas, pichando, que veio o apelido de Cobra, ainda com
“C”. Sua família era contra sua escolha de carreira, mesmo quando passou para o
grafite. Eram tradicionalistas, desejavam que buscasse um trabalho dentro dos
padrões “normais” e que garantisse seu futuro. Essa atitude crítica de seus pais foi
reforçada, principalmente porque em inúmeras ocasiões se viu detido pela polícia.
Mas ele foi persistente em buscar seu sonho. Por volta de 1980 ele descobriu o
trabalho um nova-iorquino, que se revelou um dos maiores artistas do gênero, Jean-
Michel Basquiat.
Autoditada, Kobra se inspirou nele e descobriu seu próprio estilo e passou a
pesquisar e estudar tudo aquilo que talvez nunca tivesse a chance de conhecer.
Descortinou-se à sua frente o mundo da Arte com ícones como Basquiat, Keith
Haring, Diego Rivera e Cândido Portinari, brasileiro que faleceu intoxicado por
chumbo, proveniente das próprias tintas que usava. Kobra, por conseguinte, passou
também a desenvolver problemas de saúde e precisou adaptar sua técnica
utilizando tintas solúveis em água, não tão agressivas. E assim nasce um dos
maiores expoentes na arte mural. Do muro descobriu que poderia usar outras
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plataformas para seu desenho, como a calçada, uma tela, lona de caminhão ou até
mesmo objetos, tais como uma geladeira, um carro, seja com pincel ou aerógrafo.
Nenhuma superfície, tamanho ou forma poderia deter seu desenho, que evoluía à
medida que seu trabalho se tornava notório. Aos 27 anos Kobra entrou pela primeira
vez em uma galeria de arte. Ele nunca imaginou que alguém pudesse pagar pelo o
que fazia.
Em 1995 abre seu estúdio, o Studio Kobra, onde passou a recrutar, ensinar e
trabalhar com outros artistas. Artistas que tiveram uma vida simples como Kobra ou
que enfrentaram dificuldades e carências; até ex-presidiários receberam uma nova
chance através da arte. Mas segundo Kobra, “Ninguém entra para o Studio Kobra
simplesmente porque foi bonzinho. Pelo contrário, entram porque são ótimos artistas
e em muitos aspectos sabem mais que eu, contribuindo demais para os trabalhos.”
Em certo momento seu trabalho cai nas graças do arquiteto Sig Bergamin,
reconhecido pelos seus projetos refinados e rebuscados, que cria um projeto em
parceria para a loja Les Lis Blanc, reduto da refinada classe A.
É justamente com seus trabalhos para grandes empresas como Coca-Cola,
Nestlé, Samsung, Chevrolet, Ford, Johnnie Walker, Iódice que ele arrecada dinheiro
para bancar a grande parte de seus murais de rua, que, não são patrocinados.
Kobra diz fazer por amor à cidade de São Paulo. São Paulo é e sempre será sua
musa inspiradora. Mesmo conhecendo outros lugares ao redor do mundo e abrindo
o ateliê em Los Angeles, Kobra não quer deixar a capital paulista: “Aqui será sempre
o meu centro e o local que preciso para reciclar, para encontrar meu eixo.”
Na Capital é possível ver grandes nomes da música brasileira retratados,
como Carmen Miranda, Chico Buarque e Adoniram Barbosa. Ou então uma
homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer, em plena Avenida Paulista.
O ponto de partida para os murais de temática tipicamente paulistana surgiu
quando Kobra leu sobre os últimos casarões ainda em pé da Avenida Paulista.
Surgiu assim uma imensa vontade de resgatar a arquitetura que estava pouco a
pouco desaparecendo. Para ele, esses murais são, na verdade, portais que levam o
espectador a uma cidade que não existe mais. É a possibilidade de trazer vida a
imagens que ficam guardadas dentro de bibliotecas: “Queremos despertar a noção
da importância do patrimônio histórico nas pessoas”, diz o artista que, se o tempo
não apagar, também terá criado seu próprio patrimônio histórico-artístico.
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Kobra está sempre em busca de inspiração, extremamente irrequieto


ultrapassa seus próprios limites. Quando em contato com o artista nova-iorquino,
Eric Grohe, surgiu nova oportunidade de experienciar algo novo, a pintura 3D.
Incansável, se superou, conquistando uma premiação entre os vinte melhores no
maior evento 3D do mundo, o Sarasota Chalk Festival, na Flórida, Estados Unidos.
Kobra se torna o precursor dessa técnica no Brasil.
Outro tema que mexe com o artista é a questão ambiental. Cria o projeto
“Greenpincel”, como forma de conscientização da sociedade, onde denuncia através
da arte, a destruição da natureza pelo homem e as conseqüências de seus atos à
saúde do planeta. Na Rua Domingos de Moraes, na zona sul, é possível ver uma
cena de caça às baleias na Ásia, já na Avenida Rebouças, um mural intitulado
“CO2”, mostra enormes chaminés de indústrias expelindo fumaça. Ainda é possível
ver críticas às touradas na Espanha, à usina de Belo Monte e à prisão da ativista
brasileira do Greenpeace na Rússia.
Seguem alguns dos seus expressivos murais que embelezaram a cidade
de São Paulo:
1 – Oscar Niemeyer, Praça Oswaldo Cruz, Av. Paulista;
2 – A Arte do Gol (projeto Muro das Memórias), Av. Hélio Pellegrino com Av. Santo
Amaro;
3 – Chico e Ariano, na Avenida Pedroso de Morais, Pinheiros;
4 – Novos Ventos, nos tanques da Linde Gases, na Rodovia Cônego Domênico
Rangoni, no trecho do sistema Anchieta-Imigrantes, que liga Cubatão a Guarujá;
5 – Mural da Av. 23 de Maio (projeto Muro das Memórias), Av. 23 de Maio (próximo
ao viaduto Tutóia);
6 – Murais do Parque do Ibirapuera, ao lado do MAM, no Parque do Ibirapuera;
7 – Pensador, Senac Tatuapé;
8 – Muro das Memórias Caixa d’água, Senac Santo Amaro;
9 – AltaMira (projeto Greenpincel), Rua Maria Antônia;
10 – Muro das Memórias, Senac Tiradentes;
11 – Viver, Reviver e Ousar, Igreja do Calvário, em Pinheiros;
12 – Sem Rodeio (Projeto Greenpincel), Av. Faria Lima;
13 – Racionais MC’s, Capão Redondo;
14 – Genial é Andar de Bike, Rua Oscar Freire;
15 – A Lenda do Brasil, Rua da Consolação;
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Figura 1: Eduardo Kobra, Muros da Memória,


2009, Senac Santo Amaro, SP.
Fonte: Imagem extraída do site
EduardoKobra.com.1

Figura 2: Eduardo Kobra, Muros da Memória, 2009, 1000m², Avenida 23 de Maio, SP.
Fonte: Imagem extraída do site EduardoKobra.com. 2

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Endereço eletrônico da imagem: http://www.eduardokobra.com/projetos/#
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Endereço eletrônico da imagem: http://www.eduardokobra.com/projetos/#
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Figura 3: Eduardo Kobra, O Pensador, 2014, Senac Tatuapé, SP


Fonte: Imagem extraída do site EduardoKobra.com. 3

Figura 4: Eduardo Kobra, A Lenda do Brasil, 2015, grafite, Av. Paulista x Rua da Consolação
Mural, SP.
Fonte: Imagem extraída do site EduardoKobra.com. 4

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Endereço eletrônico da imagem: http://www.eduardokobra.com/projetos/#
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Endereço eletrônico da imagem: http://www.eduardokobra.com/projetos/#
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Figura 5: Eduardo Kobra, Oscar Niemyer, 2012, 52x16, parede lateral do edifício
Ragi, na Praça Oswaldo Cruz, próximo ao início da Avenida Paulista, SP.
Fonte: Imagem extraída do site EduardoKobra.com. 5

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No exterior as principais obras de Eduardo Kobra são:


1 – O Beijo, a High Line, em Nova York, EUA;
2 – Arthur Rubinstein, em Lodz, na Polônia;
3 – Artistas, em Wynwood, Miami, Flórida, EUA;
4 – A Bailarina (Maya Plisetskaya), em Moscou, Rússia;
5 – Malala, em Roma, Itália;
6 – Olhar a Paz, em Los Angeles, Califórnia, EUA;
7 – Sarasota Antiga, em Sarasota, Flóriada, EUA;
8 – Abraham Lincoln, em Lexington, Kentucky, EUA;
9 – Fight for Street Art (releitura da cena clássica de Andy Warhol e Jean Michael
Basquiat), em Williamsburg, Brooklyn, EUA;
10 – Alfred Nobel, na cidade de Boras, Suécia;
11 – MariArte, em San Miguel de Allende, México;
12 – Ritmos do Brasil, em Tóquio, Japão;
13 – O Beduíno, em Dubai, nos Emirados Árabes;
14 – Mural ainda sem nome, Papeete, Taiti;
15 – Bob Dylan, The Times They Are a-Changin Minneapolis, Minnesota, EUA;
16 – Hamlet, West Palm Beach, Florida, EUA;
17 – Einstein vai à Praia, West Palm Beach, Flórida, EUA;
18 – Give Peace a Chance, Wynwood, Miami, Flórida, EUA;
19 – Stop Wars – Wynwood, Miami, Flórida, EUA;
20 – The Fallen Angel (O Anjo Caído), Wynwood, Miami, Flórida, EUA;
21 – Muddy Waters, Chicago, Illinois, EUA;
22 – Rio (com imagem do Cristo) em Tóquio, Japão; e
23 – Armstrong, Cincinnati, Ohio, EUA.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A modernidade tem se apresentado extenuante em muitos aspectos,


principalmente no que concerne aos diversos afazeres pessoais, profissionais,
sociais ou todos eles juntos.
O que simboliza os dias atuais é a pressa e a necessidade de atender a
várias coisas ao mesmo tempo, de tal forma que nos tornamos seres automatizados.
Não estamos presentes em nada que fazemos, seja na hora da alimentação, seja na
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hora do banho, nossos pensamentos estão em torvelinho tentando registrar vários


estímulos ao mesmo tempo. Nem sentimos o sabor das coisas, porque estamos
comendo e olhando o celular, obcecados em saber se chegou alguma mensagem.

No seu caminhar diário estão cegos ao que acontece ao seu redor, não
sentem o vento, não veem as cores, muito menos prestam atenção às pessoas ao
seu redor. Tornamo-nos seres anestesiados perante a vida.

E isso repercute em nosso corpo e mente nos deixando ansiosos, agoniados


em absorver o máximo possível de informações e estímulos, com isso nos tornamos
cada dia mais, seres frustrados e fragmentados.

Nesse contexto, a arte mural tem a função tanto de despertar o prazer do


olhar quanto à conscientização da população sobre vários aspectos sociais,
culturais, filosóficos e históricos.

Assim, a arte não mais se coloca como uma mera transmissora dos apegos
religiosos, éticos, morais e sociais da sociedade. A arte deseja mais, deseja uma
comunicação direta e criativa com o seu público. Uma experiência de diálogos mais
íntimos e reais, mais estéticos e fiéis pelo momento presente, em que o público tem
a liberdade em formatar seu repertório de opinião e o seu julgamento de realidade e
liberdade.

Percebe-se o quanto o artista Eduardo Kobra se integra a essa cultura de


expansão da consciência e da luta por fazer diferente em uma sociedade tão
comercial, onde a arte também é tratada como produto, à qual só tem acesso uma
parcela mínima da população.

[...] é possível compreender o grafite não apenas como uma arte


urbana, mas como uma forma de apropriação do espaço urbano,
além de democratizar o acesso à cultura, incentiva o debate sobre
diversas questões sociopolíticas e econômicas, desperta a
necessidade da sociedade aprender com o outro [...]. (KOBRA, 2017)

Para ele, esses murais são, na verdade, portais que levam o espectador a
uma cidade que não existe mais. É a possibilidade de trazer vida a imagens que
ficam guardadas dentro de bibliotecas. Diz ainda (KOBRA, 2017): “Queremos
despertar a noção da importância do patrimônio histórico nas pessoas, que, se o
tempo não apagar, também terá criado seu próprio patrimônio histórico-artístico”.
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A arte acessível a todos é uma característica da “arte pública” e tem se


manifestado de forma pontual na Contemporaneidade, transformando as ruas em
um museu a céu aberto, onde o espectador é livre para apreciar e interagir com a
obra.
Da mesma forma, o artista se integra ao cenário onde será inserida a obra,
fazendo parte da realidade das pessoas que por ali trafegam.
Com base em tudo que foi verificado no âmbito da pesquisa, trata-se de uma
linguagem artística de grande importância para a sociedade e o artista Eduardo
Kobra demonstra possuir um espírito de brasilidade incontestável.
Precisamos de maiores e melhores formas de trazer à consciência fatos que
são de extrema importância para a sociedade e para o planeta.

“O maior museu é a rua”


(Eduardo Kobra)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AREND, Hannah. Tradução: Roberto Raposo. A condição humana. 11ª Ed. Rio de
Janeiro: Forense universitária, 2010.

BONOMI, Maria. Arte Pública - sistema expressivo/Anterioridade. In.


LAUDANNA, Mayra. Maria Bonomi: da gravura à arte pública. São Paulo:
Universidade de São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007, 420 p.

CAMPOS, C., Jr. Kobra. São Paulo: Arte Ensaio, 2017.

FISHER, Ernst. A necessidade da arte. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,


2002.

GITAHY, Celso. O que é graffiti. São Paulo: Brasiliense, 1999.

KLINTOWITZ, Jacob. Artistas do Muralismo Brasileiro. Volkswagen do Brasil S.A.,


São Paulo: Raízes Artes Gráficas, 1988.

KOBRA, Eduardo. Arte na cidade de São Paulo. Disponível em: <


http://www.revistaemdia.com.br/net/eduardo-kobra-arte-na-cidade-de-sao-paulo/.>.
Acesso em: 22 de abril 2018.

KOBRA, Eduardo. Entrevista. Disponível em:


<http://feitoparahomens.com.br/diversao/entrevistas/eduardo-kobra-entrevista/.
Acesso em: 23 abril 2018.

MARTIN, Gabriela. A arte rupestre pré-histórica. [online]. In: Associação Brasileira


de Arte Rupestre - ABAR. Disponível em: < http://www.globalrockart2009.ab-
arterupestre.org.br/arterupestre.asp>. Acesso em: 02/05/2018.

SANT’ANNA, Renata. Saber e Ensinar Arte Contemporânea. São Paulo: Panda


Books, 2009.
19

SILVA, Fernando P. Arte Pública, diálogo com as comunidades. Belo Horizonte:


Editora C/ Arte, 2005.

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