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OPINIÃO
Por Erick Linhares
Tem mais. A expressão "no que couber", prevista no citado artigo 52,
objetiva evitar a importação de normas do processo ordinário que
contrariem os critérios informadores dos juizados especiais, contemplados LEIA TAMBÉM
no artigo 2º da Lei 9.099/1995. Ou seja, funciona como um filtro, uma OPINIÃO
cláusula de validação da legislação processual comum. O objetivo é manter a É possível uma teoria crítica do
integridade do Sistema dos Juizados Especiais. Direito sem Marx e Engels?
Como lembra Chimenti, isso não impede a aplicação analógica do Código de OPINIÃO
Processo Civil (artigo 4º da LINDB[2]), "mas recomenda a superação das Ilan Presser: Limites do foro
omissões do legislador com base nos princípios do novo sistema[3]". privilegiado de acordo com o
Supremo
Vale dizer, a importação de normas do Código de Processo Civil exige, além
da omissão normativa, a necessidade de suprir lacuna no sistema dos OPINIÃO
juizados especiais. E isso ocorre quando a legislação processual ordinária Yarochewsky: Não há porque
der mais densidade aos princípios do artigo 2º da Lei 9.099/1995, para questionar Lula como ministro
buscar resultados compatíveis com a efetividade, a oralidade, a OPINIÃO
simplicidade, a informalidade, a economia processual e a celeridade. David Azevedo: Lula como ministro é
crime contra administração
Seguramente, por isso, o novo Código de Processo Civil, que se funda no
paradigma de um processo constitucional (artigo 1º do novo CPC), dispõe, OPINIÃO
expressamente, que suas normas serão aplicadas supletiva e Marcello Silva: É necessário
subsidiariamente aos processos eleitorais, trabalhistas e administrativos planejamento para preservar herança
(artigo 15 do novo CPC). A omissão aos juizados especiais não foi acidental,
buscou-se assegurar a autonomia processual desse sistema, conforme OPINIÃO
preconiza o artigo 98, inciso I, da Constituição da República. Swarai Cervone: TJ-SP tenta
destravar regras sobre reserva legal
Como se vê, quando o legislador quis aplicar o novo código aos juizados, o
fez expressamente nos artigos 985 (inciso I) e 1.062. Em nenhum momento
https://www.conjur.com.br/2016-mar-17/erick-linhares-contagem-prazos-juizados-especiais 1/7
25/08/2018 ConJur - Erick Linhares: A contagem de prazos e os juizados especiais
e) vedação à citação por edital: LJE (artigo 18, parágrafo 2º) e CLT
(artigo 852-B, inciso II);
k) mesmos poderes instrutórios do juiz: LJE (artigo 5º) e CLT (artigo 852-
D);
https://www.conjur.com.br/2016-mar-17/erick-linhares-contagem-prazos-juizados-especiais 2/7
25/08/2018 ConJur - Erick Linhares: A contagem de prazos e os juizados especiais
Aliás, confira-se:
https://www.conjur.com.br/2016-mar-17/erick-linhares-contagem-prazos-juizados-especiais 3/7
25/08/2018 ConJur - Erick Linhares: A contagem de prazos e os juizados especiais
2. Conclusões
https://www.conjur.com.br/2016-mar-17/erick-linhares-contagem-prazos-juizados-especiais 4/7
25/08/2018 ConJur - Erick Linhares: A contagem de prazos e os juizados especiais
Reflexos no Direito Judiciário do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: LTr, 2007, p. 60.
[5] TST - AIRR: 6396120115030151 639-61.2011.5.03.0151, relator ministro
Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, julgamento em 15/8/2012.
[6] AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - PROCEDIMENTO
SUMARÍSSIMO - PEDIDO CONTRAPOSTO FORMULADO EM CONTESTAÇÃO -
COMPATIBILIDADE. A Lei 9.957/2000, que acrescentou os dispositivos da CLT
referentes à instituição do procedimento sumaríssimo para dissídios
individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário - mínimo, não
contém disposição expressa quanto à admissão de pedido contraposto, nem
de reconvenção nos processos sob esse rito. A questão deve ser analisada a
partir da interpretação simétrica com as leis que disciplinam mecanismos
de celeridade na prestação jurisdicional em causas de valores limitados.
Nesse sentido, a Lei 9.099/95, que disciplina os Juizados Especiais Cíveis para
causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário - mínimo, e a
Lei 9.245/95, que instituiu dispositivos do Código de Processo Civil para
adoção do rito sumário nas causas cujo valor não exceda a sessenta vezes o
salário-mínimo, não admitem a reconvenção, restringindo a resposta do réu
à formulação de pedido contraposto, que deve ser fundado nos mesmos
fatos da inicial . A jurisdição como exercício do poder soberano do Estado é
una, motivo pelo qual a instituição de procedimentos que busquem impingir
celeridade na prestação jurisdicional a causas com valores limitados deve
buscar a harmonia entre institutos correlatos. Com fulcro no princípio da
duração razoável do processo e amparo no artigo 769 da CLT, a lacuna de
norma específica na legislação do trabalho deve ser suprida pela
observância do disposto nos artigos 31 da Lei 9.099/95 e 278, parágrafo 1º, do
CPC. Por corolário, deve ser admitida, em processos submetidos ao rito
sumaríssimo, a pretensão formulada em contestação como pedido
contraposto, a qual deve ser fundada nos mesmos fatos da inicial. Logo,
incólume o princípio do devido processo legal gravado no artigo 5º, LIV, da
Constituição Federal, em face da compatibilidade do instituto do pedido
contraposto nas reclamações trabalhistas sob rito sumaríssimo. Agravo de
instrumento desprovido. (TST - AIRR: 6396120115030151 639-
61.2011.5.03.0151, Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de
Julgamento: 15/08/2012, 4ª Turma)
[7] RO 8932120115010044 (julgado: 30/7/2013)
[8] RO 28606820125020 (publicação: 19/12/2013)
[9] RO 00137201314303007 (publicação: 29/5/2014) e RO 00726201410603006
(publicação: 13/7/2015)
[10] RO 1007001420095040751 (julgamento: 07/12/2011)
[11] RO 00777-2006-463-05-00-6 (julgado: 12/7/2007)
[12] RO 815200900410006 (publicação: 9/10/2009) e RO 201201280210002
(publicação: 3/8/2012)
[13] RO 00299.2009.005.14.00-4 (julgado: 5 de agosto de 2009)
[14] AgvPet 12192 SP 012192/2003 (publicação: 16/5/2003) e RO 8167 SP
008167/2010 (publicação: 26/2/2010)
[15] RO 00550.2008.002.20.00.8 (julgado: 10/11/2009)
[16] RO 56200-08.2010.5.21.0021 (Publicado em 30/9/2011)
[17] RO 1404201102123007 (publicação: 23/5/2012)
[18] RO 40900420095246 (julgado: 17/3/2010)
[19] Refere-se ao título X da CLT, que regula o Processo Judiciário do
Trabalho. O artigo 775 se insere no capítulo II (do Processo em Geral), na
Seção I (dos atos, termos e prazos processuais).
Bibliografia
CHAVES, Luciano Athayde. A Recente Reforma no Processo Comum e seus
Reflexos no Direito Judiciário do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: LTr, 2007.
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25/08/2018 ConJur - Erick Linhares: A contagem de prazos e os juizados especiais
COMENTÁRIOS DE LEITORES
2 comentários
Gostei muito do texto, pois me trouxe uma informação que jamais pensei a respeito: a
aplicação, subsidiária, das normas processuais da CLT ao JECível Estadual, em detrimento
do CPC.
Mas, além disso, gostaria de expor que o novo enunciado 162 do FONAJE, que prevê a não
aplicação do art. 489 do NCPC ao Sistema do JEC, fora as questões de legitimidade já
sustentadas pelo Prof. Streck, salvo melhor juízo, é indevido.
Sabe-se que o art. 38 da Lei 9.099/95 prevê como a sentença deve ser produzida, contudo,
o art. 1.065 NCPC altera o art. 48 da Lei 9.099/95, para determinar que cabe ED nos casos
previstos no NCPC.
Ao analisar os arts. referentes ao ED no NCPC (1.022 - 1.026), constata-se no inciso II, do §
único do artigo 1.022 que omissão será considerada qualquer uma das condutas do art.
489, § 1º do NCPC, que traz as hipóteses de não fundamentação da decisão judicial.
Ou seja, existe sim, por força normativa, obrigatoriedade de que os Magistrados, ao
proferirem suas decisões, observem o artigo 489 (ao menos seu §1º) do NCPC, sob pena de
omitirem-se a aplicação expressa do texto legal, o que não pode ser admitido.
No mais, parabenizo o articulista pelo texto, bem como pelas próprias obras voltadas aos
Juizados, as quais já tive a oportunidade de ler e que me foi muito útil em diversas
circunstâncias.
ENTENDIMENTO QUESTIONÁVEL
Rodrigo Cunha Ribas (Outros)
17 de março de 2016, 16h26
Com o devido respeito, não concordo com as conclusões do articulista. Eis as principais
razões para tanto:
a) o artigo 52 prevê a aplicação subsidiária do CPC na execução da sentença. Claramente,
portanto, refere-se à aplicação, no que couber, do cumprimento de sentença regulado
pelo CPC aos juizados especiais . Em suma, esse dispositivo tem uma redação muito
diversa da do artigo 769 da CLT;
b) o fato de o Legislador ter previsto expressamente a aplicação do CPC aos juizados
especiais nos artigos 985, I e 1.062 e não ter feito isso em outros casos tem uma razão
muito simples: por exemplo, quanto a esse último dispositivo, foi necessário porque o
artigo 10 da Lei nº 9.099/1995 veda expressamente a intervenção de terceiros nesse
procedimento, e o incidente de desconsideração é uma forma de intervenção de
terceiros. Por isso, era imprescindível um dispositivo expresso nesse sentido, para evitar
contradição. Diferente é a situação da contagem dos prazos, em que a Lei nº 9.099/1995 é
omissa, de modo que não há qualquer contradição entre o artigo 219 do NCPC e algum
dispositivo da referida lei;
c) a princípio, somente o artigo 775 da CLT prevê a contagem de prazos em dias úteis. Não
vejo como esse dispositivo possa ser aplicado ao procedimento dos juizados especiais
cíveis em detrimento do CPC. Afinal, inexiste qualquer amparo legal para tanto. Nem
sequer há um enunciado do FONAJE nesse sentido;
d) o maior problema desse entendimento é dificultar a operacionalização do direito pelos
profissionais que atuam no âmbito cível, o que não se coaduna com as tendências atuais
https://www.conjur.com.br/2016-mar-17/erick-linhares-contagem-prazos-juizados-especiais 6/7
25/08/2018 ConJur - Erick Linhares: A contagem de prazos e os juizados especiais
do direito processual civil . A professora Teresa Wambier, em recente artigo sobre prazos
processuais, no Migalhas, lembrou que, na dúvida, deve-se escolher a opção mais
operacional.
Instalação de drivers
Suporte a todas as versões do Windows. Apropriado ABRIR
para todos os dispositivos e laptops.
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