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Pecador

(Olavo Bilac)

Este é o altivo pecador sereno,


Que os soluços afoga na garganta,
E, calmamente, o copo de veneno
Aos lábios frios sem tremer levanta

Tonto, no escuro pantanal terreno


Rolou. E, ao cabo de torpeza tanta,
Nem assim, miserável e pequeno,
Com tão grandes remorsos se quebranta.

Fecha a vergonha e as lágrimas consigo...


E, o coração mordendo impenitente,
E, o coração rasgando castigado,

Aceita a enormidade do castigo,


Com a mesma face com que antigamente
Aceitava a delícia do pecado.

Profissão de Fé
(Olavo Bilac)
Le poète est ciseleur
Le ciseleur est poète

[...].
Invejo o ouvires quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
[...].
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
no verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Assim procedo. Minha pena


Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!
[...].
Celebrarei o teu ofício
No altar: porém,
Se inda é pequeno o sacrifício,
Morra eu também!

Caia eu também, sem esperança,


Porém tranquilo,
Inda, ao cair, vibrando a lança,
Em prol do Estilo!
Mal Secreto
(Raimundo Correia)

Se a cólera que espuma, a dor que mora


N'alma, e destrói cada ilusão que nasce
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,


Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo


Guarda um atroz, recôndito inimigo
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

A Estátua
(Alberto Oliveira)

Às mãos o escopro, olhando o mármor: “Quero


— O estatuário disse — uma por uma
As perfeições que têm as formas de Hero
Talhar em pedra, que o ideal resuma.”

E rasga o Paros. Graça toda e esmero,


A fronte se arredonda em nívea espuma;
Eis ressalta o nariz de talho austero;
Alça-se o colo, o seio de avoluma;

Alargam-se as espáduas; veia a veia


Mostram-se os braços... Cede a pedra ainda
A um golpe: e o ventre nítido se arqueia.

A curva, enfim, das pernas se acentua...


E ei-la acabada a estátua, heroica e linda,
Cópia divina da beleza nua.
A Catedral
(Alphonsus de Guimaraens)

Entre brumas, ao longe, surge a aurora.


O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda branca de sol.

E o sino canta em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

O astro glorioso segue a eterna estrada.


Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a bênção de Jesus.

E o sino clama em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

Por entre lírios e lilases desce


A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a lua a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu tristonho,
Toda branca de luar.

E o sino chora em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

O céu é todo trevas: o vento uiva.


Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.

E o sino geme em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

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