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DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Da moeda falsa ( Capitulo I)

MOEDA FALSA (ART. 289)


CONCEITO: definido no art. 289.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: coletividade.

TIPO OBJETIVO: falsificar é imitar, fazendo passar por verdadeira. A


falsificação pode ocorrer pela fabricação (fazer a moeda metálica ou papel
moeda) ou alteração (modifica a verdadeira). Seja de uma forma ou de
outra a falsificação deve ser apta a enganar. Se a falsificação for grosseira,
elimina a infração, podendo caracterizar o estelionato (Súmula 73 do STJ).

A simples alteração, mantendo íntegro seu valor, não caracteriza o crime.


Se diminuir o seu valor, também não se tem o crime. Nas hipóteses
mencionadas inexiste potencialidade de dano.

Se a moeda já deixou de circular, não possuindo valor de circulação,


inexiste o crime. Pode haver estelionato.

Quando o agente fabrica ou altera várias moedas, em um só contexto,


pratica crime único. Se realizar a conduta em dias diferentes pode estar
cometendo crime continuado.

Se o próprio falsificador introduz a moeda no mercado, responde somente


pelo delito de moeda falsa, sendo o fato posterior impunível.

O uso, como propaganda, de impresso ou objeto que pessoa inexperiente ou


rústica possa confundir com moeda é contravenção penal ( art. 44 da LCP)

Figura equiparada temos no caso do parágrafo primeiro. Não será ilegítimo


a guarda de cédulas ou moeda falsificada para certificar-se da falsidade
pelo confronto, por ocasião de trocos ou pagamentos, como ocorre com
caixas de banco ou estabelecimento da mesma natureza ( Mirabete). A

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introdução de moeda em circulação só constitui crime autônomo quando
realizada por quem não foi autor da falsificação.

Figura típica privilegiada encontramos no parágrafo segundo. É atípico o


agente devolver a moeda falsa a quem lha entregou. Necessário dolo direto,
não bastando o dolo eventual. Se o agente estava de má-fé quando recebeu
a moeda, incide no parágrafo primeiro.

O parágrafo terceiro contempla um crime próprio. Título,mencionado no


inciso I, é a proporção entre o metal fino e a liga metálica empregada na
confecção da moeda. Não previu a lei como fato delitivo o agente produzir
moeda metálica em quantidade superior à autorizada. O inciso II trata
somente do papel moeda em quantidade superior à autorizada. A produção
de quantidade inferior não constitui delito.

No parágrafo quarto temos o caso de desvio e circulação antecipada de


moeda. Neste caso, a circulação ainda não estava autorizada. É crime
comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

A competência para julgar os crimes é da Justiça Federal.


TIPO SUBJETIVO: dolo.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com as condutas descritas
no tipo. A tentativa é admissível em qualquer das modalidades.
AÇÃO PENAL : pública incondicionada.

CRIMES ASSIMILADOS AO DA MOEDA FALSA (ART. 290)

CONCEITO: definido no art. 290.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: coletividade.

TIPO OBJETIVO: o tipo descreve três condutas:

1) formação de cédulas, nota ou bilhete representativo de moedas: está


excluída a possibilidade do crime tendo como objeto à moeda
metálica; o agente justapõe fragmentos de cédulas, formando uma

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moeda falsa com aparência de cédula verdadeira; a simples aposição
de números ou dizeres de uma cédula verdadeira em outra não
configura o crime em estudo, mas a alteração do art. 289 (no artigo
289 o agente altera cédula verdadeira, enquanto que no art. 290 o
agente forma nova cédula apanhando pedaços de cédulas verdadeiras
integrando-as em uma terceira);
2) supressão de sinal indicativo de sua inutilização: o agente, por
qualquer meio, apaga os sinais (carimbos, picotes, riscos etc) de
papel moeda ou bilhete já recolhidos que contém o sinal indicativo
de sua inutilização;
3) restituição da moeda à circulação: nesta modalidade o agente restitui
à circulação a moeda nas condições apontadas nos números
anteriores (formação de cédulas e supressão de sinal indicativo de
sua inutilização). Se o agente forma a moeda ou suprime o sinal de
inutilização e depois a restitui à circulação, só responde pela forma
típica anterior.

A adulteração grosseira pode constituir, eventualmente, o meio para o


estelionato.

Ao contrário do que ocorre com o crime de moeda falsa, prevista no art.


289, a aquisição ou recebimento da moeda nas condições descritas no art.
290, não foi elevada a categoria de crime principal, subsistindo o delito de
receptação (Damásio).

O crime qualificado está previsto no parágrafo único. Indispensável para a


configuração que a conduta seja praticada na repartição onde o funcionário
trabalha, normalmente o local onde o dinheiro é recolhido, ou que, não o
sendo, possa ingressar facilmente no local em decorrência das suas
atividades no cargo que ocupa.

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com as condutas descritas


no tipo. No caso de formação ou supressão não é necessário que a cédula
seja colocada em circulação. Admite-se a tentativa em quaisquer das
possibilidades estudadas.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

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PETRECHOS PARA A FALSIFICAÇÃO DE MOEDA (ART. 291)

CONCEITO: definido no art. 291.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: coletividade.

TIPO OBJETIVO: o dispositivo é bastante abrangente para incluir


matrizes, placas, moldes, clichês, lâminas etc, desde que os objetos sejam
destinados especialmente à falsificação de moeda.

Para Nelson Hungria não deixará de existir o crime se os objetos


adquiridos ou detidos são autênticos ou tenham sido subtraídos da
repartição pública incumbida do fabrico de moeda.

Se o agente possui o instrumento de falsificação e depois, usando-o,


fabrica ou falsifica a moeda, responde somente pelo delito do art. 289 do
CP, que absorve o do art. 291.

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com a fabricação do objeto


material, sua aquisição, fornecimento, posse ou guarda. A tentativa é
admissível.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO


LEGAL (ART. 292)

CONCEITO: definido no art. 292.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: coletividade.

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TIPO OBJETIVO: emitir significa colocar em circulação, não bastando a
simples criação do título.

Título ao portador, discriminado na lei como nota, bilhete, ficha ou vale, é


aquele que configura obrigação de pagar certa quantia a quem o apresente
como possuidor, bem como aquele a que falte a indicação do nome da
pessoa a quem deva ser pago. Haverá tipicidade somente para os títulos que
contém promessa de pagamento em dinheiro, ficando de fora os que
representem mercadorias, serviços e utilidades.

A norma incriminadora não alcança os chamados vales íntimos ou vales de


caixa, ou seja, papéis que se entrega a alguém como lembretes para que
forneça mercadoria, serviço ou dinheiro.

Só ocorre o crime, como evidencia o tipo em estudo, na emissão sem


autorização legal. São permitidos por lei os cheques, a letra de câmbio,
ações de sociedade anônima etc. O dispositivo é, portanto, uma norma
penal em branco, sendo necessário verificar se há permissão legal para sua
emissão.

A lei incrimina também o tomador do título, ou seja aquele que recebe ou


utiliza o título como dinheiro, de acordo com o parágrafo único.

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com a emissão. Ë crime


formal, não sendo necessário que ocorra dano. A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

Da falsidade de títulos e outros papéis públicos ( Capitulo II)

FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS (ART. 293)

CONCEITO: definido no art. 293.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: coletividade.

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TIPO OBJETIVO: falsificar é imitar, fazendo passar por verdadeira. A
falsificação pode ocorrer pela fabricação (fazer os papéis públicos
mencionados no inciso) ou alteração (modificar os papéis públicos
mencionados nos incisos). Seja de uma forma ou de outra a falsificação
deve ser apta a enganar. Se a falsificação for grosseira, elimina a infração,
podendo caracterizar o estelionato.

Com relação ao inciso I, devemos observar: papel selado indica aquele que
em vez de ser aposto o selo, já o tem produzido, estampado, através de
processos mecânicos.

Com relacão ao inciso II, devemos observar: papel de crédito público é o


título da dívida pública normativos ou ao portador emitidos pela União,
Estado ou Município.

Com relação ao inciso III, devemos observar: o dispositivo foi revogado


pelo artigo 36 da Lei 6538/78

Com relação ao inciso IV, devemos observar: a) cautela de penhor é o


recibo cuja apresentação e pagamento da quantia emprestada determina a
entrega da coisa empenhada; b) a caderneta de depósito corresponde ao
documento expedido e entregue ao depositante, contendo anotações das
importâncias depositadas. Incluem-se as denominadas “cadernetas de
poupanças”; c) a falsificação de cadernetas de estabelecimentos de direito
privado constituirá outro crime (arts. 297 e 298).

Com relação ao inciso V, devemos observar: a) Talão: é o documento que


se destaca do canhoto em carnê, bloco etc; b) Recibo: é o papel que
comprova pagamento; c) Guia é o impresso necessário para o pagamento
de tributos, depósitos etc; d) Alvará é o documento proveniente de
autoridades judiciária ou administrativa para levantamento de certa quantia
pela União, Estado ou Município ou qualquer entidade de direito público.
A falsificação de alvará com outra finalidade constitui outro crime (art.
297).

Com relação ao inciso VI, devemos observar: a) bilhete é o papel


adquirido através de pagamento para utilizar o transporte; b) passe é o
documento obtido a título gratuito para transporte de pessoas; c)
conhecimento é o papel referente ao transporte de coisas; d) pode o
transporte ser terrestre, marítimo, fluvial ou aéreo, sendo irrelevante qual o
veículo (ônibus, bondes, trens, aviões etc); e) não se exige que a empresa
seja de propriedade da União, Estado ou Município, podendo ser privada.
O que interessa à lei penal é que seja administrada pelo poder público.

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No parágrafo primeiro, temos : inciso I - temos a criminalização do uso,
guarda, posse e detenção de qualquer dos papeis falsificados; inciso II –
tipificam-se comportamentos relacionados à circulação do selo falsificado
destinado a controle tributário; inciso III – são tipificadas condutas
exercidas, no exercício de atividade industrial ou comercial, que tenham
por objeto produto ou mercadoria que : a) tenha sido aplicado selo
falsificado que se destine a controle tributário; b) sem selo oficial, nos
casos em que a lei tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
Objetiva-se, embora previsto nos crimes contra fé pública, a proteção
contra a evasão fiscal. Pelo parágrafo quinto, equipara-se a atividade
comercial qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o
exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residência.

No parágrafo segundo temos a supressão de carimbo ou sinal. Consuma-se


com a simples supressão, não sendo necessário que ocorra supressão total.

No parágrafo terceiro temos uso de papéis em que foi suprimido carimbo


ou sinal indicativo de sua inutilização.

No parágrafo quarto temos a restituição à circulação de papéis recebidos de


boa-fé. Não constitui delito restituir o objeto material à própria pessoa de
quem o sujeito recebeu.

Se o agente for funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do


cargo, aumenta-se a pena de acordo com o art. 295.

Se a falsificação objetiva a apropriação indevida do dinheiro do Estado,o


delito em apreço é absorvido pelo peculato (RT 513/357, 736/691).

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a efetiva falsificação


ou com as condutas descritas nos parágrafos. A tentativa é admissível.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO (ART. 294)

CONCEITO: definido no art. 294.

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OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: coletividade.

TIPO OBJETIVO: o tipo menciona apenas objeto que é um termo


abrangente, dispensando designação casuística.

Não exige a lei que tal objeto seja suficiente, per si, para tal falsificação,
mas que seja especialmente designado para tal fim (RT 266/126- Mirabete).

Os papéis a que se refere o tipo são os do art. 293.

O crime previsto no art. 294 é absorvido quando à detenção dos meios de


falsificação se segue o seu efetivo emprego.

Caso o agente seja funcionário público, observar a aplicação do art. 295.

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a realização das


condutas típicas. A tentativa é admissível.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

Da falsidade documental ( Capitulo III)

FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO (ART. 296).

CONCEITO: definido no art. 296.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: Estado.

TIPO OBJETIVO: o tipo consiste em falsificar, por fabricação ou


alteração,condutas estas já estudadas nos tipos anteriores.

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O selo público, mencionado no inciso I, é o sinete, com armas ou
emblemas da União, Estado ou Município, destinado a autenticar atos que
lhe são próprios. Não se confunde com o selo postal ou estampilha,
destinados à arrecadação de impostos ou taxas, objetos dos crimes previstos
no art. 293 do CP e art. 47 da Lei 6538.

No inciso II devemos observar: a) autoridade é a que autentica seus


documentos por meio de selo ou sinal; b) por sinal publico de tabelião
deve-se entender os instrumentos ( sinete, timbre, cunho) destinado à
impressão da rubrica ou desenho com que o serventuário autentica seus
atos. Entende-se que não tipifica o crime a falsificação de carimbo para o
reconhecimento de firma em tabelionato, por não ser este carimbo sinal
público (Julio Mirabete e Renato Fabrrini).

O uso de selo ou sinal falsificado encontra previsão no parágrafo primeiro,


inciso I. Quando o próprio falsificador uso o selo ou sinal, há crime único,
restando absorvido o crime de uso. A consumação ocorre com a conduta de
usar, independente de resultado danoso.A simples detenção não configura
ilícito penal.

No mesmo parágrafo primeiro, porém no inciso II, temos o caso de uso


indevido de selo ou sinal verdadeiro.

O inciso III do parágrafo primeiro cuida da falsificação ou do uso indevido


de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou
identificadores de órgãos públicos ou entidades da Administração Pública,
seja da União, Estado ou Município.

Caso o agente seja funcionário público e cometa o crime prevalecendo-se


do cargo, aplica-se o parágrafo segundo.

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a fabricação ou


alteração do objeto material. A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO (ART. 297)

CONCEITO: definido no art. 297.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

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SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa. Quando for funcionário público
aplica-se a causa de aumento do parágrafo primeiro.

SUJEITO PASSIVO: Estado e, eventualmente, terceiro prejudicado.

TIPO OBJETIVO: temos a previsão de duas condutas: 1) falsificar (criar


materialmente, fabricar) , no todo ou em parte, documento público; 2)
alterar (acrescentar dizeres, substituir palavras etc) documento público
verdadeiro.

Documento, para os efeitos dos crimes em estudo, em sentido restrito, é


toda peça escrita (não são documentos, assim, as inscrições em coisa
imóveis, paredes, estátuas, árvores, lápides; pinturas, desenhos, composição
musical etc) que condensa graficamente o pensamento de alguém (o escrito
anônimo não é documento e a impressão digital não substitui a assinatura),
podendo provar um fato ou a realização de algum ato dotado de
significação ou relevância jurídica (não podem ser objeto de falso os
documentos inócuos) – Mirabete, Hungria, Fragoso.

Os tribunais tem ampliado o conceito para abranger outras formas de


registro. Assim, o STF já entendeu que fitas de gravação de interceptação
telefônica são documentos para tipificação do crime previsto no art. 314 do
CP. No mesmo sentido, o processo eletrônico ( Lei 11.419/06) seria
exemplo de documento público ( Julio Mirabete e Renato Fabbrini).

Para os efeitos penais, documento público exige: a) redigido por


funcionário público; b) a sua competência na matéria e território; c)
formação do ato durante as funções públicas; d) observância das
formalidades legais – Mirabete e Fragoso.

Inexiste o ilícito quando se tratam de falsificação ou alteração de simples


reproduções, xerocópias, não autenticadas, as quais não são documentos. A
reprodução autenticada, porém , é considerado documento.

Reconheceu-se como documento público a cédula de identidade, carteira de


habilitação, cartão de identidade de policial.

Há divergência se o documento nulo pode gerar o crime em estudo. P/


maioria se o documento é anulável é possível a falsificação enquanto não
for declarada a sua anulação, mas não pode ser objeto do crime o
documento que apresenta nulidade absoluta. Há posicionamento (Mirabete,

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Fragoso) entendendo que mesmo o documento nulo pode ser objeto do
crime de falsificação em analise.

O documento público pode ser nacional ou estrangeiro, desde que, no


exterior, ele seja considerado documento público e desde que sejam
satisfeitas as condições para sua validade entre nós.

O documento público pode ser classificado em : a ) formal e


substancialmente público ( feito por funcionário público, no exercício de
suas funções, com conteúdo de natureza pública. Ex. ato do poder
legislativo); b) formalmente público e substancialmente privado ( redigido
por funcionário e de interesse privado).

O uso do documento caracteriza o crime do art. 304. Se o mesmo agente


falsifica e depois usa, responde só pelo crime de falsidade, que absorve o
uso.

A substituição de fotografia em documento de identidade, segundo a


jurisprudência, caracteriza o crime de falsificação de documento
público.Todavia, há decisões em contrário entendendo que configura o
crime de falsa identidade.

São considerados documentos públicos, ainda, de acordo com o parágrafo


segundo, o emanado de entidades paraestatal (empresas públicas,
sociedades de economia mista, fundações instituídas pelo poder público,
serviços sociais autônomos. A autarquia já é de direito público); título ao
portador ou transmissível por endosso (cheque, letra de câmbio, nota
promissória, duplicata etc; ações de sociedade comercial (sejam elas quais
forem – preferenciais, ordinárias etc); os livros mercantis (obrigatórios ou
facultativos) e o testamento particular.

A falsificação grosseira afasta o crime e pode ser considerado meio de


outro crime, como por exemplo estelionato.

Figuras equiparadas encontram-se no parágrafo terceiro que trata da


Falsidade contra a Previdência Social:

No inciso I temos falsidade contra a Previdência Social, ao inserir na folha


de pagamento ou documento de informações destinado a fazer prova na
Previdência, pessoa que não seja segurado obrigatório.

No inciso II temos o crime de inserir na Carteira de Trabalho e Previdência


Social ou documento que deva produzir prova perante a Previdência,

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declaração falsa. O sujeito ativo pode ser o proprietário da carteira ou
terceiro.

No inciso III a falsidade refere-se a documento contábil e obrigações da


empresa perante a Previdência Social.

Todos os incisos são tidos, pela doutrina, como crimes formais, entendo-se,
assim, que basta a falsa inserção para que ocorra o crime, pouco
importando a ausência de prejuízo para a Previdência Social

Ainda no parágrafo quarto encontra-se a previsão de outra conduta


delituosa. Trata-se de punir a omissão de dados em documentos
relacionados à Previdência Social ( folha de pagamento; carteira de
Trabalho e Previdência Social etc).Trata-se de crime formal e somente é
punido na forma dolosa.

Discute-se a hipótese de falsificação de documento público ou particular e


a pratica de estelionato. Existem quatro correntes jurisprudenciais:
P/ Alguns ocorre somente o estelionato, ficando absorvido o crime de falso
dado que não há o propósito de lesar a fé pública. O STJ expediu a Súmula
17. P/ outros ocorre somente o crime de falso, ficando absorvido o
estelionato, para que não ocorra o absurdo do falso, que é crime mais
grave, ser absorvido pelo estelionato que é crime menos grave.
P/ outros temos o caso de concurso material.
P/ outros temos o caso de concurso formal. É a orientação do STF.

Cheque assinado em branco. O agente que preenche cheque assinado em


branco, após se apossar dele indevidamente, infringe o art. 297, pois não
estava credenciado a preenchê-lo – CP Comentado do Delmanto.

TIPO SUBJETIVO: dolo

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a falsificação ou


alteração, independente do uso e da existência do prejuízo.Todavia, não se
caracteriza o crime se a falsidade não é apta sequer a causar prejuízo pela
falta de relevância jurídica de seu conteúdo, embora nossa lei não faça
exigência de potencialidade lesiva.

Possível a tentativa.

AÇÃO PENAL : pública incondicionada

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FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR (ART. 298)

CONCEITO: definido no art. 298.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: Estado e, eventualmente, terceiro prejudicado.

TIPO OBJETIVO: As condutas previstas são falsificar e alterar, cujas


modalidades já foram estudadas no artigo anterior.

Documento particular é o elaborado por um autor certo, sem participação


de funcionário público, em que se manifesta a narração de fato ou a
exposição de vontade, possuindo importância jurídica.

Este documento, portanto, deve ser escrito, com autor determinado


(anônima não configura delito), com manifestação de vontade ou a
exposição de um fato (não constitui documento um papel em branco com
assinatura, bem como papéis com escritos ininteligíveis ou sem sentido), e
relevância jurídica (necessário que possa causar conseqüências jurídicas.
Não constitui documentos os papéis inócuos, os que retratam manifestação
sem importância jurídica).

O documento particular não passa a ser público por ter sido reconhecido
firma. Este ato é que é público, porém não transforma a natureza do
documento (Mirabete e Bento de Faria). Contudo, vale observar decisão
mencionada no CP de Delmanto em que se reconhece que a falsificação de
reconhecimento de firma, mesmo em documento particular, sua falsificação
é de documento público.

O documento público, quando declarado nulo, é considerado documento


particular ( Fragoso, Noronha, Mirabete, Damásio).

Os papéis escritos sem assinatura e as cópias não autenticadas não são


considerados documentos.

Falsidade grosseira não caracteriza o crime, podendo configurar estelionato


ou outro crime.

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O delito não exige a produção de dano efetivo, entretanto requer a
possibilidade de sua produção.

Para a situação de crime de falsidade de documento e estelionato, aplicam-


se as mesmas considerações feitas no estudo do crime de falsidade de
documento público.

O parágrafo único equiparou a documento particular o cartão de crédito ou


débito. Com a equiparação, objetivou-se antecipar a repressão penal, por
meio de tipificação de fato que antes era considerado mero ato
preparatório.

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a falsificação ou


alteração. Admite a tentativa.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

FALSIDADE IDEOLÓGICA (ART. 299)

CONCEITO: definido no art. 299.

Distingue-se o falso ideológico do falso material. No material o agente


imita a verdade, através da contrafação ou alteração, enquanto que no
ideológico o documento é perfeito em seus requisitos extrínsecos, em sua
forma, e emana realmente da pessoa que nele figura como seu autor ou
signatário, mas é falso no seu conteúdo, no seu teor. A falsidade ideológica
concerne ao conteúdo e a material a forma (RT 513/367).

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa. Se for funcionário público que


prevalece do cargo aplica-se o art. 299 parágrafo único.

SUJEITO PASSIVO: Estado e, eventualmente, terceiro prejudicado.

TIPO OBJETIVO: são previstas três condutas: 1) omitir declaração que


devia constar do objeto material; 2) inserir nele declaração falsa ou diversa
da que deveria ser escrita; 3) fazer inserir nele declaração falsa ou diversa
da que devia ser escrita.

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Na primeira conduta o crime é omissivo. O agente omite a declaração total
ou parcialmente.

Na segunda conduta temos a forma de inserir, que significa colocar, incluir,


por ato próprio, a declaração inverídica. Ocorre aqui a falsidade imediata.
O agente atua pessoalmente, ele mesmo inserindo no objeto material a
declaração inverídica.

Na terceira conduta temos a forma de fazer inserir, que significa inserir de


forma indireta, utilizando o agente de terceiro para incluir por sua
determinação a declaração falsa. Ocorre aqui a falsidade mediata. Não
precisa da presença do agente no momento da feitura do documento ( a
declaração pode ser feita por escrito pelo agente para que seja inserida no
documento).

A falsidade deve ser idonea, não podendo ser grosseira, para caracterizar o
crime.

A falsidade deve ser potencialmente lesiva, capaz de “prejudicar direito,


criar obrigação ou alterar verdade sobre fato juridicamente relevante”.
Dispensa-se, todavia, para sua configuração, a efetiva ocorrência do
prejuízo, bastando a simples potencialidade do dano. Uma declaração
mentirosa inócua não é suficiente para caracterizar o crime. Assim já se
decidiu que não ocorreu o crime na falsidade de documento particular de
cessão ao portador de direitos hereditários, pois tal cessão se opera
mediante escritura pública (RT523/326); falsidade quanto à idade do filho
menor para ingresso em clubes ou bailes (RT 266/97; 419/67; 406/81,
293/95 etc); mulher, que por vaidade feminina, promoveu novo registro de
nascimento, para parecer mais jovem do que o namorado com que ia casar-
se (RT 447/367).

Já se reconheceu o crime: no dizer-se o agente solteiro, quando era casado,


em processo de habilitação de casamento; na falsa declaração de parentesco
a fim de que o interessado na aquisição de imóvel pelo SFH atingisse a
renda exigida (RT 550/267) etc.

Cuidando de sujeito ativo particular, entende-se na doutrina, para que


exista o delito, que tenha o dever jurídico de dizer a verdade. A declaração
deve ser capaz, em si mesma, de concretizar o documento. Se o funcionário
público que a recebe está adstrito a averiguar a fidelidade da declaração, o
declarante, ainda quando falte à verdade, não comete o delito (RT 483/263;
731/560; 691/342).

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Já houve decisão entendendo que não se encontram requisitos do
documento no mero requerimento ou petição. Assim já se decidiu no caso
do motorista que, tendo sida apreendida sua carteira de habilitação, por
estar vencido o exame médico, solicita segunda via à autoridade sob
alegação de que perdeu a original ( RT 492/283); no pedido de alvará
judicial para levantamento de dinheiro deixado pelo irmão do agente em
Caixa Econômica, declarando falsamente inexistirem outros herdeiros (RT
394/50); na declaração de falsa residência para submeter-se a exames para
habilitação como motorista. Há decisões em contrário.

O abuso de papel assinado em branco. A dificuldade reside no sentido de


que o papel assinado em branco não é documento, todavia torna-se
documento no momento em que é preenchido. Entende a doutrina que caso
ao agente tenha sido confiado o documento de forma legitima para que seja
preenchido de acordo com o entendimento mantido com o signatário, o
preenchimento abusivo será falsidade ideológica. Se o papel foi obtido por
meio ilegítimo (fraude, apropriacão indébita etc) ou apenas confiado ao
agente para guarda, o preenchimento constituirá falsidade material.

A simulação,desde que capaz de criar obrigação,prejudicar direito ou


alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, constitui falsidade
ideológica. As palavras são genuínas, mas o pensamento que traduzem não
é verdadeiro. Ex. separação judicial, o varão, para prejudicar a mulher, em
conluio com terceiro, simula a existência de dívidas, emitindo
fraudulentamente notas promissórias (Hungria) .

As causas de aumento de pena estão previstas no parágrafo primeiro. A


primeira delas refere-se ao funcionário público que já foi mencionado no
estudo do sujeito ativo. Com relação à segunda causa de aumento de pena
devemos observar que o registro de filho alheio como próprio está previsto
no art. 242 e a inscrição de nascimento inexistente constitui delito previsto
no art. 241. Devemos lembrar também que o prazo da prescrição, no caso
de falsificação de registro civil, conta-se a partir da data em que o fato se
tornou conhecido (art. 111, IV).

Reunindo-se numa mesma pessoa o autor da falsidade e o usuário do


documento falso, responde ele somente pelo primeiro crime (RT 330/207).

Praticado estelionato com o uso do documento ideologicamente falso, as


soluções apontadas são as mesmas apontadas quando do estudo da
falsificação material.

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Se a finalidade do agente é a pratica de sonegação fiscal aplica-se a Lei
8137/90.

TIPO SUBJETIVO: dolo mais o elemento subjetivo que é a intenção de


lesar contida na expressão final do tipo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a omissão ou


inserção direta ou indireta da declaração falsa ou diversa da que deveria
constar, não sendo necessário o prejuízo efetivo. É crime formal.

A tentativa é possível nas formas de inserir ou fazer inserir, não sendo


admitida na forma omissiva.

P/Noronha a tentativa somente é possível na forma de fazer inserir. Na


forma de inserir o agente pode declarar a verdade até o encerramento do
documento.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA (ART. 300)

CONCEITO: definido no art.300.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: crime próprio, somente podendo ser praticado por


funcionário público que tenha função específica para tanto.Admite-se a
participação de terceiros.

O reconhecimento de firma ou letra por quem não tem fé pública não


constitui o crime estudo, mas sim o de falsidade de documento público ou
particular (art. 297 e 298). Mirabete.

Se o mesmo agente falsifica e depois usa, responde somente pela


falsificação.

SUJEITO PASSIVO: Estado e, eventualmente, terceiro prejudicado.

TIPO OBJETIVO: reconhecer é afirmar a veracidade da assinatura ou letra


da pessoa e conferir fé ao documento em que ela é aposta.

Firma é a assinatura.

17
Letra é o manuscrito da pessoa.

O reconhecimento pode ser autêntico, semi-autêntico, semelhança e


indireto.

Autêntico é o reconhecimento em que o agente vê a pessoa assinar o


documento.

Por semelhança é quando o funcionário compara a assinatura que lhe é


apresentada com aquela que o cartório possui em seus papéis.

Semi-autêntico é quando a assinatura é aposta longe do funcionário e o seu


autor ou terceiro atesta sua veracidade.

Indireto é quando duas pessoas, conhecidas do tabelião, declaram por


escrito que a letra ou firma são, na realidade, de determinada pessoa.

Reconhecimento como verdadeiro de letra, para fins eleitorais, configura o


crime previsto na lei eleitoral.

TIPO SUBJETIVO: dolo. Basta o dolo eventual.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA : consuma-se com o ato do


reconhecimento, independente de qualquer resultado. É crime formal. A
tentativa é possível.

AÇÃO PENAL : pública incondicionada.

CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO (ART.


301)

CONCEITO: definido no art.301. No parágrafo primeiro encontra-se a


falsidade material

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: crime próprio, somente podendo ser praticado por


funcionário público no exercício de ofício.

Se o mesmo agente falsifica e depois usa, responde somente pela


falsificação.

SUJEITO PASSIVO: Estado.

18
TIPO OBJETIVO: atestar é provar ou afirmar algo em caráter oficial.

Certificar é afirmar, convencer da verdade ou da certeza de algo, com


caráter público.

A diferença entre atestar e certificar é que a certidão tem por fundamento


um documento guardado em repartição pública, ou nela em tramitação,
enquanto o atestado constitui um testemunho ou depoimento por escrito do
funcionário público sobre fato ou circunstância.

Se ocorrer a reprodução fraudulenta de certificado ou atestado emitido por


funcionário configura o crime do art. 297.

Basta que a falsidade seja parcial.

A expressão “qualquer outra vantagem” deve ser de natureza pública.

Exs. atestar a indigência de alguém para obtenção de justiça gratuita;


certificar que alguém já serviu efetivamente como jurado, para isentá-lo
temporariamente do serviço do júri; atestado de antecedentes para a
inscrição em concurso público etc.

Se a destinação for para fins eleitorais, aplica-se a o Código Eleitoral.

A falsidade material do atestado ou certidão encontra-se no parágrafo


primeiro.

Esta falsidade pode ser praticada por qualquer pessoa inclusive o próprio
funcionário público.

O objeto material é a certidão ou atestado emitido por funcionário público


dado que o parágrafo deve ser interpretado à luz do caput. Assim se a
falsificação for praticada à margem desta função pública, como por ex. no
caso de falsidade de certificado de aprovação em curso colegial , supletivo
ou equivalente, para inscrição e admissão em curso superior, configura o
crime de falsidade material previstos nos outros artigos e não o artigo e
parágrafo em analise.

O crime é punido a título de dolo.

19
A expressão “qualquer outra vantagem” deve ser de natureza pública. Há
decisões em contrário. Se a vantagem for de natureza privada pode ocorre o
delito do art. 297.

A consumação ocorre coma falsificação. A tentativa é possível.

No parágrafo segundo temos uma qualificadora. A qualificadora aplica-se


ao caput e ao parágrafo primeiro. Não há necessidade de que obtenha lucro,
bastando o fim de agir.

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se no momento em que o


atestado ou certidão falsa é entregue a terceiro. Porém para outra corrente
doutrinária o crime se consuma no momento em que o agente encerra o
falso, não sendo necessária a entrega a terceiro. Crime formal que
independe do resultado pretendido.

Tentativa é possível.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO (ART. 302)

CONCEITO: definido no art. 302

OBJETIVIDADE JURÍDICA: fé pública.

SUJEITO ATIVO: crime próprio, somente podendo ser praticado por


médico. É possível a participação de terceiros.

O falso atestado dado por veterinário, dentista, parteira ou de outros


profissionais ligados à atividade sanitária poderá constituir o crime mais
grave de falsidade ideológica do art. 299.

Caso o médico também seja funcionário público e o atestado possibilite a


terceiro obter qualquer vantagem de natureza pública configura o crime do
art. 301- Damásio.

SUJEITO PASSIVO: Estado e aquele que sofre dano pela utilização do


atestado falso.

20
TIPO OBJETIVO: a falsidade, pode ser total ou parcial, e seu conteúdo
deve estar relacionado com o fato que compete o médico verificar.

Entende-se que não ocorre o delito quando a falsidade recai sobre


circunstâncias irrelevantes, como o local ou a hora de realização do exame
médico (Noronha, Médico, Mirabete).

A atestação de óbito, mediante paga, sem exame do cadáver, configura o


delito do art. 302 (RT 507/488).

O falso que configura o crime pode recair sobre o fato ou sobre o juízo
feito sobre eles, desde que diga respeito a algo juridicamente importante
(Fragoso, Mirabete, Damásio). Noronha pensa ao contrário, entendendo
que o falso deve recair sobre fato e não sobre juízo (gripe que impede de
comparecer ao pretório. Ainda que o impedimento seja falso, a gripe é
verdadeira e não ocorre o crime).

A forma qualificada esta prevista no parágrafo único.Tratando-se de


funcionário público e cometido o fato em razão da função, o crime será o
de corrupção passiva (art. 317).

TIPO SUBJETIVO: dolo, bastando o dolo eventual.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a entrega do


atestado, não se exigindo qualquer resultado lesivo. A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

REPRODUÇÃO OU ADULTERAÇÃO DE SELO OU PEÇA


FILATÉLICA (ART. 303)

CONCEITO: definido no art. 303.

O dispositivo foi derrogado pelo art. 39 da Lei 6538/78 que prevê ilícito
com redação idêntica mas cominando pena menor de detenção, até dois
anos, e pagamento de três a dez dias-multa.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

21
SUJEITO PASSIVO: Estado.

TIPO OBJETIVO: reproduzir é contrafazer, fazer igual.

Alterar é modificar, contrafazer parcialmente.

Selo pode ser usado ou novo, nacional ou estrangeiro, mas deve ser o já
recolhido, com valor para coleção. P/ Delmanto, tratando-se de selo em uso
aplica-se o art. 36 da Lei 6538/78.

Peça filatélica são os blocos de selos, cartões, carimbos comemorativos.

Seja selo ou peça filatélica devem ter valor para coleção.

O uso de selo ou peça filatélica é punido no parágrafo único. Ocorre que,


atualmente, o crime é previsto no parágrafo único do art. 39 ao dispor
“incorre na mesma pena do caput quem, para fins de comércio, faz uso de
selo ou peça filatélica de valor para coleção, ilegalmente reproduzidos ou
alterados”

A conduta é usar o produto contrafeito para fim comercial (venda, troca


etc). Não basta, para a incidência desta modalidade delituosa, a simples
posse do objeto, sendo necessário o uso. Há um só crime quando o usuário
é o próprio falsificador. O fato é punido a título de dolo.

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a reprodução ou


adulteração concluída, ainda que o selo ou peça fique em poder do
agente.Trata-se de crime formal. A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

USO DE DOCUMENTO FALSO (ART. 304)

CONCEITO: definido no art. 304.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: Estado.

22
TIPO OBJETIVO: fazer uso e utilizar o documento material ou
ideologicamente falso, como se fosse autêntico.

Os objetos materiais do delito são os documentos falsos referidos nos


artigos 297 a 302.

O uso pode ser judicial ou extrajudicial.

É necessário o uso efetivo do documento, não bastando a simples alusão.

Já se decidiu que não há crime : se o documento foi encontrado em revista


policial ou em decorrência da prisão do portador (RT 438/361; 517/277); se
o portador foi forçado pela autoridade a exibi-lo (RT 322/89; 445/350;
527/341); se foi solicitado pela autoridade e não exibido espontaneamente
(RT 527/341, 641/364, 640/279); se o agente apenas o traz consigo (RT
470/350).

Também se tem entendido que não configura o delito quando o documento


é cópia não autenticada (RT 706/301).

P/ Fragoso o simples reconhecimento de firma em documento


ideologicamente falso é mero ato preparatório de uso. O crime se
caracterizará quando se tornar acessível à pessoa que visa iludir.

Trata-se de conduta comissiva, inexistindo o crime mediante omissão.

O uso de documento falso contra a ordem tributária se encontra descrito na


Lei 8137/90.

Temos divergência quando há uso do documento falso pelo próprio


falsificador. Uma corrente entende que o agente deve responder somente
pelo crime de falso, tornando-se o uso um fato posterior não punível; Outra
corrente entendendo que o uso é crime fim devendo absorver a falsificação.

Há crime único no emprego, na mesma conduta, de vários documentos


falsos.

Com relação ao questionamento do agente responder por estelionato ou uso


de documento falso, vale as mesmas observações já feitas quando do
estudo do crime de falsidade de documento público.

TIPO SUBJETIVO: dolo

23
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com o efetivo uso,
independentemente da obtenção de proveito ou da produção de dano.

Tentativa é inadmissível. O simples tentar usar já é uso, consumando o


crime.

AÇÃO PENAL : pública incondicionada.

O lugar competente para se propor a ação é o do lugar em que foi usado o


documento.

SUPRESSÃO DE DOCUMENTO (ART. 305)

CONCEITO: definido no art. 305.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa, inclusive o proprietário do documento


quando dele não podia dispor.

SUJEITO PASSIVO: Estado

TIPO OBJETIVO: destruir é eliminar, extinguir. Inclui o dispositivo a


destruição parcial quando atingido o documento em parte juridicamente
relevante.

Suprimir é fazer desaparecer sem que haja destruição ou ocultação.O


agente torna ilegível, risca, deteriora o documento.

Ocultar é esconder ou tirar da disponibilidade.É indiferente que o agente


tenha se apoderado do documento ilicitamente, ou que lhe haja sido
confiado, ou, ainda, que, embora lhe pertencendo, dele não podia dispor
arbitrariamente.

O objeto material do crime é o documento público ou particular verdadeiro.

Exs: Riscar a assinatura ou rasgar o cheque; riscar aval extinguindo


garantia cambiária aposta no título; recusar-se o locador a devolver ao
inquilino segunda via do contrato de locação a ele confiada para registro;
etc ( Julio Mirabete e Renato Fabrrini)

24
Quando a ação recair sobre documento substituível ou falso, pode
configurar-se outro crime (furto, fraude processual, favorecimento pessoal
etc).

O documento deve ser original. Não ocorre o crime quando se tratar de


cópias ou certidões de originais. Contudo, não havendo mais o documento
original, pode haver delito com a cópia autêntica.

Os crimes de furto, apropriação indébita e dano que tenham como objeto o


documento são consumidos pelo delito previsto no art. 305, quando se visa
fazer desaparecer a prova de um fato juridicamente relevante. Prevalecem
aqueles delitos, porém, quando o agente procede visando à peça
documental como valor patrimonial “in se”.

A supressão de documentos tendo por fim a sonegação fiscal, fica


absorvida por este ilícito.

Tratando-se de processo ou documento judicial e sendo o agente advogado


ou procurador, ocorre o crime do art. 356.

As duplicatas, enquanto sem aceite ou aval, são facilmente substituídas


pelas triplicatas, não caracterizando o crime sua supressão.

A destruição, inutilização ou ocultação de documentos de escrituração


contábil obrigatórios constitui forma agravada de crime de fraude a
credores na Lei de Falências ( Lei 11.101/05, art. 168, § 1º, V)

TIPO SUBJETIVO: dolo e mais o elemento subjetivo contido na expressão


“em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio”.

Não distingue a lei qualquer espécie de benefício ou prejuízo, que poderá


ser, portanto, de natureza econômica ou moral.

CONSUMAÇÃO E TENATIVA: Consuma-se com as condutas descritas,


não sendo necessário que o agente obtenha o proveito ou cause prejuízo.

A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

25
De outras falsidades ( Capítulo IV)

FALSA IDENTIDADE (ART. 307)

CONCEITO: definido no art. 307.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: Estado e eventualmente a pessoa que sofre prejuízo.

TIPO OBJETIVO: O CP pune a conduta de quem, oralmente ou por


escrito, irroga a sí mesmo ou a terceiro identidade que não reflete a
realidade.

Tanto comete o crime quem atribui a si ou a terceiro identidade de pessoa


existente como quem invoca a de pessoa fictícia.

Não comete crime quem silencia a respeito de errônea identidade que lhe é
atribuída.

A vantagem visada pelo agente pode ser de ordem material ou moral. Já se


decidiu pela existência de crime no caso em que o agente se apresentou a
exame de habilitação para motociclista em lugar do pai (RT 351/351).

Identidade é constituída de todos os elementos que podem individualizar


uma pessoa: nome, estado civil (filiação, idade, matrimônio, nacionalidade
etc) e condição social (profissão ou qualidade pessoal).Pratica o crime,
assim, não só aquele que se utiliza de patronímico ou prenomes falsos,
como os que, indevidamente, se dizem militares, advogado, sacerdotes,
médicos, brasileiros etc. Há, contudo, entendimento diverso entendendo
que o conceito de identidade, sob pena de ofensa ao princípio da reserva
legal, deve estar limitado à identidade física. Assim, não cometeria o crime
quem alega estado civil diverso, embora não se declare outra pessoa.

Não há falsa identidade na apresentação da pessoa pelo nome com que


habitualmente é conhecida (nome artístico ou de guerra) por não estar ela
se fazendo passar por outra.

Discute-se a respeito da existência ou não do delito nos casos em que o


acusado se inculca falsa identidade perante a autoridade, ao ser interrogado.

26
Há entendimento de que não ocorre o crime em estudo, pois o acusado não
tem o dever de dizer a verdade . Há posicionamento em contrário ( vide art.
186 e 187 do CPP).

É um crime subsidiário, diante da redação final do preceito secundário da


norma.

Já se decidiu que a falsa identidade é absorvida quando for meio para a


prática de delito mais grave como o estelionato (RT 306/135) ou a bigamia
(RT 222/90).

Constitui crime de falsa identidade e não o de falsidade material a alteração


no documento subtraído pelo agente com a simples substituição da
fotografia da vítima pela sua, desde que passe a usá-la. Mas já se decidiu ao
contrário, vale dizer, que o delito de falsa identidade, como infração
subsidiária, cede passo ao crime principal de falsidade material.

Havendo usurpação de função pública ocorre o crime do art. 328.

Se o agente, perante a autoridade, se recusa a fornecer dados referentes à


identidade comete a contravenção do art. 68.

TIPO SUBJETIVO: dolo mais o elemento específico de conseguir


vantagem para si ou para outrem ou de causar dano a terceiro.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a falsa atribuição de


identidade, independentemente da obtenção da vantagem ou da acusação de
dano.

A tentativa é possível quando na forma escrita e impossível na forma


verbal.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

USO DE DOCUMENTO FALSO (ART. 308)

CONCEITO: definido no art. 308. É um subtipo do crime de falsa


identidade.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

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SUJEITO PASSIVO: Estado e eventualmente a pessoa que sofre prejuízo.

TIPO OBJETIVO: o objeto material do ilícito é o passaporte, título de


eleitor,caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia
(carteira profissional, caderneta de identidade militar, CIC, RG etc).

Não se exige que o uso ou a cessão tenha por finalidade a obtenção de


vantagem ou a intenção de causar dano, como ocorre no crime previsto no
art. 307.

Sendo o crime de falsa identidade subsidiário, é absorvido pelo crime de


uso de documento de identidade alheia, previsto no art. 308 do CP, por ser
delito meio (RT 458/427).

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com o uso ou com a


cessão do documento.

A tentativa é impossível no uso. Na forma de cessão é possível.

AÇAO PENAL: pública incondicionada.

ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO


AUTOMOTOR (ART. 311)

CONCEITO: definido no art. 311.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: Estado e eventualmente a pessoa que sofre prejuízo.

TIPO OBJETIVO: a conduta típica é adulterar (mudar, alterar ou


modificar) ou remarcar (marcar de novo, tornar a marcar) o sinal
identificador ( chassi), do veículo automotor (que se move mecanicamente
como automóveis, motocicletas, caminhões, ônibus etc), de seu
componente ou equipamento ( motor, placas, carroceria, câmbio, porta,
vidro etc).

A respeito das placas do veículo já se entendeu que a alteração de seus


caracteres, por meio de fita adesiva, objetivando evitar multas e iludir

28
fiscalização, configura mero ilícito administrativo. Todavia, ha
entendimento no sentido que a substituição de placas, ou alteração da
original mediante pintura ou raspagem, comete o delito em estudo ( Julio
Mirabete e Renato Fabrrini).

Causa de aumento de pena encontramos no parágrafo primeiro. Não basta


ser funcionário público, mas é preciso que seja no exercício da função
pública ou em razão dela.

A contribuição para o licenciamento ou o registro encontra-se no parágrafo


segundo.Trata-se de crime próprio, somente podendo ser praticado por
funcionário público.Exige-se dolo. Possível a tentativa.Também para a
conduta em analise aplica-se o aumento de pena previsto no parágrafo
primeiro.

TIPO SUBJETIVO: dolo.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se com a adulteração ou


remarcação. A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

Capitulo V – Fraude em Certame de Interesse Público

FRAUDE EM CERTAMES DE INTERESSES PÚBLICOS ( ART. 311-A)

CONCEITO: definido no art. 311-A.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: tutelar a fé pública.

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: Estado e eventualmente a pessoa que sofre prejuízo


(pessoas ou empresas que participaram ).

TIPO OBJETIVO: A conduta incriminada consiste em utilizar ( fazer uso;


Exs: comete o crime o candidato que possui indevidamente o gabarito
oficial; professor que ministra aula, após ter acesso indevido às questões do
certame, direcionando para as respostas, embora não divulgue
propriamente as questões), ou divulgar ( face redação da norma se referir a
“outrem”, entende-se que basta a uma única pessoa determinada -
Bitencourt; ex: divulgação pelo hacker que invadiu sistema de dados),

29
indevidamente ( o candidato que, ao tomar ciência indevida do gabarito,
divulgado em sala de aula, comunica o fato às autoridades, não comete o
crime) conteúdo sigiloso( todos dados e informações que deve permanecer
sigiloso, em razão de sua natureza ou de previsão legal, regulamentar ou no
edital. Exs possíveis: questões; gabaritos; temas; responsáveis pela
elaboração, quando for o caso etc). ( Julio Mirabete e Renato Fabbrini).

Os certames protegidos estão elencados nos incisos.

No inciso I, estão os concursos públicos, exigidos pela Constituição


Federal ( art. 37) como condição para investidura em cargo ou emprego
publico.

O inciso II refere-se a avaliação ou exame públicos ( ex: ENEM, ENAD,


Vestibulares para acesso a universidade etc)

O inciso III trata do processo seletivo para ingresso no ensino superior.


Para configuração do crime, não há distinção entre entidades públicas ou
privadas.

De forma genérica o inciso IV contempla o exame ou processo seletivo


previsto em lei, independente de ser aplicado pela Administração Pública
ou entes privados ( Exs. Exame da OAB; exame de suficiência para
profissão de contador etc)
O fato será atípico se o exame ou processo seletivo, promovido por
entidade privada, que não esteja prevista em lei.

Na chamada “cola eletrônica” – candidato transmite a terceiros o conteúdo


da prova, por meio eletrônico, para obtenção de respostas - ocorre o crime
por parte do candidato porque utiliza e divulga indevidamente conteúdo
sigiloso, embora seja de seu conhecimento. Não comete o crime, porém, se
o candidato somente recebe, por meio eletrônico, as respostas transmitidas
por terceiro que teve acesso às perguntas sem violação de sigilo, tomando
conhecimento, por ex., por meio de prova de quem já tinha terminado a
avaliação. ( Julio Mirabete e Renato Fabbrini).

No caso do § 1º a punição somente ocorre na forma dolosa e não há


exigência, diferente do caput, de qualquer finalidade especifica. Ex. fiscal
que, omitindo a vigilância, permite o acesso indevido; fornecer senha ao
sistema de armazenamento das informações etc. Consuma-se com o acesso
e a tentativa é possível.

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A qualificadora do § 2º aplica-se aos crimes previstos no caput e ao § 1º .
A qualificadora somente incide se houver prejuízo à administração pública.
No caso de ocorrer prejuízo à entidade privada, não incide a qualificadora.

A causa de aumento de pena do § 3º não exige expressamente que o


funcionário prevaleça de seu cargo. Porém ,não havendo vínculo entre a
pratica do crime e a qualidade funcional, não incide a majorante.(
Bitencourt)

A violação de sigilo em licitações é prevista e punida com base na Lei


8.666/93, em seu art. 94.

Se houver acesso indevido ao conteúdo sigiloso, por meio de invasão de


sistema informático, mas não ocorrer uso ou divulgação das informações
sigilosas, poderá configurar o crime do art. 154-A do CP

TIPO SUBJETIVO: dolo e o elemento subjetivo do tipo consistente na


finalidade de beneficiar a si ou a outrem ou, ainda, de comprometer a
credibilidade do certame.

Na ausência do elemento subjetivo do tipo, poderá configurar o crime do


art. 153, § 1º - A do CP.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Na modalidade de utilizar consuma-se


com a utilização e a tentativa é possível, porém de difícil configuração. Na
forma de divulgar consuma-se quando chega ao conhecimento de terceiro e
é Possível a tentativa. Em ambos os casos, a consumação independe da
efetiva obtenção da finalidade pretendida pelo agente.

AÇÃO PENAL: pública incondicionada.

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