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EDUCATIVO EMÍLIA
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As crianças são afetadas por todos os sentidos do corpo, o que desencadeia Projeto
processos complexos de cognição. Na incidência da luz do sol em uma sala, Pequenos
temos um sistema simples e complexo ao mesmo tempo. A incidência do sol Leitores
POR SANDRA
varia com o passar do dia, produzindo sombras dos objetos, árvores e folhagens
MAYUMI
que estão entre o sol e a superfície onde sua luz é projetada. Há uma profusão MURAKAMI
MEDRANO
de indagações que podem se dar em uma experiência dessas, que envolve uma
complexidade de vetores, que enriquecem as experiências dos corpos das
crianças em relação a esta luz.
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A cultura da infância é o universo expressivo da criança, em que ela experimenta Compartilhe.
situações com nuances e antagonismos que podem levá-la a investigar. Para
que a aprendizagem aconteça, é necessário que haja um processo de
investigação, de modo que os deslocamentos sejam realizados, o que também FACEBOOK
acontece na arte.
Para fazer arte, um artista precisa ter alguma coisa que se desloque dentro dele YOUTUBE
A cultura da infância é constituída pelas experiências vitais das crianças. Muitas Boletim Emília
vezes, temos a tendência de achar que para que se concentrem, elas precisam
parar. Mas, sua concentração é difusa, elas precisam do movimento: pensam Cadastre-se e receba
enquanto se movimentam. as novidades
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Ao entender a potência da infância, considerando suas singularidades nos vários
modos de realizar interações e diálogos com o mundo, podemos perceber que
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cada criança interage à sua maneira com os objetos, com os fenômenos,
inventando seus percursos, realizando escolhas em seus caminhos. Estamos
P R O F I S S ÃO
tratando de experiências que realmente façam sentido na vida delas. Os
sentidos na primeira infância estão intrinsecamente relacionados à curiosidade,
ao encantamento, ao estranhamento, a sucessivas vontades, sucessivos desejos ASSINAR
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coisa, alguém avisa que tem que parar; começam a fazer outra, nova ajude a mantê-lo
interrupção, o que gera vivências muito fragmentadas. vivo!
Vejamos o que muitas vezes acontece na escola. A criança está profundamente Em breve!
envolvida com o desenho… chega o professor e diz: “Agora chega, não é mais
hora de fazer desenho. Olhe para cá e vamos fazer uma experiência de Ciências”.
Menos de uma hora depois, nova interrupção: “Agora chega, pare de fazer a
experiência de Ciências. Olhe para cá, vamos estudar línguas”. Esta
fragmentação, além de criar ansiedade, gera tristeza, insatisfação de nunca se
conseguir chegar à realização de uma experiência fecunda, profunda.
Como as experiências podem estar em relação, para que a criança não se sinta
tão fragmentada em suas percepções e investigações? Como podemos,
enquanto educadores, lidar com o tempo e com os uxos de maneira contínua?
Como é que a experiência estética pode impregnar e irradiar-se pela existência
das crianças no decorrer de suas vidas?
Uma vez perguntaram ao neurologista Oliver Sacks (1998) qual era sua
lembrança mais antiga: uma fazenda que ele frequentava quando tinha um ano,
todas as vezes que visitava fazendas, na vida adulta, e sentia o cheiro da terra, se
acendia nele aquela experiência estética. A relação da terra, das plantas, da
diversidade dos vegetais, tudo aquilo estava impregnado nele.
Espaços da infância
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espaço físico acrescido daquilo que as pessoas fazem ali. O sino americano Yi-fu
Tuan (2013) faz uma distinção entre espaço e lugar: espaço é o espaço físico e
tudo o que o compreende – a topogra a, o clima. Lugar é o espaço habitado, o
sentido que o espaço faz na vida das pessoas. Quando o espaço ganha
signi cação na vida de uma pessoa? Quais os valores postos ali?
Ao entrarmos em uma casa que tem muitos livros, pensamos: ”puxa, as pessoas
que vivem aqui gostam de ler”. Se um espaço é muito iluminado, ao entrar ali, se
pensa “nossa, que lugar claro, saudável”. Este é o valor do lugar. Às vezes,
entramos em um ambiente que tem materiais nobres, como mármore, granito,
que de alguma maneira informam que aquele é um espaço austero. Os espaços
são habitados por nossos valores, por aquilo em que acreditamos: há marcas de
nossas vidas ali.
As crianças são peritas em ocupar os espaços lisos, que, a princípio, seriam não-
lugares. Elas fazem a paisagem, quando os ocupam. Embaixo das escadas, um
lugar geralmente sem graça em que não acontece nada, as crianças fazem
casas, brincam de pega-pega, de esconde-esconde. Várias brincadeiras da
infância acontecem ali. Nas escolas, é muito raro ter um lugarzinho de
aconchego para as crianças mais reservadas, que gostam de desenhar ou de
car quietas. Na hora do recreio, geralmente é aquela correria, aquela alegria, as
crianças jogando, brincando. As crianças introspectivas inventam um lugar para
estar, muitas vezes usam os corredores entre salas.
São exemplos de lugares que não tem uma ocupação pré-determinada, nos
quais as crianças inventam ocupações. São espaços que criam outras
possibilidades de estar no mundo com aspectos que são nossos, singulares, que
o mundo não supre. A transitoriedade dos espaços é, cada vez mais, algo vital
para a vida contemporânea: um espaço que possa agregar, acolher muitos
afazeres, experiências diferentes.
Lugares de leitura
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que a leitura povoe nossa vida em momentos que muitas vezes não se está
fazendo nada, ou em que o trânsito nos deixa nervosos ou ansiosos para chegar.
Os espaços lisos podem nos trazer uma brecha para povoar o mundo de outros
modos. Nosso tempo cotidiano e os modos como os operamos e signi camos
os tornam lugares singulares a cada ocupação. Os espaços lisos permitem que
inventemos todos os dias, fujamos da institucionalização do que fazemos,
possibilitando que nossa signi cação do mundo esteja em trânsito.
Pensando arte de uma maneira mais ampla – que inclui literatura, música, dança,
artes visuais, teatro – que relações trazemos dela para nossa vida? Será que a
vida pragmática precisa ser uma coisa separada de nossa vida poética? Como
fazemos isso com a vida das crianças? Como a vida pragmática dialoga com a
vida poética?
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O livro como espaço a ser habitado, é tanto mais potente como um espaço para
a infância quanto generosamente cria uma fenda para a invenção do outro.
O livro muitas vezes é equivocadamente simpli cado para as crianças, mas são
justamente elas que têm muito interesse pela complexidade. Elas gostam de
livros que têm camadas de compreensão. Assim também acontece com as
histórias de tradição oral. Elas oferecem a possibilidade de mergulhar em seu
enredo em vários momentos da vida, permitindo a percepção de nuances, o que
possibilita o envolvimento com aquela obra de arte.
Muitas vezes os meninos querem ler de novo a mesma história, querem que
contemos a mesma história várias vezes – porque eles estão tendo contato com
suas nuances, estão recontando suas próprias histórias, enquanto aquela história
ca murmurando dentro deles. Nesse encontro é que o afeto vital se dá e, para
que ele aconteça, precisamos lidar com a riqueza que pode ter uma obra de arte
para uma criança.
ORAMAS, Luiz Pérez. Entrevista para a #30bienal (Ações educativas). Luiz Peres
Oramas: Eco e Narciso. Disponível em https://www.youtube.com/watch?
v=8alRYmRm0M8. Acesso em 15/02/2017.
SACKS, Oliver. In KAYSER, Wim. Maravilhosa obra do acaso. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1998.
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Stela Barbieri é a responsável editorial por esta nova seção Arte e Educação da
Emília.
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SOBRE OS AUTORES
Stela Barbieri
É artista, educadora, escritora e consultora nas
áreas de educação, artes e literatura. É
conselheira da Pinacoteca do Estado de São
Paulo e foi conselheira da Fundação Calouste
Gulbenkian de 2012 a 2016. Foi curadora
educacional da Bienal de Artes de São Paulo
(2009-14) e diretora da Ação Educativa do
Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo (2002-14).
É assessora de artes plásticas na Escola Vera
Cruz há mais de 25 anos, autora de livros infantis
e contadora de histórias. Dirige oBinah Espaço
de Artes, um ateliê vivo, com palestras, cursos e
encontros experimentais. Membro do Conselho
Gestor da Revista Emília.
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