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ESPIRITISMO,

INSTRUMENTO DE
LIBERTAÇÃO AOS
JOVENS

Já ouvimos muita gente dizer que a prática religiosa é coisa para pessoas
idosas. Esta, talvez, seja uma afirmação de quem ainda tem da religião
uma noção relacionada com ritual, dogmatismo, ou coisa parecida com
estagnação. Na realidade religião não é nada disso; como ato de religar a
criatura ao Criador, ela é totalmente dinâmica. Religião é busca incessante,
progresso permanente, evolução constante, aperfeiçoamento sem limites
rumo ao infinito.

Não se pode admitir religião estática ou limitante das potencialidades


criadoras do ser humano. Pelo contrário, a religião deve despertar em todo
indivíduo a centelha divina a ponto de transformá-la em facho permanente
de luz. É interior, de dentro para fora. Não podemos iluminar uma criatura
de fora para dentro. Deve projetar-se em favor de seu próximo, pois
também não se entende iluminação espiritual sem fraternidade, sem
colaborar para o progresso de nosso semelhante.

O Espiritismo, como religião, como Cristianismo redivivo, fornece ao


homem o "combustível" para essa iluminação interior, pelo conhecimento
de si mesmo. A Doutrina Espírita não se preocupa em dirigir o indivíduo,
em dizer-lhe o que deve fazer hoje e amanhã, mas tão-somente, em lhe
indicar caminhos de libertação. É, portanto, uma religião que vem
perfeitamente ao encontro às aspirações dos jovens.

E também às necessidades dos velhos, já que o Espírito é imortal,


envelhece e perece apenas o corpo físico.

Dizemos que atende às aspirações dos jovens porque estes


particularmente estão em busca da liberdade e com muita freqüência caem
escravizados sob algozes diversos, porque interpretaram mal o sentido da
liberdade. A liberdade não é "fazer tudo aquilo que a gente quer"; é fazer
aquilo que realmente nos liberta interiormente. Se fizermos tudo aquilo
que queremos, normalmente nos estaremos escravizando a uma série de
mitos; os mitos que representam aquilo que queremos fazer. Entre esses
mitos podemos incluir: o mito da independência precoce com relação à
família, o mito da liberdade sem responsabilidade (desregramentos
generalizados), o mito da alienação ("não vale a pena colaborar para a
sociedade que aí está"), o mito do engajamento em ideologia que prega a
violência.

Como mitos que são, não libertam ninguém e nem preparam ninguém para
amanhã ser pregoeiro da liberdade. Como mitos que são, de aspectos
exteriores, são todos escravizantes. Não atingem o Espírito; não são
revolucionários; são essencialmente reacionários. São paralisantes das
faculdades espirituais, tóxicos, anestesiantes, rotulados de libertadores do
homem.

Busque o jovem o Espiritismo como instrumento de libertação interior e


meio que lhe faculte condições para promoção da sociedade, e estará
encontrando-se a si próprio.
Liberdade que esclarece e dá ao homem condições de andar sozinho e de
dar a mão ao seu semelhante infeliz, procurando iluminá-lo também para
que amanhã o necessitado de hoje seja, também ele, aquele que ajuda o
próximo.

Valentim Lorenzetti

O "CHEFE" DO
ESPIRITISMO

Muita gente encontra dificuldades em entender o Espiritismo como religião


porque não consegue admitir uma religião sem chefe e sem dogmas ou
rituais. Importante, a propósito, esclarecer a questão da chefia no
Espiritismo: chefia entendida como direção, um organismo que traça
normas de conduta para os profitentes.

Essa chefia, a figura do chefe, não existe no Espiritismo. E nunca poderá


existir. Quem manda no Espiritismo são os Espíritos, que, como
instrumentos de Deus divulgaram por toda a Terra conhecimentos de
profundas repercussões morais, que foram codificadas em Doutrina por
Allan Kardec. O próprio Allan Kardec não é o fundador da Doutrina; seu
trabalho foi o de dar um corpo racional às milhares de mensagens que
chegavam do Plano Espiritual. Os próprios Espíritos autores das
mensagens que deram base à Codificação fizeram questão de manter-se no
anonimato, preferindo não dar nomes, com raríssimas exceções, quando
havia necessidade de uma comprovação.

Existem, para nortear o Espiritismo, as chamadas obras básicas da


Codificação, que são O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O
Evangelho segundo o Espiritismo, A Justiça Divina segundo o Espiritismo e
A Gênese. Essas foram obras publicadas por Allan Kardec a partir da
análise e crítica das mensagens espirituais, que chegavam através de
médiuns. São obras que apresentam os aliicerces da Doutrina, pois,
conforme o próprio Kardec afirmou, a evolução da humanidade irá permitir
a construção de todo o edifício. Do ponto de vista religioso, estamos ainda
chafurdando na terra, onde a grande maioria não encontrou nem os
alicerces.

Muitos poderão perguntar: se não há chefe, a quem se dirigir para saber se


estamos agindo corretamente? A resposta, por ser muito simples, ainda
preocupa muita gente, inclusive muitos que se dizem espíritas. Ela deve
ser buscada na própria base do Cristianismo: a figura de Jesus. Foi Ele
quem afirmou: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Logo, todo
procedimento que não se enquadrar dentro dos prinncípios cristãos estará
fatalmente errado e será danoso para nós próprios; será danoso para o
nosso "eu" imortal. E quando dizemos Cristianismo poderíamos dizer
Budismo, Islamismo, Bramanismo e tantas outras religiões. O Cristianismo
a que nos referimos é a essência, a ética cristã, a moral evangélica, que se
resumem praticamente numa afirmação: "Faça a seu semelhante aquilo
que gostaria que fizessem a você, se você estivesse nessa mesma
situação".

O Espiritismo, por haver sido codificado a partir de uma série de


manifestações que feriram os sentidos (manifestações físicas), chamou a
atenção de boa parte da Humanidade. Entretanto, essa boa parte que se
interessou pelo assunto, foi a ele movida pela curiosidade, pelo fenômeno.
Muitos se fecharam em seus laboratórios e fizeram experimentações que
os convenceram; a maioria, contudo, assistiu (e assiste) aos fenômenos
apenas com o intuito de satisfazer simples curiosidade, muitas vezes
alimentada por elevado índice de morbidez.

Há aqueles, contudo, que viram os fenômenos e deles tiraram conclusões


morais de longo alcance. Entre estes pioneiros podemos alinhar além de
Allan Kardec: Léon Denis e Gabriel Delanne, na França; Conan Doyle, na
Inglaterra; Ernesto Bozzano, na Itália; Adolfo Bezerra de Menezes, no
Brasil. E tantos outros, que compreenderam estar o Espiritismo divulgando
uma mensagem de grande profundidade e de relevante importância para a
regeneração da humanidade.

Todos esses pioneiros ajudaram a colocar pedras no alicerce da Doutrina.


Nenhum deles se constitui em chefe; foram apenas estudiosos, pessoas
interessadas em divulgar verdades que alcançaram através do estudo e da
análise. Legaram uma Doutrina que exige de seu adepto constante
renovação interior e, principalmente, grande bom-senso.

Bom-senso para discernir quais são as mensagens que estão de acordo


com a razão e quais são aquelas que repugnam a razão. O que repugna à
razão é repugnante para o Espiritismo. Por isso que, se o Espiritismo
tivesse um chefe, mesmo que eleito numa assembléia, estaria sujeito a
decisões de um homem, que, se na maioria das vezes são acertadas, são
passíveis de erro em outras.

O Espiritismo é dirigido pela consciência de cada um. É evidente que


aquele que tiver melhor estudado a Doutrina tem maior obrigação de
exemplificar, de esclarecer; nunca de mandar. Pois se, como disse o Cristo,
a cada qual será dado segundo suas próprias obras, para pessoa mais
esclarecida Jesus deixou a mensagem: "Muito será pedido a quem muito
foi dado". Portanto, a questão de chefia do Espiritismo é um assunto já
resolvido há dois mil anos, quando Jesus esteve encarnado na Terra.

Valentim Lorenzetti

REUNIÕES
FAMILIARES

Conhecemos muitas pessoas que se dizem espíritas e promovem reuniões


mediúnicas em suas casas ou participam dessas reuniões em casas de
amigos. "Freqüento uma reunião na casa de fulano" - é uma resposta
muito comum quando nos interessamos em saber a que tipo de trabalho se
vêm dedicando dentro da Doutrina. Como se o simples fato de freqüentar
uma reunião conferisse a alguém o título de espírita !

É preciso deixar claro que as tais "reuniões em casa de fulano", na maioria


das vezes trazem acomodação a todos os participantes. Acabam virando
reunião social, em que a reforma íntima e as necessidades do próximo
passam para um plano secundário. Ou acabam esquecidas. Reuniões
particulares dentro do Espiritismo acho que só têm sentido as reuniões de
Evangelho no Lar, onde a família reunida estuda e comenta os
ensinamentos da Boa Nova com vistas a seu aprimoramento moral e
psíquico.
Espiritismo é doutrina que nos conclama à confraternização.

A união fraterna não nos recomenda nunca o isolacionismo. Jesus desceu


dos páramos da luz para a arena terrestre, num corpo carnal, para dar ao
homem o exemplo da participação, da vivência em sociedade. Não
podemos, portanto, em nome da Doutrina Espírita nos isolar, a pretexto de
não termos encontrado nenhum grupo onde nos afinizássemos.

Ora, se realmente passamos de relance por vários grupos e não nos


afinamos com nenhum deles, acho que o defeito não está nos grupos. Acho
que o defeito está dentro de nós. Ou será que está todo mundo errado? E,
quando percebermos principalmente o defeito de isolacionismo, deveremos
enfrentá-lo com vigor. Deveremos nos integrar em um grupo de trabalho
doutrinário - não familiar- a fim de nos burilar e aniquilarmos o orgulho e o
amor-próprio.

Os agrupamentos espíritas têm sempre a seu cargo a execução de alguma


tarefa assistencial. E essa tarefa exige a participação dos elementos
daquele agrupamento. Enfim, exige um pouco de esforço e colaboração de
cada um. Exige que a gente se mova da posição acomodada.

Para a maioria dos que freqüentam "uma reunião na casa de fulano" é


justamente a necessidade de trabalhar para o próximo que a assusta e a
afasta dos Centros Espíritas. Muito melhor ficar sentado em torno de uma
mesa falando com Espíritos (e entrando em mexericos, muitas vezes) do
que arregaçar as mangas e colocar o dedo na pústula de mendigo jogado
na sarjeta. Acho que não é a questão de afinização com um grupo que
impede muita gente de se integrar, mas a falta de afinização com o
trabalho. Têm vergonha de dar a mão a um esfarrapado.

"Seria vergonhoso para mim se o doutor fulano me visse metido entre um


bando de esfarrapados" - é o raciocínio que corre pela mente de muitos
dos freqüentadores das chamadas reuniões familiares. Como se fosse
crime a prática da caridade! Vergonha deveriam ter de - após tantos anos
participando de reuniões de estudo - não terem ainda aprendido nada. Não
terem sequer aprendido o ABC da Doutrina Espírita, que nos concita ao
exercício constante da humildade.

Não somos contra as reuniões familiares. Não podemos apenas concordar


com aqueles que se dizem espíritas e têm lugar marcado numa cadeira
confortável da casa de fulano toda terça-feira às 20h30. E que, terminada a
reunião, só voltam ao assunto na próxima semana. Não concordamos com
aqueles que têm vergonha de marcar um lugar entre os pobres e famintos;
um lugar permanente, até que a pobreza e a fome desapareçam da Terra.

Valentim Lorenzetti

INVESTIMENTO
RELIGIOSO

Acreditamos que até hoje nenhum economista, ou sociólogo, tenha feito


qualquer estudo sobre a importância do investimento religioso para
elevação do padrão geral da sociedade. Não se fez, ainda, nenhum cálculo -
frio e matemático - dos lucros decorrentes de um investimento religioso
bem aplicado. Acreditamos que no momento em que alguém se dispuser a
estudar a importância desse investimento - como os analistas da Bolsa se
dedicam ao estudo da rentabilidade das ações - a Economia tomará
realmente os rumos indicados pele Cristianismo. Uma economia cristã.

Como seria o investimento religioso? Talvez algo aproximado ao


investimento feito pelos desbravadores dos sertões brasileiros (como as
"Entradas" e "Bandeiras") ou do oeste norte-americano. Tiveram a
coragem de entrar em terreno desconhecido, investiram para o futuro já
que o presente, eles o sabiam não lhes traria nenhuma vantagem.

É claro que o exemplo é demasiadamente grosseiro. Mas que fazer quando


não se tem nenhum termo de comparação apropriado? É mais ou menos a
situação do cego de nascença que tenta explicar a teoria das cores. O
investimento religioso seria aquele esforço comunitário destinado a
modificar a estrutura do homem, dentro dos padrões cristãos. E não
venham dizer que poderia ser aplicado somente nos países ocidentais, de
civilização Cristã: o Cristianismo é universalista, seus princípios
fundamentais estão nas raízes de todas as demais filosofias religiosas. Os
homens é que confundiram Cristianismo com dogmatismo religioso ("Fora
da Igreja não há salvação"), contrariando a essência ("Fora da caridade
não há salvação").

Portanto, é possível que muita gente chegue a afirmar que há muitos


séculos vem sendo acumulado o investimento religioso. Realmente, a
impressão que se tem é essa memo. Embora reconhecendo o trabalho dos
homens, que, desde os primeiros tempos da Igreja, vêm se dedicando, com
a melhor das intenções, a multiplicar os empreendimentos religiosos,
somos forçados a minimizar esse esforço em termos de reforma da
estrutura íntima do homem. Só agora, realmente, todas as religiões estão
se preocupando com essa reforma. Talvez seja uma questão de maturidade
ou de reflexo: a religião refletindo os movimentos de massa quando, na
realidade, deveria refletir nas massas a sua mensagem renovadora. Uma
inversão: religião na ré dos acontecimentos, quando deveria estar na
vanguarda.

Investimento religioso traz lucros a médio e longo prazo. É o dinheiro


aplicado hoje em meios que possam realmente levar ao homem a
mensagem cristã. E não nos esqueçamos de que mensagem cristã liberta o
indivíduo, não o subordinando às imposições de nenhuma seita. É de tal
forma dinâmica a mensagem cristã que, a partir do momento em que o
indivíduo a recebe e aceita, passa a irradiá-la como um pai deve irradiar
amor para todos seus filhos. Passando a aceitar o Cristo, passa o homem a
ver irmãos em todos os seus semelhantes e já não lhe assoma à mente a
vontade de prejudicar seu próximo; apenas de ajudá-lo.

Investimento cristão é o tempo que uma pessoa dedica a minorar o


sofrimento do próximo. A sociedade se beneficiará deste gesto anônimo; o
indivíduo beneficiado será um revoltado a menos, um número positivo nas
colunas contábeis da própria sociedade. Investiimento cristão é todo o
esforço que o homem faz para melhorar a si próprio. É altamente lucrativo
para a sociedade, porque forma um fator multiplicador: o homem
evangelizado multiplica-se em obras.

É claro que em termos de Imposto de Renda o investimento religioso, no


sentido cristão, não conta para dedução ou abatimento. Conta, entretanto,
para nós mesmos, para nossos herdeiros e sucessores. De que adianta
deixar riquezas imensas para eles, se amanhã viverão num mundo cheio de
ódios e ressentimentos? Terão de ficar escravos desses mesmos bens, pois
temerão o assalto a qualquer momento. Ou, simplesmente, dilapidarão o
patrimônio porque não aprenderam a valorizar o trabalho e a santificar o
lucro, multiplicando-o em benefícios sociais.

Valentim Lorenzetti

O PRETO
VELHO

É preciso nos acautelarmos com respeito a uma tendência que se nota nos
meios simpatizantes do Espiritismo, que tem procurado discriminar a
Doutrina Espírita classificando-a em duas: o Kardecismo e "a outra linha".

Mais uma vez esclarecemos: não existe Kardecismo como religião. Allan
Kardec é o pseudônimo do sábio francês que codificou a Doutrina Espírita:
um homem que fez questão absoluta de deixar claro não ser dele a obra,
mas, sim, dos Espíritos superiores. Há um método kardecista, isto sim: o
método do bom senso, que levou Kardec a codificar ensinamentos esparsos
dando-lhes estrutura doutrinária. Para essa doutrina, Kardec criou a
palavra Espiritismo e explicou tratar-se de uma revivescência do
Cristianismo. Não há no Espiritismo, portanto, nada que não seja cristão.

Ora, tentar classificar o Espiritismo em subdivisões é querer jogar cinza


num espelho. É tentar justificar acomodação. "Sou espírita, mas sigo a
outra linha; não sou de Kardec" · Resposta: não é espírita coisa nenhuma,
pois admite tão-somente o fenômeno mediúnico e não está preocupado em
nada com sua reforma moral, com a vivência evangélica. "Conhecereis o
espírita pelo seu aprimoramento moral", esta é a senha, e não esta:
conhecereis o espírita pela sua freqüência a reuniões mediúnicas.

"Mas, no Kardecismo, não admitem pretos velhos e índios; recebo um preto


velho e vários índios, por isso preciso freqüentar os centros de outra linha"
-já ouvimos alegar. Não é verdade. O Espiritismo tem um lema: "Fora da
caridade não há salvação". Logo, a Doutrina Espírita tem duas atitudes
para com os pretos velhos ou os índios, ambas dentro da caridade:

1ª) Se o preto velho ou o índio, desencarnados, manifestam-se para ajudar


o próximo, e não somente para "quebrar o galho" sem maiores
preocupações morais, estão trabalhando dentro dos preceitos evangélicos,
e, portanto, espíritas. Não importa a simplicidade da linguagem utilizada;
interessa a essência do trabalho.

2ª) Se são ainda Espíritos ignorantes e voltados para o mal, são muito bem
recebidos no Centro Espírita para esclarecimentos e vibrações de amor,
pois são Espíritos necessitados e dignos de caridade.

Logo, pretos velhos e índios têm lugar no Espiritismo, corforme tinham


acesso a Jesus tanto o doutor da lei, a mulher de má vida, o pescador
ignorante, o leproso, o cego. E a todos Jesus atendia com carinho,
dispensando atenção diferente para cada um.
O que não se admite, isto sim, é que o Espírito necessitado faça passar por
um grande dispensador de ajuda ao próximo. Isto é, numa autêntica
mistificação ou total ignorância. Seria admitir-se um cego conduzindo
outro cego - conforme nos advertiu Jesus há quase dois mil anos.

O Espírito de preto velho ou de índio que realmente queira ajudar,


encontrará no Espiritismo condições de exercer a caridade mais ainda, de
aprimorar seus métodos de trabalho em favor do próximo, uma vez que a
Doutrina Espírita nos abre a mente para o infinito e nos ensina todas as
implicações da Lei de Causa e Efeito.

Valentim Lorenzetti

EM FACE DO
DIVÓRCIO

O divórcio volta à discussão em nosso País. Novamente os prós e os


contras se alinham e se confrontam. Prevê-se um combate bastante
acirrado, mais uma vez.

Qual a opinião do Espiritismo com respeito a esse assunto? É a favor ou


contra o divórcio?

O Espiritismo é a favor da fraternidade, do amor. É contra o farisaísmo,


como o próprio Jesus o foi. A Doutrina Espírita é interior, é vivência cristã:
não é pela prática exterior, pelo formalismo estereotipado, que
normalmente se fundamenta no caráter irresponsável dos homens.

Logo, sendo uma doutrina que mostra ao homem sua responsabilidade


perante o próximo, não pode o Espiritismo ser favorável ao casamento de
fachada, que leva, fatalmente, à separação legal ou ilegal. Entendamos
bem, o erro está na irresponsabilidade e não no casamento. Entretanto,
como certos casais já não se suportam mais, pois, cometida a
irresponsabilidade de um casamento irrefletido, começam até a se odiar, é
melhor lhes dar condições de separação legalmente. Melhor a separação do
que a continuidade dos erros.

Em nosso planeta, a grande maioria dos casamentos são expiações


impostas aos cônjuges. Não há, portanto, casamento integralmente feliz.
São expiatórios porque um dos cônjuges - ou os dois muito feriu o outro
numa encarnação anterior. Como a Lei Divina é de: pleno equilíbrio, o
credor volta na condição de cobrador. E, por mais que o devedor vá
protelando o pagamento da dívida, esta vai se acrescendo dos juros de
mora: fica mais difícil seu pagamento.

Assim, quase sempre um dos cônjuges foi vítima: o outro foi algoz. Ou os
dois foram contendores irreconciliáveis e muito se prejudicaram numa vida
anterior: precisam, dessa forma, retomar a uma nova vida, para juntos, se
reequilibrarem. Pois é da Lei que desequilíbrios cometidos a dois ou a
centenas, devem ser reajustados a dois ou a centenas. Os mesmos
personagens do passado devem passar por situações idênticas, hoje, a fim
de aproveitarem a oportunidade de reconstruir o que foi destruído.

Logo, se o Espiritismo não é contra o divórcio, por julgá-lo uma


necessidade devido à dureza dos corações humanos, não é favorável à vida
fácil em que os cônjuges podem trocar irresponsavelmente de par sem a
menor reflexão. A Doutrina Espírita nos alerta, ademais, que sempre que
somos colocados ao lado de outra pessoa, seja qual for nossa forma de
relacionamento (mãe, pai, filho, marido, mulher, etc.), é porque temos
alguma coisa a ajustar ou a sofrer junto com essa mesma pessoa. Ou é o
pai obrigado a dar carinho ao filho que desviou no passado: ou o marido
colocado diante de uma mulher que já não lhe inspira amor, justamente
porque no passado ele lhe conspurcou o amor.

Assim, mesmo com o divórcio, toda a separação conjugal exige muita


meditação e ponderação para ser efetivada. É possível que, separando-se,
um casal esteja protelando o pagamento de uma dívida. Convém, portanto,
que ambos meditem muito, e aquele que se sentir o maior devedor, que
ceda um pouco mais em favor do credor. Para que os juros da Lei não
sejam acrescentados à velha dívida .

Valentim Lorenzetti

NÃO PEDI PARA


NASCER

Num gesto de rebeldia contra os pais, é muito comum o jovem desabafar:


"eu não pedi para nascer; eles que me puseram no mundo, que me
agüentem assim como eu sou".

Vamos analisar este ponto de vista, isto é, a cômoda posição passiva que
leva o indivíduo a isentar-se da própria responsabilidade atribuindo seus
fracassos e insucessos sempre a outras pessoas. "Eu não pedi para nascer"
é o mesmo que dizer: "não tenho culpa de agir errado, meus pais é que
quiseram que eu nascesse". É um gesto de desleixo, pouco condizente
muitas vezes com a atitude exterior daqueles que o adotam; geralmente,
homens que procuram aparentar masculinidade ou mulheres que se dizem
adeptas da liberdade total. Liberdade total para os desmandos;
dependência total quanto às responsabilidades.

Pela lei da reencarnação, também não é certo dizermos que não pedimos
para nascer. Que não pedimos para reencarnar. Dizem-nos, os Espíritos
que no Plano Espiritual existem verdadeiras filas de espíritos esperando
oportunidade de reencarnar, oportunidade de progredir. Progresso esse só
possível ao Espírito lutando em novo corpo carnal. Ora, quem fica na fila é
porque quer, porque acha que deve chegar ao seu objetivo. Logo, quem
está na fila da reencarnação quer reencarnar, tem consciência de seu
desejo e sabe, em termos gerais quais são as provas e expiações a que
terá de se submeter visando à autopurificação.

Todos pedem para nascer. Mesmo aqueles Espíritos insconcientes devido a


seu estado de ignorância, fazem apelos inconscientementes;para
reencarnar. Apelos estes que são atendidos pelos Espíritos Superiores que
trabalham pela felicidade de todos. É falsa a afirmação de que não pedimos
para nascer, para reencarnar. É uma fuga das responsabilidades
assumidas.

Acreditemos ou não na reencarnação, todos estamos a ela sujeitos. Uma só


existência corporal é insuficiente para o Espírito galgar do primeiro ao
último degrau da evolução. Aliás, qual será o último degrau da evolução,
considerando-se o infinito que é o Universo? Logo, quando terminará a
longa escalada evolutiva do Espírito? É uma pergunta ainda difícil de ser
respondida; difícil, justamente porque estamos bastante distantes dos
graus mais adiantados na escala evolutiva. Não chegamos a compreender a
Eterna Perfeição, por isso ela nos parece impossível. Mas, no íntimo de
nosso ser, algo nos impulsiona a procurá-la; esse algo somos nós mesmos,
o Espírito imortal que somos - filhos de Deus, que, no fundo de nosso ser
aspiramos retornar ao Pai. Esse retorno se fará lenta ou rapidamente,
dependendo de nosso esforço, de nossa vontade de nos identificarmos com
a vontade do Criador, que é, principalmente, aquela que nos concita a amar
todas as demais criaturas.

Dizer que não pedimos para nascer não é um gesto que nos identifica com
a vontade do Criador. Ele sabe que pedimos para reencarnar, ou melhor,
que sentimos uma enorme necessidade de reencarnar. Do contrário,
ficaremos estacionados na ignorância. A reencarnação é uma necessidade
da qual ninguém escapa. E para reencarnar é preciso encontrarmos pai e
mãe que estejam dispostos a nos doar novo corpo: a nos dar uma nova
morada para nosso Espírito. Enfim, pai e mãe que concordem em nos
fornecer novo instrumento de trabalho para o nosso progresso espiritual. É
claro que na maioria das vezes os pais estão comprometidos - por débitos
ou amizades do passado - com os Espíritos que concordam em receber
como filhos. A responsabilidade de progresso é mútua, mas não exclui - em
hipótese alguma - a responsabilidade dos filhos.

Na sua revolta devida muitas vezes à sua acomodação ou à não-


conformação às Leis de Deus, o homem se volta contra os pais, dizendo-os
responsáveis pela sua própria existência. É que, não podendo atingir a
Deus, ele fere aqueles que identifica com o Criador: seus próprios pais. No
entanto, deve o homem saber que pai e mãe são meios por ele mesmo
utilizados para voltar à arena da luta na Terra, visando o seu próprio
progresso.

Valentim Lorenzetti

FALAR PARA QUEM QUER OUVIR


O espírita não deve ter a preocupação de converter quem quer que seja.
Deve, isso sim, preocupar- se em informar tudo sobre a Doutrina, desde que lhe
solicitem informações. Deve, na medida de seus conhecimentos, dar explicações
baseadas na lógica doutrinária aos problemas e aflições que seu semelhante lhe
apresentar. Nunca, porém, dizer: "Faça assim, que você vai melhorar". Dar ao
semelhante aos informações simples e corretas, que poderão ser utilizadas por
ele em benefício próprio; se ele quiser. Se a pessoa que nos pede informações e
dados achar que nossa resposta — a explicação da Doutrina — não lhe serve, é
um direito que não devemos, nem podemos, tomar- lhe. A responsabilidade de
melhorar ou piorar de vida é intransferível; cabe a cada indivíduo. Ao espírita
cabe tão somente fornecer às pessoas os elementos necessários à tomada
consciente dessa responsabilidade; daí para frente, o trabalho é do próprio
indivíduo.
Jesus, quando ensinava a multidão em geral ou as pessoas em particular,
nunca disse: "Não faça isto, que lhe acontecerá aquilo". Sempre propunha
parábolas, que são as melhores formas de estimular o raciocínio e de não ferir o
livre- arbítrio de ninguém. Dizia, por exemplo: "Havia uma pessoa que agiu
desta ou daquela forma e lhe aconteceu isto ou aquilo". Cada um que vestisse a
carapuça. Cada qual que fizesse as analogias, se colocasse no lugar do cidadão
referido na parábola, e tomasse as decisões que melhor achasse acertadas para o
seu caso. O desfecho daquele procedimento, Jesus já lhe havia dito pela
parábola. Cabia ao ouvinte agir. Jesus nunca o impediria de proceder como
melhor lhe aprouvesse. Entretanto, após ouvir a parábola, o ouvinte já estava
informado das conseqüências; se continuasse no caminho errado, seria muito
mais responsável. "Não foi por falta de aviso", como se costuma a dizer aos
amigos que erram.
A divulgação espírita deve, portanto, preocupar- se em informar,
esclarecer. Não deve se preocupar com quantidade, mas com qualidade. Não
deve ir buscar ninguém que não esteja interessado no Espiritismo, mas fazer
todo o possível para esclarecer aqueles que vão ao seu encontro. Nunca fugir às
explicações diante daqueles que procuram o Espiritismo; nunca se preocupar
em perder tempo com aqueles que não se interessam em ouvir nada sobre a
Doutrina. "Não dar pérolas aos porcos e também um ensinamento evangélico.
Os porcos nunca saberão o que fazer com as pérolas: é um presente muito
requintado para quem só se preocupa em comer. E que não escolhe a qualidade
da comida; contenta- se até com detritos. Não perder tempo, entretanto, em
convencer alguém, enquanto muitos estão à nossa espera, ansiosos para ouvir
explicações, para serem consolados pelo ensinamento evangélico.
O orador espírita deve também se preocupar em levar sua mensagem
para a média das pessoas. Não muito elevado, mas também não muito rasteiro
para não confundir as inteligências que estão exatamente lutando para sair do
lodo. Ter o bom senso para avaliar a capacidade de apreensão e compreensão do
auditório é responsabilidade de todo orador espírita. Não falar muito em
citações evangélicas, "ipsis literis", mas utilizar a essência de tais citações,
aplicando- as a fatos de nossos dias, a eventos ligados à vida da média do
auditório. Pois é preciso ter em mente também penetrar o entendimento dos
ouvintes daquela época; sua essência perene e universal, mas sua vestimenta, a
forma, é transitória e mortal - morre com a mudança dos costumes. Deve,
portanto, o orador "vestir" a essência evangélica com motivos atuais e próximos
de todos seus ouvintes. Do contrário, a palestra soará falsa, soará de uma
erudição ridícula. E o caso de falarmos, por exemplo, na linguagem bíblica, com
todos os vos e os "ides". Numa palestra informal, essa preocupação gera frases
ridículas.
Se a multidão vem até um Centro Espírita, é importante saber o que
realmente ela quer. Tomar nas mãos o material que ela nos oferece; o material
de suas preocupações e aflições. E, assim, jogar inicialmente a tábua para aquele
que se está afogando a fim de trazê-lo à margem. A seguir, se o candidato ao
afogamento estiver realmente interessado, ensiná-lo a nadar. Pois que todos
terão de aprender a nadar para vencer as correntes do rio da Vida. Mas muitos
não se sentem "maduros" para entrar na escola de natação; preferem sofrer
mais algumas experiências de afogamento. Porém devemos estar sempre
prontos a lhes jogar a tábua mais uma vez e, também, mais uma vez a lhes
respeitar o livre-arbítrio.
(De "Caminhos de Libertação", de Valentim Lorenzetti)

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