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O desfecho final: a punição para as duas desmedidas que levaram a outras mortes.
Édipo e Antígona
Para Sófocles, toda ação humana é suscetível de erro e os exemplos da mitologia são
bem expressivos.
É preciso, assim, saber reconhecer o valor da prudência.
Sem equilíbrio, o que demonstra a tragédia?
A peça trágica segue um caminho que demonstra o conflito entre as leis divinas e as leis
dos homens.
Sem prudência, não há equilíbrio entre as leis e entre os homens.
Aspecto teleológico: o que se visa?
Visa-se na peça teatral representar, de forma intrínseca, o valor de uma vida
equilibrada e centrada na razão (logos), com o ingresso da Democracia na vida dos
cidadãos gregos.
Põe-se assim fim nas tiranias aristocráticas.
O que representam Antígona e Creonte nos quadros da Democracia grega?
E na expectativa dos espectadores?
A personagem Antígona, juntamente com o seu tio e rei de Tebas, Creonte, são os
personagens principais.
Cada um deles sustenta seu ponto de vista e seus valores e assume posições bem
definidas.
De suas condutas se desencadeiam a sequência lógica da trama trágica.
A função de Sófocles, com o criador da tragédia e que recupera na tradição os mitos
gregos, é a função de guiar os destinos de seus personagens.
Sófocles demonstra que:
a consciência da vida na democracia, representada pelos espectadores, é melhor e mais
serena que a vida passada e narrada no palco, vivida outrora pela aristocracia.
O melhor caminho para se fazer justiça seria intercalar as leis humanas com as leis
universais.
Sófocles buscava demonstrar o valor de um ponto de harmonia dos desejos ali
envolvidos.
Mas o passado nada tem a ensinar ao presente?
V. Valores morais e pedagógicos: ethos e paideia
Antígona disputa com o Tio Creonte vários lugares na peça: o valor das leis divinas e
universais e naturais.
Estas dizem respeito ao mínimo de dignidade que um ser humano merece e por ele
deve lutar.
Para ela, enquanto uma mulher que tenta se fazer ouvir a partir de sua voz, há valores
universais que não se submetem aos caprichos de um déspota.
Por assim pensar, ela se considera no direito a executar o cerimonial de enterro do irmão
que lutou, não contra Tebas, mas que lutou também por seu reino.
• Para Irigaray,
• Antígona significa a transição: de uma norma legal, baseada na maternidade e no
parentesco, para a norma legal, baseada na paternidade.
7. Questões finais
• Qual a linhagem de Antígona na mitologia grega?
• O lugar simbólico da mãe é ocupado pelo pai, mas quem estabeleceu esses
lugares?
• Não se trata apenas de uma ênfase em lugares distintos? Não mais no lugar
simbólico da mãe, mas no lugar simbólico do pai?
A. Ironias:
• Antígona está fora dos termos da Polis, é uma estranha ou estrangeira à Polis.
• Mas sem ela a Polis não teria podido existir.
• As ironias são profundas. Hegel não entendeu sua complexidade, segundo Butler
e Irigaray.
• Antígona fala e age em público precisamente quando deveria estar reclusa no
âmbito privado.
• Sua voz de mulher, de alguém fora dos parâmetros políticos, masculinos,
equitativos, soa ali como um desafio ao Estado, ao equilíbrio da Polis.
• Mas ela é quem dá sentido de vida, de luta, de liberdade à Polis dominada pelo
tirano.
B. Hegel e o valor da Lei. Antígona e o valor da transgressão
• Para Hegel Antígona representa a lei dos deuses da família, do lar (combinando
mitologia grega e romana);
•
• C. Creonte representa a lei do Estado.
• Hegel insiste em que no conflito entre eles o parentesco deve ceder passagem a
um Estado autoritário, como árbitro final da justiça.
Antígona representa essa demarcação (este umbral) entre o parentesco e o Estado.
• Segundo a interpretação hegeliana de Antígona,
• há na tragédia uma separação do parentesco e do Estado, mas entre ambos há
uma relação essencial.
Ou seja,
• Não há Estado sem parentesco.
Não há cultura sem a simbologia conflitante de Antígona.
Não há patriarcado sem uma necessidade intrínseca
de demonstração de um matriarcado ultrapassado.
8. Questões.
De tudo isso, pode-se refletir algo com os gregos antigos e tais questões podem também
ser tomadas como roteiro de leitura da peça e de suas possibilidades interpretativas.
Entretanto, um roteiro é apenas uma possibilidade entre outras e não um traçado único
de definição de possibilidades:
1- Sobre o mito. O que Sófocles quer transmitir aos ouvintes e leitores?
2- O que significa o embate entre a lei divina e a lei dos homens. Quando termina uma
delas e começa a outra?
3- Há aqui discussões sobre o valor da cidadania? Em que sentido? O lugar da mulher
como cidadã estaria aqui sendo apresentado?
4- Quais os dilemas entre o interesse público e o interesse privado? É possível um senso de
temperança entre eles? Desejar é possibilitar?
5- Antígona o que representa? Qual o seu destino na tragédia e nas várias análises ao longo
da história? Como ela se faz representar na cidade? Diante das simbologias familiares?
6- Creonte o que representa? A lei dos homens? A lei positiva em que sentido?
7- Que leituras históricas e contemporâneas parecem mais aceitáveis e por que? A de
Hegel, de Lacan, de Beauvoir, de Irigaray ou de Butler? Fundamente sua resposta e
lembre-se de cada contexto histórico das bases de interpretação.