PROFESSORA: MALLÚ MENDONÇA
PROCESSO DECISÓRIO
Cursos: Administração e Sequenciais
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Estudo de caso: Entendendo as Gerações VETERANOS, BOOMERS, X e Y
As Gerações diferentes e a forma de gerir uma Organização
Imediatistas e irreverentes, os representantes da Geração Y chegam ao mercado de trabalho para mostrar
que falta de cerimônia pode ser excesso de competência
Estudante de marketing e estagiário da Shell há um ano
e meio, o paulistano Marco Doti, de 21 anos, se acha
amigo do chefe, não adapta seu discurso para se dirigir
aos superiores e é prova de que competência não
depende de formalidades. ''Às vezes falo com meu chefe
como falo com meus amigos. Ele não gosta muito, mas,
se estou lá até hoje, acredito que ele admire outras
qualidades em mim", diz. Apesar da irreverência, Doti
já ganhou moral na empresa ao conseguir uma proeza:
um estoque de brindes, cuja renovação da licença de uso
do fornecedor custaria à Shell mais de R$ 20 mil, saiu
de graça depois que o insistente estagiário propôs um
acordo vantajoso para ambas as partes. "Todos diziam
que eu não conseguiria.
Mas agendei a reunião e intimei meu chefe a ir
comigo", afirma Doti, que também já foi designado a
dar uma carona ao presidente da companhia. "Fui logo
avisando que no meu carro eu não era funcionário dele,
e durante o percurso, levamos um papo de igual para
igual. Não sei por que as pessoas têm medo ser
verdadeiras com os chefes."
A história traduz uma situação que acontece hoje nas
empresas. Enquanto os chefes, boa parte da geração X
(nascidos entre 1965 e 1977) e baby boomers (nascidos
entre 1946 e 1977), aqueles que têm mais de 30 anos,
espera uma atitude de certa reverência dos
subordinados, quem está abaixo na hierarquia nem
sempre associa cargo à autoridade. O respeito, para eles,
está ligado ao talento e habilidades dos profissionais
com quem trabalham. "As pessoas que eles admiram
profissionalmente são quem eles tratam como 'chefe'.
Não basta a autoridade do cargo. É necessário merecer
por outras vias", explica o consultor Rolando Pellicia,
do Hay Group, de gestão de pessoas, com sede em São
Paulo. Uma pesquisa feita pela Companhia de Talentos,
consultoria de São Paulo especializada em programas
de trainees, mostrou que 29% dos jovens esperam que
seu gestor seja um profissional em que as pessoas se
espelhem.
Uma das características da turma que está chegando às
empresas é que levam para o trabalho o comportamento
a que estão acostumados na casa dos pais. Falam de
igual para igual mesmo com os chefes, assim como
falam com os pais e nem sempre têm dimensão das
consequências de seus erros. "Como estão acostumados
ao computador e internet, tendem a ver seus erros como
algo não muito importante, exatamente como acontece
no vídeo game, em que podem reverter facilmente o que
Data: ___/____/____
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fizeram", diz o professor Moisés Balaciano. Muito
menos para trabalhar por anos em uma grande empresa.
"O medo que tínhamos dos chefes tem a ver com o
medo de perder o emprego", diz Rolando. Como esses
jovens não fazem tanta questão do emprego e enxergam
outras maneiras de trabalhar, esse medo desapareceu e
foi trocado pelo respeito a quem merece, na visão
própria dessa
geração.
Mas o fato é que as empresas precisam desses jovens.
Ao mesmo tempo eles são inovadores, rápidos e
atualizam a gestão com o que está acontecendo no
mundo on-line, só para citar algumas vantagens. "Não
podemos abrir mão deles, mas temos que orientar para o
trabalho para que se adequem ao ambiente", diz Arlete,
gerente de Recursos Humanos da Wickbold. Por isso as
empresas estão criando programas para lidar com esse
encontro – e os conflitos que ele causa – de gerações. A
IBM criou um serviço para atender as ansiedades dos
pais dos jovens que fazem parte de seu quadro. Sim, os
pais. Como moram ainda na casa onde cresceram, esses
jovens carregam para a empresa algumas características
do relacionamento familiar. "Um dos candidatos ao
estágio trouxe a mãe junto para acompanhá-lo no dia da
seleção. Os pais participam", diz Américo Figueiredo,
diretor de RH da Nextel, de telefonia, em São Paulo.
Os gestores da Nextel, que tem 67% do quadro de
funcionários na faixa etária que compreende a Geração
Y, já perceberam que dar feedback a essa geração
também precisa ser diferente. Se eles vêm vestidos com
roupas ousadas demais para o ambiente de trabalho,
uma queixa comum dos gestores, não adianta o diretor
de RH mandar um e-mail puxando a orelha. "Eles não
darão a mínima. Vão deletar sem ler. Tem que pedir
para a Gloria Khalil ou alguém que eles respeitem nessa
área escrever isso, entende?", diz Américo. Na Nextel,
todos os gerentes e diretores vêm sendo preparados para
lidar com esses jovens.
O termo geração Facebook, criado por Gary Hammel,
guru de gestão norte americano, tem a ver com o fato de
que esses profissionais cresceram conectados às redes
sociais, lugares democráticos e onde a resposta a
questões ou atitudes é bem rápida. "Percebemos que os
jovens entram na empresa procurando uma extensão
desse ambiente", diz Elcio Trajano Jr., diretor de
Recursos Humanos da Serasa, empresa de crédito com
sede em São Paulo. Ou seja, querem rapidez nas
movimentações de carreira, mas isso acaba passando
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um pouco de arrogância e impaciência aos chefes, que do momento socioeconômico e histórico em que ela se
muitas vezes não estão acostumados", diz Elcio. Por desenvolve. A mais experiente, e ainda na ativa, é
conta disso, a Serasa criou um programa com 15 chamada de Geração dos Veteranos, formada por
profissionais para dar aconselhamento e coach para pessoas hoje que têm entre 83 e 63 anos,
gestores. E estão colocando seus jovens para liderar aproximadamente, nascidas entre duas guerras mundiais
projetos. "Eles não se importam com o cargo, mas e educada para valorizar o trabalho, obedecer
querem liderar e fazer coisas novas", diz Elcio. hierarquias e não comprar nada que não possa pagar à
No momento da liderança, no entanto, essa impaciência vista – afinal, nunca se sabe o dia de amanhã. A turma
também aparece. "Eles não são muito bons no feedback entre os 63 e 43 anos forma a geração dos Boomers,
porque não tem paciência para conversas longas. Falam sedenta ascensão profissional, fiel às organizações e
na mesma linguagem do MSN", diz Rolando. Aliás, o crente no poder de mudar o mundo politicamente –
acesso a essas maneiras de comunicação online, como principalmente as mulheres, que querem fazer valer os
os programas de mensagens instantâneas, é algo que as direitos conquistados depois de queimarem os sutiãs. Na
empresas também vêm mudando. A IBM, que tem 40% sequência vem Geração X, que compreende a faixa
de seus funcionários na faixa etária de até 29 anos, etária entre os 43 e 31 anos, assim chamada por falta de
muitos em cargos de média-chefia, como supervisores, denominação melhor.
gerentes e analistas, liberou o uso de sites como Orkut, Mais apática politicamente, refletindo a desilusão da
Twitter, Facebook, Youtube e MSN, durante o geração anterior, ela busca um equilíbrio entre a vida
expediente. "Concluímos que essa geração precisa profissional e pessoal e já não dá importância para tanta
dessas ferramentas e busca a colaboração para o formalidade no ambiente de trabalho, mantendo a
desenvolvimento e enriquecimento de seu trabalho lá. fidelidade aos seus ideais pessoais, e não aos da
As redes de relacionamento estão, assim, liberadas para organização. E já não vê com bons olhos um currículo
uso de trabalho", afirma o diretor de RH da IBM Brasil de 20 anos de trabalho para a mesma empresa. Já a
Osvaldo Nascimento, para quem as Geração Y e Geração Y, de filhos superprotegidos e acostumados a
Facebook trazem muito mais vantagens do que terem o que querem para compensar a ausência dos pais
desvantagens para os negócios da companhia. A IBM workahoclics, exige esse equilíbrio entre o profissional
também faz questão de ser flexível com os horários, e o pessoal, é agitada, inquieta e sabe como nenhuma
algo importante para essa turma que chegou há pouco. outra lidar com a tecnologia. Por ter crescido com
"Se o funcionário consegue cumprir seus objetivos e amplo acesso ao conhecimento (que outra geração pôde
ainda tem tempo para conversar na internet, mérito dele. contar com a internet ou as centenas de canal de TV a
E se vão realizar seu trabalho de dia ou à noite, não cabo?), muitas vezes se passa por prepotente e
importa, contanto que cumpram as metas", diz petulante, mas é preciso admitir que esses jovens entre
Nascimento. 31 e 8 anos de idade realmente têm muita a ensinar aos
Entendendo as gerações mais velhos.
A consultora Luciana Guedes Pinto, da Trajeto RH,
explica que o comportamento de cada geração depende
VETERANOS BOOMERS GERAÇÃO X GERAÇÃO Y
Nascidos entre Nascidos entre Nascidos entre Nascidos entre
1922 e 1945 1945 e 1965 1966 e 1977 1978 e 2000
Otimistas
Cresceram entre duas guerras
Otimistas em relação a mudança do Céticos e politicamente apáticos, em relação ao futuro e
mundiais e foram educados para
mundo político, viveram uma fase de refletem as frustrações da geração comprometidos em mudar o
a disciplina rígida e o respeito às
engajamento contra ditaduras e anterior e assumem a posição de mundo na esfera ecológica. Têm
hierarquias. O amor à pátria é
poderes tiranos. expectadores da cena política. senso de justiça social e se
um valor absoluto.
engajam em voluntariados.
Workaholics, valorizam o status e o São extremamente informais,
Gostam da informalidade no
No trabalho, valorizam o crescimento profissional. São agitados, ansiosos e impacientes
trabalho e buscam o equilíbrio
comprometimento e a lealdade. políticos, formam alianças para e imediatistas. Acompanham a
entre a vida profissional e pessoal.
atingirem seus objetivos. velocidade da internet.
Como consumidores, evitam São responsáveis pelo estilo de vida Sentem-se a vontade Tecnologia e diversidade são
parcelamento e privilegiam as que se tem hoje, de conquistas com a tecnologia e já têm gosto coisas naturais na vida. Usam
compras à vista. Investem de materiais, como casa, carro e acesso pelo consumo de equipamentos todos os recursos do celular e
forma conservadora, sem riscos. ao entretenimento. eletrônicos. precisam estar conectados.
Nem todos se fidelizam às A falta de cerimônia com os pais
Como funcionários, abem
Funcionários fiéis às organizações organizações; priorizam os leva à indiferença sobre
aguardar a hora certa para
em que trabalham, fazem vínculo interesses pessoais e não vêem autoridade. Admiram a
receberem a recompensa pelo
com a empresa. 20 a 30 anos. com bons olhos um currículo de 20 competência real e não a
trabalho.
anos numa mesma empresa. hierarquia.
Acreditam na lógica e não na Necessitam de justificativas Trabalham com entusiasmo Vivem com sobrecarga de
magia. Têm religião, mas sem profundas e estruturadas para quando possuem foco definido e informações, dificultando a
superstição. tomar decisões. têm necessidade de feedback. correlação de conteúdos.
Referência: Entendendo As Gerações Veteranos, Boomers, X E Y. Disponível em:
http://www.pucsp.br/estagios/entendendo-geracoes-veteranos-boomers-x-e-y Acesso. 10 ago.16