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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV JACOBINA


CURSO DE LETRAS, LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS
SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA II
SEMESTRE 2018.2
DOCENTE: Paulo André Carvalho Correia
DISCENTE: Jobervan Rios Evangelista Filho

RESENHA CRÍTICA

MERA coincidência. Direção: Barry Levinson. Produção: Robert De Niro, Barry


Levinson e Jane Rosenthal. Roteiro: Hilary Henkin e David Mamet. Intérpretes: Anne
Heche, Dustin Hoffman, Robert De Niro. Música: Mark Knopfler. Estados Unidos:
Batimore Pictures, 1997. 1 DVD (97 min).

Com produção de Barry Levinson e interpretado por nomes de peso como Robert
De Niro e Dustin Hoffman, Mera Coincidência (“Wave the Dog”, título original) trata da
manipulação midiática e informacional como ferramenta ideológica capaz de definir os
rumos político-sociais de um povo e de uma nação. Apesar da gravidade e relevância do
tema, este filme – baseado na obra “American Hero”, de Larry Beinhart – tem como
principal característica a comédia atrelada à trama política.
O enredo gira em torno de uma campanha pela presidência dos Estados Unidos, a
qual se vê abalada quando o candidato e atual presidente é acusado de se envolver em um
escândalo sexual com uma menor de idade. Para resolver este imbróglio e trazer de volta
os votos e a confiança da população em favor do presidente, o assessor Conrad Bean
(Robert De Niro), especializado em situações de crise, se associa ao produtor
cinematográfico Stanley Motss (Dustin Roffman) para forjar uma guerra e desviar o foco
do público até então centrado na indecorosa conduta do líder político.
Para dar credibilidade à batalha fictícia, assessor e produtor se firmam à tese de
que enquanto a televisão mostrar que existe uma guerra, assim será também a convicção
da população. Deste modo, são investidos recursos em uma grande produção audiovisual
posteriormente transmitida nos noticiários, o que vem a incutir no imaginário nacional a
existência de uma luta armada no território albanês.
Com um enredo recheado de reviravoltas, a primeira dificuldade se estabelece
quando a CIA (agência de inteligência e segurança nacional norte-americana) descobre e
intervém nos planos da cúpula presidencial ao desmentir a existência de uma guerra.
Todavia, a narrativa fantasiosa se intensifica ao ser veiculado que o Sargento William
Schumann (Woody Harrelson) é deixado para trás nas linhas inimigas.
Inicia-se então a construção de um ídolo com o movimento pró-libertação do
“sapato velho”, alcunha dada ao Sargento a partir da associação a uma música também
propositalmente promovida nos meios de comunicação para se estabelecer a figura de um
mártir e um herói nacional. Mesmo a morte inesperada e acidental do Sargento não é
suficiente para ruir tal construção ficcional, o que vem a garantir o sucesso da campanha
eleitoral e a reeleição do presidente americano.
O problema focalizado na obra gira em torno de como os pleitos políticos podem
ser influenciados por grupos que detêm o controle dos canais de comunicação. Fica
evidenciado a força e o poder que a linguagem possui, especialmente quando se observa
a capacidade de manipulação e controle das massas a partir da veiculação de propagandas
e até mesmo de informações nos noticiários nacionais.
Apesar de se inserir no contexto norte-americano – habituado a conviver com
escândalos políticos sucessivos –, um dos méritos do filme está em demonstrar a
universalidade do controle social característico aos meios de comunicação audiovisual.
A obra leva à reflexão na medida em que demonstra a força dos discursos políticos,
baseados em noções de patriotismo e comoção popular.
Desta forma, põe-se em xeque a credibilidade e a imparcialidade dos meios de
comunicação, levando o telespectador a refletir acerca de sua real capacidade de
intervenção no destino político do país. Além disso, vê-se que os ideais de liberdade e
democracia são questionados, uma vez que servem como meios de aprisionamento e
subserviência de um povo aos ideais e projetos de um pequeno grupo dominante.
Outro mérito da obra está em balancear a gravidade destas reflexões com a
condução narrativa permeada pela leveza de um humor satírico e inteligente, aspecto este
reforçado pela composição musical característica dos acordes melódicos e animados de
Mark Knopfler, líder da banda britânica Dire Straits.
Apesar da relevância de um tema que não se esgota e merece reflexão contínua
não só nos momentos de crise ou pleitos políticos, este filme de Barry Levinson peca ao
caricaturar de forma exagerada os agentes que determinam a condução da sociedade.
Desta forma, a trama não estabelece de forma clara os limites existentes entre o “glamour
hollywoodiano” e o profissionalismo político, prejudicando a reflexão crítica da tese
proposta.
Estes aspectos, contudo, não vêm a retirar a valia de reflexão e discernimento
político da obra. Trata-se de uma produção direcionada para adolescentes e adultos que
além de divertir com um humor ácido e ótimas atuações, traz à tona o poder da linguagem
e da ideologia como ferramentas de extremo perigo para aqueles que não se permitem
uma constante vigilância crítica dos meios de dominação e das instituições sociais.

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