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NACIONAIS-ACHERON
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NACIONAIS-ACHERON
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Inesperado
2ª Edição
Capa: Evilane Oliveira
Diagramação digital: April Kroes
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Índice
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
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Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Epílogo
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SINOPSE
Melissa conheceu o amor cedo e antes que pudesse imaginar também
o perdeu. Mel é dedicada e sonhadora. Tyler foi seu primeiro e único amor,
chegou a Seattle pronta para esquecê-lo, mas ela sabe que não vai ser nada
fácil.
Durante um ano depois dessa noite, eles se afastaram, não são mais
amigos e muito menos colegas. Mel mascarou o sentimento que sentia por
Pietro sempre que o via e Pietro sempre deixou seu desejo por ela no escuro.
Mas então bastaram se aproximar novamente para verem que um está sob a
pele do outro. E nada vai ser uma barreira para o amor e o desejo dos dois.
Nada.
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Capítulo Um
Melissa
chorar, mas além de tudo isso sei que ele é um homem muito bom. Sorrio
com meus pensamentos.
Depois de quase seis doses de tequila eu estou chorando. Sim.
Chorando. Pietro me olha e sorri me puxando para seus braços.
— Sabe... eu gosto da Clara, sempre gostei. Mas eu nunca a vi tão feliz
como vejo agora, grávida e com ele ao seu lado. Eu gosto de ver seu sorriso.
Eu me sinto bem sabendo que ela encontrou a felicidade. — Ele sussurra e
depois beija minha cabeça.
Suspiro e limpo minhas lágrimas. Pietro está tão certo. Nunca vi Ty tão
feliz como hoje quando ele me contou do bebê. Seus olhos brilhavam e eu
entendi. É difícil? Sim, muito, mas... eu só quero vê-lo feliz. E se ela é sua
felicidade, que eles fiquem juntos.
Depois de Pietro pagar nossas bebidas — ele não deixou eu pagar as
minhas — saímos da boate e entramos em um táxi.
— Primeiro vou te deixar em casa, ok? — Ele diz me puxando para
seus braços novamente.
— Não. — Digo rapidamente. — É... eu posso dormir na sua casa?
Digo... eu... Só não quero que Connor me veja assim sabe? — Falo
suspirando.
— Tudo bem. Vamos para casa. — Ele acena. Aninho-me em seus
braços e respiro seu cheiro de sabonete. É muito bom!
Depois disso eu transei com ele e vim parar aqui no seu banheiro.
Minha santa protetora, das bêbadas e apaixonadas, me dê força para sair
desse banheiro sem surtar no quarto ao ver Pietro novamente. Como pude
pedir para vir para sua casa?
Olho-me no espelho e faço um coque alto nos cabelos. Não sei o que eu
fiz para merecer acordar descabelada e saciada sexualmente falando. Uma
coisa eu tenho que admitir, Pietro é muito bom na cama.
O que eu estou falando? Cala a boca, Melissa!
Preciso de água. Muita na verdade.
Ligo a torneira e molho meu rosto e pescoço tentando me aliviar do
calor que senti ao reviver nossa noite. Não pense nisso!
Saio do banheiro dez minutos depois vestida com minhas roupas e com
o coque horrível que fiz. Dou graças a Deus quando não vejo Pietro na cama.
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A cama!
Como transei com meu amigo? Questiono-me novamente. Como fui
capaz de tentar mascarar minha dor fazendo sexo com outra pessoa que está
sofrendo tanto quanto eu, pela mulher que é dona do cara que sou apaixonada
desde a adolescência?
Burra. Burra. Burra.
Pego minha bolsa e as chaves, de cima da cadeira de sua escrivaninha.
Saio na ponta dos pés de seu apartamento, mas ainda escuto o barulho da
água no quarto ao lado do que eu estava.
É melhor assim! Menos constrangimento para nós dois.
Quando chego a minha casa corro para o banheiro. Tomo um banho
rápido e vou tomar café com minha família. Todos estão cansados então logo
voltamos para nossos quartos. Mais tarde quando saio do banheiro Nicole
está entrando no meu quarto. Como não pensei nela? Minha cunhada.
Caramba isso está fora de controle.
Depois de ela sair me deixando ainda mais culpada, eu me jogo na
cama tentando esquecer os beijos que troquei com o cunhado do meu irmão.
Que família nós formamos.
Dias atuais...
— Porque eu fiz escolhas ruins que te magoaram. Sim, eu preferia
morrer a ser humano, preferia morrer agora a passar vários anos com você,
para perdê-la quando estiver velho e você ainda ser você. Preferia morrer
agora a passar meus últimos anos, lembrando como era bom e como eu era
feliz. Porque eu sou assim, Elena, e eu não vou mudar. E não há desculpas
no mundo que englobe todas as razões de eu não ser o cara certo para você.
— Tudo bem. Mas eu não lamento. Não lamento ter te conhecido. Nem
que isso tenha me feito questionar tudo. E na morte é você quem mais faz
com que eu me sinta viva. Você tem sido uma pessoa horrível. Você fez todas
as escolhas erradas. E de todas as que eu já fiz, esta deve ser a pior, mas não
lamento estar apaixonada por você. Eu amo você, Damon "
Olho mais uma vez para minha cunhada e limpo as lágrimas que
desceram depois de uma sequência de The Vampire Diaries. Nicole
simplesmente me convocou para assistir, eu não queria, mas eu estou
completamente apaixonada por Damon. Eu e Nick soluçamos ao mesmo
tempo e desligamos a TV.
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Depois do que aconteceu nós não nos falamos, mas somente ele me
vem à cabeça quando a palavra apaixonada surge.
Pietro.
Lógico que eu não sou apaixonada por ele. É óbvio que não, mas
ultimamente nós nos esquecemos e eu sinto saudade. Somente isso. Saudades
da nossa amizade. Minha cabeça que gosta de pensar demais. Não existe isso.
Depois da noite “M” (M de maravilhosa), não conversamos sobre ela,
ele veio até mim e quis conversar, mas não respondi nada, somente disse que
deveríamos esquecê-la. Para sempre. E ele seguiu meu conselho.
Hoje ele está namorando. Kimberley é o nome da garota. Ela é legal,
mas... Ainda não me acostumei vê-la sempre com ele e sei que ela não gosta
de mim. Uma vez Nicole deixou escapar e eu já sentia então..., Mas com o
tempo vou acostumar a vê-los juntos e claro, ignorar ela. Com certeza.
— Tudo bem. Não vou te perturbar mais..., mas quando o outro cara
chegar você vai me dizer se eu não estava certa. — Kyara fala e eu suspiro
revirando os olhos.
Besteira!
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Capítulo Dois
Melissa
Entro em minha sala de aula atrasada. O professor olha feio para mim,
mas dou meu melhor sorriso e me esquivo das cadeiras tentando chegar a
minha. Odeio estar atrasada. Odeio ter toda a atenção da sala voltada para
mim.
Deslizo pela minha cadeira e tento me concentrar em tudo que deixa a
boca do professor. É difícil, mas depois que relaxo, absorvo tudo com mais
facilidade.
Escolhi literatura inglesa, pois gosto de ler tudo e claro, também gosto
de escrever. Desde pequena sempre quis ler todos os livros da minha casa, e
escrever meus pensamentos em diários ou qualquer caderno que estivesse por
perto. Comecei a me aventurar de verdade no mundo da escrita quando eu
tinha dezesseis anos, eu tenho um livro já completo, mas nunca tive coragem
suficiente para apostar nesse “sonho”.
O livro é um romance e por incrível que pareça eu adoro ler trechos
dele quando estou livre. Às vezes só abro na página e começo a absorver
tudo, e em poucos segundos já sei o que vai acontecer em seguida e o que
aconteceu anteriormente. Algumas vezes acho que é algum tipo de loucura,
mas é apaixonante e eu me envolvo. Então só me deixo apreciar o
romantismo dos personagens principais e depois já estou sorrindo feito uma
boba por aquelas palavras terem saído de mim.
É, acho que é loucura mesmo.
Saio da sala depois de mais de trinta minutos. Encontro Kyara
conversando com meu irmão, Dylan, e estranho já que eles nunca conversam.
Chego devagar e pulo na frente deles.
— Melissa! — Dylan leva a mão ao coração, surpreso, e eu gargalho.
— Oi gente. — Digo depois de me recuperar do ataque de risos. — O
que estavam conversando? — Olho para minha amiga. Ela suspira sorrindo
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tensa.
— Nada. Só perguntei por você a Dylan. — Ela responde e Dylan
franze as sobrancelhas. — Não foi, Dylan? — Ela o olha questionando.
— Foi. E eu já ia responder que não tinha te visto. — Ele responde e
depois olha para Kya. — Agora tenho que ir. Tenho um encontro com uma
gatinha do segundo ano. — Ele pisca e sai na direção oposta.
— Seu irmão é tão idiota! — Ela fala com um suspiro e eu a olho
estranho. Mas não pergunto nada. Vai saber, né?
— Você já devia saber disso. Agora vamos, pois estou com fome. —
Pego sua mão e saímos em direção ao refeitório.
Chego a minha casa exausta, então só me deito e apago pelo resto da
tarde. Acordo com batidas na porta e me pergunto por que Dylan não leva a
porra da chave dele. Cara chato.
Abro a porta e logo volto para me jogar no sofá.
— Gostaria que você levasse a chave para eu não ter que me levantar,
sabe? Fizemos cópias para isso. E só para você saber eu estava dormindo e
adivinha? Você me acordou! — Digo colocando uma almofada no rosto.
Espero ele falar alguma merda, mas o que escuto é bem pior.
Muito pior, na verdade.
— É... Hum... desculpe lhe acordar, mas eu acabei de chegar ao
prédio... — Eu pulo do sofá e puxo minha blusa para cobrir minhas pernas.
— É... Então eu não tenho açúcar em minha casa e então pensei em
pedir ao vizinho... Meu Deus me desculpa mesmo. Eu... já vou indo.
Desculpa-me mesmo. — Ele me dá as costas indo em direção a porta da
frente, mas corro atrás dele.
— Não. Perdoe-me, é que pensei que era meu irmão... eu tenho
açúcar... Então se quiser só espera um minuto que trago para você! Ok? —
Pergunto e ele sorri relaxado. Paro e o observo constatando que ele é lindo.
Ele deve ser mais alto que eu, uns trinta centímetros. Meu vizinho veste
uma calça jeans e uma blusa cinza apertada. Ele tem os braços enormes e
cheios de tatuagens. E eu acho que acabei de me apaixonar.
— Ok! — Saio do meu transe e ele me olha estranho. Claro, eu estava o
secando na cara de pau.
Suspiro e corro para a cozinha. Pego o açúcar no armário e volto para a
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sala. Ele está no mesmo lugar onde o deixei; porta. Que mal-educada
Melissa! Mas se já o assustei quando olhava para seu corpo, lógico que não
vou chamar para entrar, ele vai pensar que eu quero transar com ele.
E você quer, Melissa?
Pensamento estúpido. Lógico que não. Eu também não convidaria um
estranho para entrar. Não estou louca.
— É... Está aqui. — Entrego em suas mãos e ele arregala os olhos.
— Hey... Não precisava ser um pacote. Vou fazer compras em breve...
— O corto.
— Não tem problema. Entenda como um presente de boas-vindas ao
prédio! — Digo e ele sorri abertamente. Esse sorriso. Que lindo!
— Muito obrigado! É... Nos vemos por aí! — Ele fala e começa a andar
para trás coçando seu pescoço.
— Ok!
Depois que fecho a porta começo a me estapear. Como me transformei
nessa vadia? Volto para meu quarto e tomo banho. Depois que saio enrolada
na toalha, começo a conversar com Kyara pelo celular.
— Ele era bonito mesmo?
— Bonito? Ele era muito lindo.
— Mas vocês ficaram? Tipo, não rolou nem um beijinho?
— Você é louca? Só de comer ele com os olhos estou me sentindo
diferente!
— Mas...
— Nada de “mas”.
— Tudo bem... Vamos sair? Estava pensando em ir aquele bar que
inaugurou semana passada. O que acha?
— Tudo bem. Passo aí em uma hora.
— Beleza! Pegue sua roupa mais sexy, pois vamos encontrar um boy
magia hoje.
— Ok...
Desligo revirando os olhos e pulo da cama. Pego o primeiro jeans que
vejo no guarda-roupa e o visto. Kyara parece que é louca. “Roupa sexy”? Eu
não tenho isso. Escolho uma lingerie preta e uma blusa curta de manga longa.
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Término de secar o cabelo e faço alguns cachos nas pontas. Ficou lindo,
meu cabelo não é longo, mas também não é tão curto, eu gosto. Pego meu
coturno preto e passo um pouco de batom, delineador e rímel. E estou pronta!
Até que fiquei apresentável.
Sorrio com o pensamento.
Entro no bar vinte minutos depois com Kyara ao meu lado. Seus olhos
vagueiam pelas pessoas que estão sentadas em algumas mesas e depois volta
para o bar.
Saio na sua frente e me sento. Peço uma cerveja ao barman, mas o filho
da mãe me pede a identidade. Suspiro e dou meu sorriso mais perfeito tirando
minha “id” falsa e esfregando na cara desse pé no saco. Cara chato.
Depois de pegar minha bebida Kyara chega.
— Hey... Você me deixou sozinha. — Ela diz me empurrando devagar.
— Eu? Foi você que não estava prestando atenção em mim. Estava
procurando alguém? — Pergunto e ela sacode a cabeça.
— Não.
Depois de mais duas rodadas de cerveja, Kyara me arrasta para a pista
de dança. Tem poucas pessoas, mas como o lugar é pequeno ficamos todos
apertados.
Balanço meu quadril ao som de alguma música muito legal que não
faço ideia do nome. Arregalo os olhos, surpresa, ao ver Kyara se beijando
com um cara. Não que ela seja lésbica, só que ela não fica assim do nada com
um estranho. Eu acho idiota, mas ela sempre me dizia isso então a deixava de
vela me vendo ficar com alguém.
Volto a dançar e logo sinto duas mãos em minha cintura. Viro-me e dou
de cara com um homem. Ele tem minha altura e é um pouco magro demais.
Coloco meu sorriso mais falso e tiro suas mãos de mim. Dou graças a Deus
que ele entende e vai embora. Ele não fazia meu tipo e hoje não estou a fim
de ficar com ninguém.
Volto para o bar depois de avisar a Kyara visualmente que vinha para
cá. Relaxo, sentada, e olho para o lado. Meu corpo fica tenso e antes que eu
pudesse fingir que não a vi, ela sorri falsamente para mim e carrega ele até
onde estou.
— Hey... — Digo estranha. O que eu digo para ela?
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Sinto uma mão puxando o meu braço e quase caio, mas antes a outra
mão me segura pela cintura. Pietro. Seu cheiro invade meu espaço pessoal e
merda. É ele.
— Precisamos conversar. — Sua voz chega aos meus ouvidos e
memórias da noite “M” preenchem minha mente.
— Melissa... — Meu nome saía grave de sua boca enquanto ele
empurrava dentro de mim. — Goze para mim... — Depois que ele fala, eu me
desfiz em pedaços ao seu redor. Tudo escureceu em minha mente. Só o
prazer ficou.
— Hey... Eu disse que precisamos conversar. Você ouviu? — Ele me
tira dos meus pensamentos e eu aceno envergonhada.
— Hã... O que é? — Pergunto e olho em seus olhos castanhos. Afasto-
me dele.
— Por que foi embora, ontem? Digo, assim que cheguei você foi. Eu
não entendi. — Ele diz e começa a bater o pé direito no chão.
— Todos sabem que sua namorada não gosta de mim, Pietro... eu só
não queria briga para você. — Digo e ele revira os olhos pronto para falar
algo.
— Você sabe...
— Estou atrapalhando alguma coisa? — Kimberley fala aparecendo do
nada. Ela sorri ao abraçar Pietro e eu desvio os olhos.
— Nenhum pouco. Já estou de saída... Tchau Pietro, Tchau Kimberley.
— Afasto-me e entro na minha sala.
De onde essa louca saiu?
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Capítulo Três
Melissa
— Hey! — Viro e vejo Kyara andar em minha direção com outra garota
ao seu lado. Essa eu não conhecia.
— Queria te apresentar Hilary. Ela é caloura como nós, mas ela é ainda
mais caloura que a gente, entende? — Kya fala sorrindo enquanto mexe no
cabelo.
— Não, eu não entendi. — Digo rindo de Kyara. — Meu nome é
Melissa e seja muito bem-vinda. — Digo sorrindo. Hilary é mais baixinha
que eu e é morena. Seus olhos são da cor de Whisky e seus cabelos são lisos
e retos até a altura dos ombros.
— Obrigada, Melissa. Kyara só quis dizer que cheguei agora aqui.
Vocês já estão com o que? Um ano? Eu cheguei agora literalmente. — Ela
explica e eu sorrio já gostando de seu jeito simpático.
— Sim, estamos. Então... — Kyara começa a falar, mas deixa no ar ao
olhar para frente.
Eu e Hilary viramos e vejo Pietro e Kimberley andando em nossa
direção. Sorrio forçado. Por que eles não me esquecem?
— Hey, Mel... — Ele me cumprimenta e eu aceno.
— Oi, Pietro. — Ele fica mudando o peso do pé de um lado para o
outro enquanto Kimberley fica revirando os olhos. Chata.
— É que Nicole me ligou e pediu para avisar que ela está em casa te
esperando. Ela tentou te ligar, mas estava indo para caixa postal. — Pietro
termina de falar e eu pego minha bolsa procurando meu celular.
— É... Eu me esqueci de ligá-lo depois que sai da aula. Obrigada. —
Digo depois que acho o celular e o olho.
— De nada. Vou passar lá agora... Você quer carona? — Ele pergunta.
Kimberley e eu olhamos chocadas para ele. — E aí? — Ele pergunta
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novamente.
— Amor... Nós vamos encontrar minha irmã agora. — Kimberley fala
segurando a mão dele.
— Você pode ir sozinha, Kim. É que eu preciso conversar com minha
irmã. Depois que sai da casa dela eu te pego ok? — Ele fala ainda sem a
olhar.
— Ok... Tudo bem! — Ela pega o rosto dele o fazendo olhá-la e depois
o beija. Não um selinho. Um beijo de verdade.
Sinto um incômodo em meu peito, mas deixo passar. Depois do beijo,
ela se despede e vai embora. Ele fica aqui me olhando envergonhado, mas ajo
naturalmente, então ele logo relaxa.
— É... Pietro, eu acho melhor eu ir com a... — Ele interrompe minha
fala.
— Não. — Ele só fala isso enquanto me olha sério. Merda. Suspiro e
me viro para as meninas.
— É... Eu vou indo. Seja bem-vinda a faculdade Hilary, e ao clube das
solitárias. No caso, eu e Kyara. — Digo e ela sorri.
— Hey... Você é solitária quando quer e eu não sou de modo algum.
Até parece que você não me arrastou do bar ontem e deixou meu boy lá. —
Kyara reclama.
— Ok, ok. Deixa de ser chata e, por favor, não tente arruinar a pessoa
linda e simpática que Hilary é. — digo e elas saem em direção ao
estacionamento com Kya bufando.
— Amiga nova? — Pietro pergunta.
— Acabei de conhecer. — Digo e ele acena.
Ficamos em um silêncio chato até entrarmos em seu carro. Acho que
não estou me sentindo bem, não sei o que estou sentindo exatamente, mas é
um incômodo em minha barriga. Respiro fundo tentando disfarçar a dorzinha.
— Você está bem? — Pietro pergunta e coloca sua mão em minha
coxa. Pulo com seu toque e ele me olha alarmado.
— É... Estou. — Digo e ele continua me olhando e seus olhos estão
completamente questionadores. — É só um incômodo, vai passar logo, logo...
— Digo e suspiro.
— Sim, mas estava falando se está bem com essa situação? Tipo... você
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sua cara.
— Eu preciso conhecer ele. Tipo eu vou te empurrar para ele. Vocês
vão se casar e terão gêmeos. Já planejei tudo. — Arregalo os olhos com o que
fala.
— Sai daí Nicole. Não quero bebês agora e muito menos dois deles. A
ajuda para dar uns beijinhos e até algo mais, eu gostaria. — Digo rindo e me
dá uma tapinha de brincadeira.
— Você não presta. Fica com essa pose de fodona, mas não teria
coragem de fazer realmente... — Ela diz, mas não termina, pois Pietro entra
na sala vermelho de raiva.
— É... Está tudo bem? — Pergunto, mas ele não responde apenas fica
olhando para mim e para sua irmã.
— Pietro Victor, Melissa lhe fez uma pergunta. — Ela o olha com
repreensão.
— Não foi nada. Agora podemos almoçar e ir para a clínica? — Ele
pergunta sem olhar para nenhuma de nós duas.
— Claro. Vamos. — Nicole é a primeira a sair da sala e ir para a
cozinha ver o almoço.
— Vamos? — Ele pergunta e eu aceno confirmando.
Depois do almoço fomos para a clínica. No final Connor apareceu e foi
uma briga por que Pietro queria entrar em seu lugar. Mas Nicole escolheu o
irmão para entrar, depois ele saiu todo emocionado ao lado da irmã que
também estava. Disseram que Abby estava chupando o dedinho e foi a coisa
mais linda que eles dois viram. Meu irmão ficou emburrado, mas Nicole
pediu ao médico para tirar uma foto e deu para ele, que também se
emocionou olhando.
Minha Abby está grande e muito linda. Às vezes fico tentando formar
sua fisionomia e me perco em tanta fofura. Imagino os olhos de Connor e os
cabelos de Nicole. A única certeza que tenho é que ela será linda.
Pietro está me dando carona para casa, pois Nicole e Connor iriam a
outro lugar depois daqui e estavam atrasados. O silêncio reina no carro e eu já
estou inquieta.
— Como foi com Kimberley? Ela se chateou por que veio na ultra de
Abby? — Pergunto e o escuto suspirando.
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— Não. Ela entendeu super bem, até. — Ele diz e continua olhando
para frente segurando o volante com força.
— Então por que estava irritado quando entrou na sala depois de falar
com ela? — Insisto.
— Quem é Greg? — Arregalo os olhos surpresa. — Quero dizer... eu
ouvi, ok? Tudo. Eu não sei... Me desculpa. Não deveria perguntar nada.
Desculpa. — Ele fala tudo rápido demais e por impulso, para o acalmar,
coloco minha mão em cima da sua.
— Se ouviu a conversa toda, você sabe quem é. E não precisa se
desculpar, nós somos amigos. Você pode me perguntar. — Digo e ele relaxa
seu corpo que ficou tenso quando o toquei, mas sua mandíbula ainda está
apertada.
— Só se cuide, beleza? Nem todos os caras da faculdade são legais
como você falou. Só estou te avisando. — Ele encerra a conversa. Simples
assim.
Suspiro retirando minha mão da sua e me concentrando nas paisagens
pela janela.
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Capítulo Quatro
Melissa
— Nós somos gêmeos, Pietro. Você como meu amigo deveria saber. —
Digo revirando os olhos.
— Eu sei Mel, mas quem nasceu primeiro? Não me diga que saíram na
mesma hora? — Ele faz cara de incredulidade e soco seu braço rindo.
— Idiota. Eu nasci primeiro, mas não venha com a história de que “eu
sou mais velha então eu tenho que cuidar e blábláblá. ” — Digo agora o
olhando.
Seus olhos estão na estrada, mas ele sorri balançando a cabeça. Seus
olhos pousam em mim e seu sorriso se desfaz.
— Não diria isso. — Ele responde e eu semicerro os olhos
questionando a verdade. — Tudo bem eu iria, mas não diria necessariamente
que é você. Tipo, Nicole é mais velha que eu, mas eu me sinto com dever de
cuidar dela. Eu sempre meio que me senti assim com a Pimentinha, então não
sei agir de outra maneira. — Ele dá de ombros. Sorrio do apelido que ele a
chama.
— Tudo bem. Eu entendo, mas Dylan já se sente adulto e eu muitas
vezes me sinto a mesma menininha que fui há alguns anos atrás. Não sei me
portar como a mais racional na frente dele. — Suspiro e olho para longe dele.
— Na verdade, eu acho que preciso de alguém ao meu lado para me proteger
sempre e isso é uma coisa que me irrita muito. — Confesso.
Acho que nunca falei isso para alguém, mas é a verdade nua e crua.
Sinto-me uma criança que não consegue andar com as próprias pernas.
Isso ainda é muito maluco e eu não me acostumo. Sempre me senti assim,
acho que desde que Connor saiu de casa eu fiquei um pouco sozinha. Ele é o
mais próximo de mim e mesmo Dylan, que é meu gêmeo, nós nunca nos
aproximamos muito. Eu sempre soube que Connor e Erick não eram filhos do
meu pai e eu me sentia no dever de mostrar para Connor, já que é o que
morava comigo, que isso não fazia diferença para mim e eu o amava desse
jeito, mas agora eu entendi perfeitamente que no fundo não era isso que eu
queria mostrar, eu que precisava dele e morria de medo que ele um dia me
deixasse.
E isso aconteceu quando ele veio para a faculdade.
Eu o perdi e me perdi no processo. Mas hoje entendo que mesmo que
sejamos irmãos, um dia temos que seguir caminhos diferentes e eu me
conformei.
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— Nossa Mel. Eu não sei o que dizer, mas acho que você sabe muito
bem andar com suas próprias pernas e claro que precisamos de alguém nas
nossas vidas, mas você sabe se virar sozinha e eu admiro muito esse seu lado.
— Ele fala acariciando minha mão.
Quando olho para ele, sua cabeça já havia virado e agora estava
olhando para frente.
Sempre para frente.
Entramos no café e logo fazemos nosso pedido. Enquanto Pietro está
pagando, procuro uma mesa e logo me sento em uma vazia perto da janela.
— Então... O que anda fazendo? — Ele pergunta depois de sentar.
— Nada de importante. — Digo e ele revira os olhos. — Tudo bem. Eu
vou para a faculdade, volto, durmo e me alimento. Às vezes nas sextas eu
saio com Kyara. Satisfeito? Minha vida se resume a isso. — Digo sorrindo
para seu rosto.
— Ok, tudo bem. Acho até que sua vida é bem movimentada. — Ele
ironiza e eu lhe dou uma tapa no braço.
— Mas e você? Não me diga que tudo que faz coloca sua namorada no
meio. — Digo olhando pela janela e ele gargalha.
— Não. Por favor, eu só namoro com ela, nós não somos casados. —
Ele fala e eu sorrio.
— Então pretendem se casar? — Pergunto fingindo desinteresse e no
fundo me questiono o porquê de eu de repente me sentir estranha esperando
sua resposta. Ignoro esse sentimento.
— Eu não penso muito sobre isso, mas Kimberley ultimamente quer
puxar assunto. — Ele diz sem dar importância.
Eu apenas aceno sorrindo.
— Nunca cheguei a pensar sobre isso, mas só casarei quando eu sentir
que é a pessoa certa. — Ele continua e eu volto meus olhos para encará-lo.
— Como assim? Kimberley não é a pessoa certa? Quero dizer, você não
sente que ela é? — Pergunto e dou um gole no meu café. Fiquei confusa com
sua fala, porque ele gosta de Kim. Eu sei que sim.
— Não é isso. Quero dizer, é isso. Eu a adoro, mas ainda não sei se
quero dividir minha vida inteira com ela. Casamento tem que envolver amor.
Nada, além disso. — Pietro diz e eu sorrio concordando.
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atrás de curtição. — Digo apertando a mão dela. Hilary sorri para mim e a
conversa morre ali.
Greg chega e eu sorrio para ele. Eu gosto dele, ele é um cara legal, mas
não me sinto tão atraída a ponto de ir fundo. E é isso que ele quer.
Compromisso.
— Oi meninas. — Ele sorri para minhas amigas e elas logo tratam de
retribuir, mas já se levantando.
E me deixando sozinha. Vacas.
— É... Melissa, você está livre hoje? É... Eu queria te chamar para
jantar. — Ele está nervoso. Posso ver pelo modo que me olha e por sua fala.
— Greg... — Suspiro tentando encontrar a coragem para falar a
verdade.
Eu não quero sair com ele. Não como um casal.
— Te pego as sete, ok? — Ele pergunta e se levanta. — Não esquece.
— Ele fala já se virando.
— Ok... As sete. — Digo suspirando e o vendo sair do refeitório.
Ótimo.
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Capítulo Cinco
Melissa
Greg é pontual. Às sete horas da noite ele está na minha porta para
irmos a um restaurante italiano. Eu adoro massas então gostei da escolha
dele. Como lá é um restaurante um pouco elegante, optei por um vestido na
cor prata com lantejoulas pequenas que vai até acima dos meus joelhos e é
colado no meu corpo. Prendi meu cabelo em um coque arrumado e a minha
maquiagem é simples. Meu sapato é de salto e eu já estou me sentindo
desconfortável com ele. Odeio saltos.
— Você está linda, Melissa. — Ele me elogia quando saímos do carro e
entramos no restaurante.
— Obrigada, Greg. Você também está muito bonito. — Digo sorrindo.
E é verdade. Ele está de calça jeans com blazer e camisa branca. Casual, mas
muito elegante.
Nos sentamos em uma mesa afastada de todos. Ficamos ao lado de uma
janela, onde podemos ver os carros e o chuvisco caindo do céu. Depois de
fazer nossos pedidos começamos a conversar.
— Você não retornou minhas ligações, Mel. Digo, tudo bem…. Talvez
você só estivesse ocupada. — Ele fala e acaricia minha mão.
Olho em seus olhos verdes brilhantes e me pergunto do porque não me
entrego. Ele está aqui para mim, e eu não quero nada. Nada com ele ou com
ninguém que não seja Tyler. Eu me divirto com os outros caras, mas
compromisso eu não consigo.
— Desculpa Greg. Eu só... Estava ocupada. É, eu estava ocupada. —
Digo suspirando e olhando pela janela. Vejo um casal andando na rua de
mãos dadas. Eles estão agasalhados e sorriem um para o outro timidamente.
— Eu não quero te pressionar. Longe de mim fazer isso, Melissa, mas
eu gosto de você entende? Por que não nos tornamos oficiais? — Ele
pergunta e eu engulo em seco. Ele está me pedindo em namoro?
— Você... está me pedindo em namoro? — Pergunto e puxo minha mão
da sua. Não acredito nisso.
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da nossa noite juntos. Ele deve ter dito a alguém. Merda, não! Ele não pode
ter feito isso.
— Eu preciso ir embora. Desculpa-me, Gregory. Eu não estou me
sentindo bem. — Digo me levantando. Ele também se levanta.
— Não. Vamos comer, Melissa. Depois eu te levo para casa. Me
desculpe, eu não deveria ter falado isso. Só... por favor, fica. Só vamos comer
e saímos. Eu prometo. — Ele pede me segurando pela mão. Eu respiro fundo
para me acalmar e me sento.
— Tudo bem. Não precisa se desculpar. Você não tem culpa de nada.
— Digo. O garçom chega logo em seguida com nossos pratos.
Comemos em silêncio. Quero dizer, Greg come. Eu só fiz uma bagunça
no prato. Devo ter comido três colheradas no máximo. Não mais que isso.
Depois disso comemos a sobremesa, pelo menos essa eu comi mais um
pouco. Minha cabeça está girando ainda. Eu não consigo entender como eu
fui me meter num boato. Será que Connor já ouviu falar? Acho que não, pois
ele teria conversado comigo hoje de manhã.
Eu preciso falar com Pietro. Ele vai ter que me explicar que merda é
essa. Ah vai.
— Podemos ir agora? — Pergunto depois que ele pede a conta.
— Claro. Vamos lá. — Ele pega minha mão e me encaminha para fora
do restaurante.
Depois de quinze minutos eu entro em casa. Greg se desculpou mais
uma vez e vai embora. Estou cansada, mas não o tanto que me faria esquecer
isso e me deitar. Por isso pego meu celular na minha bolsa e mando SMS
para Pietro.
— Onde está?
Ele responde logo em seguida.
— Na Shirley e você?
— Estou indo.
— Para onde? Aconteceu alguma coisa?
— Para casa da Shirley. Preciso falar com você.
— Ok...
Depois disso ele não manda mais nada. Pego minhas chaves e saio de
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— Ok! — Digo e antes que ele saia, Pietro está do seu lado olhando
para ele com os braços cruzados.
— É então, boa noite! — Ele olha para Pietro e acena. — Quero dizer,
como é o seu nome? — Ele pergunta franzindo a testa e eu sorrio.
— Melissa. — Digo olhando tensa para Pietro.
— Ok! O meu é Brandon. — Ele diz e dá um passo para trás.
— Prazer, Brandon. Conversamos depois, tudo bem? — Digo e ele
acena e entra no apartamento ao lado do meu.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto quando Pietro entra na
minha casa, sem ser convidado.
— Você queria conversar, então estou aqui. — Ele diz sério.
— E sua namorada? Cadê ela? — Pergunto ainda na porta.
— A deixei na festa.
— Pietro...
— É só falar. O que aconteceu? O cara que você saiu não era legal? Ou
você quer trocar ele por esse outro e me chamou para te ajudar a escolher? —
Ele fala e sem perceber eu lhe dou uma tapa. Ele se cala e eu aperto meus
lábios juntos.
— Não fale o que não sabe. Não basta sua namorada me chamar de puta
na frente de mais de setenta pessoas? — Digo fervendo de ódio. Como ele
pode falar isso?
— Me desculpa. — Ele suspira. — Kimberley estava com ciúmes,
Melissa...
— Eu já falei que a gente não tem nada. Por que ela simplesmente não
pode colocar essa merda na cabeça? — Pergunto com raiva. Essa é a pergunta
do ano. Por que ela não entende?
— Por que é mentira. Você sabe disso e eu também sei. — Ele grita e
eu suspiro.
— Não. Nós não temos e nunca tivemos nada... — Ele me interrompe.
— Se transar a noite inteira não é ter nada, então sim. Você está certa.
— Ele fala e eu vou para perto de seu rosto.
— Nós já conversamos sobre isso. Você disse que iríamos esquecer. —
Digo sentindo as lágrimas chegarem novamente.
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Capítulo Seis
Melissa
Quando cheguei há um ano, não pensei que Seattle fosse tão úmida.
Aqui chove demais! Não que eu esteja reclamando. Nunca reclamaria da
chuva. Eu a amo. Fico hipnotizada com a água caindo do céu, mas o que mais
gosto na chuva é o som das gotas, o som que elas fazem ao tocar o chão
depois da caída é fantástico e é por isso que estou nesse momento olhando
para ela e toda sua beleza.
Ao terminar minhas aulas corri para o Starbucks para tomar café e
assistir o balanço da chuva. Procurei a mesa mais afastada de todas as
pessoas. Eles não estão prestando atenção em mim, pois com o frio todos
querem algo quente. Eles estão focados nisso. Em café.
Mais um motivo para eu agradecer a chuva. Os olhares diminuirão, mas
ainda não cessaram. Pergunto-me o porquê de Kimberley ter espalhado essa
conversa por aí. Ela não vê que ela mesma está desgastando seu próprio
relacionamento? Ela é doente.
Hoje quando acordei me arrumei devagar por não querer ir ao Campus.
Desde que cheguei aqui não me lembro de um dia que eu não quisesse ir
assistir aula. É estranho, mas quando estava no quarto imaginando as pessoas
comentando sobre o boato, eu me convenci de que eu não fiz nada errado e
que não posso me esconder.
— Escondida? — Kya desliza pela cadeira a minha frente e eu finjo um
sorriso.
— Mais ou menos. — Respondo suspirando.
— Fiquei sabendo...
— Todos estão sabendo, Kya. — Digo olhando para minhas mãos.
— Não precisa se preocupar, Mel. Todos sabem que você e Pietro são
amigos. No começo não entendi o porquê de vocês terem se afastado, mas
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Pietro estava namorando, então eu acho que foi normal. — Ela fala
segurando minhas mãos. Engulo em seco quando a escuto falar do nosso
distanciamento.
Não contei a Kyara sobre nossa noite. Primeiro, por que eu queria
esquecer e segundo, por que eu não queria falar sobre isso com ninguém. Mas
isso está indo mudar em breve.
— Espero. — Digo desejando isso mesmo, que esse povo se esqueça de
mim. — Eu não quero nem imaginar se meus irmãos ficarem sabendo. — Só
o pensamento me faz estremecer.
— É... Quanto a isso... — Kya deixa a frase no ar e eu fico em alerta.
— O quê? — Pergunto.
— Connor e Dylan estavam indo falar com Pietro quando os encontrei.
— Ela fala e eu pego meu celular para ligar para eles.
Dylan e Connor não atendem ao telefone. Eu tento mais umas cinco
vezes, mas nada. Só vai para caixa postal.
— Merda. — Falo pegando minha bolsa. — Eles não me atendem, Kya.
Eu vou atrás deles. — Digo já me levantando.
— Melissa... — Kyara me chama, mas já estou longe o suficiente para
responder.
Tomara que eles não tenham feito nenhuma merda.
Atravesso o Campus tão rápido que eu mesma me surpreendi, pois aqui
é enorme. Calouros podem muito bem se perder nesse lugar. Entro no prédio
de Medicina e procuro por meus irmãos ou Pietro, mas não encontro nenhum
deles. Começo a andar por entre as salas, mas ainda assim, nada.
— Hey! Você viu o Pietro por aqui? — Pergunto a um cara que já vi ao
lado de Pietro no refeitório.
— Sim. Ele está com seus irmãos na sala 13. — Ele fala com uma
carranca. Reviro os olhos e murmuro uma obrigada sem vontade. Que idiota.
Quando entro na sala suspiro aliviada. Connor e Dylan estão sentados
em frente a Pietro. Não que eu pensasse que eles iriam estar brigando, já que
Pietro é cunhado do meu irmão, mas sei lá. Fiquei nervosa.
— Por que não atendem minhas ligações? — Grito para os dois e eles
olham assustados para mim.
— Vamos conversar em casa, Melissa. — Connor responde
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entredentes.
— Então era para estarem em casa me esperando chegar da faculdade e
não aqui. — Suspiro e olho para Connor. — Vamos. Embora. — Digo e ele
assente com a cabeça.
Enquanto meus dois irmãos passam por mim para saírem, continuo sem
olhar para Pietro. Eu me lembro de ontem, eu não quero ele perto de mim.
Não quando ele não acredita em mim. E principalmente por essa louca da
namorada dele.
Vou atrás dos meus irmãos e andamos em silêncio até o
estacionamento.
— Hey! Melissa é verdade que você gosta de homem comprometido?
Eu estou em relacionamento sério, se desejar... — Escuto um cara falar, mas
não olho para trás. As risadas irrompem ao meu redor, mas ainda assim não
dou atenção.
— Que porra você falou? — Escuto a voz de Connor e me viro para ver
ele indo para cima do cara.
— Responde seu filho da puta. — Dylan grita na cara dele e eu corro
para perto deles.
— Vamos... por favor. — Digo segurando a mão de Dylan. O cara está
tão apavorado, que acho que ele não tinha visto meus irmãos à minha frente.
— Desculpa cara. Eu... eu... — Ele gagueja e Connor se aproxima mais
ainda.
— O que eu vou dizer para ele vai servir para todos vocês, seus fodidos.
— Connor gesticula apontando para as pessoas que estão olhando para nós,
surpresos. — Se eu ficar sabendo que mais alguém anda falando da minha
irmã, eu venho quebrar o rosto dessa pessoa. E se for mulher eu pago alguém
para fazer. — Ele está com tanta raiva. O cara acena com a cabeça, mas antes
dele sair Connor o empurra para o chão. — Estejam avisados.
Depois disso ele e Dylan me levaram de lá. Nem o meu carro peguei no
estacionamento, pois vim no carro de Connor com Dylan e também porque
iríamos para a casa dele e Nicole.
— Olha para mim. — Meu irmão mais velho pede enquanto entramos
na sala de sua casa. — Isso não é culpa sua. Essa mentira que inventaram não
passa disso. Uma mentira. E quando alguém te incomodar novamente,
Melissa, você vai me contar. Eu não quero que você se retraia por causa
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desses idiotas, estamos bem até aqui? — Connor segura minha cabeça entre
as mãos e eu aceno.
— Tudo bem. Eu vou contar. — Digo suspirando. — O que vocês
estavam conversando com Pietro? — Pergunto me sentando mais
confortavelmente no sofá da casa de Connor.
— Só perguntei que porra de conversa é essa. — Dylan responde. —
De onde saiu isso, mas aquele cuzão não soube responder. — Ele dá um pulo
quando Nicole acerta uma almofada nele.
— Não fale assim dele. — Ela rosna e se senta ao meu lado. — Não se
preocupe, Mel. Eles irão esquecer rapidamente. — Ela fala e me abraça.
— Vou começar a acreditar nisso, já ouvi isso o dia todo. — Digo
quando me afasto dela.
— Você quer ficar aqui hoje? — Dylan pergunta se sentando.
Nunca vi Dylan com tanta raiva como hoje. Ele nunca me defendeu
daquele jeito, mas eu nunca me envolvi em nada com o que fizessem me
defender. Eu gostei dele se preocupando comigo. Eu só o tenho comigo
dentro de casa e eu o amo além da vida. Afinal é meu irmão.
— Não. Vamos para casa? — Pergunto o abraçando. Ele estranha, mas
com um ou dois segundos também me abraça.
— Claro... — Ele suspira e passa a mão no meu cabelo. — Não se
esqueça do que Connor falou, se alguém falar o que for...
— Eu vou contar. Eu juro. — Digo me afastando dele.
— Ok! Então vamos...
— Vocês podem ficar para o almoço? — Nicole pergunta ainda
sentada.
— Claro. Estou com muita fome. — Dylan fala já se encaminhando
para a cozinha.
— Folgado. — Connor fala indo atrás dele.
Depois que os perdemos de vista, Nicole olha para mim. Sua
sobrancelha se eleva e eu sorrio.
— O quê? — Pergunto.
— Você tem alguma ideia de quem possa ter espalhado isso? — Ela
pergunta calmamente. Eu desvio meus olhos dos dela e foco minha atenção
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em minhas unhas.
— Nicole...
— Só fala, Melissa. Não minta para mim. Eu sou sua amiga. — Ela diz
pegando minhas mãos.
— Eu sei que é, mas... Tudo bem. — Suspiro. — Eu acho que foi
Kimberley. A sua cunhada. — Digo de uma vez e olho para seus olhos.
— Kimberley? Mas por quê? — Ela pergunta confusa.
— Ela é louca. Ontem, na festa, ela não quis deixar Pietro falar comigo.
Eu falaria sobre isso. Sobre o boato, mas ela me disse coisas horríveis e eu só
queria sair de lá. — Digo me lembrando de suas palavras.
Esqueça o Pietro, Mel. Ele não quer nada com você. Ele é meu!
— Deus, Mel! Eu nunca gostei muito dela, mas nunca cheguei a
imaginar isso. Então você não conversou com Pietro? É que Connor disse que
ele já sabia e que se seus irmãos quisessem poderiam ir falar com ele. —
Nicole explica e eu engulo em seco.
Não sei o porquê do nervosismo em falar que ele foi a minha casa
ontem, deixando sua namorada na festa, e a gente conversou. Enfim, resolvo
falar a verdade. Uma parte dela pelo menos.
— Ele foi lá em casa ontem. Depois que sai da festa. — Digo sentindo
dor na garganta. Até parece vidro me cortando.
— Oh! — Ela fala surpresa e pigarreia depois. — É, mas e aí o que ele
falou? — Ela questiona depois de um tempinho em silêncio.
— Ele não acreditou em mim, disse que Kimberley não era capaz de
fazer isso e blábláblá. — Respondo revirando os olhos.
Nicole acenou e quando ia falar mais alguma coisa Connor gritou para
irmos comer. Dei graças a Deus por isso.
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Capítulo Sete
Melissa
— Bom dia!
— Boa tarde. Já passa do meio-dia, Melissa. Presumo que não foi à
faculdade hoje.
— Presumo que hoje é sábado e não tem aula.
— Okay... Não tinha me tocado.
— Tudo bem. Aconteceu algo para me ligar?
— Aconteceu. Mas eu não preciso de motivos para ligar para você.
— Connor. Foco. O que foi?
— Nicole quer falar com você.
— Ok, passa para ela.
— Não, irmãzinha. Ela quer você aqui.
— Oh meu Deus... tudo bem. Estou indo. Em uma hora chego aí.
— Meia hora.
— Connor!
— Agora você tem vinte e nove minutos.
— Idiota.
Desligo e pulo da cama.
Depois de quarenta minutos estou entrando na casa deles. Connor olha
para mim e bufa.
— Que? Eu tinha acabado de acordar. — Digo o seguindo para a
cozinha.
— Graças a mim. — Ele diz.
Eu reviro os olhos e congelo ao passar pela porta.
Clara, mulher de Tyler, está sentada a mesa com Aaron, seu bebê, e
Nicole está ao seu lado. Mesmo depois da gravidez, ela continua linda. Claro
que ela está com mais peso. É normal, mas nem isso a faz ficar feia. Seus
olhos me fitam com simpatia. A verdade é que ela é uma pessoa boa.
Uma amiga que toda mulher deve ter, menos eu. Não que eu não goste
dela. Eu gosto de verdade, mas ela tem o homem que amo. Isso não é algo
fácil de lidar. Quando a conheci há um ano e meio, mais ou menos, desejei
que ela fosse uma cadela. Queria que ela fosse desprezível.
Um desejo que claramente não se realizou. A melhor amiga da minha
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muito confiante. Ela chegou agora, como vai saber o que é bom e o que é
ruim?
Já passa das quatro horas da tarde e eu ainda não almocei. Estou
imaginando a comida que comi ontem na casa de Nicole e Connor. Nós
fomos ao Shopping e voltamos bem tarde posso dizer. Só caí na cama e
dormi o resto da noite. A quantidade de enfeite que Nicole comprou para
Abby foi extremamente a mais do que Connor queria. Ele quase teve um
treco ao ver sua conta bancária quase nua.
— Nós vamos a uma lanchonete. Não tenham preconceito. La é ótimo,
fui ontem com seu irmão, Melissa! Eu adorei o lugar. — Ela fala enquanto
dirige pela cidade.
— Vocês o quê? — Kyara pergunta chocada.
— Pois é. Nos encontramos com amigos em comum e fomos para essa
lanchonete. É ótima, você vai gostar, Kyara. — Diz Hilary sorrindo
carinhosamente.
Ao chegarmos à lanchonete, nos sentamos e fazemos nossos pedidos
enquanto, Kya e Hilary falavam animadamente sobre moda e cabelos. Eu
gosto disso, mas não sou obcecada. Kyara ama tudo isso. Demais.
— Qual o nome? — Hilary interrompe meus devaneios.
— O quê? — Questiono sem entender o que me pergunta.
— Do cara. Você está aí olhando para o nada. Deve estar pensando em
alguém. — Ela responde como se sua explicação fosse óbvia.
— Que nada. Não estou pensando em nada. — Digo e elas sorriem.
O sino da porta bate e nós nos viramos para ver quem está entrando.
Vários homens entram no Jack's sorrindo e olhando para todos. Os olhos de
um deles me encontram e seu sorriso se desfaz. Não o conheço, mas sinto
algo estranho ao vê-lo. Balanço a cabeça e viro para encarar minhas amigas.
Kyara tem os olhos arregalados para um deles, mas Hilary também se
virou.
— Quem são esses caras? — Hilary pergunta e eu balanço a cabeça
negando saber.
— Não sei... ainda. — Diz Kyara ainda olhando na direção deles.
Escuto o sino bater novamente, mas dessa vez não me viro. Minhas
amigas fazem por mim. Kyara me cutuca com o braço e disfarçadamente
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Capítulo Oito
Melissa
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das pessoas. — Diz ele e sorri quando uma batata do prato de Hilary pega
nele.
— Cala a boca. Você mal me conhece, então não fale de mim como tal
e só para sua informação ninguém é doido. — Ela fala com raiva.
Oli e Pietro tentam esconder os seus sorrisos que escapam durante as
várias discussões deles que se sucederam durante o resto da tarde e começo
da noite. Quando todos já estavam sem fome e só pedimos bebidas me
levantei para ir ao banheiro. Passei três horas sem fazer xixi, como eu
consigo? Também não sei, a vontade não vem e eu não me lembro. Mas
quando sinto ela vem com força e eu tenho que correr.
Entro na cabine do banheiro e abaixo minha calça jeans com minha
calcinha e me alivio. Respiro fundo sentindo minha bexiga esvaziar. Escuto
baterem na porta e reviro os olhos.
— Está ocupado. — Digo chateada enquanto me limpo e me visto.
— Eu sei. — Uma voz de homem fala e meus pelos se arrepiam de
medo.
Que merda? Como um cara entrou aqui? E o mais importante o que ele
quer comigo? Tento encontrar meu celular na bolsa e dígito um SMS rápido
para Pietro.
Tem um cara aqui no banheiro! Vem me buscar!
— O que você quer comigo? — Pergunto me afastando da porta.
— Só quero te conhecer. Você parece com uma pessoa que... foi minha
há muito tempo. — Ele diz calmo. Não vejo mal algum no que ele fala, mas
por que no banheiro?
— Ok eu vou sair, mas... Só... — respiro fundo e abro a porta. Congelo
no lugar quando vejo o mesmo cara que estava me olhando. Seus olhos estão
afiados, mas suavizam quando encontram os meus.
— Você não é ela. — Ele fala para si mesmo e logo após seus olhos
começam a lacrimejar. Não entendo nada, mas meu peito aperta por ele.
— Você pensou que eu era quem? — Pergunto. As lágrimas descem
por seu rosto enquanto ele prende o cabelo com um elástico.
— Minha namorada. Pensei que você fosse ela. — Suas palavras saem
arrastadas e eu presumo que esteja bêbado.
— Desculpe, mas não sou e... Você precisa de algo? — Pergunto
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Digo com raiva. Pego minha bolsa e procuro por meu celular, mas quando o
acho, Pietro me levanta e me coloca sobre seu ombro até o carro. — Pietro,
seu idiota. Não faça mais isso. Você me ouviu? — Ele me deixa sentada no
banco e bate à porta do carro com força.
— Você é muito teimosa. Da próxima vez não me faça perder a
paciência, então. — Diz apertando o volante com suas mãos.
— Você não é meu pai para mandar em mim. — Digo raivosa e me viro
para olhar pela janela.
Ele fica calado o resto do caminho. Agradeço, pois quero esganar seu
pescoço. Saio do carro após ele parar em frente meu prédio. Ele fica lá dentro
sentado e eu respiro fundo e ando até sua janela.
— Obrigada pela carona. — Mordo minha bochecha indecisa. — Você
quer subir? Digo para tomar algo, eu não sei. Só ofereci por educação. —
Falo cruzando os braços.
— Acho melhor não. Já está tarde e eu... você sabe. — Ele suspira
passando a mão pelo cabelo.
— Ok... Até mais então. — Respondo e ando até o hall do meu
condomínio. Ele ia dizer que não pode. Eu sei que é por causa da namorada.
Sorte dela.
— Mel? — Escuto a voz de Brandon e me viro. Ele está parado
sorrindo.
— Hey! O que está fazendo aí, parado? — Pergunto estranhando.
— Não. Acabei de chegar. Sai com umas amigas. — Ele fala sorrindo e
dá de ombros.
— Tudo bem... então, boa noite. — Digo sorrindo e me viro para subir.
— Vamos. Vou subir com você. — Ele diz me acompanhando. Sorrio e
entramos no elevador.
Quando as portas estão fechando um pé às impedem, fazendo com que
abram novamente. Quando olho para o dono do pé meu peito acelera.
Pietro.
— Mudei de ideia. Vou subir e tomar algo. — Ele diz parando na
minha frente. Seus olhos passeiam de mim para Brandon e eu o fuzilo com
meus olhos.
— Brandon esse é Pietro, meu amigo, e Pietro, esse é Brandon meu
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garganta apertar.
— Você não quer ficar com ele? Fique então. Não vou te impedir
ficando aqui. — Ele se vira, mas antes que vá eu grito.
— O que quer de mim? Diga. Por que essa raiva? Se você me quer, seja
homem e me fale, Pietro. Assuma. — Grito enquanto ele respira com
dificuldade. Ando até suas costas e espero até ele se virar. — Me responde.
Você me quer, Pietro? — Sussurro depois que encontro coragem.
Ele se vira e me fita com os olhos ferozes. Sua boca cobre a minha
enquanto sua mão puxa meu cabelo me fazendo curvar para que nossos lábios
se juntem. Mesmo surpresa eu o beijo de volta, sua língua invade minha boca
e eu gemo descaradamente me deliciando com o gosto da sua. Pietro me
levanta e eu enlaço sua cintura com minhas pernas.
— Você quer ouvir, Mel? — Ele fala com a boca ainda na minha e eu
beijo sua boca o calando. Eu não quero falar nada, eu só preciso dele na
minha cama. Só isso. Mas ele pensa diferente. — Eu quero você. Desde o dia
que fizemos amor pela primeira vez. — Quando ele termina me coloca no
chão beijando a minha boca. Nossas línguas brincam uma com a outra
enquanto Pietro acaricia meus cabelos.
— Pietro...
— Mas não podemos fazer isso... — ele fala e eu abro os meus olhos.
Meu peito é esmagado quando lembro que ele tem namorada e que o que
estamos fazendo é errado. Muito errado.
— Oh meu Deus... — Afasto-me dele ando de um lado para o outro.
— Mel...
— Vai embora. Pietro, você é comprometido... Só vai, por favor, eu
quero que vá para sua casa…. — Digo respirando fundo.
— Desculpa, Mel. — Essas foram as últimas palavras que ouvi dele nos
próximos dois meses.
Suspiro enquanto Dylan se joga no acento ao meu lado. Ele começa a mexer
no celular, mas, de repente, ele para e me olha.
— Passei dois meses vendo você suspirando triste pela casa, Melissa.
Eu não te questionei nada, para te dar privacidade, mas você não acha que
está na hora de me contar? — Arregalo meus olhos olhando para meu irmão
gêmeo.
— Dylan, é complicado. — Digo desviando minha atenção dele.
— Eu sou inteligente o suficiente para entender. Então... — Ele
pergunta novamente. — O que está acontecendo?
— Ok... tudo bem... — E assim começo a contar minha história com
Pietro.
Quando nos vimos à primeira vez na boate e a segunda, no café. Os
passos da nossa amizade, o nosso encontro no mesmo bar no dia que
descobrimos que Clara e Tyler estavam à espera de Aaron. Nossa primeira e
única transa, claro que não entrei em detalhes. Minha persistência em fingir
que nada aconteceu. Na amizade fictícia que fingimos ter na frente dos
outros.
Meu irmão então presumi que quem espalhou o boato de que eu gostava
de homem comprometido foi mesmo, Kimberley. Ela tinha ciúmes e queria
se vingar de mim. Eu já sabia disso. Falei também da última vez que nos
vimos e que quase tínhamos ido para cama com ele comprometido com ela.
Dylan disse que Pietro foi corajoso em me deixar naquele dia, poucos
homens fazem o que ele fez, eu também tive orgulho dele ter parado naquela
hora, ele é um homem bom e nunca irei querer enganar alguém. Nunca.
Muito menos sua namorada. Dylan me escutou como ninguém até hoje.
Ele me entendeu e me apoiou, me deu colo e enxugou as lágrimas que
derramei por isso.
Eu amo meu irmão mais ainda depois de toda essa confissão.
— A verdade é que me apaixonei pela pessoa errada. — Digo quando
me conformo de que estou apaixonada por Pietro, o cunhado do meu irmão.
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Capítulo Nove
Melissa
Passei três dias em casa, mamãe pediu que fossemos, pois estava com
saudades e queria conversar. Achei estranho, mas na mesma semana Dylan
recebeu nossas passagens. Então viajamos.
— Você acha que ela vai mesmo tirar nosso dinheiro? — Pergunto a
Dylan.
— Ela só quer que tenhamos responsabilidade, logo após, ela vai liberar
de novo. Não se preocupe. — Ele responde enquanto senta à mesa na nossa
cozinha.
— Vou falar com Hilary, ela começou a trabalhar no café da faculdade
quando chegou aqui, então ela deve saber de alguma vaga. — Digo me
sentando.
Mamãe impôs que eu e Dylan trabalhássemos, ela quer que tenhamos
autonomia e sejamos responsáveis com o dinheiro. Eu a entendo, mas papai
não entendeu e vai continuar ajudando. Eles brigaram por isso, mas eu não
me preocupo, eles se amam e sempre voltam um para o outro. Então eu e
Dylan temos que arrumar um trabalho. Rápido.
— Eu não tenho a mínima ideia de onde vou procurar emprego. —
Dylan fala bufando.
— Talvez Connor precise de alguém na academia. Ela vai inaugurar no
próximo mês. — Digo enquanto bebo meu café preto.
— Pode ser. Vou falar com ele, quer ir comigo? Nicole está perto de ter
Abby, faz três dias que não a vemos. — Ele argumenta e eu confirmo.
Depois de tomar banho e me arrumar saímos em direção a casa de
Connor. Nick está com oito meses, quase nove, então temos que estar perto
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Você é minha irmã. — Essas palavras não saem da boca de Connor, elas
saem da boca de Nicole e eu arfo. — Não saía. Fique, por favor. — Sinto em
suas palavras que ela está chorando e quero me socar por isso.
Quando me viro e a vejo meus olhos enchem de lágrimas. A gravidez a
está fazendo ficar mais sensível, eu não queria magoá-la, Nick é uma pessoa
maravilhosa, mas quando escuto ou vejo sublinhando na conversa o nome de
seu irmão eu já sinto dor. Muita dor e vergonha.
— Desculpe. Mas... — Mordo meu lábio inferior para tentar parar as
lágrimas, em vão.
Nicole me abraça e acaricia meus cabelos devagar. Eu a envolvo em
meus braços com cuidado por causa da sua barriga.
— Não fique na defensiva. — Ela fala e nos afastamos.
— Ele não podia ter feito isso. Ele não tinha o direito. — Digo
respirando fundo.
— Ele só estava confuso. Ele não tinha ninguém a não ser a mim,
Melissa. Você acha que nós não percebemos ou que um dia iríamos? — Ela
pergunta enquanto nos sentamos no sofá.
Meus irmãos saíram da sala e nos deixaram sozinhas.
— Eu não sei. Fiquei tão confusa, eu me apaixonei por um cara
comprometido. Que tipo de pessoa eu sou? — Pergunto abraçando minhas
pernas.
— Uma pessoa normal. E ele não era comprometido quando ficaram.
Vocês eram livres. — Ela diz tentando se sentar mais confortável. — Eu amo
meu irmão, Melissa. E eu o conheço como ninguém. Ele está gostando de
você também. — Ela fala se sentando confortavelmente no sofá.
— E daí? Ele tem namorada. Mesmo gostando de outra ele está com
ela. — Digo limpando minhas lágrimas.
— Ele gosta dela também, Mel. Eles estão juntos há um ano. Ele está
acostumado e tem medo de sair. Todos têm medo de sair da nossa zona de
conforto. — Nicole fala e eu reprimo uma risada.
Queria rir de suas palavras, mas não faço, ela é irmã dele. Tem mais
que o defender mesmo.
— Eu entendo. — Suspirando me levanto e me ajoelhou na sua frente.
— Me desculpe. Eu sei que deveria ter falado, mas eu estava confusa. Foi só
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uma noite que mudou tudo. Depois disso nos afastamos, eu sentia saudades
dele, mas ele já estava namorando. Eu não queria incomodar ninguém com
minhas divagações. — Confesso acariciando sua barriga. Abby dá um chute
na minha mão e eu sorrio.
Ela me entende.
— Eu entendo, meu amor. Haja o que houver siga seu coração. Se ele
pede por Pietro? Lute por ele. Se não? Siga sua vida. — Ela diz sorrindo por
Abby está se mexendo.
— Tudo bem. Agora eu tenho que falar com meu irmão. Tudo bem? —
Digo me levantando.
— Ok, ele só está chateado por não saber de nada. Ele disse que na sua
vida ele sempre está às escuras. Sempre é o último a saber, sobre ela. — Ela
diz sorrindo triste.
Depois que escuto isso começo a pensar que eu agiria da mesma forma
e me culpo por causar esse sentimento nele. Saio a procura dele e o encontro
no escritório conversando com Dylan.
— Lógico que pode. Tyler já estava pensando em procurar alguém... —
ele para de falar quando me vê na porta. — Pode dar um tempo para mim? —
Ele pergunta a Dylan e ele acena se levantando.
O escritório de Connor é amplo, arrojado e bem claro. Eu adorei. Nicole
fez tudo com muito amor. E quando entramos percebemos isso. Essa casa é
de uma família que se ama.
Eu adoro estar aqui.
— Queria me desculpar. Eu... não queria falar daquele jeito com você.
Desculpe-me. — Digo me sentando a sua frente.
— Você gosta dele? — Ele pergunta encostando-se à cadeira.
— Eu acho que sim. — Respondo olhando minhas mãos.
— Ele é um idiota então. Você é linda e se ele gostar de você, logo,
vem atrás de você. Não se preocupe. — Ele diz pegando minhas mãos por
cima da mesa.
— Acho que ele não gosta de mim. Ele tem a namorada dele e bem...
estamos a mais de dois meses sem nós ver. Isso quer dizer que ele... —
suspiro. — Eu não sei. Só não vou esperar por ele. Nunca mais vou esperar
por outra pessoa. — Digo determinada.
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acostume. — Ela grita enquanto tenta me bater. Seguro seus braços e a jogo
no chão. Levanto-me rapidamente.
— Você é louca. Eu não tenho culpa se ele não gosta de você o
suficiente. Saia da minha casa agora Kimberley. Ou vou arrastar você pelos
cabelos. — Falo com ódio em minhas veias. Essa idiota pensa o que em me
bater desse jeito? Eu vou matá-la se ela se aproximar de mim de novo.
— Não acabou. Eu vou arruinar sua vida. O boato que espalharei vai ser
mil vezes pior do que o primeiro. — Minha mão encontra seu rosto a fazendo
calar-se.
Eu sempre soube que foi ela. Essa idiota psicótica.
— Saia, sua doente. Vá embora da minha casa. — Grito abrindo a
porta.
Quando ela passa por mim e sai da minha casa tenho vontade de
quebrar tudo. Tudo que tem dentro dela. Mas não faço. Respiro fundo e vou
para minha cozinha.
Pietro terminou o namoro? Por quê? Várias questões rondam minha
cabeça enquanto faço meu almoço e depois como. Dylan chegou em casa a
poucos minutos e veio se sentar comigo.
— O que foi que aconteceu com você? — Quando ele pergunta isso eu
o olho, confusa. — Sua roupa, esses arranhões na sua pele. Que merda
aconteceu? Você brigou? — Ele se levanta e vem para meu lado.
— Ela veio aqui. Kimberley veio me enlouquecer. Ela me bateu e eu
bati nela. Foi uma confusão. — Digo enquanto passo a mão pelos
machucados.
— Essa garota é louca? Eu vou matar essa puta. — Ele ruge e pega seu
celular ligando para alguém.
— Você está ligando para quem? Dylan? — Pergunto e me levanto.
— Olha seu idiota segure essa louca da sua namorada entendeu? O que
aconteceu foi que ela veio na minha casa bater na minha irmã. Da próxima
vez eu mesmo pego ela pelos cabelos e a jogo na rua. Você me ouviu, Pietro?
— Dylan grita ao telefone.
Quando percebo o que está fazendo começo a gritar com ele.
— Não era para ter ligado. Eu já sou uma mulher. Não preciso de
nenhum de vocês. — Digo sentindo ódio.
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Capítulo Dez
Pietro
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Dias atuais...
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casa dela. Quando passei vi que era um acidente envolvendo dois carros.
Todos morreram.
Quando chego a sua porta, suas mãos a empurram não querendo que eu
entre. Que merda.
— Precisamos conversar. Como ela pôde vir aqui? Ela te machucou? —
Pergunto vendo alguns arranhões na sua pele.
— Por que ela é louca, como pode namorar com aquela desequilibrada?
Idiota. Você não tinha o direito de dizer que nos beijamos para sua irmã
também. Não tinha. — Ela fala e vejo quando as lágrimas inundam seus
olhos.
Lembro que disse para Nicole e a merda me bate. Ela está com raiva
por eu ter falado. Mas por quê?
— Melissa abra a porta. Eu vou empurrar. — Digo e ela semicerra os
olhos e bufa abrindo a porta.
— Mel? — Quando escuto seu apelido me viro. — Você precisa de
ajuda? Digo, ele está te perturbando? — Ele anda em nossa direção e eu tento
me segurar para não dar um murro na sua cara.
Eu me lembro dele. É o mesmo cara que ela falou que sairia. Que
ficaria com ele.
Aperto meu maxilar com o pensamento.
— É, Brandon... não precisa. Ele é meu amigo. — Melissa responde,
mas eu não a vejo. Estou olhando para ele. Ele tem um sorriso presunçoso no
rosto e eu quero tirar de lá. O mais rápido possível.
— Tudo bem. Se mudar de ideia sobre sair comigo mais tarde. Me liga
ok? — Ele diz e eu dou um passo em sua direção. Ela ia sair com ele?
— Cai fora. — Digo pausadamente andando em sua direção. — Ela não
vai sair com você. Por isso vá.
— Pietro volte aqui. — Sua voz é uma mistura de irritação com
diversão. — Desculpe Brandon. Se eu mudar de ideia te ligo, sim. Pode
deixar. — Sua voz suaviza para falar com ele.
— Ok, até mais, Mel. — Ele diz isso olhando para mim. Olhando no
fundo dos meus olhos.
Filho da puta.
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Filho da puta.
— Não, faça isso. — Ela diz e se levanta ficando na minha frente. Ela é
tão pequena. Para olhar em meus olhos ela tem que levantar a cabeça.
— O quê? Dizer a verdade? — Pergunto e ela grita frustrada.
— Não faça isso. Eu não sou nenhuma vagabunda para você estar
falando assim. — Ela diz agora com ódio.
— Eu não lhe chamei de vagabunda. Só disse que você está bem se vai
sair com esse idiota. — Falo perdendo a paciência. Seus olhos estão
vermelhos e suas mãos em punhos.
Caminho para a porta, mas ela começa a socar minhas costas. Eu não
sinto nada. Ela é pequena e bate sem força. Eu paro e me viro. Mesmo assim
ela continua.
— Eu saio com quem eu quiser. Ele gosta de mim. Diferente de você.
— Ela fala ainda me batendo.
Pego seus braços e a coloco no balcão da cozinha. Entro no meio de
suas pernas ficando na sua altura. Seus olhos estão arregalados olhando para
minha boca.
— Você não sabe o que fala. Eu adoro você, Melissa. Esse idiota só
quer te foder. Só isso. — Digo imaginando essa merda. Só o pensamento me
faz querer quebrar a casa inteira.
— Se ele quiser me foder, eu acho ótimo. Pois eu também quero. —
Quando essas palavras deixam sua boca eu me afasto. Saio de perto dela e
ando pela cozinha como um louco.
— Mentira. Sua mentirosa. — Grito e ela estremece. — Se dormir com
ele eu nunca mais olho na sua cara. Nunca mais quero te ver. — Digo e ando
para a sala. Abro a porta e saio depois de fechá-la e deixar Melissa.
Eu não entendo como pude começar a gostar dela tão de repente. Como
pude me apaixonar por outra garota namorando Kimberley. Eu sou um idiota
desrespeitoso.
Verdade.
— Ela está acordada? — Viro-me quando escuto sua voz. Aperto meu
maxilar e me aproximo dele.
— Não. Está dormindo. Sabe, não é? Ficou cansada depois de a gente
fazer algumas coisinhas. — Digo com um sorriso presunçoso no rosto. Ele
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fica branco, mas depois disfarça. — Tchau, cara. — Viro-me e vou embora.
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Capítulo Onze
Melissa
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Desde o dia que nos encontramos com Pietro e seus amigos no Jack’s
percebi a tensão que irradiava de Kevin e Hilary. Odiaram-se assim que se
viram, mas o que parece é que essa raiva se transformou em algo maior. Eles
se encontraram por aí e começaram a sair. Sei que parece clichê, mas foi
assim que aconteceu.
— Faz. — Ela suspira. — Muito sabe? Mas ele é uma pessoa muito
difícil de lidar. A gente briga o tempo todo. — Eu assinto querendo a
entender.
— Faz parte. Nada é fácil para quem quer a felicidade. — Digo e ela
sorri.
— Você sabe me dizer se o café está precisando de alguém? —
Pergunto lembrando que tenho que arrumar um emprego.
— Por quê? — Questiona franzino as sobrancelhas.
— Mamãe quer que tenhamos responsabilidade e tal. Para encurtar a
história, eu e Dylan temos que arrumar um emprego. — Digo sorrindo ainda
tensa.
Eu sei que mamãe fez bem e eu verdadeiramente aprecio sua
imposição, mas estou apavorada.
— E como você está se sentindo diante disso? Digo por que você nunca
trabalhou. — Ela fazendo careta. Não a culpo por pensar assim.
— Estou sentindo que pela primeira vez na minha vida estou por mim
mesma, sabe? Não que meus pais não me ajudarão se algo ocorrer, mas eu
estou gostando. Eu quero cuidar da própria vida. Eu já sou adulta. — Digo e
Hilary aperta minhas mãos em apoio.
— É bonito ver você falando assim. Mas voltando para o café, parece
que uma das garçonetes saiu ontem, mas só vou ter certeza hoje. Então eu te
ligo para falar se era verdade ou mentira. — Ela explica e eu a puxo para um
abraço.
— Obrigada! Você me ajuda muito se fizer. — Digo e ela dá de
ombros. — Onde está Kyara? — Pergunto percebendo que ela ainda não
chegou.
— Eu não sei. — Hilary balbucia nervosamente.
— Não sabe? — Ela engole em seco e balança a cabeça. — Mm. ok,
depois vou perguntar a ela. — Hilary acena suspirando.
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Depois de voltar para minha sala de aula encontro Kyara sentada na sua
cadeira despreocupadamente.
— Onde estava mais cedo? Te esperei no refeitório, mas você não
apareceu. — Digo calma enquanto deslizo pela cadeira ao lado dela.
— Estava ocupada. É... Tive que sair. — Diz suspirando e sem me
olhar nos olhos.
— Kya? — Ela levanta a cabeça engolindo em seco. — Está
acontecendo algo? Você está estranha. — Constato e ela balança a cabeça
freneticamente. — Ok...
O professor entra na sala e eu deixo a conversa morrer.
Conheço Kyara há um ano, pode parecer pouco tempo para algumas
pessoas, mas é como se eu a conhecesse a vida inteira. Seu jeito atualmente
não condiz com a garota que conheci há um ano. Kya está se esquivando de
mim, nesses dois meses que passaram nós quase não nos vimos e agora, seus
sumiços.
Sinceramente espero que não seja nada com sua família. Kya tem vários
problemas com os pais. O pai é um vagabundo traidor que ajudou a mãe dela
se tornar uma alcoólatra, por suas várias mulheres. A mulher encontrou o
consolo que o marido não lhe dava na bebida, se esquecendo completamente
da sua filha. Não entendo como uma pessoa como Kyara, boa e generosa,
saiu de duas pessoas tão terríveis.
— Espero que não esteja passando por problemas... sei que não gosta
de comentar, mas eu fico preocupada. — Murmuro depois de um tempo em
silêncio.
Não olho para ela, continuo olhando o professor explicar sua matéria,
não por medo, mas sim por receio de ver seu sofrimento.
— Não está acontecendo nada, Miles. Desculpe-me se te preocupei. —
Ela fala enquanto enrola uma mexa do seu cabelo. Sorrio quando me chama
pelo apelido que me deu.
— Ok... Tudo bem. — Depois disso não falamos mais nada.
Não era o silêncio confortável que sempre pairava entre nós, o silêncio
desse momento é sufocante. Eu não suporto ficar assim.
Depois da aula eu fui para casa e esperei a ligação de Hilary. Eu preciso
desse emprego, não quero mais depender da minha mãe e meu pai para
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— Mel?
— Eu quero você.
— Melissa? O que está falando?
— Eu acho que estou apaixonada por você, Pietro.
— Onde está? Você está bêbada? Merda.
— Eu... você também está apaixonado por mim?
— Mel! Deus! Responda-me onde você está!
— Eu não lembro. Eu vim para um aniversário de algum conhecido de
Brandon.
— Você o que? Não precisa responder. Estou indo te buscar, ok? Vai
para o lado de fora.
— Você gosta dela, não é? Eu sei. Ela me mandou um SMS dizendo que
estava com ela novamente.
— Melissa...
— Eu odeio você, Pietro!
— Não. Você não odeia.
— Fique com ela e eu fico com Brandon. Odeio estar apaixonada por
você.
Desligo e meu choro se torna mais forte. Saber que eles voltaram desfaz
qualquer chance de ele ser meu. Limpo minhas lágrimas e suspiro.
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Capítulo Doze
Melissa
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Depois dessa conversa eu passei a gostar mais de Brandon. Ele foi tão
sincero, me deixou sem palavras. Eu gostaria de ter me apaixonado por ele.
Eu gostaria de não gostar de Pietro, de não pensar nele nos momentos de
solidão, mas eu penso. Eu gosto dele. Isso é tão injusto. Ele tem uma
namorada. Ele voltou com Kimberley. Pergunto-me se tudo que me falou em
nosso último encontro era mentira.
Quando ele salta de seu carro, seus passos são duros e seu maxilar estar
apertado. Seus olhos estão fixos em Brandon e antes que ele faça alguma
idiotice eu vou ao seu encontro.
— Você veio me buscar? — Ele agora está me olhando enquanto acena.
— Sim, Melissa. — Ele range os dentes ao falar.
— Então ótimo eu estou no carro. — Digo e caminho para o lado do
passageiro.
Olho para Pietro, mas ele está falando com Brandon. Longe um do
outro. Agradeço por isso. Não quero que Pietro pense que tem qualquer
domínio sobre mim. Ele não tem. Respiro fundo quando entra no lado do
motorista e sai do estacionamento.
— Como você está? — Depois de um longo silêncio ele pergunta sem
me olhar.
— Estou bem. Só quero ir para casa. — Encaro a janela do seu carro e
suspiro ao ver os pequenos respingos de chuva cair no asfalto.
— Como você sai com alguém que não conhece? — Ele pergunta
calmo.
— Do mesmo jeito que estou agora no seu carro. — Digo firme.
Acho que a bebida que estava no meu sistema se foram com as
lágrimas. Não me sinto bêbada. Espero que amanhã eu também não sinta as
consequências do álcool.
Ele fica calado o resto do caminho, apenas apertando o volante com
suas mãos. Não sei como e nem em qual momento, mas adormeci. Acordo
nos braços de Pietro quando ele entra no meu quarto. Suspiro enquanto ele
me coloca na cama.
— Obrigada. Desculpe se te incomodei...
— Você nunca me incomoda. — Ele diz cansado. Viro-me para não ter
que ver seu rosto. Enrolo-me em formato fetal e suspiro.
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— Diga a sua namorada que já a entendi. Não quero mais saber de SMS
dela no meu celular. — Digo me lembrando de suas mensagens.
— Ela não é mais minha namorada, Mel. Você sabe disso. — Sinto a
cama afundar e sei que ele deitou comigo.
— Então eu acho que ela não está sabendo disso. — Digo ficando tensa
quando ele me puxa para seu peito.
Sua mão descansa em minha barriga e eu me lembro da nossa noite
juntos. Foi assim que acordei. Olhando para sua mão.
— Ela sabe disso. Desculpa se ela anda te incomodando. Vou falar com
ela. — Ele diz e sua respiração quente entra em contato com a pele do meu
pescoço me fazendo arrepiar.
— Ela não me incomoda. Na verdade, nunca me incomodou. — Digo
sincera. — A única coisa que me incomodava era ver vocês juntos. —
Confesso sentindo meu coração correr acelerado.
Ele me vira e eu encontro seus olhos castanhos. Sua boca suspira e eu
relaxo em seus braços.
— Isso não vai mais te incomodar. Acabou. É sério. — Ele afirma
enquanto enrola uma mecha do meu cabelo no seu dedo.
— Não vi você essa semana... — Divago e ele sorri.
— Tive que ir ao hospital. Meu pai estava com alguns problemas e
queria que eu estivesse lá para aprender como proceder diante disso. — Ele
revira os olhos quando fala.
— Eu senti sua falta, Pietro. — Digo e ele sorri como se estivesse
conquistado o mundo.
— Eu também, Mel. Demais, mesmo. — Ele me aperta mais em seus
braços e eu sorrio.
— Você ficou com esse cara, Mel? — Depois de um tempo só
abraçados ele pergunta.
— Não. — Digo e ele semicerra os olhos, sério. — A gente só se
beijou, mas não... — Paro de falar quando ele se afasta de mim e senta na
cama.
— Não sei o que estou fazendo. Deus! Você me disse que queria ele.
Não sei por que ainda penso em você, Melissa. — Ele se levanta e começa a
calçar os sapatos que eu nem tinha o visto tirar.
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com Kimberley. Por não ter voltado para ela. Deus, eu quero esse homem só
para mim.
— Mmm... Você é doce. — Pietro fala sorrindo. Reviro os olhos e ele
me coloca no colchão.
— Obrigada? — Pergunto e ele sorri enquanto me dá um selinho.
— De nada. — Diz e me beija de novo. Gargalho e empurro seu braço.
— Eu vou tomar banho e tomar um analgésico para que amanhã eu não
esteja sofrendo com dores de cabeça. — Digo e me levanto.
Pietro se deita na cama e fica me olhando pegar uma camisola com
calcinha e toalha. Vou para o banheiro e em pouco tempo tomo banho,
escovado os dentes e saio do banheiro vestida.
Olho para Pietro deitado na cama e sorrio ao vê-lo olhando minhas
molduras com fotos da minha família. Deito-me ao seu lado e ele os coloca
no lugar.
— Sua mãe é linda. — Ele fala e eu sorrio.
— Sim. Ela é. — Digo olhando para sua foto. Seus olhos verdes
azulados se sobressaem de seus cabelos castanhos e eu sorrio.
— Você é muito parecida com ela. Principalmente seus cabelos. — Diz
e eu reviro os olhos.
— Só não ganhei os olhos perfeitos. Connor foi o único. — Digo com
uma carranca.
— Os seus são lindos. Não precisa dos olhos daquele pé no saco. — Ele
diz e eu bato em seu braço.
— Hey! Ele é meu irmão. — Digo e ele me puxa para seus braços.
— Eu sei. Quero ver quando ele souber que peguei a irmã dele. — Ele
gargalha e eu me sento tentando ficar séria.
— Isso é algum tipo de troco que você quer dar em Connor por ficar
com Nicole? — Pergunto levantando a sobrancelha.
— É lógico que sim. Mas o melhor é estar com você, meu anjo. — Diz
sorrindo e me puxa novamente.
Depois de estarmos deitados e debaixo das cobertas olho para seu rosto
e me pergunto como vai ser... Será que manhã estaremos juntos? Quero dizer,
nós estamos juntos? Dúvidas rondam minha cabeça, mas não quero pensar na
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possibilidade de não está com ele. Deus, estou tão apaixonada por esse
homem.
— Eu sei o que está pensando. A gente vai dar um jeito, ok? Mas eu
não posso ficar sem você, Mel. Não posso. — Ele fala e roça seus lábios nos
meus. Derreto-me debaixo dele, mas ainda estou preocupada.
— E Kimberley? Ela não vai me deixar em paz, Pietro. — Digo
sentindo um balde de água fria em cima de mim.
— Lógico que vai. Eu já falei com ela, Mel. No dia que terminamos eu
expliquei e se ela ainda não entendeu eu explico de novo. Não importa. —
Ele me assegura e eu suspiro acenando.
— Agora dorme, anjo. Eu vou estar aqui quando acordar. Juro. — Ele
beija meus lábios e eu sorrio.
— Você também. Desculpe ter te acordado. — Digo bocejando.
— Não se desculpe. Se você não tivesse feito, nós não estaríamos aqui.
Juntos. — Ele explica e eu aceno confirmando.
Verdade.
Acordo com o som de dois celulares tocando e eu quero morrer agora
mesmo. Quando me viro vejo Pietro deitado tentando pegar o seu celular.
Depois que ele atende eu me levanto e vou atrás do meu.
— Alô?
— Nicole entrou em trabalho de parto.
— O que? Merda.
— Eu estou apavorado. Caralho. Estou com medo de perdê-la.
— Que merda de conversa é essa, Connor? Ela está ótima. Saudável e
nada além do nascimento da sua filha vai acontecer.
— Eu fui pesquisar no Google e apareceram várias coisas. Você vem
para cá, não é?
— Óbvio. Estou chegando. Deixa esse seu celular no lixo mais próximo
que estiver de você.
— Ok. Tudo bem. Tudo bem.
Desligo e olho para Pietro que está vestindo sua calça.
— Ela está bem? Mamãe ligou e disse que está vindo, mas ela não
soube falar ao certo como Nick está. — Ele fala rapidamente com o rosto
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apavorado.
— Ela está ótima. Não se preocupe. Agora vamos. — Digo e me visto
rapidamente.
Entro no carro e rezo para que o que falei para Pietro seja verdade.
Deus permita que sim!
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Capítulo Treze
Melissa
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— Sim. Me passa ela, vou dar sua mamada. — Ela diz se sentando mais
ereta.
Coloco Abby em seus braços e me viro para olhar meu irmão.
— Só o que ela herdou de você foi os olhos. — Digo enquanto ele se
senta ao lado da cama.
— Sim. Quando olho para ela parece que estou olhando para um
espelho. Não sei dizer, mas é como se os olhos dela refletissem os meus. A
minha vida. Eu adoro. — Diz com um sorriso largo nos lábios e eu o olho
com simpatia.
Connor vai ser um pai incrível!
Sem dúvida alguma.
— Você vai comigo? — Pietro pergunta e eu me viro para vê-lo
encostado na porta do quarto.
Ele tinha entrado com seus pais e depois saiu. Entrei aqui e perdi a hora
do tempo. Sorrio e aceno.
— Eu já vou. — digo e me viro para Nicole. — Quando chegar em casa
estarei lá para te receber. — Aviso sorrindo. Nicole olha para nós dois e
depois sorri para Connor. Ele revira os olhos e se concentra em Abby.
— Vocês estão juntos? — Ela pergunta nos olhando atentamente.
— Sim. — Sorrimos ao falar ao mesmo tempo. — Sim. Nós estamos
juntos. — Digo e ela dá um gritinho de alegria.
— Estou tão feliz! — Ela fala e bate em Connor quando revira
novamente os olhos. — Deixe de ser ranzinza. — Ela resmunga.
Pietro sorri e me puxa pela mão para sairmos. Quando a porta se abre,
nossos sorrisos morrem e estancamos na porta, surpresos.
Seus olhos estão em nossas mãos juntas. Minha e de Pietro. Ele me
solta e dá um passo em sua direção enquanto ela dá um para trás.
— Kimberley...
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Capítulo Quatorze
Melissa
Ela olha para mim e sorri forçadamente. Depois muda seus olhos para
Nicole e agora sim, ela sorri de verdade. Kimberley passa por Pietro e vai
para perto de sua irmã que está amamentando Abby.
— É... Só trouxe uma lembrança para sua bebê, Nicole. — Ela diz e
olha para minha sobrinha com um sorriso nos lábios. — Parabéns! Ela é
linda.
Nicole sorrir, orgulhosa.
— Obrigada, Kim. Pelo presente e por vir me visitar. — Minha cunhada
fala sendo gentil.
Quando ela se vira para Pietro e eu, ela coloca o sorriso falso no rosto.
— Parabéns, Melissa. Você conseguiu. — Ela acena e eu engulo em
seco. Merda. — Eu preciso falar com você, Pietro. — Ela avisa ficando séria.
— Agora não. Vou deixar Melissa em casa. Outro dia te ligo. — Ele
fala calmo e ela sorri dando de ombros.
— Não importa. Eu tenho a vida toda para falar o que quero. — Diz e
se vira novamente para Nicole. — Fique com Deus, Nicole. — Depois disso,
ela sai e vai embora.
Respiro fundo e saio também. Ando ao lado de Pietro até o
estacionamento e juntos vamos embora. Eu entendo a raiva e até a decepção
de Kimberley por ver que nós dois estamos juntos. Não sei como, mas eu
entendo. Sinto-me mal por ela pensar que eu maquinei tudo isso. Que me
apaixonei e fiz Pietro se separar dela intencionalmente. Suspiro e olho para
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Pietro.
— Você vai conversar com ela? — Pergunto e olho pela janela. Não
quero que ele pense que sou uma neurótica ciumenta, mas ela é a ex dele.
Pelo amor de Deus.
— Vou. — ele diz e me olha. — Por quê? Você acha que eu não
deveria? — Questiona sereno enquanto alterna seu olhar do trânsito para
mim.
— Claro que sim. Vocês dois têm uma história. Só estava perguntando
por que... na verdade nem sei por quê. — Digo e ele segura minha mão na
sua.
— Não vai ser hoje e eu não sei quando vai ser, mas eu vou conversar
com ela. Eu preciso. Ela doou uma parte da vida dela ao meu lado e ela não é
uma pessoa má. — Reviro os olhos. — Não estou brincando, Mel. Ela não é
uma pessoa ruim, ela só viu você como uma ameaça para nosso namoro. —
Ele diz e eu concordo.
Claro que ela não é má. Só é um pouco desequilibrada. Só isso.
— Ok, tudo bem. — Sorrio e lhe dou um selinho. Depois disso ficamos
calados o resto do caminho.
— Seus pais já chegaram? — Ele pergunta enquanto estaciona o carro.
— Ainda não. Mas eles vão do aeroporto direto para o hospital. Mamãe
está eufórica por ter uma neta. — Digo e ele sorri acenando.
— Abby é a primeira, não é? — Ele pergunta quando saímos do carro e
entramos no hall.
— Sim. Há algum tempo atrás, Letícia, a mulher de Erick, estava com
suspeita, mas não era. — Digo e ele acena enquanto entramos no elevador.
Ao sairmos vemos Brandon trancando sua porta com Filip ou Filipe e
Walter.
— Hey gatinha. — Walter fala e eu balanço a cabeça o abraçando.
— Como vai? — Pergunto educadamente e seguro a mão de Pietro.
— Vou bem. Depois marcamos de sair todos outra vez. Vai ser mais
legal. Prometo.
— Vou pensar... — Digo me afastando. — Oi Brandon, oi Filip. —
Cumprimento e eles sorriem e acenam enquanto entram no elevador.
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larga. Quero dormir. Agradeço pela ressaca não ter batido em minha porta
hoje. Ontem bebi tanto.
— Você viu aquela garota? Puta que pariu. — Dylan entra no meu
quarto com um sorriso gigante e eu retribuo.
— Linda, não é? E os olhos? — Pergunto e me sento na cadeira da
escrivaninha.
— Sortuda. — Ele suspira e senta na cama. — Nunca vi Connor tão
feliz. Ele nunca passa muito tempo sorrindo, mas quando a garota está no
lugar ele não consegue tirar. Eu achei fantástico. — ele fala super animado e
eu sorrio.
— Você quer ter filhos? — Não sei por que perguntei, mas agora que
fiz eu quero saber.
— Sim. Muitos. — Ele diz e seu sorriso fica enorme quando pensa em
algo. — Quero ter uma princesa primeiro depois quero um time de futebol.
— Ele fala sério e eu gargalho.
— Seu louco. Tenho pena da sua esposa então. — Digo rindo e seu
sorriso morre. Seu rosto se contrai e ele evita olhar para mim — O que está
acontecendo, Dylan? — Pergunto preocupada.
— Nada. Eu ainda não tenho uma possível esposa. — Ele mente e eu
suspiro não querendo prolongar sua mentira.
— Connor disse que está namorando. — Digo e ele arregala os olhos.
— Ele disse que não sabe quem ela é, mas eu queria que você me dissesse.
Eu sei que não somos os irmãos mais unidos e que gostam de conversar, mas
eu... eu... — desvio meus olhos dos dele e engulo em seco.
Ele não vai falar.
— Desculpa, Mel. A gente pode falar sobre isso depois? — Pergunta e
eu aceno confirmando.
Viro-me para meu computador e começo a ler as ideias que tive para
meu segundo livro. Agora estou mais confiante, acho que a faculdade me deu
mais força. Escuto Dylan bater à porta quando sai e eu respiro fundo e foco
minha atenção na tela a minha frente. Começo a digitar e devagar as palavras
dão vida a uma nova jornada e um novo mundo do qual somente eu farei
parte. Pelo menos por enquanto.
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— Melissa...
— Eu sei que ela é sua mãe. Mas ela ainda é uma pessoa, Kyara. Ela
deveria cuidar de você e não o contrário.
— É tudo culpa dele, Mel. Tudo.
— Eu sei. E eu o odeio por isso, mas você não pode cuidar dela. Você
tem que viver sua vida. Ela não quer ajuda, Kya. Quantas vezes a gente foi aí
para levá-la a reabilitação e ela não fez nada mais que te bater?
— Melissa, ela ainda é minha mãe.
— Eu só quero seu bem, meu amor. Somente isso. São suas escolhas
então eu só tenho que respeitar, mas não fazer parte. Eu abro mão, Kyara.
— Desculpa. Te envolvi nisso e nem sabia que te magoava tanto.
— Somente uma coisa me magoa, Kyara. É ver ela se desintegrar e te
levar junto. Eu não posso mais, ok?
— Eu te amo. Deus, tanto. Obrigada.
— Eu te amo, mais.
Depois de desligar o celular me pego olhando o teto do meu quarto.
Como uma mãe pode abandonar sua filha por um vício que a destrói? Por um
homem que nunca a amou e nunca vai amar? Penélope bebe e é manipulada
pelo marido de formas horríveis. Eu a detesto tanto. Eu a detesto por usar
minha amiga para conseguir tudo que quer.
Suspiro e recebo um SMS de mamãe.
Jantar às sete horas.
Te amo,
Mamãe.
abraço.
— Estou ótima. — Sorrio e me viro para mamãe. — Mamãe... estava
com saudades. — Digo e ela me aperta com seus braços pequenos.
— Nós também. — Ela beija minha bochecha. — Vamos nos sentar. —
Diz e eu me sento ao seu lado.
— Vocês viram os olhos de Abby? — Pergunto e mamãe sorri
confirmando. — Que garota sortuda. — Digo e eles riem.
— Ela é tão linda. — Mamãe fala e eu aceno confirmando.
— Connor estava radiante. — Papai diz com um sussurro e eu respiro
fundo.
O relacionamento deles nunca foi o mais amistoso. Eu sei que papai
ama Connor e Erick como se fossem seus filhos, mas meus irmãos não veem
assim. Eles sempre foram arredios com uma possível relação com outra
figura paterna. Connor sempre foi o mais sofrido. Nunca soube o que de fato
aconteceu em sua infância e acho que nunca vou me arriscar para perguntar a
mamãe ou até mesmo a ele.
— Nunca vi meu filho tão feliz. — Mamãe fala sorrindo. — Nicole foi
um anjo que agradeço todos os dias por ter entrado na vida de Connor. — Ela
segura a mão de papai e ele suspira e acena.
— Com certeza. — Digo e o garçom chega para anotar nossos pedidos.
— Como está no emprego? — Papai pergunta enquanto corta sua
comida.
— Só tenho uma semana lá, mas eu já estou adorando. — Digo
sorrindo. — Vocês acreditam que lá tem uma sala secreta? — Pergunto e eles
sorriem negando. — Pois tem. Ainda não me deixaram entrar lá e eu também
não tive tempo, mas minha amiga disse que lá é tudo de bom. — Digo com
um sorriso enorme.
— Que bom, querida. Nós estamos muito orgulhosos de você. —
Mamãe fala e papai acena confirmando. Meu peito se enche de alegria ao
ouvir isso deles.
Eles são tudo para mim.
Entro no meu carro depois de me despedir dos meus pais em frente ao
restaurante. Eles acenam para mim e eu sorrio saindo do estacionamento. Em
menos de quinze minutos estou saindo do meu carro. Meu celular vibra e eu
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Capítulo Quinze
Melissa
Seu corpo treme enquanto o choro sai de sua boca e lágrimas de seus
olhos. Eu não sinto nada. Estou parada olhando Dylan acalentar Kyara e não
consigo sentir dó da garota que dividi meus segredos, da garota que eu tinha
como minha melhor amiga. A verdade é que estou assustada, eu não consigo
acreditar que Kyara tenha feito isso comigo.
— Mel, me desculpa, mas não é isso que está pensando. — Ela fala e
começa a vir para mais perto de mim.
— O quê? O que eu estou pensando, Kyara? — Grito e Dylan vem para
meu lado.
— Melissa, você está sendo dramática. — Ele diz e eu lhe dou um
empurrão. Meu irmão me encara surpreso e eu o olho com raiva.
— Você não sabe de porra nenhuma. Você só pensa em si mesmo e
esquece que eu sempre estive aqui ao seu lado. — Continuo gritando e ele
tenta me tocar. Saio de perto dele e continuo falando.
— No ensino médio minha melhor amiga... Veja a coincidência. —
Sorrio para Kyara e ela soluça contra sua mão. — Ela me usou... ela se
aproximou de mim e disse que queria que fossemos amigas, eu fiquei em
êxtase, claro eu era sozinha naquela escola. Com o passar do tempo ela estava
perto de conseguir o que queria... ela só queria ficar com o irmão popular da
garota idiota que era sozinha em pleno ensino médio, da garota que não tinha
um amigo na escola. Um belo dia “eis” que ela consegue, depois disso ela
nunca mais falou comigo. Não, mentira, sim, ela falou. Ela disse que eu era
patética e que nunca gostou de mim. Me fez passar a maior vergonha da
minha vida na frente da escola inteira. — Sinto minhas lágrimas descerem e
as limpo. — Mas adivinha onde o meu irmão gêmeo estava? Fodendo ela. O
meu irmão, a pessoa que era para me proteger ficou com o demônio que me
fez fraca, que me fez temer amizades. — Digo e Dylan pisca os cílios
completamente chocado. O brilho de lágrimas lá me faz fazer careta. Sua mão
toca minha pele e eu me afasto novamente.
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prolongar a conversa.
Talvez eu esteja sendo precipitada na decisão de sair de casa. Talvez,
mas eu sofri na primeira vez que isso aconteceu. Eu sofri demais e não
conseguia confiar em nenhuma garota que tentava se aproximar. As únicas
que deixei entrar depois de Renata foram Nicole e Megg, minha prima.
Assim que vi Nicole no dia que chegou para meu aniversário de dezoito
anos senti que podia confiar nela. Pela primeira vez eu não tive receio de
deixar uma garota se aproximar de mim. Até porque ela já namorava Connor,
mas não foi somente por isso. A verdade é que Nick é uma pessoa tão
iluminada, a confiança que ela tem em si mesma me fez ter confiança nela. Já
Megg é minha prima, fomos criadas juntas. Nascemos amigas. Mesmo ela
sendo uma louca, sinto falta dela.
Entro na casa de Connor e ele arregala os olhos quando vê minha mala.
Pietro foi para casa depois de me fazer prometer lhe ligar caso algo aconteça.
— O que você fez, Dylan? — Ele pergunta se levantando e vindo em
minha direção.
— A gente pode falar sobre isso amanhã? — Ele suspira e acena. — Eu
posso ficar um tempo aqui? — Pergunto olhando para minhas mãos.
— Lógico que pode. Essa casa é sua também. — Ele diz. — Fique no
quarto de hóspedes. Ele é ao lado do de Abby. — Ele diz e eu aceno e subo
as escadas.
Entro no quarto e me sento na cama. Olho para a decoração e sorrio
admirando o trabalho de Nicole. Tenho certeza que se ela não fosse
fisioterapeuta, seria decoradora. Sim, ela seria.
Deito-me na cama e com pouco tempo depois adormeço.
Acordo com o barulho de batidas na porta. Abro meus olhos devagar e
os arregalo quando vejo que não estou em meu quarto. Depois de um tempo
suspiro e lembro que estou na casa de Connor.
— Já estou indo. — Grito e abro a porta. Hilary sorrir e beija minha
bochecha.
— Hey! O que aconteceu para vir morar aqui? — Ela pergunta
enquanto se joga na “minha” cama.
— Quem te avisou sobre eu morar aqui? — Pergunto estranhando e me
sento na cadeira de frente para ela.
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quero que ele fique preocupado. Ele deve estar dormindo já que a mãe de
Nicole ficou com ela no hospital.
Entramos no café e me arrepio inteira. Tudo está escuro, parece até
cena de filme. Para de pensar besteiras, Melissa. Suspiro quando Hilary
acende a luz. Tudo do mesmo jeito que deixei quando sai daqui há dois dias,
na sexta.
— Vem! — Ela chama e eu a acompanho. — Você vai adorar. Lá é
legal e bem calmo.
Entramos em uma sala e eu quase desmaio. Merda. Um sorriso enorme
chega a meu rosto e Hil concorda com um aceno.
O espaço tem livros do teto ao chão em prateleiras que ficam em todas
as paredes. No meio da sala tem pufes redondos, quadrados, baixos e altos.
Tem um sofá-cama e eu me jogo nele. Deus, que lugar perfeito. Quero fazer
um espaço na minha casa desse jeito. Do mesmo jeito.
— Vamos escrever?! — Hilary pergunta e afirma. Ela tira um notebook
da bolsa e se senta em um pufe. Minha boca está tão aberta que não sei se sou
capaz de fechá-la.
— Você também escreve?
— De vez em quando. — Ela fala dando de ombros.
Nos esquecemos e focamos em nossos notebooks e em nossas histórias.
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Capítulo Dezesseis
Melissa
Ainda sou uma adolescente, mas sei que isso não é saudável. Sei que
amar é um sentimento puro e sincero, e o que ela sente é obsessão. E isso é
uma doença.
Minha mãe é doente.
Suspiro quando coloco os pensamentos de Bianca no livro. Sinto sua
dor e ela chega a quase me sufocar. Tenho dó dela, mas antes de tudo odeio
sua mãe. Eu odeio o quanto àquela mulher a faz sofrer. Odeio o quanto um
amor doentio pode fazer mal não só a pessoa que o carrega, mas também
quem está a seu redor.
— Você escreve sobre o que? — Hilary pergunta enquanto entramos
em meu carro para ir para casa.
Ela dormirá comigo hoje. Até porque está tarde para ela voltar sozinha
para o Campus.
— Romance. — Ela sorri e revira os olhos. — Hey! É legal. E você
sobre o que escreve? — Pergunto e ela coloca um sorriso enorme no rosto.
Hoje ela está bem sorridente.
— Terror histórico. — Ela sorri arqueando a sobrancelha e eu balanço a
cabeça. — Quê? É legal. — Ela imita minha voz e eu a dou um empurrão.
— Tenho medo. Nunca li nada perto de terror. — Digo e só o
pensamento me faz estremecer. Hilary gargalha e eu me junto a ela.
— Ok... Quando terminarmos nós duas trocamos de livros e vamos ler
os gêneros que menos gostamos. — Ela fala e me dá a mão para apertar.
— Acho que irei me arrepender... — Dou a mão e as apertamos
enquanto gargalhamos.
Essa leitura vai ser verdadeiramente histórica.
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que nunca seria amiga de alguém solitário como eu. A partir desse dia eu não
confiei mais em nenhuma garota, Nicole. Eu me transformei em algo mais
solitário ainda por medo de todas elas só quererem ficar com meus irmãos. —
Digo e afasto uma lágrima que desceu pelo meu rosto. Falar faz a dor doer
mais ainda. Eu me sinto sufocada.
— Oh, minha querida. — Nicole se levanta e me embala em seus
braços. — Eu sinto muito. — Ela diz e eu continuo limpando meu rosto.
— Quando cheguei aqui eu disse para mim mesma que iria ser
diferente. Que eu tentaria dar chances para as garotas que se aproximassem
de mim. As primeiras eram sempre como Renata. Todas elas queriam Dylan
ou Connor. — Ela se afasta e me olha com uma carranca. — Pois é. Até
Connor que já estava com você elas queriam. Depois de algumas semanas,
conheci Kyara. Ela era tão divertida e eu queria ser amiga dela. Então resolvi
dar uma chance. Eu contei tudo isso para ela. Eu disse que temia amizades e
etc... Ela disse olhando em meus olhos que nunca faria isso. Que ela é minha
melhor amiga... — Sorrio triste. — Eu a peguei com Dylan no
estacionamento do nosso prédio há três dias. Ela me jurou que não era a
intenção dela, mas como posso confiar em suas palavras se ela me escondeu
esse namoro todo esse tempo? Se ela tivesse me falado. Se ela tivesse
conversado comigo, eu... eu não sei se seria diferente, mas eu gostaria que
tivesse ocorrido assim. — Digo sentindo meu peito apertar.
Eu estou com saudades de Kyara. Eu sinto tanto a sua falta.
— Eu sei que você queria que tivesse sido assim, mas não foi, Mel. —
Ela acaricia meus cabelos enquanto fala. — A paixão não é algo que
escolhemos, Melissa. Ela é forte e nos consome. Eu acho que Kyara se
apaixonou por Dylan e ele por ela, e também acho que não foi com a intenção
de te magoar. Eu me apaixonei por seu irmão de repente. Foi tão rápido e tão
intenso e mesmo que tivesse alguém para nos impedir, não conseguiriam
porque o amor é assim. Ele derruba as barreiras e vence qualquer obstáculo.
— ela suspira e eu me lembro de Pietro.
Eu me apaixonei por ele tão de repente. Enquanto eu pensava ainda
amar Tyler, eu estava me escondendo dos meus verdadeiros sentimentos.
Estava me escondendo da paixão que sinto por Pietro.
— Você acha que eu devo ir atrás dela? — pergunto mordendo meu
lábio inferior.
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— Sim. Eu acho. Ela continua sendo sua melhor amiga. Mesmo com
Dylan como namorado, Kyara sempre vai ser sua amiga. — Suas palavras
sábias entram em meu coração.
— Obrigada. — Digo e a abraço apertado.
— Agora vamos descer um pouco? Quero saber como foi sua noite com
meu irmão. — Ela fala e eu arregalo os olhos.
— Connor seu fofoqueiro! — Xingo ele enquanto descemos a escada,
devagar por causa de Nicole.
— Você o esfregou na cara de todo mundo, Melissa. Queria que eu não
dissesse a minha mulher? — Ele pergunta sentado no sofá ao lado de Dylan.
— Meu Deus! Eu amo quando você me chama assim. — Nicole fala e
beija sua bochecha.
Sorrio e Dylan revira os olhos. Chato. Meu gêmeo se levanta e fica
passando seu peso de um lado para o outro. Acho que ele está nervoso.
— Mel... — Ele suspira e passa a mão pelo cabelo. Com certeza ele está
nervoso. Os homens Jones sempre quando estão nervosos passam a mão pelo
cabelo repetidamente.
— Dylan, não. — Connor fala e eu não entendo o que está acontecendo.
— Não o quê? — pergunto olhando para Connor.
— É que Dylan quer que volte para casa. Ainda não é hora, então, não
Dylan. Não vá pedir isso a ela. — Meu irmão do meio me diz e eu arfo.
— Eu estou sentindo falta dela, porra. Ela não se encaixa aqui. Aqui é a
casa de vocês. Eu e Mel nos completamos. Nós somos gêmeos. — Ele
explica como se isso fosse a coisa mais difícil de nós, Connor, Nicole e eu
entendermos.
Eu sorrio. De verdade, eu sorrio, porque ele parece um peixe fora
d'água. Ele está nervoso e parece até um pouco desesperado.
— Eu vou. — digo e eles me olham com os olhos arregalados. Eu quero
voltar para casa, como ele falou, meu lugar é lá. Ao lado dele.
— Você vai? — Dylan pergunta e eu suspiro. — Vai mesmo, né? Tipo
você vai pegar suas coisas e nós vamos para casa. — Ele fala balançando as
mãos.
— Sim. Mas antes eu queria que você me levasse para um lugar. —
Digo e ele sorri. Nicole pisca para mim e eu sorrio aliviada. Tenho que
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Capítulo Dezessete
Melissa
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— Não. Eu odeio você, Kyara. Odeio o quanto você é uma filha ingrata.
— Ela dá um passo à frente e dá um tapa no rosto de Kyara.
— Kyara! — Grito e a tiro de perto de sua mãe.
O pior de tudo é que minha amiga não se afasta. É como se ela quisesse
se penalizar. É como se fosse seu castigo. Ele permite que a mãe a faça
sofrer.
— Saia daqui. Agora, porra! — Dylan fala pausadamente andando na
direção de Penélope.
Ela sai sem olhar para trás. Ela sai e leva com ela mais um pedaço da
minha melhor amiga. Todas às vezes ela leva mais um pedaço de Kyara com
ela.
— Kyara? Você está bem? — Pergunto e ela me abraça chorando.
Nos sentamos no sofá e eu a embalo nos meus braços. Meus olhos se
enchem de lágrimas olhando para seus braços com marcas das unhas de
Penélope.
Deus, eu a odeio tanto.
— Está tudo bem. — Ela sai dos meus braços e olha para Dylan que
está do outro lado do cômodo com os braços cruzados e sua mandíbula
apertada.
— Dylan... — ela se levanta e vai para sua frente. — Eu... me desculpa
não ter contado nada antes. — Ela fala e limpa as lágrimas.
— Não precisa pedir desculpas. — Ele suspira e coloca as mãos nos
bolsos. — Você sempre foi boa em esconder as coisas de mim. Eu sou um
idiota. — Diz e se vira para me olhar. — Vou te esperar no carro. — ele diz e
se vira.
— Me perdoa. Amor... por favor. Eu só não podia deixar que ela ou ele
quisesse me afastar de você. — Ela dá um passo à frente e sussurra como se
estivesse compartilhando um segredo. — Dylan... Eu te amo. — Ela chora e
continua andando atrás dele.
— Eu também te amo, Kyara. — Ele suspira e olha em seus olhos. —
Eu só não consigo entender como você faz isso. Como você deixou ela te
bater. Responda-me. — Ele fala e ela suspira e chega mais perto dele.
— Ela é minha mãe, Dylan. — Ela fala em forma de súplica.
— Não. Nenhuma mãe faria isso com sua própria filha. — Ele grita e
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eu me encolho.
Por mais estúpido que possa ser, ele está certo. Nenhuma mãe de
verdade faria seu filho sofrer a base de tapas.
— Ela está doente, Dylan. Ele é o culpado de tudo. Meu pai a usa. —
Ela fala e ele suspira.
— Tudo bem. Vamos conversar sobre isso depois, ok? — Ele diz e
acena para mim. — Melissa quer falar com você. Depois nós vamos deixá-la
e voltar. — Ela acena e ele sai deixando nós duas sozinhas.
Depois de um tempo, caladas eu a olho. Seus olhos estão focados na
porta e eu suspiro.
— Eu vim aqui para me desculpar, Kyara. Conversei com Nicole e ela
me fez enxergar que talvez não fosse sua intenção me magoar. Eu vim aqui
para ter certeza de que eu fiz uma escolha ruim. De que me afastar de você
foi horrível. Eu só quero que me fale. — eu digo olhando para seus olhos.
Ela sorri e pega minhas mãos na sua. Kyara pega uma mecha do meu
cabelo e fica o enrolando.
— Sabe, Miles…. Quando conheci Dylan eu o odiei. — Ela sorri
recordando. — Você acredita que ele estava conversando comigo em um
minuto e no outro estava atracado com outra garota? Eu o detestei. — Ela diz
e eu sorrio imaginando.
— Depois disso nos tornamos amigas e eu o conheci como seu irmão.
Depois que você me falou toda a sua história com a garota, Renata. Eu não
queria magoar você. Mas eu não consegui resistir a ele. Ele foi insistente. Ele
ainda é. Eu me apaixonei por ele, Mel, e isso foi tão surreal. Eu nunca gostei
de nenhum garoto, com Dylan foi tudo tão repentino, eu senti aquele
sentimento tomar conta de mim sempre que nos aproximarmos. O ciúme
doentio que sinto dele com as outras garotas... eu juro que não queria te
magoar, mas eu não consegui evitar. Eu não consegui evitar me apaixonar
por ele. — Ela fala e limpa as lágrimas de suas bochechas.
— Eu sei. Agora eu sei. — Digo e a puxo para um abraço. — Eu super
apoio vocês dois. Dylan também te ama, Kyara. Ele é louco por você. — Falo
e ela sorri de orelha a orelha.
— Me desculpe por mamãe. Ela estava bêbada. Ele a pediu dinheiro e
ela não tinha, por isso veio me pedir. — Ela diz e suspira.
— Você já pensou em interná-la, Kyara? — Pergunto e ela acena
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confirmando.
— Eu conversei com meu tio Zac. Ele é amigo do dono de uma clínica
de reabilitação e está fazendo todos os processos para isso acontecer. Talvez
até a semana que vem ela já tenha se internado. — Ela diz e seus olhos
transparecem dor.
— Eu sei que é difícil, Kyara. Mas isso é para o bem dela. — Digo. Ela
acena e me abraça.
— Obrigada. — Ela diz e sorri. — Fiquei sabendo que está trabalhando
com Hilary no café. — Ela divaga e eu sorrio.
— Sim e... — Ela me olha com expectativa e eu explodo em um
sorriso. — Eu e Pietro estamos juntos. — Digo e ela dá um grito agudo.
— Não acredito, sua vaca! Você me fez pensar que estava louca ao
pensar em vocês juntos. — Ela sorri e grita novamente. — Você o ama? —
Ela pergunta enquanto eu tiro o sorriso do rosto e a olho sem entender.
— Como assim? Deixa de ser louca. Ainda não, quero dizer... eu não
sei. Eu pareço o amar? — Pergunto franzino as sobrancelhas. Eu não sei.
— Parece. E eu te dou a certeza... — ela pega minha mão e sorri. —
Você o ama. Está totalmente amando Pietro. — Ela fala e eu sorrio cúmplice.
— Eu o amo. — Digo e ela sorri e me abraça.
— Depois vamos para um encontro de casais. Eu e Dylan, Você e
Pietro e Hilary e Kevin. — Ela diz e eu sorrio.
— Combinado. Vou avisar a Hilary amanhã. — Digo e ela acena.
A abraço e eu posso sentir todos os sentimentos ruins que estavam
comigo irem embora. Eu sinto meu coração se renovando.
Depois de chegar em casa meu celular toca e eu sorrio ao ver o nome de
Pietro na tela.
— Hey!
— Está em casa?
— Sim, acabei de chegar.
— Onde foi?
— No Campus. Fui conversar com Kyara.
— Que bom, Mel. Se resolveram?
— Sim. Graças a Nicole.
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Capítulo Dezoito
Melissa
Enquanto caminhamos para seu quarto aos tropeços sinto seu sorriso
em meus lábios. Eu sinto a alegria irradiando dele e instantaneamente eu me
sinto feliz. Eu sinto que pela primeira vez desde que cheguei a Seattle, eu
estou no lugar certo. Meu lugar é ao lado dele.
Ao lado de Pietro.
Quando chegamos ao quarto ele se senta na cama e começa a tirar seus
sapatos às pressas, eu sorrio diante disso e continuo o admirando. Ele tira sua
blusa e em seguida sua calça e sua cueca. Eu arfo quando o vejo
completamente nu. Merda, ele é lindo. Pietro sorri de mim e me dá a mão.
Sem pensar em nada eu a pego. Eu seguro e deixo ele me levar para onde ele
quiser, e nesse momento ele me quer na sua frente.
Pietro abraça minha cintura e beija minha barriga ainda coberta pelo
meu vestido. Sua cabeça levanta e ele me olha. Não tem nada mais bonito no
mundo, em minha opinião, do que seu olhar agora. Esse é o meu olhar. O
olhar que diz que ele me vê e independentemente de qualquer coisa, ele me
quer.
Eu o amo.
— Você é linda daqui. — ele fala rindo e eu o empurro. — Estou
falando sério.
— Ok — digo sorrindo e revirando os olhos. Perco o sorriso quando ele
me afasta devagar.
— Tira. — Ele aponta para o vestido e eu sinto o sangue subir para
minhas bochechas. — Não tenha vergonha, Mel. Eu só quero te ver. — ele
complementa e eu suspiro devagar.
Viro-me e o peço para descer o zíper do vestido. As pontas dos seus
dedos descem pela minha pele deixando um rastro de arrepios. Estremeço
quando sua mão toca minha calcinha. Merda.
Volto a olhá-lo e deixo o vestido cair ao redor dos meus pés. Sinto-me
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exposta, mas só de olhar para ele, eu sei que não preciso de vergonha. Pietro
morde seu lábio inferior ao olhar para meus seios desnudos. Deus, isso é
sexy. Sinto seus olhos subirem para meu rosto e ele sorri.
Ele malditamente sorri!
Dou um passo para frente e saio do vestido caído no chão. Quando paro
e olho ao redor de seu quarto meu peito se enche de felicidade novamente. As
mesmas pétalas que estão na sala estão também pelo chão do quarto. Ele
pensou em tudo.
Sinto suas mãos pegarem meu rosto e ele me beija. Sem motivo ou
permissão. Ele somente toma meus lábios nos seus e me faz gemer baixinho
em sua boca quente. Sua língua invade meus lábios e ele se delicia com meu
gosto. Em minha cabeça passa todos os nossos movimentos da noite que
passamos juntos. Flashes dos seus movimentos ao entrar e sair de mim. Dos
sons que saiam da sua boca ao me ouvir gemer seu nome. Tudo.
Pietro cai na cama e me leva junto dele. Sento-me em seu colo e ele
continua a me beijar fervorosamente. Suas mãos entram nos lados da minha
calcinha e antes que eu perceba, ele a rasgou. Simples assim. Minha calcinha
cai em seu colo e ele me levanta para pegá-la e poder jogar perto do meu
vestido.
Depois do susto eu relaxo e me afasto um pouco. Ele está sorrindo
enquanto olha onde a calcinha caiu. Dou uma tapa em seu braço e ele sorri
mais ainda. Em um movimento rápido ele me preenche. Sufoco um grito na
minha garganta e ele para e me olha preocupado.
— Te machuquei? — Ele pergunta arregalando os olhos e eu sorrio o
reconfortando.
— Só foi de repente. Eu me assustei com a rapidez. — Digo e ele
suspira aliviado.
Sento-me devagar novamente enquanto seguro seus ombros para me dar
estabilidade. Pietro fecha seus olhos enquanto morde seu lábio e eu me
aproximo e pego ele com minha boca. Chupo devagar seu lábio e depois ele
me segura forte me virando na cama. Eu fico embaixo dele e devagar o sinto
entrar em mim novamente.
Quando chegamos ao ápice, me sinto flutuando e flutuando. Não
consigo sentir meu corpo ou qualquer matéria no espaço, eu só o sinto
suspirando e gemendo. Nós dois. Somente isso.
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para seus amigos e os dois olham para a gente como se assistissem uma
novela.
— Vou deixar Melissa. Daqui a pouco volto. — Ele fala empurrando os
dois e indo pegar sua camiseta.
— Melissa, você viu a Hilary ontem? — Kevin pergunta olhando para a
TV.
— Não. Por quê? Vocês brigaram? — Pergunto calmamente e ele
balança a cabeça confirmando. — Vou conversar com ela quando a ver no
café hoje. — Digo.
— Ok — ele suspira e Oliver o olha revirando os olhos.
— Você deveria tratá-la melhor. Quem sabe as brigas diminuiriam? —
Oliver fala sério e Kevin o olha com os olhos apertados.
— Não se atreva. Ela é minha namorada e eu pensei que já tivesse
superado. — Kevin diz e Oliver aperta sua mandíbula.
— Você sabe que nunca mais olhei para ela assim. Não depois que
vocês começarem a namorar. — Ele aperta a mandíbula e se afasta de Kevin.
Quando me lembro de recolher meu queixo no chão, Pietro entra na
sala.
— Kevin, vocês já conversaram sobre isso, não foi? — Pietro fala e eles
suspiraram. Kevin acena e se desculpa com Oliver com um “foi mal aí”.
Entro em seu carro ainda tentando digerir o que acabei de descobrir.
Oliver e Kevin gostavam de Hilary ao mesmo tempo.
Será que ela sabe?
— Não. Ela não sabe. — Pietro responde meus pensamentos enquanto
sai do estacionamento.
— Ah. — Digo e sorrio. — Só estou abobalhada ainda. Tipo eles são
amigos e gostavam da mesma garota. Sei lá. É estranho. — Digo e ele pega
minha mão na sua.
— Pode crer, eles ainda se bicavam bastante, mas Oliver viu que Hilary
gostava de verdade de Kevin. Ele só aceitou. — Ele diz dando de ombros e
eu sorrio. Oliver foi um bom homem.
— Mas Kevin tem ciúmes. Ficou bem claro lá na sala. — Digo olhando
para seu rosto enquanto dirige. Ele sorri.
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— Lógico que ele tem ciúmes. Se fosse eu, também teria. — Ele
murmura e eu sorrio cúmplice.
— Você sente ciúmes, Pietro? — Pergunto brincando e ele revira os
olhos.
— De você, até demais. — Ele diz e eu me aproximo beijando seu
rosto.
— Não sou ciumenta. Nenhum pouco. — Digo séria e ele gargalha.
— Nunca te dei motivos para ter ciúmes, Melissa. — Ele diz e pisca o
olho. Reviro os olhos.
— Eu também nunca dei motivos a você. — Digo e ele fecha a cara.
— Não. Somente ficou com seu vizinho, saiu com Greg... — o
interrompo.
— Antes de você. Tudo isso. — Digo e ele me olha sério depois volta
sua atenção para a estrada.
Ficamos calados o resto do caminho. Não sei se ele está chateado ou se
só ficou calado de repente. Ele estaciona ao lado do meu carro e eu suspiro.
— Obrigada pela carona. — Digo e pego minha bolsa no banco de trás.
— Não precisa agradecer. — Ele diz e pega minha mão na sua. — A
gente se vê mais tarde? — ele pergunta e eu relaxo. Ele não está chateado.
— Com certeza. — Digo e beijo seus lábios com um selinho.
Quando pego na porta para abri-la ele me puxa de novo e beija meus
lábios profundamente. Sua língua entra em minha boca provando meu gosto.
Logo depois ele começa a chupar meu lábio inferior fortemente e eu sorrio.
Merda. Ele sabe beijar.
— Eu tenho ciúmes porque você é minha. — Ele fala pausadamente e
eu arregalo os olhos surpresa quando ele diz “minha”.
Acabei de me apaixonar novamente.
Entro no café a tarde e vejo Hilary servir uma mesa com dois casais.
Quando um dos casais começa a se beijar na sua frente ela revira os olhos e
se afasta.
— Hey! — Digo ao me aproximar. Ela sorri largamente.
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perto de amá-lo. Mas para mim é muito. Muito mais do que eu suporto em
uma relação. — Ela fala enquanto limpa suas lágrimas e eu aceno
confirmando.
Na verdade, eu concordo com tudo que falou. Ninguém é saco de
pancadas para aguentar tanta merda sem amar a outra pessoa o suficiente. É
pouco tempo para ela o amar. No meu caso o tempo só foi uma barreira
contra meus sentimentos por Pietro.
— Você tem total razão. Se não aguenta, termina Hilary. Quem sabe
quando ele ver que vai te perder ele mude. — Digo e ela sorri confirmando.
— Suas pestes! Venham trabalhar. — Damos um pulo ao ouvir a voz de
Joseph pela porta.
Sorrimos e nos levantamos e vamos terminar nosso turno.
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Capítulo Dezenove
Melissa
Olho para o painel do carro e grito, frustrada, quando vejo que estou
quase sem gasolina. Merda. Olho para os lados e não vejo nenhum posto
então resolvo parar em uma oficina de carros. Talvez eles saibam onde fica o
mais próximo. Ainda não aprendi direito onde ficam as coisas aqui, mesmo
depois de um ano morando nesta cidade.
Saio do carro e me aproximo da entrada. Olho para os lados e não vejo
ninguém. Quando já estou quase saindo do lugar, um homem sai debaixo de
um carro. Pulo no susto e ele sorri balançando a cabeça.
Quando olho em seus olhos me vejo sorrindo. É o cara do restaurante.
O que me confundiu com sua namorada. Seus olhos azuis me fitam e surpresa
lhe define.
— Hey! O que está fazendo por aqui? — Ele pergunta e levanta do
chão.
— Meu carro está quase sem gasolina e não achei nenhum posto por
perto. Você sabe me dizer onde tem um? — Pergunto e sorrindo ele
confirma.
— Claro. Sei onde tem um a menos de cinco minutos daqui... meu
nome é Rodrigo e eu não me lembro do seu, desculpa. — Ele fala e eu sorrio
lembrando que Pietro o fez correr de mim.
— Melissa. Eu espero que tenha encontrado sua namorada. — Seu
rosto cai quando toco nesse assunto. Merda. — Desculpa, Rodrigo. Desculpa-
me. — Digo e ele suspira.
— Só não gosto de falar sobre isso. Ela... ela só foi embora e não deu
explicação. Aquele dia eu estava um pouco bêbado e por isso fui lá te ver.
Desculpe-me pelo incidente. — Ele fala enquanto veste uma camisa e não me
olha diretamente.
— Não tenho o que desculpar. Sinto muito por ela. — Digo e ele
agradece com um aceno de cabeça.
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apartamento.
— Segura para a gente? — Filip grita e Pietro suspira ao colocar a mão
para as portas não se fecharem.
Pego sua mão na minha e ele me puxa pela cintura me deixando em
seus braços. Beijo seus lábios com um selinho e os meninos entram no
elevador.
— Hey, Mel! — Brandon me saúda e a cena para Pietro. — Pietro. —
Ele diz e desvia os olhos da gente.
— Oi Brandon. — digo sorrindo e Pietro murmura um “oi” sem
vontade. Os meninos também cumprimentam a gente e depois o silêncio se
faz presente.
Brandon e eu não nos falamos mais como antes. Eu não me sinto mais à
vontade para me aproximar e ele, bem ele também não. Eu acho.
Entramos no carro e Pietro fica calado. Eu conto até dez para me
acalmar. Eu conto, pois estou ficando exausta desse ciúme chato dele em
relação a Brandon e eu não quero começar uma discussão.
— Sabe, eu estou sendo infantil. Verdade. — Ele começa a falar e eu
quase quebro o pescoço na hora de o olhar de tão surpresa que estou. — Eu
tenho ciúmes desse idiota. Eu tenho e você não me dá motivos para isso,
Melissa, mas toda a vez que eu o vejo eu me lembro de você me dizendo que
queria... — coloco meus dedos em seus lábios e o calo.
— Nunca mais. Nunca mais você vai repetir isso. Acabou, ok? Vamos
esquecer isso. Até por que nós dois sabemos que eu não queria dizer aquilo.
Eu já gostava de você naquele momento, Pietro. Eu estava querendo te irritar,
então quando você o ver e lembrar-se disso, eu quero que lembre do que eu
vou te falar... eu adoro você, Pietro. E em nenhum lugar no mundo tem um
homem que eu queira mais que você. — Digo e ele me olha por um instante
calado. Quando penso que ele vai me responder, ele encosta o carro e me
puxa para seu colo. De repente ele me beija. Sua boca toma a minha com
urgência e prazer e eu me derreto em seus braços. Sua mão pega meus
cabelos e me faz olhar em seus olhos.
— Todas as vezes que eu o ver, eu me lembrarei de suas palavras e
desse beijo. Sempre. — Ele diz e devagar volta a me beijar.
Entramos na boate e logo avisto Kyara dançando com Dylan na pista de
dança. Minha amiga se esfrega em meu irmão parecendo que estão transando
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e eu reviro os olhos enquanto sigo Pietro para a mesa onde Kevin, Hilary,
Oliver e outra garota estão. Assusto-me quando a vejo. Merda, parece que
estou me olhando no espelho.
Pietro chega e a abraça como se fossem velhos amigos e eu fico os
observando. Sei que eles não ficaram, pois Pietro namorava Kimberley, mas
a intimidade deles me irrita. Me irrita de verdade.
— Helena, essa é Melissa. Minha... — ele para de falar e eu o encaro.
Vamos lá Pietro! Eu sou o que sua?
— Prazer, Melissa. Eu e Pietro nos conhecemos na faculdade. — Ela
diz, mas ainda estou olhando para Pietro. Ele balança a cabeça e eu suspiro.
Vamos, Melissa. Não se apague a isso. Nada de rótulos.
— Prazer, Helena. — Digo e me viro para ir ao bar. — Volto em um
minuto. — Digo para Pietro, mas não espero sua resposta, apenas saio na
direção do bar.
Enquanto peço minha bebida vejo um cara sentar ao meu lado. Afasto-
me e encaro minhas mãos na bancada, tudo que eu não preciso no momento é
um cara para Pietro brigar.
— Não acredito. Duas vezes na semana é muito. — Escuto falarem e
me viro. Rodrigo é o cara que está sentado ao meu lado.
— Também acho. — Digo e rimos juntos. Minha bebida chega e
Rodrigo pede uma para ele.
— Então, cadê seu namorado? — ele pergunta e eu sorrio fraco.
— Ele não é meu namorado, Rodrigo... — sou interrompida pela voz de
Pietro.
— Estou aqui, cara. — Ele diz e me puxa gentilmente pela cintura em
sua direção. — Como você está? — Ele pergunta com a voz neutra.
— Estou ótimo. Melissa me falou no começo da semana que se
acertaram. Fico feliz que estejam juntos. — Rodrigo fala educadamente e eu
sorrio para ele.
— No começo da semana? — Pietro pergunta e eu me viro para ele.
— Sim. Quando eu voltava do Campus meu carro ficou sem gasolina e
eu parei na oficina que Rodrigo trabalha... Ou é dono? — pergunta quando a
dúvida chega.
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— Sou o dono. Mas foi isso mesmo. Só ensinei a ela o posto mais
próximo. — Ele diz sorrindo para Pietro.
— Que bom. Fico feliz que tenha a ajudado. Obrigado. — Pietro diz
sorrindo e eu lhe dou um selinho.
Bebo o resto da minha bebida e me despeço de Rodrigo dizendo onde
minha mesa está.
— Está vendo aquela garota em frente de vermelho? É nessa mesa. —
Digo apontando para a mesa e ele fica branco.
Rodrigo desce da cadeira e começa a andar na direção da nossa mesa,
mas não fala nada e não responde minha pergunta. Pietro me olha
interrogativo e eu dou de ombros sem saber o que está acontecendo.
Quando chegamos à mesa Rodrigo para e fica olhando Helena sem
piscar. Pietro coloca a mão em seu ombro enquanto questiona: — Você está
bem, Rodrigo? — Ao ouvir o nome de Rodrigo, Helena levanta a cabeça e o
olha alarmada. Seus olhos estão arregalados e Oliver segue seu olhar.
— Helena... — Rodrigo fala como se ela fosse uma miragem. Seus
olhos estão como estavam no dia que o conheci.
— Rodrigo... — ela fala e seus olhos enchem de lágrimas. Deus, não
estou entendendo nada.
Ela é sua ex, a que fugiu dele?
— Como... por quê? — Rodrigo balança a cabeça e fecha os olhos. —
Ela não está aqui, Melissa. Tudo é loucura da minha cabeça. Melissa! — Ele
começa a gritar e eu me aproximo dele. Coloco minha mão em suas costas e
o conforto.
Com os olhos peço ajuda para Pietro e ele se aproxima também.
— Rodrigo, essa é Helena. Ela é a ex que me falou? — Pergunto e ele
abre os olhos. Vejo sua tristeza se multiplicar e meu peito aperta.
— Helena... Por quê? — Ele pergunta e depois balança a cabeça
negando.
— Rodrigo, por favor... — Helena se levanta e tenta falar algo.
— Não precisa dizer nada. — Ele fala e depois se vira e vai embora.
Vejo-o ir embora e uma raiva sem tamanho cresce dentro de mim. Olho
para Helena e ela está chorando.
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— Por que está chorando? Responde! Foi você que o deixou. Você. —
Digo frustrada a fazendo chorar mais um pouco.
— Melissa... Não! — Pietro fala sério e eu aperto meus olhos em sua
direção.
— Sim! Ele é um cara legal e vem sofrendo por ela há um tempão. Ela
não consegue nem se levantar e dar uma explicação convincente para ele.
Pelo amor de Deus. — Digo e me viro frustrada.
Helena e Oliver vão embora e eu também. Pietro me acompanha, mas
não conversamos. Apenas um silêncio chato fica entre nós. Encosto-me na
janela do carro e espero.
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Capítulo Vinte
Pietro
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devagar.
Depois de Melissa trocar sua roupa por uma camiseta minha e eu tirar
minha roupa ficando só de cueca deitamos de conchinha na cama.
— Ainda está com saudades, Pietro? — Escuto sua voz sexy no escuro
do quarto e sorriu. Merda.
Ela vai ser minha morte.
— Pode ter certeza que sim. — Digo e viro seu corpo para baixo de
mim.
Vejo seus olhos brilharem e beijo seus lábios. Sua língua macia entra
em minha boca e já me sinto duro feito uma rocha. Puxo sua blusa e a tiro do
seu corpo. Seus seios ficam a menos de três centímetros da minha boca e eu
suspiro deixando um sopro em seu bico endurecido. Melissa se contorce e eu
sorrio. Pego seu seio entre meus lábios e chuto devagar.
Melissa tira minha cueca e também sua calcinha pequena. Merda. Ela é
muito gostosa.
Deslizo entre suas pernas e aos poucos sinto sua quentura me rodear.
Começo a fazer meu ritmo e em pouco tempo Mel está se contorcendo ao
meu redor.
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Capítulo Vinte e Um
Melissa
Mais uma vez limpo as lágrimas do meu rosto. Olho para meu relógio e
estranho a demora de Pietro. Já faz mais de dez minutos que ele foi à
farmácia do hospital. Suspiro e o doutor sorri para mim.
— Não se preocupe, Melissa. Muitas mulheres chegam aqui como você
e eu digo tudo que falei hoje, elas choram e quando os exames chegam não é
nada além de um descontrole menstrual. — Ele fala e eu suspiro querendo
acreditar.
Ainda não passou o pânico em mim, mas estou o segurando. Eu quero
ir para casa e gritar. Quero ligar para minha mãe e chorar em seus ouvidos.
Quero que meu pai me diga que isso é um sonho idiota e que eu sou saudável
e que vou ter um bebê quando eu estiver pronta. Quero ter essa liberdade
sobre a maternidade. Não quero depender de um exame ou de tratamento
médico para ter meu filho.
Quando a porta se abre suspiro quando vejo que é Pietro. Seu rosto está
branco e seus olhos vermelhos. Levanto-me da cadeira e corro para sua
frente. Passo a mão por seu rosto e o olho.
— O que aconteceu, amor? — Pergunto e ele beija minhas mãos.
— Podemos falar sobre isso quando chegarmos em casa? Tenho uma
coisa para te contar. — Ele fala engolindo em seco e eu o olho sem entender,
mas balanço a cabeça aceitando.
Saímos do hospital depois de eu ter feito os exames que o médico
pediu. Daqui a uma semana o resultado irá sair. Eu estou ansiosa. Quero que
a semana passe em um passe de mágica. Dylan veio o tempo inteiro
perguntando o que eu tinha e a verdade é que não consegui pronunciar. Eu só
falei que fiz um exame e que o resultado só sairia daqui a uma semana. Ele
suspirou e ficou calado o resto do caminho.
Quando entro em casa meu celular toca. Mamãe ligando.
— Mel... Podemos falar agora? — Pietro pergunta e eu peço um minuto
enquanto atendo meu celular.
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— Oi, mamãe.
— Deus, Melissa. Dylan ligou e me disse sobre você. Meu amor, como
está? — Olho para Pietro e digo que vou para o quarto falar com mamãe. Ele
suspira e senta no sofá.
— Estou melhor, mãe. Mas o médico disse que... — mordo meu lábio
inferior para segurar o choro, mas é inevitável e logo começo a chorar de
novo.
— Melissa Jones! O que aconteceu? Rodolfo! Vou para Seattle.
— Mãe. Não precisa. É só uma suposição. Ele disse que tenho que
esperar sair o resultado do exame.
— Qual é essa suposição, Melissa? Você está me preocupando tanto,
minha filha. — Ela chora e eu quero me bater por isso.
— Endometriose. Ele supôs que estou com endometriose.
— Filha... eu sinto muito. Quero dizer, não é uma doença que mate ou
algo do tipo, ela tem tratamento.
— Eu tenho medo de não poder dar bebês para Pietro.
— Quem é Pietro, Melissa?
— Pai... Por favor.
— Ok! Desculpe. Mas depois conversaremos.
— Melissa, qualquer mulher pode ter bebês estando com endometriose.
Eu tive logo depois de Erick e Connor nascer. E olha você e Dylan. Gêmeos.
Então tire esses pensamentos da sua cabeça, ok? — Mamãe fala calmamente
e eu suspiro.
— Ok. Muito obrigada. Estou com saudades, mãe.
— Também meu amor. Talvez iremos aí nesse final de semana.
— Ok. Avisem-me que peço a Connor para organizarmos um almoço
para todos.
— Ok. Te amo.
— Também, mamãe.
Desligo o celular e vejo Pietro encostado na porta do quarto. Seus olhos
estão cheios de lágrimas novamente e eu franzo minhas sobrancelhas. Por
que ele está triste? Será que ele... será que está com medo de eu não poder dar
um bebê a ele?
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Saio de seu carro quando chegamos à faculdade. Pietro pega minha mão
e eu viro meu rosto para outro lugar que não seja seu olhar. Não posso ver
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aquele sentimento lá novamente. Não posso pensar que ele está escondendo
algo. Mas eu sei que está. Eu sinto.
Ontem ele me buscou como o combinado. Ele estava alegre, mas
contido. Ele me beijava, mas eu sentia em todos os seus movimentos uma
despedida. Como se fosse à última vez e tudo isso é louco já que iremos para
sua casa no final de semana.
Mamãe ligou e disse que teve um imprevisto. Não vai poder vir para
Seattle. Não vou negar que fiquei um pouco feliz. Estar com Pietro em outro
local pode fazer ele se abrir, ou talvez isso seja da minha cabeça louca
fazendo mil e uma, junções.
— Helena voltou à faculdade. — Ele quebra o silêncio enquanto está
indo me deixar na sala.
— Hum. — Digo sem dar importância.
— Só falei porque você disse que queria falar com ela sobre pedir
desculpas. — Pietro fala e eu aceno confirmando.
— Verdade. Ela senta com as amigas ou com Oli? — Pergunto
enquanto passamos por um grupo de caras.
— Com Oliver e conosco. — Ele diz e eu paro para o olhar. — Ela
sempre sentou com a gente. Ela fazia parte do grupo. — Ele explica e eu
suspiro acenando. Verdade.
— Ok. No intervalo irei ao refeitório. — Digo e beijo seus lábios
devagar.
— Ok. Te vejo mais tarde. — O vejo caminhar pelo corredor e suspiro.
Depois da aula vou para o refeitório com Kyara falando comigo sobre
algumas festas que se aproximam. Já falei que Kyara é a louca das festas?
Agora imagina nós duas?
As loucas das festas.
— O tema vai ser... Normal. — Ela fala e eu gargalho da sua cara ao ler
o panfleto/convite. — Como assim normal? Pelo amor de Deus! Ninguém
teve criatividade para colocar um tema? — Ela fala chocada e eu sorrio.
— Pelo menos vai ser uma festa. E nós vamos com certeza. — Digo
sorrindo e ela começa a rebolar.
— Com certeza. — sorrimos quando somos abraçadas pelas costas.
— Posso saber para onde as senhoras vão com essa certeza toda? —
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Pietro desliza sua mão pela minha e a aperta. Eu sei que quer me passar
conforto ou sei lá o que, mas eu gosto. Encarar seus sogros, por mais que
sejam uns amores de pessoa, deixa qualquer ser humano nervoso.
— Aiden vem aqui mais tarde, podemos sair para a boate do meu primo
ou ir a um restaurante. O que você acha? — Pietro pergunta e eu aceno
confirmando.
— Por mim, tudo bem. — Digo em um sussurro e ele sorri para mim.
— Ok — ele concorda e abre a porta de sua casa.
Quando vi a casa por fora, primeiro pensei que eles eram ricos e agora
aqui dentro tenho certeza. A casa não é maior que a minha, mas ainda assim é
grande.
Entramos na sala e Pietro joga sua mochila no chão. O olho
repreendendo sua atitude.
— Não a jogue. Dê-me ela. — Digo e ele a pega do chão e segura sem
me passar. Chato.
— Já estamos acostumados, Melissa. Quando se casarem você vai ver o
que sofro com esse garoto. — Escuto a voz de Cláudia e me viro assustada.
Sorrio quando a vejo e também pelo que ela falou. Quero casar, e
lógico, quero realizar isso com Pietro.
— Mamãe... — Pietro a repreende balançando a cabeça e me abraça
apertado.
— Olá Sra. Cláudia. — Digo com um sorriso e ela me abraça. A aperto
e suspiro quando ela se afasta.
— Sem Senhora, somos da mesma família. — Ela sorri e eu aceno
confirmando.
Somos da mesma família.
É bom ouvir isso. É ótimo.
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Vejo o sol emergir das nuvens e sorrio diante de tanta beleza. As mãos
de Pietro apertam minha cintura e eu apoio minha cabeça em seu peito. Estou
sentada no meio de suas pernas no telhado da sua casa. Pietro me acordou
cedinho para me mostrar o seu lugar na casa. E eu amei.
— Eu vinha para cá quando todos ainda estavam dormindo. Ficava
olhando o sol nascer e eu me perguntava como somos pequenos diante de
tudo isso, sabe? Como às vezes nos achamos tão importantes, só que não
somos nada comparados a tudo à nossa volta. Eu amo olhar o céu, porque me
lembro de que sou apenas mais uma pessoa no mundo. Eu não sou o centro
do universo. — Ele sussurra em meu ouvido devagar enquanto continua
olhando o sol.
— Ouvindo você falar assim me sinto fútil. Não que eu seja uma garota
sem nada na cabeça, mas eu nunca parei para pensar nessas coisas. — digo e
me viro para o olhar. — Sou estranha por isso? — Pergunto sincera.
Pietro sorri e me puxa para seu colo. Sento-me e passo meus braços por
seu pescoço.
— Você não é estranha. Só falei às coisas que estão na minha cabeça.
Você é linda e é o centro do meu universo. Ponto. — Ele fala me olhando
sério e eu sorrio diante da imensidão dos seus olhos.
— Você também é o centro do meu. — Digo e beijo seus lábios.
Paramos de nos beijar quando ouvimos a mãe de Pietro subir no
telhado. Ela sorri envergonhada por ter nos vistos nos beijando.
— Trouxe o café da manhã para vocês. Beatriz colocou tudo que você
gosta, Pietro. Não sabia bem o que Mel gosta. — Ela se desculpa e eu sorrio.
— Como de tudo um pouco. Mas obrigada pela preocupação. — Digo e
pego a bandeja das suas mãos. — Muito obrigada. — Digo e ela sorri.
Volto e me sento agora ao seu lado. Pietro agradece sua mãe e pega os
bolinhos para comer.
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— Quero conhecer a Inglaterra. Não tenho um, por que bonito quanto o
seu, só tenho esse desejo. — Digo e ele confirma.
— Entendi. Quem sabe não vamos passar a nossa lua de mel lá? — Ele
pergunta e eu quase quebro o pescoço ao querer olhar para ele.
— O quê? — Abro e fecho a boca mil vezes tentando formar uma frase
coerente, mas não consigo. Pietro ri de mim e começa a mexer em meus
cabelos.
— Você não pensa em se casar? Comigo, é lógico. — Ele questiona e
nos sentamos de frente um para o outro.
— Eu... quero dizer... — suspiro e sorrio. — Lógico que quero. Mas é
que ainda somos muito jovens. Primeiro quero terminar minha faculdade e
conseguir me estabelecer financeiramente. — Digo e ele balança a cabeça
confirmando.
— Eu também quero isso. Daqui um ano terminamos a faculdade e
esperamos mais um para casar. — Ele diz tão casualmente que eu quero
gargalhar. Mas, lógico, não faço.
— Ok, tudo bem. Vamos falar sobre isso novamente daqui um ano, ok?
— Pergunto e ele sorri me abraçando.
Entramos no quarto de Pietro depois de descer do telhado. Conversar
com ele foi ótimo para mim. Acho que passei a conhecê-lo mais. Sorrio
quando me lembro de suas palavras sobre casamento. Escuto seu celular tocar
e o pego para entregar a ele, já que está no banheiro.
Kimberley.
O que ela quer?
— Pietro, Kimberley está ligando. — Digo perto da porta com o celular
na mão.
— Já vai. — Ele grita e sai do banheiro apressado. Afasto-me no susto
e ele pega o celular de mim. — Obrigado. — Ele diz e seu semblante é
preocupado.
Não entendo nada. Não sei o porquê de ele estar tão preocupado. Quero
dizer, eles terminaram. Não acho que a ligação de um ex seja ainda tão
importante ao ponto de preocupação. Afasto-me dele e vou para a cama. Pego
meu notebook e começo escrever. Pietro entra no banheiro novamente e eu
suspiro.
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— O que é? Eu estou ficando louca com isso, Pietro. Você só fala que
vamos conversar quando chegarmos em casa. Por que não me fala logo? —
Pergunto aflita. Eu sei que é algo grande. Eu sinto.
— Melissa...
— Eu estou me sentindo sufocada. Eu... meu peito está apertado, Pietro.
Desde a minha ida para o hospital eu vejo em seus olhos... eu vejo despedida.
Eu vejo que estou te perdendo. É loucura? Talvez. Mas eu não posso te
perder. Eu não posso. — Falo freneticamente. Ele se levanta e me abraça.
Sinto minhas lágrimas descendo por meu rosto e me afasto dele.
— É por causa da doença? Eu já falei que se eu estiver... eu vou me
tratar. Eu juro. Eu vou te dar bebês, amor. — Falo enquanto olho em seus
olhos. Limpo minhas lágrimas e me aproximo. — Eu juro. — Reforço e ele
balança a cabeça negando.
— Mel... Não é nada disso. Pelo amor de Deus. Eu te amo. Não é uma
doença que iria me fazer te deixar...
— Então por quê? Porque você quer me deixar, Pietro? — O
interrompo soluçando.
— Eu não quero te deixar. Você está se ouvindo, Melissa? Faz menos
de uma hora que eu estava falando de casamento com você. Há pouco tempo
eu estava dizendo que você é o centro do meu universo. Eu não vou te deixar.
Nunca, Melissa. Mas eu não tenho certeza de que você não vá, entende? —
Ele se aproxima e eu engulo em seco.
— Eu não vou te deixar, Pietro. Mas pelo jeito que está falando parece
ser algo muito sério. E eu quero que me fale. Por favor, me fala. — Imploro.
Ele vai para a janela do outro lado do quarto e suspira.
— Amanhã vamos conversar. Eu juro por tudo que é mais importante
para mim. — Ele insiste e eu balanço a cabeça sem acreditar nisso. Sem
acreditar que o que ele esconde vai fazer eu deixá-lo.
O que pode ser, meu Deus?
— Ok — digo e suspiro. — Tudo bem. Amanhã vamos conversar.
Agora eu vou me arrumar para esperar Sophia. Se puder me esperar lá
embaixo, eu agradeço. — Digo. Ele fica parado me olhando. — Por favor. —
Falo e me viro para não olhar em seus olhos. Depois de segundos ele sai do
quarto me deixando sozinha.
Troco minha roupa por um biquíni branco e um short jeans. Penteio
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— Adoraria ler algo seu. Meu pai é dono de uma editora... se quiser que
eu leve seu original para avaliação... Quem sabe dá certo? — Laura fala
sorrindo e eu arregalo os olhos, surpresa.
Ela coloca seu cabelo loiro atrás de sua orelha esperando que eu lhe
responda, mas está difícil.
— Eu... digo... eu fico muito feliz que você se dispõe em me ajudar
nessa parte, mas ainda não me sinto preparada. Mas se quiser ler, eu adoraria
te mandar. Pietro vai começar ler também. — digo sorrindo e ela balança a
cabeça confirmando.
— Fico muito feliz. — diz e Jude beija sua bochecha.
Sorrio ao olhar para os dois. Eles são tão legais juntos. Ela lê em todos
os lugares e ele admirar isso, quero dizer, não se opor, é muito bonito.
Depois de alguns minutos eles dois entram na piscina e vão conversar
com Sophia e André. Ainda bem que eles pararam de fazer safadeza. Pelo
amor de Deus!
Pietro me abraça por atrás e eu apoio meu corpo em seu peito.
— Desculpe ainda não termos visto meu pai depois que chegamos, é
que aconteceu um acidente com um ônibus e dois carros na cidade, então ele
está no hospital cuidando para nada dar errado. — Pietro explica e eu me viro
para olhar em seu rosto.
— Não tem problema. Espero que todos estejam bem. — Digo ainda
surpresa por saber do acidente. — Quem sabe tudo se resolva até à hora do
almoço? — pergunto tentando o acalmar.
— Espero. Ele se dá muito para esse hospital. Não estou reclamando,
muito pelo contrário. Eu tenho orgulho por ele se preocupar tanto com os
outros, mas ele traz os problemas consigo para casa. Não acho que seja bom
para ele. — Ele fala enquanto olha para sua casa. Seu rosto é um misto de
angústia com preocupação e eu balanço a cabeça afirmando.
— Hey! Está tudo bem. Seu pai é um homem forte. Não vai ser alguns
problemas que o faça ficar fraco ou doente. — Digo acariciando seu rosto.
Pietro suspira e me puxa para seu colo. Suas mãos entram em meus
cabelos e sua boca toma a minha como sua. Nossas línguas duelam pelo
poder de saborear um ao outro. Pietro desce beijos pelo meu pescoço e segura
minha cintura firmemente em direção a sua ereção. Merda.
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— April, não! — Laura fala, rudemente, como nunca imaginei ela ser
capaz de falar.
— Que? Só estou pedindo que ele a apresente. — Ela me olha da
cabeça aos pés e Pietro se vira com o rosto impassível.
— April... Como está? Essa é Melissa, minha namorada. — Ele aperta o
maxilar ao falar. — Mel, essa é April, uma velha amiga. — Diz a apontando.
— Íntima. — Ela conclui. Aperto meus olhos me aproximando dela. —
Bem íntima.
— Está tentando fazer com que eu fique com ciúmes? — Pergunto
séria. Coloco minhas mãos na cintura. Ela sorri debochada. — Desculpe lhe
decepcionar, querida. A ex dele é ainda melhor que você e mesmo assim ele
está comigo. Então algo eu devo ter, não é mesmo? — digo dando de ombros.
— Desculpe, aqui não vai funcionar. — Seu sorriso se vai e fica uma
carranca rude.
Vadia.
— Estamos indo já, galera. Nos vemos de novo em breve. — Pietro se
despede deles me puxando pela cintura. Abraço minhas novas amigas,
começando por Laura.
— Adorei te conhecer. Vou mandar o manuscrito para você ler ainda
essa semana. — Digo sorrindo e pisco o olho.
— Não ligue para minha prima. Ela sempre esperou ele voltar para seus
braços. — Ela sorri triste e eu balanço a cabeço num gesto de desdém.
Afasto-me e abraço Sophia.
— Espero que você tenha feito o correto. — Digo sorrindo e ela me dá
um sorrisinho de lado.
— Eu fiz. Eu me entreguei para ele. — Ela sussurra e eu a abraço de
novo. — Obrigada. E não se preocupe com a prima puta da Laura, pois essa
já come na minha mão. — nós gargalhamos.
— Tudo bem. Espero vê-la em breve. — Beijo seu rosto.
Depois disso saímos em direção a Seattle. Em direção a nossa casa.
— Desculpe pela April. Ela não sabe quando se calar. — Pietro
resmunga no carro e eu lhe dou a mão.
— Não precisa se estressar. Eu cuidei de tudo, você não viu? —
Pergunto tentando ficar séria.
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— Eu amo seus seios. — ele sussurra fazendo o seu hálito deixar meus
bicos duros. Meus pensamentos se desfazem quando seus lábios o chupam
com vontade e ele me levanta fazendo eu circular sua cintura com minhas
pernas.
Deitamo-nos na cama com Pietro ainda mordiscando meus seios. Seus
lábios descem por minha barriga enquanto ele tira minha calcinha devagar.
Seus dedos entram em contato com minha carne molhada e meu gemido
ecoa pelo quarto. Ele sorri e beija minha boca parando de me tocar. Quero
reclamar, mas logo ele me preenche em um movimento rápido e fugaz. Grito
enquanto seus movimentos vão se intensificando.
Meu ventre aperta com o prazer futuro enquanto o suor desliza por
minha pele. Pietro ruge alto enquanto começo a me mexer junto com ele. Em
um movimento brusco ele me vira e faz-me estar por cima. Enquanto desço
por seu colo me sinto preenchida inteiramente. O prazer parece que
multiplicou. Enquanto continuo subindo e descendo em seu colo, Pietro
brinca com meus seios me deixando cada vez mais perto da borda.
Juntos, encontramos o prazer de maneira intensa. Como nunca
encontrei nas vezes que fizemos amor.
Caio exausta em seu peito e nos enrolamos abraçados, então dormimos
pacificamente.
Acordo com batidas na porta. Olho para meu lado e Pietro dorme com
os lábios entreabertos. Passo a mão por seu cabelo e beijo sua boca
carinhosamente. Eu o amo tanto. Nunca pensei que eu poderia amar mais do
que cheguei a amar Tyler, mas eu estava tão enganada.
Eu nunca gostei de Ty um terço do que gosto de Pietro. Com ele tudo é
tão intenso. Saio dos meus devaneios com mais batidas na porta. Espero que
não seja Kevin ou Oliver, porque sinceramente... eles não têm o que fazer?
Visto minha calcinha e sutiã. Pego a blusa que Pietro jogou no chão e a
deslizo por meu corpo. Ando para a sala apressadamente, pois as batidas
começaram novamente. Suspiro e abro a porta.
A primeira coisa que vejo são seus olhos verdes arregalados, depois são
seus cabelos loiros e encaracolados. Ainda bonita como sempre, mas nada
disso resultou o que estou sentindo agora.
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Quando eu era criança meu pai me dizia que tudo na vida tem um
propósito. Sendo elas boas ou ruins. Eu olhava admirada para ele, mas a
verdade é que nunca entendi o que queria falar.
Acho que naquelas horas ele estava querendo me preparar para
momentos como esse. Para momentos em que, certamente, me deixaria
desapontada ou triste.
Puxo a blusa de Pietro para me cobrir, mas não adianta muita coisa. Me
solto de seus braços como se eles fossem fogo ardente. Não consigo desviar
os olhos da barriga de Kimberley. Não consigo pensar em nada a não ser, que
ela vai dar um bebê a ele.
Ela vai realizar o que tanto eu estava me preocupando em dar a ele. Ela
vai lhe dar um filho.
Meus olhos querem se encher de lágrimas por isso, mas eu não permito.
A vinda de uma criança não é motivo para chorar. É motivo para celebrar. Eu
não me permito derramar lágrimas tristes por um bebê que nem nasceu ainda.
Mesmo ele sendo de outra mulher com o homem que eu amo.
— Kimberley... O que está fazendo aqui? — Escuto a voz dele distante.
Minhas mãos estão suando, remexo meus dedos tentando dissipar o
nervosismo, mas é em vão, cada vez que olho para sua barriga é um lembrete
certo de que ela está grávida do meu namorado. Eles vão ter um bebê juntos.
Minha respiração está pesada. Eu respiro fundo, tentando, mais uma vez, me
acalmar.
— Você disse que chegava hoje... eu não pensei que Melissa estaria
aqui. Desculpe. — Ela fala enquanto olha entre nós dois. Não vejo falsidade
ou qualquer outro sentimento ruim em seus olhos. O único sentimento que ela
sente em relação a mim é pesar.
Ela pensou que ele já tinha me contado? Pietro já sabia? É lógico, era
isso que ele queria me dizer. Por Deus, como fui idiota. Como ele pôde me
esconder isso?
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— Quando vier aqui eu peço, por favor, que me avise. — Ele diz
suspirando. Distancio-me deles e fico um pouco atrás. Estou por um fio, eu
espero eles me explicarem algo. Eu espero. Mas eles não fazem.
— Desculpe. — Sua voz sai arrastada.
Então, eu quebro.
Eu perco o controle total.
— Vocês estão me vendo aqui? — Grito de repente os fazendo saltar.
— Parem de conversar como se eu soubesse da gravidez de vocês. Parem de
ignorar o fato que acabei de ver que meu namorado vai ser pai do filho de sua
ex... — Continuo gritando enquanto Pietro vem em minha direção.
— Mel... — ele começa. — Me desculpe. Eu ia falar hoje. Eu tinha
dito, não era? — Seus olhos estão cheios de lágrimas enquanto ele repete essa
pergunta diversas vezes. — Eu tinha dito. Não é? Você se lembra. Não é? —
Sua voz me causa mais e mais lágrimas.
— Eu... vou embora. Desculpem-me novamente. — Escuto a voz de
Kim, mas não a olho.
Olhar para ela traz a certeza de que isso não é um sonho. Traz a certeza
de que ela vai dar a ele o que eu não posso. Pelo menos não até saber o
resultado dos exames amanhã.
Depois que ela sai, eu viro as costas para Pietro e caminho para o
quarto. Eu me abraço tentando de algum jeito me consolar, é idiota, mas não
tenho muita escolha no momento. Tenho que ir embora daqui. Eu não
consigo sequer olhar para ele. Só de vê-lo meu corpo dói. Tudo dói.
— Mel... Por favor. Amor... — ele me acompanha e eu deixo minhas
lágrimas descerem.
Não por Kimberley está grávida. Mas por saber o que vem a seguir. Eu
vou perdê-lo. Eu sempre perco. Eu deveria está acostumada, mas se tratando
dele, eu sempre viro uma bagunça.
— Como você pôde, Pietro? Como você foi capaz de me esconder uma
coisa dessas? — Questiono de repente irritada. — Deus, nós passamos o final
de semana inteiro, juntos, e você não me falou. Você não falou uma maldita
palavra. Como você pôde me fazer de idiota assim? — Tento gritar entre os
soluços. Meu peito está doendo. Todo meu corpo está.
Meu coração passou o final de semana inteiro apertado, mas hoje ele é
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nada mais que pó. Um simples e fino pó que é levado pelo mais fraco vento.
— Eu disse... nós iríamos conversar quando chegássemos em casa. Eu
juro que não iria esconder isso. — Ele pega minhas mãos e me abraça.
Remexo-me em seus braços tentando me soltar, mas ele me aperta mais
ainda. Não chega a me machucar, mas é como se ele estivesse tentando me
prender dentro de si mesmo.
— Eu te amo. Você sabe disso, Melissa. Não me deixe. Por favor... —
sua voz se quebra ao meio e eu fecho meus olhos.
Como de um final de semana de amor chegamos a isso? A esse medo
absurdo. A essa sensação de perda que se apoderou de mim? E dele?
— Pietro, por favor, me solte. Você está me fazendo sofrer. — No
momento em que essas palavras saem da minha boca ele me deixa ir.
Em silêncio ele se senta na cama. Seu rosto está molhado e sua
respiração irregular. Pego minhas roupas no chão do quarto respirando
fortemente. Tiro sua camiseta e começo a me vestir no automático. Seus
olhos estão cravados em mim. Tem tanta dor lá que eu não sou capaz de olhar
para ele.
Mas eu não posso ir adiante. Eu não posso ver e acompanhar sua
interação com Kimberley. A mãe do seu filho.
— Mel. Por favor... vamos conversar. — Ele volta a falar enquanto
estou colocando minha bota.
— Tudo bem. Vamos lá... — digo tentando soar fria, mas em vão.
Sento-me na sua frente e em questão de segundos as lágrimas começam a
jorrar novamente. — O que vai me falar, Pietro? Que nada vai mudar? —
Questiono chorando, mas ele fica calado. — Me responde, Pietro. —
Sussurro.
— Nós podemos. Eu sei que as coisas vão mudar, mas eu não vou te
deixar para casar com ela. Eu nunca faria isso, Melissa. — Ele pega minhas
mãos e me puxa para seu colo. Eu deixo. Eu não posso o privar disso. — Eu
te amo tanto. — Ele soluça.
— Eu... — engulo minha fragilidade e começo a falar de novo. —
Talvez você esteja certo. Mas eu preciso de um tempo, Pietro. Eu preciso
pensar nisso com calma... você me enganar, omitir a gravidez dela me
machucou de uma maneira horrível. — Digo enquanto ele me aperta mais
forte em seu peito.
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sento.
— Como você está Melissa? — Ele questiona e eu suspiro.
— Estou bem. — Sussurro e ele acena confirmando. Seus olhos vão de
Pietro para mim e eu sei que ele percebeu.
— E suas dores? Melhoraram? — Ele pega os exames de
ultrassonografia que estavam em minhas mãos e começa a ler.
— Um pouco. Hoje eu senti, mas não foi tão intenso. — Digo e Pietro
se vira para me olhar.
— Porque não me chamou? — Ele questiona preocupado e irritado ao
mesmo tempo.
Suspiro e dou um sorriso amarelo para o doutor que fica olhando de um
para o outro.
— Você sabe o porquê. — Digo e ele balança a cabeça mordendo sua
boca. — Além do mais, meus irmãos estavam lá com as meninas. Nem
prestei atenção em minhas dores. — Digo e volta minha atenção para o
doutor.
Ele tosse e arranha sua garganta desconfortável. Só o que me faltava.
— Vamos lá, Melissa! — ele suspira e coloca o exame aberto na minha
frente. — Eu sinto muito dizer isso, mas sim, você tem endometriose. —
Quando escuto sua voz, eu engulo em seco.
Finco minhas unhas em meu braço para parar a vontade de chorar. E
realmente funciona. Dor para matar outra dor. Vou me acostumar.
— Qual vai ser o tratamento doutor? Como vai ser? É algum remédio,
que ela vai ter que tomar? Eu pesquisei algumas coisas, mas é tudo muito
confuso. — Pietro fala calmamente enquanto pega minha mão a afastando do
braço onde deixei marcas fundas das minhas unhas.
Ele vê e franzino às sobrancelhas passa os dedos pelas marcas. Ele faz,
literalmente, carinho nelas.
— Tudo bem. No caso de Melissa vamos optar pela Laparoscopia, ela é
um procedimento cirúrgico menor que permite identificar tamanho, extensão
e local onde às lesões estão e iniciar imediatamente o tratamento adequado.
No primeiro momento pensei em optar por contraceptivos hormonais; as
pílulas iram controlar os hormônios responsáveis pelo crescimento mensal do
tecido endometrial. As mulheres muitas vezes apresentam um fluxo
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inferior.
— Ok.
Depois de ele sair volto minha atenção para o médico. Ele suspira e
sorri gentil.
— Não quero me intrometer na vida amorosa dos meus pacientes, mas
nesse momento sua vida amorosa está te desequilibrando emocionalmente. A
gravidez é um assunto delicado para você por causa da endometriose. E eu
estou vendo você se machucar com suas unhas tentando driblar a vontade de
chorar, não faça isso. Você pode sim, chorar. Você pode fazer o que quiser.
Mas a endometriose não precisa te trazer lágrimas, então se acalme, ok? —
Enquanto sua voz entra em minha cabeça eu retiro minhas unhas da pele.
Sinto as lágrimas encher meus olhos e suspiro querendo me parar.
Deus, por que sou tão fraca? Estúpida!
— Pietro vai ter um bebê? — Questiona pensativo.
— Sim. A ex dele está grávida. — Digo e limpo minhas lágrimas
respirando devagar.
— Você sabe, não é culpa dele. Foi um acaso. Ele estava com você
quando a engravidou? — Faço não com a cabeça. — Então? É isso. Ele não
tem culpa. Eu sei que o momento traz um pouco de tristeza, pois a
endometriose pode sim, deixar a mulher infértil. Mas não no seu caso. Você é
jovem e saudável. Não precisa se preocupar. Quando vocês quiserem ter um
filho de vocês dois, me digam. Farei o possível para realizar esse sonho, ok?
— Pego sua mão pela mesa e a aperto.
— Eu... eu só estou com medo. Ela vai dar um bebê a ele. Ele é louco
por criança, eu acho que fiquei com ciúmes. Tanto do bebê como da ex. —
digo sorrindo e suspiro. — Eu sei que a culpa não é dele, mas... Ele me
escondeu. Eu descobri sozinha, então eu acho que estou magoada. —
Termino de falar e solto sua mão.
— É normal estar magoada. Mas você tem certeza que quer o deixar
sozinho? Ele pode mudar o pensamento e querer criar o bebê com ela. Tenho
certeza que ele precisa de você. Dar para ver que ele gosta de você, então
cuide dele e de você. Não se apague a gravidez da garota. Se apague a você, a
vocês dois. — Aceno entendendo e me sento mais confortavelmente na
cadeira.
Depois da nossa conversa ele explicou direitinho a cirurgia, marcou a
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data da mesma e para, no caso, de dor ele prescreveu umas pílulas. Sai de sua
sala mais leve. Gostei do médico. Ele me faz me sentir confortável.
Encontro Pietro sentado em uma cadeira na sala de espera. Aproximo-
me e ele se levanta.
— Podemos ir? — Ele pergunta mudando seu peso de uma perna para a
outra.
— Sim. Só tenho que pegar meus remédios. — Ele acena e me guia até
a saída da sala.
Caminhamos lado a lado até o estacionamento depois de irmos à
farmácia. Pietro abre a porta do seu carro e eu entro sem brigar.
Vim de táxi, pois ainda estava com dores então não podia dirigir. Não
vou teimar com ele dizendo pegar um táxi, pois sei que ele vai fazer um
escândalo.
Ficamos calados a maior parte do tempo. Quando olho para ele sua
mandíbula está apertada. Não sei por que está irritado, mas também não
pergunto.
— O que ele queria com você? — Ele questiona de repente.
— Nada demais. — Respondo olhando pela janela sabendo que ele se
refere ao médico.
— Com certeza teve um motivo. Ele pediu para eu sair da sala então
alguma coisa ele queria. — Ele diz apertando o volante com as mãos.
Sorrio triste quando constato que ele está com ciúmes. Pietro Victor
com ciúmes é novidade para mim.
— Está com ciúmes? — Pergunto o olhando.
— É óbvio. Quem ele pensa que é para te paquerar na minha frente? —
Ele explode me olhando firme.
— Ele não estava me paquerando. Pare com isso. — Digo franzino às
sobrancelhas. Lógico que ele não estava. Pelo amor de Deus! De onde Pietro
tirou isso?
— E porque pediu para eu sair? Diga-me. — Ele questiona.
— Ele explicou a você. Eu estava ficando nervosa e aquele lugar é seu
trabalho. Não podemos estar discutindo nossa relação na frente do meu
médico. — Digo chateada. Que merda esse menino tem?
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com ela, Melissa? — Escuto sua voz derrotada e mordo meu lábio inferior.
— Eu posso falar por mim mesma, Rodrigo. — Helena fala ao lado da
porta do quarto. Seu rosto está inchado do choro, mas ainda sim continua
linda, como eu!
A gente se parece... vocês entenderam.
— Então... — ele respira fundo e levanta. — Vamos para casa.
Conversaremos lá. — Ele fala firme. Helena me olha e eu dou de ombros.
— Lá não é minha casa. Nunca foi. — Ela fala de repente triste.
— Por que foi embora! Ela iria ser sua um par de meses, mas você foi
embora e me deixou. Então pare de discutir, pois você não merece nem que
eu te escute. — Ele ruge irritado.
Tento falar algo para ele se acalmar, pois o modo como fala me faz
querer batê-lo, mas Pietro faz que não com a cabeça e me puxa para seu lado.
— Eu te amo, Rodrigo. Pare de me tratar assim, por favor. — Ela
começa a chorar e ele já está saindo pela porta.
— Você não está sofrendo um terço do que eu sofri ao acordar de
manhã sem nada seu. Telefone não existia mais, sua família me disse coisas
horríveis. Então, sim, eu vou tratar você como eu quiser. — Ele sai pela porta
sem dizer mais nada.
Eu tenho dó de quando ele descobrir o que ela passou. Deus, vai doer
tanto.
Helena o segue depois de me agradecer e dar tchau para Pietro.
— O que aconteceu? — Pietro se senta no sofá e me puxa com ele.
— Ela estava aqui na minha porta quando cheguei. — Suspiro e cruzo
minhas pernas. — Ela estava chorando e falando nada com nada. O principal
é que... ela estava grávida quando deixou Rodrigo para trás. Os pais
obrigaram, e depois de um tempo ela teve um aborto espontâneo e decidiu
voltar. Só sei que essa garota está quebrada. E nem mesmo a dor que sinto ao
pensar em não poder ter bebês, se iguala a dela. — Digo pensativa.
Seus olhos estão em mim. Suas mãos estão em meus cabelos e em
questão de segundos ele me coloca em seu colo. Uma mania que ele tem.
— Tudo tem um jeito, meu amor. E nós vamos encontrar um para
termos bebê. Não se preocupe. — Ele beija meu rosto devagar. Primeiro,
minha testa, depois, bochecha, olhos, nariz e boca. Sim, ele a beija.
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Essa seria a nossa rotina caso voltássemos. Ele sempre vai me deixar
sozinha para ir de encontro a seu filho, não que eu seja a favor dele ficar aqui
comigo e deixando ele, mas é essa a verdade.
— Não... precisa se desculpar. — Engulo em seco e volto a falar. —
Eu... você pode ir, sem problema. Ela está carregando seu filho, é
compreensível. — Digo nervosa. Minhas mãos começam a suar e eu as
esfrego na calça jeans para secá-las.
— Mel... — sua mão tenta me tocar, mas me afasto rapidamente. —
Melissa? Nós vamos conversar em breve, não é? Você me falou no carro... —
ele não termina e seus olhos estão cheios de dor.
Não vou prolongar a sua dor e muito menos a minha. Preciso fazer isso.
Melissa não seja fraca! Fale. Fale agora.
— Eu... acho melhor não! — Digo determinada e pego minha blusa no
sofá. — Isso não vai se repetir. — Aponto para o sofá enquanto olho em seus
olhos marrons claros. — Nós dois... não vai voltar a acontecer. — Digo por
fim e mordo meus lábios dissipando as lágrimas que querem me fazer mais
fraca.
— Melissa... Você só pode estar brincando. — Ele me encara incrédulo.
— Nunca falei tão sério em minha vida. — Digo e caminho para a porta
da sala. — Agora... vá para a consulta. — Olho para meus pés descalços e
espero.
Abro a porta e espero ele ir embora. Demora. Ele ainda insiste em ficar
no meio da sala me olhando, mas quando vê que estou falando a verdade, ele
sai.
Ele vai embora e junto dele, meu coração.
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Mike.
— Me desculpe. Eu não...
— Sim. Você quis. — Ela suspira e pega sua bolsa no balcão. — Nem
todas as pessoas, Melissa, têm o privilégio de nascer numa família rica que
pode custear sua faculdade e pagar uma babá para alguém que depende de
você. — Ela sorri triste. — Eu espero que você acorde da sua bolha alegre e
perceba o quanto está ficando seca e sem vida. — Com isso ela me deixa
sozinha.
Olhando para seu banco, agora vazio, sinto a mesma queimação de
lágrimas voltarem. Mas diferente das outras vezes, eu não causo dor em mim
mesma para afastar elas. Eu as deixo transbordar. Eu as deixo correrem livres
por meu rosto inundando meu vestido bonito.
Levanto-me e ando até meu quarto. Tiro toda minha roupa e pego uma
tesoura. Aos poucos vou cortando minhas unhas grandes e afiadas deixando
elas curtas. Pego-me falando sozinha que isso vai ajudar. Que isso vai me
fazer parar de tentar causar uma dor física para afastar uma emocional.
Meus soluços estão altos e logo estou uma bagunça estúpida de mim
mesma! Pego meu celular e vejo o SMS de Thiago dizendo que chegou e que
me espera no estacionamento, me desculpo com ele e digo que não poderei
sair hoje. Desligo meu celular e o jogo na mesa ao lado da minha cama.
Lembro das palavras de Tracy e logo meus pensamentos voam até o dia
em que Pietro veio me visitar...
Quatro semanas atrás...
Seus ombros largos logo entraram em meu campo de visão depois de
Nicole me avisar que ele estava aqui.
— Hey! — Ele se aproxima e seu sorriso gentil toma conta do seu rosto
bonito. — Como está? — Ele se senta na cama.
— Bem. — Digo sorrindo tensa.
Já nos vimos depois do dia em que terminamos para valer, foi horrível.
Depois de dez minutos eu corri para longe e não o vi até algumas semanas
depois. Dói. E eu não me deixo mais sentir dor.
Ver que ele está do mesmo jeito que há semanas atrás me alegra. Me
traz felicidade e prazer, um sentimento que não sinto desde o dia que o perdi.
— Como está o bebê e Kimberley? — Questiono e me sento para poder
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o olhar.
— Estão bem! Quero dizer Kyle sim, mas descobrimos que ela está com
pré-eclâmpsia, então estamos um pouco preocupados. — Ele fala e pega
minha mão na sua.
— Eu sinto muito. Digo, se tiver algo que eu possa ajudar, ficarei feliz.
— Digo sincera. Ele sorri triste e desvia os olhos dos meus.
— Obrigada. Mas e você? Como está a doença? — ele volta a me olhar
e tira uma mecha dos meus cabelos do meu rosto.
— Está normalizando. A doença ainda estava no estágio inicial então
não foi difícil de contê-la. — Explico e mordo meus lábios. Seus olhos
descem por eles e logo voltam para meus olhos.
— Estava com saudades de você...
— Eu também. — Digo e me remexo no colchão.
— Mel, o doutor está aqui. — Escuto a voz de Kyara e reviro os olhos
para o modo como chama Thiago.
Mas logo paro ao olhar em direção a Pietro. Seus olhos estão duros
quando Thiago entra no quarto.
— Mel... Desculpe, não me avisaram que estava com visitas. — Ele fala
e dá a mão a Pietro. — Prazer te rever, Pietro. Espero que esteja bem. — Ele
fala enquanto sua mão fica sozinha, pois Pietro não devolve o gesto.
Meu rosto fica em um vermelho fogo ao ver isso. Ele vai pensar que
menti na vez que nos falamos sobre o médico está dando em cima de mim, ou
pior deve estar pensando que estou saindo com Thiago. Deus! Não tem como
ficar pior.
— Eu acho que vou embora. Pelo visto sobrei aqui...
— Pietro, por favor...
— Tchau, Melissa. — Ele sai sem mais nenhuma palavra.
Meu peito aperta e eu quero chorar, então como de costume afinco
minhas unhas na minha pele. Agora nas coxas, pois é onde ninguém pode
ver.
almoços. Não nos falamos e muito menos nos olhamos. Uma das vezes ele
levou Kimberley até a casa de Nicole. Seus pais estavam na cidade e queriam
conhecê-la. Não foi surpresa nenhuma ver que todos a rodearam e elogiaram
o tamanho da sua barriga ou o quanto ela estava bonita. Me senti uma intrusa,
uma estúpida.
Cláudia e Victor tentaram conversar comigo nesse dia, mas logo
inventei uma desculpa esfarrapada e vim embora. Não vou assistir a
felicidade de outra mulher com o homem que eu amo. Nunca!
— Melissa? — Escuto a voz de Kyara e finjo dormir. Escuto seus
suspiros e logo sua mão está em minha cabeça. — Ah sua maluca! Não se
destrua assim. Lute pelo que ama. Lute por você mesma, meu amor. — Ela
sussurra acariciando meus cabelos.
Ainda fico quieta e logo ela sai trancando a porta do quarto. Sento-me
na cama e respiro fundo. Guardo a tesoura e olho minhas unhas curtas. É
melhor assim.
Chego ao café ainda dormindo. Hoje não teve aulas para mim, então
Joseph chamou para vir ao café. Como eu não tinha o que fazer, eu vim.
— Bom dia! — Hill grita e corre para me abraçar. — Parabéns!
Parabéns! — Ela grita alegre e eu me dou conta de que hoje é meu
aniversário.
Em que mundo eu vivo, pelo amor de Deus?
Sorrio alegre e abraço de volta.
— Obrigada. Que bom que lembrou, Hill. — Digo e volto a abraçá-la.
— Eu te amo viu? Agora me deixa pegar seu presente. — Ela corre até
seu armário e eu sorrio ansiosa.
— O que é? — Pergunto apalpando o presente envolto com papel
colorido.
Ela dá de ombros e eu abro o presente. Dentro de uma caixa pequena
tem uma fotografia minha e dela impressa em um porta-retratos e também um
colar em ouro com um pingente de asas. Meus olhos se enchem de lágrimas.
Eu amei.
— Obrigada. Deus, eu amei! — Digo e abraço.
— As asas simbolizam sua liberdade. Você é livre para fazer o que
quiser, inclusive conquistar sua felicidade. — Fala emocionada enquanto
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lagrimas. — Vou saber que aceitou e que vai ser minha. Até lá o guarde. Eu
te amo, pequena. — Ele sussurra e eu o abraço.
— Eu também te amo. — Digo e olho novamente o anel de noivado na
caixinha. — E eu... vou o usar um dia... — Seu rosto cai e eu fecho meus
olhos tentando parar de chorar. — No dia que eu poder carregar tudo que
vem com você. Eu estou passando um inferno sem você. Mas, nossa vida não
seria de felicidade... — soluço enquanto o choro sai cru de mim. — Eu ainda
não estou pronta para as mudanças que ocorreram na sua vida, mas eu sei que
um dia eu vou estar. Por você, eu sei que vou. — digo por fim enquanto
escuto ao longe, eu quebrando seu coração e os pedaços caindo ao chão.
Pietro aperta as mãos ao seu lado e respira fundo. Sua mão direita vai
para seu cabelo e ele acena mordendo sua boca. Sinto um sentimento de
perda me enrolar e fazer minha respiração engatar. Desço minha mão para
meu braço e tento fincar minhas unhas na minha pele, mas logo me dou conta
de que as cortei ontem.
— Eu entendo. — Depois de um tempo ele se pronuncia.
Olho as pessoas ao meu redor e vejo que todas estão voltadas para seu
próprio mundo, alheia ao meu sofrimento. Alheia ao amor de nós dois se
quebrando.
— Você sabe onde me encontrar... quando estiver pronta. — Ele fala
devagar, e logo depois suas mãos pegam meu rosto, de repente e se aproxima
de mim. — Nós só amamos uma vez na vida, Melissa. Não me deixe sozinho
nesse caminho tão longo. — Sinto seus lábios em minha testa e logo depois
ele se vai. Ele se vira e vai embora.
Nicole tenta o parar para questioná-lo, mas ele não diminui o ritmo e sai
da casa. Ela volta seu olhar para mim e eu corro para o banheiro, tentando
fugir de toda essa confusão que me rodeia. Olho novamente para o anel e
choro me sentando no vaso sanitário.
Meus soluços podem ser ouvidos por todos no banheiro, mas não ligo.
Eu só quero crescer e deixar de ser essa garota assustada. Essa garota
estúpida que não pode encarar a gravidez de outra mulher.
Eu o amo tanto, por que não posso ir em frente? Por que não posso
tentar fazer isso por ele?
Pergunto-me se ele vai tentar voltar para Kim... se ele vai querer criar
Kyle com ela, mas logo me lembro das palavras dela hoje no café.
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Kimberley não o aceita porque ele me ama. Isso quer dizer que ele
tentou voltar? Eu acho que não. Mas as dúvidas rondam meus pensamentos.
Escuto baterem na porta e limpo minhas lágrimas com o dorso da minha mão.
— Melissa? — Hilary me chama enquanto vejo seus sapatos pelo final
da porta.
— Estou bem. — Digo e logo um soluço sai da minha garganta. Merda.
— Não acho que esteja. — A voz de Kyara invade o espaço. — Saia
por favor. — Pede.
Levanto-me e abro a porta. Elas cruzam os braços e esperam eu sair do
pequeno local. Atravesso o banheiro e fico em frente a pia. Molho minhas
mãos e tento fazer minha maquiagem parecer mais apresentável.
— O que você fez, Melissa? — Kyara pergunta sem julgamento algum
na voz.
— Ele me pediu em casamento... — solto rapidamente e o silêncio
preenche o banheiro da casa.
— O quê? — Kyara grita com o rosto alarmado. Seus olhos estão
arregalados e sua boca aberta.
— Ele me deu isso de presente. — Falo enquanto abro a pequena caixa
e o anel com o diamante aparece roubando a atenção das minhas amigas.
— Puta que pariu! — Hilary grita e pula ao mesmo tempo. — Não
acredito! — ela cobre a boca com sua mão e seus olhos brilham enquanto
Kyara pega o anel.
— Mel... Que lindo! — Ela fala e volta a me olhar. — Você não
aceitou? — Ela se aproxima e me devolve o anel dentro da caixa.
— Foi um presente. Ele disse que se eu o usasse eu aceitaria ser sua.
Aceitaria viver com ele para sempre. — Explico enquanto faço um coque nos
cabelos. — Mas eu... eu não podia aceitar assim, gente! Kimberley está
grávida. Eu ainda não consigo aceitar isso assim. Eu o amo, mas ainda é
difícil para mim. — Exclamo gesticulando com meus braços freneticamente.
— Tudo bem... — Elas me abraçam e eu choro em seus cabelos. — Na
hora certa vocês vão ficar juntos. Se ainda não se sente pronta, Melissa, dê
tempo ao tempo. Tenho certeza que ele vai te esperar. — Kyara fala enquanto
me olha nos olhos.
Eu quero acreditar que sim. Quero pensar que vou aceitar tudo
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facilmente.
Depois de retocar minha maquiagem saímos do banheiro. Sorrio ao ver
Rodrigo entrando pela porta da sala. Ele traz uma sacola e um presente
enfeitado grande. Sorrindo ele se aproxima quando me ver.
— Hey! Parabéns! —Ele fala sorrindo e me abraça. — Esse é para você
e esse para seu irmão. — Ele me entrega o maior e começa a procurar por
Dylan.
— Vem... Ele está na cozinha. — Digo e puxo-o pela mão. Ele entrega
a Dylan o seu e logo voltamos para a sala.
— Muito obrigada pelo presente... apalpando eu diria que é um urso de
pelúcia. — Franzo minhas sobrancelhas e ele sorri balançando a cabeça.
— Acertou uma parte... — ele faz mistério e aponta para o saco. Abro-o
e espio o que tem.
Dentro está um urso de pelúcia e... Um GPS. Sorrio fraco e o abraço.
— Obrigada. Eu já comprei um depois daquele dia, mas outro nunca é
demais. — Digo sincera e me afasto. Passo as mãos por meus braços e me
abraço ainda com o presente em mãos.
— O que aconteceu? — Ele fala com seu rosto franzido. — Você está
triste... — o interrompo fingindo tranquilidade.
— Que nada... — agora é a vez de ele me interromper.
— Eu sei que tem. Foi algo haver com Pietro? Eu o vi quando estava
estacionando... Ele não parecia mais alegre que você. — Ele avisa.
Suspirando olho para o teto tentando encontrar palavras para explicar. É
difícil dizer que você não aceitou um pedido de casamento da pessoa que
você ama.
— Vamos para o jardim. — Digo e ele me segue.
Ao sentarmos no banco de frente para a piscina da casa, eu começo a
falar.
— Ele me pediu em casamento. — Remexo minhas mãos enquanto
olho para a água límpida.
— Como? — Ele surta confuso.
— Ele me deu uma aliança de presente e me pediu que a colocasse
quando eu quisesse ser dele. Para sempre. — Explico e encosto minha cabeça
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no banco.
— Você não aceitou... por quê? — Questiona arrancando algumas
plantinhas do jardim com as pontas dos dedos.
— Você sabe... Kimberley grávida. Ela já está bem perto de ter Kyle e
eu me sinto tão insegura com isso. Eu tenho medo de não poder aguentar a
barra de ver ele com um filho de outra. Um filho dela. — Desabafo e meus
olhos queimam com lágrimas reprimidas.
— Sabe... uma vez, quando eu estava no ensino médio e eu queria pedir
uma garota para sair comigo, mas eu estava com medo, minha mãe disse para
mim que eu nunca saberia o que me esperava lá na frente se eu não fosse
primeiramente. Na hora eu não entendi nada do que ela falou, mas depois eu
parei para pensar e vi que, se eu não for corajoso eu nunca vou saber o quanto
eu posso ir, o quanto de felicidade eu posso ter. — ele divaga olhando o céu e
eu sorrio admirada com suas palavras. — Então, Melissa, vá em frente. Você
só vai suportar o que pode. Nada mais e nada menos. — Ele aperta minha
mão entre a sua.
— Pietro te ama, Melissa. Um filho é algo... — ele para emocionado.
Presumo que pensando no filho que perdeu com Helena. Os dois não
voltaram ainda, mas sei que em breve isso vai acontecer. — Sagrado. Você
vai o amar tanto quanto Pietro. Pode ter certeza. — Ele afirma e vira sua
cabeça para mim.
Seus olhos azuis me passam tanta certeza e determinação. Eu sorrio e
beijo sua bochecha.
— Eu acho que posso tentar. — Digo limpando minhas lágrimas. Pego
minha bolsa e ando em direção ao estacionamento para encontrar um táxi.
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Capítulo Trinta
Pietro
cara dele por pegar minha ex. Cara isso não se faz. — Ele resmunga
balançando a cabeça e eu viro para o olhar.
— Você bateu nele, Kevin? — Pergunto assustado. Que merda meus
amigos estão fazendo com a sua amizade?
— Cara, ele teve a cara de pau de ir me contar. Dei mesmo e ainda bem
que ele não apareceu nesse aniversário, porque eu ia bater mais. — Ele fala
com os punhos cerrados.
— Posso dar minha opinião? — Kimberley pergunta o olhando
inocentemente. — Perdeu idiota! Supere. — Ela fala sorrindo.
Eu levo minha mão para a boca tentando me parar para não rir, mas é
inútil. Gargalho tanto que Kevin fica vermelho de raiva.
— Só não vou te responder, por que está grávida, sua buchuda. — Ele
resmunga e some no banco de trás.
— Voltando para nossa vida... O quarto de Kyle já está pronto? — Ela
questiona interessada. Volto para o trânsito e a respondo.
— Sim. Montei os móveis ontem com a ajuda do meu amigo, Kevin.
Ficou perfeito. — Digo irônico e ele bufa ainda chateado.
— Ótimo. O da minha casa também está pronto. Ficou muito bonito. —
Sorrindo ela diz.
— Que ótimo. Amanhã passo lá para ver e te trago para ver o da minha
casa. Pode ser? — Questiono estacionando em frente seu prédio.
— Pode. — Ela sorri alegre.
Kim está mudada. Não parece em nada com a pessoa que conheci
depois do nosso término. Ela está mais amável e me compreende tão bem.
Quando me falou da gravidez pensei que iria me obrigar a casar com ela e
tudo mais, mas ao contrário, ela disse que nunca iria viver com um homem
que não a amasse por inteiro. Ela disse que se fosse só por Kyle, ela nunca
iria me pedir isso. Eu a admiro. Eu a amo e tenho certeza que será uma ótima
mãe.
Saímos do carro e deixo Kevin lá dentro. Não posso deixar Kimberley
ir até o andar dela sozinha. Eu tenho medo que algo aconteça. Principalmente
por causa da pré-eclâmpsia.
Quando o médico contou para nós dois, ficamos neutros. Não sabíamos
o quanto essa doença é perigosa. Kimberley não pode nem sair de casa, pois
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sua pressão sobe. Hoje depois de muita conversa eu permiti que fosse a casa
de uma amiga, mas ainda sim, eu a deixei na casa da garota e agora estou
trazendo ela de volta.
Enquanto esperamos o elevador chegar Kimberley começa a roer as
unhas. Ela criou essa mania depois da gravidez. Antes suas unhas eram
sempre longas e muito bem pintadas. Agora ela fica ansiosa para tudo. É
agonizante ver.
— Você pode ir daqui. Não precisa subir. — Ela diz quando o elevador
chega.
Ela entra e eu vou logo atrás.
— Eu quero subir. — Digo enquanto ela bufa irritada.
Subimos sem conversar e logo ela está entrando em sua casa se
despedindo de mim.
— Boa noite, Pietro.
— Boa noite, Kim... qualquer coisa... — digo nervoso.
— Eu te ligo. Não se preocupe. — Ela sorri e lentamente fecha a porta.
Sigo para o meu apartamento. Entro e suspiro enquanto me jogo no
sofá. Kevin vem logo atrás e se senta ao meu lado.
— Olha cara, Oliver gosta dela de verdade. Acho que você pode viver
com isso. Pelo menos pela amizade que têm há tanto tempo. — Digo sincero
enquanto ele olha para o nada.
— Eu sei. E eu vou tentar. — Ele diz e se levanta. — Onde está o
whisky? Preciso beber. — Ele vai até a cozinha e volta com uma garrafa e
dois copos.
— Não vou beber, cara. Vai que Kim entra em trabalho de parto? E eu
aqui bêbado? Deus me livre. — Explico devagar e ele sorri revirando os
olhos.
— Você que sabe. Pode beber só um copinho não tem nada demais. —
Ele sugere e eu aceno confirmando.
Receber um fora da garota que você ama merece um pouco de bebida,
sim eu posso viver com isso. Bebo dois copos e logo me sinto dormente.
Kevin vira mais uma dose e faz careta diante do gosto.
— Vou tomar banho. Se quiser pode tomar banho no quarto de Kyle,
mas lá não tem cama. Então volte para a sala e durma aí no sofá. — Digo me
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Vou para meu quarto e mordo meu lábio nervoso. Será que ela... não.
Talvez ela só queira se explicar mais uma vez. Melissa é tão imprevisível que
eu não consigo nem fazer um palpite de merda.
Visto uma calça de moletom e uma camiseta fina branca. Quando volto
para a sala ela ainda está em pé no meio da sala.
— Pode se sentar, Melissa. — Digo e ela pula no susto. Sorrindo me
sento e a chamo para meu lado.
— Ok. — Ela se senta e começa a morder sua boca. Porque ela tem que
fazer isso? — Por que foi colocar a roupa? — Ela questiona e logo depois
seus olhos se arregalam percebendo o que falou. Eu sorrio divertido.
— Você queria que eu ficasse só de cueca? — Questiono tentando ficar
sério.
— Sim. — Ela responde sussurrando sem me olhar.
— Ok. — Suspiro e encosto-me ao meu sofá.
Não vou tirar minha roupa agora que estou vestido. Eu quero que fale o
que veio fazer aqui. Ela, pelo contrário, só fica olhando para suas unhas bem
cortadas. Estranho já que elas sempre foram grandes.
Minha boca se abre ao perceber o anel que dei em seu dedo. Tento falar
algo, mas não consigo nada. Toco seu braço e ela se vira para mim. Respiro
fundo, mas antes que eu a questione ela começa a falar.
— Eu... eu percebi que nunca vou saber ao certo se aguento ou não o
que vem com você se eu não tentar. Eu te amo, Pietro. Te amo tanto. E eu
não quero de modo algum outro cara. Eu... Só quero você. — Ela fala com
lágrimas nos olhos e eu suspiro aliviado.
— Você está falando sério, não é? Porque eu disse que quando você
colocasse esse anel em seu dedo, você seria minha. Para sempre. — Digo
firme e ela se aproxima de mim.
— Eu sei. E eu nunca deixei de ser sua. Nunca. — Ela afirma ainda
chorando e eu a trago para meu colo.
Limpo suas lágrimas devagar e beijo sua têmpora. Seus cabelos
castanhos estão por todo lado e aos poucos eu o ajeito atrás de sua orelha.
Seus olhos estão em mim. Analisando-me. Questionando-me.
— Fala algo. Você não quer mais, é isso? — Ela chora enquanto
pergunta. Volto a limpar suas lágrimas, mas ela se afasta. — Pietro... Me
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— Por que está chorando? Vamos porra. Fale! — Corro pelo quarto
pegando minhas roupas e as vestindo. — Vamos! O que aconteceu,
Giovanna? Ela está bem, não está? Kyle? Kyle está bem também? —
Começo a gritar quando vejo que ela só chora e não consegue falar nada.
— Eu a trouxe para o hospital...
Essas palavras mais seu choro... eu desmorono. Não escuto mais nada.
Não pode ser, porra! Não pode ser.
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Capítulo Trinta e Um
Melissa
lembro-me disso e olho para meu anel, que ainda descansa onde o coloquei,
mas logo o sorriso vai embora ao olhar para Pietro. Seus olhos estão
angustiados, eu pego sua mão na minha e a aperto passando conforto.
— Por que ela estava chorando? — Ele pergunta depois de um tempo
calados indo em direção ao hospital.
— Por que é normal, meu amor. Ela ainda é uma adolescente. Não sabe
bem como se situar nesses momentos. — Digo sorrindo e tentando aliviar sua
tensão.
Eu espero que dê tempo chegarmos lá. Quero que Pietro veja seu bebê
nascer. Ele vai ficar muito feliz.
Estaciono e saímos do carro. Pego sua mão na minha e andamos até a
recepção. Digo o nome de Kimberley completo depois que Pietro fala para
mim. Somos orientados a ir para a sala de espera. No caminho liguei para
seus pais e para Nicole. Eles já estão a caminho. Eu me sinto aliviada depois
de ouvir isso da boca deles. Eu não acho que eu seja capaz de aguentar a dor
e o medo de Pietro sozinha.
Quando chegamos, ele me solta e abraça a garota que estava com
Kimberley no café de Joseph. Sorrindo me aproximo e a abraço também.
— Ela vai ficar bem, não é Pietro? — Ela o questiona, mas ele não
consegue responder.
Eu a puxo para sentar ao meu lado e a abraço.
— Não se preocupe com isso agora, okay, meu amor? — Falo
carinhosamente e ela chora mais ainda. Não entendo o porquê, mas ela faz.
— Eu só a tenho. Eu não posso a perder. Eu não posso. Eu não quero
ficar sozinha no mundo. — Ela fala nervosamente enquanto suas lágrimas
molham sua camiseta vermelha.
Eu não entendo o que quis dizer com sozinha, pois eu pensava que elas
moravam com os pais, mas não questiono, deixo isso de lado.
— Shiiii. — A abraço e Pietro respira fundo olhando para ela.
— Você não vai ficar sozinha, Giovanna. Você tem a mim. — Ele diz
cansado e ela acena confirmando.
Um médico entra na sala e pergunta por parentes de Kimberley
William. Pietro e Giovanna se levantam.
— Eu sinto muito. Mas antes de qualquer decisão que eu tome, preciso
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conversar com vocês. — Ele explica olhando diretamente para eles dois. —
A gravidez de Kimberley está em alto risco. Ela progrediu de pré-eclâmpsia
para eclampsia. Sua pressão está alta demais e se tentarmos fazer o parto do
bebê, ela pode não aguentar. Eu falei com ela, disse que o mais sensato a
fazer é causar um aborto, o que seria permitido pelo risco de vida que ela
corre, mas ela não quer. Ela está consciente e disse com todas as letras que
quer o parto. — Enquanto ele vai falando eu me derramo em lágrimas.
Uma tristeza tão grande se apossa de mim. Eu olho para Pietro e ele
está chorando também e eu tento ser forte para ele, mas agora até eu estou
precisando de apoio. Gio cai sentada e suas mãos vão para a cabeça
soluçando.
— Ela... eu quero falar com ela. — Pietro fala enquanto enxuga suas
lágrimas.
Eu vejo o quanto ele está tentando ser forte. Ele está segurando suas
emoções. Vejo em seus olhos a dor de escolher entre Kyle e Kimberley.
— Entendo, mas ela prefere falar primeiro com Melissa Jones. — Ele lê
o meu nome em um papel e eu o olho alarmada. — Ela está aqui? Ou teremos
que ligar para ela? — ele questiona e eu levanto minha mão sinalizando que
estou.
Estou confusa. O que ela quer de mim nessa ocasião? Ver-me?
— Por quê? — Encontro minha voz e questiono ainda confusa.
— Querida, eu não sei, mas eu sugiro que tenha calma e não a faça ficar
nervosa. E seja rápida, pois já vamos levá-la ao centro cirúrgico. — Ele diz
sério e aponta para um corredor me encorajando a ir.
Olho para Pietro e Giovanna pedindo permissão. Eu acho que estou os
desrespeitando. É para eles falarem com ela, não eu. No momento eles estão
mais assustados que eu, muito mais. Eles dois logo acenam e eu me levanto
da cadeira.
— Eu volto logo, ok? Cuida dela, tudo bem? — Peço a Pietro
apontando para Gio, que ainda chora, e ele acena confirmando. Beijo seus
lábios e me afasto seguindo o médico.
Ele para em uma sala branca e logo a porta se abre com uma enfermeira
saindo. Vejo Kimberley deitada na cama e logo seus olhos verdes param em
mim. Um suspiro aliviado sai dela e eu me aproximo devagar. O médico sai
nos deixando a sós.
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pergunto o porquê de isso acontecer. Porque Kimberley tem que passar por
essa provação. Porque que para Kyle ter que nascer, precisamos temer a
morte de Kimberley? Ou porquê de deixar uma adolescente sozinha no
mundo, como Gio mesmo falou?
Choro mais um pouco e logo me lembro de Giovanna. Levanto-me e
vou até a sala de espera. Ela está sentada como a deixei. No chão. Aproximo-
me e sento ao seu lado.
—Como ela está? — Ela questiona limpando seu rosto molhado.
— Sorrindo. — Digo e suspiro. — Daqui a pouco você vai entrar e falar
com ela. Tente ser rápida, ok? Ela não pode se cansar e logo a levarão para a
cirurgia. — Falo e a trago para meus braços.
Ficamos assim até Pietro voltar e ela ir. Levanto-me e o abraço. Ele
passa seus braços por minha cintura me segurando fortemente. Ele baixa sua
cabeça e a coloca em meu ombro. Os seus tremem devido ao choro
compulsivo que sai dele. Sinto-me fraca diante de tanta dor: a minha dor, a
dor dele, a de Giovanna e principalmente a de Kimberley.
— Eu não quero que ela morra, Mel. Eu quero que Kyle a conheça. Eu
quero que ela me ajude a criá-lo. — Ele fala entre seus soluços me fazendo
chorar mais e mais. — Eu não vou conseguir sozinho. Sem ela. Eu não posso,
Porra! — Ele grita e se senta ao chão. Suas mãos vão para sua cabeça
enquanto ele chora descontroladamente.
— Isso não vai acontecer, Pietro. Ela é forte. Você vai ver. — digo
tentando, em vão, acalmá-lo.
Afasto-me ao ver Nicole correr em sua direção. Ela arregala os olhos ao
ver seu irmão enquanto Connor me puxa para seus braços. Eu me afundo
neles. Por que o que eu mais quero nesse momento é alguém para me
acalentar. Eu quero que meu irmão possa tirar essa dor do meu peito. Do meu
coração.
— Oi meu amor... — Nick sussurra em seu ouvido o abraçando e ele a
abraça de volta. — O que está acontecendo, Melissa? — Ela pergunta com a
voz trêmula.
— Kimberley pode não aguentar o parto. O médico disse que o mais
sensato a fazer é causar um aborto, mas ela não quis. Nem sequer o deixou
falar da possibilidade. — Falo enquanto me sinto ser abraçada por meu
irmão, mais e mais.
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— Meu Deus... — Ela volta a abraçar Pietro enquanto ele chora. — Vai
ficar tudo bem. — Ela promete sussurrando.
Giovanna volta chorando e eu volto a trazê-la para meus braços.
— Como ela pode querer me deixar aqui? — Ela questiona e seus olhos
refletem tanta perda. — Sozinha Melissa? Eu nunca vou perdoar ela. — Gio
fala gesticulando.
Eu peço que ela se acalme e logo depois ela se senta respirando fundo.
Limpo suas lágrimas enquanto Nicole faz Pietro se sentar em uma das
cadeiras e Connor o ajuda.
Gio falou isso agora. Na hora da raiva, mas tenho certeza que depois ela
vai relevar. É compreensível já que ela é apenas uma adolescente.
Avisam-nos que Kimberley foi para o centro cirúrgico. Eu peço licença
a Nicole e Connor, e levo Pietro e Giovanna para a lanchonete do hospital.
Cada um de nós nos sentamos e eu peço café da manhã para a gente.
Comemos devagar, a verdade é que nenhum de nós comeu muito. Logo
voltamos para a sala de espera.
Assim que nos sentamos os pais de Pietro chegam. Nicole e Connor
ainda estão aqui, também sentados. Pietro se levanta e sua mãe o abraça. Ele
se acalmou bastante. Eu agradeço por isso.
Comprimento os seus pais e eles sorriem ao ver que Pietro e eu
voltamos. Eu também tento ficar alegre, mas no momento é muito difícil.
Ficamos todos sentados em silêncio enquanto a mãe de Pietro reza baixinho
pedindo pela saúde de Kimberley.
Depois de uma hora e meia as portas voltam a ser abertas, só que
diferente das outras quem sai por ela é o médico que estava dando
informações para nós quando chegamos. Pietro se levanta rápido e anda até
ele. Levantamo-nos também e o seguimos até o berçário.
Ele mostra Kyle para nós e eu me pego sorrindo ao olhar seu rosto
vermelho. Pietro tem lágrimas e se aproxima do vidro mais e mais, como se
pudesse o ultrapassar.
— E a minha irmã, doutor? — Escuto a voz triste de Giovanna e vou
para seu lado.
— Como Kimberley está? — Pietro o questiona voltando a olhar para o
médico.
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Seattle é uma cidade chuvosa. Não tem quem diga ao contrário, mas
especialmente hoje parece que alguém disse que não era para cair uma gota
sequer. O sol está brilhante. Parece que ele quer nos dizer o quanto esse dia é
especial. O quanto hoje é um dia para celebrar e agradecer.
Ao olhar para a grama verde abaixo das minhas botas marrons eu vejo o
quanto esse lugar ficou bonito depois de recebê-la. O quanto algumas das
coisas desse lugar lembram ela. A grama verde clara lembra seus olhos vivos,
as plantas trepadeiras caindo pelo muro lembram seus cachos dourados. E
principalmente o quanto Kyle nos faz lembrar ela.
Em letras bem trabalhadas e de caligrafia, foram gravadas a seguinte
frase em sua memória.
“Uma irmã dedicada, uma jovem sonhadora, uma namorada amorosa
e principalmente, uma mãe maravilhosa. ”
Hoje faz seis meses que estamos sem ela. Seis meses que Kyle nasceu.
Seis meses que minha vida se resume a cuidar dele, de Pietro e de Giovanna.
Meus olhos fogem para onde Pietro está e ele sorri tentando dizer para mim
que está bem. Eu sei que não. Ele sofre por ela. Ele sofre por Kyle. Pela dor
que ele ainda vai sentir quando se tornar um rapaz e souber de tudo.
— Gio? — A chamo e ela vem até mim com lágrimas nos olhos. —
Você já sabe o que fazer, não é? — digo sorrindo tentando encorajá-la a fazer
o que todos os meses depois da morte de Kimberley fazemos.
Conversar.
— Ela deve estar com saudades da sua voz. — digo sorrindo e ela
acena.
Em passos curtos ela se senta de frente para a lápide. E como todas as
outras vezes me afasto e a deixo falar com privacidade. Seguro a mão de
Pietro enquanto Kyle está em seus braços.
Ele já está um rapaz, sorrindo para tudo e todos e cada vez mais
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inteligente. Com seis meses ele já se senta, o que acho um absurdo muito
grande. Brinca com Abby e detesta Aaron. Não me pergunte o porquê, eles só
não se dão bem. Aaron até tenta brincar, mas Kyle se afasta.
— Obrigado.
Escuto a voz de Pietro e me viro para o olhar. Seus olhos estão em Gio
e depois se voltam para meu rosto.
— Por tudo, Melissa. Por estar comigo diante de tanta dificuldade. Por
cuidar de Gio como se fosse sua irmã mais nova e principalmente por cuidar
de Kyle com tanto carinho. — Ele respira fundo e abraça minha cintura. —
Eu nunca conseguiria sem você, anjo. Nunca. — Ele afirma e eu abraço seu
corpo segurando a mão de Kyle para não puxar meus cabelos.
— Eu te amo. Eu amo eles. E não há nada no mundo que eu gostaria
mais de estar fazendo do que estar aqui com vocês. Estar na vida de vocês.
Nós quatro vamos ser muito felizes. Seremos uma família mais linda do que a
que já somos. — Digo sorrindo emocionada.
Depois de Gio voltar com lágrimas nos olhos, a abraço apertado e a
deixo se acalmar. Logo depois pego Kyle de Pietro o deixando livre para ir
até lá. Ele caminha devagar e logo depois começa a chutar pedrinhas que
ficam no chão. Vejo sua boca se movimentar e sei que ele começou a
conversar com ela.
Kyle bate palmas dessincronizadas e eu sorrio quando mostra seu
pequeno dentinho branco. Beijo sua bochecha gorda e o abraço. Gio fica em
minha frente e admirada, fica olhando para seu sobrinho.
— Ele está cada dia mais parecido com ela. — Ela sussurra com seus
olhos se enchendo de lágrimas.
— Ainda bem, não é meu amor? Ele vai sempre nos fazer lembrar-se da
beleza dela. Nunca a esqueceremos. — Falo carinhosamente, mas a
encarando com firmeza.
Quero que Gio se sinta feliz conosco, ela foi morar na casa de Pietro
logo depois da morte da sua irmã. Ele vendeu o apartamento dele e ela o que
morava com Kimberley. Então, ele logo depois comprou uma casa no mesmo
condomínio dos seus pais, eles ajudaram Pietro a comprar a casa, ainda não
temos dinheiro suficiente para comprar sem a ajuda deles. O dinheiro do
apartamento de Gio, colocamos em uma conta para ela. Eu achei melhor
assim, já que ela já é quase uma adulta, ela precisa do seu próprio dinheiro.
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Mudamo-nos para lá depois de três meses que Kyle nasceu. Não nos
mudamos antes, pois estávamos terminando a faculdade e claro, Giovanna
também ainda estava no ensino médio. Ela entrou na faculdade perto da nossa
casa. Depois de conversarmos, eu e Pietro achamos melhor ela ficar por
perto.
E ainda bem, ela não se opôs.
Nós dois não falamos mais sobre casamento ou qualquer coisa
relacionada a nosso futuro, mas eu não quero o pressionar e também ainda
acho a morte de Kimberley muito recente para festejar algo.
— É verdade. — Ela afirma depois de minutos calada.
Espero Pietro voltar e antes que ele chegue eu vou em direção onde ele
estava. Ele sorri limpando suas lágrimas quando passo por ele. Kyle dá seus
braços para ele, mas não o entrego. Na minha vez, ele sempre tem que estar
comigo. Eu preciso dele para me dar força e para eu poder dizer tudo sobre
ele a ela. Tenho que falar todos os desenvolvimentos dele, tudo que aprendeu.
Sento-me em um banco perto de sua lápide e pego meu celular, aperto
play e a música preferida dela, segundo Gio, começa a tocar. Em meio à
melodia da canção eu começo a falar.
— Hoje Kyle faz seis meses. Passou rápido, não é? Ele está com um
dentinho e já bate palmas. Ainda não estão bem sincronizadas, mas eu adoro
vê-lo fazer isso. — Sorrio e suspiro olhando sua foto. — Ele está cada dia
mais parecido com você, Gio falou isso quase nesse instante. E é verdade. Ele
tem seus cachos loiros e seus olhos verdes brilhantes. Eu sinto muito que
você não possa estar vendo o quanto bonito ele está. Acho que ele vai ter
bastante namoradas. — Gargalho um pouco pensando nisso.
— Eu nunca vou deixá-lo esquecer a quão bonita você foi. — Engulo
em seco e limpo uma lágrima fujona que me escapou. — Eu estou fazendo o
que prometi a você, Kim. Eu cuido deles dois. Giovanna é uma garota linda e
tão amável. Eu me orgulho dela cada dia mais. Você sabe que ela vai cursar
moda, não é? Acho que ela já te falou. — Sorrio pensando nisso.
— Eu espero muito que você esteja feliz com a minha, digamos,
atuação em cuidar das pessoas que mais amava no mundo. Eu agradeço por
ter me dado a oportunidade de amar eles dois. A oportunidade de conhecê-los
e cuidar de cada um. Pietro também está sendo tão forte. Ele passa a manhã
na faculdade e a tarde no hospital, mas, ainda assim, depois que ele chega se
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senta para brincar com Kyle e para conversar com Gio sobre tudo que ela
gosta. Você ficaria orgulhosa dele... Eu estou. — Afirmo e Kyle se levanta
em meus braços. Suas pernas grossas o mantém em pé durante alguns
segundos enquanto suas mãos pequenas seguram em meus ombros. Deus! Eu
o amo tanto.
— Eu acho que contei tudo, não é? Nós voltamos em breve, querida.
Estamos com saudades. — Digo pôr fim ao deixar uma rosa vermelha logo
acima de sua foto sorridente. — Fique com Deus!
Andamos lado a lado para o estacionamento. Cada um com seus
próprios pensamentos. O único que não entende o momento é Kyle. Ele está
sorrindo e olhando para os lados estranhando, mas gostando do lugar.
Giovanna está calada e séria. Faz tão pouco tempo que a conheço, mas eu
aprendi a gostar tanto dela. Seus cabelos enrolados a irritam quando acorda
pela manhã, suas unhas são sempre bem feitas e ela se veste como uma
modelo. Ela é linda, pelo menos é isso que Kevin fala escondido de Pietro.
Eles não estão namorando, não que ele já não tenha tentando a convencer, é
que ele é amigo do Pietro. Ela diz que se sente estranha. Eu a respondi
dizendo que se eles se gostassem de verdade, nunca seria estranho.
Mas ela ainda não está convencida disso.
Coloco Kyle em sua cadeirinha e depois volto para o banco do
passageiro. Giovanna senta ao seu lado e o caminho até em casa eles vão
brincando um com o outro.
Ao entrar em casa levo Kyle para seu quarto e lhe dou banho. Depois de
limpo faço sua papinha e a dou devagar. Kyle é chatinho para comer, e eu
sempre peço ao Senhor mais paciência para lhe dar comida.
Pietro entra na cozinha enquanto Kyle franze os lábios para a colher.
— Kyle, não! — Digo firme. Ele sorri e olha para seu pai.
— Pode deixar que eu tento. — Pietro fala e eu me levanto deixando o
lugar para ele se sentar.
Enquanto ele dá de comer a Kyle, coloco a mesa para a gente almoçar.
Kyle come quietinho e eu o encaro fingindo bravura. Ele sorri mais ainda e
Pietro me olha dando de ombros.
— Vocês estão juntos contra mim? — Questiono cruzando os braços.
Pietro faz sinal de rendição e eu balanço a cabeça incrédula.
Giovanna desce as escadas e logo está na cozinha conosco. Ela me
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ajuda a terminar de colocar a mesa e logo depois pega seu sobrinho o levando
para dormir.
Sorrio ao vê-los juntos.
Pietro me abraça por trás e apoia sua cabeça em meu ombro. Encosto-
me em seu peito e juntos ficamos assim. Sem dizer nada. Só nossas
respirações se fundindo.
— Eu te amo, moça bonita. — Ele sussurra acariciando meus cabelos.
— Eu te amo. — Respondo me virando para o olhar. — Você está
sendo muito forte viu? Estou muito orgulhosa de você. — Afirmo enquanto
ele me aperta junto a seu peito.
— Eu também estou de você. — Ele fala baixinho e beija meus lábios
devagar.
Uma tosse nos faz saltar e logo Giovanna entra na cozinha rindo.
— Hey! — Faço cara de brava. Ela sorri ainda mais e eu me sinto
aliviada por ela não ter ficado triste depois de visitar sua irmã.
Sentamo-nos sorrindo e juntos comemos em silêncio. Ela fica me
olhando como se pedindo ajuda e eu não sei para quê. Franzo as sobrancelhas
e balanço a cabeça dizendo não entender o que quer.
— Vocês podem parar com essa conversa por meio dos olhos? —
Pietro pergunta com um sorriso debochado na cara.
— Ok. Parece que Gio quer falar algo. — Digo e a encorajo a falar. Ela
suspira e acena confirmando.
— É que hoje marquei um encontro. E eu queria que soubessem. —
Nervosa, ela fala sem nos olhar.
— Que ótimo! — Digo sorrindo alegre. — Espero que se divirta muito.
— Digo enquanto Pietro sorri.
— E com quem vai ser esse encontro? — Ele pergunta olhando para seu
prato.
— É... — Ela arregala os olhos me pedindo ajuda novamente. Merda. É
com Kevin. — Com um amigo. — Ela responde simplesmente.
— Esse amigo por um acaso tem o nome de Kevin? — Ele questiona
novamente agora a olhando.
— É... Eu sei que ele é seu amigo, mas... — ela para de falar quando ele
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de suas palavras.
Eu não fiz Kimberley morrer! Eu não fiz nada.
— Cale sua maldita boca, Katrina! Você não sabe de nada. Enquanto
estava em Dubai brincando de casinha com seu novo marido, Kimberley teve
pré-eclâmpsia. Quando ela precisou da mãe só o que chegava para ela era um
cheque com dinheiro suficiente para ela se sustentar e cuidar da sua filha
mais nova. Quem você pensa que é? — Questiona com o maxilar cerrado. —
Não tente tirar meu filho de mim, Katrina. Você vai se dar mal. — Ele a pega
pelo braço novamente e a coloca na calçada em frente nossa casa.
— Eu entrarei, sim, na justiça e você, Victor, verá o dia em que eu levar
Kyle comigo para Cancun. — Com isso ela se vira e caminha até um carro
preto parado na rua.
Pietro fecha a porta com um baque e eu pulo assustada. Ele anda de um
lado para o outro suspirando pesadamente. Eu quero o confortar, mas no
momento eu só tenho medo. Medo de que ela tire Kyle de mim, de que eu
não possa cumprir minha promessa para com Kimberley.
— Ela pode o tirar da gente, Pietro? — Minha voz sai triste. Fraca e
medrosa.
— Eu não sei, amor. — Ele responde com a mão nos cabelos.
Aproximo-me dele e o abraço. Sinto, aos poucos, o medo se misturar
com o cansaço me fazendo chorar. Ela não pode o tirar de mim. Kyle é meu!
Ele é meu bebê, a criança que mais amo no mundo.
Meus pensamentos voam para meu pai. Ele é o melhor advogado que
conheço. Tenho certeza que ele ganharia a causa em um piscar de olhos. Me
solto de Pietro e corro ao encontro do meu celular.
— Melissa? O que está fazendo? — Questiona vindo atrás de mim.
— Vou ligar para papai. Tenho certeza que se ela entrar na justiça pela
guarda de Kyle ele ganha a causa, amor. Ele é o melhor. — Digo firme e
disco o número dele em meu telefone.
— Melissa... Você acha que ele vai nos ajudar? — Imediatamente eu
paro o que estou fazendo e me viro para o olhar.
— Como assim? — Pergunto.
— Ele não aceita nosso relacionamento, Melissa. Ele te pediu diversas
vezes para me deixar. O que ele mais querer é ver você sem Kyle e a mim.
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Ele deixou isso claro na última vez que nos viu. Ele disse com todas as letras
que você está carregando uma responsabilidade que não é sua. Você acha que
ele vai lutar pela guarda do nosso bebê? Do bebê que ele acha que é uma
responsabilidade muito grande para você? — Ele indaga com os olhos
angustiados.
Deixo meu celular cair no chão ao constatar que ele está certo. Meu pai
nunca iria me ajudar nisso. Meus olhos se enchem de lágrimas ao ter a
certeza de que eu não falo com meu pai há mais de dois meses somente por
que ele não aceita que eu cuide de Kyle. Ele acha que cuidar do meu bebê é
um peso muito elevado para mim, mas não é.
Eu tenho que mostrar para meu pai que não é. Que ele está equivocado.
Eu tenho que fazê-lo enxergar o quanto eles me fazem feliz. O quanto cuidar
de Giovanna, Kyle e Pietro me mantém viva e completa.
— Você está certo. Mas eu tenho que tentar, não é? — Minha voz
novamente sai triste. — Eu não posso perder Kyle, Pietro. Eu prometi a
Kimberley que eu cuidaria dele e de Giovanna. — Explico e caio sentada em
meu sofá.
— Tudo bem. Eles vêm para o aniversário de Connor, não é? Então
falamos com ele pessoalmente. — Sua voz está firme e nada parecida com a
minha.
Enxugo minhas bochechas molhadas e subo as escadas indo direto para
o quarto de Kyle. Seus cachos dourados estão repousando em seu travesseiro
pequeno. Enquanto o observo, seus lábios formam um belo sorriso e eu
acaricio sua mão.
Quando escutava que amar não tem nada a ver com sangue eu achava
que talvez, pudesse ser verdade, mas não tinha certeza. Então parei para
pensar e vi que quando adotamos uma criança o amor que sentimos por ela é
maior que tudo. Ser filho não tem diferença perante o amor, ele não classifica
ninguém pela genética. Só amamos. Simples como uma flor. Não tem
explicação para isso.
Sinto os braços de Pietro me rodearam e suspiro aliviada por ter ele ao
meu lado. Nunca pensei que um dia eu pudesse amar tanto como amo esse
homem. Ele é meu tudo. Ele me manteve em pé diante das brigas que tive
com meu pai.
Diante dos meus medos. Faz dois meses que fechei contrato com a
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editora do pai de Laura. Ela adorou o manuscrito que a enviei e sem me dizer
pediu que o pai lesse. Ele imediatamente ligou para mim. Disse que queria
editar o livro e que seria um sucesso. Eu ainda arredia pedi um tempo para
pensar. No outro dia falei para Pietro, ele sorriu tão grande que naquele
momento percebi o quanto os meus objetivos, as coisas que me faz feliz,
também são dele. Ele torce por mim.
Então, liguei de volta e aceitei. Estamos nos preparativos para tudo
relacionado ao livro e estou adorando esse mundo de editoração. Como passo
bastante tempo lá, acabei sendo contratada para ser editora. Eu amei.
— Não se preocupe, meu amor. — Pietro sussurra em meus cabelos. —
Nós vamos lutar por ele. — Afirma enquanto me puxa em direção nosso
quarto.
Deito-me na cama ao seu lado e logo estamos abraçados. Pietro suspira
e se ajeita para me olhar.
— Não pense que me esqueci do nosso casamento. Eu lembro e você
pode começar os preparativos. Marcaremos a data essa semana. — Ele diz
calmo e eu pulo sentada.
— O quê? — Um sorriso lento surge em meus lábios. — Está falando
sério?
— Lógico. Eu te amo pequena. Não tem porque adiarmos um momento
tão único para nós dois. — Ele explica e eu esmago seus lábios com os meus.
— Eu te amo. — Digo enquanto tiro sua camiseta. Suas mãos apertam
minha bunda por cima da calça e eu solto um gemido baixo em seu ouvido.
— Eu te amo mais, moça bonita. — Ele suga o meu lábio inferior
enquanto suas mãos sobem minha blusa.
Quando estamos nus e preste a fazer amor, Kyle começa a chorar.
— Não estou acreditando nisso. — Pietro reclama enquanto coloco
minhas roupas de volta.
— Querido, tome um banho gelado. — Digo soltando um beijinho
enquanto saio do quarto.
E logo mais à noite a última pessoa que esperei ver na minha frente
estava.
Papai.
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maltrata o filho. Minha decisão é que a senhora pode visitar seu neto, aos
finais de semana, mas a guarda de Kyle William Mitchell fica com o pai,
Pietro Victor Mitchell. — Ela bate o malhete e dá por encerrada a audiência.
Um sorriso gigante aparece nos meus lábios e nos de Pietro. O abraço e ali
agradeço a Deus por não ter tirado meu pequeno anjo de nós.
Sinto-me leve. Eu me sinto quase transbordando. Quando saímos da
sala abraço meu pai e o agradeço mais e mais por ter vindo ficar comigo, ele
sorri e diz que me ama e faria qualquer coisa por mim.
Katrina passa por nós chorando e eu a paro entrando em sua frente. Não
vou espernear. Só quero deixar claro que nós nunca vamos afastar Kyle dela.
— Saia da minha frente. Não bastou me deixar sozinha? Eu não tenho
ninguém na vida por sua culpa. Minha filha não quer me ver e eu ainda perdi
meu neto. — Ela grita me empurrando.
— Quando você mudar seu jeito torto de pensar, talvez Giovanna lhe
perdoe. Mas enquanto for assim, nem eu a quero se aproximando de você. —
Digo firme e me afasto.
Chego a minha casa e logo pego Kyle dos braços de Nancy. Deus, eu
tive tanto medo de perdê-lo.
— Dylan e Kyara estão aqui. — Giovanna diz enquanto passa por mim.
A puxo para meus braços e ela sorri alegre.
— Ainda bem que ela não conseguiu tirá-lo de nós. Eu nunca iria
perdoá-la. — Diz firme. Orgulha-me ver que nada que Katrina já fez em sua
vida lhe deixou uma pessoa amarga. Não lhe fez uma pessoa ruim.
Afasto-me dela quando Dylan entra na sala. Seu rosto tem um sorriso
tão grande que prevejo que esconde algo. Eles viajaram esses últimos meses,
então a saudade está machucando.
— Que saudade, Dylan. — Digo e o abraço apertado. — Como foram
de viajem? — pergunto e abraço minha amiga.
— Foi ótimo. E eu tenho uma novidade... — Kyara começa a falar, mas
Dylan interrompe gritando.
— Estou grávida! — Todos olham estranho para meu irmão e eu sufoco
uma risada. — Quero dizer, Kyara está grávida. — Ele fala sem jeito. Sorrio
balançando a cabeça.
Abraço minha amiga a parabenizando. Dylan está tão feliz que eu
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— Olá casal. — Thiago nos cumprimenta. Pietro finge que não ouviu e
se senta ao meu lado.
— Bom dia, Thiago. — Digo com um sorriso tenso. Pietro está desse
jeito não ajuda em nada meu nervosismo.
— Como vai, Mel... — Pietro o interrompe.
— Melissa. O nome dela é Melissa. — O olho, alarmada, mas ele não
volta atrás e muito menos pede desculpas. Deus, que menino ciumento.
— Okay... — Thiago suspira tentando manter a compostura. — Voltou
a sentir algo, Melissa? — Ele pergunta me olhando.
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pena de André.
— Mas... E se precisar? Não... — ele se cala quando Jude o puxa pelo
braço para irem para o lado de fora.
Sophia suspira satisfeita e se volta para Kyle.
— Deus, a titia estava com saudades. Como você está, Gabriel? — ela o
chama pelo nome que deu ao meu filho.
— É Kyle, Sophia! — Digo revirando os olhos, cansada.
— Para a titia é Gabriel. — Ela o beija e volta a olhar para seus olhos.
— Pergunto-me como alguém pode o chamar de Kyle se ele tem a cara do
anjo Gabriel. Até os cabelos são iguais. — Ela resmunga. Enrugo a testa para
sua ousadia.
Depois de tudo arrumado subo para meu quarto e me arrumo. Pego um
vestido rosa bebê e um salto preto. Deixei Kyle com Nancy e ela o está
vestindo.
Gio passa por meu quarto e sorrio ao vê-la tão bonita. Seu vestido é
vinho e seus sapatos prateados. Seu cabelo encaracolado está para o lado
direito e uma presilha de flores está enfeitando seus cachos.
— Estou descendo. Você quer que eu leve Kyle para a festa ou você o
leva? — Ela questiona se olhando no espelho.
— Eu o levo. Pietro já desceu então se puder faça companhia para ele.
ok? — Ela acena e logo depois desce.
Passo no quarto de Kyle depois de fazer alguns cachos nas pontas dos
meus cabelos. Sorrio quando vejo sua roupa. Ele está de smoking e eu tenho
vontade de mordê-lo. Deus, ele vai ser um problema quando crescer.
— Pronto, Melissa. Você precisa de mais alguma coisa? — Nancy
pergunta e eu a observo ainda desarrumada.
— Sim. Que vá se arrumar. Vou esperá-la no salão. — Digo e seu rosto
é um misto de surpresa com incompreensão. — Vamos, Nancy. Pensou que
eu iria te deixar de fora? Você que cuida dele. Acho justo sua presença. —
Digo e ela sorri alegre. Agradecendo ela vai em direção seu quarto.
— Mamãe. — Kyle me chama e o pego nos braços.
— Oi querido. — Digo enquanto descemos as escadas.
— Aby. Ab? — Ele fala e eu sorrio para suas palavras sem nexo.
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amou. Perdi muito tempo. Mas hoje agradeço por ter Pietro me amando e me
respeitando. E acima de tudo me completando.
E para minha felicidade ser completa, preciso lhe mostrar uma
novidade.
Fim.
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Epílogo
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— Kyle... Tia Nicole quer que você vá passar o final de semana em sua
casa. — Pietro fala e eu o olho sem saber por que não falou para mim. — Ela
acabou de ligar. — Explica e eu suspiro.
— Eu não gosto de ir para a casa da Tia Nicole, pai. — Kyle fala rude e
eu o olho questionando.
— Por que não, querido? — Enrugo a testa sem entender. Kyle é louco
por Abby, pelo menos até o verão passado ele era.
— Abby não brinca comigo. Ela faz tudo com Aaron e ele não gosta de
mim. — Ele explica tirando seus cachos longos dos olhos verdes iguais aos
de Kim.
— Tenho certeza que ele não vai estar lá esse fim de semana. — Pietro
tenta novamente.
— E eu também não. — Ele dá de ombros e minha boca se abre em
choque. Quando ele aprendeu isso? — Vou ficar em casa e se vocês deixarem
vou com Fernanda a praia. Tia Sophia me chamou. — Ele diz nos olhando.
— Então... Okay. — Digo suspirando ainda sem entender de onde saiu
esse Kyle genioso, me viro para Pietro. Ele tem o cenho franzido e eu sorrio.
— Mamãe? — Luce me chama e eu a olho. — Posso comer um pouco
de sorvete? — Fala piscando os olhos sem querer me olhar diretamente.
— Depois do jantar, querida. — Digo voltando a comer e ela se vira
para olhar seu pai.
Três... dois... um...
Espero sua intervenção e logo está ali na minha cara. Minha vontade é
de bater nele.
— Só um pouco. — Ele pega o pote na geladeira e eu bufo nas minhas
mãos.
Pietro coloca uma colher de sorvete na taça dela e de Kyle, o mesmo
sorri alegre.
— Mamãe, a senhora quer um pouco? — Luce pergunta tentando
apaziguar a situação. Seus olhos verdes estão claros e eu me pego sorrindo.
Ela quebra qualquer barreira que eu tenha erguido diante do
atrevimento do seu pai. A gravidez de Luce foi muito complicada, então às
vezes que Pietro pensa em dizer não, ele lembra o quanto sofremos para ela
vir ao mundo. Foi muito difícil, eu tomei tantos remédios que até hoje tenho
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