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19h DAstp? Hees oD. Qe. pp / PAIKOES A oferenda obliqua Imaginemos um sabio, Especialista na andli- se dos rituais, ele se apropria desta obra,’ a menos 7 Uin "conte" deterniaado consti aqulo tema ou o niclea desas que, ninguém jamais o sabérd, ela the tenha sido oferecida. Em todo caso, ele faz dela coisa sua, acredita reconhecer nela o desenrolar ritualizado de uma ceriménia, ou até mesmo de uma liturgia, e isso se torna um tema para ele, um objeto de | anélise. O rito, por certo, nao define um campo. | HA rito por toda parte. Sem ele, nfo hé sociedade, no ha instituigdo, nao hé histéria. Nao importa’ quem possa ser especialista na andlise dos rituais, pois esta no é uma especialidade. Esse sabio, digamos, esse analista também pode ser, por exemplo, um sociélogo, um antropélogo, um i se quiser, um critico de arte ou: de algum grau, gracas & experiéncia e de modo mais ou menos espontineo, cada um-de n6s pode desempenhar o papel.de-analista ou de critico dos ritos, ninguém est totalmente livre disso. Alias, para desempenhar. um papel ‘nessa obra, para desempenbar um papel'onde quer. que seja, & preciso estar inscrito nia légica do rito &, do mesmo tempo; justamente para proceder bem, para evitar 08 erros e as transgréssdes, set capaz de analisé-la até certo ponto. E preciso compreender suas notmas ¢ interpretar suas regras.de funcionamento: Entre 0 auttor,€ o' analista, seja qual for a distancia, sejam quais forem as diferencas, a fron- teira parece, portanto, incerta. Sempre permedvel. Ela deve mesmo ser transposta num certo ponto para que haja uma andlise-e também para que haja um comportaniénto adequado e normalmente.ri- tualizado. Mas um “leitor ctitico” (critical reader) obje- taria, com razdo,-que nem todas as andlises sao equivalentes: ndo haveria uma diferenga essencial entre, de um lado, a anélise daquele ou daquela que, a fim de participar comme il faut de um rito, portanto, deve compreender suas normas, e uma anilise que no visa se adequar ao rito, mas sim explicé-lo, “objetiva-lo”, dar conta de seu principio e de seu fim? Mais exatamente, uma diferenca titica? Talvez, mas o que € uma diferenga critica? Pois, afinal, se ele deve analisar, ler, interpretar, o participante deve, ele também, manter uma cera posicao critica. E, de certa maneira, “objetivante”. Embora sua atividade muitas vezes se aproxime da passividade, sendo da paixdo, o participante realiza atos criticos e criteriolégicos: requer-se uma discriminacao atenta por parte de quem, por ‘uma azo ou outta, se torna parte interessada no processo ritual (o agente, 0 beneficiério, o padre, o sacrificante, o aderecista, até mesmo 0 excluide, a vitima, 0 vildo, ou o pharmakos, que pode ser 2 propria oferenda, pois a oferenda jamais é uma simples coisa, porém jé um discurso, ao menos a idade de um discurso, o inicio de uma simbolicidade). O participante deve fazer esco- has; distinguir, diferenciar, avaliar: Deve realizar alguma kringin. O proprio “espectador”, aqui o tor, neste volume ou fora dele, encontra-se nesse sentido na mesma situagao. Em vez de opor © critic 20 nao-critico, em vez de escolher ou decidir entre critico no-critico, a objetividade e seu contrério, seria preciso, portanto, de um lado, marcat as diferencas entre os criticos e, de outro, situar 0 nfo-critico em um lugar que j& nao seja oponivel, talvez.nem mesmo exterior ao critico. Por certo, 0 critico € 0 no-critico nfo sao idénti- cos, mas talvez permanegam, no fundo, a mesma coisa, Em todo caso, participam disso. Suponhamos, portanto, que esta obra seja apresentada (entregue, oferecida, dada) 2 um leitor-analista preocupado com. a objetividade. Esse analista talvez esteja entre nés: nao importa © destinatério ou o destinador deste livro. Pode- mos imaginar isso sem abrir um crédito ilimitado a tal leitor. Em todo caso, 0 analista (evidentemen- te, escolho esta palavra pensando no uso que dela faz.Poe)' estaria certo, talvez por imprudéncia, de aqui estar diante do desenrolar codificado, previ- sivel e prescrito de uma ceriménia. Ceriménia | seria provavelmemte a palavra mais certa e mais rica para reunir todas as caracteristicas do evento. Portanto, como eu poderia, como voces poderiam, como nés poderfamos, como eles poderiam nao ser cerimoniosos? O que é, exatamente, uma ceriménia?

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