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Dirigentes

José Rogério Moura de Almeida Filho


Presidente da FAA

Antônio Celso Alves Pereira


Diretor Geral do CESVA

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Secretária Geral do CESVA

Equipe de Desenvolvimento
de Materiais
Laboratório de Desenvolvimento de Material Pedagógico - LDMP

Coordenação Geral do NEAD


Marcio Martins da Costa

Coordenação Comercial
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Coordenação de Tecnologia
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Coordenação de Curso
Carlos Antônio da Silva Carvalho

Assessora Pedagógica
Regina Célia Pentagna Petrillo

Coordenação de Produção de Materiais


Marcio Martins da Costa

Capa e Editoração
Start Multicomunicação

Revisão Textual e Normas


Regina Célia Pentagna Petrillo

2
Ferreira, Miriam Ribeiro

Economia [recurso eletrônico] / Miriam Ribeiro Ferreira. – Valença: CESVA/FAA,


2017.

125p.

Material didático utilizado pelo Núcleo de Ensino a Distância do CESVA/FAA

1. Economia. 2. Microeconomia. 3. Macroeconomia. 4. Economia Mundial.


I.Título.
CDU: 33

3
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 6

PLANO DE ESTUDO DA DISCIPLINA 7

CAPÍTULO I –FUNDAMENTOS DE ECONOMIA 7

Introdução 8

1  UNIDADE I – CONCEITOS BÁSICOS EM ECONOMIA 8

2  UNIDADE II – SISTEMAS ECONÔMICOS E CURVA DE


POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO 18
3  UNIDADE III – BREVE RETROSPÉCTO DA EVOLUÇÃO
DO PENSAMENTO ECONÔMICO 26

CAPÍTULO II–FUNDAMENTOS DE MICROECONOMIA


Introdução 34

4  UNIDADE IV – DEMANDA, OFERTA E O EQUILÍBRIO DE MARCADO 35

5  UNIDADE V – ALTERAÇÕES NO EQUILÍBRIO 43


6  UNIDADE VI – TEORIA DA PRODUÇÃO 47

7  UNIDADE VII – ESTRUTURAS DE MERCADO 53

CAPÍTULO III –FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA 60

Introdução 61

8  UNIDADE VIII POLÍTICA ECONÕMICA 61

9 UNIDADE IX INFLAÇÃO 72

10  UNIDADE X SISTEMA ECONÔMICO – FLUXO CIRCULAR DA RENDA 82


11 UNIDADE XI CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO...ECONÔMICO 88

4
CAPÍTULO IV –ECONOMIA MUNDIAL 94

Introdução 95

12 UNIDADE XII SETOR EXTERNO 95

13  UNIDADE XIII BALANÇO DE PAGAMENTOS 105

14 UNIDADE XIV GLOBALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO


ECONÔMICA REGIONAL 112

Referências 121

Gabarito Comentado 122

5
APRESENTAÇÃO
Olá, turma!

Deparamo-nos, no dia a dia, com várias questões de natureza econômica,


como: o aumento de preços, a crise econômica, o desemprego, a valorização
ou a desvalorização do câmbio, o comportamento das taxas de juros.

Por isso, o conhecimento sobre assuntos


econômicos se faz mais importante do que nunca.
A maior parte dos problemas das sociedades modernas, tais como a pobreza,
a globalização e a questão do meio ambiente estão relacionadas a problemas
de natureza econômica.
Estamos iniciando a disciplina ECONOMIA, que proporcionará um conjunto
de conhecimentos que nos ajudará a formar opiniões sobre os grandes prob-
lemas econômicos do nosso tempo, tornando-nos cidadãos de fato em nos-
sa sociedade. O conhecimento de Economia é fundamental para tomada de
decisões no âmbito das empresas.
Sejam todos bem- vindos!

6
CAPÍTULO I
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Neste capítulo, o foco será o conhecimento de conceitos básicos da ciên-


cia econômica, iniciando pelo problema central que deu origem a essa
ciência: a escassez de recursos face às ilimitadas necessidades da socie-
dade.

Você está pronto para iniciar seus estudos introdutórios sobre ECONO-
MIA? Está em um local agradável e que facilita sua aprendizagem?

A Unidade I proporcionará o contato com importantes fundamentos,


definições, características e ETC.

A Unidade reúne conceitos fundamentais, tais como: escassez, bens e


serviços, fatores de produção, setores produtivos. Conceitos esses indis-
pensáveis para o conhecimento da ciência econômica.

Boa leitura!

7
CAPÍTULO I

UNIDADE I
CONCEITOS BÁSICOS EM ECONOMIA
1 DEFINIÇÃO DE CIÊNCIA ECONÔMICA
A palavra economia deriva do grego oikonomos(oikos = casa) + (nomos =lei) que
significa a administração de uma casa ou do Estado.
A ECONOMIA é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade de-
cidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e ser-
viços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de
satisfazer as necessidades humanas.
A economia estuda a maneira como são administrados os recursos, sempre escas-
sos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os
membros da sociedade.
Pode-se dizer que a economia preocupa-se com a forma com que os indivíduos
economizam seus recursos, isto é, como empregam sua renda de modo a obter o maior
aproveitamento possível.
Do ponto de vista da sociedade em seu conjunto, a economia trata de como os in-
divíduos alcançam o nível mais alto possível de bem-estar material, a partir dos recursos
disponíveis.
Quando é dito que uma pessoa é “econômica”, o sentido dado é que essa pessoa tem
a capacidade de usar de forma racional e eficiente os seus recursos.
A definição de economia contém conceitos importantes:
Escolha
Escassez
Necessidades
Recursos
Produção
Distribuição

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2 O PRINCIPAL PROBLEMA ECONÔMICO – A ESCASSEZ
A história econômica se traduz na luta que as sociedades sempre empreenderam
para superar o problema da escassez dos recursos produtivos em face dos crescentes dese-
jos da coletividade. Por este motivo, a economia é conhecida como a “ciência da escassez”.
Em qualquer sociedade, os recursos produtivos são sempre escassos, para atender
às crescentes exigências de consumo e bem-estar. No entanto, enquanto a escassez de
recursos produtivos constitui uma limitação à produção de bens e serviços, não há limites
para as necessidades humanas.
De um lado, observa-se a escassez de recursos produtivos e do outro, as ilimitadas
necessidades humanas. Por essa razão, as sociedades têm que optar e, até mesmo, decidir
sobre a organização da atividade econômica.
É importante destacar que à medida que os recursos produtivos se expandem e
aperfeiçoam, as necessidades humanas crescem mais que proporcionalmente.
Sempre ocorre a criação de novas necessidades motivada pelo interesse comum a
toda sociedade de aumentar a qualidade de vida e o bem- estar.
As sociedades modernas desejam condições de conforto que não se resume ape-
nas em uma habitação satisfatória, mas na disponibilidade de todos os equipamentos mo-
dernos que se tornam cada vez mais indispensáveis.
A quantidade de bens existentes não consegue suprir todas as necessidades e,
contrariamente, são criados novos desejos. Por estes motivos, mesmo nas economias alta-
mente desenvolvidas, a saturação dos desejos humanos está muito longe de ser alcançada.
Logicamente, sendo limitados os recursos produtivos, as economias devem procu-
rar utilizá-los adequadamente no processamento da produção.
Qualquer país desenvolvido ou em desenvolvimento tem como problema central a
escassez. Se não existisse a escassez, não existiriam problemas como a inflação, o desem-
prego e a recessão e também não haveria necessidade de estudar economia.
As necessidades humanas a serem satisfeitas através do consumo de bens são ili-
mitadas, enquanto que os recursos produtivos necessários para a produção dos bens são
limitados. Ou seja, não são suficientes para produzir a quantidade de bens necessários para
satisfazer as necessidades de todos os indivíduos.
Logo, o objeto de estudo da ciência econômica é a escassez. Isto é, como economizar
recursos.
A economia somente se preocupa com as necessidades satisfeitas com bens econô-
micos, ou seja, com elementos naturais escassos ou com produtos elaborados pelo homem.

9
3 NECESSIDADES HUMANAS
3.1Definição
Necessidade é a sensação de carência de algo (material ou imaterial) unida ao de-
sejo de satisfazê-la.
As necessidades são expressas por meio de desejos, por essa razão, muitas vezes, se
define necessidade como desejo.

3.2. Classificação das Necessidades


 Primárias ou Naturais – São as necessidades de natureza biofisiológicas. Também
são chamadas vitais ou de existência, porque a sua satisfação tem a finalidade de
preservar a vida humana.
 Comer - para saciar a fome;
 Beber - para saciar a sede;
 Vestir- para proteção do corpo;
 Ter um lugar para morar - também no sentido de proteção.

As necessidades primárias não são concorrentes, pois a satisfação de uma não elimina
a satisfação da outra (não se elimina a fome com um copo d’água).

 Secundárias ou Acidentais
As necessidades secundárias surgem da interação do indivíduo com a sociedade.
São necessidades sociais ou culturais, pois o seu atendimento visa ao crescimento do
bem-estar da sociedade.
As necessidades secundárias são ilimitadas, pois se multiplicam à medida que se eleva
o nível social.
Por exemplo, o uso de terno e gravata.

4 BENS E SERVIÇOS
4.1Conceito
Bem é tudo aquilo que satisfaz uma necessidade.

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Os bens são medidos através dos preços. Para que possam ter preço, os bens neces-
sitam ser úteis e escassos. Ou seja, quanto mais útil e escasso for um bem, maior será o seu
preço no mercado.

Utilidade – É o grau de satisfação proporcionado pelo consumo do bem.


Escassez – situação em que os recursos são limitados e podem ser utilizados de
diferentes modos para a produção de bens, de tal forma que deve ser sacrificado um
bem para obtenção de outro.

UTILIDADE + ESCASSEZ =
PREÇO DO BEM

4.2. Classificação dos Bens


 Bens livres e bens econômicos
Os bens livres também são conhecidos como bens não econômicos. Os bens livres são
aqueles encontrados na natureza em quantidade superior à necessidade, isto é, existem
em abundância. Os bens livres, por não serem escassos, não necessitam de qualquer paga-
mento para seu consumo. A água pode ser considerada como um bem livre quando não
passa por nenhuma forma de manipulação que a torne passível de pagamento para o seu
consumo. Outro exemplo de bem livre é o ar.

Os bens econômicos são aqueles que existem em quantidade menor que a procura.
Os bens econômicos são aqueles que atendem às necessidades, com grau de utilidade e
escassez. Sendo assim, para o consumo dos bens econômicos é necessário pagamento.
Exemplos: Carros, roupas, alimentos, etc.
 Bens Materiais e Imateriais
Os bens são considerados pela forma como se apresentam.
 Bens Materiais - São os bens tangíveis, ou seja, tudo aquilo que atende a uma necessi-
dade e que pode ser visto e pegado.
Exemplos: Carros, sapato, relógio, etc.
 Bens Imateriais ou serviços - São todos os serviços prestados, os bens imateriais não
podem ser vistos ou tocados.
Exemplo: Uma consulta médica.

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 Bens Intermediários e bens finais
Nessa classificação observa-se a finalidade de bem.
• Os bens intermediários são aqueles que devem sofrer novas transformações antes
de se converterem em bens de consumo ou de produção.
Exemplo: Cimento.
• Os bens Finais - São aqueles que já sofreram as transformações necessárias e estão
prontos para seu uso ou consumo.
Exemplo: Relógio.
• Os bens finais estão divididos em bens de consumo e bens de capital (ou de produ-
ção).
 Bens de consumo e bens de capital
É necessário conhecer o destino dos bens, em que eles serão utilizados.
 Bens de Produção ou de Capital - São bens que têm por finalidade pro-
duzir outros bens e serviços.
Exemplos: Máquinas, equipamentos, carro para transporte de passageiros ou de cargas.
 Bens de Consumo - São os bens produzidos para atender diretamente
às necessidades da sociedade.
Exemplos: Caneta, rádio, remédio, etc.
• Os bens de consumo estão divididos em bens de consumo duráveis,
bens de consumo semiduráveis e bens de consumo não- duráveis.
• Bens de consumo duráveis - São bens que resistem ao primeiro uso, ou seja, que podem
ser usados mais de uma vez.
Exemplos: Automóveis, móveis, eletrodomésticos, etc.
Observação: Embora classificados como bens duráveis, é sabido que a vida útil de cada
bem difere da dos demais. A diferença pode ser de dias ou até mesmo de anos.
• Bens de consumo semi- duráveis – É uma categoria intermediária de bens, visto que,
nessa categoria, os bens resistem ao primeiro uso, podem ser usados mais de uma vez,
contudo, a duração costuma ser menor do que a dos bens duráveis.
 Bens não Duráveis - São aqueles que se destroem com o primeiro uso.
Exemplos: Alimentos, cigarros, produtos descartáveis, etc.

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O esquema a seguir apresenta, de forma simplificada, a classificação dos bens:

SAIBA Sobre os bens econômicos em: www.ibge.gov.br.

Quanto à relação existente entre os bens:



 Bens Complementares - São aqueles em que a demanda de um implica na demanda do
outro.
Exemplos: Linha x agulha de costura; automóveis x combustíveis.
 Bens Substitutos - São aqueles que aos substituírem outros visam proporcionar o mes-
mo grau de satisfação.
Exemplos: manteiga x margarina; açúcar x adoçante; álcool x gasolina.
5 FATORES DE PRODUÇÃO
Para produção dos bens é necessário que os fatores de produção estejam disponí-
veis.
Os economistas clássicos consideravam como fatores e produção apenas a terra, o capital
e o trabalho.
A ciência econômica moderna considera como fatores de produção: a terra, o capital,
o trabalho, a tecnologia e o dinamismo empresarial.

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 Terra ou recursos naturais – são todos os bens econômicos obtidos direta-
mente da natureza e utilizados no processo produtivo, tais como: solo, os mi-
nerais, a água, a fauna e a flora, entre outros.
 Capital – são todos os bens materiais desenvolvidos pelo homem e que são
usados no processo produtivo. Entre esses bens estão:
• Infraestrutura econômica – transportes (rodovias, ferrovias, hidrovias,
aeroportos, portos); telecomunicações; energia;
• Infraestrutura social – educação, saneamento, cultura, segurança, saúde,
lazer e esporte.
• Construções e edificações.
• Equipamentos de transporte – caminhões, ônibus, utilitários, locomoti-
vas, vagões, embarcações e aeronaves.
• Máquinas e equipamentos que são usados na extração, transformação
e prestação de serviços nas diferentes atividades.
 Trabalho ou recursos humanos – são todas as atividades (físicas e mentais)
usadas para a produção de bens e serviços.
 Tecnologia – a tecnologia engloba uma variedade de mudança nas técnicas e
nos métodos de produção.
A tecnologia também está relacionada com o aperfeiçoamento na forma de combi-
nar os fatores de produção.
O aprimoramento das técnicas de produção tem como resultado o aumento da pro-
dutividade.
 Dinamismo empresarial – está relacionado com o aperfeiçoamento das téc-
nicas administrativas, com a inovação e com o empreendedorismo.

14
SAIBA
O estudo intitulado “o Financiamento do Investi-
mento em Infraestrutura no Brasil” evidencia que o
Brasil deveria investir entre 4% e 5% de seu Produto
Interno Bruto (PIB) em infraestrutura, para ser capaz
de se aproximar dos países com níveis semelhantes
de desenvolvimento.
O estudo destaca que entre 2007 e
2014 os investimentos foram amplia-
dos em 167%, mas sem que esse au-
mento tenha sido traduzido em mel-
hores serviços.
O quadro abaixo, retirado do estudo,
mostra a evolução dos investimentos
em infraestrutura no Brasil.

Leia o estudo em: http://www.


portaldaindustria.com.br/pub-
licacoes-e-estatisticas/publi-
cacoes/2016/7/18,1160/o-financia-
mento-do-investimento-em-infraes-
trutura-no-brasil-uma-agenda-pa-
ra-sua-expansao-sustentada.
html#sthash.wOATYghx.dpuf

6 PRODUÇÃO
É definida como o processo por meio do qual um conjunto de fatores pode ser
transformado em produto.

PRODUTIVIDADE
É o resultado da produção em função da forma de utilização dos fatores de
produção.
O aumento na produtividade é alcançado quando:
• Há o aumento da produção com o uso da mesma quantidade de recursos;
ou
• A quantidade produzida é a mesma, mas são usados menos recursos.

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7 SETORES ECONÔMICOS
Os fatores de produção são necessários em qualquer atividade produtiva, variando,
apenas, na quantidade utilizada. Isso quer dizer que a quantidade utilizada de fatores de
produção varia em função do setor produtivo na qual a atividade econômica está inserida.

Que algumas atividades econômicas, como a ag-

SAIBA
ricultura e a pecuária, exigem o uso mais intenso
do fator terra (recursos naturais). Outras atividades
têm uso mais intensivo de mão de obra, outras de
capital e outras de tecnologia.

Desse modo, os setores da economia são classificados em função da intensidade do


uso dos fatores de produção:
 Setor primário
Compreende todas as atividades mais diretamente ligadas à exploração dos recursos da
natureza – agricultura, pecuária, pesca e etc.
Fator de produção predominante: terra (recursos naturais)
 Setor secundário
Engloba todas as atividades de transformação e beneficiamento de diferentes matérias
primas, bem como todas as atividades industriais.
Fator de produção predominante: capital.
 Setor terciário
Abrange o comércio e todas as atividades de prestação de serviços (transportes, hotéis,
bancos e etc).
Fator de produção predominante: trabalho (mão de obra)
 Setor quaternário
Está vinculado ao setor terciário, engloba as atividades de desenvolvimento de novos
produtos e processos e alta tecnologia.
Fator de produção predominante: tecnologia.

SAIBA
Leia sobre o comportamento dos setores produti-
vos em: http://www.epe.gov.br/ NOTA TÉCNICA DEA
08/16 Caracterização do Cenário Macroeconômico
para os próximos 10 anos (2016-2025).

16
8 PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS
Como visto anteriormente, a escassez de recursos produtivos não permite que a so-
ciedade produza, em quantidade suficiente, todos os bens que deseja para satisfazer suas
necessidades.
Com isso, uma das maiores preocupações existentes em uma economia é encontrar
a opção certa para a obtenção de volumes de produção capazes de melhor satisfazer as
necessidades humanas com os recursos existentes.
Desse modo, em virtude do problema da escassez, toda sociedade, independente de
sua organização política, para encontrar a melhor opção deve levar em consideração três
questões fundamentais:
 O que e quanto produzir?
 Como produzir?
 Para quem produzir?
O que e quanto produzir?

Que a sociedade deve escolher, entre as várias alternativas,


quais bens e serviços e em quais quantidades deverão ser
produzidos, visto que não é possível produzir em tipo e
quantidade todos os bens e serviços que a sociedade deseja
que sejam produzidos.

Ao serem definidos os bens e serviços e as quantidades a serem produzidas deve-se


observar que seja atingido o limite das possibilidades de produção.
Como produzir?
Esta questão está ligada a forma como os bens e serviços serão produzidos. Deve ser
escolhida a melhor maneira de atingir as quantidades desejadas, em função das diferentes
combinações possíveis de recursos e técnicas. A escolha deve recair sobre a alternativa
que apresente a capacidade técnica com melhores resultados. As técnicas aplicadas devem
permitir a melhor combinação entre os fatores de produção.
Para quem produzir?
Esta questão está relacionada com a área social. É sabido que os bens e serviços deve-
rão ser distribuídos entre os indivíduos que formam a sociedade e que é necessário que os
bens e serviços produzidos atendam as necessidades e aos desejos da sociedade. Por isso,
a sociedade tem que indicar:
 Quem irá receber os bens e serviços?
 De que maneira a distribuição dos bens e serviços ocorrerá?
 A mesma quantidade de bens será ofertada para cada pessoa?
 As pessoas terão acesso aos bens como uma contrapartida à sua contribuição para

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a produção?
 Será que os indivíduos terão acesso aos bens e serviços em função das suas neces-
sidades?
O tratamento dessas questões depende da organização econômica da sociedade.

CAPÍTULO I

UNIDADE II
SISTEMAS ECONÔMICOS E CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO
1 DEFINIÇÃO DE SISTEMAS ECONÔMICOS
Compreender a forma de organização econômica da sociedade (sistema econômico) é
importante para responder às questões econômicas fundamentais.
Sistema econômico é a forma de organização política, social e econômica de uma so-
ciedade.
Sistema de organização da:

A forma de organização econômica irá determinar quem responderá às questões funda-


mentais: o que e quanto, como e para quem produzir.

2 FORMAS DE ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA


• Sistema capitalista ou economia de mercado (ou descentralizada)
• Sistema socialista ou economia planificada (centralizada)

No sistema capitalista ou economia de mercado (ou descentralizada) os produto-


res e os consumidores resolvem as questões econômicas fundamentais (o quê e quanto,
como e para quem produzir), sem a necessidade de intervenção do governo na atividade
econômica. A propriedade dos fatores de produção é privada.

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O mecanismo de preços é o responsável por resolver os problemas econômicos
fundamentais e promover o equilíbrio nos mercados, do seguinte modo:
• Caso ocorra excesso de oferta (ou escassez de demanda), as empresas formam esto-
ques o que as obriga a reduzir seus preços para escoar a produção, até que se alcance
um preço em que os estoques estejam satisfatórios. Neste caso a concorrência entre
as empresas será determinante para a venda dos bens aos escassos consumidores;
• Caso ocorra excesso de demanda (ou escassez de oferta), haverá disputa entre os
consumidores pelos bens escassos. A tendência será o aumento do preço até que se
alcance um nível de equilíbrio;
Os problemas econômicos fundamentais são resolvidos da seguinte forma:
• O quê e quanto produzir os produtores decidirão de acordo com o preço dos bens
e serviços. Dessa forma quanto maior for o preço do bem ou serviço maior será sua
produção;
• Como produzir: é resolvido pelas empresas, pois se trata de uma questão de efi-
ciência produtiva. A empresa irá escolher a tecnologia e os recursos adequados ao
processo produtivo (realizado a partir da comparação com os preços da tecnologia
e recursos alternativos);
• Para quem produzir: é resolvido no mercado nos fatores de produção, por meio do
encontro da demanda e oferta dos serviços dos fatores de produção. Essa questão
tem caráter distributivo, isto é, é necessário escolher quais setores serão beneficiados
pelo resultado da atividade produtiva. Outro meio para resolver essa questão é
através do sistema de preços. Nesse caso, quem tiver renda para pagar os preços dos
bens e serviços produzidos participará da distribuição.

No sistema socialista ou economia planificada os problemas econômicos funda-


mentais são resolvidos por meio de uma agência ou Órgão Central de Planejamento, e não
pelo mercado. A propriedade dos fatores de produção é do Estado.
O sistema de economia planificada apresenta as seguintes características:
• Os preços são apenas escriturados contabilmente, as empresas têm quotas físicas
de matérias primas, por exemplo, mas não fazem nenhum desembolso monetário,
apenas registram o valor da aquisição como custo de produção;
• Os preços dos bens de consumo são determinados pelo governo, o qual subsidia
fortemente os bens essenciais e taxas bem considerados supérfluos;
• Uma parte do lucro das empresas é destina ao governo, outra parte é usada para
investimentos na empresa e terceira é dividida entre os administradores e os traba-
lhadores. O governo subsidiará uma determinada indústria que considere vital para
o país mesmo que seja considerada ineficiente na produção ou apresente prejuízos;

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Sistema de mercado misto
No sistema de mercado misto, há propriedade privada dos meios de produção e tam-
bém a presença do Estado buscando eliminar as distorções distributivas para melhoria do
padrão de vida da população, por meio de:
• Atuação sobre a formação de preços, corrigindo externalidades via impostos e subsí-
dios, tabelamentos, fixação de salário-mínimo, preços mínimos, taxa de câmbio, taxa
de juros;
• Complemento da iniciativa privada com investimentos em infraestrutura básica
(energia, estradas etc.), o qual, eventualmente, o setor privado não tem condições
financeiras de assumir, seja pelo elevado montante de recursos necessários, seja em
virtude do longo tempo de maturação do investimento, até que venha a propiciar
retorno sobre o capital investido;
• Fornecimento de bens e de serviços públicos: iluminação, água, saneamento básico
etc.;
• Compra de bens e serviços do setor privado: o governo é, isoladamente, o maior agen-
te do sistema e, portanto, o maior comprador de bens e serviços.
3 FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO
Fluxos reais e monetários
Será considerada uma economia fechada (sem governo sem setor externo).
Elementos básicos do sistema econômico
a) Estoque de recursos produtivos ou fatores de produção:
b) Complexo de unidades de produção
c) Conjunto de instituições

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O fluxo “real” - bens e serviços criados (com o uso dos fatores de produção requisitados no
mercado de fatores) no aparelho produtivo (empresas) e ofertados no mercado de bens e
serviços.
O fluxo “monetário” - pagamentos feitos aos proprietários dos fatores de produção sob a
forma de alugueis, juros ou margem de lucros, salários e royalties. Rendimentos esses que
serão gastos no mercado de bens e serviços.

FATOR DE PRODUÇÃO REMUNERAÇÃO


Terra (recursos naturais) Aluguel ou renda da terra
Capital Juros ou margem de lucros
Mão de obra (trabalho) Salário
Tecnologia Royalty
Dinamismo empresarial Lucros

4 DEFINIÇÃO DE CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO


As necessidades humanas, sempre ilimitadas, muitas vezes, resultam do próprio grau
de desenvolvimento econômico do país.
Maior o grau de desenvolvimento do país, maior quantidade de necessidades deverá
ser atendida, bem como, a sociedade se mostrará mais exigente. No entanto, os fatores de
produção empregados para a obtenção dos bens e serviços que irão satisfazer as necessi-
dades são escassos.

Que à medida que os recursos produtivos se expandem e se


aperfeiçoam, os desejos e necessidades humanas crescem
mais que proporcionalmente. Com a quantidade limitada de
recursos, não há como produzir indiscriminadamente todos os
bens e serviços desejados pela sociedade.

Se for considerado que a economia está produzindo com a sua total eficiência, usan-
do os recursos produtivos disponíveis de forma plena e realizando a melhor combinação
possível, as quantidades produzidas de bens e serviços alcançam um máximo, sendo, nas
condições apresentadas, impossível aumentar a produção de qualquer bem ou serviço,
visto que os recursos são escassos.

O aumento da quantidade produzida, ou mesmo, a

SAIBA
criação de um bem ou serviço, só será possível se
a economia desistir total ou parcialmente da pro-
dução de outro bem ou serviço que vinha produzin-
do anteriormente, isto é, se houver a transferência
de parte ou do total dos recursos aplicados na produção atual para a criação ou o
aumento de outros bens e serviços.

21
A escassez de recursos e o fato das necessidades humanas serem ilimitadas fazem
com que a economia esteja inteiramente voltada para o problema das opções.
Curva de possibilidade de produção (ou fronteira de possibilidades de produ-
ção) é a representação gráfica da combinação de dois bens que a sociedade pode pro-
duzir através do pleno emprego dos recursos e da melhor tecnologia disponível em um
dado momento.
A Curva de possibilidade de produção indica quanto se deve desistir da produção
de um bem, a fim de liberar recursos suficientes para produzir uma quantidade maior de
outro bem, representando o custo de oportunidade.
Logo, o conceito da curva de possibilidades de produção, leva em consideração três
hipóteses básicas:
 A quantidade e a qualidade dos recursos produtivos permanecem constantes,
ou seja, não se alteram durante o período de análise;
 Há o pleno emprego dos recursos produtivos disponíveis durante o período
de análise;
 A tecnologia não se altera.
5 O FORMATO DA CPP
 Côncavo em reação à origem – isto corre em função da lei dos rendimentos
decrescentes, segundo a qual, para que os trabalhadores que estão trabalhan-
do no setor de calçados sejam alocados no setor de camisas, salários maiores
precisarão ser oferecidos, e vice- versa.
 Decrescente – em virtude da necessidade de “abrir mão” de produzir uma
dada quantidade de um bem para que se possa produzir mais de outro bem,
considerando – se o pleno emprego dos recursos produtivos.
Curva de possibilidades de Produção (CPP)

22
6 PONTOS DA CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO
a) Ponto na Origem
 Configura uma situação de pleno desemprego, a produção estaria reduzida a
zero.
 Situação visualizada apenas na teoria, pois não acontece na prática.
 A ocorrência do pleno desemprego significa que os recursos disponíveis não
estariam sendo utilizados para quaisquer fins.
b) Ponto entre a origem e a curva
 Representa uma situação na qual ocorre a capacidade ociosa do sistema.
 Ocorre com certa frequência e é até mesmo considerado normal.
 Nem todos os recursos estão sendo plenamente utilizados.
c)Ponto na curva (sobre a CPP)
 Representa uma situação ideal, mas que dificilmente é alcançada.
 Representa uma situação de pleno emprego, isto é, o aproveitamento integral
de todas as possibilidades de produção da economia.
 O alcance do pleno emprego é praticamente impossível, a não ser em situa-
ções extremas, como as vividas por certas nações em período de guerra, quan-
do são efetivamente mobilizadas todas as forças de combate e retaguardas de
produção.
d) Ponto externo à CPP
 Representa um nível impossível de produção em consideração as possibilida-
des demarcadas pela curva.
 A possibilidade apresentada nesse ponto é inalcançável no período imediato,
pois está situado além das fronteiras de produção da economia.
 Pode ser alcançado em períodos futuros, desde que haja deslocamentos po-
sitivos da CPP.

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Exemplo: Considerando-se o gráfico acima e que uma economia produza apenas
dois bens: bebidas e automóveis e, para a produção desses bens, os recursos produtivos
disponíveis (terra, capital e trabalho) estão sendo usados na capacidade máxima, as alter-
nativas de produção são as seguintes:

BENS ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO


A B C D E
Automóveis (em milhares de unidades) 25 20 15 10 0
Bebidas (em milhares de litros) 0 30 47 60 70
Alternativa A: Todos os recursos produtivos disponíveis, no momento, estão sendo usados
apenas para produção de automóveis. Nesse ponto, estão sendo produzidos 25 automó-
veis e não estão sendo produzidas bebidas.
Alternativa E: Todos os recursos produtivos disponíveis, no momento, estão sendo usados
para a produção de bebidas. Nesse ponto, estão sendo produzidas 70 bebidas e não estão
sendo produzidos automóveis.
Alternativas B, C e D: Todos os recursos produtivos disponíveis, no momento, estão sendo
distribuídos para a produção tanto de bebidas quanto de automóveis.
Alternativa F: Os recursos produtivos disponíveis, no momento, não estão sendo plena-
mente usados para a produção tanto de automóveis quanto de bebidas. Nesse ponto, es-
tão sendo produzidos 30 bebidas e 10 automóveis. Neste caso, poderia ocorrer o aumento
na produção de bebidas para 40 sem que houvesse necessidade de diminuir a produção
de automóveis.
Alternativa G: Os recursos produtivos disponíveis, no momento, não alcançam o nível de
produção.
7 DESLOCAMENTOS DA CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO
A Curva de Possibilidades de Produção representa uma situação estática, ou seja,
que não se altera no curto prazo, mas que pode sofrer alterações no longo prazo em virtu-
de de deslocamentos da CPP.
Deslocamento Positivo da CPP
A CPP pode se deslocar para a direita, deslocamento positivo, em função das seguintes
causas:
 Aumento na disponibilidade de fatores de produção (recursos produtivos);
 Melhor preparação dos recursos humanos com treinamento especializado;
 Aumento na qualidade de capital;
 Produção de bens com maior valor agregado.
 Dinamismo empresarial;
 Avanço tecnológico;
 Aumento de produtividade.

24
Deslocamento positivo da CPP para os dois bens produzidos:

Que pode ocorrer, por exemplo, melhor preparação da mão


de obra, por meio de treinamento especializado, apenas na
produção de calçados. Neste caso, haverá o deslocamento
positivo somente para calçados, sendo produzidos mais
calçados em cada ponto da CPP em relação a calças, como
pode ser visto no gráfico abaixo.

8 CUSTO DE OPORTUNIDADE
O custo de oportunidade representa o sacrifício do que se deixou de produzir, isto
é, o custo ou a perda do que não foi escolhido e não o ganho do que foi escolhido. Para o
melhor entendimento, vai ser resgatado o exemplo com as calças e os calçados.
Como visto anteriormente, a capacidade máxima de produção é representada por
qualquer ponto sobre a CPP.
Logo, no ponto A, no qual são fabricados apenas automóveis, há o sacrifício de toda
a produção de bebidas. O custo de oportunidade corresponde ao que não foi produzido.
Da mesma forma, no ponto B (20 automóveis, 30 bebidas) e passasse para C (15 automó-
veis e 47 bebidas), o custo de oportunidade seria o sacrifício de deixar de produzir 5 au-
tomóveis..
Em uma situação na qual exista capacidade ociosa dos fatores de produção (mão

25
de obra desocupada, máquinas subutilizadas, terras inativas), os pontos possíveis de pro-
dução estarão situados entre a origem e a curva. Aumentar a produção, por exemplo, de
10 automóveis para 15 automóveis e de 30 bebidas para 40 bebidas, não requer qualquer
sacrifício, ou seja, o custo de oportunidade é zero. Para aumentar a produção de ambos os
bens é só usar os recursos ociosos no processo produtivo.

 O custo de oportunidade é o sacrifício de se trans-


ferir os fatores de produção necessários à produção de
um bem para outro.
 A existência do custo de oportunidade é derivada
da limitação de fatores de produção e do pleno emprego dos fatores de pro-
dução.

CAPÍTULO I

UNIDADE III
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO:
BREVE RETROSPECTO E A DIVISÃO DA ECONOMIA

1 PRECURSSORES DA TEORIA ECONÔMICA


1.1 ANTIGUIDADE
As primeiras referências da Economia aparecem na Grécia antiga no trabalho de
Aristóteles e Xenofonte que cunhou o termo Economia (oikonomos). Também são encon-
tradas algumas considerações de Economia nas obras de Platão.

1.2 MERCANTILISMO
A primeira escola econômica surge a partir do século XVI: o Mercantilismo que tinha
algumas preocupações evidentes sobre acumulação de riquezas. O acúmulo de metais ti-
nha grande importância, visto que representava o meio para fortalecer o poder do Estado.

26
No período Mercantilista também havia preocupação em fomentar o comércio exte-
rior, pois por meio das exportações havia o acúmulo de metais.
As consequências das práticas Mercantilistas foram:
 O estímulo às guerras;
 O exacerbado nacionalismo;
 A forte presença e intervenção do Estado nos assuntos econômicos.
1.3. ESCOLA FISIOCRATA.
A escola Fisiocrata (francesa) é considerada a primeira das escolas econômicas – sé-
culo XVIII. Os fisiocratas sustentavam que somente a terra e a natureza representam um fa-
tor econômico produtivo. O trabalho de maior destaque foi o de François Quesnay (1694 –
1774): Tableau Économique (1758) e MaximasGénéralesduGovernementÉconomique d’um
RoyaumeAgricole (1760).
A escola fisiocrata surgiu como uma reação ao absolutismo mercantilista e consi-
derava que a vida econômica se organizava naturalmente e que nesta não deveria haver
interferência do Estado. (Laissez –faire, Laissez – passer) – Slogan dos séculos XVIII e XIX.
Para os fisiocratas, com a ajuda da natureza (fisiocracia significa regras da natureza)
a produção de bens em atividades econômicas, tais como a mineração, a pesca e a lavoura,
representa a riqueza. Por isso, havia o encorajamento para que as pessoas se empenhassem
nessas atividades. Para os fisiocratas apenas a terra era capaz de multiplicar as riquezas.
2 ESCOLA CLÁSSICA OU LIBERAL
2.1.ADAM SMITH (1723 – 1790)
Adam Smith, escocês, precursor da moderna Teoria Econômica, já era um renomado
professor quando publicou sua obra “A Riqueza das Nações” em 1776.
Smith considerava que se houvesse a livre concorrência, uma “mão invisível” levaria a so-
ciedade ao equilíbrio.
Na concepção de Smith, cada agente econômico ao buscar o lucro máximo, acaba
promovendo o bem- estar de toda a comunidade. Para Smith, a existência da “mão invisí-
vel” seria capaz de orientar as decisões econômicas sem a necessidade de intervenção do
Estado.
Para Smith, a iniciativa individual é a base da evolução social e econômica. O traba-
lho humano é a verdadeira fonte de riqueza (Teoria do Valor- Trabalho) e que para aumen-
tar a produção deve haver divisão do trabalho.
2.2. DAVID RICARDO (1772- 1823)
Ricardo considerava a economia política como a ciência que trata da distribuição do

27
produto social entre as classes, com a distribuição do produto entre salários, lucros e renda
da terra.
Para Ricardo, a renda da terra é a parcela do produto da terra que é paga ao proprie-
tário pelo uso das forças originais e indestrutíveis do solo.
Para Ricardo, a renda é a diferença entre o total produzido em relação ao que é pro-
duzido na última terra cultivável. Como há terras de diferentes qualidades, a renda econô-
mica diferencial cresceria e o fenômeno explicativo disso é a escassez.
Ricardo partia da noção de produtividade agrícola - fertilidade decrescente e a es-
cassez do recurso.
Outro aspecto importante analisado por Ricardo foi o comércio entre os países. A
Teoria das vantagens Comparativas representa uma importante contribuição para a teoria
do comércio internacional.
Para muitos, a corrente neoclássica e a corrente marxista surgiram dos estudos de
Ricardo. A primeira, em função das abstrações simplificadoras e a segunda pela importân-
cia atribuída à questão distributiva, bem como os aspectos sociais na repartição da renda
da terra.
2.3. JOHN STUART MILL (1806 – 1873)
John Stuart Mill consolidou o que foi apresentado por seus antecessores e, também
adicionou elementos institucionais, estabelecendo restrições, vantagens e como deveria
ser o funcionamento de uma economia de mercado. O ensino de Economia - no fim do
período clássico e início do período neoclássico - foi realizado com a obra de Mill.
2.4. JEAN BAPTISTE SAY (1768- 1832)
O Francês Jean Baptiste Say ampliou a obra de Smith, considerou que as trocas de
mercadorias estão condicionadas à sua produção.
Say criou uma lei econômica com seu nome: a chamada “Lei de Say” na qual “A oferta
cria a sua própria demanda, tudo que for produzido terá o consumo em contra partida”. Isto
quer dizer que o aumento da produção se transforma em renda para os trabalhadores e
empresários, os quais irão usar essa renda para adquirir outros bens e serviços.
2.5. THOMAS MALTHUS (1766- 1834)
O primeiro economista a elaborar de forma sistematizada uma teoria sobre a popu-
lação foi Thomas Malthus.
Ele apoiou a teoria sobre os salários de subsistência, pois considerava que o cresci-
mento da população dependia rigorosamente da oferta de alimentos.
Para Malthus, a população crescia em progressão geométrica enquanto a produção
de alimentos crescia em progressão aritmética. Logo, a capacidade de crescimento da po-
pulação excedia em muito o potencial da terra para a produção de alimentos.

28
Como considerava o excesso populacional como a causa para todos os males da
sociedade, Malthus defendia o adiamento dos casamentos, a limitação voluntária de nas-
cimentos nas famílias mais pobres e, até mesmo, aceitava as guerras como solução para
interromper o crescimento populacional.
3 TEORIA NEOCLÁSSICA
O período neoclássico teve início em 1870 e seguiu até as primeiras décadas do sé-
culo XX. Nesse período, a microeconomia ganhou destaque, pois não havia tanta preocu-
pação com o planejamento e a política em função da crença de que o mercado seria capaz
de se autorregular.
Alfred Marshall (1842-1924)
O período neoclássico teve como grande nome Alfred Marshall que escreveu “Princí-
pios de Economia”- livro publicado em 1890.
Nesse período, o comportamento do consumidor é analisado em profundidade.
4 A ERA KEYNESIANA
A era keynesiana teve início coma publicação da Teoria Geral do Emprego, dos Juros
e da Moeda de John Maynard Keynes, em 1936. O impacto da obra de Keynes (1883- 1946)
foi marcante.
A Grande Depressão, nome dado ao período de crise da década de 1930, marcava a
conjuntura mundial das economias capitalistas de forma crítica. O desemprego era o prin-
cipal problema pelo qual passavam as economias daquela época.
A ideia liberal de que o mercado seria capaz de autorregular ainda predominava e a
obra de Keynes procurou mostrar que a política econômica adotada não funcionava corre-
tamente e apontou soluções para tirar a economia mundial da crise. Segundo Keynes, era
preciso uma maior intervenção do Estado na economia, através dos gastos públicos, e as
soluções apresentadas por ele foram adotadas com sucesso. Com isso, o desenvolvimento
da teoria econômica como instrumento para melhorar o padrão de vida da sociedade de-
colou.
5 ABORDAGENS ALTERNATIVAS
A contribuição dos marxistas e dos institucionalistas, através de críticas à Teoria Eco-
nômica, foi considerada e, muitas vezes, absorvida e incorporada.
Os marxistas têm na obra do economista alemão Karl Marx (1818-1883) o pilar de seu
trabalho. Sobre o conceito de mais- valia de Marx, este se refere à:

(...) diferença entre o valor das mercadorias que os trabalhado-


res produzem em um dado período de tempo e o valor da força

29
de trabalho vendida aos empregadores capitalistas que a contra-
tam. Os lucros, juros e alugueis (rendimentos de propriedade) re-
presentam a expressão da mais – valia. Assim sendo, o valor que
excede o valor da força de trabalho e que vai para as mãos do
capitalista é definido por Marx como mais-valia. Ela pode ser con-
siderada aquele valor extra que o trabalhador cria, além do valor
pago por sua força de trabalho. (VASCONCELLOS, 2014, p.296).

SAIBA
O trabalho de Marx teve forte influência não só na
ciência econômica como em outras áreas do con-
hecimento, pois ele enfatizou de forma marcante o
aspecto político.
Os institucionalistas, assim denominados por con-
siderarem que a teoria econômica não incorpora em sua análise as instituições sociais
e que voltam suas críticas para o elevado grau de abstração da teoria econômica - têm
como um de seus principais nomes John Kenneth Galbraith.

6 DESDOBRAMENTOS RECENTES
Quatro grupos se destacam:
 Os novos clássicos - seguem o monetarismo, mas consideram a existência de
expectativas racionais por parte dos agentes econômicos, o que possibilita
antecipar as alterações de política monetária, anulando os efeitos negativos.
Os nomes de maior destaque são: Thomas Sargent e Robert Lucas.
 Os novos keynesianos – Maior intervenção do governo na economia e políti-
cas fiscais ativas estão inseridas nas principais recomendações desse grupo.
Os novos keynesianos consideram que o sistema econômico apresenta certos pon-
tos de inflexibilidade que impedem a autorregulação, bem como ampliam as variações da
atividade econômica.
 Os pós – keynesianos – retornam à obra de Keynes buscando fazer uma leitura
mais adequada, principalmente no que tange a questão da incerteza, que foi
pouco analisada na obra original.
Os pós- keynesianos enfatizam o papel da moeda e da especulação financeira. A
economista Joan Robinson faz parte desse grupo.
 Os economistas dos ciclos econômicos reais (ou do lado da oferta) – dão ên-
fase, para explicar as flutuações econômicas, ao papel do choque de oferta.
O prêmio Nobel de Economia de 2004, Edward Prescott, é o nome de destaque desse gru-
po.

30
A microeconomia também tem observado, em seu campo teórico, desenvolvimento em
duas vertentes, as quais buscam maior aproximação com a economia real dos mercados.
 Teoria dos jogos e Economia da Informação- a mudança está no fato da em-
presa poder afetar variáveis importantes para a sua decisão, bem como a ca-
pacidade de adotar comportamento mais estratégico. Ao contrário da teoria
tradicional (concorrência perfeita) em que as empresas são tomadoras de pre-
ços.
 Teorias de Organização Industrial – tem uma direção mais crítica das bases do
modelo neoclássico, pois contestam que as empresas são tomadoras de pre-
ços e que maximizam lucros.
A forma acelerada como as informações são processadas (volume e precisão) é deri-
vada do desenvolvimento da informática.
A teoria econômica passou a ter uma aplicação prática maior com o aumento do
conteúdo empírico.

Que, na atualidade, é possível consultar banco de dados, de


qualquer ponto do planeta, e abrir novas possibilidades de
atualização da teoria existente.
A vida humana, em todos os seus aspectos, pode ser englobada
pela análise econômica.
È possível com o planejamento econômico antecipar as
flutuações econômicas indesejáveis e evitar a sua ocorrência.
Melhorar a qualidade de vida da população e promover o seu bem-estar são possíveis efeitos dos
estudos econômicos da atualidade.

7 DIVISÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA


A ciência econômica está dividida em três compartimentos:
Economia Descritiva
Teoria Econômica
Microeconomia
Macroeconomia
Desenvolvimento Econômico
Economia Internacional
Política Econômica
A economia descritiva trata da observação, levantamento, descrição e classificação
dos fatos econômicos, bem como do comportamento dos agentes econômicos.

31
A Teoria Econômica representa um só corpo de conhecimento, mas em virtude das
diferenças e objetivos e métodos de abordagem, em função da área de interesse do estu-
do, costuma estar dividida do seguinte modo:
Microeconomia
Estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual interagem.
Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidades em mercados específicos;
Macroeconomia
Estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados, tais como: PIB;
O consumo nacional; O investimento agregado em um enfoque conjuntural. Ele preocupa-
-se com a resolução de questões, como inflação e desemprego.
Desenvolvimento econômico
Estuda modelos de desenvolvimento que levem à elevação do padrão de vida da co-
letividade. Trata de questões estruturais, de longo prazo (crescimento da renda per capita),
distribuição de renda, evolução tecnológica.
Economia internacional
Estuda as relações de troca entre países (transações de bens e serviços e transações
monetárias).
Política econômica
É o conjunto de normas e medidas adotadas pelo governo com o objetivo de atingir um
determinado fim.
Tem como instrumentos: Política monetária, Política fiscal, Política cambial e Política de
rendas.
8 ANÁLISE POSITIVA E ANÁLISE NORMATIVA
As ferramentas de análise da teoria econômica têm evoluído de forma significativa
nos dois últimos séculos.
A teoria econômica utiliza-se de argumentos positivos e argumentos normativos.
A economia normativa contém um juízo de valor, subjetivo enquanto a economia
positiva é o conjunto de conhecimentos objetivos, o qual respeita preceitos científicos.
Logo:Os argumentos normativos referem-se ao que deveriam ser os argumentos
positivos ao que é.
Por exemplo: se for considerado que deve ocorrer uma melhoria na distribuição de
renda do país, está sento expressado um juízo de valor no qual se acredita. Esse é um ar-
gumento da economia normativa. Neste caso, a economia positiva ajudará escolher um
instrumento mais adequado de política econômica para melhorar a distribuição na renda,
Entre estes instrumentos estão: a política salarial e a política tributária. Também serão ava-
liados os aspectos positivos e os aspectos negativos da política a ser adotada, como um
impacto sobre os gastos públicos.

32

CAPÍTULO I
a) Explicar os fundamentos do conflito entre as necessidades da sociedade e a
disponibilidade de recursos.
b) Produtividade é motivo de preocupação em todo o mundo e, para o Brasil,
pode fazer a diferença entre a economia que nós queremos, vigorosa no cresci-
mento e moderna na configuração, e a ausência de dinamismo que nos acompa-
nha há décadas. Na produtividade reside o principal ingrediente de impulso ao
crescimento e à melhoria do padrão de vida dos países. (Disponível em http://www1.
folha.uol.com.br 12/08/2016 acesso em 12/01/2017)(Adaptado)

Justificar a seguinte afirmativa: “Na produtividade reside o principal ingrediente de


impulso ao crescimento e à melhoria do padrão de vida dos países.” (evidenciar o
conceito de produtividade)

CAPÍTULO I

UNIDADE II
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTRO, Antonio Barros de. LESSA, Carlos Francisco. Introdução à Economia (uma aborda-
gem estruturalista). 38. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. GARCIA, Manuel Henriquez. Fundamentos de
Economia. 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.

33
CAPÍTULO II
FUNDAMENTOS DA MICROECONOMIA

Neste capítulo, estudaremos a Microeconomia. ESTA é ramo da Teoria


Econômica e trata do comportamento das unidades econômicas individ-
uais. A microeconomia explica como e porque as unidades tomam de-
cisões econômicas.

Você está pronto para iniciar seus estudos introdutórios sobre a Micro-
economia? Está em um local agradável e que facilite sua aprendizagem?

O Capítulo II proporcionará o contato com importantes fundamentos,


definições, características e ETC.

A Unidade IV trata da demanda, da oferta e do equilíbrio de mercado;


a Unidade V trata do deslocamento da curva de demanda e o novo
equilíbrio de mercado em virtudes de deslocamentos na curva de de-
manda e na curva de oferta; a Unidade VI aborda a teoria do produto; por
fim, a Unidade VII trata das estruturas de mercado.

Boa leitura!

34
CAPÍTULO II

UNIDADE IV
A DEMANDA, A OFERTA E O EQUILÍBRIO DE MERCADO
1 LEI DA DEMANDA E DA OFERTA
1.1. ASPECTOS PRELIMINARES
A microeconomiatrata do comportamento das unidades econômicas individuais
- consumidores, trabalhadores, investidores, proprietários de terra, empresas (qual-
quer indivíduo ou entidade que tenha participação no funcionamento da economia).
A microeconomia explica como e porque essas unidades tomam decisões econômi-
cas.
Exemplos:
1- A microeconomia esclarece como os consumidores decidem sobre suas compras,
bem como suas escolhas são influenciadas pelas alterações de preços e de rendas.
2- A microeconomia explica a maneira como as empresas estabelecem o número de
funcionários que serão contratados e como os trabalhadores decidem onde e quan-
to trabalhar.
Que a microeconomia, através do estudo do comportamento
e da interação entre cada empresa e os consumidores, mostra
como os setores e os mercados operam e se desenvolvem,
porque são diferentes entre si e como sofrem influências
pelas políticas governamentais e pelas condições econômicas
globais.

A quantidade de bens e serviços a ser adquirida pelo individuo para atender às suas
necessidades está diretamente ligado à relação entre a quantidade de dinheiro que ele
possa despender na compra e o preço desses bens e serviços. Para possuírem preço, os
bens e serviços precisam ser úteis e escassos, quanto mais úteis e escassos maiores serão
seus preços.
A fixação do preço nos mercados concorrenciais é feita através da interação de duas
forças:
Demanda e oferta
A lei da demanda e da oferta está diretamente ligada aos estudos teóricos realizados

35
por Adam Smith e David Ricardo entre outros.
O preço estabelecido pela interação das forças de demanda e oferta é o preço de equilí-
brio.
Para que seja estudado o comportamento do produtor e do consumidor, é necessá-
rio admitir condições coeterisparibus,
A condição coeterisparibus e uma expressão em latim que significa tudo o mais
constante (que os demais fatores não analisados permaneçam inalterados).

A condição coeterisparibus supõe que o mercado em

SAIBA
análise não afeta nem é afetado pelos demais. Essa
condição serve para observar o efeito das variáveis
isoladas, ou seja, quando se quer ,por exemplo, sa-
ber o efeito isolado de uma variação de preço de
um bem sobre a sua procura, independentemente do efeito das demais variáveis que
afetam a procura, tais como a renda do consumidor, preço dos bens substitutos e com-
plementares.

1.2. DEMANDA DE MERCADO


Definição de demanda
Procura ou demanda de um produto pode ser definida como a quantidade de
determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir num determina-
do período de tempo, em função da sua renda do preço dos produtos substitutos e
complementares, etc.

SAIBA
A demanda representa a intenção de comprar, em
função dos preços, não representa a compra efetiva.

Utilidade representa o grau de satisfação ou bem-es-


tar que os consumidores atribuem a bens e serviços
que podem adquirir no mercado.

36
A lei da demanda

Relação entre a Quanto maior o preço Menor a quantidade demanda-


quantidade de- do bem da desse bem
mandadae o pre-
ço do próprio bem

A variação da quantidade demandada de um produto dá-se na razão inversa da va-


riação do preço do bem.
Este tipo de comportamento tem duas razões básicas:
O preço do produto é um obstáculo ao consumidor;
Há sempre uma relação de dependência entre o preço e a quantidade procurada de um
produto.

Efeito substituição Quanto maior o preço Maior a demanda por bens subs-
do bem titutos desse bem

Efeito renda Quanto maior a renda Maior a demanda por bens nor-
do consumidor mais e menores a demanda por
bens inferiores.
A curva de demanda
É a representação gráfica da relação entre o preço de um bem e a quantidade do
bem queos consumidores estão dispostos a adquirir.
Indica a quantidade que o consumidor pode comprar, em função das várias alterna-
tivas de preços do bem.
No eixo horizontal (abcissas), escrevem-se todos os valores correspondentes às quan-
tidades demandadas; no eixo vertical (ordenadas) escrevem-se todos os valores correspon-
dentes aos preços do produto.
É inclinada para baixo, pois o preço e a quantidade demandada têm relação inversa.
Escala de procura de um produto

37
Escala de demanda

ALTERNATIVAS DE PREÇO ($) QUANTIDADE DEMANDADA


1,00 23
2,00 17
3,00 12
4,00 8
5,00 6

Formato da curva de demanda


Uma curva de demanda é sempre descendente da esquerda para a direita porque à
medida que o preço do produto diminui, a quantidade demandada aumenta.
Matematicamente, a relação entre o preço e a quantidade demandada pode ser ex-
pressa pela seguinte função de demanda:
Qd = f (P)
Qd = quantidade demandada de determinado bem ou serviço, num determinado pe-
ríodo de tempo;
P = preço do bem
Variação da quantidade procurada
A variação da quantidade de um produto é a passagem de um ponto para outro da
curva de procura, em consequência de uma variação no preço.
Outras variáveis que afetam a procura
O preço não é a única variável que afeta a procura por um bem. Outras variáveis que
podem determinar a procura por um produto são:
a) Renda ou poder aquisitivo do consumidor – quando a renda do consumidor au-
menta, a demanda do produto também aumenta. Nesse caso o bem é considerado normal.
Quando a renda do consumidor aumenta e a demanda pelo produto diminui o bem é con-

38
siderado inferior. Também há os chamados bens de luxo, que tem a demanda aumentada
quando o consumidor fica mais rico (exige mais qualidade nos bens).
b) Preço dos bens substitutos e complementares - em relação aos bens substitutos,
quando o preço do bem analisado aumenta, a quantidade demandada do bem substituto
também aumenta, porque o consumidor deixará de comprar ou comprará menos do bem
em questão e comprará mais do bem substituto. No caso dos bens complementares, uma
elevação no preço do bem em analise, levará o consumidor a comprar menos dos dois
bens, pois a demanda de um implica na demanda do outro.
c) Gosto e preferência dos consumidores – a demanda de um bem é influenciada
pelo gosto e preferência dos consumidores. A propaganda tem o objetivo de estimular o
consumo, a preferência do consumidor.

SAIBA
A alteração em um desses fatores (condições ceter-
isparibus) provocará o deslocamento da curva inde-
pendentemente do preço do produto no mercado.


DESLOCAMENTO POSITIVO DA CURVA DE DEMANDA
1.3. OFERTA DE MERCADO
Define-se a oferta de um produto como várias quantidades oferecidas de um pro-
duto em função dos diversos níveis de preço que se possam obter no mercado em um
determinado período de tempo.
Lei geral da oferta
A variação na quantidade ofertada dá-se na razão direita da variação do preço, isto
é, se o preço aumenta a quantidade oferecida também aumenta.
O preço é sempre um incentivo para o produtor. Em condições coeterisparibus, o
aumento no preço do produto, sem que os custos de fabricação sejam aumentados, dá ao

39
produtor condições de aumentar sua margem de lucro.

PREÇO QUANTIDADEOFERTADA

AUMENTA AUMENTA

Escala de oferta de um produto

ALTERNATIVAS DE PREÇO ($) QUANTIDADE OFERTADA


1 0
2 7
3 12
4 16
5 18
A curva de oferta é sempre ascendente da esquerda para a direita, à medida que o
preço aumenta a quantidade ofertada também aumenta.
A Curva de oferta relaciona a quantidade ofertada aos diversos níveis de preços.
No eixo das abcissas são escritos os valores correspondentes às quantidades oferta-
das, no eixo das ordenadas, os valores correspondentes aos preços.
CURVA DE OFERTA

b-Variação da quantidade ofertada


A variação da quantidade ofertada é a mudança de um ponto para outro na curva
de oferta em função da mudança de preço do bem.
OUTRAS VARIÁVEIS QUE AFETAM A OFERTA

40
Além do preço. a quantidade ofertada pode depender de outras variáveis, são elas:
Os fatores que podem determinar a mudança na oferta de um produto podem ser:
a) A quantidade de empresas que apresentam condições de fabricar o produto;
b) A disponibilidade dos recursos de produção:
c) O preço dos diferentes fatores que compõem o processo produtivo;
d) Mudança na tecnologia aplicada;
e) A expectativa sobre o comportamento da procura;
f) A expectativa sobre a variação do preço do produto.
Deslocamento positivo da curva de oferta

A variação da quantidade ofertada é a mudança de


um ponto para outro na curva de oferta em função
da mudança de preço do bem. Os efeitos provocados
na oferta, em função da alteração em outras variáveis
determinantes da oferta, deslocam a própria curva de
oferta.

2 O EQUILÍBRIO DE MERCADO
O preço de equilíbrio é o que atende simultaneamente os interesses de produtores
e consumidores.
Graficamente, este ponto ser observado pela interseção das curvas de demanda e de ofer-
ta.

SAIBA
O preço de equilíbrio é aquele em que a quantidade
voluntariamente ofertada é igual à quantidade
procurada.

41
Escala de procura e de oferta de um produto

ALTERNATIVAS DE PREÇO ($) QUANTIDADE QUANTIDADE OFERTADA

DEMANDADA
1,00 23 0
2,00 17 7
3,00 12 12
4,00 8 16
5,00 6 18
Representação gráfica do equilíbrio de mercado

No preço1, enquanto a procura é de 23, a oferta é 0 (procura maior que oferta), a


tendência do preço do produto é aumentar. O preço 3 é o de equilíbrio, pois a procura é de
12 e a oferta também (preço de equilíbrio) No preço 5, enquanto os produtores oferecem
18, a procura para o produto é de apenas 6, oque irá forçar a diminuição do preço.

42
CAPÍTULO II

UNIDADE V
ALTERAÇÕES NO EQUILÍBRIO DE MERCADO EINTERFERÊNCIA
DO GOVERNO NO EQUILÍBRIO DE MERCADO

1 ALTERAÇÕES NO EQUILÍBRIO DE MERCADO


A demanda e a oferta se deslocam de tempos em tempos, na maioria dos mercados.
À medida que a economia cresce, a renda disponível dos consumidores aumenta, bem
como se contrai em caso de recessão econômica. As estações do ano também provocam
alterações na demanda por alguns bens (por exemplo, roupas de inverno, guarda-chuvas),
provocando alterações dos preços dos bens relacionados (um aumento no preço do pe-
tróleo provoca um aumento na demanda de etanol), ou simplesmente por causa de mu-
danças nos gostos. Também pode ser observado que alterações nos salários, nos custos de
capital e no preço das matérias primas se alteram de tempos em tempos e essas variações
modificam a posição da curva de demanda.
As curvas de demanda e de oferta podem ser usadas para acompanhar os impactos
dessas mudanças.

As alterações no equilíbrio de mercado podem ser analisadas através de três pas-


sos
1º Decidir se o evento interfere na curva de demanda ou de oferta (ou em ambas).
2º Decidir em qual direção a curva se desloca.
3º Usar a curva de demanda e a curva de oferta para ver como o deslocamento
altera o equilíbrio (preço e quantidade).
Exemplo1: Um verão com temperaturas muito elevadas interfere na demanda por
sorvetes. Ocorre um deslocamento para a direita na curva de demanda, em virtude do pro-
voca um aumento no preço do bem de (P1 para P2) e uma quantidade maior de (Q1 para
Q2). A figura abaixo mostra o novo ponto de equilíbrio após o deslocamento da curva de
demanda.

Saiba mais: Uma expansão ou redução da procura

SAIBA
de um produto mantendo-se a oferta fixa, altera o
ponto de equilíbrio, e em consequência, o preço e a
quantidade de equilíbrio.

43
Sendo fixa a oferta de um produto, os produtores consideram que um aumento na
procura pode dar oportunidade ao aumento de preço e, consequentemente, aumento dos
lucros.
As variações na demanda estão relacionadas com o deslo-
camento da curva da demanda, em função de alterações
na renda do consumidor; gosto ou preferência do consu-
midor; expectativa sobre a evolução da oferta; preço dos
produtos substitutos e preço dos produtos complemen-
tares (ou seja, mudança na condição coeterisparibus). En-
quanto as variações na quantidade demandada estão relacionadas com o movimento
ao longo da própria curva de demanda, em virtude da variação do preço do próprio
bem, mantendo as demais variáveis inalteradas (coeterisparibus).

Exemplo 2: Uma queda no preço do trigo importado interfere na oferta de pães. Ocorre um
deslocamento para a direita na curva de oferta de pães, o que provoca uma queda no pre-
ço do bem (pães) de (P1 para P2) e uma quantidade maior de (Q1 para Q2). A figura abaixo
mostra o novo ponto de equilíbrio após o deslocamento da curva de oferta.
Deslocamento da curva de oferta

44
2 INTERFERÊNCIA DO GOVERNO NO EQUILÍBRIO NO MERCADO
A intervenção governamental na formação de preços ocorre com frequência na
maioria dos países industrializados. Tal interferência ocorre quando o governo: fixa impos-
tos, tarifas alfandegárias, concede subsídios, estabelece os critérios de reajuste do salário
mínimo, fixa preços mínimos para produtos agrícolas, decreta tabelamentos ou, ainda, con-
gela preços e salários.
Estabelecimento de impostos
Quem recolhe a totalidade do tributo é a empresa, mas isso não quer dizer que ela
é quem efetivamente paga o tributo. Desse modo, na análise dos mercados, saber sobre
quem recai efetivamente o ônus do tributo é uma questão de sua importância.
Os tributos podem ser impostos, taxas ou contribuições de melhoria. Os impostos divi-
dem-se em:
• Impostos indiretos: impostos incidentes sobre o as vendas. Exemplos: imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI);
• Impostos diretos: impostos incidentes sobre a renda e o patrimônio. Exemplos: Imposto
de Renda (IR) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Entre os impostos indiretos destacam-se:
• Imposto específico: o valor do imposto é fixo, independentemente do valor da unidade
vendida. Exemplo: para cada carro vendido, recolhe-se, a título de imposto, R$5.000 ao
governo (esse valor é fixo e independe do valor do automóvel);
• Imposto ad valorem: é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor da venda.
Exemplo: supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10%, se o valor do automóvel
for de R$50.000, o valor do IPI será de R$5.000; se seu valor aumentar para R$60.000, o
valor do IPI será de R$6.000.
Assim, como se pode notar, a alíquota permanece inalterada em 10%, enquanto o valor do
imposto varia com o preço do automóvel.
No Brasil, há poucos impostos específicos, sendo a quase totalidade dos impostos
incidentes sobre o consumo do gênero ad valorem.
No ato do recolhimento, um aumento de impostos representa um aumento de cus-
tos de produção para a empresa. Se ela quiser continuar vendendo as mesmas quantida-
des anteriores, terá de elevar o preço de seu produto, ou seja, procurará repassar o imposto
para o consumidor. Caso contrário, terá de reduzir seu volume de produção.
A proporção do imposto paga por produtores e consumidores é a chamada incidên-
cia tributária, que mostra sobre quem recai efetivamente o ônus do imposto.

45
O produtor procurará repassar a totalidade do imposto aos consumidores. Entretan-
to, a margem de manobra de repassá-lo dependerá do grau de sensibilidade dos consumi-
dores alterações o preço do bem. E essa sensibilidade (ou elasticidade) dependerá do tipo
de mercado.
Quando mais competitivo ou concorrencial o mercado, maior a parcela do imposto
paga pelos produtores, pois eles não poderão aumentar o preço do produto para nele
embutir o tributo. O mesmo ocorrerá se os consumidores dispuserem de vários substitutos
para esse bem. Por outro lado, quanto mais concentrado o mercado, ou seja, com poucas
empresas, maior o grau de transferência do imposto para os consumidores finais, os quais
contribuirão com maior parcela do imposto.
Há uma diferença entre o conceito jurídico e o conceito econômico de incidência.
Do ponto de vista lega, a incidência refere-se a quem recolhe o imposto aos cofres públi-
cos; do ponto de vista econômico, diz respeito a quem arca efetivamente com o ônus.
Normalmente os impostos indiretos são recolhidos pelas empresas, mas elas repas-
sem parte do imposto, aumentando o preço do produto e, assim, onerando o consumidor
final.
Política de preços mínimos na agricultura
Visa conferir uma garantia de preços ao produtor agrícola, com a finalidade de res-
guarda-lo das oscilações dos preços no mercado, ou seja, ajudá-lo diante de uma possível
queda acentuada de preços e, consequentemente, da renda agrícola.
O governo garante, antes do início do plantio, um preço que ele pagará após a co-
lheita do produto. Caso os preços de mercado forem superiores aos preços mínimos, na
fase da colheita, o agricultor preferirá vendê-lo no mercado. Mas, se os preços mínimos su-
perarem os preços de mercado, o produtor preferirá vender sua produção para o governo
ao preço anteriormente fixado.
Nesse caso, com o preço mínimo acima do preço de equilíbrio de mercado, haverá
um excedente de produto adquirido pelo governo, que será utilizado como estoque regu-
lador em momentos subsequentes.
Nesse caso, o governo pode adotar dois tipos alternativos de políticas:
a) Comprar o excedente ao preço mínimo;
b) Pagar subsídio no preço (política de subsídios): o governo deixa os produtores colo-
carem no mercado toda a produção, o que provocará grande queda no preço pago
pelos consumidores. Os produtores receberão, e o governo bancará a diferença.
Evidentemente, o governo optará pela política menos onerosa aos cofres públicos.
Tabelamento
Refere-se à intervenção do governo no sistema de preços de mercado visando a coi-
bir abusos por parte dos vendedores, controlar preços de bens de primeira necessidade ou,
então, refrear o processo inflacionário, como foi adotado no Brasil (Planos Cruzado, Bresser,
Collor) quando se aplicou o congelamento de preços e salários.

46
CAPÍTULO II

UNIDADE VI
TEORIA DA PRODUÇÃO

1 CONCEITOS BÁSICOS DA TORIA DA PRODUÇÃO


A maximização de lucros é o grande objetivo da firma que opera no setor privado.
Do ponto de vista econômico, o Lucro Total (LT) é a diferença entre a Receita Total (RT) e o
Custo Total (CT):
LT = RT – CT
A receita total é definida pelo produto entre o preço de venda (p) e quantidade pro-
duzida (q). A receita total dependerá da quantidade produzida.
A teoria da produção refere-se às relações tecnológicas físicas, entre a quantidade
produzida e quantidade de insumos utilizados na produção.
ESCOLHA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO
Produção é o processo pelo qual uma firma transforma em produtos ou serviços
os fatores de produção adquiridos para a venda no mercado. Desta forma a firma tem
uma função intermediária: compra insumos (inputs, fatores de produção), combina esses
fatores de acordo com o processo de produção escolhido e vem de produtos (outputs) no
mercado.

Que o processo de produção pode ser mais intensivo em mão


de obra ou mais intensivo em capital ou mais intensivo em
terra (recursos naturais). Isto depende do fator de produção
utilizado em maior quantidade em relação aos demais.

Eficiência produtiva
• Eficiência Técnica é o processo de produção que permite produzir uma mesma
quantidade de produto, utilizando menor quantidade física de fatores de produção.
• Eficiência econômica é o processo que permite produzir uma mesma quantidade de
produto, com menor custo de produção.
A eficiência técnica e a eficiência econômica são conceitos relativos, isto é, disse que

47
A é mais relativamente eficiente que a B (e não que A ou B são eficientes). A aplica-
ção desses conceitos também pode ser feita na comparação entre firmas assemelha-
das, assim como entre setores.
É importante diferenciar os conceitos de tecnologia e de métodos de produção.
Tecnologia é um inventário dos métodos de produção conhecidos. É o estado das
artes. Para o efeito dessa análise supõe-se tecnologia dada. Método de produção está re-
lacionado a diferentes possibilidades de combinações entre os fatores de produção, para
produzir uma dada quantidade de um bem ou serviço.
Na abordagem que se segue será considerada possibilidade de escolha entre proces-
sos alternativos de produção e uma dada tecnologia.
FUNÇÃO DE PRODUÇÃO
Na teoria da produção o conceito de função de produção é um dos mais relevantes,
trata da relação técnica entre a quantidade física de fatores de produção e quantidade físi-
ca do produto em um determinado período de tempo.
quantidade do produto = f (quantidade fatores de produção)
q = f (N, K, M)²
onde:

A função de produção mostra o produto (ou produção) máximo que uma empresa
pode obter para cada combinação específica de fatores de produção.

A função de produção poderia descrever o número

SAIBA
de computadores pessoais que seria produzido a
cada ano por uma empresa que possui uma fábri-
ca com mil metros quadrados determinados núme-
ro de operários na linha de montagem ou poderia
descrever a colheita que um agricultor pode obter com determinada quantidade de
equipamentos e trabalhadores. (PINDYCK, 2013 p.194).

DISTINÇÃO ENTRE FATORES DE PRODUÇÃO FIXOS E VARIÁVEIS


• Fator de produção fixo: o fator de produção é definido como fixo quando a sua

48
quantidade não pode ser alterada de imediato, quando se deseja uma rápida varia-
ção na produção de uma firma.
Exemplos: administração, o prédio no qual está instalada uma fábrica, certos tipos de
máquinas e a própria terra (no caso da agricultura).
• Fator de produção variável: o fator de produção variável é aquele cuja quantidade
pode variar facilmente, quando se deseja uma diminuição ou aumento na produção.
Exemplos: mão de obra (para a maioria das situações, uma firma tem condições de
empregar e despedir seus trabalhadores sem nenhuma demora considerável; maté-
rias primas, energia elétrica e combustível.
DISTINÇÃO ENTRE CURTO E LONGO PRAZOS
É importante estabelecer a noção dos períodos de tempo relevantes para a firma: o
curto e o longo prazo.
• Curto prazo: é definido como período de tempo no qual pelo menos um dos fato-
res de produção utilizados na produção é fixo. Dessa forma, se o empresário quiser
aumentar o volume físico de produção, no curto prazo só poderá fazê-lo através
da utilização mais intensiva dos fatores de produção variáveis. O empresário, por
exemplo, pode usar mais horas de trabalho com o mesmo conjunto de máquinas e
equipamentos existentes.
• Longo prazo: é definido como o período de tempo no qual todos os fatores de pro-
dução são variáveis. No longo prazo o tamanho da empresa pode mudar. A empresa
pode aumentar sua capacidade instalada mediante aquisição de novas instalações
e equipamentos. A empresa também pode, no longo prazo, diminuir a capacidade
instalada vendendo seus equipamentos e instalações ou simplesmente não os re-
pondo.
Não há um período específico, por exemplo, um ano, que separe o curto prazo do
longo prazo. Em vez disso, é necessário que se faça distinção entre eles caso a caso.
Por exemplo, o longo prazo pode ser tão curto quanto um dia ou dois, no caso de um
balcão para uma criança vender limonada, e tão longo quanto cinco ou dez anos, no
caso de um fabricante de produtos petroquímicos ou de uma indústria automobilís-
tica. (PINDYCK, 2013 p 195).
PRODUÇÃO COM UM FATOR VARIÁVEL E UM FIXO
Considerando-se por simplificação apenas dois fatores de produção: mão de obra
(N) e capital (K), sendo a mão de obra variável e o capital (equipamentos e instala-
ções) fixo. A função de produção é:
q = f(N, K)
Como K é suposto fixo ou constante em curto prazo, tem-se a seguinte função de
produção:

49
q = f(N)
ou seja, o nível do produto varia apenas em função das alterações na mão de obra,
no curto prazo, ceterisparibus.
2 CONCEITO DE PRODUTO TOTAL, PRODUTIVIDADE MÉDIA
E PRODUTIVIDADE MARGINAL
Produto Total (PT)
O produto total é a quantidade total produzida em determinado período de tempo.
Representa quanto produz cada fator.

Produtividade média
A produtividade média é a relação entre o nível do produto e a quantidade do fator
de produção, em determinado período de tempo. Representa a participação média
de cada fator de produção.
Produtividade Média de Mão de obra: é o produto por trabalhador.

Produtividade Média do Capital

Produtividade Marginal
É a variação do produto, dada uma variação de uma unidade na quantidade
do fator de produção em determinado período de tempo. Representa contribuição
marginal de cada fator de produção.
Produtividade Marginal da Mão de obra:

Produtividade Marginal do Capital:

sendo as derivadas do produto em relação aos insumos (mão de obra e

capital) aplicável quando a função de produção é contínua e diferençável.


Os conceitos de produto total e produtividade média e marginal são ilustrados
na tabela abaixo:

50
K N PT
10 0 0 - -
10 1 3 3 3
10 2 8 4 5
10 3 12 4 4
10 4 15 3,75 3
10 5 17 3,4 2
10 6 17 2,8 0
10 7 16 2,3 -1
10 8 13 1,6 -3
(VASCONCELLOS, 2011 p. 116).
3 ECONOMIA DE ESCALA
No longo prazo, análise da produção que considera que todos os fatores de produ-
ção variam interessa analisar as vantagens bem como as desvantagens de a empresa
aumentar sua dimensão (seu tamanho) o que implica demandar mais fatores de
produção. Isso introduz o conceito de economia de escala.
Economia de escala pode ser definida do ponto de vista tecnológico quanto dos
custos:
• Economia de escala tecnológica ocorre quando a produtividade física varia
com a variação de todos os fatores de produção.
• Economia de escala pecuniária ocorre quando os custos por unidade produzi-
da variam com a variação de todos os fatores de produção.
Pode haver rendimentos crescentes, decrescentes ou constantes de escala.
Rendimentos crescentes de escala
A produção cresce em uma maior proporção se todos os fatores de produção cresce-
rem numa mesma proporção.
Exemplo: considerando um aumento de 15% na quantidade de mão de obra e de ca-
pital, a produção aumenta e, mais de 15%. Isto significa que as produtividades médias dos
fatores de produção aumentaram.
Do ponto de vista tecnológico, as economias de escala acontecem em virtude das
indivisibilidades da produção e da divisão do trabalho.
As indivisibilidades na produção estão relacionadas com fato de que certas unidades
de produção só podem ocorrer em condições econômicas se existir uma escala mínima.
Caso ocorra um aumento na escala de operações, a tendência é aumentar a produção mais
que proporcionalmente.

51
Exemplo: empresas siderúrgicas ou do setor automobilístico são mais produtivos
quanto maior a escala de operações. Por outro lado, à medida que a escala aumenta surge,
por exemplo, a possibilidade de operar por meio de linhas de montagem, aproveitando-se
das montagens de especializações do trabalho, o que não era possível com as dimensões
anteriores da empresa (divisão do trabalho: é mais eficiente e produtivo cada trabalhador
realizar uma tarefa apenas, na qual ele se especialize, do que realizar uma série de tarefas).
(VASCONCELLOS, 2011 p.122).
No ponto de vista pecuniário, a realização de determinadas operações de pesquisa e
marketing só podem ser realizadas com base em um nível mínimo de produção, quando
não há implicação em aumento significativo de custos o que não ocorre com empresas
de grande porte, devido a maior facilidade na obtenção de empréstimos em condições
mais vantajosas. As empresas maiores, na aquisição dos fatores de produção em maior
quantidade, têm poder de barganha para obtê-los a preços mais baixos.
Rendimentos decrescentes de escala
Rendimentos decrescentes de escala ocorrem quando todos os fatores de produção cres-
cem numa mesma proporção e a produção cresce numa proporção inferior.
Exemplo: considerando um aumento de 15% na quantidade de mão de obra e de ca-
pital, a produção aumenta em 10%. Isto significa que as produtividades médias dos fatores
de produção diminuíram.

Uma possível causa ocorre quando a empresa tem

SAIBA
uma expansão isto pode provocar uma descentral-
ização na tomada de decisões que faça com que o
aumento de produção não compense um investi-
mento feito na ampliação da empresa.

Rendimentos constantes de escala


Ocorre quando todos os fatores crescem em dada proporção e a produção cresce
na mesma proporção. As produtividades médias dos fatores de produção permanecem
constantes.

52
CAPÍTULO II

UNIDADE VII
ESTRUTURAS DE MERCADO
1 DEFINIÇÃO DE MERCADO
Mercado por ser definido como um grupo de compradores e vendedores que, por
meio de suas interações efetivas e potenciais determinam o preço de um produto ou de
um conjunto de produtos.
Mercados competitivos versus mercados não competitivos
Um mercado perfeitamente competitivo é aquele que possui muitos compradores
e vendedores, de tal forma que nenhum deles pode individualmente interferir no preço.
Um mercado não competitivo é aquele que possui muitos produtores, mas as
empresas individuais podem, agindo conjuntamente, afetar o preço do produto.
A importância da definição de mercado se deve a duas razões:
a) Uma empresa precisa conhecer quais são os reais e potenciais concorrentes para os
bens e serviços que ela comercializa agora ou pode vir a fazê-lo no futuro. Uma em-
presa também precisa saber os limites de seu produto bem como os limites geográ-
ficos, no mercado no qual atua, com o objetivo de fixar preços, determinar as verbas
de publicidade e tomar decisões de investimento.
b) No âmbito das políticas públicas a definição de marcado é de suma importância
para tomada de decisões. Para o governo permitir as fusões e aquisições de compa-
nhias depende do impacto dessas fusões e aquisições na concorrência e nos preços
a serem praticados no futuro.
Basicamente, as estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis prin-
cipais:
o Número de firmas produtora no mercado;
o Diferenciação do produto;
o Existência de barreiras entrada de novas firmas;

53
2 CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS DE MERCADO
CONCORRÊNCIA PERFEITA
Esta estrutura de mercado visa descrever como deveria ser o funcionamento ideal de
uma economia, pois trata- se de um modelo utópico, existindo apenas na teoria. Mesmo
assim, no mundo real as características de mercado em concorrência perfeita, não na sua
totalidade, podem ser encontradas, como acontece com produtos do setor agrícola.
As hipóteses nas quais o modelo em concorrência perfeita se baseia são as seguintes:
a- Grande número de compradores e vendedores
A existência de grande quantidade de compradores e de vendedores torna a
ação isolada de um dos vendedores em relação ao preço incapaz de influenciar o
mercado.
Exemplo: Considerando que o mercado para um determinado produto tenha 2.000
produtores, cada um deles ofertando 4.000 toneladas desse produto, com um total
de 8.000.000 de toneladas. O número de consumidores é de 10.000 e cada um com-
pra 400 kg desse produto. Caso uma das empresas decida duplicar a quantidade
produzida, a quantidade total se elevaria em apenas 0,10%, o que não alteraria o
preço de mercado do produto. No mesmo sentido, se um dos compradores decidis-
se comprar a metade da quantidade normalmente adquirida, as vendas cairiam em
0,01%, não resultando em efeito sobre o preço de mercado.
b- Os produtos são homogêneos
Nessa estrutura de mercado os produtos são substitutos perfeitos, ou seja, são
produtos homogêneos. Por isso, os compradores são indiferentes em relação à em-
presa da qual irão adquirir o bem.
c- Não existência de barreiras à entrada
Nessa estrutura de mercado não existem, barreiras à entrada como, por exem-
plo, direitos de propriedade e patentes, que impedem a entrada de novas empresas
no mercado. Outro exemplo seriam as barreiras econômicas, tais como a necessida-
de de elevados investimentos que inviabilizariam a entrada de novas empresas no
mercado. Nessa estrutura de mercado não existem tais barreiras.
d- Transparência de mercado
Nessa estrutura de mercado, todas as informações sobre custos, lucros são
conhecidas pelos concorrentes. Os compradores e vendedores têm acesso às infor-
mações sobre o preço e a qualidade do bem.
MONOPÓLIO
O monopólio é uma estrutura de mercado oposta à concorrência perfeita. Nessa es-

54
trutura de mercado há apenas uma empresa com capacidade para ofertar o bem. Enquanto
na concorrência perfeita o preço do bem era determinado pelas forças de mercado (oferta
e demanda), no monopólio, o preço do bem é determinado pelo produtor monopolista.
No monopólio, o bem não tem substituto próximo, por isso, o produtor monopolista tem
influência sobre o preço do bem.
As hipóteses nas quais o mercado em monopólio se baseia são as seguintes:
a- Só há uma firma ofertando o produto
Apenas uma empresa oferece o produto no mercado.
b- Não há substituto próximo para o produto.
O produtor monopolista não enfrenta concorrência, o que para o produtor é uma situa-
ção de mercado ideal.
c- Há barreiras à entrada de novos produtores
Para que a situação de monopólio exista, é preciso manter os potenciais concorrentes afas-
tados.
Logo, são necessárias barreiras para impedir a entrada de novos produtores para proteger
a posição do monopolista.
As principais barreiras à entrada de novos produtores são:
Economias de escala
A economia de escala deriva de aumento na dimensão e na produção da empresa, provo-
cando redução de custo.
Uma empresa de grades dimensões e que já atue no mercado consegue suprir o mercado
com custo mais baixo que está interessada em entrar. Nesse caso, ocorre o chamado “mo-
nopólio natural”.
Para exemplificar o mercado de monopólio, podem citadas:
- Empresa de energia elétrica;
- Empresa de transporte ferroviário.
Controle sobre o fornecimento de matérias- primas
Quando uma empresa detém o fornecimento de matérias- primas, ela consegue impedir o
ingresso de novas empresas no mercado.
Barreiras legais
As barreiras legais são formadas pelas concessões governamentais, patentes e licenças.
No caso das patentes, por exemplo, o monopolista tem o direito exclusivo de, por um de-

55
terminado período de tempo, produzir o bem. Sendo assim, outras empresas ficam impe-
didas legalmente de produzirem o bem patenteado.
Através de licença e também de concessão, o governo concede para uma empresa o direi-
to de produzir, com exclusividade, um bem não permitindo que haja concorrência. Como
exemplo, pode ser citado os serviços de água, eletricidade, meio de transporte coletivo,
concessões de canais de rádio e televisão.
OLIGOPÓLIO
O oligopólio é uma estrutura na qual um pequeno número de empresas controla
a oferta de um bem (ou serviço) no mercado.

Que a ocorrência de oligopólio é muito


comum no Brasil.
O oligopólio é uma estrutura de mercado com as
se- guintes características:
a) Poucas empresas
A principal característica do oligopólio é possuir pequeno número de empresas e as
mesmas serem interdependentes, ou seja, cada uma delas irá reagir às alterações de preço
e de produção das outras.
No oligopólio, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços podem ser fixados por
meio de conluios ou cartéis.
O cartel é uma organização (formal ou informal)

SAIBA
de produtores dentro de um setor que determina a
política de preços para todas as empresas que a ele
pertencem.

b) Produto homogêneo ou diferenciado


No oligopólio, os produtos podem ser homogêneos ou diferenciados. Quando os con-
correntes oferecem produtos homogêneos (substitutos perfeitos entre si), ocorre o chama-
do oligopólio puro.
Podem ser citados como exemplo: Cimento, alumínio e cobre.
No caso do oligopólio com produtos diferenciados, pode ser citada como exemplo a
indústria automobilística.
A diferenciação de produtos pode ocorrer em função de:
Características físicas:
• Composição do produto;

56
• Potência (hp);
Embalagem;
Promoção de vendas:
• Propaganda
• Atendimento
• Brindes
Garantia, manutenção, atendimento pós –venda etc.

CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA
A concorrência monopolística tem características da concorrência perfeita e do mono-
pólio, mas se diferencia do oligopólio pelas seguintes características:
Número grande de empresas. Logo, há uma grande concorrência.
Os produtos são diferenciados (por características físicas, embalagem, prestação de
serviços pós venda, etc.)
Não há interdependência para fixação de preços, pois há produtos substitutos no mer-
cado.
Embora haja um grande número de empresas no mercado de concorrência monopolística,
a capacidade de colocação de preço em virtude da diferenciação é a característica que
confere um pequeno poder de monopólio a essa estrutura de mercado.
O quadro abaixo resume as principais características das estruturas de mercado:
Características Concorrência Monopólio Oligopólio Concorrência
monopolística
Perfeita
Número de Empresas Grande número de em- Uma Pequeno nú- Grande número
presas independentes mero
Tipo de produto Homogêneo Não há subs- Homogêneo/ Diferenciado
tituto próxi-
Diferenciado
mo
Preço Nenhum produtor iso- Determina- Pode haver Não há determi-
lado pode influenciar o do pelo pro- cartel. nação
preço de mercado dutor mono-
polista
Acesso de novas empresas Não há barreiras Há barreiras Há barreiras Não há barreiras.
no mercado
Exemplos Hortifrutigranjeiros DETRAN Talheres da Cimento
Tramontina

57
Concorrência Perfeita: é uma situação de mercado ca-
racterizada por um grande número de compradores e
de vendedores sendo que nenhum deles, atuando de
forma individualizada, consegue alterar o preço. Nessa
estrutura de mercado, os produtos de todas as empre-
sas são homogêneos.
Monopólio: é uma situação de mercado na qual uma única empresa vende um
produto sem substituto próximo.
Oligopólio: é uma situação de mercado na qual um pequeno número de empresas
controla a oferta de um produto que pode ser diferenciado ou homogêneo.
Concorrência monopolística: é uma situação de mercado na qual há muitas em-
presas vendendo produtos diferenciados.

CAPÍTULO II
1- Considerar as seguintes funções de demanda e de oferta abaixo:
Função de demanda: Qd= 80 – 10p
Função de oferta: Qs= - 40 + 20p
a – Determinar o preço e a quantidade de equilíbrio. P= _______q= ________
b – Caso o preço de equilíbrio seja de 6 unidades monetárias, haverá excesso de demanda
ou de oferta? Justificar.

58
2- A Superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
recomendou no dia 16 de junho de 2016 a condenação das montadoras Volkswagen,
Fiat e Ford por abuso e conduta anticompetitiva ao impedir a venda de peças de
reposição para seus carros, produzidos por fabricantes independentes.
As três empresas apresentaram ao Cade argumentos de segurança, qualidade e ne-
cessidade de recuperação de custos para proibir a atuação dos fabricantes inde-
pendentes. Para a Superintendência do conselho, porém, elas são insuficientes para
justificar “a exclusão em massa de concorrentes e para contrabalançar os danos po-
tenciais gerados aos consumidores.” (Disponível em http://g1.globo.com/ 16/06/2016
acesso em 13/12/2016)
Analisar de qual prática as empresas estão sendo acusadas, em função das caracte-
rísticas das estruturas de mercado. Justificar sua resposta com informações do texto.
3)Dificilmente as empresas poderiam competir entre si se não conhecessem como o
mercado no qual estão inseridas funcionam. Diferenciar o monopólio do oligopólio
em relação às seguintes características: número de produtores, produto e preço.

CAPÍTULO II
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTRO, Antonio Barros de. LESSA, Carlos Francisco. Introdução à Economia (uma aborda-
gem estruturalista). 38. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015.
PINDYCK, Robert. RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. 8ª ed. São Paulo: Pearson Educa-
tion do Brasil, 2013.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. GARCIA, Manuel Henriquez. Fundamentos
de Economia. 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.

59
CAPÍTULO III
Neste capítulo, conheceremos a Macroeconomia, que é o ramo da Teoria
Econômica e que trata da economia de forma geral. A Macroeconomia é
empolgante, pois ela lança uma luz sobre o que acontece no mundo!

Você está pronto para iniciar seus estudos introdutórios sobre Macroeco-
nomia? Está em um local agradável e que facilite sua à aprendizagem?

A Unidade III proporcionará o contato com importantes fundamentos,


definições, características e ETC.

Nesta Unidade o foco será a Política Econômica que trata das ações do
governo para alcançar metas, tais como: o crescimento econômico, a es-
tabilidade de preços, distribuição de renda socialmente justa e alto nível
de empregos.

Boa leitura!

60
CAPÍTULO III

UNIDADE VIII
POLÍTICA MACROECONÔMICA
1 CONCEITO DE POLÍTICA MACROECONÔMICA
A macroeconomia é o ramo da teoria econômica que estuda a economia como
um todo, através do comportamento de grandes agregados, tais como:
Produto Interno Bruto (PIB);
Renda Nacional Bruta (RNB);
Balanço de Pagamentos (BP).
A teoria macroeconômica preocupa-se com o estudo de temas conjunturais de curto
prazo, entre eles estão:
Desemprego
Inflação
A parte da teoria econômica que estuda temas estruturais de longo prazo é denomi-
nada teoria do desenvolvimento e crescimento econômico, atual analisa também grandes
agregados preocupando-se com a trajetória de longo prazo da economia. A teoria do de-
senvolvimento e do crescimento econômicos dedica-se fundamentalmente às questões
estruturais, que não dependem apenas do uso dos instrumentos da política econômica,
como também fatores institucionais, sociais, tecnológicos, tais como:
• Qualificação da mão de obra;
• Progresso tecnológico;
• Qualidade de vida da população;
• Distribuição de renda.
2 METAS DA POLÍTICA MACROECONÔMICA
As metas da política macroeconômica são:
 Alto nível de emprego;
 Estabilidade de preços;

61
 Distribuição de renda socialmente justa;
 Crescimento econômico.
a) Alto nível de empregos
A obra de John Maynard Keynes, Teoria geral do emprego dos juros e da moeda, de
1936 foi fundamental para fornecer aos governantes instrumentos para que a economia
recuperasse o nível de emprego potencial ao longo do tempo, abalado pela Grande De-
pressão.

O desemprego não era motivo para preocupação

SAIBA
para a maioria dos economistas, antes da crise
mundial dos anos de 1930. Predominava, nos países
capitalistas, o pensamento liberal, que acreditava
que sem interferência do Estado, os mercados seri-
am conduzidos ao pleno emprego dos seus recursos. – Teoria da “Mão Invisível”, descri-
ta na unidade III.

Um dos objetivos da política econômica é reduzir ao máximo o nível de desemprego


do fator trabalho. O desemprego pode ser involuntário, cíclico ou estrutural.
A expansão do nível de emprego deve estar em consonância com o aumento do
número de pessoas que ingressam no mercado de trabalho.
b)Estabilidade de preços
A inflação é definida, como aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços.
Como será visto na unidade X, a inflação acarreta distorções sobre a distribuição de
renda, as expectativas dos agentes econômicos, o mercado de capitais, o balanço de paga-
mentos que afeta o crescimento econômico do país.

que o Brasil experimentou altas taxas de crescimento desde os


anos 1930, mas sempre com elevadas taxas de inflação, o que
produziu uma das piores distribuições de renda do mundo,
que se reflete até os dias atuais.

Por isso, são necessárias medidas de política econômica com objetivo de promover
a estabilidade do comportamento do nível geral de preços, para o crescimento contínuo e
sustentável, com distribuição de renda socialmente justa.
É importante ressaltar que os desequilíbrios macroeconômicos podem ser causados
por inflação alta, bem como por deflação alta ou persistente. O desempenho da economia
nestas situações não deve estar satisfatório.

62
b) Distribuição de renda socialmente justa
A distribuição de renda socialmente justa é uma meta fundamental, visto que um país
que não possui uma boa distribuição de renda é um país desigual no debate sobre distri-
buições de renda sempre esteve presente no Brasil, mas aumentou de intensidade durante
o período (1967 e 1973) conhecido como “milagre econômico”.
O argumento apresentado pelos críticos para a concentração de renda no país estava
centrado na chamada “teoria do bolo” na qual o governo afirmava que a economia primei-
ro deveria crescer para depois distribuir os frutos do crescimento.
A posição do governo era que certo grau de concentração de renda seria inerente ao
próprio desenvolvimento capitalista, dadas as transformações estruturais do processo, tais
como: êxodo rural, com trabalhadores de baixa qualificação, aumento da proporção de
jovens, etc.
O crescimento rápido do Brasil gerou um aumento

SAIBA
acelerado da demanda por mão de obra qualifica-
da que, por ser escassa, obtêm ganhos extras aos
trabalhadores menos qualificados. Desse modo, o
principal determinante da concentração de renda
no país é a falta da qualificação da mão de obra.
Observou-se, contudo, no período do “milagre econômico” um aumento da renda per
capita, provocado pelo aumento na renda dos pobres bem como na renda das classes mais
altas, sendo que esta última aumentou proporcionalmente mais. Sendo assim, a renda dos
pobres aumentou, melhorou o seu padrão de vida no período mas a participação dos mais
pobres no país diminuiu.
A desigualdade na distribuição de renda é um dos graves problemas que impedem o
desenvolvimento econômico de um país.
c) Crescimento econômico
O crescimento econômico está relacionado com uma maior oferta de bens e serviços
para a sociedade. Se há desemprego e capacidade ociosa, o aumento do produto nacional
pode correr por meio de políticas econômicas de curto prazo que estimule a atividade pro-
dutiva. Contudo, feito isso a um limite à quantidade que se pode produzir com os recursos
e a tecnologia disponíveis.
Para o crescimento econômico de longo prazo, é necessário aumento o produto poten-
cial da economia, para isso será necessário:
• Ou um aumento na quantidade dos fatores de produção disponíveis;
• Ou um avanço tecnológico, isto é, melhoria tecnológica, novas formas de organizar
a produção e a qualificação da mão de obra.

63
O crescimento da produção em um patamar superior ao crescimento da população tor-
na a renda per capita mais elevada, o que significa que há mais bens e serviços disponíveis
para cada pessoa.
O crescimento econômico está relacionado apenas ao aumento da renda per capita.
Quando um país aumenta a sua renda per capita e, juntamente, melhora indicadores so-
ciais (habitação, saúde, lazer, emprego, meio ambiente etc.) observa-se, neste caso, não só
o crescimento econômico como o desenvolvimento econômico.
É importante ressaltar que um país pode ter aumento na sua renda real per capita, mas não
ter melhorado a qualidade de vida da sua população.
3 DILEMAS DA POLÍTICA ECONÔMICA
Atingir uma das metas da política econômica pode ajudar a atingir outras metas,
assim como para atingir uma das metas são necessárias medidas que tornam o alcance de
outra meta ainda mais distante.
Logo, as metas da política econômica não são independentes e podem, até mesmo,
serem conflitantes.
As medidas necessárias para a promoção do crescimento econômico podem contri-
buir para a redução da pobreza, pois são medidas expansivas (visam aumentar a liquidez
da economia) e podem produzir o aumento da renda.
O aumento na renda dos pobres, sem diminuir a renda dos ricos pode abrandar os
conflitos sobre a distribuição de rendas.
Contudo, nas economias menos desenvolvidas tem sido observado um aumento no
crescimento econômico sem a contrapartida na melhor distribuição da renda.
Medidas para alcançar a meta de alto nível de empregos podem ser conflitantes com
a meta de estabilidade de preços, visto que quando são adotadas medidas para estimular
o emprego por meio do aumento na demanda, há uma tendência de aumento da inflação
(inflação de demanda).
Assim como quando há estímulo à produção e a mão de obra se aproxima do pleno
emprego, há um aumento no custo de produção, em virtude do repasse do aumento no
custo da mão de obra, que fica mais escassa (inflação de custo). Essa situação só não será
observada se houver aumento na produtividade que supere o aumento dos custos.
As medidas de combate à inflação também não são compatíveis com a meta de
crescimento econômico. As medidas de combate à inflação são restritivas, ou seja, visam
reduzir a liquidez da economia enquanto que as medidas de promoção do crescimento
econômico são medidas expansivas, que visam aumentar a liquidez da economia.
Um exemplo dessa situação pode ser observado pela elevação da taxa básica de
juros (Selic) a partir de 17 de abril de 2013, quando estava no patamar de 7,25%, até o pata-
mar de 14,25% em 29 de julho de 2015 para conter a inflação que chegou a 8,89% (inflação
acumulada e 12 meses).

64
A taxa Selic se manteve em 14,25% até outubro de 2016 em função da resistência da
inflação, como pode ser visto no infográfico abaixo. A manutenção da taxa de juros elevada
contribuiu para a recessão da economia, que teve uma queda no PIB de 3,5% em 2015..

(Disponível em http://www.diariodocomercio.com.br/20/10/2016 )
É importante destacar que as medidas de política econômica, a serem adotadas, afe-
tam de forma diferente os grupos sociais de um país, e que a escolha das medidas a serem
adotas sofrerão ataques pelos grupos sociais que serão afetados negativamente.
É possível conhecer as medidas que podem ser adotadas em função do partido
político que está no poder.
ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA
A macroeconomia analisa a economia como se ela fosse constituída por quatro mercados:
 O mercado de bens e serviços;
 O mercado de trabalho;
 O mercado financeiro (monetário e de títulos);
 O mercado cambial.

65
Mercado de bens e serviços Compõem o lado real da economia
Mercado de trabalho
Mercado financeiro Compõem o lado monetário da economia
Mercado cambial
O mercado de bens e serviços é formado pelo Produto Nacional - todos os bens pro-
duzidos pela economia em determinado período de tempo.
O preço dos bens produzidos representa uma média de todos os preços, sendo en-
tão chamado de nível geral de preços.
No mercado de trabalho há a agregação dos trabalhos realizados na economia. A
taxa salarial e o nível de empregos são determinados nesse mercado.
Compõem o mercado financeiro:
 O mercado monetário - no qual são determinadas as taxas de juros e a emissão de
moedas que são necessárias para a realização das transações econômicas;
 O mercado de títulos (geralmente representado por um título público)- no qual
ocorre a determinação do preço e da quantidade de títulos.
Os títulos representam a forma de empréstimo entre os agentes econômicos supera-
vitários (aqueles que gastam menos do que recebem de renda) e os agentes econômicos
deficitários (aqueles que gastam mais do que recebem de renda).
O mercado cambial é o facilitador das transações entre os agentes econômicos de um
país com o resto do mundo.
As transações com mercadorias, serviços ou transações financeiras realizadas entre os
agentes econômicos de um país e o resto do mundo necessitam de uma conversão entre
as moedas e de comparação entre os preços praticados.
Através da taxa de câmbio é possível saber o preço relativo dos bens em diferentes
moedas.
4 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA
A política macroeconômica (ou política econômica) é ação do governo, através do
uso dos instrumentos, com o objetivo de atingir uma determinada meta.
Para alcançar as metas, as ações do governo recaem sobre o uso dos seguintes instrumen-
tos:
 Política Monetária
 Política Fiscal
 Política cambial e comercial
 Política de Rendas

66
4.1 POLÍTICA MONETÁRIA
A Política monetária pode ser definida como o conjunto de medidas, adotadas pelo
governo, com a finalidade de controlar a liquidez da economia, ou seja, de controlar a
quantidade de moeda em circulação.

SAIBA
A adoção das medidas de política econômica deve
estar em consonância com a meta da política
econômica do governo.

Os principais instrumentos da Política monetária são:


 Emissão de moedas;
 Reservas compulsórias;
 Open Market(compra e venda de títulos públicos);
 Regulamentação sobre crédito e taxa de juros.
Controle das emissões de moeda
O bom desempenho da economia depende do volume de moedas (papel moeda e
moedas metálicas) em circulação.
Compete ao Banco Central, que detém o monopólio das emissões de moedas, dispo-
nibilizar o volume necessário de moedas para o funcionamento da economia.
Depósitos compulsórios
Os depósitos compulsórios também são conhecidos como reservas compulsórias. O
Banco Central obriga os bancos comerciais a reter uma parcela de seus depósitos como
depósitos compulsórios, os quais não poderão ser usados pelos bancos comerciais para
operações de empréstimos ou qualquer outra aplicação.
Quando o Banco Central obriga os bancos comerciais a aumentarem a parcela de de-
pósitos compulsórios, há a retirada de moeda de circulação, visto que os bancos comerciais
irão emprestar menos ao público.
Logo, os depósitos compulsórios representam importante instrumento da política
monetária. Para conter a inflação, o Banco Central pode aumentar a taxa de depósitos com-
pulsórios, política monetária restritiva.
Se o objetivo for estimular o crescimento da economia, o governo deve adotar uma
política monetária expansiva (ou expansionista), neste caso, a medida seria diminuir a taxa
do depósito compulsório.

67
Open Market (títulos públicos)
O Banco Central realiza operações de compra e de venda de títulos governamentais
no mercado de capitais.
Quando o Banco central vende os títulos ao público, há a retirada de moeda de circu-
lação (diminuição da liquidez da economia) e quando ocorre a recompra (resgate) dos títu-
los, há um aumento dos meios de pagamento, ou seja, aumento da liquidez da economia.
Crédito
O Banco Central controla o crédito por meio da política de juros, do controle de pra-
zos e das regras para o financiamento ao consumo.
Taxa de juros
A taxa de juros é um importante instrumento da política monetária. Um aumento na
taxa de juros reduz a liquidez da economia e uma queda na taxa de juros provoca o efeito
oposto, aumenta a liquidez da economia.
É importante observar que a mudança na taxa de juros afeta a demanda agregada
e os investimentos.
Uma elevação na taxa de juros afeta negativamente os investimentos e, consequen-
temente, a demanda agregada. Com isso, há alteração nas decisões de produção das em-
presas, bem como na geração de renda das famílias.
No sentido oposto, uma redução na taxa de juros estimula a atividade econômica e
a geração de renda das famílias.

a adoção dos instrumentos da política


monetária depende da meta a ser perse-
guida.

Por exemplo, caso a meta do governo seja o controle da inflação, a medida de po-
lítica monetária a ser adotada terá por finalidade reduzir a liquidez da economia, ou seja,
diminuir a quantidade de moeda em circulação. Para isso, o governo pode elevar a taxa de
juros e diminuir o crédito.

SAIBA
Se a meta do governo for estimular o crescimento
econômico, as medidas adotadas seriam opostas,
isto é, haveria a redução da taxa de juros e o au-
mento do crédito.

68
4.2 POLÍTICA FISCAL
A política fiscal refere-se aos instrumentos do governo relativos às receitas públicas e as
de pesas públicas.
 Receitas públicas – arrecadação de tributos (política tributária)
 Despesas públicas - controle das despesas do governo (política de gastos).
A política tributária, através da determinação da alíquota dos impostos, pode estimular
ou inibir os gastos do setor privado direcionados ao consumo e aos investimentos.
Se a meta da política econômica for redução da inflação, as medidas fiscais geralmente
utilizadas são a diminuição dos gastos públicos e/ou aumento da carga tributária.
Vale lembrar que essas medidas inibem o consumo e o investimento.
Se a meta da política econômica for o crescimento econômico e o alto nível de em-
prego, as medidas fiscais seriam no sentido oposto, ou seja, medidas para elevar os gastos
da coletividade (demanda agregada).
As medidas são o aumento dos gastos públicos, principalmente relacionados com
investimentos na estrutura produtiva e a redução da carga tributária, também com a fina-
lidade de estimular a atividade econômica e o consumo.
Caso a meta da política econômica seja distribuição de renda socialmente justa,
a política tributária e a política de gastos devem ser adotadas em benefício da parcela da
população menos favorecida.
Um exemplo de política tributária e de política de gastos destinadas a população
menos favorecida seria a progressividade dos impostos e os gastos direcionados para as
regiões e os setores que se encontram em situação de atraso.
Para o alcance da meta da política econômica, o governo pode adotar a combinação
de instrumentos da política monetária e da política fiscal.

que a adoção dos instrumentos da política fiscal depende


da aprovação do Congresso, o que torna mais demorado o
efeito das medidas, pois há uma lacuna entre a tomada de
decisão e a implementação das medidas fiscais. Outro aspecto
importante a ser observado é o atendimento do princípio
da anterioridade, segundo o qual, a implementação de uma
medida só pode ocorrer a partir do ano seguinte ao de sua aprovação pelo Congresso Nacional.
Como consta do art.150, inciso III, b, da Constituição Federal de 1988, é vedado às autoridades
públicas cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou.

69
A ação do governo por meio da política fiscal é de suma importância no caso de uma
recessão econômica.
Para o melhor entendimento da política fiscal também é necessário conhecer as de-
finições de superávit e déficit público.
Caso o total da arrecadação superar o total dos gastos públicos nas diversas esferas
do governo, o resultado é superávit das contas públicas, quando total dos gastos públicos
supera o total da arrecadação o resultado é déficit público.
Quando são excluídos os juros da dívida pública (interna e externa) têm-se o concei-
to de superávit ou déficit primário.
Caso sejam incluídos os juros nominais sobre a dívida, têm-se o conceito de superá-
vit ou déficit nominal.
Caso sejam considerados apenas os juros reais (excluindo a taxa de inflação e a va-
riação cambial), têm-se o conceito de superávit ou déficit operacional.

Nos acordos firmados com o Fundo Monetário Inter-

SAIBA
nacional, o conceito relevante é o fiscal ou primário.
Para o Fundo Monetário Internacional, um país que
apresenta superávit primário está com suas contas
relativamente equilibrada, mesmo que apresente
déficit nominal e revela condições de honrar seus compromissos futuros, adquirindo
mais confiançã e credibilidade para negociar sua dívida externa, com juros menores e
prazos maiores

4.3 POLÍTICA CAMBIAL E COMERCIAL


A Política cambial e a política comercial são políticas que atuam no setor externo da
economia.
POLÍTICA CAMBIAL
A política cambial está relacionada com a ação do governo sobre a taxa de câmbio
e o regime cambial. Apesar de estar ligada a política monetária destaca-se desta por atuar
mais diretamente sobre as variáveis relacionadas às transações econômicas com o exterior.
Por esta razão a política cambial será abordada na unidade XII.
POLÍTICA COMERCIAL
A política comercial refere-se aos instrumentos de incentivo às exportações e/ou
estímulo/desestímulo às importações, tais como: tarifas alfandegárias, quotas de importa-
ções, subsídios às exportações e barreiras não tarifárias.
Política comercial, no Brasil, é comandada pelo Ministério do Desenvolvimento, In-
dústria e Comércio Exterior (MDIC).

70
A política monetária, a política fiscal e a política cambial formam a base do chamado
tripé macroeconômico.
4.4 POLÍTICA DE RENDAS
A política de rendas refere-se à intervenção dereta do governo na formação de
rendas (salários e alugueis) e no controle de preços.
É importante ressaltar que nos controles exercidos por meio da política de rendas,
quando há congelamento de preços, os agentes econômicos não pode agir em conformidade
com as influências naturais do mercado.
O controle de preços, por meio de congelamento, foi usado no Brasil, com o objetivo
de conter a inflação, nos seguintes Planos Econômicos: Cruzado, Bresser, Verão e Collor.

71
CAPÍTULO III

UNIDADE IX
MOEDA E INFLAÇÃO
1 MOEDA – CONCEITO E FUNÇÕES
Não é tarefa fácil definir com exatidão o que seja moeda. Desta maneira, faz-se pre-
ferível conceituar moeda. O termo moeda é usado para algo que é geralmente aceito
em troca de bens e serviços. A moeda é um instrumento que, pelo fato de ser aceito pela
população em troca de bens e serviços, passa a ser usado como meio de troca.
Funções da Moeda
• Instrumento de Troca Sem a moeda todas as trocas teriam que ser diretas, isto é, escambo
(troca de mercadoria por mercadoria). Há o problema da indivisibilidade na troca direta. O
escambo força a auto-suficiência pela dificuldade da troca direta, isto sem levar em conta
o tempo gasto para a negociação.
• Reserva de valor Para que a moeda possa ser aceita em troca de mercadorias, é preciso
que ela possa ser aceita na compra de outros bens e serviços. A moeda representa em di-
reito o que seu possuidor tem sobre algumas mercadorias.
• Unidade de conta ou denominador comum de valor A moeda serve para comparar o
valor de mercadorias diversas. Com a moeda é possível somar um trator mais uma caneta
e também achar equivalência física de moeda.
• Padrão para pagamentos diferidos A moeda serve como medida para um pagamento a
se realizar em algum tempo futuro. Esta função é muito parecida com a anterior, havendo
como diferença básica o tempo em que a comparação será feita, isto é, no caso anterior à
comparação era feita no momento atual e esta, no futuro.
2 INFLAÇÃO
Conceito de Inflação
A inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado no nível
de preços.
Dever ser considerado que:
 Aumento contínuo - a alta de preços não pode ser esporádica, tem de ser
contínua.
 Aumento generalizado - a maioria dos preços deve ser afetada em uma escala
de alta.

72
2.1 CAUSAS CLÁSSICAS DE INFLAÇÃO
Inflação de demanda
A inflação de demanda é caracterizada pelo excesso de moeda em relação à quan-
tidade de bens disponíveis, isto é, há um aumento dos meios de pagamentos que não é
acompanhado pelo aumento na produção de bens e serviços.

SAIBA
A capacidade para aumentar rapidamente a pro-
dução se torna reduzida quanto mais próxima a
economia estiver do pleno emprego, caracterizando
excesso de moeda, o qual irá elevar os preços.

A causa para o aumento dos meios de pagamentos pode ser um aumento real de
renda dos consumidores, um aumento na liquidez da economia, causado pelo aumento da
emissão de moedas ou por uma política monetária com taxa de juros baixa e incentivo ao
crédito.
A demanda agregada é mais sensível a alterações da política econômica do que a
oferta agregada, no curto prazo. Por isso, como a inflação de demanda está associada ao
excesso de demanda agregada, para combater a inflação de demanda, os instrumentos de
política econômica agem no sentido de provocar uma redução na demanda agregada por
bens e serviços.
Entre os instrumentos de política econômica que podem ser adotados para reduzir a de-
manda agregada estão:
 Na política monetária: redução de crédito e aumento da taxa de juros;
 Na política fiscal: diminuição dos gastos do governo e aumento da carga tri-
butária.
Inflação de custos
A inflação de custos também é conhecida como inflação de oferta. A inflação de cus-
tos ocorre quando a demanda se mantém inalterada, mas ocorre a elevação dos custos de
produção, o que acaba provocando uma retração da oferta.
Algumas causas para o aumento dos custos de produção são:
• aumento dos preços de matérias –primas;
• aumento dos preços de produtos importados (bens finais ou intermediários);
• aumento dos custos dos transportes, provocados por aumento dos preços dos com-
bustíveis, repassados para os preços dos bens e serviços;
• aumentos salariais acima da produtividade;

73
• tipo de estrutura de mercado. empresas que atuam em cartel decidem elevar suas
margens de lucro. empresa em monopólio decide aumentar o preço do produto;
• aumento de impostos.
Para combater a inflação de custos, normalmente, é usada a política de rendas através de
ações como:
 O controle direto de preços;
 Política salarial mais rígida;
 Controle ou tabelamento de produtos;
2.2 OUTRAS CAUSAS DE INFLAÇÃO
Inflação inercial
A inflação inercial ocorre pela ação dos mecanismos de indexação formal (contratos,
aluguéis, salários) e informais (reajustes de tarifas públicas e preços no comércio, na indús-
tria).
Inflação de expectativas
A inflação de expectativas está associada, como o próprio nome diz, às expectativas
dos agentes econômicos que consideram que a inflação tende a aumentar. Nesse caso,
para combater a inflação é preciso diminuir a expectativa de que a inflação vai aumentar
de forma acentuada.
A atuação do governo é fundamental para evitar que a inflação dispare, pois quando
o processo inflacionário está acionado, fica cada vez mais difícil controlar a alta dos preços.
2.3 EFEITOS PROVOCADOS PELO PROCESSO INFLACIONÁRIO
Uma inflação controlada é o que se espera em toda e qualquer economia, contudo
quando a inflação atinge níveis não desejados. Ela provoca efeitos negativos. São eles:
1- Efeito sobre a distribuição de rendas

Que a inflação reduz o poder de compra dos consumidores e


atinge de forma mais perversa os trabalhadores assalariados
que dependem de rendimentos fixos e que possuem prazo
definido por lei para reajuste?

Os trabalhadores que não têm como ter recursos em aplicações financeiras, por serem
de baixa renda, são os mais afetados. Esses gastam tudo o que ganham com consumo. A
inflação pode ser considerada como um imposto para a população mais pobre.

74
Pode-se concluir que: quanto mais elevada a taxa de inflação em um país, mais de-
sigual é a sua distribuição de renda.
2-

3- Efeito sobre o investimento e o crescimento econômico


As expectativas sobre o futuro deixam os investidores em compasso de espera, pois eles
temem a instabilidade do mercado, bem como imprevisibilidade de seus lucros.
A falta de novos investimentos na capacidade produtiva acaba por diminuir o nível de em-
pregos da economia.
4- Efeito sobre o mercado de capitais
A rápida deterioração do valor da moeda desestimula a aplicação de recursos no mercado
de capitais financeiros. Cadernetas de poupança e títulos sofrem retração. Inflação elevada
estimula a aplicação de recursos na compra de imóveis, que costumam ter elevada valori-
zação em período inflacionário.
A criação da correção monetária teve a função reajustar os papéis públicos e a caderneta
de poupança por índices que refletiam aproximadamente o crescimento da inflação
2.4 TERMOS RELACIONADOS À INFLAÇÃO:
a) Desinflação
A desinflação é a redução da inflação, ou seja, na desinflação os preços sobem em percen-
tual menor que no período anterior.
b) Deflação
A deflação é o oposto da inflação, ou seja, é uma queda sustentada no nível de preços
e corresponde a uma taxa de inflação negativa.
Se a inflação é ruim, isso implica que a (deflação negativa) é boa? A resposta é não. Uma
deflação alta e uma taxa alta de inflação negativa cria muitos dos mesmos problemas que
a inflação alta – de distorções e aumento as incertezas.
As distorções provocadas pela deflação podem ser até maiores que a inflação, pois:
• Os consumidores tendem a adiar as compras, na espera que os preços baixem;
• O investidor não tem estímulo para investir, pois não vislumbra aumento nos preços;
• A deflação aprofunda a recessão e o desemprego.

Pode ser destacado também que mesmo uma taxa de deflação baixa limita capacidade
de uma política monetária afetar o produto.

75
Portanto, qual é a melhor taxa de inflação? A maioria dos economistas acreditam que
seja uma taxa de inflação baixa e estável, algo entre 0 e 3%
c) Hiperinflação
A hiperinflação se dá quando a inflação está muito elevada e fora de controle. Nessa
situação, o consumidor perde significativamente seu poder de compra, a moeda fica muito
desvalorizada e a atividade econômica em queda pode chegar a uma recessão.
d) Estagflação
Ocorre quando a economia não está crescendo (está estagnada) e ao mesmo tempo a in-
flação está elevada.
2.5 INFLAÇÃO NO BRASIL
A construção de Brasília no governo Juscelino e o chamado “modelo de substituição
de importações” contribuíram para aumentar os gastos públicos na década 1960. Entre
1968 e 1973, o Brasil passou por um período conhecido como “milagre econômico” no qual
o país cresceu em média 11% ao ano, financiado por empréstimos externos.
A crise do petróleo interrompeu a boa fase de crescimento da economia brasileira
que passou a conviver com a retração da atividade econômica, bem como com o aumento
do endividamento externo.

Que durante a crise mundial do petróleo o preço do barril


quadruplicou em apenas três meses, a inflação no Brasil
acelerou e a capacidade produtiva diminuiu. A década de
1980, no Brasil, ficou conhecida como “a década perdida”, pois
o país não cresceu e ainda amargou inflação e dívida externa
elevadas.
A inflação de meados da década de 1980 e do início da década 1990 foi uma inflação galopante
que chegou a superar os 80% ao mês, o que caracteriza uma hiperinflação.

Na hiperinflação crônica, as causas se sucedem e se realimentam. O choque do pe-


tróleo deu início à crise inflacionária no Brasil e ela se intensificou com a prática constante
de desvalorização da moeda nacional para tentar manter o país competitivo no comércio
exterior. Para financiar o endividamento externo, o governo aumentava a liquidez da eco-
nomia.
Foram cerca de 15 anos de inflação acima de dois dígitos e de correção monetária.
Comerciante remarcavam diariamente os preços dos produtos, que sumiam rapidamente
das prateleiras, já que a população estocava alimentos por temer as sucessivas altas.
Preços e salários eram reajustados automaticamente assim que era divulgada a in-
flação do mês anterior, criando o efeito ‘bola de neve’, em que a inflação de um mês era
imediatamente repassada para o mês seguinte.

76
Quem mais perdia com isso eram os mais pobres

SAIBA
que não podiam se defender das perdas, colocando
o dinheiro em aplicações que rendessem juros diári-
os e acompanhassem a desvalorização da moeda.

O Plano Real
Após quase uma dezena de planos econômicos fracassados, o Plano Real marcou
o final do período de instabilidade monetária e altas taxas de inflação, que chegaram a
atingir 5.000% ao ano, de julho de 1993 a junho de 1994. Junto com o plano, veio a nova
moeda, o real – a quinta à qual os brasileiros tiveram que se acostumar em uma década.
Lançado no início de 1994, durante o governo Itamar Franco, o plano baseou-se, num
primeiro momento, no equilíbrio das contas do governo, iniciado ainda no ano anterior,
com redução de gastos, aumento de impostos e privatizações. O governo também promo-
veu a desindexação da economia – isto é, a inflação passada deixou de corrigir automati-
camente preços e salários.
Para os brasileiros, a medida mais visível foi a nova troca de moeda. Antes do real, a
moeda que circulava no país era o cruzeiro real (CR$), vigente de 1º de agosto de 1993 até
30 de junho de 1994. Em fevereiro de 1994, foi criada a Unidade Real de Valor (URV), uma
moeda fictícia, cujo valor, em cruzeiros reais, era estabelecido diariamente. Assim, a hipe-
rinflação seguia em cruzeiros reais, mas não em URVs.
Em 1º de julho de 1994, uma URV passou a ser igual a R$ 1, o novo dinheiro entrou
em circulação no país. Distribuir as notas e moedas do real pelo país foi uma das maiores
operações de logística já vistas.
Para a equivalência, o valor da nova moeda foi fixado com a cotação da URV do dia
anterior, que era de 2.750 cruzeiros reais. Dessa forma, CR$ 5.000 equivaliam a cerca de R$
2 – o suficiente para comprar, na época, meio quilo de carne, três litros de leite ou duas
latas de refrigerante, por exemplo.
Entre as medidas para controlar os preços, o governo também promoveu uma aber-
tura maior às importações, e adotou as chamadas “âncoras” cambial e monetária.
A âncora cambial instituiu o regime de “bandas” cambiais que, na prática, fixava o
valor da moeda, e barateava o custo dos importados.
Já a âncora monetária buscava controlar o volume de dinheiro em circulação, evi-
tando a pressão sobre os preços. Para isso, foram elevadas a taxa de juros e as reservas
compulsórias dos bancos (recursos que eles são obrigados a “deixar guardado” no Banco
Central).
Essas âncoras foram substituídas, em 1999, pelo regime de metas de inflação, em que
as autoridades monetárias se comprometem a cumprir metas estabelecidas para o ano

77
corrente e próximo – o que ancora as expectativas do mercado. Uma das formas de buscar
atingir essa meta é por meio da taxa Selic. Ao elevar os juros, o governo “encarece” o custo
do dinheiro, e faz cair a procura por produtos e serviços à venda.
Inflação ideal

Que não existe um “número mágico” para a inflação. O que se


sabe é que uma inflação muito alta ou muito baixa prejudica o
funcionamento da economia.

Se estiver acima de 10% ao ano, por exemplo, atrapalha a capacidade da moeda


como unidade de conta – as pessoas começam a perder a noção do valor da moeda, já
que os preços dos produtos mudam rapidamente. Mas se a inflação for negativa, ou muito
próxima de zero, pode prejudicar a produção e desaquecer a economia.
A questão é controversa, mas há certo consenso de que uma inflação entre 2% e 3%,
ou até 5% é um bom indicador de que a economia não tem desequilíbrios importantes.

Correntes Causas Principais Políticas anti-inflacionárias


Monetaristas (neolibe- • Desequilíbrio do • Ajuste fiscal (para reduzir dé-
rais, ortodoxos) setor público (o déficit e ficit e dívida pública, via reforma fis-
a dívida pública provo- cal, previdenciária, privatização)
cam descontrole mone-
• Controle monetário (juros e
tário, causando inflação
moeda)
de demanda)
• Liberalização do comércio ex-
terior (abertura comercial e valoriza-
ção cambial)
Inercialistas • Indexação gene- • Desindexação (para apagar
ralizada (formal e infor- “memória ou inércia inflacionária”,
mal) via congelamento de preços, salá-
rios e tarifas – Planos Cruzado, Bres-
ser – ou troca de moeda – Plano
Real)

78
(3) • Conflitos distribu- • Controle de preços de oligo-
tivos (pressão de pólios
Estruturalistas (cepali-
margens de lucro,
nos) • Controle cambial
pressões salariais,
pressões de tari- • Reformas estruturais
fas e preços públi-
cos provocam in-
flação de custos)

2.6 SISTEMA DE METAS DE INFLAÇÃO
O sistema de metas de inflação foi criado na Nova Zelândia e adotado em outros
países. Consiste no estabelecimento de “bandas” fixadas para a inflação futura, controlada
pela política monetária, principalmente pela taxa de juros. No Brasil, o sistema passou a ser
adotado a partir de 1999.
Fixada a meta, o Bacen através do Copom, em reuniões a cada 45 dias (oito reuniões
anuais) controla a taxa de juros básica SELIC e anuncia a tendência (viés) da taxa de juros
até a próxima reunião, que pode ser de alta (“viés de alta”), e baixa (“viés de baixa”) ou sem
viés (ou “viés neutro”), significando as possíveis alterações da taxa de juros feita pelo Banco
Central antes da realização da próxima reunião.
NÚCLEO DA INFLAÇÃO
Núcleo da inflação (core inflation) é um índice de preços em que são expurgadas,
do índice geral, as variações transitórias, sazonais ou acidentais, que não provocam pres-
sões persistentes sobre os preços. As variações transitórias ou sazonais estão normalmente
associadas aos choques de oferta, tais como escassez de energia, elevação de preços do
petróleo, geadas etc., que, como vimos, redundam em aumentos de custos de produção
(inflação de custos).
No caso de um choque de oferta, após cessado o período crítico, a produção e os
preços tendem posteriormente a voltar aos níveis anteriores. Nesse caso, o Banco Central,
baseado na estimativa do núcleo da inflação, não deve alterar sua política monetária, ele-
vando a taxa de juros, para controlar a inflação.
O Banco Central deve atuar apenas se o núcleo se alterar, o que só ocorrerá se hou-
ver um excesso persistente de demanda agregada em relação à capacidade produtiva; ou
seja, no caso de uma inflação de demanda.
É o sistema adotado nos Estados Unidos. O controle da taxa de juros baseia-se fun-
damentalmente nas variações do núcleo da inflação, em que são expurgados do índice de
preços ao consumidor aos preços de energia e de alimentos, e no acompanhamento do ní-
vel de emprego, que é um indicador do comportamento da oferta e demanda de mercado.

SAIBA
Saiba mais sobre o Sistema de Metas de Inflação
em: www.bcb.gov.br/ regime de metas de inflação
no Brasil 2016.

79
2.7 O IMPOSTO INFLACIONÁRIO E A SENHORIAGEM
Já foi visto uma das principais consequências de elevadas taxas de inflação recai
sobre a classe de menor renda, que não tem condições de defender-se dos aumentos de
preços. Sobre ela recai o imposto inflacionário.
O imposto inflacionário representa uma transferência de recursos da sociedade para
o governo, que é o emissor de moeda.
Como as classes sociais mais baixas praticamente não têm aplicações financeiras,
não têm defesas para essa taxação implícita, ou seja, os mais pobres pagam proporcional-
mente mais imposto inflacionário que os mais ricos. Nesse sentido, pode-se afirmar que o
imposto inflacionário é um imposto regressivo.
Que em grande medida, o imposto inflacionário explica um
fato que tem ocorrido nos recentes planos anti-inflacionários
no Brasil quando, ao derrubar as taxas de inflação, ocorre
uma grande elevação do consumo, principalmente das classes
menos favorecidas, justamente porque deixaram de pagar esse
imposto, o que melhora a distribuição da renda.

Outro conceito associado ao imposto inflacionário, e que sob certas circunstâncias


se confunde com ele, é a senhoriagem, que representa a recita que o Banco Central obtém
ao ter o monopólio de emissão de moeda a custo praticamente zero. O valor impresso na
moeda é muito superior a seu custo de produção.
2.8 ILUSÃO MONETÁRIA
Ilusão monetária é a noção de que as pessoas parecem cometer erros sistemáticos
ao avaliar mudanças nominais versus mudanças reais.
Quando há inflação, cálculos simples tornam-se muito mais complicados. A compa-
ração que as pessoas fazem de sua renda no ano atual com a de anos anteriores precisa
acompanhar o histórico da inflação.
Escolher entre ativos, decidir quanto consumir ou poupar precisa levar em conside-
ração a diferença entre a taxa real de juros e a taxa nominal de juros. A evidência informal
sugere que muitos consideram os cálculos difíceis e, consequentemente falham ao fazer as
diferenças relevantes. A situação abaixo ilustra muito bem este cenário.

ILUSÃO MONETÁRIA – ESTUDO DE CASO


Muitas histórias revelam que as pessoas não ajustam adequadamente seus cálculos
financeiros pela inflação.
Recentemente, economistas e psicólogos começaram a examinar a ilusão monetá-
ria mais de perto, Em um estudo recente, dos psicólogos Eldar Shafir, da Universidade de

80
Princeton e Amos Tversky,
Universidade de Stanford, e um economista Peter Diamond, do MIT, elaboraram uma
pesquisa destinada descobrir quão difundida é a ilusão monetária e quais as suas causas.
Dentre as muitas questões feitas a pessoas de diversos grupos (pessoas no Aeroporto In-
ternacional de Newark, pessoas em dois shopping Centers de Nova Jersey e um grupo de
estudantes de graduação de Princeton), estava a seguinte:
Suponha que Adam, Ben, Carl tenham recebido uma herança de US$200.000 cada um
e que cada um deles tenha usado essa herança imediatamente para comprar sua casa.
Suponha que cada um tenha vendido sua casa um ano após a compra. As condições eco-
nômicas foram, com tudo, diferente em cada caso:
 Durante o período em Adam teve a casa, houve uma deflação de 25% - os preços de
todos os bens e serviços diminuíram aproximadamente 25%. Um ano depois que Adam
comprou a casa, ele a vendeu por US$154.000 (23% a menos do que pagou).
 Durante o período em que Ben teve a casa, não houve inflação nem deflação – os preços
de todos os bens serviços não variaram significativamente naquele ano. Um ano após
Ben ter comprado a casa, ele a vendeu US$198.000 (1% a menos do que pagou).
 Durante o período em que Carl teve a casa, houve uma inflação de 25% - os preços de
todos os bens e serviços aumentaram aproximadamente 25%. Um ano depois que Carl
comprou a casa ele a vendeu por US$246.000 (23% a mais do que pagou).
Por favor, classifique Adam, Ben e Carl em termos do sucesso de suas transações imobiliá-
rias. Atribua ‘1’ à pessoa que fez o melhor negócio e ‘3’ que fez o pior negócio.
Em termos nominais, Carl claramente fez o melhor negócio, seguido por Ben. Adam veio
depois. Mas o que e relevante é como eles se saíram em termos reais-ajustando pela in-
flação. Em termos reais a classificação se inverte Adam, com um ganho real de 2%, fez o
melhor negócio, seguido por Ben (com uma perda de 1%) e seguido por Carl (com uma
perda de 2%).
As respostas das pesquisas foram as seguintes:

Classificação Adam Ben Carl


1º 37% 15% 48%
2º 10% 74% 16%
3º 53% 11% 36%
Carl foi classificado em primeiro lugar por 48% dos entrevistados, e Adam obteve a
classificação em terceiro lugar por 53% dos entrevistados. Essas respostas sugerem que a
ilusão monetária é muito difundida. Em outras palavras, as pessoas (inclusive os estudantes
de graduação de Princeton) têm dificuldade no ajuste pela inflação.
(Disponível em BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. Pag.485)

81
CAPÍTULO III

UNIDADE X
SISTEMA ECONÔMICO: FLUXO CIRCULAR DA RENDA
1 SISTEMA ECONÔMICO: A FORMAÇÃO DO FLUXO REAL E DO FLUXO MONETÁRIO
Nas Unidades I e II, foi visto que as atividades produtivas de uma sociedade contem-
porânea distribuem-se por inúmeras unidades produtoras que, individualmente, articulam
mão de obra (trabalho), capital e recursos naturais (terra), visando à obtenção de deter-
minados bens e/ou serviços. As unidades produtoras concretizam, pois, o fenômeno da
divisão social do trabalho.
A organização dos fatores dentro de tais unidades, assim como a direção de suas
atividades, cabe a pessoas ou grupos de caráter privado ou público, genericamente deno-
minados organizadores de produção (ou agentes produtivos).
As combinações de fatores por eles efetivadas se situam dentro de um quadro de
possíveis soluções tecnológicos. Estas constituem, na realidade, uma multiplicidade de
processos produtivos, formas de organização etc., acessíveis às atividades produtivas de
uma determinada época e região.
As unidades produtoras operantes no quadro de uma nação executam, tanto in-
dividualmente quanto por grupos, tarefas que se integram no funcionamento global do
sistema.
O papel que lhes cabe no conjunto do sistema produtivo exibe características extre-
mamente variadas: constituem unidades produtoras, por exemplo, uma mercearia e uma
metalúrgica.
Ao longo do processo produtivo, cujo desfecho é a obtenção de bens de consumo
e de capital, as unidades produtoras efetuam pagamentos ao pessoal empregado, remu-
neram os proprietários dos fatores capitais e recursos naturais utilizados, e ainda, realizam
seus lucros. A totalidade destes rendimentos constitui a renda das famílias.
Tal “agregado” pode ser assim repartido: remunerações destinadas ao trabalho (salá-
rios e ordenados); rendas de propriedades percebidas pelos detentores de capital e recur-
sos naturais (juros, aluguéis, lucros etc.).
O funcionamento das unidades produtoras – integradas num conjunto, o aparelho
produtivo – dá, pois, origem a dois fluxos simultâneos: o fluxo real, constituído de bens e
serviços finais; e o fluxo nominal, reunindo os rendimentos pagos aos proprietários dos
fatores de produção.

82
O fluxo de rendimentos faculta aos homens procurar e adquirir certos e determi-
nados bens e serviços. Em contraposição, o caudal de bens e serviços lhes é ofertado em
mercado pelas unidades produtoras.
Os detentores de rendimentos, em busca de satisfação de suas necessidades e dese-
jos, e os ofertantes de mercadorias e serviços dispostos a cedê-los mediante o pagamento
de determinadas quantidades de moeda, encontram-se no mercadode bens e serviços,
onde a produção atinge seu destino final, adquirida pelas famílias, segundo seu diferencia-
do poder de compra.

até aqui o sistema econômico coloca em destaque:
- os elementos-chaves do processo produtivo, os fato-
res e as unidades em que eles se organizam;
- os setores em que a economia pode ser dividida, as-
sim como as primeiras questões levantadas pela diversidade de sua constituição fato-
rial;
- os fluxos que, gerados num período de tempo, transitam pelo sistema econô-
mico, contrastando, pois, com os “estoques” existentes no sistema;
- a dicotomia básica, vigente no processo produtivo, entre a corrente “real” de
bens e serviços e a corrente “nominal” de rendimentos se reflete em outras denomina-
ções, como produto e renda, oferta e procura, vendas e compras etc.;
- a organicidade do sistema econômico, cujos elementos se mostram intima-
mente relacionados.

O SISTEMA ECONÔMICO

(Versão simplificada sem governo e sem setor externo)

83
O estoque de fatores, a esquerda, onde se inicia o fluxograma – trabalho, capital,
terra, etc. tem por pano de fundo a tecnologia – será ofertado no mercado de fatores e
demandado pelas empresas e alocados pelos organizadores da produção (agentes produ-
tivos).
O universo das unidades produtoras (empresas), por sua vez, compõe o aparelho
produtivo da nação. Nele se distinguem três setores, diversos pela natureza e pelo papel
exercido na economia. O emprego de fatores que os caracteriza pode ser formalizado me-
diante o uso de “funções macroeconômicas” de produção, definidas por setor e generica-
mente expressas por:
Das unidades situadas nos três setores flui, simultaneamente, uma corrente de pa-
gamentos por serviços prestados (da direita para a esquerda, ou seja, das empresas para as
famílias) e outra de bens e serviços produzidos (das empresas para o mercado de bens e
serviços).
Os pagamentos, constituindo a renda das famílias, são levados pelos consumidores
ao mercado de bens e serviços, onde eles procuram adquirir os bens e serviços de que ne-
cessitam.
Paralelamente, tais bens e serviços – constituindo o produto do sistema – são tra-
zidos ao mercado de bens e serviços, por unidades produtoras, dispostas a vendê-los. O
mercado é, pois, o “local” para onde convergem os fluxos nominais (procura) e reais (oferta).
2 O DESTINO DOS FLUXOS
No processo produtivo são gerados, simultaneamente, o produto e a renda. O que
precede visa, justamente, a esclarecer aspectos dos mais importantes deste processo, res-
ponsável pelo surgimento no sistema econômico dos fluxos real e nominal. Não nos apon-
ta, contudo, como transitam e ulteriormente se encontram o fluxo nominal, uma vez distri-
buídos os rendimentos, e o fluxo real, uma vez encerrado o ciclo produtivo.
Trata-se, a seguir, de acompanhar o percurso de tais fluxos até sua utilização final,
em atendimento e necessidades e decisões humanas. Para tal efeito, dividiremos a expo-
sição em dois itens: um, tratando do encaminhamento de rendas, bens e serviços, para a
satisfação das necessidades de consumo: outro, focalizando o montante de rendimentos e
produtos que servem à execução de outros propósitos.
a) Uma vez a renda distribuída, sob a forma de salários, alugueis, juros, lucros etc.,
ficam definidos os recursos com que podem as famílias contar para a satisfação de suas ne-
cessidades. Os indivíduos, de posse de tais rendimentos (expressos sob diversas formas: em
moeda corrente, depósitos bancários etc.), dirigem-se, pois, ao mercado de bens e serviços
de consumo. Nele se defrontam com uma série de produtos oferecidos pelas unidades
produtoras, a determinados preços.
Dadas suas possibilidades econômicas, ditadas pelo confronto de seus orçamentos
e dos preços vigentes, adquirem diferentes bens e serviços. Eles começam, naturalmente,

84
por atender a certos itens como alimentação, vestuário, habitação, de prioridade indiscutí-
vel. De acordo com o montante de recursos auferidos, alguns consumidores (em número
decrescente) podem prosseguir satisfazendo seus desejos pela compra de geladeiras, au-
tomóveis, ingressos para espetáculos de arte etc., até que, em certos casos, atingem níveis
altamente requintados de consumo.
O gasto conjunto da coletividade com os artigos que diretamente satisfazem seus
desejos e necessidades econômicas – sua demanda final de bens e serviços de consumo –
determina o agregado Consumo .
A corrente de artigos para consumo que flui do aparelho produtivo – a oferta de
bens e serviços de consumo – reflete em maior ou menor grau os requisitos da demanda
com que se defronta o mercado. O tratamento de tal questão exige a consideração de um
“modelo aberto”, em que o ajustamento procura-oferta se dê indiretamente, com recurso
às trocas externas. O tema será, pois, retomado posteriormente.
b) Nem todas as rendas geradas no processo produtivo são destinadas à satisfa-
ção de necessidades imediatas. A parcela de rendimentos não despendidos na aquisição
de bens e serviços de consumo constitui, por definição, o montante de “poupança” (S) do
sistema econômico no período considerado.
A “poupança” de um sistema econômico do tipo até aqui descrito tem como princi-
pais componentes:
- Os rendimentos percebidos por pessoas e não destinados a consumo. Tais reservas
facultam aos indivíduos aquisição de títulos de propriedade e crédito (os quais lhes pro-
porcionam, em períodos subsequentes, correntes adicionais de rendimentos).
- Uma soma de recursos financeiros retidos (não distribuídos a proprietários, acio-
nistas etc.) pelas empresas, com dupla destinação: manutenção ou ampliação de suas ins-
talações. Com efeito, visando à conservação de sua capacidade produtiva, as empresas são
levadas a constituir fundos (reservas de depreciação) que lhes permitam fazer frente ao
desgaste de seus equipamentos. Além disso, inúmeras empresas represam parte de seus
lucros para financiar a expansão de suas atividades. As duas parcelas somam, pois, o total
de poupança realizada pelas unidades produtoras.
Paralelamente à formação de poupanças do lado do fluxo nominal, o aparelho pro-
dutivo produz certos bens e serviços não diretamente absorvidos pelo consumo, mas que
devem, sim, integrar-se em atividades produtivas futuras.
Determinada proporção destes bens e serviços de capital é diretamente absorvida
pelas empresas, a partir do emprego de suas próprias poupanças.

Que as economias dos indivíduos, no entanto, devem transitar


por instituições financeiras (bancos de investimento, sociedade
de crédito etc.) para que, finalmente venham a financiar a
aquisição de bens de capital. Assim, a poupança dos indivíduos
chega às empresas por meio da mediação dos intermediários
financeiros

85
Estes têm por função transmitir aos organizadores da produção decididos a investir
o fluxo de poupança, gerado pelos inúmeros poupadores individuais dispersos pelo siste-
ma econômico. Naturalmente, os intermediários financeiros também de prestam à canali-
zação de poupanças de empresas, desde que estas não as apliquem diretamente.
O conjunto de bens e serviços de capital, gerados num período de tempo, tem dois
possíveis destinos: uma fração é utilizada para a substituição de equipamentos, peças etc.
desgastados no processo produtivo – constitui o investimento de reposição; a fração com-
plementar é empregada na realização de novos empreendimentos – trata-se do investi-
mento líquido da sociedade. Ambas as parcelas compõem, por sua vez, o investimento.
Enquanto os bens e serviços de consumo rapidamente desaparecem, os bens de ca-
pital têm, pois, por destino o processo de inversão que os integra, transformados em fator
capital na constelação de fatores do sistema.
Ao crescer o estoque de capital é incrementada a capacidade de produção da eco-
nomia, o que acarreta o aumento do produto e da renda (e, em consequência, do consumo
e da própria formação de capital). a expansão do aparelho produtivo não se produz a mera
dilatação do preexistente: a assimilação de capital tende a alterar sua conformação setorial,
a introduzir novos processos produtivos etc. A formação de capital é, pois, fenômeno deci-
sivo no crescimento e transformação temporal do sistema.
Do exposto até o presente, podemos extrair as seguintes relações fundamentais para
a compreensão do funcionamento de um sistema econômico:
- a renda gerada num período dado é utilizada para consumo imediato ou preserva-
da para outras aplicações.
Y=C+S
- O Produto satisfaz o consumo da comunidade, e ainda alimenta a reposição e/ou
expansão do estoque de capital.
P = C + 1

3 O FLUXO CIRCULAR DA RENDA


O fluxo circular da renda mostra a visão global e integrativa do funcionamento do
sistema, destacando aspectos da produção e destinação dos fluxos de produto e renda.
As principais hipóteses simplificativas são: não se consideram as implicações das trocas
internacionais.
Os fatores de produção são combinados em unidades produtoras que se distribuem
pelos setores primário, secundário e terciário.
A “demanda de bens e serviços de consumo” expressa a necessidade de alimentos,
tecidos, habitações etc. A aquisição de quaisquer produtos se dá mediante a um dispêndio,

86
sempre igual ao produto da quantidade adquirida por seu preço de venda.
O total de despesas com bens e serviços de consumo define o agregado “Consumo”.
A poupança é a fração complementar do fluxo de rendimentos, ou seja, o mon-
tante de rendimentos não empregado na aquisição de artigos de consumo. O fluxo de
poupanças prossegue seu trajeto até ser, por sua vez, dividido em duas correntes:
- uma vai diretamente aos organizadores da produção (é a poupança realizada pelas
empresas e destinada a investimentos próprios);
- outra é dirigida ao mercado financeiro, após o que chega também aos organizado-
res da produção (é a poupança criada por pessoas físicas e transmitida por bancos e outras
instituições aos empresários desejosos de investir).
A poupança, já inteiramente sob controle dos organizadores da produção, chega ao
mercado de bens de capital onde permite a aquisição de equipamentos etc., destinados à
reposição do capital (investimento de reposição), ou à formação de novo capital (investi-
mento líquido).
Encarando a produção pela perspectiva “real”, vemos que o fluxo de bens e serviços
finalizados pelo aparelho produtivo num período de tempo se compõe de duas correntes
que constituem, respectivamente, a oferta de bens e serviços de consumo e de capital.
A oferta de bens e serviços de consumo é confrontada com a respectiva demanda
no mercado de bens e serviços de consumo. Por outro lado, os bens e serviços de capital
propiciam tanto a renovação dos equipamentos, instrumentos de trabalho etc. desgasta-
dos quanto a efetivação do investimento líquido da comunidade. Este montante de in-
vestimentos irá se adicionar ao estoque de fator capital, que, juntamente com os recursos
naturais e a população ativa, compõem a constelação de fatores.

87
CAPÍTULO III

UNIDADE XI
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
1 CRESCIMENTO ECONÔMICO X DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
A Teoria do Crescimento e do Desenvolvimento Econômico concentra-se na discus-
são de estratégia de longo prazo, ou seja, que medidas precisam ser tomadas para promo-
ção de um crescimento econômico equilibrado e autossustentado.
A oferta ou produção agregada tem importante função na condução do crescimen-
to de longo prazo.
Na teoria do crescimento considera-se o pleno emprego dos recursos. Dessa forma,
ênfase é dada ao comportamento do produto de pleno emprego da economia.

que o crescimento econômico e o desenvolvimento


econômico estão interligados mas são dois conceitos
diferentes.

Crescimento econômico é o crescimento contínuo da renda per capita ao longo


do tempo.
O desenvolvimento econômico é um conceito qualitativo, inclui as alterações na
composição do produto e distribuição de recursos pelos diferentes setores da econo-
mia, de forma a melhorar os indicadores de bem estar econômico e social (pobreza,
desemprego, desigualdade, condições de saúde, nutrição, educação, moradia, etc.).
Há grandes disparidades na distribuição de renda entre países, notadamente na
América Latina, Ásia e África, nos quais uma pequena parcela da população vive muito
bem enquanto a grande maioria tem rendas bem abaixo do nível médio de renda.
O crescimento da produção e da renda é derivado de variações na quantidade e qua-
lidade de dois fatores de produção básicos: capital e mão de obra. Podem ser destacadas
como fonte de crescimento:
• Aumento na quantidade de mão de obra em virtude do aumento demográfico e da
imigração.

88
• Aumento do estoque de capital ou da capacidade produtiva.
• Melhoria na qualidade da mão de obra através de treinamento e especialização.
• Aumento da eficiência na utilização do estoque de capital derivado da melhoria
tecnológica.
2 FATORES ECONÔMICOS ESTRATÉGICOS PARA O CRESCIMENTO
• Capital Humano é o valor do ganho de renda potencial incorporado nos indivíduos
O capital humano inclui:
o Habilidades inerente à pessoa;
o Talento;
o Educação;
o Habilidades adquiridas;

Ao diferenciar o trabalhador médio em países industrializados do trabalhador médio


em países em desenvolvimento percebe-se que o primeiro trabalha com mais capital físico,
bem como é mais qualificado.
O capital humano pode ser adquirido mediante educação formal, treinamento e ex-
periência. Nos países em desenvolvimento destaca-se a dificuldade, em função do baixo
nível de renda, para acumular fatores de produção e capital humano ou físico.
As economias menos desenvolvidas enfrentam vários dilemas em função do baixo nível
de renda, entre eles estão:
• Como usar os recursos que mal conseguem prover as necessidades de subsistência
para investir em educação ou em capital físico;
• Para as famílias é difícil decidir se a criança deve começar a trabalhar ou ir para a
escola;
• Para o governo é difícil decidir como usar os recursos muito limitado que tem sob
seu comando;
O crescimento está limitado ao tempo que os fatores de produção levam para se acu-
mularem. A educação é o fator mais poderoso para promover o crescimento, bem como
para diminuir as desigualdades, mas como leva muitos anos para que se eleve o nível de
educação e treinamento em economias menos desenvolvidas, ocorre o chamado “círculo
vicioso da pobreza”.

89
Capital Físico
A forte presença de máquinas e de equipamentos sofisticados abundantes em paí-
ses ricos e de sua escassez em economias pobres torna o capital físico o centro das expli-
cações para o progresso econômico.
A relação produto-capital é um conceito muito usado para mostrar o papel do capi-
tal físico no processo de desenvolvimento econômico. A relação produto-capital é a razão
entre a variação do produto nacional e a variação do estoque de capital. Assim:
Variação do produto nacional (Δy)
Variação do estoque de capital (ΔK)

A relação capital produto também é conhecida como produtividade marginal do capital.


3 FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Um país pode usar para investimento sua poupança interna ou ainda a poupança
estrangeira através de empréstimos ou ajuda financeira.
Caso a poupança doméstica seja necessária para acumulação de capital, o país deve
adotar políticas que incentivem as pessoas a renunciarem a parte do consumo presente.
O mercado financeiro e de capitais também é fator importante na mobilização de
recursos para formação de capital e para canalização dos recursos das famílias, através de
intermediários financeiros, para o investimento das empresas.
Um país em desenvolvimento pode atrair poupança estrangeira dos seguintes modos:
• As empresas estrangeiras investirem diretamente no país;
• Atrair recursos estrangeiros por meio de empréstimos nos mercados mundiais de
capitais ou em instituições como o Banco Mundial;
• Através de ajuda externa;
Até aqui foi possível observar diferenças entre ocrescimento e o desenvolvimento econô-
mico que podem ser reudidas no quadro abaixo:
O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) COMO MEDIDA DO BEM-ESTAR
Não há um consenso entre os economistas de que o PIB meça adequadamente o
bem-estar da coletividade, isto é, muitos argumentam que o PIB não reflete as condições
econômicas e sociais de um país. Ou seja:
• Não registra economia informal;
• Não considera os custos sociais derivados do crescimento econômico, tais

90
como poluição, congestionamentos, piora do meio ambiente etc.;
• Não considera diferenças na distribuição de renda entre os vários grupos da
sociedade.
A discussão ganha força quando se fala da adequação (ou não) do PIB como
medida de bem-estar, quando se observa que as Nações Unidas calculam periodicamente
um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em consideração:
• Índice econômico (Renda Nacional Bruta per capita, pelo critério de pa-
ridade de poder de compra);
• Índice de expectativa de vida;
• Índice de educação.
O IDH é uma média aritmética desses três indicadores, e varia de 0 a 1: quanto mais
próximo de 1, maior o padrão de desenvolvimento humano do país.
• O IDH é elevado se for superior a 0,8;
• O IDH é médio se varia entre 0,5 e 0,8;
• O IDH é baixo se for inferior a 0,5.
O índice de expectativa de vida (anos de esperança de vida ao nascer) indica indire-
tamente as condições de saúde e saneamento do país. O índice de educação é uma média
composta pela média de anos de estudo da população adulta (25 anos ou mais) e anos de
escolaridade esperada (expectativa de vida escolar, ou tempo em que uma criança ficará
matriculada, se os padrões atuais se mantiverem ao longo de sua vida escolar).
Os países são divididos em quatro grupos:
• desenvolvimento econômico muito alto (25% maiores IDH);
• desenvolvimento econômico alto (25% IDH seguintes)
• desenvolvimento econômico médio (25% seguintes);
• desenvolvimento econômico baixo (últimos 25% IDH).

Que há nações com diferenças notáveis entre o


SAIBA
indicador socioeconômico (IDH) e o puramente
econômico (PIB), principalmente, os países árabes
que apresentam alta renda per capita, mas padrão
social relativamente baixo.

Contudo, no geral, há uma razoável correlação do PIB per capita com o grau
de desenvolvimento social de um país.

91
Nas tabelas 8.11 e 8.12 apresentam-se dados mais detalhados para o Brasil.
Tabela 8.11 IDH Brasil – 2012

2012
Esperança de vida ao nascer (anos) 73,8
Média de anos de escolaridade 7,2
Anos de escolaridade esperada 14,2
CLASSIFICAÇÃO IDH 85º
RNB per capita (US$ PPP) 10.152
CLASSIFICAÇÃO RNB per capita 85º
Fonte: PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Hu-
mano – Relatório 2013 – www.pnud.org.br
Tabela 8.12 IDH – 2000-2010(*)

ANO IDH Brasil


2000 0,669
2005 0,699
2006
2007 0,71
2008
2009
2010 0,726
2011 0,728
2012 0,73
Fonte: PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Hu-
mano – Relatório 2013 – www.pnud.org.br

Nota: anos 2001 a 2004 e anteriores a 2000 ainda não disponíveis na nova
metodologia.

92
CAPÍTULO II
a) No orçamento do governo, de um lado, estão os gastos com saúde, educação,
funcionalismo, previdência... Isso é pago com os nossos impostos. Se o dinheiro não é su-
ficiente para manter o equilíbrio, o governo pede emprestado, se endivida. Só que precisa
pagar juros. Aí a despesa do outro lado aumenta. O governo pede mais dinheiro empres-
tado. Governos de um modo geral fazem isso. O problema é quando não dá mais para
segurar a dívida, aí a população paga caro demais.
“Com o desequilíbrio das contas públicas, o Brasil precisa de empréstimos, e o Ban-
co Central fixa taxas elevadas, porque senão ninguém emprestaria dinheiro para o go-
verno. Com isso essa taxa de referência, a Selic, acaba balizando as taxas de mercado, o
cidadão que vai comprar uma geladeira, ou um fogão acaba pagando juros exorbitantes
em função do que? Do desequilíbrio das contas públicas”, explica Gil Castello Branco, se-
cretário-geral Contas Abertas. (Disponível em http://g1.globo.com/25/10/2016 acesso em
12/1/2017)
Justificar a seguinte afirmativa: “o equilíbrio nas contas públicas é fundamental para
a retomada do crescimento econômico”.

93
CAPÍTULO IV
ECONOMIA MUNDIAL

Na atualidade, o mundo se apresenta fortemente interligado, seja por


fluxos de comércio, seja por fluxos financeiros. Os países estão, cada vez
mais, expostos a decisões tomadas por agentes econômicos do exterior.
Neste capítulo, iremos abordar tópicos da relacionados a interligação
entre os países.

Você está pronto para iniciar seus estudos introdutórios sobre a Econo-
mia Mundial? Está em um local agradável e que facilite sua à aprendiza-
gem?

A Unidade IV proporcionará o contato com importantes fundamentos,


definições, características e ETC.

O capítulo começa mostrando porque os países comercializam entre si,


ou seja, quais os benefícios do comercio internacional, Na sequência,
retornaremos ao estudo da política econômica destacando a política ex-
terna (política cambial e política comercial. Conhecer o Balanço de Paga-
mentos e os organismos que regulam o comércio internacional é o tema
da unidade XIII e, por fim, abordaremos a globalização e a integração
econômica regional.

Boa leitura!

94
CAPÍTULO IV

UNIDADE XII
SETOR EXTERNO
1 FUNDAMENTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
Os países participam do comércio internacional por dois motivos básicos, cada um
deles contribui para seu ganho do comércio:
a) Os países comercializam entre si porque diferem uns dos outros. As nações, como
os indivíduos, podem se beneficiar de suas diferenças, chegando a um arranjo em
que cada uma produza as coisas que faz melhor em relação aos demais;
b) os países fazem comércio para obter economias de escala na produção. isto é, se
cada um produz somente uma gama limitada de bens, pode produzir cada um
desses bens em uma escala maior e, portanto, mais eficientemente do que se
tentasse produzir tudo.

No mundo real, os padrões do comércio internacional refletem a interação de ambos


os motivos.
Contudo, como um primeiro passo para compreender as causas e os efeitos do co-
mércio, é útil examinar modelos simplificados em que um desses motivos estará presente.

Para compreender como as diferenças entre os países faz surgir o comércio entre
eles e porque esse comércio é mutuamente benéfico,o conceito essencial dessa análise é
o da vantagem comparativa.

que embora o conceito da vantagem comparativa seja


simples, a experiência mostra que muitas pessoas tem grande
dificuldade em compreendê-lo (ou aceitá-lo). Na verdade, Paul
Samuelson - o economista ganhador do Prêmio Nobel que
teve grande participação no desenvolvimento dos modelos
de comércio internacional descreveu a vantagem comparativa
como o melhor exemplo de um princípio econômico que inegavelmente verdadeiro, mas que
nem por isso óbvio para as pessoas inteligentes.

95
Segundo o princípio das vantagens comparativas – Teoria clássica do comércio inter-
nacional, formulada por David Ricardo em 1817, O processo de trocas entre os países deve
ocorrer por meio da especialização de cada um deles na produção de diferentes bens.
Ricardo sugere que cada país deva especializar-se na produção daquela mercadoria
em que é relativamente mais eficiente (ou que tenham um custo relativamente menor).
Essa será, portanto a mercadoria a ser exportada por outro lado esse mesmo país deverá
importar aqueles bens cuja produção implicará um custo relativamente maior (cuja produ-
ção relativamente menos eficiente).
O exemplo elaborado por Ricardo tem as seguintes considerações:

• dois países (inglaterra e portugal);


• dois produtos (tecido e vinho);
• apenas um fator de produção (mão de obra).

Quantidade de homens/hora para Tecido Vinho


produção de uma unidade de mer-
cadoria
Inglaterra 100 120
Portugal 90 80
Como pode ser visto acima, Portugal é mais eficiente na produção tanto de tecido
quanto de vinho, em termos absolutos. Contudo, em termos relativos o custo de produção
de tecidos em Portugal supera o da produção de vinho. Em contra partida, na Inglaterra o
custo da produção de tecidos é menor do que da produção de vinho.
Na comparação entre os dois países, a Inglaterra tem vantagem relativa na produção
de tecido enquanto Portugal tem vantagem relativa na produção de vinho. Os benefícios
da especialização serão percebidos por meio da exportação do bem em o país possui van-
tagem comparativa e da importação do outro bem.

A limitação da Teoria das Vantagens Comparativas

SAIBA
apresenta como limitação o fato de ser relativa-
mente estática, isto é, desconsidera que à medida
que as economias se desenvolvem e seu nível de
renda aumenta há mudanças nas estruturas de de-
manda e da oferta, assim como nas relações de preço dos produtos no mercado inter-
nacional.

96
De acordo com o exemplo anterior, o aumento na renda e no volume de comércio
internacional provocaria aumento na demanda por tecidos mais que proporcional à de-
manda por vinho. Nesse caso haveria tendência à deterioração da relação de troca entre
Portugal e Inglaterra, sendo esta última favorecida.
O Modelo de Heckscher-Ohlin é a base para a Teoria Moderna do Comércio Inter-
nacional. Segundo esse modelo as vantagens comparativas são dadas pela escassez ou
abundância relativa de fatores de produção.
Por exemplo, um país como o Brasil pode ter abundância relativa de mão de obra
e, desse modo o custo relativo da mão de obra será menor. O Brasil deverá se especializar
na produção de bens intensivos em mão de obra, bem como exportar esses bens. Para os
bens cuja produção é intensiva do capital, o Brasil deveria deixar que a produção seja rea-
lizada no exterior importando os bens a um custo relativamente menor.
Novas explicações para os benefícios do comércio internacional têm sido desenvol-
vidas nas últimas décadas, sendo introduzidas questões relacionadas à economia de esca-
la, às características da demanda, a estrutura de mercados não concorrenciais, entre outras.
2 TAXA DE CÂMBIO
2.1 DEFINIÇÃO
A taxa de Câmbio é definida como o valor de uma unidade de moeda estrangeira
em moeda nacional.
Assim, 1 (um) euro pode custar 3,55 reais, 1 (um) dólar pode custar 3,20 reais etc.

que para cada moeda estrangeira há uma taxa de câmbio. No


Brasil, o dólar é a principal moeda de referência em relação à
taxa de câmbio.

Na relação entre o real e o dólar, a taxa de câmbio é a quantidade de reais necessária


para a compra de 1(um) dólar.
Dessa forma, se a taxa de câmbio é 3,20 são necessários 3,20 reais para comprar
1(um) dólar. Caso a taxa de câmbio passe de 3,20 para 3,40, pode-se dizer que a moeda
americana sofreu uma apreciação ou valorização (e, consequentemente, o real sofreu uma
depreciação ou desvalorização).
Mas se a taxa de câmbio passar de 3,20 para 3,00 terá ocorrido uma depreciação ou
desvalorização do dólar (e uma apreciação ou valorização do real).
É comum falar que ocorreu uma desvalorização cambial, quando a taxa de câmbio
sobe e uma valorização cambial quando a taxa de câmbio desce.

97
A taxa de câmbio pode afetar o resultado da balança comercial e do balanço de pa-
gamentos de um país por interferir diretamente no comércio exterior.
A taxa de câmbio afeta os preços dos produtos exportados e importados. Por exem-
plo, uma desvalorização da moeda nacional tende a estimular as exportações, pois quando
ocorrer conversão de dólares em reais, os exportadores irão receber mais reais pela mesma
quantidade de dólares.

Considerando-se, por exemplo, uma taxa de câmbio

SAIBA
de 3,00 reais por dólar e que o exportador vendesse
100 unidades do seu produto por 10 dólares cada.
O faturamento do exportador seria 1.000 dólares
ou 3.000 reais. Caso a taxa de câmbio passe de
3,00 para 3,20, o exportador receberá os mesmos 1.000 dólares sendo que agora eles
valerão 3.200 reais.

Logo, a desvalorização do real frente ao dólar estimulará as exportações e aumentará a


oferta de dólares no país.
Para os importadores, o efeito da desvalorização da moeda nacional é o oposto. Quanto
mais desvalorizada estiver a moeda nacional, mais dólares os importadores terão de pagar pela
mesma quantidade de produtos. Neste caso, ocorrerá um desestimulo as importações, e, conse-
quentemente, uma diminuição na demanda por dólares. As variações na taxa de câmbio podem
provocar efeitos sobre:

• Exportações e importações

A desvalorização cambial tende a estimular as exportações e inibir as importações. Quando


a taxa de câmbio sobe, os compradores estrangeiros compram mais produtos brasileiros com a
mesma quantidade de dólares, em contra partida os importadores brasileiros tendem a importar
menos, pois pagarão mais reais por dólar. Os exportadores brasileiros receberão mais reais por
dólares exportados enquanto os exportadores estrangeiros receberão menos dólares por real
vendendo ao Brasil. Por outro lado a valorização cambial por tornar a moeda nacional mais forte
estimulará as exportações e desestimulará as exportações.

Efeito sobre a taxa de câmbio sobre a inflação


A valorização da taxa de câmbio, por tornar a moeda nacional mais forte, estimula a
compra de produtos importados, que por sua vez, aumenta a concorrência com os produ-
tos nacionais, isto provoca uma pressão para a queda dos preços internos.
O uso da política cambial para essa finalidade, normalmente, está associada a uma
política de liberalização de importações com queda das tarifas sobre importações e das
barreiras protecionistas.
A valorização da moeda nacional como instrumento de controle da inflação permite
uma melhora da eficiência produtiva, mediante aumento da concorrência externa bem
como mediante a modernização do parque produtivo derivada de importações mais ba-
ratas.

98
que podem ser observados efeitos negativos nas exportações
pelo encarecimento do preço dos produtos a serem exportados,
assim como para os setores antes protegidos e que se tornaram
vulneráveis pela concorrência externa.

O plano real implementado a partir de julho de 1994 usou uma política de valoriza-
ção cambial até janeiro de 1999 muito criticado, nesse aspecto, pelo seguinte motivo:
Quando o país cresce as exportações tendem aumentar, mas isso não ocorre neces-
sariamente com as exportações que dependem do aumento da demanda externa e não do
crescimento da renda interna. Nesse sentido, uma política de valorização cambial tende a
aumentar a dependência do país de financiamentos externos, o que representa a restrição
externa ao crescimento constituindo-se numa verdadeira ‘armadilha’ cambial. (VASCONCE-
LLOS, 2014p.214)
É chamado de pass-through ou repasse cambial o efeito da desvalorização cambial
sobre as taxas de inflação, pois o aumento no custo das importações traz aumento no cus-
to das importações de insumos e, consequentemente sobre as taxas de inflação.
3 POLÍTICAS EXTERNAS
A atuação do governo na área externa pode ocorrer por meio da política cambial e
comercial.
3.1 POLÍTICA CAMBIAL
A política cambial depende do regime cambial do país.
Os regimes cambias são, normalmente, classificados em três categorias:
a) Regime cambial com taxa de câmbio fixa;
b) Regime cambial com taxa de câmbio flutuante (flexível);
c) Regime cambial de bandas cambiais.
Regime cambial com taxa de câmbio fixa
O Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio que será usada pelo mer-
cado.
Neste caso, o Banco Central é obrigado a comprar e vender divisas a uma taxa de
câmbio preestabelecida, quando solicitado, para abastecer de reservas o mercado.
As divisas são necessárias para a realização das diversas transações relacionadas com:
a) comércio exterior;
b) turismo;
c) capital para financiamento etc.

99
O regime cambial com taxa de câmbio fixa torna mais previsíveis as transações entre
residentes e não- residentes do país, pois não sofre a instabilidade cambial.

que ao adotar o regime cambial com taxa de câmbio fixa, o


país perde a política monetária como instrumento da política
econômica, visto que a quantidade de moeda nacional em
circulação no mercado fica restrita à manutenção da taxa de
câmbio. Caso o Banco Central não acerte na escolha da taxa
de câmbio,

Regime cambial com taxa de câmbio flexível


A taxa de câmbio é determinada pelo mercado, através da oferta e da demanda de
moeda estrangeira.
A oferta de moeda estrangeira é dada por aqueles que trazem divisas do exterior,
inclusive os exportadores. A demanda por moeda estrangeira é composta por aqueles que
necessitam de moeda estrangeira para enviar ao exterior, nesta situação estão os importa-
dores.
No regime cambial com taxa de câmbio flexível, a volatilidade do mercado pode
aparecer como um grande obstáculo, visto que como a taxa de câmbio é determinada pelo
mercado, as alterações no mercado financeiro nacional e internacional podem provocar
rápidas desvalorizações cambiais, as quais tendem a elevar os preços dos produtos impor-
tados, com reflexos na taxa de inflação do país.
Como vantagem do regime cambial com taxa de câmbio flexível pode ser destacada
a atuação do Banco Central no direcionamento dos instrumentos da política monetária,
como a taxa de juros, para o objetivo de estimular o crescimento econômico e o emprego.

mesmo no regime cambial com taxa de câmbio flex-

SAIBA
ível, o Banco Central interfere indiretamente na de-
terminação da taxa de câmbio. Para manter a taxa
de câmbio dentro dos limites considerados adequa-
dos, em virtude da meta da política econômica, o
Banco Central pode comprar ou vender divisas no mercado.

Exemplo: Considerando-se que a meta da política econômica seja o controle da in-


flação, uma apreciação do real pode contribuir para o aumento da inflação, pois encarece
o preço dos produtos importados. Neste caso, o Banco Central pode injetar divisas no mer-
cado forçando a queda na sua cotação.
Quando o Banco Central interfere indiretamente na determinação da taxa de câm-
bio através da compra ou venda de divisas no mercado, ocorre a chamada flutuação suja,
ou dirty floating. As intervenções do Banco Central não são antecipadas.

100
Regime de bandas cambiais
É um regime intermediário entre o regime com taxa fixa e o regime com taxa flexível.
Neste regime cambial, o Banco central determina um limite máximo e um limite mínimo
entre os quais a taxa de câmbio pode oscilar livremente.
No Brasil, o regime com bandas cambiais foi adotado após a implementação do Pla-
no Real e deixou de ser usado em 1999, quando passou a vigorar o regime cambial com
taxa de câmbio flexível, que permanece até os dias atuais.

CÂMBIO FIXO CÂMBIO FLUTUANTE


CARACTERÍSTICAS • Banco Central fixa • O mercado determina a taxa
taxa de câmbio. de câmbio

• Banco Central é • O Banco Central não é obriga-


obrigado a dispo- do a disponibilizar as reservas
nibilizar as reser- cambiais.
vas cambiais.
VANTAGENS • Maior controle • Política monetária mais inde-
da inflação (custo pendente do câmbio.
das importações).
• Reservas cambiais mais prote-
. gidas de ataques especulati-
vos.

DESVANTAGENS • Reservas cam- • A taxa de câmbio fica muito


biais vulneráveis a dependente da volatilidade
ataques especula- do mercado financeiro nacio-
tivos. nal e internacional.

• A política mo- • Maior dificuldade de contro-


netária (taxas de le das pressões inflacionárias,
juros) fica depen- devido às desvalorizações
dente do volume cambiais.
de reservas cam-
biais.
Fonte: Vasconcellos, 2014, p.217

101
3.2 POLITICA COMERCIAL
Variáveis que afetam as exportações e as importações agregadas
O conhecimento dos fatores que afetam as exportações e as importações é impor-
tante em função do alcance dos objetivos da política econômica, assim como do estabele-
cimento de projeções sobre o comportamento do comércio exterior do país.
Obs.: O dólar será exclusivamente considerado como divisa.
Exportações
• Preços externos em dólares: As exportações dos produtos brasileiros se elevam
quando os preços dos nossos produtos se elevam no exterior. Exemplo: elevação no
preço das commodities.
• Preços internos em reais: uma elevação dos preços internos dos produtos exportá-
veis pode incentivar a venda no mercado interno e, consequentemente, desestimu-
lar as exportações.
• Taxa de câmbio nominal: Uma desvalorização cambial promove um recebimento de
mais reais pelos mesmos dólares anteriores para os nossos exportadores, bem como
pelos compradores externos, que com os mesmos dólares anteriores poderão com-
prar mais produtos nacionais.
• Renda Mundial: Aumento da renda mundial estimula as exportações em virtude do
aquecimento o comércio internacional.
• Subsídios as Exportações: Sempre representam um fator de estímulo as exportações.
Importações
• Preços externos em dólares: As importações brasileiras terão uma retração caso os
preços dos produtos importados se elevarem no exterior em dólares.
• Preços internos em reais: As importações poderão se elevar por meio do incentivo a
compra de similares no mercado externo, caso ocorra um aumento dos preços dos
produtos internamente.
• Renda e produto nacional: O crescimento da economia de um país envolve aumento
da produção e da renda nacional, o que demandará mais produtos importados (ma-
térias primas, bens de capital ou bens de consumo).
• Tarifas e barreiras às importações: A elevação sobre de tarifas sobre importações, co-
tas de importações ou entraves burocráticos ocasionam uma diminuição nas com-
pras de produtos importados.

102
Relação entre Taxa de Câmbio e Taxa de Juros
Quanto mais elevada estiver a taxa de juros de um país, e, levando-se em considera-
ção a estabilidade da economia do país (risco), maior a entrada de divisas (moedas fortes).
• Consequências:
 Maior entrada de recursos pode provocar depreciação da moeda estrangeira (dólar)
frente à moeda nacional.
 Com a moeda estrangeira depreciada há reflexos sobre o comércio exterior do país,
ou seja, estimula as importações e inibe as exportações.

A política comercial é a atuação do governo sobre os


instrumentos de incentivo às exportações e/ou estí-
mulo/desestímulo às importações.

Os principais instrumentos da política comercial são:


 imposto de importação (tarifa aduaneira);
 cotas de importação;
 subsídios à exportação;
 barreiras não tarifárias;
 desvalorização cambial.

O Imposto de Importação, também conhecido como tarifa aduaneira ou tarifa de


importação, é cobrado quando o produto entra no país. A finalidade do imposto de im-
portação é tornar o preço do produto importado mais elevado, contribuindo para tornar o
produto nacional mais competitivo.
As quotas de importação são limitações quantitativas para os produtos importados.
Por exemplo: é estabelecido um contingenciamento de 100.000 unidades de um produto
por mês.
Os subsídios às exportações são incentivos concedidos pelo governo para estimular as
exportações. Um exemplo de subsídio à exportação é o drawback. O drawback na modali-
dade isenção consiste na isenção do pagamento do imposto de importação na compra de
insumos necessários à fabricação de produtos destinados à exportação.

(Saiba mais sobre o drawback em https// www.mdic.gov.br)

103
As barreiras não tarifárias são barreiras de caráter sanitário, fitossanitário, normas
técnicas e ambientais, entre outras.
Em virtude da diminuição das barreiras tarifárias impostas aos países membros da
Organização Mundial do Comércio (OMC), o uso das barreiras não tarifárias aumentou nos
últimos tempos.
A OMC foi criada em 1994 e incorporou o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio)
criado após a Segunda Guerra Mundial, em 1947.
Desvalorização cambial tem efeito sobre as exportações e importações. Quando a
moeda nacional se torna mais depreciada, há o estímulo às exportações e desestímulo às
importações. No sentido oposto, uma valorização da moeda nacional estimula as importa-
ções e inibe as exportações.
A política comercial dos países está sujeita as regras da OMC. A OMC tem como um
dos seus objetivos coibir práticas protecionistas, nas suas diversas formas, para tornar o
comércio internacional mais justo e dinâmico.

104
CAPÍTULO IV

UNIDADE XIII
BALANÇO DE PAGAMENTOS
1 DEFINIÇÃO E ESRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS
1.1 DEFINIÇÃO 
É o registro sistemático das transações ocorridas entre residentes e não -
residentes de um país em determinado período de tempo. 
Distinção entre residentes e não - residentes  
• Está associada ao local em que produzem e consomem bens e serviços. 
•  Residente é a pessoa física ou jurídica domiciliada em um país. Inclui os indivíduos
com residência fixa, mesmo que sejam imigrantes, as filiais de empresas estrangeiras
sediadas no país, os funcionários em serviço no exterior, bem como os indivíduos
que se encontram transitoriamente  
no exterior em viagem de turismo ou negócios. 
 1.2 ESTRUTURA GERAL DO BP 
 1- Balança Comercial (FOB) 
Exportações 
Importações 
 2-Serviços  
Transportes 
Viagens internacionais 
Seguros 
Financeiros 
Computação e informações 
Royalties e licenças 
Serviços governamentais 
Aluguel de equipamentos 
Outros serviços 

105
3- Rendas 
Remuneração do trabalho assalariado 
Rendas de investimentos diretos  
Rendas de outros investimentos 

4- Transferências Correntes ( donativos) 


 
5- Saldo em Transações  Correntes     ( 1+2+3+4)  
 
6- Conta de Capital  
Transferência de capital relacionadas com patrimônio de migrantes  
Aquisição de bens não- financeiros, não produtivos 
 
7- Conta Financeira 
Investimento direto 
Investimento em carteira 
Derivativos 
Outros investimentos (créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos)  
 
8- Erros e omissões 
 
9- Resultado do BP ( 5+6+7+8)  
  
O Balanço de Pagamentos no Brasil 
• O início da contabilização do BP no Brasil é de 1947. Os levantamentos eram feitos
pelo BB e FGV. Na atualidade a contabilização é feita pelo Banco Central. 
 
Implicações do Déficit em Transações Correntes 

106
Dívida externa - um país deficitário, em determinado ano, aumenta sua dívida com
o resto do mundo. Como terá que pagar juros sobre a dívida, isso vai ser lançado nas tran-
sações correntes. Se aquela não for paga,vai acumular juros por mais um ano, e assim por
diante. Logo, o déficit se realimenta. 
 Ajuste do BP 
• A persistência de déficits constitui um problema para a economia e só pode ocorrer
enquanto houver recursos para financiá-los. Quando as reservas se esgotam o BP é
forçado ao equilíbrio por não se poder gastar o que não se tem. 
• Para não se chegar a esta situação, o governo pode adotar algumas medidas, são
elas: 
 
• Restrições tarifárias ou quantitativas as importações; 
• subsídios às exportações; 
• controle da saída de capitais e de rendimentos para o exterior; 
• aumento da taxa interna de juros; 
• redução do nível de atividade econômica e; 
• desvalorização da taxa de câmbio 
• Restrições tarifárias e quantitativas as importações e subsídios às exportações - são
medidas protecionistas que melhoram o saldo do BP , mas podem gerar retaliações
por parte de outros países. Outra consequência é a distorção na alocação de recur-
sos e o país pode passar a exportar recursos produzidos de maneira pouco eficiente. 
• O controle da saída de capitais e elevação da taxa interna de juros - são mecanismos
eficazes apenas em curto prazo. A primeira traz o risco de inviabilizar investimentos
futuros e o aumento dos juros internos contribuem para atrair capitais financeiros.
Contudo, esta medida favorece o aumento do déficit público. 
• Contrair o nível de atividade econômica  - maior tributação ou menores gastos públi-
cos reduzem o endividamento externo. No entanto, provocam elevado custo social 
• A mais tradicional medida é a desvalorização cambial, mas também apresenta efei-
tos negativos como o aumento de preços dos produtos importados. 

2 ORGANISMOS INTERNACIONAIS
A Primeira Guerra Mundial, a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial pro-
vocaram fortes mudanças nas relações econômicas internacionais exigindo a criação de
várias instituições com o objetivo de estabelecer regras e convenções para regular as rela-
ções comerciais e financeiras entre os países.

107
O sistema monetário internacional até 1914 era chamado padrão-ouro clássico, ou
seja, um regime de taxas fixas de câmbio com base na cotação em ouro de cada uma das
moedas nacionais, sistema no qual os países definiam suas moedas em uma quantidade
fixa de ouro.
No fim da Segunda Guerra Mundial, em decorrência da redução do comércio inter-
nacional mostrou-se necessária e existência de um novo sistema monetário internacional
para precisar potencializar o desenvolvimento do mundo capitalista. Em 1944 foi realiza-
da a conferência de Bretton Woods que teve como resultado a reorganização do sistema
monetário internacional, importante para o crescimento do comércio mundial, bem como
o crescimento econômico do pós guerra.Sistema de Taxas de Câmbio de Bretton Woods
– criado em 1944 promoveu um sistema chamado padrão dólar-ouro que procurava flexi-
bilizar o padrão ouro que era base do sistema monetário internacional antes da Primeira
Guerra Mundial.No contexto de Bretton Woods foram criados os três pricipais organismos
internacionais do´pos grerra: o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o
Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT).
O Sistema Bretton Woods estabeleceu o dólar como moeda de conversibilidade in-
ternacional em relação ao ouro. As outras moedas nacionais tinham conversibilidade com
o dólar.
Havia o dilema que para o comércio prosperar era necessário o crescimento das re-
servas mundiais em dólares (para não haver crise de liquidez internacional). A injeção de
liquidez só seria possível com déficits externos dos Estados Unidos. Se esses déficits fos-
sem sistemáticos, e se os ativos em ouro norte americanos fossem constantes, a confiança
na conversibilidade do dólar e por consequência, a base dos acordos de Bretton Woods
se tornariam enviáveis. De outro modo, o crescimento também não aconteceria caso não
houvesse injeção de liquidez.
O Sistema Bretton Woods teve seu fim em 1971 como consequência dos aumentos
nos déficits americanos provocados pela política keynesiana (política de gastos públicos)
na década de 1960. Houve o rompimento da conversibilidade do dólar em relação ao ouro.
A partir de então as taxas de câmbio passaram a ser flutuantes marcando um período
de forte instabilidade com elevada desvalorização do dólar que mantendo-se a principal
reserva internacional, perdeu importância, principalmente em relação ao iene e ao marco
alemão.

2.1 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI)


O FMI foi fundado em 1944 e entrou em operação em 1946, tem como objetivos:
a) Promover a cooperação monetária entre as nações;
b) Ajudar a resolver problemas conjunturais de balanços e pagamentos;
c) Facilitar a expansão e o crescimento equilibrado do comércio internacional;

108
d) promover a estabilidade do câmbio;
e) auxiliar o estabelecimento de um sistema multilateral de pagamentos e elimi-
nar as restrições cambiais que inibe o crescimento do comércio mundial;
f) colocar recursos a disposição dos países membros que lhes possibilite corrigir
desajustes nos balaços de pagamentos sem recorrer as medidas que compro-
meteram a prosperidade nacional e internacional;
g) reduzir a duração e a intensidade dos desequilíbrios nos balanços de paga-
mentos.
O fundo de reservas necessário para atingir esses objetivos é constituído principal-
mente, por contribuições dos próprios membros a quota de cada país é calculada a partir
de prévia análise de seu desempenho econômico. A cota será maior quanto mais rico e
maior sua participação no comércio mundial.
As quotas são especificadas em Direito Especiais de Saque (DES). O DES é uma unida-
de puramente contábil, cujo valor flutuante é calculado diariamente pelo Fundo Monetário
Internacional, com base no valor das moedas dos cinco países filiados, os quais devem ter
a maior participação nas exportações mundiais.

que a cada cinco anos, para manter atualizada a

SAIBA
participação dos membros são realizadas novas
análises. Dependendo do avanço da prosperidade
do país a quota pode aumentar ou diminuir.

As quotas representam o montante de recursos disponíveis para serem emprestados


aos membros com dificuldades em seus balanços de pagamentos, bem como, referência
para empréstimos. Desse modo, maior é o limite de crédito de um país, quanto maior for a
sua contribuição.
As quotas também têm como função servir de referência para o peso do voto do
país nas decisões do FMI. Nesse caso, o voto é diretamente proporcional à participação no
volume total de recursos constituintes do Fundo.
Cada membro têm 250 votos básicos mais um voto adicional para cada DES. Por isso,
os Estados Unidos têm tanta influência na formulação de políticas dessa organização.
2.2 BANCO MUNDIAL
O Banco Mundial ou Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)
foi criado junto com o FMI, em 1944 e é um organismo que fornece e capta crédito para
investimentos produtivos em países menos desenvolvidos a ele filiados, sem finalidade de
lucros.
Os juros e comissões cobrados pelo Banco Mundial são destinados a cobrir suas des-
pesas e constituir um fundo de reserva. O BIRD tem uma estrutura administrativa que se
assemelha à do FMI.

109
Para ser filiado ao Banco Mundial, é necessário ser membro do FMI e subscrever quo-
tas de suas ações, em número estipulado de acordo com seus recursos econômicos que
vão constituir o capital do Banco Mundial (expresso em DES).
O interessado em requerer recursos deve apresentar o projeto detalhado do em-
preendimento. No caso de não ser o próprio governo, o requerente deverá apresentar
garantia do Banco Central ou de outra instituição do seu país aceita pelo Banco Mundial.
As etapas pelas quais o projeto passa são as seguintes:
1º O projeto passa pelo Conselho Consultivo que o encaminha a especialistas da área;
2º Os especialistas julgam a urgência, importância e viabilidade do projeto;
3º Caso aprovado a Comissão Consultiva do Banco indica de onde sairão os recursos (se do
próprio banco ou se será necessário a recorrer a capitais particulares);
4º A execução do projeto financiado será fiscalizado pelo Banco Mundial o qual libera os
recursos de acordo com o andamento do projeto e pode, quando julgar necessário, pedir
informações sobre aplicação desses recursos, ou sobre a própria execução do projeto.
2.3 ACORDO GERAL DE TARIFAS E COMÉRCIO (GATT)/ ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO CO-
MÉRCIO
Na conferência de Bretton Woods havia planos de criação da Organização Interna-
cional do Comércio (OIC), objetivando impedir que guerras comerciais como a da década
de 1930 voltassem a acontecer. Contudo, a ideia não avançou por conta da recusa do Con-
gresso norte americano a ratificar os termos do acordo.
Na conferência sobre comércio e emprego promovida pelo Conselho Econômico e
Social da Organização das Nações Unidas (ONU) foi apresentado o Acordo Geral Sobre Tari-
fas e Comércio que após incorporar algumas sugestões foi assinado por 23 países em 1947.
O objetivo original do GATT era reduzir as barreiras comerciais entre países aumen-
tar sua interdependência, reduzindo os riscos de novo conflito mundial. Como a OIC nunca
chegou a ser criada, as regras do GATT prevaleceram nas negociações comerciais até serem
incorporada pela OMC, criada em janeiro de 1995.
No âmbito do GATT houve sete rodadas de negociações. A última, a rodada Uruguai,
que ocorreu entre 1986 e 1993 envolveu 123 países. Nessa rodada foram discutidos vários
temas e entre eles a extinção do GATT e a incorporação de suas regras pela OMC.
A OMC é uma organização permanente e com personalidade jurídica própria. Entrou
em funcionamento em 1º de janeiro de 1995 e suas principais funções são:
• Gerenciar os acordos multilaterais de comércio relacionados a bens, serviços e direi-
tos de propriedade intelectual;
• Administrar o entendimento sobre soluções de controvérsias;

110
• Servir de fórum para as negociações;
• Supervisionar as políticas comerciais nacionais;
• Cooperar com outras organizações internacionais;

A OMC herdou do GATT os seguintes princípios básicos:


• Redução das barreiras comerciais;
• A não discriminação comercial entre os países;
• A compensação aos países prejudicados por aumento nas tarifas alfandegárias;
• Arbitragem nos conflitos internacionais;

A
criação da OMC ampliou o acesso aos mercados

SAIBA
de outros países, mas em contrapartida, reduziu
os graus de liberdade das nações na definição das
políticas econômicas que afetam o comércio isto
porque, as políticas comerciais de países membros
da OMC passaram a ser submetidas a regras mais rígidas que as vigentes no âmbito
do GATT.

A decepção de Doha
Já no âmbito da OMC começou em 2001 a nona grande rodada de negociações
comerciais mundiais na cidade de Doha, no Golfo Pérsico. Assim como nas rodadas ante-
riores, esta foi marcada por uma negociação difícil. Mas, no final de 2007, algo inusitado
pareceu ocorrer: pela primeira vez desde a criação do GATT uma rodada de negociações
comerciais se encerrou sem nenhum acordo à vista (...).
Na realidade, o parente fracasso de Doha deve muito ao sucesso das negociações
anteriores por estas terem sido tão bem sucedidas na redução de barreiras comerciais, as
que restaram eram relativamente baixa, de modo que os ganhos potencias de delibera-
ções comerciais adicionais se tornaram modestos. Com efeito, as barreiras ao comércio na
maioria dos bens manufaturados, exceto vestuário e têxtis, são atualmente mais ou menos
triviais. A maioria dos ganhos potenciais de uma movimentação para um comércio mais
livre resultaria na redução de tarifas e subsídios à exportação - que representa o último
setor a ser liberalizado por ser o mais sensível em termos políticos.

111
CAPÍTULO IV

UNIDADE XIV
GLOBALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL

1 GLOBALIZAÇÃO – CONCEITO E CARACTERÍSTICAS


1.1 CONCEITO
O conceito de globalização ainda permanece impreciso, apesar do uso extenso que
dele tem sido feito na literatura contemporânea em relação às mudanças nas relações in-
ternacionais, econômicas e políticas, que o mundo vem assistindo nas últimas décadas.
O processo de globalização representa uma nova “formatação” capitalista, que é de-
rivada da dinâmica da acumulação e internacionalização dos capitais. Esta nova “formata-
ção” capitalista envolve diferentes aspectos e dimensões.
Do ponto de vista comercial, o processo de globalização é traduzido na semelhança
crescente das estruturas de demanda e na crescente homogeneidade da estrutura de ofer-
ta das várias economias. São possibilitadas com isso a apropriação de ganhos de escala,
a uniformização de técnicas produtivas e administrativas e a redução do ciclo de vida do
produto.
Verifica-se também o crescimento intrafirmas. Em consequência, a competição, que
anteriormente estava centrada no produto, passa a ser centrada na tecnologia do processo.
A competição passa a ocorrer em escala mundial, com as empresas frequentemente
reestruturando sua atividade em termos geográficos, e sendo beneficiadas tanto pelas
vantagens comparativas de cada país como pelo próprio nível de competitividade de cada
empresa.
As diversas rodadas de negociações multilaterais no âmbito do GATT (Acordo Geral
de Tarifas e Comércio), ao reduzirem as barreiras comerciais, contribuíram para estimular a
globalização comercial. A perspectiva institucional revela que a globalização leva a uma
semelhança cada vez maior na configuração dos diversos sistemas nacionais e a uma con-
vergência dos requisitos referentes à regulação em diversos setores, levando as economias
a se direcionarem a um comportamento mais homogêneo.
Quanto à política econômica, a globalização altera diversos atributos relativos à
soberania econômica e política em um número cada vez maior de países, tanto nas econo-
mias em desenvolvimento.

112
Os novos padrões de comércio e de produção estão fazendo com que os Estados re-
definam seu comportamento na área da industria, dos serviços e das trocas internacionais,
e compete aos Estados a definição de políticas que visam criar e apoiar o desenvolvimento
de vantagens competitivas para suas indústrias nacionais.
As políticas nacionais afetam cada vez mais o comércio internacional e, por sua vez,
as decisões no âmbito internacional afetam as políticas nacionais.
A perda de autonomia no estabelecimento das políticas nacionais tem sido um tema
amplamente estudado. Existe uma mudança na forma de intervenção do Estado no domí-
nio econômico, e seu passa a ser mais de regulação.
A identificação do fenômeno
As condições favoráveis de crescimento do comércio internacional no período após
a Segunda Guerra Mundial representam o ponto de partida para o processo de interde-
pendência econômica. Surgiu, pela primeira vez, a noção de uma economia mundial.
As diversas rodadas de negociações multilaterais no âmbito do GATT, que tinham
por meta remover as barreiras comerciais, possibilitaram um crescimento do volume de
comércio sem precedentes.
O fim da Guerra Fria e queda do Muro de Berlim aceleram o processo e propiciaram
a construção de um novo modelo na ordem econômica mundial. Havia um modelo de po-
laridades definidas: de um lado os Estados Unidos como líder e, do outro, a União Soviética.
Ainda está em formação um novo modelo, no qual os Estados Unidos vêm se impondo
como única potência mundial, não apenas no campo militar, como também no econômico.
Contudo, na área comercial, a disputa está intensa entre os Estados Unidos, União Europeia,
Japão e China.
O mundo era analisado por um modelo de polaridade definidas e na atualidade se
encontra em um modelo mais complexo de polaridades ainda indefinidas.

AS EMPRESAS TRANSNACIONAIS E O COMÉRCIO INTERNACIONAL


A empresa transnacional pode ser definida como a empresa de grande porte, que
possui capital em no mínimo dois países e conta com um grau elevado de dinamismo tec-
nológico. As empresas transnacionais possuem um lugar de destaque no novo cenário
do comércio internacional. As empresas transnacionais têm uma grande capacidade de
mobilizar recursos, sejam estes financeiros, mercadológicos, gerenciais ou organizacionais,
em qualquer parte do mundo.“A empresa transnacional é o principal agente privado da
inovação tecnológica, desempenha relevante papel no comércio internacional e realiza a
quase totalidade dos fluxos de investimento externo direto no mundo”.
Com isto, as empresas transnacionais acabam por interferir na política interna dos
países onde estão sediadas. No comércio de bens e serviços, as empresas transnacionais

113
se destacam devido sua elevada especialização. No entanto, a atuação das empresas trans-
nacionais é particularmente importante no comércio de produtos manufaturados, em vir-
tude da convergência entre os padrões de investimento e comércio internacional.
A relação de comércio entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimen-
to ocorre predominantemente em um comércio interindustrial. É marcante a influência
das empresas transnacionais no comércio internacional, e nem sempre os governos conse-
guem direcionar o comportamento dessas empresas.
Um dos principais efeitos da influência das empresas transnacionais no comércio in-
ternacional é a dificuldade de imposição das regras da Organização Mundial do Comércio
(OMC). As regras da OMC devem levar em consideração os principais agentes do comércio
que são as empresas transnacionais, mas que se encontram, muitas vezes, fora do controle
dos governos, que são os negociadores das regras do comércio internacional e membros
da OMC.
Integração Econômica Regional
O livre comércio caracterizou as relações comerciais internacionais, desde a segunda
metade do século passado até 1914. Os Estados não intervinham, cabendo a iniciativa pri-
vada direcionar as relações comerciais internacionais (Período do Liberalismo Clássico).
A situação mudou intensamente durante o período compreendido entre as duas
guerras mundiais. Após o período de guerra, o comércio internacional passou a ser regu-
lado por outra ideologia, que visava a liberdade generalizada das trocas de mercadorias.
Surgiram os acordos internacionais; nos quais, a liberalização do comércio era sustentada,
também, em não intervenção estatal nas relações comerciais internacionais (Neoliberalis-
mo).
Logo, pode-se salientar que durante a época do Liberalismo Clássico havia uma vo-
luntária abstenção do Estado enquanto que no Neoliberalismo a intervenção do Estado
estava limitada pelos acordos internacionais.

A GLOBALIZAÇÃO E O MEIO AMBIENTE


As preocupações sobre os impactos humanos sobre o meio ambiente aumentam
em grande parte do mundo. Essas apreensões desempenham um papel crescente na po-
lítica doméstica.
É inevitável, portanto, que as questões ambientais desempenham um papel de
importância crescente também nas disputas do comércio internacional. A expansão do
comércio internacional prejudica de forma direta o meio ambiente; alguns também, afirmam
que os acordos comerciais internacionais – e o papel da OMC, em particular – exercem o
efeito de bloquear medidas ambientais. A maioria dos economistas internacionais avalia
a primeira alegação como simplista e discorda da segunda. Ou seja, eles negam que haja
uma correlação simples entre a globalização e o meio ambiente e não creem que os

114
acordos comerciais impeçam os países de adotar políticas ambientais elucidativas. Todavia,
a interseção entre comércio e meio ambiente levanta algumas questões importantes.

Globalização, crescimento e poluição


O crescimento econômico traz, como consequência, alguns efeitos indesejáveis so-
bre o meio ambiente. como afirmam Krugman e Obstfeld (2013):

Tanto a produção quanto o consumo acarretam, como subprodu-


to, o dano ambiental. As fábricas poluem o ar e às vezes despejam
efluentes nos rios; os fazendeiros usam fertilizantes e pesticidas
que acabam nas águas; os consumidores dirigem carros emisso-
res de poluição. Por conseguinte – permanecendo iguais as de-
mais condições -, o crescimento econômico, que aumenta tanto
a produção quanto o consumo, leva a um maior dano ambiental.
As demais condições não permanecem iguais. Por um lado, os paí-
ses mudam a combinação de sua produção e consumo enquanto
se tornam mais ricos, até certo ponto de formas que tendem a
reduzir o impacto ambiental. Por exemplo, à medida que se dedi-
ca cada vez mais à produção de serviços em detrimento de bens
físicos, a economia norte-americana tende a consumir menos
energia e matéria-prima por dólar do PIB.Mais riqueza tende a
gerar mais demandas políticas pela quantidade ambiental. Como
resultado, as nações ricas geralmente impõem regulamentações
mais rigorosas para garantir ar e água limpos do que os países
mais pobres – uma diferença que se torna aparente a qualquer
um que vá de uma grande cidade nos Estados Unidos ou Europa
para outra em um país em desenvolvimento e respire fundo em
ambos os locais.
À medida que a renda per capita de um país aumenta devido
ao crescimento econômico, isso provoca um efeito inicial que
aumenta o dano ao meio ambiente. Dessa forma, a China, cuja
economia se expandiu nas últimas décadas, está efetivamente
se movendo de um ponto A para um ponto B: à medida que o
país queima mais carvão em suas usinas e produz mais bens em
suas fábricas, emite mais dióxido de enxofre no ar e despeja mais
efluentes nos rios.
Quando um país se torna suficientemente rico, ele pode se dar ao
luxo de tomar medidas de produção ao meio ambiente.

115
Um ambiente de liberação do comércio é o mais propício para a o aumento da pro-
dução e a promoção do crescimento econômico. A consolidação do crescimento econô-
mico promove o aumentoda renda per capita. A pergunta a ser feita é: qual o reflexo do
aumento da renda per capita sobre aqualidade ambiental, ou seja, melhorará ou piorará a
qualidade ambiental?
Para responder a essa questão, Krugman e Obstfeld (2013) enfatizam que: “ é bem
fácil defender o argumento de que uma globalização em nível mundial realmente prejudi-
cou o meio ambiente – ao menos, até agora.”
O argumento desenvolvido por Krugman e Obstfeld (2013) é o seguinte:
O único beneficiário da globalização tem sido, embora de forma
discutível, a China, cuja economia dirigida às exportações passa
por uma incrível expansão desde 1980. A única grande questão
ambiental é, sem dúvida, a mudança climática: há um amplo con-
senso científico de que as emissões de dióxido de carbono e ou-
tros gases de efeito estufa provocam um aumento na temperatu-
ra média da Terra.
Não é possível negar que ainda há muito para avançar no estudado sobre os efeitos
da globalização. A preocupação com o meio ambiente deve ser a peça- chave para os paí-
ses, principalmente, em decorrência do aumento da preocupação com a sustentabilidade.

2 INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL


O fenômeno da integração regional é recente nas relações internacionais. Ele surge
após a Segunda Guerra Mundial, quando os países europeus, chocados com os horrores da
guerra, firmaram o propósito de garantir a paz por meio da integração.
A década de 50 é caracterizada por um contexto de aumento nos índices de cresci-
mento econômico, fundamentado na liberdade comercial. Uma das características marcan-
tes da mudança do cenário internacional nas últimas décadas tem sido o aumento no nú-
mero de acordos regionais de comércio, que apresentam como motivos particularmente
relevantes à insatisfação com as negociações multilaterais no âmbito do GATT; e a procura
de novas alternativas por parte das economias em desenvolvimento para dinamizar o pro-
cesso produtivo afetado pela intensa crise da década de 80.

Que a integração econômica regional tem a finalidade


de remoção das barreiras de comércio entre as nações
participantes, bem como o estabelecimento de mecanismos
de cooperação e coordenação entre elas.

116
2. 1 OS TIPOS DE BLOCOS ECONÔMICOS
a) Zona de livre comércio
A zona de livre comércio representa a primeira fase de integração econômica entre
os países. Por meio de um tratado entre as partes, os países negociam entre si a criação
de uma zona na qual os bens podem circular livremente, sem que haja qualquer tipo de
barreira.
Com a finalidade de impedir que outros países não pertencentes ao bloco se bene-
ficiem do acordo preferencial, é utilizado um instrumento chamado regras de origem. As
regras de origem, determinam a procedência dos bens que poderão ser beneficiados pelas
preferências negociadas.
b). União aduaneira
A união aduaneira representa a segunda faz de integração. Nessa fase, além da livre
circulação de bens, as partes negociam uma tarifa externa comum para delimitar a frontei-
ra externa da união em relação aos demais países. Para a eficácia do acordo, deve ser criado
um órgão de coordenação de controle poderá causar distorção nas práticas de comércio,
pois países que não integram o bloco poderão ser beneficiados com a livre circulação de
bens.
Nesta fase de integração é importante a coordenação das políticas econômicas entre as
partes, para facilitar a condução do processo de integração.
c).- Mercado comum
O mercado comum representa a terceira fase do processo de integração. Nesta fase,
além das características de uma união aduaneira, com a livre circulação de bens, os
países-membros também estabelecem a livre circulação de pessoas, serviços e capitais.
Nesta fase, deve ser elaborada uma legislação do mercado comum, bem como políticas
comuns acima das políticas nacionais. É mister também nesta fase que haja a harmoni-
zação das políticas macroeconômicas.
d) União monetária
A união monetária representa a quarta fase de integração. Nesta fase, que pressu-
põe a implantação do mercado comum entre os países-membros, há a exigência de uma
coordenação muito estreita das políticas econômicas, principalmente níveis compatíveis
de taxas de juros, taxas baixas de inflação e políticas monetárias de acordo com índices
estabelecidos de déficits públicos.
A união monetária também requer um efetivo processo de ajustamento e conver-
gência das taxas de câmbio para faixas compatíveis de flutuação. Outra característica fun-
damental é a criação de um sistema de bancos centrais independentes e de um banco
central da união monetária, sendo sua característica marcante a possibilidade de criação
de uma moeda única com o desaparecimento – ou não – das moedas nacionais.

117
e) União política
A união política representa a última fase do processo de integração. Pressupões
a existência do mercado comum e da união monetária. Esta fase, que representa
oponto máximo de um processo de integração, tem como finalidade a formação de
uma política comum de relações externas, de defesa e de segurança.
O processo de integração europeia teve origem no Tratado de Paris, de 1951, que
constitui a Comunidade Econômica do Carvão e do Aço (CECA). Em 1957 foram assinados
os Tratados de Roma, criando a Comunidade Econômica Europeia (CEE) e a comunidade
Europeia de Energia Atômica (EURATOM). Em 1992 foi assinado, na cidade holandesa de
Maastricht, o Tratado da União Europeia, que reuniu em um só instrumento (o Ao Único
Europeu) as regras de integração europeia e seus povos rumos.
A partir de Maastricht, a Comunidade Europeia transformou-se em União Europeia
(UE). Os primeiros países que aderiram aos acordos foram à Alemanha, França, Itália, Bél-
gica, Holanda e Luxemburgo. Em 1972 aderiram Reino Unido, Dinamarca e Irlanda. A Grécia
foi incorporada em 1979. Em 1985, foram incluídos Portugal e Espanha e, em 1995, foram
acrescentados Áustria, Suécia e Finlândia.
Na América latina, o processo de integração regional teve início com a assinatura do
Tratado de Montevidéu em 1960, que deu origem a ALALC O NAFTA (North American Free
Trade Agreement) Acordo de livre Comércio da América do Norte, entre Estados Unidos
Canadá e México, foi assinado em 1992, objetivando a formação de uma zona de livre co-
mércio.
O Mercosul
Com o objetivo de incrementar a economia e o desenvolvimento dos países, foi as-
sinado em 26.03.91 o tratado de Assunção entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, para
a formação de um mercado comum.
Os quatros países, diante da evolução dos fatos internacionais (formação de grandes
blocos econômico, globalização e acirramento da concorrência) perceberam que sua união
promoveria o desenvolvimento econômico e a modernização e a ampliação da oferta de
bens e serviços. Outro objetivo é o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis da
região.
Em 1985, quando foi inaugurada a ponte que liga as cidades brasileiras de Foz do
Iguaçu e a Argentina de Puerto Iguazú, os presidentes dos países firmaram o acordo de
integração denominado “Declaração de Iguaçu”, embrião do Mercosul, que ainda contaria,
posteriormente, com a adesão do Paraguai e Uruguai. Foi , sem dúvida, um dos projetos
internacionais mais importantes da América Latina em dimensão e alcance.

118
ESTUDO DE CASO
Desvio de comércio na América do Sul
Em 1991, quatro nações sul-americanas – Agentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – for-
maram uma área de comércio conhecida como Mercosul. O acordo teve um efeito imedia-
to e radical sobre o comércio: em quatro anos, o valor do comércio entre as nações tripli-
cou. Os líderes da região orgulhosamente tomaram o Mercosul como um êxito importante,
parte de um pacote mais amplo de reformasse econômicas.
Mas embora o Mercossul tenha claramente aumentado o comércio intrarregional, a
teoria das áreas preferenciais de comércio nos diz que isto não é, necessariamente, bom: Se
o novo comércio aconteceu à custa daquele que, do contrário, teria ocorrido com o resto
do mundo – enfim, se o acordo desviou o comércio em vez de enviar comércio - , ele pode,
na verdade, ter reduzido o bem – estar. E, de fato, em 1996 um estudo preparado pelo eco-
nomista-chefe de comércio do Banco Mundial concluiu que, apesar do sucesso do Mercos-
sul no aumento do comércio regional-ou melhor, porque aquele sucesso veio à custa de
outro comércio-, os efeitos líquidos sobre as economias envolvidas foram provavelmente
negativos.
Em essência, o relatório argumentava que, coo resultado do Mercossul, os consumi-
dores dos países-membros estavam sendo induzidos a comprar de seus vizinhos produtos
industrializados caros – em vez de mais baratos, porém pesadamente tarifados, vindos
de outros países. Em particular, por causa do Mercossul, o setor automobilístico brasileiro,
altamente protegido e um tanto ineficiente tinha, na verdade, conquistado no mercado
cativo na Argentina, desbancado as importações de outros lugares, exatamente como nos-
so exemplo, em que o trigo francês desbancou o norte-americano no mercado Britânico.
O rascunho inicial do relatório conclui: “Essas descobertas parecem constituir a evidência
mais convincente e perturbadora gerada até agora sobre os potenciais efeitos adversos
dos acordos comerciais regionais”.
Mas não foi isso que o relatório final dizia, quando publicava. O rascunho inicial va-
zou para a imprensa e gerou uma tempestade de protestos dos governos do Mercossul,
em particular do Brasil. Sob pressão o Banco Mundial primeiro adiou a publicação e, no fim,
acabou lançando uma versão recheada de advertências ainda assim, mesmo na versão pu-
blicada, o relatório afirma, com certa veemência, que o Mercossul se não é completamente
contraproducente pelo menos tem produzido uma quantidade considerável de desvio de
comércio.(KRUGMAN, 2010, p.234)

119
CAPÍTULO IV
ESTUDO DE CASO
Teste de força para a OMC
Em março de 2002, o governo norte-americano impôs tarifa de 30 por cento sobre
uma série de produtos de aço importados. A justificativa oficial para essa medida foi que
esse setor enfrentava uma onda de importações e necessitava de um período para reestru-
turar. Mas o verdadeiro motivo, quase todos concordavam, era política: Virgínia Ocidental,
Ohio e Pensilvânia, onde as siderúrgicas se encontravam, eram considerados “ Estados de
virada” fundamentais para a eleição de 2004.
Europa, Japão, China e Coreia do Sul apresentaram queixa OMC, contra a tarifa norte-a-
mericana do aço, afirmando que se tratava de uma medida ilegal. Em julho de 2003, uma
junta da OMC, aceitou a queixa, declarando infundada essa medida. Muitos observadores
consideraram a resposta dos Estados Unidos a essa decisão como um este crucial para a
credibilidade da OMC: Será que o governo do país mais poderoso do mundo realmente
permitiria que uma organização internacional o obrigasse a remover uma tarifa politica-
mente importante? Houve até rumores de uma eminente guerra comercial.
Na verdade, os Estados Unidos acataram a decisão e suspenderam a tarifa do aço
em dezembro de 2003. A explicação oficial para decisão foi a de que as tarifas haviam
cumprido seu papel. Entretanto, a maioria dos observadores, acreditavam que a principal
motivação foi uma ameaça da União Europeia, que agora tinha autorização da OMC para
tomar ações de represaria e se preparava para impor tarifas sobre mais de $2 bilhões de
exportações dos Estados Unidos. (Os europeus, que entendem tanto de política quanto
os norte-americanos, miraram suas tarifas sobre bens produzidos-é claro-nos estados da
virada política).
Dessa forma, a OMC passou por um grande teste. (...)

VAMOS ÀS QUESTÕES
- Qual o efeito esperado pelo Estados Unidos ao adotar a tarifa de importação
como instrumento para se reestruturar?
- Apresente a principal diferença entre o GATT e a OMC que levou o governo
americano a acatar a decisão da OMC.

120
CAPÍTULO IV
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 5ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,


2011.
CASTRO, Antonio Barros de. LESSA, Carlos Francisco. Introdução à Economia (uma abor-
dagem estruturalista). 38. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015.
KRUGMAN, Paul. OBSFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e política.8ª ed. São
Paulo: Pearson, 2010.
PINDYCK, Robert. RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. 8ª ed. São Paulo: Pearson Educa-
tion do Brasil, 2013.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. GARCIA, Manuel Henriquez. Fundamen-
tos de Economia. 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.

121
CAPÍTULO I
GABARIITO COMENTADO

a- Explicar os fundamentos do conflito entre as necessidades da socie-


dade e a disponibilidade de recursos.
R: As necessidades humanas são ilimitadas, porque os indivíduos estão sempre querendo
algo mais, bem como há sempre novas necessidades, enquanto que os recursos produti-
vos disponíveis (recursos naturais, mão de obra, capital, tecnologia e dinamismo empre-
sarial) estão cada vez mais escassos.
b- Produtividade é um tema motivo de preocupação em todo o mun-
do e, para o Brasil, pode fazer a diferença entre a economia que
queremos, vigorosa no crescimento e moderna na configuração, e a
ausência de dinamismo que nos acompanha há décadas. Na produ-
tividade reside o principal ingrediente de impulso ao crescimento
e à melhoria do padrão de vida dos países. (Disponível em http://
www1.folha.uol.com.br 12/08/2016 acesso em 12/01/2017)(Adap-
tado)
Justificar a seguinte afirmativa: “Na produtividade reside o principal ingrediente de impul-
so ao crescimento e à melhoria do padrão de vida dos países.” (evidenciar o conceito de
produtividade).
R: A produtividade permite um maior crescimento da economia, pois significa que os re-
cursos produtivos estão sendo melhor utilizados. Um aumento de produtividade significa
que a produção aumenta com o uso dos mesmos fatores de produção. Usando de forma
eficiente os fatores de produção as necessidades da população podem ser melhor satis-
feitas, o que melhora o padrão de vida da população.

122
CAPÍTULO II
GABARIITO COMENTADO
1- Considerar as seguintes funções de demanda e de oferta abaixo:
Função de demanda: Qd= 80 – 10p
Função de oferta: Qs= - 40 + 20p
a – Determinar o preço e a quantidade de equilíbrio. P= _4______q= 40________
R: Para calcular o preço de equilíbrio, o primeiro passo é igualar as duas funções, assim:
80 – 10p = -40 + 20p
O próximo passo é isolar os termos com a variável p:
80 + 40 = 20p + 10p 120 = 30p p= p=4
Agora é só substituir o p por 4, em qualquer uma das funções:
Qd = 80 – 10p Qd = 80 – 10.4 Qd = 40
Como no equilíbrio a quantidade demandada e ofertada são iguais, a quantidade de equilíbrio
é 40.
b – Caso o preço de equilíbrio seja de 6 unidades monetárias, haverá excesso de demanda ou
de oferta? Justificar.
R: Oferta. O preço é um estímulo para o produtor, por isso, um aumento no preço leva o produ-
tor a ofertar mais do produto.
2- A Superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reco-
mendou no dia 16 de junho de 2016 a condenação das montadoras Volkswagen, Fiat e Ford por
abuso e conduta anticompetitiva ao impedir a venda de peças de reposição para seus carros,
produzidas por fabricantes independentes.
As três empresas apresentaram ao Cade argumentos de segurança, qualidade e necessidade
de recuperação de custos para proibir a atuação dos fabricantes independentes. Para a Supe-
rintendência do conselho, porém, elas são insuficientes para justificar “a exclusão em massa de
concorrentes e para contrabalançar os danos potenciais gerados aos consumidores.” (Disponí-
vel em http://g1.globo.com/ 16/06/2016 acesso em 13/1/2017)
Analisar de qual prática as empresas estão sendo acusadas, em função das características das
estruturas de mercado. Justificar sua resposta com informações do texto.
R: As empresas estão sendo acusadas da prática de cartel, que está presente no oligopólio. As
características presentes no texto, que caracterizam o oligopólio, são: o número reduzido de
empresas (3 empresas) e o acordo existente entre elas (conduta anticompetitiva).
3) Dificilmente as empresas poderiam competir entre si se não conhecessem como o mercado
nos quais estão inseridas funcionam. Diferenciar o monopólio do oligopólio em relação às se-
guintes características: número de produtores, produto e preço.
R: No monopólio há um produtor enquanto no oligopólio há um pequeno número de pro-
dutores; no monopólio, o produto não tem um substituto próximo, enquanto no oligopólio o
produto pode ser diferenciado ou homogêneo. No monopólio, o preço do produto é determi-
nado pelo produtor monopolista e no oligopólio os produtores, muitas vezes, fazem acordo de
preços.

123
CAPÍTULO III
GABARIITO COMENTADO
a) No orçamento do governo estão os gastos com saúde, educação, funcionalismo, pre-
vidência. Isso é pago com os nossos impostos. Se o dinheiro não é suficiente para manter
o equilíbrio, o governo pede emprestado, se endivida. Só que precisa pagar juros. Aí a
despesa do outro lado aumenta. O governo pede mais dinheiro emprestado. Governos
de um modo geral fazem isso. O problema é quando não dá mais para segurar a dívida,
aí a população paga caro demais.
“Com o desequilíbrio das contas públicas, o Brasil precisa de empréstimos, e o Banco
Central fixa taxas elevadas, porque senão ninguém emprestaria dinheiro para o governo.
Com isso essa taxa de referência, a Selic, acaba balizando as taxas de mercado, o cida-
dão que vai comprar uma geladeira, ou um fogão acaba pagando juros exorbitantes em
função do que? Do desequilíbrio das contas públicas”, explica Gil Castello Branco, secre-
tário-geral Contas Abertas.(Disponível em http://g1.globo.com/25/10/2016 acesso em
12/1/2017)

Justificar a seguinte afirmativa: “o equilíbrio nas contas públicas é fundamental para a


retomada do crescimento econômico”.
R: O equilíbrio nas contas públicas é fundamental para a retomada do crescimento eco-
nômico, visto que proporciona um ambiente mais propício para os investimentos produ-
tivos. Quanto maior o endividamento, menor é a capacidade de investimento, pois como
está no texto, o endividamento contribui para o aumento nos juros.

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CAPÍTULO IV
GABARIITO COMENTADO

a) Qual o efeito esperado pelo Estados Unidos ao adotar a tarifa de importação como
instrumento para se reestruturar?
R: Ao adotar a tarifa de importação o governo americado esperava inibir as importa-
ções dos produtos de aço, pois o imposto de importação dem por objetivo encarecer
o preço do produto importado tornando o produto nacional mais competitivo.
a) Apresente a principal diferença entre o GATT e a OMC que levou o governo america-
no a acatar a decisão da OMC.
R: A principal direferença enre o GATT e a OMC é que o GATT era apenas um Acordo
provisório (órgão), asdecisões tomadas no âmbito do GATT não obrigavam os países
a seu efetivo cumprimento, enquanto a OMC é uma instituição com poderes supra-
nacionais, ou seja, as decisões tomadas pela OMC estão acima da legislação interna
dos países Membros. O descumprimento pode gerar sanções.

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