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Didática e Prática de Ensino na relação com a Escola

O ASPECTO PEDAGÓGICO DO TRABALHO SOCIAL COM AS FAMÍLIAS


NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO EMANCIPADORA

Ana Daniella Damasceno1

Resumo
O presente artigo tem como objetivo principal analisar os aspectos pedagógicos do
trabalho desenvolvido pelos profissionais da Assistência Social junto com as famílias
referenciadas tendo como princípio basilar a concepção de educação emancipadora
proposta pelo educador Paulo Freire. Neste sentido, utiliza-se como metodologia de
investigação a análise dos documentos elaborados pelo Ministério de Desenvolvimento
Social e Combate a Fome - MDS que apresentam as orientações técnicas para o
desenvolvimento das intervenções junto aos usuários que buscam atendimento
nos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS, buscando identificar
características apontadas pela proposta freiriana de educação. Utiliza-se como obra de
referencia os livros escritos por Paulo Freire ao longo das últimas décadas no processo
de desenvolvimento e aprimoramento de sua “Pedagogia do Oprimido”, destacando suas
concepções políticas de uma prática educativa voltada para a libertação e emancipação
do indivíduo. O texto aqui apresentado aborda o trabalho social desenvolvido pela
equipe de profissionais inseridos na política de assistência social como sendo uma
atuação planejada de intervenção dialogada, buscando a superação das vulnerabilidades
vivenciadas por estes sujeitos a partir do desenvolvimento da sua autonomia e da
consciência crítica. Ao considerar os usuários enquanto sujeitos históricos, possuidores
de conhecimentos anteriores e de potencialidades de “ser mais”, as duas propostas de
intervenção social intercruzam-se como caminho metodológico eficiente na construção
de um processo de libertação e de emancipação social. Neste sentido, compreende-
se que as ações desenvolvidas pelos técnicos de nível superior de um CRAS tem,
essencialmente, o espírito emancipador propagado por Paulo Freire num instante em
que se propõe colaborar com o processo de libertação a ser desenvolvido pelo indivíduo,
buscando a superação das condições de opressão de seu contexto sociocultural.

Palavras -Chave:
Política de Assistência Social. Educação Emancipadora. Trabalho social com família.

1. Primeiras Palavras.

1. Pedagoga lotada na Secretaria de Assistência Social e Cidadania do Município de


Maracanaú - Ce, professora da Faculdade Latino Americana de Educação – FLATED. Contato:
anadaniellad@hotmail.com

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A influência do pensamento educacional libertador de Paulo Freire vai muito


além do contexto educacional. Muito já se propagou acerca do alcance das ideias
defendidas pelo educador pernambucano nos diferentes continentes, no entanto, a
contribuição de sua obra se deu também nos diversos campos de atuação das ciências
socais onde o foco da atuação são os sujeitos sociais “oprimidos”.
A assistência social, enquanto política pública, tem entre suas bases
metodológicas de intervenção social junto às famílias que dela necessita os princípios
emancipadores de Freire, numa perspectiva problematizadora da realidade vivenciada.
É, portanto, buscando desenvolver uma melhor compreensão acerca dos princípios
pedagógicos existentes nesse trabalho social com as famílias atendidas nos CRAS
que este artigo se propõe, analisando os documentos de referencia desenvolvido pelo
governo federal.
A metodologia adotada para a elaboração deste artigo está baseada na proposta
da análise documental, no instante em que tem como fonte principal de coleta dos dados
as informações contidas nos documentos que servem como referência para o objeto
investigado. Desta forma, lança-se mão da concepção trazida por Le Goff (1996), onde o
documento é visto como documento. Segundo o autor:

O documento não é inócuo. É antes de mais nada o resultado de uma


montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade
que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais
continuou a viver, talvez esquecido, durante os quais continuou a ser
manipulado, ainda que pelo silêncio. (LE GOFF,1996,p:547)

A partir de tal conceito, toma-se como principal fonte de dados os próprios


documentos elaborados pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome
– MDS com o intuito de orientar as intervenções técnicas junto às famílias atendidas nos
equipamentos da Assistência Social. Como principais, destacam-se aqueles que trazem
os conceitos do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF e onde
se percebe indicações de um trabalho calcado nos conceitos de transformação social
e de emancipação do indivíduo enquanto ser ontológico.
Neste sentido, utiliza-se os escritos de Paulo Freire para a construção deste
diálogo entre a prática pedagógica emancipadora e o trabalho social desenvolvido junto
aos usuários da PNAS, buscando uma articulação entre as propostas de intervenção
social trazida pelo PAIF e pela Pedagogia Problematizadora de Freire.

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2. O trabalho social com as famílias na perspectiva da pedagogia emancipadora.

A política de assistência social tem entre seus e princípios norteadores o


respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a convivência familiar
e comunitária. Para tanto, tem na centralidade familiar e na participação da população
uma das diretrizes de sua atuação (BRASIL, 2005, p.32-3).
Dentro desta perspectiva, tal política lança mão do trabalho desenvolvido pelas
equipes multidisciplinares de profissionais disponíveis para desenvolver intervenção
junto as famílias que demandam seus serviços, programas, projetos e benefícios. Tal
intervenção se dá através do desenvolvimento de uma proposta de trabalho social,
compreendido aqui como sendo:

O conjunto de procedimentos efetuados a partir de pressupostos éticos,


conhecimento teórico-metodológico e técnico-operativo, com a finalidade de
contribuir para a convivência, reconhecimento de direitos e possibilidades de
intervenção na vida social de um conjunto de pessoas (…), com o objetivo
de proteger seus direitos, apoiá-las no desempenho da sua função de proteção
e socialização de seus membros, bem como assegurar o convívio familiar
e comunitário, a partir do reconhecimento do papel do Estado na proteção
às famílias e aos seus membros mais vulneráveis. Tal objetivo materializa-
se a partir do desenvolvimento de ações de caráter ‘preventivo, protetivo e
proativo’, reconhecendo as famílias e seus membros como sujeitos de direitos
e tendo por foco as potencialidades e vulnerabilidades presentes no seu
território de vivencia (BRASIL,2014,p.14).

Nesta perspectiva de intervenção onde parte-se da premissa de que tais famílias


são, apesar da situação de vulnerabilidade e de negação de seus direitos em que se
encontram, são sujeitos de direitos e, portanto, atores sociais, a proposta pedagógica
freiriana surge como caminho possível de ser trilhado.
Freire ao longo de suas proposições teóricas e práticas voltou-se para o
trabalho de transformação social através de um processo de conscientização e de
libertação do sujeito que se encontra “oprimido”. Segundo o autor uma pedagogia do
oprimido é “aquela que tem que ser forjada com ele e não para ele, enquanto homens
ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade,” fazendo “da opressão
e de suas causas objeto da reflexão dos oprimidos, de que resultará o seu engajamento
necessário na luta por sua libertação, em que esta pedagogia se fará e refará” (FREIRE,

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1997, p. 32).
A pedagogia problematizadora pensada por Freire parte do pressuposto que
o homem é um ser inacabado, que está em constante processo de criação e recriação,
dentro de uma compreensão de que se pode “ser mais”. Neste sentido, estes emergem
como provocadores de um contínuo ato de desvelamento da realidade, mediatizado pela
intervenção dialogada com o meio social em que está inserido, a fim de reconhecer-se
enquanto sujeitos históricos e, por conseguinte, capazes de lutar contra a acomodação e a
opressão vivenciada.
É, portanto, nesta perspectiva que o trabalho social com as famílias cruza-
se com a pedagogia emancipadora, no instante em que emerge a possibilidade de
desenvolver uma intervenção baseada no “uso da pesquisa-problematização, na qual a
pesquisa não é para dar certezas, mas para possibilitar o questionamento de verdades
já instaladas e abrir novas alternativas de busca” assim como também, ao acreditar
que “homens e mulheres são sujeitos de sua busca e por isso autores da transformação
social” (BRASIL 2014, p.99).
Segundo as Orientações técnicas sobre o PAIF (Ibidem, p.99-100), pode-se
identificar outros pressupostos da pedagogia problematizadora que fortalecem o trabalho
social desenvolvido com as famílias dentro da assistência social, no instante em que se
defende:
• o ser humano enquanto ser inacabado e, portanto, com o caminho aberta de
possibilidade de “ser mais”;
• a necessidade de estabelecer uma relação pautada no diálogo e no respeito entre
o técnico e o usuário do PAIF, reconhecendo os diferentes saberes;
• a aprendizagem do saber escutar enquanto ferramenta dialógica;
• a investigação do universo temático das famílias, na investigação do próprio
pensar das famílias e de sua realidade;
• o desenvolvimento da autonomia do sujeito oprimido, estimulando-o a tomar
decisões;
• o estímulo da percepção por parte das famílias da situação concreta vivenciada,
auxiliando-as a problematizar as contradições presentes no território,
reconhecendo-se como possuidora de direitos que necessitam ser demandados;

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A efetivação de tais posturas requer, todavia, a adoção de uma postura


também problematizadora da realidade, exigindo-lhes um constante movimento de
reflexão e crítica sobre a forma e o conteúdo de seu trabalho, reconhecendo, sobretudo,
estes usuários como sujeitos portadores de saberes anteriormente adquiridos e como
protagonistas de sua própria história. É preciso levar em consideração ainda que, nesta
caminhada de desvelamento e de construção de uma postura critica, estes sujeitos se
mostram como seres culturais, com diferentes formas de ver o mundo e de enfrentar as
situações (BRASIL, 2014, p.101).

3. Considerações finais.

A partir do analisado, compreende-se que as ações desenvolvidas pelos


técnicos de nível superior de um CRAS tem, essencialmente, o espírito emancipador
propagado por Paulo Freire num instante em que se propõe colaborar com o processo
de libertação a ser desenvolvido pelo indivíduo, buscando a superação das condições de
opressão de seu contexto sociocultural.

4. Referências Bibliográfica

BRASIL,Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Política Nacional


de Assistência Social PNAS/2004. Brasília, 2005.
_________Orientações Técnicas sobre o PAIF.Vol 2. Trabalho Social com Famílias
do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família- PAIF.Brasília,DF:2014.
FREIRE, Paulo.Educação como Prática de Liberdade.12ª edição. Rio de Janeiro:Paz e
Terra, 1981.
_________Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido.
Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1992.
_________Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1997.
_________Pedagogia da Autonomia. 7ª edição.Rio de Janeiro :Paz e Terra, 1998.
LE GOFF,Jacques.Documento/Monumento.In:______­­­__.História e
Memória.4ª edição. Campinas/SP:Editora da Unicamp,1996.

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