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COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. 3ed. Vol. 5. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.

 POESIA PRÁXIS

Palavra-energia X palavra-objeto

 Surgiu em 1962, livro Lavra-lavra de Mario Chamie

 (...)o poema-práxis é definido como aquele que “organiza e monta”, esteticamente, uma
realidade situada, segundo três condições de ação: a) o ato de compor; b) a área de
levantamento; c) o ato de consumir. (244)

 a) o ato de compor: implica tomada de consciência, por parte do poeta, do seu próprio
projeto semântico. (...) não deve prender-se a esquemas formais predeterminados.

 Três pressupostos: 1) o espaço em preto: conjunto de palavras que constituem o corpo


verbal do poema; é uma configuração visual e fisionômica do texto decorrente da
justaposição, superposição e conexão de palavras, linhas ou frases. 2) mobilidade
intercomunicante das palavras: faculdade latente de que dispõem as palavras para
serem intercambiadas entre si, nas posições que ocupam no conjunto do texto que é o
espaço em preto configurado; as palavras se completam e se desdobram umas nas outras,
multiplicando os seus sentidos. 3) suporte interno de significados: núcleo de palavras, a
partir do qual o texto se expande e se perfaz na sua unidade rítmica e na diversidade de
interpretação que sua linguagem articulada provoca. (245)

 b) a área de levantamento: o autor não escreve sobre temas e nem tematiza a realidade
e o objeto de sua escritura (...). o autor busca as contradições internas dessa realidade e
objeto e os transforma em problemas, virtualizando os seus sentidos possíveis. (245)

 c) o ato de consumir: reformulação da relação tradicional entre autor e leitor. (...) o leitor
deixa de ser passivo e assume o papel de co-autor, já que, pela estrutura móvel da poesia-
práxis, ele pode intervir nessa estrutura e toma-la como pré-texto, para outras soluções de
linguagem e de redimensionamento de seu sentido original, dentro da mesma área
levantada. (245)

 1962 – Revista Práxis

 poetas: Armando Freitas Filho, Cassiano Ricardo

poema de Cassiano, Serenata sintética:

Lua
morta
Rua
Torta
Tua
porta

(poema como redução valorizadora da linguagem)

 Mário Chamie: 1967 – escritura leitura: textor = texto+autor+leitor


 A linguagem práxis se faz presente nas letras de compositores como Chico Buarque
(Construção), Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros; no cinema de Glauber Rocha e nos
filmes Lavra dor e indústria, de Ana Carolina. Assim como ressonância na obra de C.D.A e
J.C.M.N e Cassiano Ricardo. (p.248)

POESIA MARGINAL corte tudo em pedacinhos


e repita com as canções dos
quem teve a mão decepada beatles o mesmo processo usado
levante o dedo com os sonhos eróticos mas desta
vez deixe ferver um pouco mais e
(Nicolas Behr – DF) mexa até dissolver
PAPO DE ÍNDIO
Veiu uns ômi di saia preta parte do sangue pode ser
cheiu di caixinha e pó branco substituído por suco de
qui eles disserum qui chamava açucri groselha mas os resultados
aí eles falarum e nós fechamu a cara não serão os mesmos
depois eles arrepitirum e nós fechamu o
corpo sirva o poema simples
aí eles insistirum e nós comemu eles. ou com ilusões

vocês repararam como o povo anda triste ? (Nicolas Behr – DF)


é a cachaça que subiu de preço
a cachaça e outros gêneros de primeira EU QUERIA TANTO
necessidade eu queria tanto
cachaça a dois contos, ora veja, ser um poeta maldito
veja a hora, a massa sofrendo
que horas são, enquanto eu profundo medito
atenção
apontar: eu queria tanto
ser um poeta social
FOGO rosto queimado
pelo hálito das multidões
(Chacal – RJ)
em vez
olha eu aqui
RECEITA pondo sal
Ingredientes: nesta sopa rala
2 conflitos de gerações que mal vai dar para dois.
4 esperanças perdidas
3 litros de sangue fervido (Paulo Leminski - PR)
5 sonhos eróticos
2 canções dos beatles JOGOS FLORAIS
I
Modo de preparar Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
dissolva os sonhos eróticos Enquanto isso o sabiá
nos dois litros de sangue fervido vive comendo o meu fubá.
e deixe gelar seu coração
Ficou moderno o Brasil
leve a mistura ao fogo ficou moderno o milagre:
adicionando dois conflitos de gerações a água já não vira vinho,
às esperanças vira direto vinagre.
perdidas
JOGOS FLORAIS pálida que desconhece
II o próprio cor-de-rosa,
Minha terra tem Palmares e tantas fiz, talvez
memória cala-te já. querendo a glória, a outra
Peço licença poética cena à luz de spots,
Belém capital Pará. talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz...
Bem, meus prezados senhores
dado o avançado da hora (Ana Cristina Cesar)
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho. CONSTRUÇÃO

(será mesmo com dois esses Amou daquela vez como se fosse a última
que se escreve paçarinho?) Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
(Antonio Carlos de Brito, Cácaso) E atravessou a rua com seu passo tímido

LET´S PLAY THAT Subiu a construção como se fosse máquina


Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
quando eu nasci Tijolo com tijolo num desenho mágico
um anjo louco muito louco Seus olhos embotados de cimento e lágrima
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco Sentou pra descansar como se fosse sábado
era um anjo muito louco, torto Comeu feijão com arroz como se fosse um
com asas de avião príncipe
eis que esse anjo me disse Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
apertando a minha mão Dançou e gargalhou como se ouvisse música
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
o coro dos contentes E flutuou no ar como se fosse um pássaro
vai bicho desafinar E se acabou no chão feito um pacote flácido
o coro dos contentes Agonizou no meio do passeio público
let’s play that Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego

(Torquato Neto) Amou daquela vez como se fosse o último


Beijou sua mulher como se fosse a única
SAMBA-CANÇÃO E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Tantos poemas que perdi.
Tantos que ouvi, de graça, Subiu a construção como se fosse sólido
pelo telefone – taí,, Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
eu fiz tudo pra você gostar, Tijolo com tijolo num desenho lógico
fui mulher vulgar, Seus olhos embotados de cimento e tráfego
meia-bruxa, meia-fera,
risinho modernista Sentou pra descansar como se fosse um
arranhando na garganta, príncipe
malandra, bicha, Comeu feijão com arroz como se fosse o
bem viada, vândala, máximo
talvez maquiavélica, Bebeu e soluçou como se fosse máquina
e um dia emburrei-me, Dançou e gargalhou como se fosse o
vali-me de mesuras próximo
(era comércio, avara,
embora um pouco burra, E tropeçou no céu como se ouvisse música
porque inteligente me punha E flutuou no ar como se fosse sábado
logo rubra, ou ao contrário, cara E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina


Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um
pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

(Chico Buarque)

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