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Melanie Klein
1882
– O pai, de origem judaica, era médico e um estudioso do Talmud. Aos 37 anos, rompe com a
ortodoxia religiosa e cursa Medicina.
1887
– Após moléstia de um ano, morte de Sidonie, sua irmã, que lhe ensinara a ler e escrever, além
de rudimentos de aritmética.
1896
– Sob influência do irmão Emmanuel – descrito como alegre, amante de literatura e da música
– interessa-se pelas artes. Com a ajuda dele, ainda, prepara-se para o exame de admissão ao
liceu feminino, visando cursar Medicina.
1899
– Aos 17 anos, logo após a matrícula, fica noiva de Arthur Klein, que estuda engenharia
química.
1900
– Morte do pai, Moritz Reizes.
1902
1903 a 1915
– Aos 32 anos, Klein realiza a leitura de “A interpretação de sonhos”, de S. Freud, tem uma
convicção imediata e entusiástica.
1916
Início da análise com Sándor Ferenczi. Estimulada por ele, a dedicar-se a psicanálise, inicia o
atendimento de crianças.
1919
– Apresenta o seu primeiro trabalho à Sociedade Psicanalítica de Budapeste: “ O romance
familiar em seu estado nascente” (a educação analítica de seu filho Erich) – “O
desenvolvimento de um criança”.
1920
1921
1923
– Melanie Klein passa a dedicar-se totalmente à Psicanálise.
1924
1925
1926
1927
1929
– M. Klein realiza a análise em Dick, um menino autista com 5 anos, até 1946.
1930
1932
– Morre S. Ferenczi.
1934
– Morre seu filho Hans, com 27 anos de idade, em acidente de alpinismo, em abril.
– Sua filha Mellita Schmideberg, também analista, opõe-se ao trabalho teórico desenvolvido
pela mãe, rompendo com ela.
1934-40
1940
1941
– M. Klein realiza a vinculação entre o complexo de castração e a posição depressiva (cf. 1945,
“O complexo de Édipo esclarecido pelas angústias precoces” e, em 1956-59, a redação da
Narrativa da análise de uma criança).
1942-44
1943
1944
1945
Publicação da crítica de E. Glover, “Exame do sistema kleiniano de Psicologia infantil”, que
solicita a expulsão dos kleinianos da Sociedade. Diante da recusa, Glover demite-se.
1946
1947
1949
– Lacan publica “O estádio do espelho como formador da função do eu” , sendo que a primeira
versão do estádio do espelho, foi em 1938 e a introdução do “Tempo lógico” (em 1945).
1951
1952
1953
1955
1953
1958
1959
1960
1961
Ocupação
Há mais de cem anos, em 30 de março de 1882, nasceu em Viena Melanie née Reizes (1882-
1960), futura Melanie Klein, psicanalista britânica de origem austríaca. Seu pai, Moritz Reizes,
era um médico judeu polonês, originário de Lemberg, na Galícia, que se tornou clínico geral
graças a uma ruptura com pais tradicionalistas. Sua mãe , judia eslovaca brilhante, dedica-se,
por necessidades familiares, ao comércio de plantas e répteis, cuja família, erudita e culta, era
dominada por uma linhagem de mulheres. Melanie Klein, pouco desejada, foi a quarta entre os
filhos desse casal que não se entendia. Quando, por sua vez, se tornou mãe, também sofreria
em sua vida particular as intrusões de sua mãe, Libussa, personalidade tirânica, possessiva e
destruidora. A juventude de Melanie foi marcada por uma série de lutos, muitos
provavelmente responsáveis pela culpa, cujos vestígios se encontram em sua obra teórica.
Tinha quatro anos quando sua irmã Sidonie morreu de tuberculose com a idade de 8 anos;
tinha 18 quando o pai, debilitado há longos anos, morreu, deixando-a com a mãe; tinha 20
quando seu irmão Emmanuel, que a influenciara muito e a quem estava ligada por uma
relação de tons incestuosos, morreu esgotado pela doença, pelas drogas e pelo desespero.
Phyllis Grosskurth observou que Melanie se casou pouco depois desse falecimento, pelo qual
se sentia culpada, o que, acrescentou, “provavelmente tinha sido o objetivo perseguido por
Emmanuel”.
Klein estudou de início arte e história na Universidade de Viena, porém as dificuldades
econômicas que se seguiram à morte do pai parecem ter sido a causa de sua renúncia aos
estudos de medicina, que ela decidira empreender com o objetivo de ser psiquiatra. Essas
mesmas dificuldades explicariam igualmente seu casamento precipitado, em 1903, com Arthur
Klein, engenheiro químico de caráter sombrio, que ela conhecera dois anos antes, que por
força de suas atividades profissionais era obrigado a muitos deslocamentos o que possibilitou
a Melanie aprender muitas línguas estrangeiras e do qual se divorciaria em 1926.
No começo de 1924, Melanie Klein começou uma segunda análise, com Karl Abraham, de
quem adotaria algumas idéias para desenvolver suas próprias perspectivas sobre a organização
do desenvolvimento sexual. Em abril, no VIII Congresso da IPA em Salzburgo, apresentou uma
comunicação altamente controvertida sobre a psicanálise da crianças pequenas, na qual
começava a questionar certos aspectos do complexo de Édipo. Foi apoiada por Abraham e
também por Ernest Jones, que seduzido por esse discurso contestatário, até interviria junto a
Freud para que este aceitasse levar em consideração essas declarações heréticas. Em 17 de
dezembro do mesmo ano, Melanie foi a Viena para fazer uma comunicação sobre a psicanálise
de crianças na Wiener Psychoanalytische Vereinigung (WPV), e nessa ocasião confrontou-se
diretamente com Anna Freud. O debate estava então aberto, e trataria do que “devia” ser a
psicanálise de crianças: uma forma nova e aperfeiçoada de pedagogia (posição defendida por
Anna Freud) ou a oportunidade de uma exploração psicanalítica do funcionamento psíquico
desde o nascimento (como queria Melanie Klein)?
Em Berlim, Melanie fez amizade com Alix Strachey, também analisanda de Abraham. Com a
ajuda do marido, James Strachey, que estava em Londres, Alix introduziu Melanie na British
Psychoanalytical Society (BPS). Graças também ao apoio de Ernest Jones, fez uma série de
conferências em Londres, em julho de 1925. Essa permanência na Inglaterra a encantou, a
ponto de despertar nela o desejo de se estabelecer além-Mancha, o que se realizaria mais
cedo do que ela imaginava em virtude da morte de Karl Abraham em dezembro de 1925. A
pedido de Jones, que a convidou a passar um ano na Inglaterra, Melanie Klein deixou Berlim
em setembro de 1926. Sua instalação em Londres marcou efetivamente a abertura das
hostilidades entre a escola vienense e a escola inglesa: quaisquer que fossem os esforços de
Jones para convence-lo de que as teses kleinianas se inscreviam na lógica das suas, Freud,
desejando apoiar Anna, manifestaria um descontentamento crescente.
Em Londres, Melanie Klein experimentou suas teorias, tratando filhos perturbados de alguns
de seus colegas: o filho e a filha de Jones, por exemplo. Sua personalidade invasiva provocou à
sua volta paixões e repulsas. Em março de 1927, Anna Freud fez uma comunicação ao grupo
berlinense da DPG. Na verdade, tratava-se de um verdadeiro ataque contra as teses kleinianas
em matéria de análise de crianças. Houve críticas e Freud irritou-se. A discordância entre
ambas não parava de crescer, referindo-se especialmente à oportunidade da análise de
crianças: parte integrante da educação geral de toda criança, afirmava Melanie Klein;
necessária apenas quando a neurose se manifesta, replicava Anna, que circunscrevia a análise
de crianças apenas à expressão do mal-estar parental, enquanto Melanie autonomizava a
criança, tanto em sua demanda quanto no tratamento.
As idéias de Melanie Klein suscitaram fortes oposições, que tomaram uma amplitude
considerável com a chegada na Inglaterra dos psicanalistas expulsos pelo nazismo, entre os
quais A. Freud e E. Glover, que consideravam suas idéias meta psicológicas uma heresia
idêntica às de Jung e Rank.
Em janeiro de 1929, começou a tratar de uma criança autista de quatro anos, filha de um dos
seus colegas da BPS, à qual deu o nome de Dick. Logo percebeu que ele apresentava sintomas
que ela nunca havia encontrado. Não expressava nenhuma emoção, nenhum apego, e não se
interessava pelos brinquedos. Para entrar em contato com ele, colocou dois trenzinhos lado a
lado e designou o maior como “trem papai” e o menor como “trem Dick”. Dick fez o tem com o
seu nome andar e disse a Melanie: “Corta!”. Ela desengatou o vagão de carvão e o menino
guardou então o brinquedo quebrado em uma gaveta, exclamando : “Acabou!”. A história
desse caso se tornaria célebre, por mostrar como alguns psicanalistas não conseguem dar aos
filhos o amor que esperam deles.
Dick continuou a análise com Melanie Klein até 1946, com uma interrupção durante a Segunda
Guerra Mundial. Quando Phyllis Grosskurth se encontrou com ele, então com cerca de 50
anos, não tinha mais nada a ver com o menino fechado de outrora. Era até francamente
tagarela.
Em 1932, Melanie Klein publicou sua primeira obra síntese, “A psicanálise de crianças”, na qual
expunha a estrutura de seus futuros desenvolvimentos teóricos, sobretudo o conceito de
posição (posição esquizo-paranóide/posição depressiva), assim como sua concepção ampliada
da pulsão de morte. Mas, nesse mesmo ano, que inaugurou um aparente período de calma
institucional para ela, sua vida particular foi perturbada por conflitos que teriam, alguns anos
depois, pesadas repercussões em sua vida profissional. Sua filha Melitta Schmideberg, casada
com Walter Schmideberg, amigo da família Freud e de Ferenczi, tornou-se analista. Sem
perceber, Melanie repetiu com sua filha o comportamento que Libussa tivera com ela. Foi por
ocasião de uma retomada da análise com Edward Glover que Melitta se afastou de Melanie.
Logo seria publicamente apoiada em sua atitude por seu analista, que não hesitou em
manipular as tensões familiares para reforçar suas próprias posições teóricas diante de
Melanie.
A partir de 1933, Melanie Klein, que sofria os ataques incessantes de Glover e de Melitta, via
com terror a chegada a Londres dos analistas vienenses e berlinenses que fugiam do nazismo.
Confidenciou a Donald Woods Winnicott que pressentia, na instalação desses refugiados que
lhe eram na maioria hostis, a iminência de um “desastre”. Alguns meses depois da chegada
dos Freud a Londres, as hostilidades irromperam efetivamente. Em julho de 1942, a tensão no
seio da BPS atingiu um ponto crítico. Enquanto Londres era bombardeada, tomava-se a
decisão de fazer reuniões para discutir os pontos de discordância científicos e clínicos. Assim
começou o período das Grandes Controvérsias, inaugurado por um ataque violento de Edward
Glover contra a teoria e a prática dos kleinianos. Ernest Jones, em quem Melanie Klein
acreditava ter um fiel aliado, saía freqüentemente dessa cena, cujos atores eram
essencialmente mulheres, umas reunidas em torno de Melanie, outras em torno de Anna
Freud. Os confrontos assumiram tal intensidade que Donald Wood Winnicott, partidário de
Melanie, interrompeu uma noite os debates para observar que um ataque aéreo estava
ocorrendo e era urgente procurar abrigo.
Em 1995, Melanie Klein, que nada perdera de seu dinamismo e de sua agressividade, interveio
de maneira esmagadora no Congresso da IPA em Genebra, apresentando uma comunicação
intitulada “Um estudo sobre a inveja e a gratidão”, na qual desenvolvia o conceito de inveja,
que articulava com uma extensão da pulsão de morte, à qual dava um fundamento
constitucional. Ao fazer isso, reatava com aquele que sempre considerara o seu mestre, Karl
Abraham. Melanie Klein acabava assim de dar partida a uma nova controvérsia, que, se não
teve a amplitude das precedentes, a levou à ruptura com Winnicott e com Paula Heimann, que
fora a mais inteligente e a mais ardorosa dos adversários de Glover em 1943.
Nunca tendo se reconciliado com sua filha Melitta, deixando inacabada uma autobiografia
parcelar e seletiva, Melanie Klein morreu de câncer do cólon em Londres, a 22 de setembro de
1960.
A Grã-Bretanha, sua última pátria, conforme mencionamos acima, acolheu-a em 1922. A partir
desse momento, e durante trinta e quatro anos, a vida de Melanie Klein foi completamente
ligada à psicanálise, às atividades da Sociedade Britânica e ao movimento internacional. Em
1960, às vésperas da morte, ela ainda estava dando instruções sobre seu último manuscrito e
aos alunos que tinha em formação. Estava com 78 anos.