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LISTA REVISÃO/UEM INVERNO - 2018

LITERATURA

1) Leia os textos e assinale o que for correto sobre Marília de Dirceu e sobre seu autor, Tomás
Antonio Gonzaga.

Lira XV (1ª parte)


A minha bela Marília Lira XX (2ª parte)
Tem de seu um bom tesouro; Deixo a cama ao romper d´alva;
Não é, doce Alceu, formado O meio-dia tem dado,
Do buscado E o cabelo ainda flutua
Metal louro; Pelas costas desgrenhado.
É feito de uns alvos dentes, Não tenho valor, não tenho,
é feito de uns olhos belos, Nem para de mim cuidar.
De umas faces graciosas, [...].
De crespos, finos cabelos, – Eu entendo que matar-te –
E de outras graças maiores, Diz Amor – te tens proposto.
Que a Natureza lhe deu: Fazes bem; terá Marília
Bens, que valem sobre a terra, Desgosto sobre desgosto. (p. 119-120).
E que têm valor no céu. (p.48)
(Tomás Antonio Gonzaga, Marília de Dirceu. São Paulo: Martin Claret, 2009)

01) Tomás Antonio Gonzaga, considerado o primeiro poeta genuinamente brasileiro, nasceu em
Ouro Preto e, por não ter condições de estudar, tornou-se fazendeiro; participou da
Inconfidência Mineira, razão pela qual foi preso e deportado para a Ásia. Sua obra mais
conhecida, Marília de Dirceu, autobiográfica, relata tanto os momentos felizes, vividos com a
esposa Marília no ambiente bucólico de suas terras em Minas Gerais, como os dias de
sofrimento nos anos em que esteve preso.
02) Na Lira XV (1ª parte), o “eu poético” apresenta-se à amada e oferece-lhe seus dotes físicos e
sua juventude como um tesouro valioso (“alvos dentes” , “olhos belos”, “faces graciosas”, “finos
cabelos”), valorizando a beleza em detrimento da riqueza material, expressa na passagem “Do
buscado/ metal louro”. Na Lira XX (2ª parte), escrita na prisão, retoma alguns elementos
positivos, que eram motivos de orgulho, para enfatizar a sua desesperança e a desgraça que
sobre sua vida se abateram: “E o cabelo ainda flutua/ Pelas costas desgrenhado./ Não tenho
valor, não tenho,/ Nem para de mim cuidar”.
04) Na Lira XV, observa-se a presença de um pastor imaginário, Alceu, a quem o poeta expressa
sua sensibilidade. Ao valorizar elementos concedidos pela natureza à mulher amada, o eu-
lírico faz uso de um esquema de pensamento denominado “aurea mediocritas”, ou seja, o
poeta instiga a valorização não das riquezas concedidas pelo ouro, mas de aspectos simples
da vida: “Bens que valem sobre a terra,/ E que têm valor no céu”.
08) Na Lira XX, o eu poético, ao dialogar com Amor (Cupido), lamenta a vida difícil na prisão,
recorrendo a outro esquema de argumentação, próprio da poesia neoclássica, o “carpe diem” –
recurso utilizado pelas mulheres que eram pagas para chorar pelos mortos nos funerais –, uma
vez que, fechado por anos em uma masmorra, já prevê a morte próxima: “– Eu entendo que
matar-te –/ Diz Amor – te tens proposto/ Fazes bem; terá Marília/ Desgosto sobre desgosto” .
16) Os versos da Lira XV revelam o tom otimista que contamina toda a primeira parte de Marília de
Dirceu, com os quais o poeta convida à valorização da simplicidade, condição para uma vida
feliz. Os versos da Lira XX, carregados de sentimentos melancólicos e de desesperança,
antecipam, inclusive, características do Romantismo.

2) Assinale o que for correto sobre Dom Casmurro e sobre seu autor, Machado de Assis.
01) Em Dom Casmurro, a construção da personagem Capitu é fundamental para o
desenvolvimento da narrativa. Nesse sentido, são emblemáticos dois capítulos com o mesmo
título, “Olhos de ressaca” (capítulos XXXII e CXXIII), nos quais as características da
personagem em questão são sintetizadas por meio de seus olhos e de seu olhar, marcando, na
ótica do narrador do romance, sua natureza misteriosa, tentadora e dissimulada.
02) A impressão de que Dom Casmurro seja simplesmente um romance sobre a traição revela-se
insuficiente diante de uma leitura mais detida. A impossibilidade de se determinar a
culpabilidade de Capitu, nesse sentido, aponta, antes, para um texto que se constrói sob a
égide da ambiguidade e da dúvida, elementos que são potencializados pela complexidade
dessa personagem feminina.
04) Embora Capitu e Bentinho sejam as personagens mais importantes de Dom Casmurro, o
romance apresenta um rico painel de personagens secundárias que também são capazes de
exemplificar a análise e o severo julgamento de Machado de Assis frente ao ser humano e à
sua psicologia. Nesse sentido, pode-se destacar o caso do agregado José Dias, cuja natureza
é traduzida de modo exemplar no capítulo “Um dever amaríssimo”.
08) Dom Casmurro inicia-se com uma explicação sobre a própria expressão que dá título ao
romance e destaca uma característica marcante dessa obra: o fato de Bentinho, o narrador,
apresentar, desde sua infância, maturidade psicológica precoce e equilíbrio emocional, que lhe
permitem analisar Capitu de modo seguro (até para o leitor) desde o início e corroboram, em
momento posterior, as lúcidas e ponderadas impressões iniciais.
16) Embora se configure como rigoroso exercício analítico e reflexivo, Dom Casmurro também é
fortemente marcado pela presença do riso, elemento crítico e de ecos românticos. O riso, por
sinal, está presente em toda a obra de Machado de Assis, salvo em casos pontuais como o de
Memórias póstumas de Brás Cubas, novela com tom solene e sempre sério.

3) Assinale o que for correto sobre o poema a seguir e sobre seu autor, Augusto dos
Anjos.

“ Solilóquio de um visionário”
Para desvirginar o labirinto
Do velho e metafísico Mistério, Vestido de hidrogênio incandescente,
Comi meus olhos crus no cemitério, Vaguei um século, improficuamente,
Numa antropofagia de faminto! Pelas monotonias siderais...

A digestão desse manjar funéreo Subi talvez às máximas alturas,


Tornado sangue transformou-me o instinto Mas, se hoje volto assim, com a alma às
De humanas impressões visuais que eu sinto, escuras,
Nas divinas visões do íncola etéreo! É necessário que ainda eu suba mais!
(ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 62-3)

01) Augusto dos Anjos, embora próximo, em termos cronológicos, de autores do Simbolismo e do
Parnasianismo, difere deles por conta de uma sistemática flexibilidade formal, típica da lírica do
Pré-modernismo. O poema “Solilóquio de um visionário”, por exemplo, demonstra tal tendência
por meio de sua métrica irregular que antecipa, inclusive, o Modernismo posterior.
02) O verso “Vestido de hidrogênio incandescente” exemplifica, na referência ao elemento químico,
uma das marcas da produção de Augusto dos Anjos: a utilização da linguagem científica,
aspecto que aproxima a obra do poeta do Naturalismo, embora tal obra não possa ser
simplesmente incorporada a essa escola literária.
04) O otimismo é um elemento marcante em muitos poemas de Augusto dos Anjos. No poema
“Solilóquio de um visionário”, tal tendência está presente, de modo que expressões de caráter
negativo são usadas apenas a título de paródia, com forte conotação irônica.
08) A obra de Augusto dos Anjos, bastante numerosa, influenciou fortemente a primeira geração
modernista no Brasil, sobretudo seus últimos livros, cujas propostas foram retomadas já na
Semana de Arte Moderna de 1922 e podem ser encontradas na produção modernista de
autores como Manuel Bandeira e Mário de Andrade.
16) A reflexão metafísica perpassa os poemas de Augusto dos Anjos de uma maneira que não pode
ser considerada ocasional. No caso de “Solilóquio de um visionário”, isso pode ser notado nas
referências ao “Mistério”, às “divinas visões” e mesmo às “máximas alturas”.
4) Assinale o que for correto em relação ao romance Dois irmãos, de Milton Hatoum.
01) O romance, ao narrar o conflito entre os irmãos gêmeos Yaqub e Omar, tematiza tanto a
decadência da família como da cidade de Manaus, após período de grande efervescência
econômica e cultural do chamado ciclo da borracha. Ambientada na cidade em
transformação, a narrativa trata também de problemas decorrentes do crescimento urbano
desenfreado e da implantação da Zona Franca de Manaus.
02) Narrado em terceira pessoa –- um narrador que não participa dos fatos narrados –-, o romance
relata a história real, recolhida nas páginas dos jornais de Manaus, de uma família libanesa
que enriqueceu ilicitamente com o comércio da Zona Franca. As personagens principais,
Yaqub e Omar, praticam todo tipo de violência, tanto contra pessoas como contra o meio
ambiente, provocando, inclusive, a devastação da floresta amazônica para favorecer o avanço
da área urbana.
04) “Minha mãe quis sentar na mureta que dá para o rio escuro. Ficou calada por uns minutos, até
a claridade sumir de vez. ‘Quando tu nasceste’, ela disse, ‘seu Halim me ajudou, não quis me
tirar de casa... Me prometeu que ias estudar. Tu eras neto dele, não ia te deixar na rua. Ele foi
ao teu batismo, só ele me acompanhou. E ainda me pediu para escolher teu nome’” (HATOUM,
M. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 241). No trecho transcrito, o
narrador tem sua origem bastarda revelada. Ele, Nael, é filho de um dos gêmeos, cuja
identidade permanece em segredo até então.
08) O romance, ao tratar da rivalidade entre Yaqub e Omar, retoma elementos do mito bíblico sobre
a discórdia entre Esaú e Jacó. Como na história bíblica, na qual a mãe protege Jacó e
despreza Esaú, protegido pelo pai, Zana, a mãe dos gêmeos, revela sua preferência por Omar,
e o pai, Halim, procura proteger Yaqub. Os conflitos da narrativa alimentam-se desse motivo,
como o afastamento de Yaqub, por exemplo, que foi enviado sozinho para o Líbano, por
decisão da mãe, que persuadiu o marido a enviar para lá apenas o gêmeo mais velho,
passando a tratar o Caçula, durante anos, como filho único.
16) Dois irmãos configura-se como romance histórico porque, além de explorar a questão da
identidade, a temática do duplo, a partir do mito bíblico de Esaú e Jacó, focaliza
acontecimentos importantes para a história da humanidade, como a Segunda Guerra Mundial,
episódio do qual Yaqub participa como combatente, durante os cinco anos em que esteve no
Líbano. Ao retornar a Manaus, ele é homenageado como ex-combatente, como se pode ver no
excerto: “O pai preferiu aproveitar em casa a quietude do feriado. Insistiu para que Zana
ficasse com ele, deixasse o filho desfilar e marchar à vontade, mas ela queria a emoção de ver
Yaqub fardado no centro da avenida Eduardo Ribeiro”. (HATOUM, M. Dois irmãos. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000, p. 39)

5) Assinale o que for correto sobre o romance Iracema, de José de Alencar.


01) Quando conhece Martim, Iracema é a sacerdotisa virgem que cumpre uma função espiritual na
sua tribo. No entanto, Iracema trai a confiança do seu povo quando se entrega carnalmente a
Martim. Ardilosa, a índia dopa o amado com uma bebida alucinógena e ele, em transe, mantém
relação sexual com ela. Trata-se, portanto, de uma mulher que se guia, em primeiro lugar,
pelos seus instintos e desejos, o que a aproxima das personagens dos romances realistas.
02) A escrita do romance é perpassada pela intenção de mostrar a riqueza da flora e da fauna das
terras do Novo Continente. Tanto é assim que a palavra Iracema é um anagrama (transposição
das letras de uma palavra) de América.
04) A intenção de exaltação dos elementos nacionais vincula-se ao ideário romântico, mas a
linguagem do texto revela as raízes árcades de José de Alencar. O texto é repleto de inversões
sintáticas, de vocabulário clássico e erudito, de jogos de raciocínio, o que impede a fluidez da
leitura.
08) A guerra entre as tribos tabajara e potiguara mostra a ferocidade dos índios das terras
brasileiras. Quando Iracema vê Martim pela primeira vez, acerta-o com uma flechada. No
entanto, pouco tempo depois, ela se apaixona por ele e o amor explica a mudança da índole
da índia. Sua hostilidade dá lugar ao afeto, o que mostra um dos preceitos românticos: o amor
pode aprimorar, moralmente, o indivíduo.
16) Iracema é descrita como a “virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a
asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira”. Nessa descrição, o narrador utiliza
elementos do cenário nacional, como a “graúna” e a “palmeira”, a fim de criar a identificação da
índia com a natureza pátria.

6) Assinale o que for correto em relação ao livro Contos novos e ao seu autor, Mário de
Andrade.
01) O título do livro, Contos novos, atesta o caráter inovador das narrativas que o compõem,
especialmente no que diz respeito à linguagem e ao modo realista de narrar os fatos,
resultando no retrato da realidade social e psíquica do brasileiro, como se pode ver no
fragmento: “E só mais tarde, já pelos nove ou dez anos, é que lhe dei nosso único beijo, foi
maravilhoso. Se a criançada estava toda junta naquela casa sem jardim da Tia Velha, era fatal
brincarmos de família, porque assim Tia Velha evitava correrias e estragos” (“Vestida de preto”.
In: ANDRADE, M. de. Contos novos. Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Villa Rica, p. 23).
02) “Chegava o entregador da ‘Noite’, batia, entrava. Ela fazia questão de não ter criada, comia de
pensão, tão rica! Vinha o mulato da marmita, pois entrava! [...]. Até o padeirinho da tarde, que
tinha só... quinze? dezesseis anos? entrava, ficava tempo lá dentro” (“O ladrão”. In: ANDRADE,
M. de. Contos novos. Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Villa Rica, p. 36). Nesse fragmento do
conto “O ladrão”, observa-se uma das marcas importantes da linguagem das narrativas do livro
Contos novos, a associação de interrogações, de exclamações e de reticências, recurso
fundamental para a expressão das emoções das personagens e do narrador.
04) As narrativas de Contos novos, primeiro livro de contos de Mário de Andrade, são marcadas
pela prosa irônica, pelo humor corrosivo, pelo emprego de elementos da vanguarda modernista
(cubismo, futurismo, surrealismo), recursos com os quais o autor pretendia criticar a realidade
brasileira e questionar os mitos heroicos da nação.
08) No trecho “Eu era o tipo do fraco. Feio, minha coragem não tinha a menor espontaneidade,
tendência altiva para os vícios, preguiça. Inteligência incessante mas principalmente difícil”
(“Frederico Paciência”. In: ANDRADE, M. de. Contos novos. Rio de Janeiro, Belo Horizonte:
Villa Rica, p. 80), Frederico Paciência, personagem-narrador do conto de mesmo nome, relata
ao amigo Nelson como esses aspectos de sua personalidade impediam o afloramento da
solidariedade em seu espírito, tema do conto.
16) No conto “Primeiro de maio”, a personagem principal é 35, um carregador da Estação da Luz,
em São Paulo, que celebra o dia do trabalhador. A personagem comemora o feriado de modo
grandioso e heroico; participa, ao lado de seus companheiros, de passeatas e de comícios
pelas ruas da cidade, entrando, inclusive, em confronto com a polícia, como se pode ler no
trecho: “Dezenas de operários, se via, eram operários endomingados, vagueavam por ali,
indecisos, ar de quem não quer. Então nas proximidades do palácio, os grupos se apinhavam,
conversando baixo, com melancolia de conspiração” (“Primeiro de maio”. In:ANDRADE, M. de.
Contos novos. Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Villa Rica, p. 43-44).

7) Leia atentamente o fragmento do Sermão do Bom Ladrão, do Padre Antônio Vieira, e


assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
“Assim é, o roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os
piratas, o roubar com muito, os Alexandres. (...) O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao
inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais
alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento distingue muito bem S.
Basílio Magno. (...) Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se
vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este
título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias,
ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os
povos.”
(VIEIRA, Antônio. Sermões do Padre Antônio Vieira. Porto Alegre: L&P, 2009, p. 109-110)
01) Padre Antônio Vieira, autor de sermões em estilo barroco conceptista, foi o que reproduziu com
grande talento a retórica jesuítica para expressar ideias e conceitos. Sua obra pertence ao
Barroco e recria com um estilo expressivo a realidade política e religiosa de seu tempo.
02) No fragmento selecionado, Vieira critica o pensamento de São Basílio Magno sobre as
penalidades sofridas pelos ladrões de sua época.
04) Nesse Sermão, Vieira condena apenas os ladrões da máquina administrativa do governo de
Portugal, para enriquecer e absolver os ladrões de pequenos furtos.
08) No trecho em questão, Vieira desaprova todas as formas de roubo praticadas pelos homens, ao
afirmar que “O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao inferno: os que não só vão,
mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera”.
16) No Sermão do Bom Ladrão, Vieira posiciona-se contra a roubalheira dos funcionários,
governadores, ministros e autoridades que se valiam de sua posição no império português.
Para criticá-los, o autor mostra uma postura ética contrária à corrupção que já existia no
sistema colonial.

8) Leia atentamente o texto abaixo e assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

Cárcere das almas


Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades Ó almas presas, mudas e fechadas
Do calabouço olhando imensidades, Nas prisões colossais e abandonadas,
Mares, estrelas, tardes, natureza. Da Dor no calabouço atroz, funéreo!

Tudo se reveste de uma igual grandeza Nesses silêncios solitários, graves,


Quando a alma entre grilhões as liberdades Que chaveiro do Céu possui as chaves
Sonha e sonhando, as imortalidades Para abrir-vos as portas do Mistério?!
Rasga no etéreo Espaço da Pureza.
(CRUZ e SOUSA. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ediouro, São Paulo: Publifolha, 1997. p. 178)

01) A ênfase nos aspectos musicais do verso e a utilização de sinestesias são recursos exclusivos
da poesia simbolista. No Simbolismo, a descrição predomina sobre a sugestão. “Cárcere das
almas” escreve prisões subterrâneas e rejeita qualquer tipo de misticismo.
02) No poema acima, os substantivos concretos “cárcere”, “grades”, “calabouço”, “grilhões” e
“prisões” sugerem que a alma (o espírito) vive aprisionada pelo corpo humano. As maiúsculas
usadas em substantivos comuns (“Espaço da Pureza”, “Dor”, “Céu” e “Mistério”)
redimensionam o sentido das palavras, ampliando a sua capacidade expressiva.
04) Denominado como “Cisne Negro” da literatura brasileira, Cruz e Sousa é o mais importante
poeta do Simbolismo. Em “Cárcere das almas”, assim como em toda a sua poesia, aparece um
desejo basicamente simbolista: alcançar a liberdade do espírito pela transposição da matéria.
08) O soneto “Cárcere das almas” é composto, na sua totalidade, por versos dodecassílabos
(alexandrinos) e, na segunda estrofe, mostra claramente a temática de cunho sexual. O verso
“Rasga no etéreo Espaço da Pureza” pode comprovar essa ideia.
16) A poesia de Cruz e Sousa é centrada na tragicidade da existência e revela também ecos da
estética parnasiana, que aparecem na linguagem bem cuidada e no uso do soneto.

09) Assinale o que for correto.


01) A produção literária do padre Antônio Vieira marca o ponto culminante do Classicismo
brasileiro. Embora apresente traços maneiristas e mesmo algumas antecipações barrocas em
sua obra épica, sua lírica se mostra modelar em termos de procedimentos e de temas
clássicos.
02) José de Alencar, afastando-se de seus antecessores da primeira geração romântica brasileira,
evitou a temática indianista, trabalhando apenas com o ambiente urbano. Em Iracema, a
utilização de um nome indígena para a protagonista traduz um forte procedimento paródico,
uma vez que se constrói a figura de uma mulher europeizada e refinada.
04) Em Dom Casmurro, Machado de Assis abre espaço para uma rigorosa análise da alma e do
comportamento humanos, como no caso da representação do ciúme doentio de Bentinho em
relação a Capitu. Assim, o autor afasta-se da idealização romântica, confirmando, antes, os
preceitos da escola realista.
08) Em consonância com o Simbolismo, a obra de Cruz e Sousa apresenta a busca pelo vago, pelo
etéreo e pelo sugestivo, utilizando recursos como aliterações e sinestesias, dentre outros, para
traduzir essa busca. Isso se dá sob a forma de produções que compreendem tanto o poema
em verso quanto o poema em prosa.

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