Sei sulla pagina 1di 2

"PESA MAIS O PECADO CONTRA A DOUTRINA QUE O PECADO CONTRA A DISCIPLINA CRISTÃ"

"A disciplina doutrinária é distinta da disciplina eclesiástica da seguinte forma: esta é


consequência da sã doutrina, o que vale dizer, do uso correto do Evangelho, enquanto que
aquela se dirige expressamente contra o abuso da doutrina. Por doutrina falsa se deteriora a
fonte da vida da igreja e da disciplina eclesiástica. Por isso, pesa mais o pecado contra a doutrina
que o pecado contra a disciplina cristã. Quem rouba da igreja o Evangelho merece condenação
irrestrita; quem, porém, peca em sua conduta, para esse existe o Evangelho. Disciplina
doutrinária refere-se, em primeiro lugar, aos ministros encarregados de ensinar o Evangelho na
igreja. Condição prévia para tanto é que, para o exercício do ofício, haja o cuidado de que o
responsável pelo ofício seja didaktikós, 'apto para ensinar' (1Tm 3.2; 2Tm 2.24; Tt 1.9), 'também
idôneo para instruir a outros' (2Tm 2.2), que a ninguém se imponha as mãos precipitadamente,
porque a culpa cairá sobre quem o ordenou (1Tm 5.22). A disciplina doutrinária, porém, não
termina com a ordenação ao ministério, mas tem aí apenas o seu início. Mesmo o ministro
aprovado - Timóteo - tem necessidade de ser continuamente admoestado a permanecer na reta
e sã doutrina. O que se recomenda especialmente a ele é a leitura das Escrituras. O perigo de se
desviar é demasiado grande (2Tm 3.10; 3.14; 4.2,15; 1Tm 4.13,16; Tt 1.9; 3.8). A isso deve se
acrescentar à vida exemplar: 'Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina' (1Tm 4.13ss; At 20.18).
Ser admoestado à castidade, humildade, imparcialidade, dedicação não é vergonhoso para
Timóteo. Assim, a disciplina em relação aos responsáveis pelo ofício precede toda disciplina em
relação à igreja. É dever do ministro propagar, na igreja, a reta doutrina e combater qualquer
perversão. Onde se instalam heresias evidentes, o ministro ordenará que 'não ensinem outra
doutrina' (1Tm 1.3), pois ele é portador do ministério da doutrina e tem direito de ordenar. Além
disso, deverá evitar contendas de palavras (2Tm 2.14). Se for comprovada a heresia, admoeste-
se o herege primeira e segunda vez; se não ouvir, rompa-se a comunhão com ele (Tt 3.10; 1Tm
6.4s.), pois ele seduz a igreja (2Tm 3.6s.). 'Quem não permanece na doutrina de Cristo, este tal
não tem Deus'. A esse falso pregador negam, inclusive, a hospitalidade e a saudação fraternal
(2Jo 9ss). No herege se nos depara o Anticristo. Não o pecador contra a disciplina da vida cristã,
mas exclusivamente o herege é denominado Anticristo. O anátema de Gl 1.9 dirige-se
exclusivamente contra o herege. A respeito da relação entre disciplina eclesiástica e disciplina
doutrinária diga-se o seguinte: não há disciplina eclesiástica se não houver disciplina doutrinária.
Não há, todavia, disciplina doutrinária que não leve à disciplina eclesiástica. O apóstolo Paulo
acusa os cristãos coríntios de provocarem cismas em sua soberba, sem exercerem disciplina
eclesiástica (1Co 5.2). Essa separação de doutrina e conduta cristã é impossível".

Dietrich Bonhoeffer, Discipulado, p. 193-194, nota 20.

A GRAÇA PRECIOSA

A graça barata é a inimiga mortal de nossa Igreja. A nossa luta trava-se hoje em torno da graça
preciosa. Graça barata é graça como refugo, perdão malbaratado, consolo malbaratado,
sacramento malbaratado; é graça como inesgotável tesouro da Igreja, distribuído diariamente
com mãos levianas, sem pensar e sem limites; a graça sem preço, sem custo. A essência da graça
seria justamente que a conta foi liquidada antecipadamente e para todos os tempos. Estando a
conta paga, pode-se obter tudo gratuitamente. Por ser infinitamente grande o preço pago, são
também infinitamente grandes as possibilidades de uso e dissipação. Que seria a graça se não
fosse barata?
Graça barata significa a graça como doutrina, como princípio, como sistema; significa perdão
dos pecados como verdade geral, significa o amor de Deus como conceito cristão de Deus.
Quem o aceita já tem o perdão de seus pecados. A Igreja participa da graça já pelo simples fato
de ter essa doutrina da graça. Nesta Igreja, o mundo encontra fácil cobertura para seus pecados
dos quais não tem remorsos e não deseja verdadeiramente libertar-se. A graça barata é, por
isso, uma negação da Palavra viva de Deus, negação da encarnação do Verbo de Deus.

Graça barata significa justificação do pecado, e não do pecador. Como a graça faz tudo sozinha,
tudo também pode permanecer como antes. "Afinal, a minha força nada faz." O mundo
continua sendo mundo, e nós continuamos sendo pecadores "mesmo na vida mais piedosa".
Viva, pois, o crente como vive o mundo, coloque-se, em tudo, em pé de igualdade com o mundo,
e não se atreva - sob pena de ser acusado de heresia entusiasta! - a ter, sob a graça, uma vida
diferente da que tinha sob o pecado! Que se guarde de encolerizar-se contra a graça, de
envergonhar essa graça grande e barata, e de instituir um novo culto do literalismo tentando ter
uma vida de obediência de acordo com os mandamentos de Jesus Cristo!

O mundo é justificado pela graça, e, por isso - por amor da seriedade dessa graça, para que não
haja resistência a essa graça insubstituível! - que o cristão viva como o resto do mundo! E certo
que ele gostaria de realizar algo de extraordinário, e constitui, sem dúvida, um grande sacrifício
não poder fazê-lo, mas ter que viver mundanamente. Contudo, ele precisa fazer esse sacrifício,
praticar a autonegação, renunciar a uma vida que se distinga da do mundo. Tem que deixar a
graça ser realmente graça, para não destruir ao mundo a fé nessa graça barata. Todavia, que o
crente, em seu mundanismo, nessa renúncia necessária que tem de fazer por amor do mundo -
não, por amor da graça! - continue consolado e seguro (securus) na posse dessa graça, que tudo
opera sozinha! Por isso, que o crente não seja discípulo, antes se console com a graça! Isto é
graça barata como justificação do pecado, mas não justificação do pecador penitente, que
abandona o pecado e se arrepende; não é o perdão que separa do pecado. A graça barata é a
graça que nós dispensamos a nós próprios.

A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina


comunitária, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão
pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo
vivo, encarnado.

A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o ser humano sai e vende com
alegria tudo quanto tem; a pérola preciosa, para cuja aquisição o comerciante se desfaz de todos
os seus bens; o senhorio régio de Cristo, por amor do qual o ser humano arranca o olho que o
faz tropeçar; o chamado de Jesus Cristo, pelo qual o discípulo larga suas redes e o segue.

A graça preciosa é o Evangelho que se deve procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem
que orar, a porta à qual se tem que bater.

Essa graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus
Cristo; é preciosa por custar a vida ao ser humano, e é graça por, assim, lhe dar a vida; é preciosa
por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. Essa graça é sobretudo preciosa por
ter sido preciosa para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho - "vocês foram comprados
por preço" - e porque não pode ser barato para nós aquilo que custou caro para Deus. A graça é
preciosa sobretudo porque Deus não achou que seu Filho fosse preço demasiado caro para
pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação de Deus.

Dietrich Bonhoeffer, Discipulado, p. 19-21.

Potrebbero piacerti anche