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BRASIL 2030:

INDICADORES BRASILEIROS DE
CIDADES INTELIGENTES E HUMANAS

BRASIL
2017
Presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas
André Gomyde, Mestre em Business Administration pela Florida Christian
University, EUA.

Diretor de Projetos da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas


Hideraldo Luiz de Almeida, Mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

Coordenadora Acadêmica do Projeto Indicadores da Rede Brasileira de


Cidades Inteligentes e Humanas

Marciele Berger Bernardes, Doutoranda em Direito pela Universidade do


Minho, Portugal

Pesquisadores que desenvolveram os Indicadores de Cidades Inteligentes e


Humanas

Caio Vassão, Doutor pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da


Universidade de São Paulo.

Cecília Emi Yamanaka Matsumura, MBA pela Universidade de São Paulo.

Cláudia Cappelli, Doutora pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de


Janeiro.

Flávia Bernardini, Doutora pela Faculdade de Ciência da Computação da


Universidade de São Paulo.

Gabriel Mazzola Poli de Figueiredo, Mestre pela Faculdade de Arquitetura e


Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Gabriela Viale Pereira, Senior Scientist do Department for E-Governance and


Administration na Danube University Krems e Pós-Doutora pela FGV-EAESP.

Guido Vaz Silva, Doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ivan Souto, Mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da


Universidade de São Paulo.
2
Jamile Marques, Pós Doutora pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Lucas Girard, Graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da


Universidade de São Paulo.

Marciele Berger Bernardes, Doutoranda em Direito pela Universidade do


Minho, Portugal
Ricardo Alexandre Afonso, Mestre pela Universidade Federal de Pernambuco.

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transmitida de qualquer modo, ou de qualquer meio, seja eletrônico, mecânico ou fotocópia,
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Inteligentes e Humanas.

3
“...nunca [...] plenamente maduro, nem nas ideias nem no
estilo, mas sempre verde, incompleto, experimental.” Gilberto
Freire, Tempo Morto e Outros Tempos, 1926.

4
Índice

INTRODUÇÃO .......................................................................................6
O que é a Rede? .................................................................................7
Objetivos e direcionadores ....................................................................8
Ações ............................................................................................10
Atividades futuras ............................................................................. 10
CONCEITO DE CIDADES INTELIGENTES E HUMANAS ..........................................10
ANÁLISE DO CONCEITO DE CIDADE INTELIGENTE ............................................12
Inteligência Coletiva ..........................................................................12
Cidade entendida como um Processo de Interação ......................................13
Novo Diálogo entre o Global e o Local .....................................................14
O que há de único do conceito da “Cidade Inteligente”? ...............................14
Pluralidade do Conceito de Cidade Inteligente ...........................................16
Dimensões: .....................................................................................18
Elementos Chave da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas ............20
MEDIÇÕES..........................................................................................22
OS INDICADORES..................................................................................23
- Governança ..................................................................................24
- Arquitetura, Urbanismo e Antropologia .................................................. 24
-Tecnologia ....................................................................................24
-Segurança .....................................................................................24
METODOLOGIA ...................................................................................24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................25
SOBRE OS AUTORES ..............................................................................27

5
INTRODUÇÃO

O ano de 2016 foi marcado pelo grande movimento no mercado brasileiro para
a implementação de IoT (Internet of Things) para transformar as cidades brasileiras
em espaços inteligentes.
Apesar de ainda estar em suas primeiras fases de evolução, principalmente
em países como o Brasil, de acordo com a pesquisa realizada pela consultoria IDC, o
mercado de IoT continuará crescendo acima do PIB brasileiro, podendo fechar como
o sexto mais importante do mundo. O estudo também mostra que, possivelmente,
130 milhões de dispositivos inteligentes estarão conectados no país até o final do
ano, o que corresponde a quase metade das ‘coisas’ conectadas na América Latina. A
adoção da tecnologia, no entanto, ainda é pequena na América Latina e no Brasil. A
pesquisa aponta que apenas 7% das empresas da região usam IoT, e que 44% afirmam
ainda estar “observando e aprendendo”1.
O   documento   “Brasil   2030: Indicadores para  cidades   inteligentes   e
 humanas”  é  o resultado  de um ano de pesquisas,  estudos e  debates da academia
brasileira que, a convite do presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e
Humanas (RBCIH), André Gomyde, uniu esforços no sentido de efetivar o Projeto
Cidades Inteligentes e Humanas.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas mais de 70% da população
mundial viverá em cidades até 2050 (ONU, 2015). No mesmo sentido, em uma
mensagem para a 24ª sessão do Conselho de Governança  do Programa das Nações
Unidas para os Assentamentos Humanos ONU-HABITAT 2, o Secretário-Geral da ONU,
Ban Ki-moon afirmou que “a maior parte do crescimento urbano do mundo ocorre em
países em desenvolvimento, onde muitos centros urbanos já tem infraestrutura
inadequada” 3. No Brasil, apesar da população urbana estar caminhando para uma
estabilização proporcionalmente à rural, é previsto um aumento populacional de
cerca de 10 milhões4 de pessoas até 2050, a ocorrer principalmente nas cidades. Fica
patente a importância de uma ação rápida e eficaz para identificar, entender e
trabalhar para sanar os diversos problemas relativos à qualidade de vida urbana.
Vale destacar que o crescente aumento populacional urbano tem trazido

1 Disponível em: http://ideialabs.com.br/internet-das-coisas-no-brasil/. Acesso em:


jan. 2017.
2 Disponível em:< http://unhabitat.org/>. Acesso em 23 jan. 2017.
3 Disponível em: <https://nacoesunidas.org/onu-mais-de-70-da-populacao-mundial-
vivera-em-cidades-ate-2050/>. Acesso em 10 jan. 2017.
4United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division (UN,
2015). World Population Prospects: The 2015 Revision
6
grandes desafios para os gestores de cidades. Problemas relacionados ao tráfego,
segurança, educação, saúde, consumo de água e energia, entre outros, estão se
tornando mais difíceis de serem administrados. Em face disso, e considerando a
emergência das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs – como
ferramentas para auxiliar o monitoramento, controle e tomada de decisões diante de
tais problemas, a temática tem evoluído para alicerçar a gestão urbana em TICs.
Este cenário faz com que as autoridades apresentem soluções para responder
adequadamente às demandas da rápida expansão das populações urbanas. A partir
disso, a política de Cidades Inteligentes vêm ganhando espaço na arena
(inter)nacional, sendo parte da agenda prioritária dos Governos, uma vez que
assimila novas concepções, tecnologias e práticas de gestão.
Nesse contexto, a oferta de serviços públicos aliada ao uso das TICs vem
sendo desenvolvida com foco na melhoria dos serviços prestados ao cidadão, a
ampliação do acesso a serviços, a melhoria da gestão interna, a transparência e
controle social sobre as ações de Governo.
Esta publicação apresenta uma metodologia para avaliação anual das
prefeituras das cidades que fazem parte da RBCIH. Para a definição da metodologia é
apresentado o conceito de Cidades Inteligentes e Humanas, no qual se embasam os
indicadores construídos para a avaliação, bem como as métricas para coleta das
informações dos indicadores. A metodologia é coordenada pelo Departamento de
Indicadores da RBCIH. Trata-se de um conjunto de indicadores focados na avaliação
de uma maior ou menor conveniência dos serviços prestados pelas administrações
municipais, com foco no cidadão. A metodologia apresentada possibilita a criação de
um selo, com critérios que permitem visualizar os pontos fracos e fortes de um
serviço, e a proximidade maior ou menor em relação às expectativas da população
após sua implantação, contribuindo dessa forma para sua permanente evolução e
alinhamento.
A metodologia apresentada nesta publicação aborda, além dos indicadores, os
processos utilizados para a definição dos indicadores e a publicação de um Relatório
de Recomendações, visando, com isso, o constante aprimoramento dos serviços para
os stakeholders.
São stakeholders da RBCIH toda a composição desse órgão, os governos das
esferas federais, estaduais e municipais, e toda a população brasileira. Acredita-se,
assim, que a RBCIH está dando um importante passo para suprir um relevante
aspecto de sucesso na implementação de políticas de Cidades Inteligentes e Humanas
no Brasil.

O que é a Rede?

A Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas (RBCIH) é um movimento


nacional que reúne profissionais, pesquisadores, empreendedores e estudantes dos
setores acadêmico, privado e público, com objetivo de trocar informações e
7
experiências para o desenvolvimento das cidades na economia do século XXI.
Foi criada em 2013, no âmbito da Frente Nacional de Prefeitos – que congrega
as 350 maiores cidades brasileiras –, e reúne secretários e dirigentes municipais de
ciência, tecnologia e inovação, bem como secretários municipais de desenvolvimento
econômico.
A fim de criar um conceito comum e com características brasileiras sobre o
tema, reuniu também universidades e setores da iniciativa privada para escrever um
documento intitulado: “Brasil 2030: Cidades Inteligentes e Humanas”5, que tem
norteado suas ações em todo o País. A partir desse documento, as instituições
parceiras do setor acadêmico e da iniciativa privada passaram a fazer parte da Rede.
No ano de 2015, foi criada uma comissão Interministerial para tratar do
assunto, coordenada pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e
da qual a Rede participa.
No ano de 2016, foi criada a Frente Parlamentar Mista em Apoio às Cidades
Inteligentes e Humanas e estamos discutindo os avanços necessários em termos de
legislação, para que se possa facilitar o desenvolvimento das cidades como
Inteligentes e Humanas.

Objetivos e direcionadores

O projeto Indicadores para Avaliação de Cidades Inteligentes e Humanas foi


desenvolvido com o objetivo de avaliar a qualidade dos serviços públicos (seja no
meio presencial ou eletrônico) prestados pelos municípios, de acordo com a
conveniência para o cidadão.
Focado prioritariamente no viés humano (antropológico), uma vez que esse é
um dos principais eixos dos programas de Cidades Inteligentes e Humanas, o projeto
foi estruturado para propiciar um ambiente de troca de informações e apoio para os
municípios criarem suas leis, seus ecossistemas de inovação, seus laboratórios vivos,
seus aplicativos, seus softwares, suas soluções tecnológicas, bem como a
implementação da lei de transparência e desenvolvimento de suas PPPs (Parcerias
Público Privadas).
Também busca oferecer apoio à implantação de ações de gestão pública que
permitam utilizar as facilidades das TICs em favor da melhoria da qualidade de vida
do cidadão e da cidade, de modo que se tornem Cidades Inteligentes e Humanas,
através dos seguintes direcionadores:
1. Discutir, da forma mais ampla e inclusiva possível, o que sejam as Cidades
Inteligentes e Humanas de modo a envolver a sociedade e agentes públicos nesse
processo, compreendendo a Cidade Inteligente e Humana como um conceito em
constante aprimoramento;

5Disponível em:< http://redebrasileira.org/arquivos/Brasil_2030_CIH.pdf>. Acesso em jan.


2017.
8
2. Estabelecer um rol de programas, projetos e ações a serem desenvolvidos por cada
cidade, para que se aproximem do que se consideram Cidades Inteligentes e
Humanas;
3. Organizar as cidades em redes regionais, visando disseminar o conceito
estabelecido, o rol de ações a serem implementadas e também compartilhar
aprendizados, em apoio mútuo nesse processo desafiador;
4. Fazer um diagnóstico nos municípios interessados em filiarem-se à Rede Brasileira
de Cidades Inteligentes e Humanas, a fim de analisar o contexto tecnológico, o grau
de desenvolvimento social, a sua capacidade de planejamento e implementação de
programas tecnológicos em que se encontram e definir quais ações do rol devem ser
iniciadas;
5. Criar o Índice Brasileiro de Cidades Inteligentes e Humanas e um Selo Certificador,
tendo como base indicadores que reflitam a aderência do município aos critérios
selecionados pela RBCIH. Utilizou-se como base a ISO 37120 e foram desenvolvidos
novos indicadores a partir de pesquisas científicas conduzidas pelos próprios
membros da RBCIH; a adoção de tais indicadores trará os seguintes benefícios para os
stakeholders:
• Governança e prestação de serviços mais eficientes;
• Referências e metas internacionais;
• Referência e planejamento local;
• Tomada de decisões informadas pelos gestores públicos;
• Aprendizagem entre cidades;
• Promoção de financiamento e reconhecimento de entidades internacionais;
• Promoção de financiamento para cidades oriundo de governos nas esferas estadual
e federal, e/ou instituições e órgãos internacionais;
• Estrutura para o planejamento de sustentabilidade;
• Transparência e dados abertos para atração de investimentos;
• e Apoio para o desenvolvimento social integrado, que pautará as decisões
governamentais a partir de processo de envolvimento da comunidade e da
sociedade civil.
6. Dar apoio aos municípios interessados para a formulação de suas leis de Parcerias
Público Privadas – PPPs – e em suas implementações; para montagem de seus
ecossistemas de inovação, living labs e do Projeto de Cidades Inteligentes e
Humanas;
7. Promover encontros regionais e nacionais, uma vez por ano, para troca de
informações e experiências;
8. Fazer acompanhamento permanente da evolução dos municípios em seus
indicadores, os quais comporão o Índice Brasileiro de Cidades Inteligentes e Humanas
e certificá-los.

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Ações

● Integração do Grupo de Trabalho Governamental, com a participação público


privada, para desenvolvimento das cidades inteligentes e Humanas (GT-CIH)
liderado pela ABDI;
● Integração do Grupo da Frente Parlamentar Mista de Apoio às Cidades
Inteligentes e Humanas;
● Atuação na Campus Party Brasil;
● Participação na Innovate, Connect, Transform (ICT 2015) – Lisboa, Portugal;
● Participação no Forum Connected Smart Cities 2015 – São Paulo, Brasil;
● Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável, da Frente
Nacional de Prefeitos;
● Participação na Smart City Business America Congress & Expo 2016 – Curitiba,
Brasil;
● Participação na  Beyond 2020 - Recife, Brasil;
● Participação na  ICT Week – Brasília, Brasil ;
● Participação na  3rd BRICS Urbanisation Forum - Urban Transition -
Visakhapatnam, India ;
● Participação na  Danish-Brazilian workshop on Smart Cities ( Embaixada da
Dinamarca) – Copenhagen, Dinamarca.

Atividades futuras

• Reuniões com prefeitos e outras organizações (Ministério da Ciência,


Tecnologia, Inovação e Comunicações - MCTIC, Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio - MDIC, Ministério da Educação - MEC, Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, e demais entidades
interessadas) para definir como será empregada a metodologia de uso dos
indicadores e Selo.

CONCEITO DE CIDADES INTELIGENTES E HUMANAS


O debate em torno das Cidades Inteligentes teve sua primeira declaração,
com o protocolo de Kyoto, como decorrência do movimento conhecido por
crescimento inteligente, em meados da década de 1990, o qual defendia a criação e
implantação de políticas urbanas inovadoras dentro da administração (VAN
BASTELAER, 1998).

O termo Cidade Digital passou a ser mais citado na literatura a partir de 1999
devido à ampla difusão do uso da internet. Segundo (COCCHIA, 2014), somente a
partir de 2010 houve uma explosão no uso do termo Cidade Inteligente (do inglês,
“Smart City”) em diversos trabalhos científicos. Nos trabalhos empíricos, que
10
descrevem as cidades como Digitais ou Inteligentes, uma cidade é dita digital quando
segue políticas digitais para suprir serviços eletrônicos aos cidadãos através do uso da
Web, Computação em Nuvem, Internet das Coisas, dentre outros; é dita inteligente
quando segue estratégias sustentáveis pelo uso sustentável e com inovação de seus
próprios recursos naturais; e é dita inteligente baseada no digital quando segue
estratégias sustentáveis usando tecnologias aplicadas a cidades digitais – nesse caso,
a cidade digital representa o componente de Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC) na qual a estratégia de Cidade Inteligente está baseada.
Em outra visão do conceito de Cidades Inteligentes, apresentada em (PARDO;
TAEWOO, 2011), os diferentes termos englobados pelo conceito de Cidades
Inteligentes estão em três dimensões: (i) Dimensão Tecnológica, baseada no uso de
infraestruturas, especialmente as de TIC, para melhorar e transformar a vida e o
trabalho dentro de uma cidade de forma relevante, que engloba os conceitos de
Cidade Digital, Cidade Virtual, Cidade da Informação e Cidade Ubíqua; (ii) Dimensão
Humana, baseada em pessoas, educação, aprendizagem e conhecimento (fatores
chave para uma cidade dita inteligente), que engloba os conceitos de Cidade de
Aprendizagem e Cidade do Conhecimento; e (iii) Dimensão Institucional, baseada na
governança e na política, pois a cooperação entre as partes interessadas e os
governos institucionais é muito importante para projetar e implementar iniciativas
inteligentes, e que engloba os conceitos de Comunidade Inteligente, Cidade
Sustentável e Cidade Verde. Sendo assim, para que o conceito de Cidades
Inteligentes seja implementado em uma cidade, é importante que as três dimensões
sejam consideradas em seu projeto.
Segundo (LEE; PHAALB; LEE, 2013) e (GIFFINGER; GUDRUN, 2010), o conceito
de Cidade Inteligente está embasado em seis principais dimensões: economia
inteligente, mobilidade inteligente, ambiente inteligente, pessoas inteligentes, vida
inteligente e governança inteligente. Os autores de (GIFFINGER; GUDRUN, 2010) vão
além, definindo que “uma cidade é inteligente quando seus investimentos em capital
humano e social, em transporte urbano e infraestrutura de TIC alimentam o
desenvolvimento econômico sustentável e uma melhor qualidade de vida, com sábio
gerenciamento de recursos naturais, através do governo participativo”. No entanto,
em (DAMERI; ROSENTHAL-SABROUX, 2014), os autores afirmam que indicar alguma
iniciativa como pertencente a uma única dimensão muitas vezes é difícil, devido a
possíveis intersecções entre as dimensões. Por exemplo, um novo sistema de
transporte público baseado em baixa emissão de carbono impacta tanto em
mobilidade quanto em ambiente inteligente. Ainda, é difícil definir projetos que não
impactam em vida inteligente, já que essa única dimensão sumariza todos os
benefícios do conceito de iniciativas inteligentes para uma cidade. Assim, em
(COCCHIA, 2014) é apresentada uma evolução no conceito de cidades inteligentes,
apresentando os componentes centrais que devem ser considerados em uma cidade
para ser dita mais inteligente:
● Terreno, significando a área geográfica na qual a cidade está localizada;
● Infraestrutura, significando um elemento maior, que inclui todos os
componentes físicos e materiais de uma cidade - prédios, ruas, facilidades de
transporte, etc;
● Pessoas, que incluem todos os cidadãos, não somente os moradores, mas
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também os que trabalham, estudam ou visitam a cidade; e
● Governo, significando a junção dos órgãos políticos que detém o poder de
governar os aspectos administrativos da cidade.
Para tornar os quatro componentes mais inteligentes, devem ser considerados
três aspectos (DAMERI, 2012):
● Eficácia, relacionada à capacidade da cidade de suprir efetivamente serviços
públicos e privados para os diferentes órgãos da sociedade (cidadãos,
companhias e organizações sem fins lucrativos); e para diferentes categorias
de cidadãos (estudantes, trabalhadores, idosos, etc). Deve ser incluído o
papel subjetivo de cada parte interessada na definição de inteligente. Em
outras palavras, a cidade não é inteligente por si mesma, mas sim se cria
valor público para as pessoas;
● Considerações ambientais, relacionadas à capacidade de medir o impacto do
crescimento da cidade na qualidade do ambiente nas áreas urbanas. Um dos
principais pilares das cidades inteligentes é prevenir uma degradação
ambiental ainda maior. Os principais impactos estão relacionados a consumo
de energia, poluição da água e do ar, congestionamento no tráfego, consumo
da terra. Assim, uma cidade inteligente age para reduzir esses aspectos para
preservar a qualidade do ambiente; e
● Inovação, que sinaliza que uma cidade inteligente deve usar todas as mais
atuais tecnologias para melhorar a qualidade dos seus componentes
principais, para entregar melhores serviços e reduzir os impactos ambientais.
Assim, a tecnologia é um aspecto central da cidade inteligente, usada no
serviço das iniciativas inteligentes para a qualidade de vida na cidade.

ANÁLISE DO CONCEITO DE CIDADE INTELIGENTE

O survey da bibliografia demonstra o quanto o conceito da Cidade Inteligente


é recente e, apesar de sua popularidade, ainda não conta com uma definição
unificada e precisa. Um dos poucos consensos em torno do conceito da cidade
inteligente é incremento da eficiência dos processos urbanos, em geral se referindo
ao uso de recursos naturais e financeiros, e à provisão de serviços à população, por
meio da integração de tecnologia aos processos e territórios da cidade.
No entanto, tendo como intenção sustentar ações, políticas públicas e
projetos de alta eficácia e impacto, apresentamos a seguir subsídios para
compreender-se o conceito de Cidade Inteligente com rigor e profundidade.

Inteligência Coletiva

Toda cidade é composta por comunidades: a interação social na escala do


cotidiano, a construção de valores compartilhados em grupos de interesse. Segundo o
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conceito da “Inteligência Coletiva” (LÉVY, 1998), toda comunidade viva é dotada de
inteligência. Neste sentido, toda cidade é um organismo inteligente. Assim, ao se
falar de “Cidades Inteligentes” trata-se de denominar o incremento e o
direcionamento da inteligência que já existe nas cidades.
No entanto, do ponto de vista histórico, o grande esforço do processo
industrial quanto à organização sócio-populacional foi em desestruturar as
comunidades para que a população se curvasse à demanda de adaptação aos novos
hábitos urbanos industriais - ou seja, houve um esforço, mesmo que não consciente,
de desmontar a inteligência coletiva (VASSÃO, 2002). A partir do trabalho de um
grupo variado de arquitetos, urbanistas, antropólogos e analistas, passa-se a
considerar um contexto urbano bem-sucedido aquele que se baseia intrinsecamente
em valores e processos oriundos e compartilhados na comunidade local (JACOBS,
1961; ALEXANDER, 1979; BARONE, 2002). Em outras palavras, a partir de meados do
século XX, volta-se a valorizar e reconhecer na inteligência coletiva o fundamento
para um ambiente urbano saudável e ativo - tanto do ponto de vista sócio-cultural,
como do empreendedor e econômico.
A Cidade inteligente deve ser aquela que baseia seu planejamento e validação
no arranjo emergente das comunidades na mínima escala social e nas localidades
concretas, por meio do processo de co-criação de prioridades urbanas - processo esse
mediado por uma equipe transdisciplinar liderada por profissionais oriundos da área
de humanidades.
Do ponto de vista epistemológico trata-se de descolar o centro das
considerações da tecnologia para o ser humano. Tantas iniciativas quanto às Cidades
Inteligentes enfrentam dificuldades muitas vezes intransponíveis devido ao fato de
serem mediadas e/ou lideradas por profissionais oriundos de áreas alheias às
humanidades, que consideram-nas apenas como um dado acessório a um processo
considerado eminentemente tecnológico. Esta é a visão que denominamos
“tecnocêntrica”, e consideramos que ela deve ser revista tendo como base uma visão
“antropocêntrica”. Essa revisão não implica em colocar a tecnologia em segundo
plano, mas sim em considerá-la como parte integral da cultura, e compreender o seu
papel como mola propulsora de mudanças sócio-culturais.

Cidade entendida como um Processo de Interação

Tradicionalmente, considera-se que a cidade é um agregado de edifícios,


infra-estrutura e equipamentos urbanos, concentrados no território em enclaves
populacionais. No entanto, há uma visão alternativa e muito fecunda que considera a
cidade não como essa infra-estrutura construída, mas como uma “infra-estrutura de
relações e sociabilidade”: a cidade é um tecido de interações sociais intensas que
compõem a vida em comunidade (ALEXANDER, 1966; JACOBS, 1961; VASSÃO, 2014).
A telecomunicação popularizada pelas TICs altera esse processo de interação,
e cria dinâmicas emergentes, tais como: (1) translocalidade; o processo de interação
intensa entre locais diferentes, conectando cidades, estados e nações diferentes em
complexas trocas informacionais, culturais e financeiras (VASSÃO, 2002 e 2008); (2)

13
re-emergência da esfera comunitária; o processo de reconstrução do convívio
comunitário independentemente da sanção institucional, promovendo novos hábitos
tanto na escala local como na global (VASSÃO, 2014); (3) novo estágio no complexo
diálogo entre dispersão e concentração territorial; tradicionalmente, a cidade foi
um enclave territorial, no período industrial tornou-se uma região de adensamento,
hoje a concentração e a dispersão no território se desenvolvem de novas formas que
entram em conflito direto com as esferas de gestão pública do município, estado e
federação - vide a emergência das regiões metropolitanas e da chamada
“macrometrópole” (EMPLASA, 2011).

Novo Diálogo entre o Global e o Local

Consideramos que modelos genéricos de Cidades Inteligentes são impossíveis,


mesmo que se deva ater aos padrões tecnológicos e à interoperabilidade entre
dispositivos, plataformas e sistemas.
Deve-se procurar por elaborar, desenvolver, salientar e explorar aquilo que é
peculiar, singular a cada contexto urbano, ancorando todo esse processo em valores
compartilhados na escala da comunidade. Ao mesmo tempo, deve-se construir pontes
entre as singularidades locais e os padrões estabelecidos em escala internacional,
permitindo que cada município possa tirar proveito das economias de escala, da
transposição de experiências de êxito, de conhecimento acumulado por um grande e
crescente número de cidades em todo o mundo.
A chave, aqui, é saber construir tais pontes sem desrespeitar e desfazer
aquilo que faz cada contexto urbano único e valoroso. Há muitas iniciativas neste
sentido, como os “Living Labs”. Mas é muito importante trabalhar o contexto urbano
como um fenômeno antropológico, do qual faz parte a tecnologia, e como o qual
dialogam os esforços de normatização, regulamentação e governança.
Neste sentido, os esforços em construir projetos, implementações, políticas
públicas e indicadores para a Cidade Inteligente devem partir do ser humano, e
chegar na tecnologia como resultado do que se produziu nas comunidades e na
sociedade civil como valores, demandas e prioridades compartilhadas. No entanto,
esses esforços devem ter como parâmetro perene aquilo que se desenvolveu como
padrões de interoperabilidade amplamente adotados, para que sejam viáveis e
consequentes.

O que há de único do conceito da “Cidade Inteligente”?

Muito do que se promulga como importante para as Cidades Inteligentes é


oriundo de modelos anteriores em gestão urbana - especificamente, de modelos
pautados pela sustentabilidade econômico-financeira e sócio-ambiental.
Consideramos que essa base é crucial para o desenvolvimento das Cidades
inteligentes, mas não basta tanto para caracterizar seu contexto específico - ou seja,
a popularização maciça das TICs, seu uso governamental, empresarial, comunitário e
14
pessoal - como para mensurar o grau de sucesso dos esforços de cada município em
incorporar os desenvolvimentos tecnológicos tendo como foco o bem-estar social.
“Infraestrutura de alta qualidade, inovação, investimentos,
empresas conectadas, eficiência energética e financeira, são
comumente citados como benefícios trazidos à cidade pela
implementação das TICs. As potenciais consequências dessa
implementação, entretanto, ainda não são bem compreendidas.
Ao se implementar TICs de maneira desigual em cidades, pode-se
criar um abismo digital – que pode exacerbar a desigualdade,
caracterizada por bairros de alta renda bem conectados e distritos
de negócios coexistindo com bairros de baixa renda com acesso
precário a serviços e conectividade. Os abastados tendem a ter
mais acesso a essas tecnologias, e as TICs podem servir para
ampliar seu alcance e controle enquanto limitam o alcance dos
moradores socioeconomicamente marginalizados.” [...]
Como uma força de transformação, a implementação de TICs em
cidades sustenta a inovação e a erradicação da pobreza, ao
reduzir o custo de vida por meio da promoção de maior eficiência
no uso da infraestrutura urbana.”
(UN-HABITAT, 2016; tradução GSC/FAUUSP)
Com intenção de incrementar a qualidade de vida nas cidades, o conceito de
Cidade Inteligente deve ser embasado no uso consciente, racional e aberto de um
volume sem precedentes de dados gerados em tempo real, com granularidade ou
confiabilidade de informação.
Nesse sentido, as novas possibilidades de sensoriamento e
georeferenciamento dos dados sobre as cidades permitem dimensões inéditas de
análise das dinâmicas urbanas. Pode-se usar essa tecnologia em uma Cidade
Inteligente para se obter informação de uma nova qualidade acerca de fenômenos já
observados. Um exemplo de recenseamento que criaria possibilidades avançadas de
gestão seria o monitoramento, por setor censitário, do acesso à saneamento básico,
à moradia digna, à saúde e à educação - permitindo a construção de um mapa da
cidade que explicite discrepâncias de acesso e oriente investimentos onde eles são,
de fato, urgentes e necessários. Outro exemplo seria o completo redesenho da
tradicional pesquisa Origem-Destino (Metrô/SP) para o contexto da Cidade
Inteligente, provendo informação precisa capaz de embasar políticas públicas de
mobilidade urbana dotadas de eficácia inédita (projeto em desenvolvimento pelo
GSC/FAUUSP).
Mas, além de infraestrutura e visibilidade operacional, a Cidade Inteligente
também demanda plena participação do cidadão, que deve ter acesso a programas
de literácia (capacitação) digital, política e urbanística para que possa colaborar
tanto na identificação de problemas e prioridades, como no desenho e no
monitoramento das políticas públicos e dos serviços públicos.
Para que a Economia Criativa, a Cultura de Inovação e o Empreendedorismo
sejam viáveis e gerem frutos, a Cidade Inteligente deve estar sustentada na
diversidade social, racial, religiosa e profissional, reconhecendo a multiplicidade de

15
estilos de vida, de interesses, de potenciais individuais e de problemas específicos
que se manifestam em seu território. Longe de ser uniforme, a cidade é heterogênea
e palco de numerosos e complexos conflitos. Uma Cidade Inteligente se utiliza de
Tecnologias Sociais (Abordagens “Soft”, ver adiante), de modo integrado às
Tecnologias Digitais, para que possa mediar tais conflitos e possibilitar a
convergência de interesses para o incremento de qualidade de vida da população,
visando o bem-estar, a justiça social e a realização plena do potencial dos cidadãos.

Pluralidade do Conceito de Cidade Inteligente

Mesmo antes do surgimento dos termos “Smart City” e “Cidade Inteligente”


ponderava-se a relação entre tecnologia digital e o ambiente urbano de diversos
modos:
- Automação Predial, Automação Urbana, Automação da Infraestrutura
(décadas
de 1980 e 1990);
- Sustentabilidade Ambiental e Eficiência (décadas de 1990 e 2000)
- Gestão da cidade como território de oportunidades de investimento e
retorno
(últimas duas décadas);
- Cidade como fonte inesgotável de dados produzidos em tempo real,
promovendo
usos ainda pouco definidos. Crescimento do uso dos termos “Smart City” e
“Cidade
Inteligente” e sua adoção institucional (últimos 15 anos).
(GSC/FAUUSP, 2017)
Além disso, como visto acima, existem muitas definições de Cidades
Inteligentes e uma vasta literatura promovida por organismos de normatização e
grupos de interesses que abordam aspectos particulares. Todavia a maior parte
destas concentram-se em uma visão tradicional que parte do uso das TICs e se
expande para outros aspectos da urbanidade, que vão surgindo nas sucessivas
definições do conceito, em segundo plano de considerações. É importante frisar
alguns pontos para que se possa explicitar uma noção antropocêntrica de Cidade
Inteligente:
- A Cidade Inteligente deve ser compreendida um processo sócio-cultural de grande
complexidade. A cidade não se reduz à sua infraestrutura tecnológica, porém a
inclui.
- Deve-se compreender a cidade como um processo que emerge da interação social
no nível da comunidade. Nesse sentido, a tecnologia é um aspecto fundamental,
16
podendo ser um importante catalisador dos processos urbanos.
- A cidade é um campo de atrito social, de conflito de interesses, de disputa política
e de construção de sentidos socialmente compartilhados. Deste modo, a ação em
Cidades Inteligentes não pode ser apenas a busca da composição harmônica do meio
urbano, mas também um campo de mediação de conflitos que exige
encaminhamento sofisticado.
- Deve-se compreender a ação em Cidades Inteligentes como uma ação educacional
para promover a urbanidade, a compreensão do espaço como meio-ambiente, o
planejamento consciente, colaborativo e responsável de projetos de implantação de
tecnologia.
- A compreensão da ação urbanística como um “empreendimento imobiliário
inteligente” envolve uma visão reducionista das cidades. E corre-se o risco de
investimentos de grande escala que não atingem suas metas de desenvolvimento e
ocupação, à vista de exemplos como Masdar (Emirados Árabes), Songdo (Coreia do
Sul), Pedra Branca (Brasil, SC), dentre outros.
- O caráter de um projeto para uma Cidade Inteligente costuma estar dividido entre
“Abordagens Hard” (investimentos em infraestrutura de aquisição, transmissão e
processamento de informação para controle e automação de processos urbanos) e
“Abordagens Soft” (investimentos em fomento de economia criativa, da educação e
de capital social) - e é importante frisar a precedência das Abordagens “Soft” em
relação às “Hard”: é a construção socialmente compartilhada de prioridades de ação
que deve fundamentar a seleção de tecnologias, linhas de investimento em
tecnologia, planos de implementação, etc.
Destaca-se que existem modelos alternativos para compreender o contexto da
tecnologia digital embarcada nas cidades. Dentre eles:
1 - Cidade Distribuída - a compreensão da cidade futura como emergente do
uso maciço de redes distribuídas de telecomunicação, envolvendo a
descentralização extrema das funções urbanas. (VASSÃO, 2014)
2 - Cultura Digital na Cidade - há uma série de práticas urbanas pautadas
pela expressão de valores de alta diversidade, que se manifestam em
movimentos como o ciberativismo, as mídias locativas, instalações urbanas e
poéticas urbanas (LEMOS, 2008)
3 - Cidade Inteligente como o Hábitat do “Cidadão Inteligente” - alguns
observadores do contexto cultural atual já afirmam que o aspecto mais
importante da cidade inteligente é o seu cidadão, e o desenvolvimento de sua
capacidade de interagir de modo frutífero na cidade. (GREENFIELD, 2014)
4 - Tecnologias “Hard” x Tecnologias “Soft” - a composição de projetos a
partir de ações de cunho tecnocêntrico (“hard”) e antropocêntrico (“soft”) é
uma percepção que se amplia a olhos vistos. (NEIROTTI, 2014).

A Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas considera o potencial das


TICs como ferramenta para a gestão urbana, porém sabe que se trata de uma
17
ferramenta insuficiente.
Em face disso, o significado de "Inteligente e Humano" é apontado como o
aspecto mais relevante para as cidades uma vez que buscam-se incluir aspectos
fundamentados na participação do cidadão, já que a cidade é feita de pessoas, por
pessoas e para pessoas. Assim, as ações quanto a Cidades Inteligentes e Humanas
visam articular como os cidadãos podem se engajar no processo participativo, quais
são as suas necessidades quanto ao acesso à informação e como se pode humanizar o
uso de TICs em busca da melhoria de qualidade de vida em centros urbanos.
Assim, o conceito evolui de Cidades Inteligentes para Cidades Inteligentes e
Humanas, a partir de sua capacidade coletiva de entender e responder aos desafios
de forma integral e sustentável, garantindo dessa forma a consolidação dos preceitos
do Estado Democrático de Direito.
O conceito de Cidades Inteligentes e Humanas que a Rede trabalha visa uma
abordagem integrada entre os dois aspectos fundamentais: a tecnologia e o ser
humano, no sentido de compor uma visão urbana comprometida com o entendimento
da antropologia urbana, o processo de construção compartilhada do projeto em
urbanismo e a qualidade da vida urbana.
Em síntese, o conceito adotado pela Rede é delineado no quadro abaixo:

As Cidades Inteligentes e Humanas são aquelas que sustentam sua própria evolução
contínua tendo como metas o bem-estar, a qualidade de vida e o empoderamento do
cidadão e das comunidades locais, sustentando seu desenvolvimento em ações,
projetos e políticas públicas que promovam de modo igualitário a colaboração entre
comunidade, poder público e sociedade civil para a mediação e solução de conflitos
e promoção da criatividade local, utilizando para isso tecnologias avançadas de
interação social e uma infraestrutura tecnológica resiliente, interoperável e
transparente de geração e gestão de dados de modo aberto e acessível em constante
aprimoramento e evolução, permitindo melhorar, incrementar e automatizar as
funções da cidade de modo eficiente, integrado, sustentável e relevante para a
população.

Dimensões:

De acordo com D’Ancona (1999) as dimensões derivam de um conceito e


identificam as características e peculiaridades deste, o que lhe permite distinguir dos
demais.
No discurso acadêmico e documentos internacionais, são identificadas desde
cinco até oito dimensões de Cidades Inteligentes, a depender do conceito que se
adote, conforme exemplos abaixo, citados por Anthopoulos (2015, p. 15, tradução
nossa):

18
Discurso Acadêmico
Neiroti et al.(2014): 7 dimensões (recursos naturais, transporte e mobilidade, infra
estrutura, vida, governo, economia, pessoas);
Piro et al. (2014): 6 dimensões (recursos naturais, transporte, infra estrutura, vida,
governo, coerência-sociedade-);
Wey and Hsu (2014): 6 dimensões (recursos naturais, transporte, infra estrutura,
vida, economia, coerência-conectividade-);
Lee et al.(2014): 5 dimensões (recursos naturais, infra estrutura, vida, governo,
economia);
Yigitcanlar and Lee (2014): 6 dimensões (recursos naturais, infra estrutura, vida,
governo, economia, coerência-integração social-);
Desouza and Flanery (2013): 7 dimensões (recursos naturais, transporte, infra
estrutura, vida, governo, economia, coerência-social-);
Chourabi et al.(2012):6 dimensões (recursos naturais, infra estrutura, vida, governo,
economia, coerência);
Cohen (2012): 6 dimensões (transporte e mobilidade, vida, governo, economia,
pessoas e desenvolvimento);
Giffinger et al. (2007):6 dimensões (transporte e mobilidade, vida, governo,
economia, pessoas, desenvolvimento).

Documentos Internacionais:
Cidades analíticas Portugal (2015): 8 dimensões (pessoas, economia, tecnologias de
informação e comunicação, governo, edifícios, mobilidade, serviços e vida, energia e
desenvolvimento).
Mapping Smart Cities in EU (2014): 6 dimensões (pessoas, economia, governo,
mobilidade, vida e desenvolvimento);
Smat Cities Study Espanha (2012): 6 dimensões (pessoas, economia, governo,
transporte e mobilidade, vida, desenvolvimento).

Como se nota não existe um consenso acerca das dimensões para Cidades
Inteligentes. Neste sentido, buscando evitar um modelo Top Down criado para
diferentes contextos e realidades e que muitas vezes não surtem efeito, uma vez que
não espelha as demandas da população, a Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e
Humanas opta por utilizar uma abordagem Bottom Up, a partir de um processo de

19
escuta sensível6 (a demandas e expectativas) dos diferentes stakeholders.
A partir disso, a Rede busca aliar o tropicalismo (especificidades/demandas do
cenário brasileiro) ao rigor analítico. Sendo assim, o Modelo Tropicalizado proposto
pela Rede segue a estrutura abaixo:
Primeira etapa: Divisão da equipe em Grupos de Trabalho com a respectiva
proposição de indicadores primários categorizados segundo dimensões7:
-Dimensão Governança;
-Dimensão Arquitetura, Urbanismo e Antropologia;
-Dimensão Tecnologia;
-Dimensão Educação;
-Dimensão Segurança;
-Outras dimensões serão implementadas a partir da demanda dos stakeholders.
Segunda etapa: Contato com stakeholders (Prefeitos, MCTI, SEBRAE demais entidades
interessadas) para definir como será empregada a metodologia de uso dos
indicadores e selo;
Terceira Etapa: Aplicação da metodologia e avaliação das municipalidades aderentes.

Elementos Chave da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas

Os elementos são os componentes chave para a construção de projetos de


Cidades Inteligentes. Na literatura são apresentados diversos elementos, Nam e
Pardo (2012) em seu estudo sintetizam os componentes de uma cidade Inteligente
segundo de três fatores principais, como mostrado na Quadro 01:
Quadro 01: Fatores de uma Cidade inteligente

Fatores Tecnológicos Fatores Humanos Fatores Institucionais


Infraestrutura Física Infraestrutura Humana Governo
Tecnologias Inteligentes Capital social Política

6 A escuta sensível segundo Barbier (2002), acontece durante a avaliação inicial do grupo,
visando a diagnosticar suas necessidades e considera os sujeitos de forma holística. A
estratégia metodológica adotada pela RBCIH será enriquecida com os princípios da
dialogicidade de Paulo Freire (2008) e será norteada pela seguinte questionamento: A partir
dos padrões (inter)nacionais de referência, quais categorias de serviços/ações a
municipalidade considera relevante para a construção de uma cidade inteligente?
7 As dimensões adotadas pela REDE servem para explicitar as diferentes categorias de
indicadores, sem que se excluam, antes pelo contrário se complementam.
20
Tecnologias móveis Regulações e Diretivas
Tecnologias Virtuais

Fonte: Nan; Pardo (2015).


A partir dos elementos chave acima expostos e com base na definição de
Cidades Inteligentes e Humanas desenvolvido neste documento, o conceito que a
Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas propõe, e quer, estimular envolve
os seguintes elementos chave:
• São inclusivas, pois buscam oferecer a todos os seus cidadãos a possibilidade de se
integrarem social e economicamente, usufruindo das facilidades oferecidas pelas
tecnologias na cidade, como um direito de cidadania;
• Desenvolvem políticas de inclusão digital, criando condições que facilitem o acesso
e a capacitação à tecnologia, principalmente nos segmentos mais vulneráveis da
sociedade;
• Disponibilizam uma infraestrutura tecnológica composta de dois elementos: rede
de transmissão de dados e acesso à internet e parque de iluminação pública
inteligente, com sensores para coleta e transmissão de dados;
• Possuem uma central integrada de comando e controle da cidade, utilizando
tecnologias abertas, que faça a integração de grande parte das tecnologias e dados
coletados para facilitar a gestão operacional da cidade e permitir a geração de
sistemas de informações gerenciais para tomada de decisão e elaboração de políticas
públicas eficazes, sempre com total transparência nas informações, que devem ser
compartilhadas com toda a sociedade;
• Utilizam grande quantidade de tecnologias digitais e eletrônicas e também
tecnologias não digitais, a favor da promoção do bem estar de seus cidadãos, e de
forma sustentável, capazes de tornarem os lugares cada vez melhores para morar,
trabalhar, estudar e divertir-se;
• Disponibilizam dados das várias secretarias de governo por meio de portais
municipais de dados abertos na internet e dados de sensores, através de APIs, para
fortalecer a transparência e motivar que terceiros criem soluções, utilizando dados
da cidade;
• Sustentam continuamente canais de diálogo com a comunidade, sociedade civil,
iniciativa privada e cidadão para que possa-se construir, de modo colaborativo, a
percepção das prioridades para melhoria na qualidade de vida da população,
utilizando técnicas avançadas de engajamento, conversação e peer-production.
• Garantem a equidade entre os stakeholders que compõem a sociedade local, por
meio de técnicas de gestão, encaminhamento e solução de conflitos de modo
democrático, transparente e eficaz; sustentando esse processo em eventos com
amplo grau de participação popular.
• Incorporam práticas que conectam as TICs às pessoas, a fim de valorizar a inovação
e o conhecimento que elas oferecem.

21
Os elementos acima identificados são esquematizados na figura abaixo.

Figura 01: Cidades Inteligentes e Humanas- Elementos chave

Fonte: Elaborado pelos autores.

MEDIÇÕES

Medir cidades torna-se um dos maiores desafios dos projetos de Cidades


Inteligentes e Humanas. Com uma medição correta é possível classificar e ranquear
as cidades de acordo com o seu comportamento. Contudo, é difícil identificar o que
22
deve ter importância no âmbito de Cidades Inteligentes e Humanas. Essa dificuldade
se deve a não existir muitos estudos consolidados sobre essa área, por ser um assunto
recente em gestão de cidades. O que se pode fazer é estipular parâmetros/
indicadores para classificação e, posteriormente, ranquear conforme os indicadores
coletados.
A ISO 37120-2014 define diversos indicadores, classificados em indicadores de
núcleo (core indicators); indicadores de apoio (supporting indicators); e indicadores
de perfil (profile indicators). Os indicadores de núcleo são obrigatórios para todas as
cidades, e sem eles uma coleção de indicadores não pode representar a ISO. Os
indicadores de apoio são recomendados, contudo não é uma exigência da ISO para
garantia do trabalho como um todo. Por fim, os indicadores de perfil servem apenas
para compor uma visualização alternativa, possuindo assim pouca
representatividade. Portanto, obtê-los não é uma obrigatoriedade para certificação
da ISO 37120-2014.
Os autores de GIFFINGER, GUDRUN (2010) também utilizam os indicadores
listados na ISO 37120-2014 para ranquear as cidades em na Europa. Assim, é indicado
que esses mesmos indicadores para classificação e ranking das cidades também
sejam usados no Brasil, pois com isso será possível no futuro comparar as cidades
brasileiras entre si e também com cidades de outros países.
A ISO 37120-2014 apresenta diversos índices relacionados a diversas áreas
entre, dentre elas Economia, Educação, Energia, Ambiente, Finanças, Governança e
Saúde. Seus indicadores em grande maioria são razões adimensionais, representando
uma fração em relação ao todo. Em algumas situações os indicadores são expressos
em percentagens (%), e em outras em relação de 100.000 (lê-se cem mil).
Entretanto, a ISO 37120-2014 não limita os indicadores a somente os propostos na
norma.
Diante desta abertura da ISO foram desenvolvidos novos indicadores a partir
de pesquisas científicas conduzidas pelos próprios membros da RBCIH; a adoção de
tais indicadores adequará as cidades brasileiras às tendências internacionais de
Cidades Inteligentes, sem olvidar o diálogo com os stakeholders, considerando as
demandas do cenário brasileiro.

OS INDICADORES

No processo de elaboração deste documento, foram consolidados


indicadores (tabela anexa), os quais permitem quantificar e/ou qualificar as
dimensões que compõem o Conceito de Cidade Inteligente e Humana aqui
sintetizados. São eles:

23
- Governança
Os identificadores da dimensão governança englobam questões relacionadas a
políticas, participação pública, serviços públicos, transparência, acesso à
informação, políticas públicas urbanas, democracia digital, legislação, parceria
público privada, dentre outros. A classificação do indicador acompanha a proposta da
ISO 37120-2014 ou é um novo indicador proposto nesta ferramenta de avaliação.

- Arquitetura, Urbanismo e Antropologia


Os identificadores da dimensão tecnológica englobam, critérios antropológicos e
urbanísticos, sócio-econômicos, territoriais e espaciais, informacionais, cidade
crítica, ações emergentes, pensamento complexo, Plano Diretor Digital, dentre
outros.

-Tecnologia
Os identificadores da dimensão tecnológica englobam conectividade, redes, TICs,
questões relacionadas a inovação em educação e ensino, dentre outros. A
classificação do indicador acompanha a proposta da ISO 37120-2014 ou é um novo
indicador proposto nesta ferramenta de avaliação.

-Segurança
Os principais identificadores da dimensão Segurança Inteligente englobam questões
relacionadas ao pessoal efetivo nos dispositivos de segurança pública (polícia),
combate à acidentes e ao fogo (bombeiros) e crimes contra o patrimônio. Taxas de
criminalidade, Sistemas de vigilância, Gestão de emergências e técnicas de
Inteligência e análise são configuradas como indicadores de suporte. A classificação
do indicador acompanha a proposta da ISO 37120-2014.

METODOLOGIA

Para a operacionalização dos Indicadores de Cidades Inteligentes e Humanas, o Grupo


de Trabalho da RBCIH estruturou a metodologia em sete etapas. São elas:
1) Elaborar um modelo com critérios objetivos alinhado às expectativas das
entidades do governo brasileiro e de alguns dos diversos instrumentos de medida já
ensaiados internacionalmente.
2) Selecionar os municípios a serem avaliados quer pelo levantamento de fontes
diretas (Dados IBGE, Índice de Desenvolvimento Municipal), quer pela análise se seus
portais institucionais.
3) Levantar e tabular os dados

24
4) Elaborar o Ranking
5) Atribuir um selo da RBCIH ao município melhor colocado
6) Armazenar os dados gerados que podem ser exportados para análise em formato
aberto (CVS)
7) Gerar gráficos e relatórios comparativos que permitam o constante aprimoramento
dos serviços prestados pelo ente municipal.

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SOBRE OS AUTORES

Marciele Berger Bernardes: Professora Universitária,


Advogada, Doutoranda pela Universidade do Minho-UM, na área
de Direito público, bolsista CAPES. Mestrado no Curso de Pós-
Graduação em Direito da Universidade Federal de Santa
Catarina, na área de Direito, Estado e Sociedade (2011).
Graduada em Direito pelo Centro Universitário Franciscano-

27
UNIFRA (2006). Especialização em Metodologia do Ensino Superior-Avantis (2012).
Membro dos grupos de pesquisa: Centro Interdisciplinar em Direitos Humanos-CIIDH/
UM; Governo eletrônico, inclusão digital e sociedade do conhecimento-Egov/UFSC; -
Centro de Estudos e Pesquisas em Direito e Internet-CEPEDI/UFSM. Atuando nas áreas
de Políticas Públicas, Governo Aberto, Cidades Inteligentes, Democracia Digital,
Transparência Pública, Avaliação de Portais e como revisora de alguns periódicos
científicos no âmbito nacional e internacional, Coordenadora Geral da Rede Brasileira
de Cidades Inteligentes e Humanas e Coordenadora do Grupo de Trabalho
Governança.
e-mail: marcieleberger@gmail.com

Caio Vassão: Doutor pela FAUUSP (2008) e pesquisa a relação


entre alta-tecnologia e o ambiente urbano desde 1996. Foi
membro do grupo USP na pesquisa multi-atores "Intelligent
Buildings In Latin America" (IBLA) entre 1997 e 1999. Para o
estudo das Cidades Inteligentes, desenvolveu duas abordagens
articuladas: a Cidade Distribuída (cidade sustentada pelas redes
distribuídas de telecomunicação) e o Metadesign
(desenvolvimento de projetos complexos de modo
colaborativo). Presta consultoria em inovação, educação,
desenvolvimento urbano e tecnologia aplicada. É professor
convidado em inúmeras instituições nacionais e seu livro
"Metadesign" é bibliografia básica em diversos cursos de arquitetura, design e artes
visuais. Atualmente, é pesquisador associado ao Núcleo CNPq NAWEB, grupo
interdepartamental sediado na USP envolvendo participantes das Faculdades de
Arquitetura e Urbanismo (FAU), Matemática e Estatística (IME) e Sistemas de
Informação (ECA), e coordena o grupo de Smart Cities da FAUUSP.
Coordenador do Grupo de Trabalho Arquitetura e Urbanismo da Rede Brasileira de
Cidades Inteligentes e Humanas.
e-mail: caioav@gmail.com

Flávia Bernardini é doutora e mestre em Ciência da


Computação pela Universidade de São Paulo (2006), e graduada
em Bacharelado em Ciência da Computação pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999). Tem
experiência em Ciência da Computação, incluindo
desenvolvimento de sistemas, Inteligência Artificial, Interação
HumanoComputador e Ciência de Dados. Há oito anos é
professora do Departamento de Computação do Instituto de
Ciência e Tecnologia da Universidade Federal Fluminense (UFF),
em Rio das Ostras, atuando no curso de Graduação em Ciência
da Computação e no Mestrado Profissional em Engenharia de
Produção e Sistemas Computacionais. Possui diversos artigos
científicos e trabalhos em anais de congresso publicados, nacionais e internacionais.
28
Orientou dezenas de discentes em nível de graduação e pós-graduação. É
coordenadora do Laboratório de Inovação no Desenvolvimento de Sistemas (LabIDeS/
UFF), e atua como colaboradora no Laboratório de Documentação Ativa e Design
Inteligente (ADDLabs/UFF) e no Laboratório de Empreendimentos Inovadores (LEI/
UFF), em projetos ligados a Ciência de Dados. Desde 2013 tem atuado no tema
cidades inteligentes, cujos projetos têm sido voltados para a disponibilização,
interpretação e análise de dados nas cidades, para melhoria da gestão pública e
interpretabilidade dos cidadãos. Coordenadora do Grupo de Trabalho Tecnologia da
Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas.
e-mail: fcbernardini@id.uff.br

Cláudia Cappelli é Professora Adjunta IV e membro do Programa


de Pós-graduação em Informática da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Bolsista de Produtividade
Desen. Tec. e Extensão Inovadora do CNPq - Nível 2. Doutora
em Ciências - Informática pela PUC-Rio (2009). Mestre em
Sistemas de Informação pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (2000). Graduada em Informática pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (1985). Realizou estágio Pós-Doutoral
junto ao Programa de Pós-Graduação em Informática da Unirio
(2010). Gerente da Área de Arquitetura Corporativa e
Planejamento de Tecnologia do Citibank e da Telemar por 8
anos. Coordenou durante 12 anos o NP2Tec (Núcleo de Pesquisa e Prática de
Tecnologia) e por 2 anos o CiberDem (Núcleo de Pesquisa em CiberDemocracia)
ambos na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Representante
Institucional da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) na UNIRIO. Secretária
Regional da SBC (Regional Rio de Janeiro).  Atua na área de Sistemas de Informação,
principalmente nos seguintes temas: Gestão de Processos de Negócio, Arquitetura
Corporativa, Gestão de TI, Transparência Organizacional e Governo Digital.
Coordenadora do Grupo de Trabalho Grupo de Trabalho Governança da Rede
Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas.
e-mail: claudia.cappelli@gmail.com

Jamile Marques faz Pós doc na UFSC sobre Desenvolvimento


Baseado no Conhecimento com um foco nas cidades
inteligentes, cidades do conhecimento. É integrante do
laboratório de pesquisa de Cidades Humanas e Inteligentes
(LabChis).  É doutora pelo Programa de Engenharia e Gestão do
Conhecimento da UFSC. A pesquisa tem o foco do
Desenvolvimento Baseado no Conhecimento. Fez doutorado
sanduíche na Queensland University of Technology - QUT,
29
Austrália.  É mestre em Gestão da Inovação pela École de Mines de St-Étienne
(França), especialista em gestão de empresas pela Univali e graduada em
Administração com Habilitação em Comércio Exterior pela Faculdade Ibero-
Americana de Letras e Ciências Humanas.  Atualmente é Diretora de Inovação e
Fomento da ABES - Associação Brasileira das Empresas de Software e Presidente da
Câmara de Tecnologia e Inovação da FECOMÉRCIO - Federação do Comércio de Bens,
de Serviços e de Turismo de Santa Catarina. Tem experiência na área de gestão,
atuando principalmente nos seguintes temas: inovação, fomento, fundos de
investimento, cidades humanas inteligentes e representação institucional. É membro
do conselho do International Journal of Knowledge-Based Development (IJKBD)
(www.inderscience.com/ijkbd).

Gabriela Viale Pereira é Senior Scientist do Department for E-


Governance and Administration na Danube University Krems e
Pós-Doutoranda na FGV-EAESP da linha de pesquisa
Administração, Análise e Tecnologia da Informação. Doutora em
Administração pela PUCRS (bolsa integral FAPERGS/CAPES).
Visiting PhD Student na Bentley University entre Abril e
Dezembro de 2014. Mestre em Administração e Negócios em
2012 pela PUCRS e Bacharel em Sistemas de Informação pela
mesma instituição em 2009. Seus interesses de pesquisa incluem
Gestão de TI e Governança de TI, Governança eletrônica,
Governo eletrônico, Cidades inteligentes, Tecnologias de Informação e Comunicação
para desenvolvimento (ICT4D), governo aberto, dados abertos e tecnologias
emergentes. Possui publicações em periódicos nacionais e internacionais nas áreas de
governo eletrônico e cidades inteligentes, além de diversas apresentações em
conferências internacionais, como ECIS, HICSS, IFIp EGOV and EPart, ICEGOV e
outras. É membro do Smart City Smart Government Research Practice (SCSGRP)
Consortium e atua em projetos de pesquisa na área de Cidades Inteligentes e
Resiliência de cidades. Ela é Minitrack Co-Chair no tema Connected Smart City na
CeDEM e faz parte do Comitê de organização da 1st International Data Science
Conference 2017. Coordenadora do Grupo de Trabalho Grupo de Trabalho Governança
da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas.
e-mail: gabriela.viale.pereira@gmail.com
Ricardo Alexandre Afonso possui Mestrado em Ciência da
Computação pela UFPE. (2008), Especialização em Engenharia
de Software pela UFSCar/Unilins (2002) e Graduação em Análise
de Sistemas pela FATEB/SP (2000). Profissionalmente, atuou
como Consultor para implantação e customização de sistemas
ERP, Gestor de tecnologia e projetos e Professor universitário.
Tem experiência nas áreas tecnológica e administrativa, com
ênfase em Banco de Dados e Engenharia de Software, atuando
30
principalmente nos temas relacionados às áreas de E.R.P., Sistemas Autônomos,
Ontologias, Educação, Cidades Inteligentes e Big Data. Atualmente é Professor da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutorando em Ciência da Computação pela
UFPE e avaliador de cursos e instituições de ensino superior pelo INEP-MEC. Atua
também como Coordenador do Grupo de Trabalho de Segurança da Rede Brasileira de
Cidades Inteligentes e Humanas.
e-mail: ricardo.afonso@arapiraca.ufal.br

Colaboradores:

Guido Vaz Silva possui graduação em Administração pela


Universidade Federal Fluminense (2005), mestrado em
Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (2008) e doutorado em Engenharia de
Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013).
Profissionalmente, Atuou no Instituto Nacional de Câncer (INCA)
de 2003 a 2006, entre 2007 a 2013, fez parte do Grupo de
Produção Integrada (GPI) na Coordenação de Programas de Pós-
Graduação em Engenharia (COPPE) da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), onde atuou em diversos projetos de
extensão e pesquisa. Academicamente, lecionou na Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ) entre 2008 e 2009. Lecionou algumas disciplinas e coordenou o curso
de Pós-Graduação lato sensu “Gestão Pública Municipal” pela Fundação Educacional
de Macaé (FUNEMAC) de 2011 a 2013. Lecionou também disciplinas em cursos de
extensão e pós-graduação da Escola Politécnica da UFRJ. Em 2014, ingressou como
Professor Adjunto na Universidade Federal Fluminense (UFF) e atua no Departamento
de Engenharia de Produção do Centro Universitário de Rio das Ostras (CURO).
Colabora atualmente com Mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas
Computacionais – MESC no CURO, e no Mestrado em Sistemas de Gestão (MSG) e de
MBA’s do Laboratório de Tecnologia, gestão de negócios e meio ambiente (LATEC/
UFF). Colaborador do Grupo de Trabalho tecnologia da Rede Brasileira de Cidades
Inteligentes e Humanas.
e-mail: guido_vaz@hotmail.com
Cecília Emi Yamanaka MATSUMURA é formada em MBA
Governança e Tecnologias Digitais com Inovação e
Sustentabilidade na Universidade de São Paulo Concluído em
2015 com módulo internacional em Inovação e
Empreendedorismo na University of Paris I: Panthéon-Sorbonne.
Graduada em Administração de Empresas em 1983 pelo Instituto
de Ensino Superior Senador Flaquer de Santo André em São
31
Paulo, atuou em empresas de comércio e serviços e em instituições financeiras,
também foi microempresária no ramo de comunicação visual. Contratada pela
Fundação de Apoio a Universidade de São Paulo desde 2009, onde atua na área
administrativa e financeira, participando de projetos do Programa FP7 da Comissão
Europeia coordenados pela USP e, no programa EuropeAid no Projeto Instituto de
Estudos Brasil Europa - IBE período 2010 até hoje onde atua como gestora e do
projeto EUBrasil Cloud Forum da 3a chamadas colaborativas Brasil-Europa.
Paralelamente, participa na elaboração e submissão de projetos nas chamadas
colaborativas Brasil-Europa, FAPESP, FINEP, BNDES e convênios para projetos de P&D
com empresas privadas. Colaboradora do Grupo de Trabalho Governança.

Gabriel Mazzola Poli de Figueiredo é mestrando pela


Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo na área de Tecnologia da Arquitetura, sob orientação do
Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten. Estuda o discurso e a prática
das Cidades Inteligentes no contexto da desigualdade brasileira.
Membro do Grupo de Pesquisa RITe - 'Representações:
imaginário e tecnologia' (CNPq), associado ao Centre de
Recherches Internationales sur l'Imaginaire CRI2i. Coordenador
do Grupo de Estudos em Smart Cities sediado na FAUUSP e
vinculado ao NaWeb e ao RITe. Possui graduação em Engenharia
de Sistemas Eletrônicos pela Universidade de São Paulo (2014).
É certificado pela APMG International em gestão de projetos de desenvolvimento
segundo a metodologia PMD, adaptação do modelo PMBOK para o setor social e desde
2011 trabalha com gestão de projetos sociais voltados à redução da desigualdade
social e a garantia de acesso à direitos fundamentais. De 2013 a 2015 foi diretor do
TETO Brasil, uma OSCIP internacional voltada para desenvolvimento comunitário,
promoção de consciência e ação social e incidência política, com atuação em
assentamentos precários nos estados de SP, RJ, BA e PR. Em 2012 representou a USP e
o Brasil na X Intel Cup - Embedded Systems Design Contest, em Shanghai, China. O
projeto apresentado consistia de um protótipo de interface cerebral para controle de
cadeira de rodas através de comandos mentais e levou o terceiro prêmio.
e-mail: gabriel.poli.figueiredo@gmail.com
Lucas Girard é arquiteto e urbanista, graduado pela FAUUSP.
Foi sócio-diretor do coletivo paulistano 23 SUL, de 2006 a 2016.
Lá desenvolveu projetos de mobilidade urbana em diversas
cidades brasileiras. Foi finalista do prêmio Urban Age 2008 e foi
premiado em 2010 no concurso internacional New Practices,
promovido pela American Architectural Association (AIA). Teve
seu trabalho exposto em Nova Iorque. Em 2015 ganhou concurso
fechado promovido pela Bloomberg Global Road Safety
Initiative para intervenção urbana em São Miguel Paulista,
sendo o primeiro escritório no Brasil a trabalhar com o conceito

32
de traffic calming em projetos urbanísticos. Atualmente é mestrando no programa de
Pós-Graduação da FAUUSP, onde pesquisa a influência das infraestruturas de
comunicação e informação digital sobre o espaço urbano. É pesquisador do CEST –
Centro de Estudos Sociedade e Tecnologia sediado na POLI USP – e do Grupo de
Estudos em Smart Cities sediado na FAUUSP e vinculado ao NaWeb e ao RITe.

Ivan Souto é arquiteto e urbanista (FAUUSP, 2012). Mestrando


na FAUUSP na área de Design e Arquitetura, onde pesquisa
visualização de dados em ambientes tridimensionais e
interfaces interativas. Participa dos grupos de pesquisa GSC
(Grupo de estudos em Smart Cities) e DIGIFAB (Tecnologias
digitais de fabricação aplicadas à produção do Design e
Arquitetura Contemporâneos), tendo participado de diversas
ações do Fab Lab SP desde sua inauguração. Trabalhou em
instituições públicas e privadas com projetos de arquitetura e
urbanismo, modelagem e animação 3D. Participou do
desenvolvimento de projetos de realidade virtual na Petrobras.
Atua também nos seguintes temas: processos participativos, modelagem generativa e
design computacional.

33
Anexo 1 – Indicadores GSC/FAUUSP – Desenvolvidos pelo Grupo de Estudos
Transdisciplinares em Urbanidade e Tecnologia (Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo)

Indicador Índice de Conectividade

Explicitar a importância da conectividade para o exercício da cidadania.


Mensurar o grau de acesso à conectividade, a partir de dados de alta
granularidade. A conectividade entendida como direito básico.
Crescentemente, o acesso à conectividade é sinômico de acesso a outros
Objetivos e serviços ofertados pelo Estado, pela iniciativa privada e pela comunidade --
Fundamentos sem a conectividade entendida como direito básico, o acesso à economia
digital torna-se exclusivo, e perde-se oportunidades de engajamento social e
do exercício da cidadania. Ter acesso a essa nova dimensão digital da
cidade/sociedade é tão crucial quanto ter acesso ao passeio público.Pode
ser entendido como uma extensão do direito de ir e vir.

A mensuração deve indicar qual é o acesso à conexão real que cada


Definição usuário (individual) tem, frente ao seu contexto sócio-econômico e à
demanda histórica contextualizada per capita.

O cálculo deve basear-se no cruzamento do nível econômico da população


(renda per capita), do custo da banda (per capita), o uptime, latência -
Metodologia mensurar-se o acesso real à conectividade, com o máximo de granularidade
possível.

A presença da infra-estrutura digital em geral acompanha e reforça padrões


históricos de desigualdade sócio-econômica e cultural. Deve-se ponderar a
Viéses conectividade de grupos vulneráveis, tais como: mulheres, alvos de
(gênero, raça, discriminação racial, habitantes de áreas precárias. Deve-se considerar a
etc) conectividade como ferramenta de geração de igualdade de oportunidades
de inserção econômica, contato com fontes empregatícias. Deve-se
compreender a cidade como um ambiente pedagógico.
a demanda por conectividade / banda não é um dado mensuravél como, por
exemplo, na fisiologia. Ele é portanto um dado histórico, contextual, socio-
Comentários cultural. Ele varia no tempo, varia no contexto, e segundo tendências
históricas, tende a crescer.

Granularidade no nível do bairro - para início de atividades. Posteriormente,


Nível
para o nível do municipio e da Região Metropolitana (RM)

34
Indicador Escala de Participação

Promover o engajamento e participação social efetiva, que gere ações


Objetivos e frutíferas e consequentes no município. Promover os diversos níveis de
Fundamentos engajamento, da transparência à cocriação.

A Cidade Inteligente é composta por cidadãos inteligentes, ou seja, por


cidadãos que sejam capazes de compreender sua própria participação nos
Definição processos urbanos, públicos e privados. Construção de graus progressivos
de engajamento pautados por Tecnologias "Hard" (hardware e aplicações) e
Tecnologias "Soft" (técnicas de engajamento sóciocultural participativo).

Indicadores das tecnologias hard:



1 - Há portais municipais de transparência que apresentam os dados em
padrões abertos a respeito do desenvolvimento urbano?

2 - Há iniciativas estruturadas para a construção de visualização de dados
Metodologia acessíveis ao público?

Indicadores das tecnologias soft:

1 - Há sustentação para a progressão de engajamento seguindo a escala: i)
transparência, (ii) consulta, (iii) cocrição, (iv) cogestão

Deve-se levar em conta a assimetria de poder político de certos grupos


Viéses vulnerabilizados. O indicador deve quantificar a participação representativa
(gênero, raça, destes grupos, na medida em que é prioritário reverter essa assimetria no
etc) âmbito da participação. A por exemplo: mulheres, LGBTs, negros,
moradores de favelas, etc

O processo participativo deve contemplar atividades de construção


colaborativa das diversas dimensões e aspectos urbanas, envolvendo
Comentários diversos âmbitos e escalas comunitárias. Este indicador procura justamente
mensurar o quanto envolve-se a comunidade do município de modo bem-
sucedido.

Nível Bairro - Município - Região Metropolitana (RM)

Referências http://www.iap2.org/ / LabRio / GSC/FAUUSP

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Conjunto de
Economia Criativa
Indicadores
A Economia Criativa é um dos aspectos emergentes da Cidade Inteligente. Esse aspecto está
Objetivos e ligado tanto à emergência das Macrometrópole como unidade geopolítica futura, e à demanda
Fundamentos pela complexidade sócio-política na micro-escala, no âmbito da Cidade Compacta
Gerais (sustentabilidade e vida urbana vital).

Indicador Diversidade Sócio-Econômica-Cultural Vitalidade Cultural Urbana

Demonstrar o quanto o município sutenta e


fomenta a Economia Criativa. Criar auto-
Objetivos e percepção do meio urbano para fomentar a
Fundamentos cultura local de modo empoderado e
Específicos A Economia Criativa é fundamentada na efetivo.Medir o grau de precarização da mão-
complexidade sócio-cultural e na presença de de-obra simbólico-criativa.

múltiplos estilos de vida no município. Novos territórios criativos

Grau de variação número de profissões ativas Indicadores de Vitalidade Urbana - a


Definição na região, proporcionalizadas à capacidade do meio urbano de produção
representatividade renda trabalho raça gênero valor, a partir de manifestações (informais)
religião oriundas da própria população do município.

Complexidade (qualitativo):

Existem programas de arte pública na
Variância conjugada nos dados do ibge/ cidade?

prefeitura: 
 O quanto cada município constrói suas
número de profissões ativas na região, especificidade de modo competente?

proporcionalizadas à representatividade
 Existe um programa de mapeamento afetivo?

Metodologia renda
 Existe o mapeamento das festas e eventos
trabalho
 urbanos?

raça
 Existe um programa de apoio para
gênero
 manifestações expontâneas de cultura
religião urbana?

Existem programas locais (municipais) de
regulamentação das profissões criativas?

Sobreposição de sistemas complementares Necessidade de reconhecer múltiplos níveis


Viéses (gênero,
envolve o suporte ao software livre (não- sócio-culturais na cidade, distribuídos em
raça, etc)
proprietário). estratos sociais distintos.

A Economia Criativa é fundamentada na A Economia Criativa é fundamentada na


complexidade sócio-cultural e na presença de complexidade sócio-cultural e na presença de
múltiplos estilos de vida no município. Mensurar múltiplos estilos de vida no município.
esse aspecto é um grande desafio, mas muito Mensurar esse aspecto é um grande desafio,
Comentários importante para verificar se essa dimensão da mas muito importante para verificar se essa
Cidade Inteligente está presente.
 dimensão da Cidade Inteligente está
(a) diversidade sócio-econômica e cultural presente.

(quantitativos); (b) complexidade sócio-cultural (qualitativos).

Bairro - Município e Região Metropolitana (RM) Bairro - Município e Região Metropolitana


Nível ponderada com população por bairro (RM) ponderada com população por bairro

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Criar a capacidade do município visualizar, monitorar e direcionar o
desenvolvimento da sua infra-esturutura digital. É um meio para garantir que
os aspectos territoriais, presenciais, serviços tradicionais (meios físicos), e
Objetivos e os serviços digitais, baseados em telecomunicação, conectividade e tele-
Fundamentos presença (meios digitais) se desenvolvam de maneira em sobreposição em
que a relação integral em que os dois aspectos sejam mutuamente
implicados.

Definir a modulação da relação entre os meios físicos e online, controlada,


balanceada e desenhada a partir de políticas públicas. Inter-secretarial,
transversal, colaborativo e participativo. 

Definição Deve ser desenvolvido de modo inclusivo e poderá ser liderado por
profissionais independentemente de sua área de atuação, comissionados
pelo poder público.
Checklist:

1 - Criou-se um grupo para desenvolver o PDD?

2 - Está integrado com o Plano Diretor Estratégico?

3 - Contempla questões de gênero/raça/grupos vulnerabilizados

4 - Contempla todos os indicadores estabelecidos (RBCIH)?

5 - Iniciou esforços de mapeamento da infra-estrutura digital do município?

6 - Inicou-se as atividades de diagnóstico?

7 - O PDD está composto como uma plataforma dinâmica de informação (e
Metodologia não papel impresso), de acesso público universal, atualizado em tempo
real? O PDD está baseado em sistemas automatizados de levantamento,
leitura e exposição pública dos dados, em formato aberto e acessível?
(visualização de dados territorializados -- superar os problemas derivados
diretamente da interpretação enviesada dos dados.)

8 - O PDD opera como um meio de convergência de outros planos
dedicados à cidade e ao seu desenvolvimento? (Plano Nacional de
Resíduos Sólidos, Plano de Águas, Sistema Viário, Projetos e
Compensações, Operações Urbanas, Planos de Ação Social, etc.)

Mensuração do impacto sócio-cultural do acesso à informação digital,


Viéses envolvendo a preparação e a sustentação do processo de aculturação
(gênero, raça, gerado pela conectividade digital generalizada. O Plano Municipal Digital
etc) deve contemplar que a sobreposição complementar e suplementar das
infra-estruturas digitais e tradicionais.
O Plano Diretor Digital pode operar como um articulador de todos os
Indicadores propostos pela RBCIH. Mas é importante integrar os diversos
Comentários viéses propostos em cada indicador, para contemplar-se e acolher as
diferenças, convergências, consensos e divergências.

Nível Municipal - Região Metropolitana (RM) - Região Macro-Metropolitana

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