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Bioquímica Fisiológica II

Vitaminas:
*Substâncias orgânicas
*Indispensáveis ao normal funcionamento do nosso organismo
*Não são sintetizados pelo homem
*Necessárias em pequenas quantidades
*Não são nutrientes plásticos nem energéticos
*São frequentemente coenzimas

existem excepções:
no intestino delgado existem bactérias que produzem vit. K
o organismo humano produz vit D (na pele)

Vitaminas Hidrossolúveis
1) Vit. B1 (Tiamina) – cereais
Pirimidina substituída ligada a um tiazol substituído por uma ponte de metileno.
Forma activa é ligada a 2 P – tiamina pirofosfato ou tiamina difosfato
Tiamina pirofosfatase ATP-dependente presente no cérebro e fígado, é responsável pela conversão de tiamina à sua forma
activa.
Transportada pelo intestino delgado, fácil absorção, excretada pela urina.
Coenzima em reacções de transferência de aldeídos activados, em dois tipos de reacções:
a) Descarboxilação oxidativa dos α-cetoàcidos ( cetoglutarato)
( por ex. ciclo de Krebs)

α – cetoglutarato CoAsh CO2 Succinil CoA

NAD+ NADH+

b) Reacções das transcetolases ( via das pentoses P )

Alcoólicos e desnutridos têm deficiências nesta vitamina bem como os esquimós ( peixe cru tem uma enzima
que destrói vit. B1 - tiaminase)
Beribéri

2) Vit. B7 (Biotina)
Derivado do imidazol
Obtida por síntese nas bactérias intestinais (uma parte)
Única que não necessita de ser fosforilada para ser activa
Existe em muitas fontes alimentares
Co-enzima de reacções de carboxilação, Co-enzima da:
a) Piruvato carboxilase
b) Acetil CoA carboxilase
c) Propionil – CoA carboxilase
d) Β – metilanilCoA carboxilase

3) Riboflavina (B2)
Consiste num anel heterocíclico de isaloxazina unida a ribitol ( açúcar + álcool )
Proveniente das plantas
Facilmente absorvida no intestino delgado por transporte passivo e depois

ATP ADP
Riboflavina FMN AMP FAD
Dupla fosforilação ATP ADP

Pigmento (fluorescente, fotoexcitável, termoestável)


FMN e FAD actuam como grupos prostéticos das enzimas oxidoredutases
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Flavoproteínas derivadas de riboflavina - intervêm em reacções redox aceitando ou cedendo electrões

Metaloflavoproteínas: α – aa. Oxidase


Xantina oxidase
AcetilCoA desidrogenase
Succinase desidrogenase

Falta provoca Seborreia

4) Vit. B6
Consiste num conjunto de 3 compostos derivados da piridina:
 Piridina
 Piridoxal ( forma alimentar + comum, + numerosa )
 Piridoxamina
Disponível nas plantas
Absorvida por transporte passivo no duodeno e no jejuno
Eliminada na urina
Forma activa é o Piridoxal fosfato
ATP ADP
Piridoxal Piridoxal – P
Pirofosfato quinase

Coenzima que participa sobretudo em reacções:


 Transaminação Metabolismo dos aa’s
 Descarboxilação oxidativa
Pode formar uma base de Shiff
Actua na glicogenólise (Glicogénio Glicose )

5) Ácido Pantoténico (B5)


Combinação de ácido pantóico + β-alanina
Absorvido no intestino delgado por transporte passivo
A sua deficiência não se manifesta gravemente.

Ácido pantoténico
ATP

ADP
4 – P – Pantotenato
Cisteína ATP

ADP + P
4 – Pantoticisteína

CO2
4 – Pantoteína Grupo tiol prostético da ACP (participa na síntese de ac. gordos) e CoA

Adenilação ATP
PPi
P – CoA
ATP
ADP
CoA O grupo tiol transporta radicais acilo, incorpora cisteína + alanina

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6) Niacina ( B3)
Ácido nicotínico + nicotinamida
Forma activa = NAD+ e NADP+
 Co-enzimas da niacina e de muitas outras desidrogenases.
 Envolvidas em reacções redox
 Ambas mantêm a sua [] constante na célula
- NAD+ - envolvido no metabolismo oxidativo
- NADP+ - envolvido em biossíntese
Requer a forma activa do piridoxal para a sua síntese
Niacina não é uma vitamina em sentido estrito, uma vez que um pouco de niacina pode ser
sintetizada a partir de triptofano (a.a.)
Pelagra: demência, diarreia, dermatite (causada pela falta de niacina)

7) Vit. B12 ou Cobalamina


Consiste num anel complexo de corrina
Semelhante à porfirina, com a adição de ião cobalto: tetrapirrol não porfirino (pontes entre os pirris n
são idênticas )
Se: R= OH: hidroxicobalamina
R’= CH3 : Metilcobalamina
R’’= 5’ desoxiadenosilcobalamina
R’’’=Cn- : Cianocobalamina

Currina

Pirrol Composto tetrapirrólico

Num composto porfírico ou porfirina, as pontes são iguais entre si, enquanto que num composto não porfírico elas
são diferentes (ex.: vitB12)

-Metileno

Ca2++ R= hidroxi(OH);
metil(CH3);
5’desoxiadenosil

Cobalamina (5,6 dimetil denzidamol)

Sintetizada por organismos, não existe nos vegetais


Conserva-se no fígado dos animais (boa fonte de B12) sob forma de metilcobalamina (citosol), adenosilcobalamina
(mitocondria) e hidroxicobalamina.

Para ser utilizada, B12, deve ser primeiro removida da proteína por hidrolise ácida, no estômago, ou por digestão por
tripsina no intestino. Depois de ser combinada ao FI, uma proteína secretada pelo estômago, que a transporta até ao
íleon para absorção.
O factor R ligado à cobalamina impede a sua degradação ( este existe na saliva e glândula parótida).
No duodeno, a cobalamina livra-se do factor R por uma protease R. Por sua vez liga-se ao factor intrínseco,
protegendo-a das proteases (produzidas pelo pâncreas).
O complexo vai ser reconhecido e hidrolizado nas células da bordadura em escova, facilitando a absorção. Depois
perde FI e associa-se à transcobalamina II que é que transporta a cobalamina até aos tecidos.

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Esquema:
Absorção (mecanismo intermediário)
R
B12 R-B12 FI-B12 íleo-terminal

R FI

O R é produzido nas parótidas e confere protecção contra a acção do suco gástrico e o factor
intrinseco vai ajuda-lo a percorrer o tracto intestinal.

FI-B12  TII B12 TII TI-B12

T II FI

FI-B12 FÍGADO
A transcobalamina I une-se à B12 no fígado para que esta seja armazenada e a transcobalamina II une-
se à B12 no interior da pareda intestinal para transportar a B12 a tecidos. O armazenamento hepático
é de 3 a 5 anos

No homem há 2 sintomas principais de deficiência de B12:

a) A nível celular o metil derivado de B12 é necessário para conversão de homocisteína em


metionina. ( metilação)

Homocisteína Metionina sintetase CH3Metionina


Homocisteína metil transferase
N5-metil-H4 folato H4 folato
Metilcobalamina
B12

Hidroxicobalamina
B12

b) A nível mitocondrial ( isomerização )

Metilcobalamina Mutase

Metilmalonil CoA Succinil CoA


B12
(desoxiadenosil cobalamina)

Colina Não produz ác.s gordos,


Fosfolípidos produzindo ác. gorods impares
Mielina levando a alterações no fluxo
Nervoso

Transcobalamina II: transporta aos tecidos


Transcobalamina I: armazenamento hepático
TranscobalaminaIII: excreção
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8) Ácido Fólico

Junção de pteridina – PABA – ácido glutâmico


Elaborada nas plantas ( poliglutamato conjugado – forma de ingestão )
Maioria dos folatos da dieta encontram-se conjugados com ácido glutâmico. Esses compostos são captados por
células da mucosa intestinal e os resíduos extra de glutamato são removidos por conjugase, uma enzima lisossomal,
sendo convertidos em mono e diglutamato, rapidamente absorvíveis.
Existem proteínas no plasma, de ligação para os folatos, mas o seu papel ainda carece de explicação.
A forma plasmática maioritária é o N5-metiltetrahidrofolato
O N5-metilTHF é transportado para o interior das células por um transporte específico.
Uma vez no interior das células, o folato é reconvertido para a forma de poliglutamato, após a remoção do grupo N 5-
metil numa reacção que requer a cobalamina (B12)

N5-MeTHF THF

N5-MeTHF B12 THF Folatos conjugados

Homocisteína metionina

Na ausência de B12 não de forma THF livre, pelo que os folatos conjugados ao não terem capacidade de sair da célula
ficam aí aprisionados.
Teoria da privação do folato:
Se não houver B12 o MetilTHF fica aprisionado na célula sob a forma de folato conjugado ficando o organismo a
funcionar como se houvesse défice de ác. fólico quando na realidade esse défice não existe.

A função coenzimática do THF (tetrahidrofolato) é a de transportar corpos em c1 (em vários estados de oxidação e
interconvertíveis – metil, metileno, metinil, formil, forminino). Os derivados de THF tb são usados na biossíntese de
colina, serina, glicina, purina e dTMP.

THF metatrexato

- serina
- forminino purinas
glutamato metionina DHF

reservatório de dTMP
corpos em c1 dUMP

Deficiência de vit. B12 / THyFolato


*Anemia megaloblástica – o efeito mais pronunciado é a inibição da síntese de DNA devido à
disponibilidade diminuída de purinas e dTMP. Isso leva à paragem das célilas na fase S e a uma alteração
característica “megaloblástica” no tamanho e na forma dos núcleos de células em rápida divisão.
O bloqueio da síntese de DNA retarda a maturação dos glóbulos vermelhos “macrócitos”,
anormalmente grandes com membranas frágeis – anemia megaloblástica.
*Anemia perniciosa –falta de FI: impede a adesão
*Metionina – funções na biossíntese de colina (Plípido) e nas bainha de mielina – falta leva a
perturbação do SNC
*Succinil CoA – a asua falta impede a formação de ácidos gordos ( problemas nas membranas)

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9) Vit.C (Ác. Ascórbico)


estrutura idêntica à da glucose
forma activa – àcido ascórbico
os animais são capazes de sintetizar vitamina C através da reacção:
Gulanolactona
Gulonolactona oxidase Vit. C (perde 2H ácido desidroascóbico)

Agente redutor com um potencial de H, que lhe permite reduzir compostos como O 2, nitrato e
citocromos.

Mecanismos que requerem àcido ascórbico:


*Hidroxilação de prolina (síntese de colagénio)
*Degradação de tirosina
*Síntese de ácido biliar
*Síntese de adrenalina a partir de tirosina
*Absorção do ferro
*Antioxidante

Deficiência: provoca escorbuto (deficiência na produção de colagénio)


*hemorragias subcutâneas
*debilidade muscular
*escurecimento dos dentes

Vitaminas Lipossolúveis:

. algumas são co-enzimas (excepto A e E) pré-hormonas


. moléculas hidrofóbicas apolares que não se podem sintetizar no corpo humano em quantidades necessárias
alimentação
. requerem absorção normal de lípidos para penetrarem
. uma vez absorvidos são transportados no sangue em lipoproteínas ou proteínas fixadoras específicas (derivadas do
isopreno)
. o facto de serem lipossolúveis obriga a:
a) que não andem a ‘vaguear’ pelo sangue sozinhas, necessitam de lipoproteínas
para as transportar
b) que tenham uma composição diferente (vai ser um lípido)

1)Vit. A
. As formas activas são retinol, retinal e ácido retinóico.
. Essas substâncias são sintetizadas como os carotenóides mais complexos, que são clivados a retinal pela maioria dos
animais e armazenados no fígado como palmitato de retinol.
. Demonstrou-se que o β-caroteno e outros carotenóides têm um importante papel como antioxidantes, impedindo o
armazenamento de O2 a baixas pressões nos tecidos.
. Retinol é convertido a retinil fosfato no corpo. Retinil fosfato é essencial para a síntese de certas glicoproteínas
necessárias à regulação normal do crescimento e a secreção de muco. Ambos, retinol e ácido retinóico ligam-se a
receptores intracelulares intraespecíficos que depois, ligam-se à cromatina e afectam a síntese de proteínas
envolvidas na regulação do crescimento e diferenciação celular.
. Finalmente na forma de Δ – cis – retinal, a vit.A fica reversívelmente associada a proteínas visuais.
. Como a vit.A é armazenada no fígado, deficiências de vitamina só se desenvolvem após períodos prolongados de
ingestão inadequada.
. Deficiências leves de vit.A caracterizam-se por hiperqueratinase folicular (pele áspera, queratinizada, parecendo
esfolada), anemia e susceptibilidade aumentada ao cancro. Cegueira nocturna também é uma causa de deficiência de
vitamina A que consiste numa queratinização progressiva da córnea do olho, conhecida como xeroftalmia, nos
estágios mais avançados.

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2)Vit. D
. Tecnicamente, a vitamina D deveria ser considerada uma hormona, e não uma vitamina. Calciferol (D3) é produzido
na pele, por irradiação de UV de 7- desidrocolesterol. Portanto, enquento o corpo for exposto adequadamente ao sol,
há pequena ou nehuma necessidade dietética de vitamina D.
. O composto 1,25 – (OH)2 D age em conjunto com a hormona PTH, que também é produzida em resposta a baixo
cálcio no sono.
. Alto níveis de PTH estimulam a produção de 1,25 – (OH)2D inactivo. Uma vez formado 1,25 (OH)2D age sozinho como
hormona esteróide nas células da mucosa intestinal, onde induz a síntese de uma proteína, necessária ao transporte
de cálcio – CBP.
. Os sintomas mais comuns de deficiência de vit. D são raquitismo em crianças e osteomalácia em adultos.

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3) Vit.E (D – α – tocoferol)
. Há diversos tocoferóis que ocorrem na natureza. Todos são isoprenóides substituídos hidroxicromanos ou tocóis.
. Qd há impedimento na absorção de gordura, ocorre deficiência de vit.E. Isso porque o tocoferol é solúvel na
gordura da dieta e é libertado e absorvido durante a digestão das gorduras. Além disso, é transportado no sangue
pelas lipoproteínas, primeiro é incorporado aos quilomicras, que transportam a vitamina até aos tecidos que contêm a
lipoproteína lipase e ao fígado nos quilomicras remanescentes, e segundo, pela saída do fígado nas VLDL, sendo
armazenado no tecido adiposo.
. O tocoferol não é reciclado após exercer a sua função, devendo ser totalmente substituído para continuar a exercer a
sua função biológica na célula.
. A acção antioxidante do tocoferol é efectiva a altas concentrações de O 2, assim não é de surpreender que haja
tendência a concentra-se naquelas estruturas lipídicas que ficam expostas às pressões parciais de O 2 mais altas, por
exemplo, membrana do eritrócito e do trato respiratório.
. Metabolismo do selénio – a glutationa-peroxidase, da qual o selénio é um componente integral constitui-se na
segunda linha de defesa contra os peróxidos antes de se propagarem nas reacções em cadeia, danificando
membranas e outras componentes celulares.
- *
LOO + vitE LH + vitE
(n reactiva), actua contra a propagação

. Armazenada no tecido adiposo


A vitE pode combinar-se com o par ácido ascórbico/ácido desoxiascórbico

VitE* VitE

Ác. Ascórbico Ác. Desoxiascórbico

. A vitE parece desempenhar um papel na respiração celular, ou estabilizando a co-enzima Q.


Aumenta a síntese de heme através do aumento de ALA.

4)Vitamina K
. As vitaminas pertencentes ao grupo K são naftoquinonas ( com poliisoprenoide substituído )
K1 ou filoquinona – vegetais verdes
K2 ou metaquinona – sintetizada por bactérias intestinais
K3 ou menadiona (hidrossoluvel) – n se encontra na natureza
. curto armazenamento hepático
. É necessária para a conversão de vários factores de coagolação e de protrombina ao seu estado activo (II, VII, IX,X).
Isto, envolve uma modificação pós-tradução de resíduos de glutamato (Glu) de proteínas percursoras a resíduos de
carboxiglutamato (Gla) por carboxilase específica dependente da vitamina K.
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. A protrombina (factor II) contém 10 desses resíduos, que permitem a quelação do cálcio numa inateraação específica
proteína – cálcio – fosfolípido, essencial para a sua actividade biológica.
CO2
Ác. Glutâmico γCarboxiglutamato
Vit. K

. O único sintoma facilmente detectável de defeciência de vit.K no homem é o tempo de coagulação aumentada.
. Como a vit.K é sintetizada por bactérias no intestino, assume-se há muito tempo que deficiências são raras.

Ciclo da vit.K REL do Fígado

O2 CO2
Glu Gla

Hidroquinona Momoxigenase Epóxido


NADP+ O2
NADPH+H+ redutase
Quinona

Entra para o organismo

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Transdução do sinal
A transdução do sinal é a forma como a célula recebe informação e a transforma num efeito. Para tal acontecer, é
importante haver a comunicação intracelular, cuja 1ª barreira é a membrana. O sinal tem uma origem e destino definido, e a
sua descodificação inicial envolve a formação de um sinal intracelular que inicia a resposta celular – transdução do sinal. É
importante referir que sinais pequenos levam a respostas celulares amplificadas.

Hormonas
As hormonas poderão dividir-se segundo as suas propriedades químicas em grupos:

1. Peptídico-proteicas (incluem as glicoproteínas)


Possuem de 3 a mais de 200 resíduos de aminoácidos; incluem as hormonas hipotalâmicas,
hipofisárias e pancreáticas: insulina, glucagina, somatostatina e o polipéptido pancreático.

2. Derivadas de aminoácidos – aminas e hormonas tiroideias


As aminas são compostos de baixo peso molecular, derivadas de aminoácidos e incluem as
hormonas hidrossolúveis, adrenalina e noradrenalina, da medula supra-renal e as menos solúveis
hormonas tiroideias derivadas da tirosina.
3. Esteroides
As hormonas esteroides, lipossolúveis, derivadas do colesterol, incluem as hormonas do córtex da
supra-renal: o derivado ativo da vitamina D (calcitriol) e os androgénios e estrogénios. Estas
hormonas, bem como as hormonas tiroideias circulam no sangue ligadas a proteínas
transportadoras específicas, para assim ultrapassarem a baixa solubilidade do meio aquoso que é
o plasma.
4. Eicosanóides, que atuam localmente
São derivadas do ácido araquidónico. Estas moléculas são produzidas por todas as células do
nosso organismo, exceto os eritrócitos e os linfócitos. Todos os 3 tipos de eicosanóides
(prostaglandina, leucotrienos e tromboxano) são instáveis, com semi-vidas de poucos minutos e
insolúveis em água. Estas moléculas geralmente não se distanciam do tecido onde são produzidas
e atuam principalmente em células da vizinhança do seu local de libertação (mecanismo
parácrino).

Estes mensageiros químicos atuam através de recetores específicos com alta afinidade. Do ponto de vista bioquímico, um
recetor é uma proteína celular capaz de se ligar a um mensageiro extracelular e iniciar uma resposta. Daí ser necessário
estudar os recetores destas moléculas, que são classificados pela sua solubilidade. Classificamos, assim, estas moléculas em 2
grupos:

 Grupo 1 – de natureza hidrofóbica (lipossolúveis), têm os seus recetores a nível intracelular e afetam a expressão
genética. São hormonas esteroides (3) e hormonas tiroideias (2).
 Grupo 2 – de natureza hidrofílica (hidrossolúveis), ligam-se a recetores de localização de membrana e utilizam
segundos mensageiros intracelulares. São as hormonas peptídico-proteicas (1) e os derivados de aminoácidos exceto
as hormonas tiroideias.

Classificação dos recetores

 Recetores acoplados ao DNA


 Recetores acoplados à proteína G
 Recetores que possuem atividade enzimática (tirosina-quinase e guanil-ciclase)
 Ativação direta de canais iónicos pelo ligando
 Recetores que ativam JAK, FAK e MAPK

1.Recetores acoplados ao DNA

•Receptores activados por pequenos mensageiros lipossoluveis

•Alguns derivam do colesterol e possuem o anel cíclico (ciclopentanoperidrofenantreno) tais como o cortisol e a

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aldosterona

•Todos actuam da mesma maneira: Receptor intracelular localizado no citoplasma ou núcleo

• Actividade regulatoria da transcrição do DNA quer aumentando quer diminuindo a síntese proteica e a expressão génica

As hormonas lipossolúveis do grupo 1 difundem-se através da membrana plasmática de todas as células, porém só
encontram os seus recetores intracelulares específicos de
alta afinidade nas células-alvo. Esses recetores podem estar
localizados no citoplasma ou no núcleo dessas células.
Inicialmente, o complexo hormona-recetor sofre uma
reação de ativação. A ativação do recetor ocorre por meio
de pelo menos dois mecanismos. Por exemplo, os
glucocorticoides, esteroides do grupo 1, sofrem difusão
através da membrana plasmática e encontram os seus
respetivos recetores no citoplasma das células-alvo. A
ligação do ligante ao recetor produz uma mudança
conformacional do recetor, levando à dissociação da
proteína. O recetor ativado arranja um transportador
intracelular, fazendo este com que o mesmo atravesse a 2ª
membrana para chegar ao DNA; ele é protegido por uma
chaperina2, para a molécula não ser modificada. Atua a
nível do fator de transcrição das citoquinas, inibindo-a e
aumentando a síntese do DNA das proteínas anti-
inflamatórias.

Nota: o glucocorticoide atua numa célula para inibir a inflamação ao inibir as citoquinas (que provocam inflamação) e
produzir proteínas anti-inflamatórias.

2.Ativação direta de canais iónicos pelo ligando – recetores que funcionam como canais iónicos (RCI)

É um exemplo dos neurotransmissores.

Os recetores canais são proteínas transmembranares que consistem em 5 subunidades que possuem um ou mais locais de
ligação para o mediador e além disso formam um canal transmembranar que permite a difusão de iões. Diferem entre si na
especificidade de ligação aos ligandos e na seletividade iónica. Enquanto muitos neurotransmissores excitatórios abrem
canais de sódio e cálcio, despolarizando a membrana, outros inibitórios abrem canais de cloro, hiperpolarizando a
membrana. Os neurotransmissores são, assim, mais rápidos do que as hormonas pois há uma abertura do canal e uma
difusão imediata de iões. Exemplos:

 Canais iónicos de Na+ - presentes nos neurónios e no musculo cardíaco e esquelético, onde atuam os
anestésicos
 Canais de Ca2+ - existem 5 tipos de recetores (L, T, N, P,
Q) pois são importantes na contração e calcificação dos
ossos. Aqui atuam as benzodiazepinas.
 Canais de K+ - a sua abertura resulta em correntes de
hiperpolarização, e conhecem-se pelo menos 6 famílias
diferentes
 Outros canais iónicos como o Cl-, que existem no pulmão
e estomago

Exemplos de fármacos que atuam sobre RCI:

 Canais iónicos de Na+

 Tetrotoxina

 Drogas antiritmicas classe I


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 Anestésicos locais tais como lidocaina e bupivacaina

 Canais iónicos de Ca+

 Derivados das benzodiazepinas

 Verapamil

 Diidropiridinas (nifedipina,amlodipina)

3.Recetores que possuem atividade enzimática

Só existem 2 enzimas a nível membranar capazes de receber sinais: tirosina-


quinase e guanil-ciclase. Como se tratam de proteínas, as células usam os
feedbacks para produzir os recetores necessários.

Tirosina-quinase

 Ligandos para este tipo de receptor incluem factores peptidicos de crescimento tais como EGF, PDGF, ou Insulina

 Possuem como função – fosforilar os grupos tirosina

Mecanismo: o mensageiro liga-se ao recetor. Uma hormona de crescimento reconhece o recetor. Na parte citosólica existe o
domínio enzimático, e as tirosinas são fosforiladas. Mas, antes disso,
o recetor modifica-se dimerizando-se para produzir mais tirosina. Os
fosfatos resultantes fosforilam proteínas no citosol com domínios
SH2. Dão origem a uma proteína fosforilada, tendo 2 caminhos
possíveis, ou metabólicos ou biológicos – ou criam enzimas ou
ativam um fator de transcrição.

Guanil-ciclase
existem duas formas, uma membranária e uma citosólica. A membranária é importante no coração, tendo afinidade para o
péptido natruriético. A citosólica é ativada pelo óxido nítrico ou por derivados do mesmo, sendo um vasodilatador.

Mecanismo: um mensageiro liga-se ao recetor da guanil-ciclase, catalisando a formação no citosol de GMPc (o GTP
transforma-se em GMP primeiro). O GMPc funciona como 2º mensageiro e vai ativar a proteína quinase dependente de
GMPc. Esta fosforila proteínas, mediando respostas químicas. Isto acontece com o óxido nítrico.

4.Recetores que ativam JAK, FAK, MAPK e STAT

JAK

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Ao contrário das tirosinas quinases que possuem atividade enzimática intrínseca, neste tipo de recetores a atividade
reside numa família de quinases citoplasmáticas (família de citoquinas citoplasmáticas) denominadas de JAK.

Há a ligação do 1º mensageiro ao recetor (que está ligado a uma JAK quinase) ocorrendo uma mudança
conformacional do mesmo e consequente ativação da JAK. A JAK fosforila as proteínas alvo e as mesmas vão
diretamente para o núcleo, atuando sob os fatores de transcrição.

STAT

A quinase vista atrás – JAK – fosforila uma ou mais proteínas que, em seguida, se associam a outras proteínas por meio de
ligação aos domínios SH2. Esse tipo de interação resulta na ativação de uma família de proteínas citosólicas, denominadas
STAT. A proteína STAT fosforilada forma dímeros e é transferida para o núcleo, ligando-se a um elemento especifico do DNA
e ativando a transcrição.

FAK

São proteínas que têm uma atividade tirosina-quinase e que se associam a recetores da matriz extracelular. Normalmente,
fosforilam proteínas citosólicas na parte tirosina. As proteínas fosforiladas vão para o núcleo para atuarem sob a transcrição.

São muito ativas na diferenciação da migração celular e proliferação. No adulto poderão ser maléficas por causa do cancro.

MAPK

São famílias de proteínas citosólicas (serina/tirosina quinases) que diferem das outras proteínas apenas pelas proteínas
citosólicas. São uma das vias principais da modulação celular, proliferação e controle da diferenciação.

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5.Recetores acoplados à proteína G

Estes são os recetores principais da digestão.

Cerca de 80% do 1º mensageiro exercem os seus efeitos celulares através de recetores acoplados a proteínas G.

São heterodímeros compostos por 3 polipéptidos:

 Sub-unidade α – ponto de ligação para guanina


preenchido no estado de descanso por GDP

 Complexo βγ

Podem causar:

 Abertura de Canais Iónicos- originando impulsos


eléctricos ou no caso de canais de cálcio, modificar a
concentração citosólica do mesmo (receptores
ionotrópicos)

 Activar ou inibir a enzima membranária com a qual


interagem (receptores metabotrópicos)

Um único receptor pode estar associado a mais que um tipo de proteína G

Podem activar:

 Canais Iónicos

 Adenilato Ciclase

 Fosfolipase C

Ações de algumas proteinas G:

 GS – Estimula adenilato-ciclase e activa canais de Ca2+

 Gi – Inibe adenilato-ciclase e activa canais de K+

 Gq – Activa a fosfolipase C

 Go – Inibe correntes de Cálcio

 Gt – estimula a adenilato-ciclase no olho

 Gdf - estimula a adenilato-ciclase no nariz

Proteinas G – Canais Iónicos

(Recetores ionótropicos)

As proteínas G possuem a capacidade de ativar direta ou indiretamente canais iónicos

 Activação directa – Proteína G activa directamente o canal iónico independentemente de 2os mensageiros

 Activação Indirecta –

Adenilato-ciclase – transdutor da membrana:

 Enzima responsável pela catalização de ATP em AMPc (2o mensageiro)


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 Possui diversas isoformas tendo sido descritas pelo menos 9

 É regulada quer positiva quer negativamente por:

 Proteína G (sub-unidades αβγ)

 Ca2+

 Calmodulina

 Forskolina

 Inibidores do sitio-P

 Proteína Quinase K

O AMPc é ativado pela adenil-ciclase, indo ativar a proteína quinase A, a qual vai fosforilar outras proteínas
(maioritariamente enzimas), desencadeando a resposta celular.

Qual a função do AMPc na célula?

 Difunde-se através da célula, indo ativar a proteína quinase A, a qua vai fosforilar outras proteínas,
desencadeando a resposta celular
 A ação do AMPc é eventualmente terminada pela sua degradação em AMP sob a ação da
fosfodiesterase
 A partir do AMPc, há uma amplificação do sinal, produzindo-se milhões de produtos, como no caso da
epinefrina

Fosfolipase C

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Bioquímica Fisiológica II
 Grupo de enzimas presentes em todos os tecidos dos mamíferos

 Catalisa a degradação dos fosfolipidos da membrana em DAG e IP3

 Diversas isoformas conhecidas α , β, γ, δ

 β – interacção com proteína G

 γ – depende da fosforilação dos resíduos de tirosina geralmente catalisada por recetores da


tirosina quinase

 δ – (Hancok,1997) reconhecido local nesta isoforma com potencial de ligação ao Ca2+

Os PIP2 (cujo substrato são os fosfolípidos) ativam os 2º mensageiros, ao fazer com que a fosfolipase C gere inositol trifosfato
(IP3) que retira o Ca2+ do reticulo endoplasmático; e gera também o diacilglicerol (DAG) que se liga ao Ca2+ do IP3 para ativar a
proteína quinase C, que vai fosforilar uma proteína.

O IP3 não exerce a sua atividade como 2º mensageiro pois liga-se aos canais de Ca2+ do reticulo endoplasmático, e o cálcio
difunde-se para o citosol atuando então como 2º mensageiro. O Ca2+ ativo vai ativar calmodulinas que fosforilam proteínas
fazendo com que estas exerçam a sua função. O cálcio pode ser ativado pelo IP 3, por transporte ativo ou por abertura de
canais dependentes de voltagem, funcionando como 2º mensageiro quando há uma ação de um estímulo que leva ao
desequilíbrio da sua concentração.

16
Bioquímica Fisiológica II

Óxido nítrico
É sintetizado por um aminoácido que é transformado de arginina para óxido nítrico. É um mensageiro que se
difunde nas células nervosas, imunes e do sistema circulatório, cujo no último tem ação de vasodilatador. Este
atua sob a guanil-ciclase, transformando-a em GMPc, atuando este nas contrações do tecido muscular liso.

Peróxido de hidrogénio e radicais livres


Estes atuam sob os fatores de transcrição ou pelo aumento das vias MAPK possuindo assim um papel no
crescimento e diferenciação celular.

17
Bioquímica Fisiológica II

DIGESTÃO
O processo de digestão consiste na desintegração dos alimentos em formas assimiláveis pelo organismo: nutrientes (apenas
quando se encontram no sangue). As alterações químicas envolvidas na digestão incluem a ação de hidrólases que catalisam a
hidrólise de:

 Proteínas a aminoácidos
 Glúcidos a monossacáridos
 Lípidos a glicerol e ácidos gordos
É importante ter em conta que não é obrigatório haver uma “partição” total para que estes sejam absorvidos.

A absorção é o movimento das pequenas unidades resultantes da digestão, desde o sistema digestivo até à corrente sanguínea
e/ou linfática.

Principais etapas

1. Homogeneização mecânica e mistura dos alimentos com os fluidos do trato gastrointestinal – fazendo o bolo
alimentar e o quimo
2. Secreção de enzimas digestivas capazes de hidrolisar moléculas
3. Secreção de eletrólitos para permitir uma ótima atividade enzimática
4. Secreção de bílis para permitir a solubilização e absorção de lípidos
5. Hidrólise de oligomeros (8-10) e dímeros
6. Absorção de nutrientes do trato gastrointestinal para a corrente sanguínea/linfática (as moléculas maiores vão para a
linfa)
Principais órgãos auxiliares

Órgãos Funções
Glândulas salivares Secreção de fluídos e enzimas digestivas
Estômago Secreção de HCl e enzimas digestivas
Pâncreas Secreção de NaHCO3 e enzimas para a digestão no lúmen do intestino delgado
Fígado Produção de bílis
Vesícula Biliar Armazenamento, concentração e libertação de bílis
Bordadura em escova e enzimas citoplasmáticas
Intestino Delgado
Absorção de nutrientes, bílis e eletrólitos
Intestino Grosso Absorção de eletrólitos

Esfíncteres

 Cardia – localizado entre o esófago e o estômago, prevenindo o refluxo dos alimentos


 Esfíncter pilórico – localizado entre o estômago e o duodeno
 Ileocecal – localizado entre o íleon e o cólon ascendente
 Esfíncter recto/anal
Os esfíncteres impedem que s alimentos voltem para trás, assegurando o fluxo dos mesmos. Quando os músculos circulares dos
esfíncteres contraem a passagem fecha, e quando relaxam a passagem abre.

Várias etapas da digestão

A primeira fase da digestão corresponde à fase cefálica. O olfato, a visão, o tato e o paladar transmitem ao cérebro a informação
sobre o alimento a ingerir, havendo um estímulo do parassimpático que induz a libertação de acetilcolina; esta, por sua vez,
estimula a secreção das glândulas salivares, do suco gástrico e do pâncreas.

A digestão mecânica da boca desencadeia-se por 4 etapas:

1. Mistura e maceração dos alimentos


2. Mistura dos alimentos com a saliva, muco e outros fluidos que facilitam a deglutição
3. Formação do bolo alimentar
4. O bolo alimentar desliza através da epiglote que bloqueia a passagem para os pulmões

18
Bioquímica Fisiológica II
Digestão mecânica no estômago:

1. O bolo alimentar entra no estômago e começam a ser secretados sucos gástricos


2. O estômago movimenta-se e mistura o bolo alimentar com os sucos
3. É formada uma massa líquida chamada quimo
4. A cardia impede o regresso do quimo para o esófago

O esvaziamento gástrico tem uma duração de 1 a 4 horas, estando dependente da mistura de alimentos que fazemos; o teor
lipídico da refeição é que condiciona o tempo. Os hidratos de carbono atravessam o estomago mais depressa, seguindo-se as
proteínas e os lípidos. Quando o quimo está pronto para abandonar o estômago:

 30-40% dos hidratos de carbono estão digeridos


 10-20% das proteínas estão digeridas
 Menos de 10% dos lípidos estão digeridos

Quanto ao intestino delgado, este divide-se em duodeno, jejuno e íleon. É o local onde ocorre a principal parte da digestão,
sendo o local de absorção de vitaminas e minerais. Ocorrem os movimentos peristálticos que permitem os movimentos
necessários à digestão e segmentação do quimo.

No intestino grosso, há reabsorção de água, ajuste do sódio e digestão de pequenas fibras pelas bactérias. Ocorre também o
processamento dos desperdícios resultantes do processo digestivo, formando-se o bolo fecal.

Fluidos e enzimas da boca

A digestão inicia-se na cavidade oral através da ação da saliva. A saliva contém mucina (glicoproteína) que lubrifica e ajuda a
deglutição dos alimentos; permite a dissolução de pequenas moléculas e o início da digestão através de hidrolases.
Características:

 Contém amílase que atua sobre o amido e o glicogénio atacando a ligação glicosídica alfa 1-4 e é inativada pelo pH
ácido do estômago
 A superfície dorsal da língua (glândula de Ebner) secreta lípase lingual que atua sob os lípidos
 Não ocorre digestão de proteínas na boca

Digestão de proteínas
Ingerimos cerca de 70-100g de proteínas diárias, correspondendo isso a 15% do gasto energético diário de um adulto saudável.
Apenas 1 a 2 g de azoto (6 a 12g de proteínas) são perdidos diariamente nas fezes. As proteínas sofrem digestão gástrica,
pancreática e intestinal.

Introdução

As protéases clivam as proteínas ingeridas nos seus respetivos aminoácidos, no estômago e no intestino. Muitas destas
protéases são sintetizadas em formas maiores e inativas, conhecidas como zimogénios. Após os zimogénios serem secretados no
trato digestivo, são clivados para produzir protéases ativas.

No estômago, a pepsina começa a digestão de proteínas ao hidrolisa-las em polipéptidos mais pequenos. Os conteúdos do
estômago passam para o intestino delgado, onde as enzimas produzidas pelo pâncreas exócrino atuam. As protéases
pancreáticas (tripsina, quimotripsina, elastase e carboxipeptidades) clivam os polipéptidos em oligopéptidos e aminoácidos.

Uma clivagem posterior dos oligopéptidos em aminoácidos é conseguida através de enzimas produzidas nas células epiteliais
intestinais. Estas enzimas incluem as aminopeptidases localizadas na bordadura em escova e outras peptidases localizadas entre
as células. Por fim, os aminoácidos produzidos pela digestão proteica são absorvidos pelas células epiteliais intestinais e entram
na corrente sanguínea.

Existe um grande número de sistemas de transporte para os aminoácidos nas células. Alguns sistemas contêm transportadores
facilitados, enquanto outras expressam transportadores dependentes de sódio, que permitem um transporte ativo dos
aminoácidos para as células.

As proteínas são também continuamente sintetizadas e degradadas (turnover) nas células. Uma grande variedade de protéases
nas células carrega esta responsabilidade. As protéases dos lisossomas degradam proteínas que entram nos lisossomas. As
19
Bioquímica Fisiológica II
proteínas citoplasmáticas escolhidas para o turnover ligam-se covalentemente à pequena proteína de ubiquitina, que interage
com um grande complexo proteico, o proteossoma, para degradar a proteína em ATP.

Digestão proteica

A digestão das proteínas começa no estômago e é completada no intestino. As enzimas que digerem as proteínas são produzidas
como precursores inativos – zimogénios – que são maiores que as enzimas ativas. Os zimogénios inativos são secretados das
células em que foram sintetizados e entram no lúmen do trato digestivo, onde são clivados em formas mais pequenas que têm
atividade proteolítica. Estas enzimas ativas têm diferentes especificidades; nenhuma enzima sozinha consegue digerir uma
proteína. Contudo, ao agir em conjunto, as enzimas conseguem digerir as proteínas em aminoácidos e pequenos péptidos, que
são clivados por peptidases associadas às células intestinais epiteliais.

A. Digestão proteica no estômago

O pepsinogénio é secretado pelas células chefe do estômago. As células parietais do estômago secretam o HCl. O ácido no
estômago altera a conformação do pepsinogénio de modo a que ele se clive a ele próprio, produzindo a protéase ativa –
pepsina. Assim, a ativação do pepsinogénio é autocatalítica.

As proteínas ingeridas são desnaturas pelo ácido do estômago. Este inativa as proteínas e desdobra-as parcialmente para que
sirvam de melhores substratos para as protéases. Contudo, a um pH baixo no estômago, a pepsina não é desnaturada e atua
como endopeptídase, clivando ligações peptídicas em vários pontos da cadeia proteica. Apesar da pepsina não ter muita
especificidade, tende a clivar ligações peptídicas nas quais o grupo carboxilo é dado por um aminoácido aromático ou ácido.

B. Digestão de proteínas pelas enzimas do pâncreas

À medida que o conteúdo do estômago se esvazia para o intestino, o quimo encontra secreções do pâncreas exócrino. É preciso
relembrar que o pâncreas exócrino também secreta amílase para a digestão do amido, e lípase para a digestão de lípidos. Outra
secreção pancreática é o bicarbonato que, para além de neutralizar o pH ácido, faz com que este aumente para que as protéases
pancreáticas, que também estão presentes nas secreções do pâncreas, possam ser ativas. Quando secretadas, estas protéases
pancreáticas estão nas suas formas inativas (zimogénios). Como as formas ativas destas enzimas se podem digerir umas às
outras, é importante para estes zimogénios que sejam ativos num curto espaço de tempo. Isto é conseguido pela clivagem do
tripsinogénio na sua forma ativa, tripsina, que cliva os outros zimogénios pancreáticos, produzindo as suas formas ativas.

O zimogénio tripsinogénio é clivado para formar tripsina através de uma enteropeptidase secretada pela bordadura em escova
do intestino delgado. A tripsina catalisa as clivagens que convertem quimotripsinogénio em quimotripsina, proelastase em
elastase e procarboxipeptidases em carboxipeptidase A e B. Assim, a tripsina tem um papel central na digestão porque cliva
proteínas ingeridas e ativa outras protéases digestivas produzidas pelo pâncreas.

A tripsina, a quimotripsina e a elastase são protéases que atuam como endopeptídases. A tripsina é a mais específica destas
enzimas, clivando ligações peptídicas nas quais o grupo carboxilo é da lisina ou da arginina. A quimotripsina é menos específica
mas favorece a clivagem de ligações de aminoácidos hidrofóbicos. Já a elastase cliva não só a elastina, mas também cliva ligações
junto a resíduos de aminoácidos alifáticos, como a alanina, glicina e serina. A função destas endopeptídases pancreáticas é
continuar a digestão das proteínas ingeridas, que foi iniciada pela pepsina no estômago.

Os péptidos mais pequenos formados pela ação da tripsina, quimotripsina e elastase são atacados pelas exopeptidases, que são
protéases que clivam um aminoácido de cada vez, da cadeia terminal. As procarboxipeptidases, zimogénios produzidos pelo
pâncreas, são convertidos pela tripsina em carboxipeptidases ativas. Estas exopeptidases removem os aminoácidos da cadeia
terminal carboxilo das cadeias peptídicas. A carboxipeptidase A cliva preferencialmente aminoácido aromáticos, enquanto a
carboxipeptidase B cliva preferencialmente aminoácidos básicos como a arginina e a lisina.

C. Digestão de proteínas por enzimas das células intestinais

As exopeptidases produzidas pelas células epiteliais intestinais atuam na bordadura em escova e também entre células. As
aminopeptidases, localizadas na bordadura em escova, clivam um aminoácido de cada vez do seu grupo amina terminal. As
peptidases intracelulares atuam em pequenos péptidos que são absorvidos pelas células.

Ação das peptidases da bordadura em escova


Clivam aminoácidos a partir da extremidade carboxil terminal de péptidos
Amino-oligopeptidases
com 3-8 aminoácidos

20
Bioquímica Fisiológica II

Aminopeptidase A Cliva dipéptidos com aminoácidos na extremidade N-terminal


Dipeptidase I Cliva dipéptidos contendo metionina
Dipeptidase III Cliva dipéptidos contendo glicina
Dipeptidil aminopeptidases IV Cliva péptidos contendo prolina na extremidade C-terminal
Cliva ligações y-glutamil, transferindo glutamina para aminoácidos ou
Y-glutamil-transpeptidase
péptidos
Folato conjugase Cliva pteroil-poliglutamatos

Absorção de aminoácidos

Os aminoácidos são absorvidos do lúmen intestinal através de transporte ativo secundário dependente de Na + e através de
difusão facilitada.

A. Cotransporte de Na+ e de aminoácidos

Os aminoácidos são absorvidos do lúmen do intestino delgado principalmente por proteínas transportadoras dependentes de
Na+ nas células intestinais da bordadura em escova. O Cotransporte de Na+ e de aminoácidos do exterior da membrana apical
para o interior da célula é controlado por concentrações intracelulares de Na+ baixas. Esta concentração intracelular baixa de Na+
resulta no bombeamento de Na+ para fora da célula através de uma ATPase de Na+ e de K+. Assim, o primeiro mecanismo de
transporte envolve a criação de um gradiente de sódio; o segundo processo para o transporte é o acoplamento dos aminoácidos
ao influxo de sódio. Este mecanismo permite que a célula concentre os aminoácidos do lúmen intestinal. Os aminoácidos são
transportados da célula para os fluídos intersticiais, principalmente por transportadores facilitados na membrana.

O mesmo tipo de transportador sofre várias influências:

 Maior captação pelo transportador – maior cadeia lateral de aminoácidos; isómeros L; aminoácidos neutros; e
dipéptidos
 Menor captação pelo transportador – cadeias menores; isómeros D; aminoácidos ácidos ou básicos; e tripéptidos

B. Transporte de aminoácidos para as células

Os aminoácidos que entram na corrente sanguínea são transportados por várias membranas de células de variados tecidos,
principalmente através de transportadores dependentes de Na+ e, em menor quantidade, por transportadores facilitados (ver na
tabela).

Local Sistema de transporte Substratos


Larga seletividade para aminoácidos neutros com
NBB
cadeias laterais curtas
Cadeias hidrofóbicas ou aromáticas – fenilamina,
PHE
Bordadura em escova metionina, tirosina e valina
IMINO Prolina e hidroxiprolina
Β-aminoácidos Β-alanina e taurina
Aminoácidos básicos Lisina, arginina e cisteína
Aminoácidos ácidos Aspartato e glutamato
L Larga seletividade
A Larga seletividade
Membrana baso lateral
ASC Serina, alanina e cisteína
N Glutamina e histidina

Formação HCl
*Produzido pelas células parietais do corpo e fórnix

c.s parietais ou oxínticas

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Bioquímica Fisiológica II

Neurónios pós-
Células G ganglionares do
SNParassimpático
C.s ECL
(C.s
Acetilcolina Gastrina 
enterocromofilai)
Histamina somatostatina

C.s Células D
Parietais
HCL

*3 estímulos, 3 receptores:
. Gastrina – G
. Histamina – H2
. Acetilcolina – H3

M3

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Bioquímica Fisiológica II

O cloro passa para o lúmen por condutância criada pela ATPase K+/H+
Consumo de ATP
Fonte de H+ é a formação de H2CO3 H2O + CO2
Nas células parietais que produzem o HCl encontram-se no interior vesículas.
Quando activadas (gastrina) mudam de conformação e ficam activas.

HCl, funções
Quebra a estrutura terciária das proteínas
Actua sobre as proteínas formando pepsinogéneo. Quebra a sua estrutura terciária, aumentando a área de acção das enzimas
sobre as proteínas.

Digestão de glúcidos
Os glúcidos são a maior fonte de calorias para maior parte da população mundial. Os glúcidos mais comuns são o
amido, a lactose e a sacarose. O amido é constituído por amilose e amilopectina, polissacáridos compostos por
milhares de unidades glucosil ligadas entre si por ligações α-1,4 e α-1,6. A lactose é um dissacárido composto por
glucose e galactose, ligados entre si por uma ligação β-1,4. A sacarose é um dissacárido composto por glucose e
frutose, ligado por ligações α-1,2. Os processos digestivos convertem todos estes glúcidos em monossacáridos, ao
hidrolisar as ligações glicosídica entre os açúcares.

A digestão do amido começa na boca. A glândula salivar liberta a α-amilase, que converte o amido em polissacáridos
mais pequenos chamados α-dextrinas. As amílases só quebram ligações α-1,4; portanto, a amilose é quebrada na sua
totalidade pois só tem ligações α-1,4, mas o mesmo não acontece com a amilopectina, pois também contém ligações
α-1,6.

A amilase salivar é inativada pela acidez do estômago. A α-amilase pancreática e o bicarbonato são secretados pelo
pâncreas exócrino para o lúmen do intestino delgado, onde o bicarbonato neutraliza as secreções gástricas. A α-
amilase pancreática continua a digestão das α-dextrinas, convertendo-as em dissacáridos (maltose), trissacáridos
(maltotriose) e oligossacáridos chamados α-limit dextrinas. Estas dextrinas contêm entre 4 a 9 resíduos de glicose e
um ramo de isomaltose – dois resíduos de glicose ligados por ligações α-1,6.

A digestão dos dissacáridos lactose e sacarose, como também a da maltose, maltotriose e da α-limit dextrina, ocorre
através de dissacáridos ligados à membrana da bordadura em escova das células epiteliais intestinais. A glucoamilase
hidrolisa as ligações α-1,4 das dextrinas; o complexo sacarase-isomaltase hidrolisa a sacarose, maior parte da maltose
e quase toda a isomaltose formada pela glucoamilase das dextrinas limite. A lactase-glicosilceramidase hidrolisa as
ligações β na lactose e nos glicolípidos. A trealase, por fim, hidrolisa a ligação entre duas unidades de glucose do
açúcar trealase. Os monossacáridos produzidos por estas hidrolases – glucose, frutose e galactose – são depois
transportados para as células intestinais epiteliais.

23
Bioquímica Fisiológica II
As fibras ingeridas, compostas principalmente por polissacáridos, não podem ser digeridas pelas enzimas humanas no
trato intestinal. No cólon, estas fibras e outros glúcidos não digeridos podem ser convertidos a gases (H 2, CO2 e
metano) ou em ácidos gordos de cadeia curta (principalmente ácido acético, ácido propiónico e ácido butírico) pelas
bactérias do cólon.

A glucose, a galactose e a frutose formadas pelas enzimas digestivas são transportadas para as células epiteliais
absortivas do intestino delgado através de transporte mediado por proteínas dependente de Na+ e por difusão
facilitada. Os monossacáridos são transportados destas células para o sangue e circulam no fígado e tecidos onde são
retomados por transportadores facilitados. O transporte facilitado de glucose através das células epiteliais é mediado
por uma família de proteínas de transporte específico de glucose (GLUT1 e GLUT5). O tipo de transportador
encontrado na célula reflete o papel da glucose no metabolismo daquela mesma célula.

Digestão bucal

A digestão dos glúcidos inicia-se na cavidade oral. As glândulas de Ebner secretam α-amilase. A α-amilase salivar é
inativada pelo pH ácido do estômago, mas persiste alguma atividade dentro do bolo alimentar, enquanto este não for
acidificado. É uma isoenzima da amilase pancreática e cliva as ligações α-1,4 do amido e glicogénio.

Produtos da digestão bucal: oligossacáridos lineares de cadeia curta (maltose e maltotriose) – é importante ter em
conta que a maltose pode ser quebrada na boca até glucose, o que pode causar cáries; e ramificados/ α-limit
dextrinas, por incapacidade de hidrólise das ligações α-1,6 da amilopectina – esta só é degradada na bordadura em
escova.

Digestão pancreática

A única diferença da amilase pancreática é o pH em que atua. É produzida no pâncreas sob a influência de acetilcolina,
colecistoquinina e secretina.

A digestão terminal é assegurada pelas enzimas da bordadura

Os dissacáridos lactose e sacarose, tal como os produtos da digestão do amido, são convertidos a monossacáridos por
glicosidases ligadas à membrana da bordadura em escova. As diferentes atividades das glicosidases estão
representadas na tabela seguinte.

Complexo Atividade principal


Quebra ligações α-1,4. Os seus substratos são a amilose, a amilopectina, o
Β-glucoamilase
glicogénio e a maltose
Sacarase: quebra a sacarase, a maltose e maltotriose
Sacarase-isomaltase Isomaltase: quebra ligações α-1,6 em várias dextrinas limite (3-4 resíduos) tal
como quebra as α-1,4 da maltose e da maltotriose
Quebra ligações β da glucose e galactose; e também ligações β-1,4 da
Β-glicosidase
lactose, que dá glucose e galactose
Quebra a trealase, que consiste em duas unidades de glucose ligadas por
Trealase
ligações α-1,1
Quebra ligações ramificadas α-1,6, em compostos ramificados de 5-6
α -limit dextrinase
resíduos

É de notar que as ligações α-1,6 têm, então, 2 enzimas possíveis, dependendo dos seus resíduos.

Metabolismo de açúcares por bactérias do cólon

Nem todo o amido ingerido é digerido normalmente no intestino delgado. Os amidos que têm muita amilose ou que
estão menos hidratados, são resistentes à digestão e entram no cólon. A fibra ingerida e os açúcares não digeridos
também entram no cólon. Aqui, as bactérias do cólon rapidamente metabolizam os sacáridos, formando gases, ácidos
gordos de cadeia curta e lactato. A maior parte dos ácidos gordos formados são o ácido acético (2 carbonos), o ácido
propiónico (3 carbonos) e o ácido butírico (4 carbonos)

Absorção pelo epitélio intestinal

A glucose é transportada nas células absortivas do intestino através de difusão facilitada e através de transporte
facilitado dependente de Na+. A molécula da glucose é extremamente polar e não se difunde através da cadeia

24
Bioquímica Fisiológica II
fosfolipídica hidrofóbica da membrana celular. A glucose, assim, entra nas células absortivas ao ligar-se a uma
proteína transportadora, que liga a molécula num lado da membrana e solta-a no outro lado. Dois tipos de proteínas
de transporte da glucose estão presentes nas células intestinais absortivas: os transportadores dependentes de Na+ e
os transportadores facilitados.

Transportadores dependentes de Na+

Os transportadores dependentes de Na+, localizados no lúmen das células absortivas, permitem que as células
concentrem a glucose que está no intestino. Uma concentração baixa de Na+ é mantida pela bomba ATPásica de Na+ e
K+ que usa ATP para passar Na+ para o sangue. Assim, o transporte de glucose de uma concentração baixa no lúmen
para uma alta na célula, é promovido pelo Cotransporte de Na+ de uma alta concentração no lúmen para uma baixa
concentração na célula.

Transportadores de glucose facilitados

Os transportadores de glucose facilitados, que não se ligam ao Na +, estão localizados no lado seroso das células. A
glucose move-se via transporte facilitado de uma alta concentração dentro da célula para uma concentração baixa no
sangue, sem gasto de energia. Os transportadores deste tipo mais comumente encontrados são o GLUT1 e o GLUT5.

Absorção de frutose e galactose através dos transportadores de glucose

A galactose é absorvida através dos mesmos mecanismos do que a glucose. Entra nas células absortivas via
transportadores dependentes de Na+ e também através de transportadores facilitados, GLUT1.

A frutose entra e sai das células por difusão facilitada, através do transportador GLUT5. Apesar deste transportador
também conseguir transportar glucose, tem uma atividade muito maior com a frutose.

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Bioquímica Fisiológica II

Lipoproteínas
Como os lípidos não são solúveis em água, o problema do seu transporte no plasma sanguíneo é resolvido pela associação dos
lípidos neutros – triacilglicerol e ésteres de colesterol – aos lípidos anfipáticos – fosfolípidos e colesterol – e às proteínas, para
formar lipoproteínas miscíveis em água.

Quando há um período de balanço calórico negativo, após a ingestão durante a fase anabólica do ciclo alimentar, o organismo
recorre às suas reservas de hidratos de carbono e gordura; este ciclo é mediado pelas lipoproteínas, que transportam lípidos a
partir do intestino sob a forma de quilomicra – e, a partir do fígado sob a forma de lipoproteínas de densidade muito baixa
(VLDL) – para a maioria dos tecidos para oxidação e até ao tecido adiposo para armazenamento. Os lípidos são mobilizados do
tecido adiposo sob a forma de ácidos gordos livres ligados à albumina sérica.

Existem 4 grandes grupos de lipoproteínas plasmáticas

Como a gordura é menos densa do que a água, a densidade de uma lipoproteína diminui à medida que aumenta a proporção
entre o lípido e a proteína. Existem 4 grupos principais de lipoproteínas: (1) quilomicra, proveniente da absorção intestinal do
triacilglicerol e de outros lípidos; (2) lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL), derivadas do fígado para a exportação de
triacilglicerol; (3) lipoproteína de baixa densidade (LDL), que representam um estado final do catabolismo das VLDL; e (4)
lipoproteínas de alta densidade (HDL), envolvidas no transporte de colesterol, bem como no metabolismo das VLDL e das
quilomicra.

Lipoproteína

Uma lipoproteína é uma “membrana circular com


proteínas e colesterol à superfície, que no interior vai
conter os lípidos neutros: colesterol esterificado e
triacilgliceróis.”. Mais fisiologicamente, o núcleo dos
lípidos neutros, que consiste principalmente em
triacilglicerol e éster de colesterol, está circundado por
uma única camada de moléculas de fosfolípidos e
colesterol.

A fração proteica de uma lipoproteína é conhecida como


apoproteína e constitui quase 70% de algumas HDL e
apenas 1% das quilomicra. Algumas apoproteínas são
integrais e não podem ser removidas, enquanto outras
são livres para serem transferidas.

As principais apoproteínas das HDL são as ApoA; a principal das LDL é a ApoB (B100), que também é encontrada na VLDL. As
quilomicra contêm uma forma diferente da ApoB – a ApoB48, que é sintetizada no intestino, enquanto a B100 é no fígado (pois
o intestino não é capaz de sintetizar a ApoB completa). As ApoC podem ser livremente transferida entre várias lipoproteínas. A
ApoE, encontrada nas VLDL, nas LDL e nas quilomicra, é também livremente transferida.

As apoproteínas desempenham vários papéis: (1) Estrutural, como a ApoB; (2) Cofatores enzimáticos, como a C2 para a lípase
lipoproteica, e a A1 para a LCAT; e (3) atuam como ligantes para a sua interação com recetores de lipoproteínas nos tecidos,
como por exemplo a B100 e a ApoE para o recetor da LDL.

26
Bioquímica Fisiológica II

Quilomicra
As quilomicra provêm do intestino e têm como função específica o transporte dos triacilgliceróis alimentares para o fígado;
porém, chegam ao fígado sob a forma de colesterol esterificado, para ajudar a sintetizar os ácidos biliares, sendo então a única
via para transformação do colesterol ingerido.

No eritrócito, na presença de triacilgliceróis, vai haver a síntese de ApoB48, dando origem à quilomicra nascente, também na
presença de ApoA, cuja função é insignificante na quilomicra. É importante ter em conta que não pode haver síntese de ApoB48
sem haver presença de triacilgliceróis, dependendo assim o tamanho da quilomicra da quantidade de lípidos ingeridos. Assim,
consoante o volume da lipoproteína formada, a quilomicra pode seguir duas vias: se tiver um volume muito pequeno (pouca
ingestão de lípidos) vai diretamente pela via porta; pelo contrário, se o volume for grande, sai pelos linfáticos.

De seguida, ainda na linfa, vai ocorrer um 1º choque: a quilomicra vai chocar com a HDL1, que vai fornecer 2 apoproteínas, a
ApoE (sinalizador hepático) e a ApoC – que tem 3 componentes, e cuja ApoC2 vai servir de cofator para a lípase lipoproteica. A
lípase lipoproteica está localizada nas paredes dos capilares sanguíneos do tecido adiposo subcutâneo; no entanto, esta enzima
não reage prontamente com a quilomicra. Tanto os fosfolípidos como a ApoC2 são necessários como cofatores para a atividade
da lípase, abrindo um canal que a permite passar até à linfa – enquanto a ApoA2 e a ApoC3 atuam como inibidores. Ocorre
então uma hidrólise enquanto quilomicra está ligada à enzima, sob o endotélio; o triacilglicerol é progressivamente hidrolisado
por um diacilglicerol, a monoacilglicerol e, por fim, passa a AGL + glicerol. Alguns dos AGL voltam para a circulação, ligados à
albumina, porém a maior parte deles é transportado para o tecido adiposo. O glicerol vai para o fígado.

Após esta hidrólise, a quilomicra diminui o seu tamanho e portanto já pode entrar na circulação sanguínea. Aqui, vai ocorrer o 2º
choque da quilomicra com a HDL2 – enriquecida em colesterol esterificado – onde vai haver troca de lípidos neutros. A
quilomicra quando recebe o colesterol esterificado transforma-se em quilomicra remanescente, muito pequena, tendo agora
capacidade de entrar no fígado para entregar o colesterol que vai servir para formar os ácidos biliares – é a única via de
transformar o colesterol ingerido. A quilomicra, para entrar no fígado, perde a ApoC toda (após a sua reação com a lípase
lipoproteica, pois já não tem triacilgliceróis) e, portanto, fica apenas com ApoE, que sinaliza o seu percurso para o fígado.

Os remanescentes de quilomicra são captados pelo fígado por endocitose mediada por recetores, e os ésteres de colesterol são
hidrolisados e metabolizados.

27
Bioquímica Fisiológica II
Nota: CETP – proteína de transferência de colesterol esterificado

Lipoproteína de Densidade Muito Baixa (VLDL)


Quando o colesterol esterificado chega a fígado, vai fazer sair do mesmo outra lipoproteína: a VLDL. Esta lipoproteína é
sintetizada no fígado e transporta triacilgliceróis endógenos (do fígado), que dependem diretamente dos açúcares ingeridos: a
sua produção só ocorre quando a glicemia está alta. Quando a glicemia está aumentada, liberta-se insulina que vai ativar a
produção de triacilglicerol pois ativa enzimas chave como a glicero-quinase, que fosforila o glicerol. O glicerol junta-se depois aos
ácidos gordos formando, assim, o triacilglicerol.

Nota: os ácidos gordos são os libertados por hidrólise do triacilglicerol, que depois sofrem a via da beta-oxidação

Na presença do triacilglicerol, já há condições para formar a ApoB100, cujo tamanho depende da quantidade de triglicéridos. A
ApoB100, ao envolver o triacilglicerol, vai formar a VLDL nascente.

A VLDL nascente sai do fígado via sanguínea veia porta, onde vai ocorrer um 1º choque: a VLDL nascente vai chocar com a HDL1,
que vai fornecer ApoC e ApoE. Após reunir o cofator necessário para ativação da lípase lipoproteica – ApoC2 – a VLDL vai até ao
tecido adiposo profundo, onde esta se encontra no endotélio capilar, onde vai ocorrer uma hidrólise do triacilglicerol da VLDL. O
triacilglicerol é progressivamente hidrolisado por um diacilglicerol, a monoacilglicerol e, por fim, passa a AGL + glicerol.

Depois, ocorre um 2º choque, onde vai haver troca de lípidos neutros total ou parcial com a HDL2. Se a troca for total, isto é, se a
VLDL fornecer todos os triglicéridos a HDL2 fornece todos os seus ésteres de colesterol e forma-se LDL – lipoproteína de
densidade baixa. Se, por outro lado, a VLDL não fornecer todos os seus triglicéridos, a troca foi parcial, e vai dar origem a
remanescentes de VLDL ou IDL – lipoproteínas de densidade intermédia.

Uma vez que a LDL tem apenas colesterol esterificado, pode ir para todas as células; porém, como a IDL tem tanto triacilglicerol
como colesterol esterificado, tem de retornar ao fígado, a partir do recetor E.

28
Bioquímica Fisiológica II

Lipoproteína de Densidade Baixa (LDL)


A LDL é originada a partir do 2º choque total da VLDL com a HDL2. É composta por colesterol esterificado e vai distribuir todo o
colesterol às células, sendo responsável pelo turnover das células. O fígado e muitos outros tecidos expressam o recetor da LDL –
ApoE e Apo100. Este recetor vai, assim, captar por endocitose a LDL que vai ser fagocitada, sendo a sua parte proteica destruída,
ficando apenas com o colesterol esterificado.

Se o colesterol esterificado permanecesse no citosol, formaria inclusões, pelo que o colesterol esterificado vai ser envolvido pelo
ligando Apo100E da célula, formando um endossoma. Quando entra, o colesterol vai ser então desterificado nos lisossomas,
dando origem a ácidos gordos e colesterol livre. O colesterol livre vai para a membrana, precisando de ser captado pelas HDL3,
que fazem o turnover do fígado, que depois passam para as HDL2 e, por fim, transportam ao fígado.

Assim, as LDL são responsáveis pelo turnover das células, uma vez que o colesterol transportado pelas mesmas precisa de ser
desterificado pelas esterases. Se não for desterificado, as células sofrem apoptose.

Lipoproteína de Densidade Alta (HDL)


As HDL fazem o transporte reverso do colesterol (RCT) – vão busca-lo às células e levam-no ao fígado, quando este está em
excesso nas células dos tecidos periféricos. São sintetizadas tanto pelo fígado como pelo intestino. Entretanto, a ApoC e a ApoE
são sintetizadas no fígado e transferidas da HDL hepática para a HDL intestinal quando esta entra no plasma. Então, uma
importante função das HDL consiste em atuar como depósito para a ApoC e a ApoE, necessárias no metabolismo das quilomicra
e das VLDL.

A HDL nascente (HDL1) consiste em duplas camadas de fosfolípidos discoides contendo ApoA e colesterol livre. A LCAT – e o seu
ativador, ApoA1 – liga-se às partículas discoides, e os fosfolípidos da superfície e o colesterol livre são convertidos em ésteres de
colesterol e lisolecitina. Por outras palavras, a LCAT vai dar o radical acilo do fosfolípido ao colesterol livre, formando um
colesterol esterificado, deixando a partícula de ser discoidal e passando a ser redonda pois o colesterol esterificado desloca-se
para dentro da dupla camada, enquanto a lisolecitina é transferida para a albumina plasmática. Forma-se assim a HDL3.

O recetor scavenger B1 da classe B foi identificado como um recetor de HDL com duplo papel no metabolismo das HDL: no
fígado e nos tecidos, este recetor liga-se à HDL pela ApoA1, e o colesterol esterificado é seletivamente libertado para as células,
embora a partícula em si, incluindo a ApoA1, não seja captada. Por outro lado, nos tecidos, o SR-B1 medeia a receção pela HDL
do colesterol proveniente das células e, em seguida, transporta-o até ao fígado para a excreção pela bílis (sob a forma de
colesterol ou ácidos biliares), num processo conhecido como transporte reverso do colesterol.

A HDL3, formada a partir da HDL discoide pela ação da LCAT, aceita o colesterol dos tecidos por meio do SR-B1, e o colesterol é
então esterificado pela LCAT, aumentando o tamanho das partículas para formar a HDL2, menos densa. De seguida, ocorre uma
nova formação de HDL3 após a libertação seletiva colesterol esterificado - pelo fígado por meio do SR-B1 ou por hidrólise do
fosfolípido - e do triacilglicerol da HDL2 - pelas lípases hepáticas e endotelial. Este intercâmbio entre o HDL2 e o HDL3 é chamado
ciclo das HDL. A ApoA1 livre é libertada por estes processos e forma a pré-β-HDL após a sua associação a uma quantidade
mínima de fosfolípidos e colesterol; o excesso de ApoA1 é destruído no rim.

29
Bioquímica Fisiológica II
Um segundo mecanismo importante para o transporte reverso do colesterol envolve os transportadores cassete com ligação de
ATP A1 (ABCA1) e G1 (ABCG1). Estes transportadores são membros de uma família de proteínas transportadoras que acoplam a
hidrólise do ATP à ligação de um substrato, possibilitando o seu transporte através da membrana. O ABCG1 medeia o transporte
do colesterol das células para as HDL, enquanto o ABCA1 promove preferencialmente o efluxo de partículas contendo poucos
lípidos, como a pré-β-HDL ou a ApoA1, que são convertidas em HDL3 pela HDL discoide. A pré-β-HDL constitui a forma mais
potente de HDL que induz o efluxo de colesterol dos tecidos.

Digestão e Absorção dos lípidos

Lipase Gástrica
pH óptimo (4-6)
tem preferência pelas posições 1 das ligações éster
tem uma actividade pouco marcada
os ácidos gordos libertados são absorvidos na mucosa gástrica

Lipase Salivar
Secretadas pelas glândulas de Ebner
Actividade gástrica (3-4)
Preferência pela posição três dos TG’s contendo ácidos gordos de cadeia curta
Os ácidos gordos que vão sendo libertados são logo absorvidos no estômago (sangue portal)

Lipase e Colipase Pancreática


Preferência pelas ligações 1,3
Principal enzima responsável pela hidrólise dos TG’s
Preferência por ácidos gordos de cadeia longa
Productos são ácidos gordos livres e β – monoacilglicerois
A enzima é inibida pelos sais biliares existentes no intestino delgado
Este problema é resolvido pela presença de co-lipase que ancora e activa a enzima
Os fosfolípidos são hidrolisados por fosfolipases específicas
Actua nas micelas

Água
Micelas de Ácidos Biliares
. Colecistoquinina – contracção da vesícula Sais Biliares
Saída Colesterol
. Secretina – Relaxação do esfíncter
da Bílis Sais minerais
Pigmentos
. São agregados de pequenas dimensões que resultam da junção de lípidos e ácidos biliares.
. Os produtos de hidrólise de TG’s são continuamente transferidos das gotículas de emulsão para as micelas.
30
Bioquímica Fisiológica II
. Ácidos biliares são sintetizados no fígado a partir do colesterol, mas podem ser modificados por enzimas bacterianas no
lúmen intestinal.
. Ácidos biliares primários sintetizados pelo fígado são o ácido cólico (3,7,12) e quenodesoxicólico (3,7).
. Ácidos Biliares secundários são derivados dos primários resultando em desoxicólico (3,12) e litocólico (3). (ocorre
desidroxilação na posição 7)
. São reabsorvidos pelos intestino para o sangue portal, captados pelo fígado e depois secretados novamente na bílis –
circulação entero hepática.

Lípidos absorvidos são incorporados a quilomicras


Ácidos gordos de cadeia média passam através da célula para o sangue portal, sem modificação.
Ácidos gordos de cadeia longa são ligados a uma proteína intestinal citosólica, sendo transportados para o RE onde são
convertidos novamente em TG’s ( Ressíntese Intramoral)
Os TG’s ressintetizados formam glóbulos lipídicos aos quais se juntam apolipoproteínas. Estes glóbulos deixam o intestino
através de vasos linfáticos das quilomicras.

Absorção:
72% - 2MAG
28% - 2MAG

isomerase (põe 1 ácido gordo na posição 1 permitindo a acção da lipase)

22% Ácido Gordo 6% 1MAG


+
Glicerol

EC+C – Colesterol Esteras


Fosfolípidos – ligam-se à fosfolipase A2 – Lisofosfolípidos (1 ác. Gordo)

Estado de jejum – TG’s são degradados libertando ácidos gordos indo para o fígado:
Armazenamento
Utilizados
Junta-se às VLDL e são degradados de novo

Também o músculo pode armazenar ácidos gordos


Normalmente capta-os e utiliza-os (repouso)

Os ácidos gordos podem ser oxidados a acetilCoA ou ser sintetizados a partir desta.
A oxidação dos ácidos gordos ocorre na mitocôndria, ao passo que a lipogénese ocorre no citosol.

31
Bioquímica Fisiológica II

32
Bioquímica Fisiológica II

Metabolismo Intermediário

Os aminoácidos que resultam da digestão de proteínas e a glucose que resulta da digestão de carbohidratos partilham
uma rota comum a nível da sua absorção na via da veia portal hepática.
Ambos os compostos e outros produtos solúveis da digestão são inicialmente transportados para o fígado.
O fígado tem como função metabólica primária regular a concentração da mioria dos metabolitos no sangue,
particularmente a glucose e os aminoácidos. No caso da glucose, isto é conseguido, retirando o excesso de glucose e
convertendo-o a glicogénio (glicogénese) ou gorduras (lipogénese).
Entre as refeições, o fígado pode libertar o glicogénio que está nele armazenado para repor a glucose no sangue
(glicogenólise), ou conjuntamente com o rim, converter metabolitos não carbohidratos como o lactato, glicerol e
aminoácidos a glucose (gluconeogénese).
O fígado tem ainda a função de sintetizar a maior parte das proteínas plasmáticas (albumina) e desaminação de
aminoácidos que estão em excesso relativamente àquilo que é requerido, com a formação de ureia que é
transportada pela corrente sanguínea até ao rim onde é excretada.
O músculo esquelético utiliza a glucose como fonte de energia, formando lactato e CO2. Ele armazena o glicogénio
como fonte para utilizar durante a contracção muscular e sintetiza proteínas musculares a partir de aminoácidos
plasmáticos.
Os lípidos da dieta representados principalmente pelos TG, depois da digestão são convertidos a MAG e ácidos
gordos.
Estes são recombinados nas células intestinais, combinados com proteínas e são secretados inicialmente para o
sistema linfático e depois para a circulação através de duma lipoproteína designada de quilomicra.
Ao contrário do que se passa com a glucose e os aminoácidos, os quilomicra não são imediatamente levados para o
fígado. São 1º metablizados nos tecidos extrahepáticos que possuem a LPL que hidroliza o TG libertando ácidos gordos
que são incorporados em tecido lipídico ou oxidados como fonte.

33
Bioquímica Fisiológica II

Sistemas Hormonais

*Hormonas e o sistema de cascata hormonal


Hormona refere-se a qualquer substância num organismo que carregue um sinal, gerando algum tipo
de alteração a nível celular.
 Hormonas endócrinas representam uma classe de hormonas que surgem num tecido ou glândula e
viajam uma distância considerável através da circulação para atingir uma célula alvo que expresso
receptores.
 Hormonas parácrinas surgem de uma célula e viajam uma distância relativamente pequena para
interagir com os seus receptores em outra célula vizinha.
 Hormonas autócrinas são produzidas pela mesma célula que funciona como alvo para a hormona
(células vizinhas podem também ser alvos).
Citoquinas – proteínas com actividade autócrina, parácrina e endócrina.

*Sistema de cascata amplifica um sinal específico


Um estímulo pode originar-se no meio externo ou dentro do organismo nessa cascata. Esse sinal pode
ser transmitido como um impulso eléctrico, um sinal químico, ou ambos. Em muitos casos, mas nem todos, tais
sinais são enviados ao sistema límbico e, subsequentemente, ao hipotálamo, à pituitária e à glândula alvo que
secreta a hormona final. Esta hormona afecta várias células alvo num grau que é frequentemente proporcional
ao número de receptores expressos por aquela célula. Isso pode ser uma verdadeira cascata, no sentido que
quantidades aumentadas de hormonas são geradas em níveis sucessivos e também porque a meia-vida dessas
hormonas transportadas pelo sangue tendem a tornar-se progressivamente mais longas, da hormona
hipotalâmica à hormona final.

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Bioquímica Fisiológica II

Hormonas esteróides – actuam ao nível do DNA –Transcrição RNAm Proteína

Sistema de feedback negativo – opera quando níveis suficientemente altos da hormona final já foram
secretados na circulação. Geralmente há três circuitos de feedback – o circuito longo, curto e ultra-curto.
*Feedback longo – a hormona liga-se a um receptor ou sobre as células pituitárias anterior, hipotálamo e do
SNC impedindo a elaboração posterior de hormonas das células envolvidas na cascata.
*Feedback curto – responsável pela hormona da pituitária que retroalimenta negativamente o hipotálamo,
operando através de um receptor.
*Feedback ultra-curto – o factor libertador do hipotálamo retroalimenta a nível do hipotálamo, inibindo a
secreção posterior desse factor libertador.

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Bioquímica Fisiológica II

Homeostase
 Capacidade do organismo de manter um meio interno relativamente estável, mas dinâmico.
Parâmetros mantidos mais ou menos constantes:
 concentração de glucose sanguínea,
 níveis de água,
 concentração de cálcio,
 taxa metabólica,
 electrólitos,
 balanço ácido-base,
 temperatura

Sistema Endócrino e Sistema Nervoso


 São sistemas de comunicação entre as células nos seres vivos importantes para a homeostase.
 Envolvem, respectivamente, hormonas e neurotransmissores.
• Acetilcolina
• Dopamina
• γ-aminobutirato (GABA)
• Óxido nítrico
• Noradrenalina
• Serotonina

Comunicação intercelular

 Acção autócrina – se actua na própria célula que a sintetiza.


 Acção parácrina – se actua na célula contígua à da sua síntese, através do espaço extracelular sem chegar
à circulação.

 Acção endócrina – se actua num local afastado da sua síntese.

Hormonas
Substâncias químicas

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Bioquímica Fisiológica II

 Libertadas por glândulas endócrinas


conjunto de células especializadas que sintetizam e lançam as
hormonas na corrente sanguínea.
 Circulam na corrente sanguínea livres ou ligadas a proteínas transportadoras.
 Actuam em células específicas através da ligação a recetores (proteínas ou glucoproteínas).
 Têm efeitos biológicos nas células alvo, ao regular todas as funções do organismo num local
distante da sua secreção (metabolismo energético e mineral, crescimento e desenvolvimento).

Classificação das Hormonas:


As Hormonas podem ser divididas em três grupos:
1. Derivados de aminoácidos
 São pequenas moléculas estruturalmente relacionadas com aminoácidos
oDerivadas da tirosina
o Hormonas da tiroideia.
o Catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina)
oDerivadas do triptofano
o Serotonina, melatonina
2. Hormonas peptídicas
 Glucoproteínas – proteínas com mais de 200 aminoácidos e cadeias laterais glicosiladas.
o Hormona estimuladora da tiróide (TSH)
o Hormona luteinizante (LH)
o Hormona estimuladora do folículo (FSH)
 Peptídicas – inclui, entre outras, todas as hormonas secretadas pelo hipotálamo, coração, timo, aparelho
digestivo, pâncreas e hipófise.
o Polipéptidos de cadeia curta
 Hormona antidiurética (ADH) e oxitocina . Cada uma com 9 aminoácidos de comprimento)
o Pequenas proteínas
o Hormona do crescimento (GH, 191 aminoácidos) e prolactina (PRL, 198 aminoácidos)

3. Derivados de lípidos
• Hormonas esteroides – derivadas do colesterol, libertadas pelos
oÓrgãos reprodutores (androgénios pelos testículos nos machos e estrogénios e progestinas pelos
ovários nas fêmeas)
oCórtex das suprarrenais (corticoesteroides)
oRins (calcitriol)
• Eicosanoides -derivados do ácido araquidónico.
oFactores parácrinos que coordenam actividades e afectam processos enzimáticos (tais como a
coagulação sanguínea)
oLeucotrienos, prostaglandinas, tromboxanos e prostaciclinas.

As hormonas organizam-se em dois grupos baseados na solubilidade e localização dos receptores.

37
Bioquímica Fisiológica II

Principais hormonas proteicas e polipeptídicas:


Oligopéptidos
• Endorfinas
• Vasopressina (ADH), oxitocina
• Hormona libertadora da tiroide (TRH)
• Hormona libertadora da gonadotrofina (GnRH)
• Somatostatina
Polipéptidos
• Hormona paratiróide (PTH), calcitonina
• Insulina, glucagon, polipéptido pancreático
• Gastrina
• Factor de crescimento epidérmico (EGF),
• Factor de crescimento nervoso (NGF)
• Hormona adrenocorticotrófica (ACTH)
Proteínas
• Hormona do crescimento (GH)
• Prolactina
• Factor de crescimento derivado das plaquetas (PDGF)
• Renina
Glicoproteínas
• Hormona estimuladora folicular (FSH)
• Hormona luteinizante (LH)
• Hormona estimuladora da tiróide (TSH)
• Eritropoitina

Hormonas de pequenas dimensões:

Catecolaminas Precursor
- Adrenalina
- Noradrenalina Tirosina
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Bioquímica Fisiológica II
- Dopamina
Esteróides e derivados
- Cortisol, outros glucocorticoides
- Aldosterona, outros mineralcorticoides
- Testosterona, outros androgénios Colesterol
- Estradiol, outros estrogénios
- Progesterona
- Colecalciferol e outras vitaminas D’s
Tiroide
- Tiroxina (T4) Tirosina
- Tri-iodotironina (T3)
Outras
- Serotonina Triptofano
- Melatonina Triptofano
- Prostaglandinas Ácido araquidónico

Principais hormonas proteicas e polipeptídicas:

Classificação das hormonas

(com base na localização do receptor)

Principais Glândulas do Sistema Endócrino

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Bioquímica Fisiológica II

 Hipotálamo
 Hipófise (Pituitária)
 Tiróide
 Supra-renais
 Gónadas: Ovários e Testículo

Hipotálamo
 Recebe e integra sinais do sistema nervoso central.
 Sintetiza pequenas hormonas peptídicas, oxitocina e vasopressina.
 Sintetiza vários factores hormonais estimulantes e inibidores da libertação de hormonas pela hipófise
 Eminência mediana é o local

o entre o hipotálamo e a hipófise.


o de secreção das hormonas hipotalâmicas tróficas.
o onde tem origem o sistema porta hipotálamo-hipófise.
o Que direcciona as hormonas para a adenohipófise.

Hormonas do Hipotálamo
As hormonas hipotalamicas regulam a

hipófise anterior.

As hormonas hipotalamicas são libertadas a

partir de fibras nervosas hipotalamicas no troco

hipotalamico e alcançam o lobo anterior através do

sistema portal que conecta o hipotálamo ao lobo

anterior.

As hormonas hipotalamicas são libertadas de

forma pulsátil. As células-alvo isoladas da hipófise

respondem melhor á administração pulsátil destas hormonas do que á exposição continua.

Muitas hormonas hipotalamicas, em particular o TRH, CRH e somatostatina são encontradas noutros

locais do sistema nervoso e em tecidos periféricos.

 Hormonas do Hipotálamo:

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Bioquímica Fisiológica II

GnRH: as concentrações de GnRH controlam a libertação de LH e FSH.

A libertação de GNRH é regulada pelas concentrações de hormonas sexuais que chegam ao

hipotálamo.

CRH: controla a libertação de ACTH conjuntamente com ADH, cotecolaminas, VIP e angiotensina II.

A libertação de CRH é influenciada por cortisol (Hormona glicocorticóide secretada pela renal).

TRH: afecta a libertação de TSH

A libertação de TRH é regulada por hormonas tiroidianas T3 e T4.

GHRIH: inibe a libertação de GH e de TSH.

A libertação de GHRIH é influenciada por IGF-1, T3 e T4.

PRIH: inibe a síntese e libertação de PRL, inibindo a transcrição do gene para PRL. O GnRH também pode

estar envolvido com a inibição de PRIH devido a um neuropeptideo que apresenta actividade GnRH e PRIM

– GAP.

GHRH: controla a libertação de GH

A libertação de GHRH é influenciada por IGF-1.

Hormonas da Hipofise
• São hormonas peptídicas.
• Contêm entre 3 e cerca de 200 resíduos de aminoácidos.

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Bioquímica Fisiológica II

• São hidrófilas e não requerem, em geral, ligação a proteínas transportadoras.


• São formadas a partir de cadeias polipeptídicas mais longas (pré-próhormonas). Após a síntese nos
ribosomas, a pré-pro-hormona sofre vários tipos de processamento, normalmente no retículo endoplsmático:
• Proteólise; remoção da sequência sinal N-terminal; glicosilação (por vezes)
• A pro-hormona é então armazenada em grânulos ou vesículas, que podem ser secretadas para a
corrente sanguínea por exocitose, em resposta a estímulos específicos.
• Imediatamente antes da secreção, a pro-hormona é convertida na sua forma activa por proteases
específicas presentes na célula.

 Hipófise Anterior

Secreta, sob influencia de hormonas hipotalamicas, uma série de hormonas (hormonas tróficas), que

regulam o crescimento e funcionamento de outras glândulas endócrias, ou influenciam relações metabólicas

noutros tecidos alvo.

A perda da função hipofisiária anterior, resulta na atrofia da tiróide, do córtex cerebral e das glândulas

sexuais. Os efeitos secundários provocados pela ausência das hormonas secretadas pelas glândulas alvo,

afectam a maioria dos órgãos e tecidos do organismo e os metabolismos de proteínas, lipidos e glícidos.

Grupo I: Hormonas de crescimento: Hormona do crescimento (GH), prolactina (PRL) e

somatomamotropina corionica (CS)

Grupo II: Hormonas glicoproteicas: hormona estimulante da tiróide (TSH), hormona luteinzante (LH),

hormona folículo estimulante (FSH) e gonadotropina corionica (CG).

Grupo III: Peptideos pró-opiomelanocortina (POMC): péptidos que actuam como hormonas (ACH –

hormona adenocorticotrópica, LPH – lipotropina e MSH – hormona estimulante do melanócito) e outras que

podem servir como neurotransmissores ou neuromoduladores (endorfinas)

Grupo I – Hormonas de crescimento

Constituem uma família de hormonas proteicas que apresentam homologia de sequências. Cada uma das

hormonas deste grupo apresenta um único resíduo de triptofano e cada um tem duas pontes homólogas de dissulfeto.

Estas hormonas partilham alguns antigénios comuns e todas promovem o crescimento e a lactogenica.

A GH e PRL são produzidas na hipófise anterior e CS nas células da placenta.

 Hormona de crescimento (GH)

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Bioquímica Fisiológica II

A hormona do crescimento é sintetizada nos somatótropos na hipófise

A GH é um polipeptideo único e é essencial ao crescimento pós-natal e ao metabolismo dos

hidratos de carbono, lipidos, nitrogénio e minerais. Os efeitos relacionados com o crescimento são primeiramente

mediados por IGF-I.

Esta hormona é estimulada pela GHRH e inibida pela samatostatina (GHRIH)

Efeitos:

- Síntese proteica: A GH aumenta o transporte de aminoácidos para as células musculares e

também aumenta a síntese proteica. Aumenta assim a síntese de RNA e DNA em alguns tecidos. Devido a isto, a GH

assemelha-se com a insulina.

- Metabolismo de glucidos ou hidratos de carbono: a GH provoca hiperglicémia devido á

estimulação da neoglicogénese e inibição da entrada de glucose na célula, podendo levar a diabetes mellitos. Antagoniza

os efeitos da insulina.

- Metabolismo de lipidos: a GH provoca a libertação de ácidos gordos livres e glicerol do tecido

adiposo, causando oxidação de ácidos gordos livres no fígado. Ocorre cetogenese aumentada.

- Metabolismo mineral: A GH provova libertação de cálcio, cloro e potássio. Promove o crescimento

do osso e cartilagens.

- Efeitos prolactina: a GH liga-se a receptores lactogenicos estimulando as glândulas lactogenicas.

As deficiências de Gh que por perda de função hipofisiária, quer por deficiência isolada de GH são

mais sérias na infância. Assim, falta de GH provoca nanismo, enquanto que grandes quantidades de GH provocam

gigantismo.

 Somatomamotropina Corionica (CS)

Não apresenta função definida nos humanos. Em ensaios biológicos apresenta efeitos semelhantes aos da hormona

do crescimento.

 Prolactina (PRL)

 A prolactina é uma hormona proteica, secretada pelos lactotropos (células acidófilas na hipófise anterior), estas

células aumentam de número e tamanha durante a gestação.

 Tem como função a lactação em mamíferos, crescimento e diferenciação pré-natal (desenvolvimento da gravidez).

Está sempre inibida, excepto no período de lactação. É capaz de manter o corpo lúteo.

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Bioquímica Fisiológica II

 Tumores nas células secretoras de prolactina podem causar nas mulheres, amenorreia (cessação da menstruação)

e galactorréia (descarga de leite). PRL excessiva nos homens causa ginecomastia (aumento das mamas) e

impotência.

Grupo II – Hormonas glicoproteicas

São hormonas proteicas. Estas hormonas interagem com receptores na superfície da célula e

activam a adenilciclase, assim usam AMPc como segundo mensageiro.

Estas hormonas são constituídas por uma subunidade ɒ e outra ɞ, unidas por uma ligação não

covalente. A subunidade ɒ é igual para todas as hormonas da mesma espécie, sendo a actividade biológica

especifica determinada pela subunidade ɞ. Cada subunidade é sintetizada a partir de RNAm de genes

separados.

Todas são sintetizadas como pré-pró-hormonas, sendo depois sujeitas a processamentos pós-

tradução no interior da célula, para fornecer as proteínas glicosiladas.

 Gonadotropinas (FSH, LH e hCH)

Responsáveis pela gametogenese.

- FSH (Hormona folículo estimulante): liga-se a receptores específicos das membranas

plasmáticas das células alvo (células filiculares nos ovários e células de sertoli nos testículos). Isto resulta na

activação da adenilciclase e produção de AMPc. A FSH estimula o crescimento folicular, prepara o folículo

para a acção ovulatória de LH, na mulher. Estimula a síntese de ABP (importante no transporte de

testosterona), crescimento testicular e dos tubos seminiferos e inicia a espermatogénese no homem.

- LH (Hormona Luteinizante): liga-se a receptores específicos na membrana plasmática e

estimula a produção de progesterona pelas células do corpo lúteo e de testosterona pelas células de

Leyding. O sinal intracelular da acção da LH é o AMPc. È responsável pela gametogénese e esteroidogénese

nas gonadas.

- HCH (Gonadotropina corionica humana): é uma glicoproteína sintetizada nas células

sinciciotrofoblasto da placenta. Aumenta no sangue e urina após a implantação do óvulo fecundado, logo é a

base de detecção de muitos testes de gravidez.

 TSH (Hormona estimulante da tiróide):

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Bioquímica Fisiológica II

Liga-se a receptores da membrana plasmática e activa a adenilciclase. O consequente aumento do

AMPc é responsável pela acção da TSH na biossíntese tireoidiana da hormona. Controla as hormonas da

tiróide e estimula o crescimento e desenvolvimento da tiróide.

Grupo III – Família de Péptidos da Pró-opiomelanocortina (POMC)

São péptidos que actuam como hormonas (ACTH, LPH, MSH) e outras que podem servir como

neurotransmissores ou neuromodeladores (endorfinas)

A POMC é sintetizada como uma molécula precursora, sendo processada difrencialmente em várias

zonas da hipófise.

O gene para a POMC é expresso nos lobos anterior e intermediário da hipófise. A POMC é

encontrada em vários tecidos de vertebrados como o cérebro, placenta, trato gastrointestinal, trato

reprodutivo, pulmão e linfócitos.

 ACTH (Hormona adenocorticotrópica)

A ACTH é uma polipeptideo de cadeia simples. Regula o crescimento do córtex supra-renal.

Aumenta a síntese e libertação de esteróides supra-renais, através do aumento da conversão de colesterol

em pregnenolona (precursor de todos os esteróis supra-renais). A ACTH aumenta o crescimento da cortical

supra-renal através do aumento da síntese proteica de DNA. Liga-se a um receptor na membrana

plasmática, aumentando os níveis de AMPc. A produção excessiva de ACTH pela hidrólise ou devido a um

tumor, resulta no síndrome de Custins. Observa-se produção excessiva de esteróides adrenais, balanços

negativos de nitrogénio, potássio e fósforo, retenção de sódio que resulta em hipertensão e edema,

intolerância à glicose ou diabetes mellitos, ácidos gordos plasmáticos elevados, eosinófilos e linfócitos em

pequena quantidade. Provoca atrofia muscular e obesidade central.

 LPH (hormona liporopina):

Encontra-se apenas na hipófise, pois é rapidamente convertida noutros tecidos. Provoca lipólise e

mobilização de ácidos gordos, mas o seu papel fisiológico é mínimo. Serve como precursor da endorfina.

 MSH (hormona estimulante do melanócito):

Estimula a melanogénese e causa dispersão de grânulos intracelulares de melanina, causando o

escurecimento da pele. Há 3 moléculas de MSH (ɒ,ɞ e ɣ). Estas hormonas não são encontradas em

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Bioquímica Fisiológica II

humanos após o nascimento. Pessoas com produção insuficiente de cocorticoides (doença de Addison)

apresentam hiperpigmentação associada ao aumento de actividade plasmática de MSH.

 Endorfinas:

Estes petideos são encontrados na hipófise, mas não são aí acetilados. Noutros sítios como

nos neurónios do sistema nervoso central são modificados e servem como neurotransmissores ou

neuromodeladores. As endorfinas podem-se ligar aos receptores do sistema nervoso central e desempenhar

um controle na percepção da dor.

 Hipófise Posterior

 Produz hormonas que regulam o balanço da água e a ejecção de leite pela glândula mamária lactante.
 Apresenta duas hormonas activas, a vasopressina (ADH) e a oxitocina.
Cada hormona é produzida por um tipo específico de célula no hipotálamo e é transportada atá às terminações
nervosas da pituitária posterior, onde após estimuladas, são libertadas para a circulação. A vasopressina (ADH) é
primeiramente sintetizada no núcleo supraóptico e a oxitocina no núcleo paraventricular. Cada uma é transportada através
dos axónios associados a neurotransmissores e neurofisinas I e II.
A ADH é a oxitocina são secretadas separadamente na corrente sanguínea, junto com as neurofisinas II e I
respectivamente.

 Oxitocina:
Acelera o nascimento por estimulação da contracção da musculatura lisa uterina. Promove a ejecção láctea da glândula
mamária. O estímulo primário para a libertação de oxitocina são os impulsos neurais que estimulam o mamilo. Os
estímulos secundários são a distensão vaginal e uterina. A prolactina também é libertada por muitos dos estímulos que
libertam a aoxitocina. O estrogéneo estimula a produção de oxitocina e de neurofisina I e a progesterona inibe a sua
produção. A oxitocina é usada em fármacos para induzir o parto. Receptores para a oxitocina foram encontrados na
membrana de tecidos uterinos e mamários. Estes receptores aumentam em número por estrogéneos e diminuem por

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Bioquímica Fisiológica II

progesterona, a elevação de estrogéneos e queda da progesterona que ocorre antes do parto, explica o início da lactação
antes do parto. A oxitocina é a neurofisina I são produzidas no ovário, onde a oxitocina pode inibir a esteroidogénese.

 ADH (Hormona antidiurética) ou Vasopressina:


Aumenta a pressão sanguínea quando administrada em quantidades farmacológicas, mas a sua acção fisiológica
mais importante é promover a reabsorção de água nos tubulos renais distais. O estímulo fisiológico primário para a
libertação de ADH é o aumento da osmolalidade no plasma. Este estímulo primário é mediado por osmorreceptores no
hipotálamo e varorreceptores no coração e outras zonas do sistema vascular. Outros estímulos são o stresse emocional
ou físico e fármacos como a acetilcolina, nicotina e morfina. Estes estímulos aumentam a síntese de ADH e neurofisina II.
E epinefrina e agentes que expandem o volume plasmático inibem a ADH. As células alvo da ADH são as dos tubulos
contornados distais e estruturas colectoras do rim. Na ausência de ADH aumenta a permeabilidade das células á água,
permitindo o equilíbrio osmótico da urina nos tubulos renais. Os receptores para a ADH encontram-se na superfície das
xélula epiteliais renais e estes receptores estão ligados á adenil ciclase e o AMPc media os efeitos do ADH no túbulo
renais. O cálcio inibe a acção da ADH na movimentação da água, através da inibição da adenil ciclase. Outros receptores
de ADH causam activação de fosfolipase C, que resulta na formação de IP3 e diacilglicerol. Isto resulta no aumento de
Ca2+ intracelular e activação da proteína cinase C.
Anomalias na secreção ou acção de ADH resultam em diabetes insipidus (excreção de grandes volumes de
urina diluída)
- Diabetes insipidus primário; quantidade insuficiente de hormona. Deve-se á destruição do trato
hipotalamico-hipofisiário devido á fractura da base do crânio, tumor ou infecção.
- Diabetes insipidus nefrogénico hereditário: o ADH é secretado normalmente, mas as células alvo não
conseguem responder devido a defeito do receptor.
- diabetes insipidus nefrogenico adquirido: deve-se á administração farmacológica de lítio para
tratamento de doenças maníaco-depressivas.
A secreção inapropriada de ADH deve-se a tumores, normalmente no pulmão, mas também pode ocorrer
conjuntamente com doenças cerebrais, infecções pulmonares e hipertiroidismo. A secreção inapropriada deve-se a uma
secreção aumenta de ADH causando urina hipertónica.

GLÂNDULA TIRÓIDE
(esteróide – precisa de transportador plasmático)
Folículos: a) Parte central colóide
b) Parte periférica (células cubóides)
2 Tipos de hormonas: T3 e T4
As hormonas são produzidas pelos folículos tiroideus e são as únicas que necessitam de iodo para o seu
funcionamento.

Tiroglobulina Tgb
Percursor de T3 e T4
É uma glicoproteína iodada constituída por 2 subunidades
Cerca de 70% do iodo da Tgb: MIT e DIT (percursores inactivos)
Os restantes 30% estão incorporados em resíduos iodotironil T3 e T4.
T4 é produzido em menor quantidade (reserva)

Oxidação do iodo

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Bioquímica Fisiológica II

A tiróide é o único tecido que pode oxidar o ião iodeto


Tiroperoxidase – Proteína que requer H2O2 como agente oxidante, NADPH dependente.

I- + H2O2
Tiroperoxidase
I+

O I+ reage com os resíduos de tirosina da Tgb numa reacção catalizada pela tiroperoxidase ocorrendo:
1º Iodinização na posição 3 do anel aromático
2º Iodinização na posição 5 do anel aromático
O resultado é a formação de: MIT e DIT
Seguidamente ocorre o acoplamento dos resíduos iodotirosina:
2DIT – T4
1DIT e 1MIT – T3
T3 e T4 circulam ligadas à TBG

Destino e interesse:
T3 e T4 são hormonas proteicas cujo comportamento é aproximado aos das hormonas esteróides
São transportadas no citoplasma
Possuem um transportador membranário unindo-se algumas a receptores no citoplasma e
outras a receptores no núcleo.

Acção:
Estimula a síntese proteica
Causa um balanço positivo de Azoto
Importante para os processos de desenvolvimento celular
Juntamente com os glicocorticóides estimula a transcrição do gene para a GH

Tiocinato
Inibidores TSH estimulador
Perclorato

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Bioquímica Fisiológica II

GLÂNDULA SUPRA-RENAL
 Situada no vértice do rim
 Constituída por: Origem embriológica

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Bioquímica Fisiológica II

Medula da supra-renal (célula crista neural)


Córtex da supra-renal (célula mesoderme)

Hormonas do Córtex
Sintetiza hormonas que são agrupadas em 3 grupos (segundo a sua acção):
 glicocorticóides

- cortisol
- coticosterona

mineralocorticóides

- aldoesterona
- desidroespiandroesterona (precursos de androgéneo)
- androstenodiona (androgéneo fraco)

 Androgeneos

- testosterona

NOTA: A androesrenodiona e a desidroespianodrosterona são esteróides que são convertidos em andrógenos mais

potentes nos tecidos extra-supra-renais.


As hormonas estreróides do córtex supra-renal são todas sintetizadas a partir do colesterol, que provém em
maior parte do plasma, sendo uma parte sintetizada a partir de Acetil-CoA.
A mior parte do colesterol da supr-renal é esterificado e armazenado. Após a estimulação da supra-renal por
ACTH (ou AMPc), é activada uma esterase, e o colesterol formado e armazenado é transportado para a mitocondria
onde é convertido a pregnenolona.

Ligam-se ao DNA a nível nuclear, regulam a expressão genética (hormonas esteróides)


3 zonas histológicas diferentes no córtex:
1) Zona Glomerolar (Mineralocorticóides)
2) Zona Fascicular (glicocorticóides e Androgéneos)
3) Zona reticular (glicocorticóides e Androgéneos)

 Mineralocorticóides

A síntese de aldoesterona ocorre na zona glomerolosa. A pregnenolona é convertida a progesterona, sendo


necessárias duas enzimas do REL.

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Bioquímica Fisiológica II

A síntese da aldoesterona começa na transformação de pregnenolona em progesterona, pela enzima


hidroxiesteróide desidrogenase e uma isomerase. Depois dá-se a hidroxilação na posição 21 da progesterona que é
transformada em 11-desoxicorticoesterona por acção da 11-hidroxilase. A corticoesterona sofre a acção de uma enzima
que é a 18-hidroxilase, formando-se 18-hidroxicorticoesterona, de onde se forma a aldoesterona.
A ACTH não estimula a síntese de aldoesterona devido á existência de 18-hidroxilase.
A aldoesterona é o principal meneralocorticóide do rim. Promove a retenção de sódio e água e excreção de
potássio e nitrogénio.
O mineralocorticóide mais potente, a aldoesterona, não apresenta transportador plasmático especifico, mas
associa-se á albumina. As corticoesterona, desoxicorticoesterona e outros esteróides com efeitos mineralocorticóides
ligam-se á CBG (globulina ligadora de corticosteróide).

A produção de aldoesterona é regulada por sistemas renina-angiotensina e por potássio. O ACTH também está
envolvido.
-sistema renina-angiotensina: o rim tem o nefrónio que tem uma estrutura com células sensíveis á
pressão a nível renal. A diminuição de concentrações de NaCl e o abaixamento da pressão sanguínea a nível renal levam

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Bioquímica Fisiológica II

á libertação de renina, que é uma enzima proteolitica e vai actuar em circulação numa proteína produzida a nível
hepático, que se designa por angiotensinogénio. A renina vai converter o angiotensinogénio em angiotensina I que
passa na circulação pulmonar onde existe uma enzima que se designa por convertase pulmonar e transforma a
angiotensina I em angotensina II. A angiotensina II é um poderoso estimulo para a produção e libertação de
aldoesterona pelo córtex da supra-renal. A angiotensina II é uma potente vasoconstritora, mas o principal efeito é no
glomerolo de Malpighi. Acontece que a arteriola aferente do glomerolo capilariza-se. A angiotensina II promove a
vasocontrição da arteriola aferente e aumenta a produção renal. Inibe a libertação de renina pelas células
justaglomerulares. É um potente estimulador da produção de aldoesterona. A angiotensina II vai ser degradada em
angiotensina III e depois é degradada em produtos de excreção.
A aldoesterona aumenta o volume circulante levando á reabsorção de sódio dos tubulos renais. O
sódio é reabsorvido levando por efeito osmótico á reabsorção de água, também leva á excreção de potássio e
hidrogeniões. O mecanismo aldoesterona leva á passagem de sódio para o sangue.
- Potássio: a secreção de aldoesterona é sensível ao nível de potássio. O aumento de potássio
aumenta a secreção e a diminuição diminui a secreção.

 glicocorticóides

A síntese de cortisol requer 3 hidrolases que actuam sequancialmente nas posições C17, C21 e C11. Se
a posição 21 for hidroxilada inicialmente, é impedida a acção da 17-hidroxilase e vai seguir-se a via dos
mineralocorticóides.

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Bioquímica Fisiológica II

A via biossintética do cortisol é originada a partir do colesterol, que pode ser proveniente do córtex da supra-
renal por duas vias:
- Trazido por transportadores de lipidos
- Sintetizados na própria célula pela ACTH que estimula fortemente a enzima chave da síntese do colesterol
que é a redutase hidrocimetilbutanil e estimula também a degradação do colesterol esterificado.
O primeiro passo da biossintese é a actuação da desmolase, um complexo enzimático capaz de clivar os 27
carbonos do colesterol em numa estrutura com 21 carbonos, a prognenolona. Esta reacção é fortemente estimulada
pela ACTH. Assim, a ACTH para alem de estimular a síntese e degradação do colesterol, estimula também a acção da
desmolase a nível da mitocondria e os segundos mensageiros envolvidos na acção da ACTH parecem ter IP# e
diacilgliceol pela acção da fosfolipase C.
A pregnenolona vai ser hidroxilada na posição 17 pela acção da 17-hidroxilase transformando-se em 17-
hidroxipregnenolona. Na 17-hidroxipregnenolona vão actuar duas enzimas, a hidroxiesteroide desidrogenase e uma
isómera que vão formar 17- hidroxiprogesterona. Dá-se a hidroxilação do 17-hidroxiprogesterona formando-se 11-
desoxicortisol, que vai ser hidrolisado a cortisol.
A produção de cortisol é dependente de ACTH. As acções da ACTH sobre a supra-renal são:
- Formação do colesterol a partir de ésteres de colesterol e síntese de colesterol livre a partir de
Acetil-Coa e transformar colesterol em prognenolona na mitocondria pela desmolase.
- Regula a libertação do cortisol.
- Activa a 17-hidroxilase.
- A secreção de colesterol depende de ACTH que é regulada por CRH
Existe muito pouco depósito de hormonas esteróides nas células supra-renais, pois estas hormonas são
libertadas para o plasma assim que são produzidas.
A libertação de cortisol é controlada pelo ritmo diurno de libertação de ACTH. Assim, os níveis de cortisol são
mais elevados de manhã e mais reduzidos ao fim da tarde e noite.
O transporte plasmático de glicocorticóides faz-se com o cortisol ligado a uma proteína transportadora, a
globulina ligadora de corticosteróide (CBG) ou então na forma livre. A CGB é produzida no fígado e a sua síntese é
aumentada por estrogéneos. Quantidades muito inferiores de cortisol ligam-se á albumina. A desoxicorticoesterona é a
progesterona interagem com a CBG competindo com o cortisol. O cortisol livre, corresponde á fracção biologicamente
activa.
As hormonas glicocorticóides regulam a expressão genética. Esta classe de hormonas afecta processos
celulares específicos, influenciando a quantidade de proteínas, normalmente enzimas no interior das células. Isto é
feito através da regulação da taxa de transcrição de genes específicos na célula-alvo. A regulação da transcrição requer
que o complexo esteróide-receptor se ligue a regiões especificas do DNA e que tais regiões confiram especialidade á
resposta. O complexo hormona glicocorticóides-receptor liga-se com grande especialidade a uma determinada região,
GRE (elemento de resposta ao glicocorticóide). A maioria dos genes regulados por glicocorticóides requerem proteínas
adicionais de ligação ao DNA (HRU)
Estas hormonas também regulam a taxa de degradação de RNAm e o processamento pós-tradução.

 Andrógenos

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Bioquímica Fisiológica II

O principal percursor de androgeno produzido pelo córtex da supra-renal é a


desidroepiandroesterona (DHEA). A maior parte da DHEA segue a via glicocorticóide, mas uma pequena fracção vai
formar testosterona.
Colesterol
Complexo desmolase (liase + hidroxilase)
Pregnenolona
17-hidroxilase
7-hidroxipregnenolona
17,20-liase
Desidroepiandroesterona
21-hidroxilase
Androestenodiona
Redução na posição C7
Testosterona

Fisiopatologias

- Insuficiência supra-renal primária (doença de Addison): resulta em hipoglicemia, sensibilidade á insulina,


intolerância ao stress, anorexia e náuseas.
- Insuficiência supra-renal secundária: deficiência de ACTH devido a tumor.
O excesso de glicocorticóides (síndrome de Cushing) resulta da elevada secreção de ACTH. Provoca
hiperglicemia, intolerância á glicose devido á neoglicogenolise acelerada. Provoca também consumo da musculatura e
osteoporose.

Hormonas da Medula da Supra-Renal


A medula supra-renal é uma extensão do sistema nervoso simpático. A medula supra-renal consiste num
gânglio especializado sem extensões axónicas. As suas células cromafins sintetizam, armazenam e libertam produtos
que actuam em sítios distantes - órgão endócrino.
As hormonas da medula supra-renal são as cotecolaminas:
- Epinefrina ou Adrenalina
- Norepinefrina ou noradrenalina
- Dopamina.
O principal produto da medula supra-renal é a adrenalina ou epinefrina. Constitui 80% das cotecolaminas e
não é produzida no tecido extramedular.
Estas hormonas constituem os elementos principais de resposta ao stress. As cotecolaminas facilitam a
resposta ao stress juntamente com os glicocorticóides, GH, vasopressina, angiotensina II e glucagon.
A tirosina é o precursor das cotecolaminas.
A conversão de tirosina em adrenalina ou epinefrina, requer quatro etapas:
- Hidroxilação do anel: a tirosina sofre a acção da tirosina hisrosilase que é uma enzima inibida pelos
produtos finais da reacção (cotecolaminas). A tirosina hidroxilase converte a tirosina em dopa (catecol)

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Bioquímica Fisiológica II

- Descarboxilação: a dopa descarboxilase transforma a dopa em dopamina que é a primeira


cotecolamina a ser formada.
- Hidroxilação da cadeia lateral: utilizando como coenzima a vitamina C, dá-se a hidroxilação da
dopamina pela dopamina hidroxilase, formando-se noradrenalina.
- N-metilação: a norepinefrina ou noradrenalina transforma-se em epinefrina ou adrenalina por acção
da PNMT.

As cotecolaminas não podem atravessar a barreira hemato-encefálica, logo são sintetizadas localmente no cérebro.
- A dopa é convertida em dopamina por acção da dopa-descarboxilase.
- A conversão de dopamina em noradrenalinana ocorre no grânulo de secreção, por acção da dopamina-
hidroxilase.
- A conversão de noradrenalina em adrenalina ocorre no citoplasma nas das células formadoras de adrenalina
da medula supra-renal por acção da PNMT.
A PNMT é induzida por hormonas glicocorticóides.

As cotecolaminas são armazenadas nos grânulos cromafins. As cotecolaminas penetram no grânulo por um
mecanismo de transporte ATP-dependente e ligam-se ao nucleótico.
- A noradrenalina é armazenada nos grânulos mas pode sair para ser metilada a adrenalina. A adrenalina
formada penetra, formando-se uma nova população de grânulos.
Como ocorre a libertação de cotecolaminas dos grânulos?
A medula supra-renal recebe estimulação neural fazendo com que as membranas dos grânulos de
armazenamento se fundam com a membrana plasmática, resultando na libertação por exocitose da noradrenalina e da
adrenalina. Processo cálcio-dependente.

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Bioquímica Fisiológica II

Os grânulos podem sair por exocitose na membrana apical, podendo conter:


Só E
Só NE
NE+E
saem da célula por impulsos nervosos (nervo esplénico)
resulta numa acumulação de catecolaminas dentro da célula – stress

Aumento da produção de tirosina hidroxilase e DBH

Catecolaminas vão ser transportadas no plasma associadas à albumina

Metabolismo das Catecolaminas:

Nos tecidos são metabolizadas por COMT e MAO ( catecol – O - metil – transferase e Monoamina Oxidase)
COMT: cataliza a adição metil ao C3 ao anel aromático (enzima citosólica)
*epinefrina – metanefrina
*norepinefrina – normetanefrina
MAO: oxirredutase que desamina monoaminas tipo A e B
Pequenas quantidades de epinefrina são excretadas na urina

Função das Catecolaminas


Actuam consoante o receptor que existe ao nível da célula
2 classes, 4 tipos de receptores:

Receptores
α andogrénicos: α1 - α2 (Ca2+)

Β androgénicos: β1 – β2 (AMPc)

α1 β1
Ca2+ como 2ºmensageiro AMPc – 2º msg
Neoglucogénese Estimula a lipólise
Suaviza a contracção muscular A força e taxa de contracção do
miocárdio

α2 β2
níveis de AMPc suaviza e relaxamento muscular
inibe a lipólise neoglucogénese
secreção de insulina glucogenólise
liberta renina insulina, glucagon, renina

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Bioquímica Fisiológica II

As catecolaminas entram nos grânulos por um mecanismo de transporte ATP-dependente


A norepinefrina é armazenada nestes grânulos mas pode ser metilada e então a epinefrina passa a integrar a nova
população dos grânulos

Libertação:
A exocitose da norepinefrina do grânulo é cálcio-dependente e dá-se quando há um estímulo neural da medula
adrenal.

Resulta na fusão de 2 membranas


dos grânulos de armazenamento
com a membrana plasmática

Este processo É estimulado por β – adrenérgicos


É inibida por α - adrenérgicos

A medula adrenal não tem a capacidade de fazer reentrar e de reacumular catecolaminas já libertadas das
células cromafins
A epinefrina libertada vai para o fígado e para o músculo e é rapidamente metabolizada
As catecolaminas circulam no plasma associados à albumina

Hormonas Pancreáticas

. Exócrina: secreta no lúmen duodenal


enzimas e iões para o processo
Pâncreas é constituído por 2 porções digestivo

. Endócrina: ilhéus de langerhans que


possuem diferentes células
Ilhéus de Langerhans:
. células α – Glucagon
. células β – insulina
. células D – somatostatina
. células E – polipéptido pancreático

hormonas são secretadas para a veia pancreática veia porta

Insulina + glucagon – papel regulação da glicemia


Funções
Somatostatina – secreção insulina + glucagon
Péptidos gástricos – afectam secreções gastro-intestinais

Células β dos ilhéus ficam ricas em grânulos: armazenam insulina madura

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Bioquímica Fisiológica II

Por acção dos estímulos: insulina e grânulos são libertados para a corrente sanguínea:
1º Receptores
1º glicemia: receptores membranares das células β estão saturados
2º Proteína G membranar (2º mensageiro é o IP2)
3º IP2 satura as células de Ca2+ (leva à produção de Calmodulina Kinase)
4º Calmodulina Kinase: fosforila cadeias contrateis miosina do citoesqueleto.
5º empurra os grânulos para a membrana apical Corrente sanguínea
2ºGlicémia
da taxa de glucose na própria célula β

INSULINA
Hormona proteica constituída por duas cadeias (A e B) unidas por pontes dissulfito (S-S) – A7 –B7
A20-B19
A6-A11
É um heterodímero

Nota: Tanto a pró-insulina como a insulina combinam-se com o zinco para formar hexâmeros

Acção da Insulina
Tecidos: liga-se a receptores da membrana (2 subunidades α e 2β )

α – extracelulares e ligam-se
numa região rica em cisteína
Emitem um sinal
β – transmembranares com
actividade tirosina quinase
(transdução sinal)
Pool de transportadores de glucose que se deslocam para a membrana
apical e transportam

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Bioquímica Fisiológica II

Entrada da glucose nas células

A insulina tem papel muito importante no metabolismo da glucose:

Estimula a entrada de aminoácidos e síntese proteica


Estimula o crescimento e diferenciação celular

GLUCAGON
. Sintetizado nas células α ilhéus, sob a forma de pré-glucagon
. Activado no fígado por clivagem
. Circula no sangue +- 5min
. Possui uma acção oposta à insulina
. Estímulo: glucose circulante
. Utiliza também um receptor de membrana
. Actua no jejum (níveis baixos de glucose)
activa a fosforilase – glicogenólise
estimula a lipólise – neoglicogénese e cetogénese

Glucose Insulina glucagon

Glucose Glucagon Insulina

SOMATOSTATINA
Células D dos ilhéus como pré-hormona
Transcrição do seu gene é aumentada pelos níveis de AMPc

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Bioquímica Fisiológica II

Acção:
- inibe a secreção de GH (por feedback negativo no hipotálamo)
- inibe a secreção de insulina e glucagon
- o transporte e absorção de nutrientes no intestino

Hormonas Sexuais
Masculinas
Testículos – 2 partes:
- aglomerolado de células de Leydig:
síntese de hormonas sexuais masc: testosterona
- tubos seminíferos possuem: espermatogéneos, células de Sertolli, (acção
dependente das células de Leydig)

Funções:
DHT
Manifestação caracteres sexuais secundários
Espermatogénese
Formação dos órgãos sexuais externos
Testosterona
Responsável pela secreção de gonadotrofinas
Espermatogénese
Estimulação dos canais de Wolf

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Bioquímica Fisiológica II

Formação de órgãos sexuais internos

Transporte de testosterona:
A testosterona produzida é transportada no plasma ligada a β globina plasmática específica – TEBG ou
SHBG
A testosterona também pode ser transportada no plasma ligada à albumina.

Vias metabólicas da testosterona:


A testosterona é considerada uma pró-hormona porque pode ser convertida num composto mais
potente DHT em locais extra-celulares

Testosterona: 1-5% Estradiol


2% Androsterediol
4% DHT

Excreção de metabolítos da testosterona.


A testosterona e os seus metabolítos são catalizados no fígado e excretados predominantemente na
urina; aproximadamente metade na forma de 17-ceto-esteroides urinários e outra metade como
metabolíto polares.

Regulação da função testicular


*LH estimula a estroidogénese e a produção de testosterona
LH liga-se a receptores de membrana plasmática das células de Leydig e activa a adenilciclase o que
resulta num aumento do AMPc intracelular: provoca um aumento na clivagem da cadeia lateral do
colesterol.

Regulação por feedback negativo por inibição da libertação de GnRH ou libertação


*Espermatogénese é regulado por FSH e testosterona
- o FSH liga-se a células de Sertoli e promove a síntese proteica de ABP (necessária para transporte de
testosterona para realizar espermatogénese)
- a FSH aumenta a secreção da testosterona e induz a maturação da célula de Leydig

Femininas
Corpo Lúteo – forma progesterona e 17-hidroxiprogesterona

Ovário Teca – convertem o colesterol a androsterediona

Células da granulosa – ricas em aromatases que sintetiza


estrogénios

Androsterediona
17β hidroxiesteroide
Testosterona
aromatase
esteradiol
desidrogenase
16αhidroxilase
estriol Estrona

Os estrogénios são produzidos pela aromatização periférica de androgénios.


Este processo envolve 3 etapas de hidroxilação cada uma requerendo O2 e NADPH
O esteradiol é formado a partir de testosterona (aromatase)
A estrona é formada a partir da andorsterediona
Progesterona é a principal hormona excretada pelo corpo lúteo

Secreção e transporte de estrogénios e progesterona


Os estrogéneos ligam-se à SHBG

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Bioquímica Fisiológica II

A progesterona liga-se à CBG

Estrogénios – secreção
O fígado converte estradiol e a estrona a estriol
A estrona, o estradiol e o estroil são substratos para enzimas hepáticas que lhes adicionam glicoronatos ou
sulfatos transformados em conjugados.
Os estrogéneos conjugados são hidrossolúveis e não se ligam a proteínas transportadoras sendo excretadas na
bílis e fezes/por vezes na urina.
Desenvolvimento dos caracteres sexuais 2ºs: crescimento uterino, espessamento do muco cervical e mucosa
vaginal; desenvolvimento dos ductos mamários.

Progesterona – secreção
O fígado metaboliza rapidamente a progesterona a vários compostos.
Secreções do endométrio: inibe contracções uterinas; aumenta a viscosidade do muco cervical; desenvolve
ácidos mamários; temperatura basal; inibe a produção e secreção de leite.

Ciclo menstrual
O ciclo menstrual resulta numa interacção complexa entre o hipotálamo, hipófise e ovário.

Fase folicular
Um folículo começa a aumentar sob a influência do FSH. Os níveis de E2 estão baixos durante a 1ª
semana de fase folicular, mas começam a aumentar progressivamente quando os folículos aumentam.
Os estrogénios alcançam níveis máximos 24h antes do pico do LH e sensibilizam a hipófise ao GnRH
O LH é libertado em resposta a estes níveis altos de E2 num controlo positivo ou em resposta a um
declínio de E2.
Os níveis de progesterona são mto baixos nesta fase
O pico de LH mostra o fim da fase

Fase Luteínica
Após a ovulação, as células granulosas do folículo de Graff formam o corpo lúteo, uma estrutura que começa
logo a produzir progesterona e algum estradiol.
O pico de estradiol ocorre a meio da fase luteínica e então entra em declineo.
A progesterona é necessária para a preparação e manutenção do endométrio.

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