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Curso de

Síndrome de Burnout

MÓDULO III

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mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados a seus respectivos autores descritos
na Bibliografia Consultada.
MÓDULO III

“ O que está acontecendo,


o mundo está ao contrário e
ninguém reparou...”
(Nando Reis)

1. Saúde do trabalhador e qualidade de vida

1.1. Promoção da saúde

O tema da influência da saúde sobre as condições e a qualidade de vida, e vice-


versa, tem ocupado políticos e pensadores ao longo da história. Há muito tempo tem sido
questionado o papel da medicina, da saúde pública e, num sentido mais genérico, do
setor saúde no enfrentamento do que seriam as causas mais amplas e gerais dos
problemas de saúde, aquelas que fugiriam ao objeto propriamente médico da questão
saúde, de acordo com Paim (1997).

Paim (1997) publicou um excelente artigo de revisão sobre estudos que


relacionam condições de vida e saúde desenvolvidos nas últimas décadas, no âmbito das
correntes da medicina e da epidemiologia social.

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) realizou, um seminário


sobre condições de vida e situação de saúde em que vários autores latino-americanos
discutem, de diversos ângulos, o tema da saúde e qualidade de vida. Os congressos
brasileiros de saúde coletiva, epidemiologia, e ciências sociais e saúde promovidos pela
mesma entidade nos últimos anos têm sido pródigos em trabalhos que, em diferentes
conjunturas, discutem o mesmo tema, conforme a OPAS (1998).

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Ainda de acordo com a OPAS (1998), particularmente em países como o Brasil e
outros da América Latina, a péssima distribuição de renda, o analfabetismo e o baixo grau
de escolaridade, assim como as condições precárias de habitação e ambiente têm um
papel muito importante nas condições de vida e saúde. Em um amplo estudo sobre as
tendências da situação de saúde na Região das Américas recentemente publicado, a
OPAS (1998) mostra, de forma inequívoca, que os diferenciais econômicos entre os
países são determinantes para as variações nas tendências dos indicadores básicos de
saúde e desenvolvimento humanos. A redução na mortalidade infantil, o incremento na
esperança de vida, o acesso à água e ao saneamento básico, o gasto em saúde, a
fecundidade global e o incremento na alfabetização de adultos foram função direta do
Produto Nacional Bruto dos países.

A OPAS (1997) afirma que, entretanto, demonstrar que a qualidade/ condições de


vida afeta a saúde e que esta influencia fortemente a qualidade de vida não é o único
desafio. Embora demonstradas, restam muitas questões a serem resolvidas e
respondidas neste campo de investigação, inclusive no que diz respeito às intervenções
que, a partir do setor saúde, possam, mais eficazmente, influenciar de forma favorável a
qualidade de vida.

Nessa articulação entre saúde e condições/ qualidade de vida, pode-se identificar


mais recentemente com flagrante inspiração nos pensadores e nos movimentos pioneiros
da saúde pública e da medicina social já mencionados - o desenvolvimento da promoção
da saúde como campo conceitual e de prática que busca explicações e respostas
pretensamente integradoras para esta questão. É o que discutiremos a seguir.

A promoção da saúde, como vem sendo entendida nos últimos 20-25 anos,
representa uma estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde
que afetam as populações humanas. Partindo de uma concepção ampla do processo
saúde-doença e de seus determinantes, propõe a articulação de saberes técnicos e
populares, e a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados,
para seu enfrentamento e resolução, conforme a Carta de Ottawa (WHO, 1986)

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Decorridos pouco mais de dez anos da divulgação da Carta de Ottawa (WHO,
1986), um dos documentos fundadores da promoção da saúde atual, este termo está
associado a um conjunto de valores: qualidade de vida, saúde, solidariedade, eqüidade,
democracia, cidadania, desenvolvimento, participação e parceria, entre outros. Refere-se
também a uma combinação de estratégias: ações do Estado (políticas públicas
saudáveis), da comunidade (reforço da ação comunitária), de indivíduos (desenvolvimento
de habilidades pessoais), do sistema de saúde (reorientação do sistema de saúde) e de
parcerias intersetoriais. Isto é, trabalha com a idéia de responsabilização múltipla, seja
pelos problemas, seja pelas soluções propostas para os mesmos.

Ainda conforme citação da Carta e Ottawa (WHO 1997), a promoção da saúde


vem sendo interpretada, de um lado, como reação à acentuada medicalização da vida
social e, de outro, como uma resposta setorial articuladora de diversos recursos técnicos
e posições ideológicas. Embora o termo tenha sido usado a princípio para caracterizar um
nível de atenção da medicina preventiva, seu significado foi mudando, passando a
representar, mais recentemente, um enfoque político e técnico em torno do processo
saúde-doença-cuidado.

O conceito moderno de promoção da saúde (e a prática conseqüente) surgiu e se


desenvolveu, de forma mais vigorosa nos últimos vinte anos, nos países em
desenvolvimento. Quatro importantes Conferências Internacionais sobre Promoção da
Saúde, realizadas nos últimos 12 anos - em Ottawa (WHO, 1986), Adelaide (WHO, 1988),
Sundsvall (WHO, 1991) e Jacarta (WHO, 1997) -, desenvolveram as bases conceituais e
políticas da promoção da saúde. Na América Latina, em 1992, realizou-se a Conferência
Internacional de Promoção da Saúde (OPAS, 1998), trazendo formalmente o tema para o
contexto sub-regional.

Sigerist (1946, citado por Buss, 2000) foi um dos primeiros autores a referir o
termo, quando definiu as quatro tarefas essenciais da medicina: a promoção da saúde, a
prevenção das doenças, a recuperação dos enfermos e a reabilitação, e afirmou que
a saúde se promove proporcionando condições de vida decentes, boas condições

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de trabalho, educação, cultura física e formas de lazer e descanso, para o que pediu
o esforço coordenado de políticos, setores sindicais e empresariais, educadores e
médicos. A estes, como especialistas em saúde, caberia definir normas e fixar padrões.

Leavell & Clark (1976 citado por Buss, 2000) utilizam o conceito de promoção da
saúde ao desenvolverem o modelo da história natural da doença, que comportaria três
níveis de prevenção. Dentro dessas três fases de prevenção existiriam pelo menos três
níveis distintos, nos quais poder-se-iam aplicar medidas preventivas, dependendo do grau
de conhecimento da história natural de cada doença.

• A prevenção primária, a ser desenvolvida no período de pré-patogênese, consta


de medidas destinadas a desenvolver uma saúde geral melhor, pela proteção específica
do homem contra agentes patológicos ou pelo estabelecimento de barreiras contra os
agentes do meio ambiente.

• A educação em saúde é elemento importante para esse objetivo. Afirmam os


autores que os procedimentos para a promoção da saúde incluem um bom padrão de
nutrição, ajustado às várias fases do desenvolvimento humano; o atendimento das
necessidades para o desenvolvimento da personalidade, incluindo o aconselhamento e
educação adequados dos pais, em atividades individuais ou de grupos; educação sexual;
moradia adequada; recreação e condições agradáveis no lar e no trabalho.

• A orientação sanitária, nos exames de saúde periódicos e o aconselhamento para


a saúde em qualquer oportunidade de contato entre o médico e o paciente, com extensão
ao resto da família, estão entre os componentes da promoção.

Para Terris (1992), trata-se, portanto, de um enfoque da promoção da saúde


centrado no indivíduo, com uma projeção para a família ou grupos, dentro de certos
limites. Com a segunda revolução epidemiológica o movimento de prevenção se extendeu
também às doenças crônicas, sendo que, a promoção da saúde passou a associar-se a

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medidas preventivas sobre o ambiente físico e sobre os estilos de vida, e não mais
voltadas exclusivamente para indivíduos e famílias, ainda conforme Terris (1992).

As diversas conceituações disponíveis para a promoção da saúde podem ser


reunidas em dois grandes grupos (Sutherland & Fulton, 1992). Para estes dois autores, no
primeiro deles, a promoção da saúde consiste nas atividades dirigidas à transformação
dos comportamentos dos indivíduos, focando nos seus estilos de vida e localizando-os no
seio das famílias e, no máximo, no ambiente das culturas da comunidade em que se
encontram. Neste caso, os programas ou atividades de promoção da saúde tendem a
concentrar-se em componentes educativos, primariamente relacionados com riscos
comportamentais passíveis de mudanças, que estariam, pelo menos em parte, sob o
controle dos próprios indivíduos. Por exemplo, o hábito de fumar, a dieta, as atividades
físicas, a direção perigosa no trânsito. Nessa abordagem, fugiriam do âmbito da
promoção da saúde todos os fatores que estivessem fora do controle dos indivíduos.

Ainda conforme Sutherland e Fulton (1992), o que, entretanto, vem caracterizar a


promoção da saúde, modernamente, é a constatação do papel protagonista dos
determinantes gerais sobre as condições de saúde, em torno da qual se reúnem os
conceitos do segundo grupo. Este se sustenta no entendimento que a saúde é produto
de um amplo espectro de fatores relacionados com a qualidade de vida, incluindo
um padrão adequado de alimentação e nutrição, e de habitação e saneamento; boas
condições de trabalho; oportunidades de educação ao longo de toda a vida;
ambiente físico limpo; apoio social para famílias e indivíduos; estilo de vida
responsável; e um espectro adequado de cuidados de saúde. Os autores citados
afirmam que suas atividades estariam, então, mais voltadas ao coletivo de indivíduos e ao
ambiente, compreendido num sentido amplo, de ambiente físico, social, político,
econômico e cultural, através de políticas públicas e de condições favoráveis ao
desenvolvimento da saúde (as escolhas saudáveis serão as mais fáceis) e do reforço
(empowerment) da capacidade dos indivíduos e das comunidades.

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A Carta de Ottawa (WHO 1986) define promoção da saúde como o processo
de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e
saúde, incluindo uma maior participação no controle deste. Inscreve-se, desta forma,
no grupo de conceitos mais amplos, reforçando a responsabilidade e os direitos dos
indivíduos e da comunidade pela sua própria saúde.

Para Gutierrez (1994, citado por Guimarães, 2000), promoção da saúde é o


conjunto de atividades, processos e recursos, de ordem institucional,
governamental ou da cidadania, orientados a propiciar a melhoria das condições de
bem-estar e acesso a bens e serviços sociais, que favoreçam o desenvolvimento de
conhecimentos, atitudes e comportamentos favoráveis ao cuidado da saúde e o
desenvolvimento de estratégias que permitam à população maior controle sobre
sua saúde e suas condições de vida, a níveis individual e coletivo. Neste conceito,
mais apropriado à realidade latino-americana, agrega-se ao papel da comunidade a
responsabilidade indelegável do Estado na promoção da saúde de indivíduos e
populações.

1.2. Buscando o bem-estar e a qualidade de vida

De acordo com Ogata de Marchi (2007), a saúde, a qualidade de vida e o bem-


estar não se resumem a ter uma pressão arterial controlada, bons níveis de colesterol no
sangue ou fazer check-ups todos os anos. As dimensões de qualidade de vida, física,
emocional, social, espiritual e intelectual compõem o todo do ser humano. E todas estas
dimensões devem ser cultivadas e desenvolvidas no dia-a-dia ao longo de toda a nossa
vida. O todo é maior que a soma das partes e todas as partes devem ser vistas
igualmente como partes do todo. Estas partes não podem ser separadas, pois as
dimensões físicas, emocionais, sociais, espirituais e intelectuais estão intimamente
inter-relacionadas. A receita é integração, equilíbrio e harmonia entre estas dimensões.

“Muitas vezes, a nossa saúde e qualidade de vida não são as ideais. O primeiro
impulso é assumirmos a posição de vitimas e ficarmos paralisados. A situação só tende a

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piorar. Deste modo, o primeiro passo é sermos proativos. Tudo começa pela nossa
atitude. Adquirir conhecimentos, buscar ajuda com profissionais competentes e
estabelecer metas e objetivos são atitudes que permitem evolução e crescimento” (Ogata
e Marchi, 2007).
É fundamental que tenhamos um tempo para o nosso cuidado e
crescimento pessoal. Devemos reservar uma parte do nosso dia
para atividades que criarão condições para uma vida melhor. Isso
quer dizer que, a qualidade de vida não é atingida somente com
grandes realizações, crescimento material ou acontecimentos
fantásticos. Pequenos eventos, em casa, no trabalho ou no lazer
trazem grande satisfação e ajudam a reduzir o stress. A parir
disso, devemos nos lembrar que a qualidade de vida não é uma
meta que atingimos e, pronto! Ao longo de toda a nossa vida, com
momentos bons e ruins, com altos e baixos, vamos evoluindo,
aprendendo e nos fortalecendo. (Ogata e Marchi, pág. 105,
2007).

Para Monteiro et al (2007), outro aspecto importante é que não há uma receita
pronta, uma prescrição médica para se atingir a qualidade de vida. Cada pessoa deve
construir o seu caminho, sua história de vida.

Ainda conforme Monteiro (2007), a nossa saúde e qualidade de vida possuem


as dimensões física, emocional, social, espiritual e intelectual. O crescimento e o
bem-estar provêm do equilíbrio entre estas dimensões. A melhoria da saúde e da
qualidade de vida é um caminhar constante, superando os obstáculos, passo-a-passo,
exige paciência, perseverança e planejamento. Por isso, nem sempre conseguimos
grandes vitórias ou mudanças, buscar melhorar as coisas, já nos dá a sensação de
recompensa e nos deixa mais felizes. Isso nos dá uma sensação de pertencimento, isto é,
fazemos parte do jogo, fazemos à diferença!

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2. Qualidade de vida no trabalho

Em termos históricos, a expressão qualidade de vida no trabalho (QVT) surgiu em


meados de 1950, na Inglaterra, em estudos de Eric Trist e colaboradores, baseados no
trinômio indivíduo, trabalho e organização. A partir disso, apareceu à abordagem
sociotécnica da organização do trabalho, tendo como base a satisfação do trabalhador no
e com o trabalho, conforme Lacaz, (2000).

Atualmente, a QVT vem ganhando uma preocupação crescente e fundamentada,


uma vez que as organizações estão buscando, cada vez mais, o bem-estar de seus
colaboradores para se tornarem mais competitivas e alcançarem o mercado globalizado.
A QVT, hoje em dia, pode ser definida como uma forma de pensamento que envolve
pessoas, trabalho e organizações, entendendo-se estas por corporações, exércitos,
escolas, hospitais e igrejas, além de empresas. Assim, “a QVT proporciona maior
participação por parte dos trabalhadores e cria um ambiente de integração com
superiores, com colegas e com o próprio ambiente de trabalho, visando sempre à
compreensão das necessidades dos funcionários” (Lacaz, 2000).

A QVT está relacionada a preocupações com o estresse e à forma de evitá-


lo, à busca de satisfação no trabalho, à importância da saúde mental e à
necessidade de garanti-la no ambiente de trabalho. Para Lacaz, (2000) ela visa buscar
possibilidades concretas de, no trabalho, as pessoas serem compreendidas como sujeitos
integrais e terem preenchidas as suas expectativas, necessidades, desejos, prazeres, etc.
Outra definição propõe que a QVT seja a adequação entre o que o indivíduo aspira e o
que ele efetivamente obtém na vida que leva. Portanto, é uma dimensão subjetiva, e
sua avaliação é de extrema importância para medir o estresse, que abrange as diversas
áreas da vida: profissional, familiar, lazer, etc... (Cañete, 2004).

Albuquerque e França (1998, citados por Cañete, 2004), afirmam que a QVT
pode ser entendida como o conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnóstico e
implementação de melhorias e inovações dentro e fora do ambiente de trabalho, que

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visem proporcionar melhores condições plenas de desenvolvimento humano para e
durante a realização do trabalho. Um programa adequado de QVT busca uma
organização mais humanizada, envolvendo, no trabalho, simultaneamente, relativo grau
de responsabilidade e autonomia e o recebimento de recursos de "feedback" sobre
desempenho, com tarefas adequadas, variedade, enriquecimento do trabalho e ênfase no
desenvolvimento pessoal do indivíduo. Segundo Lacaz, (2000) a qualidade é, antes de
tudo, uma questão de atitude. Quem faz e garante a qualidade são as pessoas, muito
mais do que o sistema, as ferramentas e os métodos de trabalho. Assim, um programa de
QVT deve atingir todos os níveis, direcionando esforços para a canalização da energia
disponível para o comprometimento humano.

Para Rodrigues, (1991) a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é uma


terminologia que tem sido largamente difundida nos últimos anos, inclusive no Brasil.
Como incorpora uma imprecisão conceitual, vem dando margem a uma série de práticas
nela contidas que ora aproximam-se da qualidade de processo e de produto, ora com esta
se confundem. O conceito, através dos programas de qualidade total, vem impregnando
propostas de práticas empresariais.

Se sua origem pode ser encontrada no longínquo pós-guerra, como


conseqüência da implantação do Plano Marshall para a reconstrução da Europa, sua
trajetória tem passado por vários enfoques. Uns enfatizam aspectos da reação individual
do trabalhador às experiências de trabalho (década de 1960); outros, aspectos de
melhoria das condições e ambientes de trabalho, visando maior satisfação e
produtividade (década de 1970) como explana Rodrigues, (1991). Articulada a esta última
abordagem, a QVT também é vista como um movimento, no qual termos como
gerenciamento participativo e democracia industrial são adotados freqüentemente, como
seus ideais (meados da década de 1970). Por fim, nos anos 80, adquire importância como
um conceito globalizante, na busca de enfrentar as questões ligadas à produtividade e à
qualidade total.

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De acordo com Lacaz (2000), observa-se, assim, que a QVT dialoga com noções
como motivação, satisfação, saúde-segurança no trabalho, envolvendo discussões mais
recentes sobre novas formas de organização do trabalho e novas tecnologias. É
importante discutir a vertente que prioriza as condições, ambientes, organização do
trabalho e as tecnologias. Vertente esta, advogada pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) a partir de 1976, quando lança e fomenta o desenvolvimento do Programa
Internacional para o Melhoramento das Condições e dos Ambientes de Trabalho (PIACT).
“Trata-se de uma proposta que procura articular duas tendências: uma dirigida ao
melhoramento da qualidade geral de vida como uma aspiração básica para a humanidade
hoje e que não pode sofrer solução de continuidade no portão da fábrica. (...); a outra,
concernente a uma maior participação dos trabalhadores nas decisões que diretamente
dizem respeito à sua vida profissional” (Mendes, 1988a).

Surgida na esteira da cada vez maior mobilização dos trabalhadores europeus


pela ampliação de seus direitos no trabalho, que ocorre no final dos anos 60 e início dos
70, a proposta do PIACT incorpora tais demandas. Reflexo disso, na década de 1980,
consolida-se uma tendência que baseia a QVT na maior participação do trabalhador na
empresa, na perspectiva de tornar o trabalho mais humanizado. Agora os trabalhadores
são vistos como sujeitos, estando sua realização calcada no desenvolvimento e
aprofundamento de suas potencialidades, Lacaz (2000).

Assim, segundo Lacaz (2000), busca-se superar a etapa da prevenção dos


acidentes e doenças tidos como diretamente relacionados ao trabalho, Conforme
proposição do National Institute of Occupational Safety and Health (NIOSH), passam a
incorporar grupos de doenças e acidentes que também ocorrem na população geral, mas
que em determinadas categorias de trabalhadores adquirem um perfil patológico
diferenciado.

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Expressão dessas preocupações, o PIACT já propunha uma estratégia de
intervenção sobre o processo de trabalho, ou seja, “... a carga de trabalho, a duração da
jornada, (...), a organização e o conteúdo do trabalho e a escolha da tecnologia” (Mendes,
1988a).

Assim, a idéia de QVT, segundo Lacaz (2000), procura amalgamar interesses


diversos e contraditórios, presentes nos ambientes e condições de trabalho, em empresas
públicas ou privadas. Interesses estes que não se resumem aos do capital e do trabalho,
mas também aos relativos ao mundo subjetivo (desejos, vivências, sentimentos), aos
valores, crenças, ideologias e aos interesses econômicos e políticos. Ocorre, porém, que
a possibilidade de abarcar-se tal gama de questões e demandas que envolvem uma rede
e um mecanismo complexo de relações, em que o peso específico da atuação dos

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trabalhadores adquire papel fundamental. A partir disso, é proposto à terminologia
qualidade do trabalho, na medida em que procura incluir todas as características de certa
atividade humana -, apontando que ela encerra uma concepção clínica, voltada à
mudança de hábitos de vida e por isso atribuindo ao próprio trabalhador à
responsabilidade de adaptar-se, de modo a aperfeiçoar sua qualidade de vida e de
trabalho de acordo com Lacaz, (2000).

Lacaz (2000) ainda conclui que, a idéia de QVT é complexa e mutante.


Pressupõe tanto uma abordagem e um aporte informado pela saúde coletiva, como pela
clínica; além de embutir uma descontextualização e despolitização das relações saúde-
trabalho, tão marcantes no discurso sanitário.

2.1. Qualidade de vida no trabalho: um conceito e prática instrumentais

Para Lacaz (2000), são várias as definições da expressão QVT, ora associando-a
as características intrínsecas das tecnologias introduzidas e ao seu impacto; ora a
elementos econômicos, como salário, incentivos, abonos, ou ainda a fatores ligados à
saúde física, mental e à segurança e, em geral, ao bem-estar daqueles que trabalham.
Ainda para esse autor, em outros casos, considera-se que a QVT é determinada por
fatores psicológicos, como grau de criatividade, de autonomia, de flexibilidade de que os
trabalhadores podem desfrutar ou, fatores organizativos e políticos, como a quantidade de
controle pessoal sobre o posto de trabalho ou a quantidade de poder que os
trabalhadores podem exercitar sobre o ambiente circundante a partir de seu posto de
trabalho.

Trata-se, então, em concordância com Mendes (1988a) e Dias (1994), de buscar


a humanização do trabalho - um dos pressupostos do campo de práticas e saberes
informado pelo encontro das formulações emanadas da Saúde Coletiva, da Medicina
Social Latino-americana e da Saúde Pública, campo este denominado Saúde do
Trabalhador (Lacaz, 2000).

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Diante dessas assertivas, Lacaz (2000), ressalta que dos elementos que
explicitam a definição e a concretização da qualidade (de vida no) do trabalho, é o
controle - que engloba a autonomia e o poder que os trabalhadores têm sobre os
processos de trabalho, aí incluídas questões de saúde, segurança e suas relações com a
organização do trabalho - um dos mais importantes que configuram ou determinam à
qualidade de vida (no trabalho) das pessoas. Por isso, as condições, ambientes e
organização do processo de trabalho devem respeitá-las em sua individualidade.

A noção de controle deve ser entendida como a possibilidade dos trabalhadores


conhecerem o que os incomoda, os fazem sofrer, adoecer, morrer e acidentar-se e
articulada à viabilidade de interferir em tal realidade. Controlar as condições e a
organização do trabalho implica, portanto, a possibilidade de serem sujeitos na situação.
O exercício do controle tem tanto uma face objetiva (poder e familiaridade com o
trabalho), como uma face subjetiva, ou seja, o limite que cada um suporta das exigências
do trabalho, conforme Lacaz (2000).

Destaca-se, ainda, conforme Lacaz (2000) que problemas relacionados à


temática da organização (divisão de tarefas, de homens, de tempo e de espaço) e do (re)
planejamento do trabalho são também da maior relevância para que seja abordada de
maneira produtiva e objetiva a discussão sobre qualidade do trabalho. Assim, quando se
fala de saúde e qualidade no trabalho, são sob este prisma que devem ser tratadas as
questões a elas relacionadas. O que se propõe é, portanto, redirecionar o foco do debate
e colocá-lo no âmbito das relações sociais de trabalho que se estabelecem no processo
produtivo.

Vários estudos epidemiológicos, de acordo com Lacaz (2000) e qualitativos têm


mostrado a importância da ausência de controle e autonomia dos trabalhadores sobre
condições e organização do trabalho para explicar diversos problemas de saúde como os
cardiovasculares, o sofrimento mental e mesmo os acidentes do trabalho. É isso que será
discutido a seguir.

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2.2. Perfil patológico e qualidade no trabalho: as diferentes explicações

Melhorar a qualidade das condições de saúde no trabalho, segundo Lacaz (2000) a


partir do enfoque acima discutido, acarreta identificar os problemas em cada situação,
com a participação efetiva dos sujeitos do processo de trabalho e replanejá-lo, o
que envolve sempre um processo de negociação. Devem estar envolvidos também os
trabalhadores produtivos para, no limite, acabar com a separação, advinda da
administração racional, entre o planejamento e a execução de qualquer.

O trabalho prazeroso é aquele em que cabe ao trabalhador uma parte importante


da concepção. Assim, a inventividade, a criatividade, a capacidade de solucionar
problemas, o emprego da inteligência é o que deve ser buscado, e é disso que fala De
Masi (1999) quando estuda as principais experiências criativas de trabalho entre meados
do século XIX e do século XX, tanto em empresas, como em instituições de pesquisa.

Se sob o taylorismo os indicadores mais diretos da nocividade e da exploração do


trabalho estavam relacionados aos acidentes típicos e às chamadas doenças
ocupacionais, características dos efeitos das matérias e dos agentes de risco existentes
nos ambientes de trabalho onde ocorria a transformação industrial, também a eles
associava-se uma maneira de compreender os tais agravos à saúde. Para a Medicina
Legal e a Higiene do Trabalho e Industrial, os riscos ocupacionais eram vistos como
infortúnios do trabalho: noção que aliava a fatalidade a certa suscetibilidade individual
para a ocorrência de tais problemas, isso conforme De Mais (1999).

Para De Masi (1999), a própria Medicina do Trabalho e depois a Saúde


Ocupacional caminharam nessa trilha, ao vincularem, de modo redutor, sua visão sobre a
forma de adoecer e morrer em conseqüência do trabalho aos agentes patogênicos de
natureza física, química e biológica dos ambientes de trabalho onde o trabalhador/
hospedeiro com eles interage. Com isso, o perfil de adoecimento encontrava-se
circunscrito às doenças e acidentes ocupacionais puros, isto é, não se concebia que os

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trabalhadores adoecessem e morressem de maneira semelhante com o que ocorre com a
população geral e, também, em conseqüência da inserção em processos de trabalho que
se modificam historicamente dentro do mesmo modo de produção. Assim, “essas
modificações determinam formas de adoecimento e morte que devem ser analisadas do
ponto de vista histórico para que se apreenda como as transformações do trabalho atuam
na saúde/doença” (Dias, 1994).

É a introdução da categoria processo de trabalho, como elemento explicativo


central na análise das relações entre trabalho e processo saúde/doença, a grande
contribuição e ruptura epistemológica que fazem a Medicina Social Latino-Americana e a
Saúde Coletiva (Lacaz, 2000). Sob o fordismo, o grau de automação que vai sendo
imposto ao trabalho, associado às mudanças importantes na forma de organização da
jornada, como o regime de turnos alternantes, produz uma mudança no perfil da morbi-
mortalidade, que se associa, no final dos anos 60, ao aumento do absenteísmo, da
insatisfação no trabalho, das operações tartaruga como maneiras de resistência ao
controle fordista. São sinais do esgotamento desta forma de gestão, divisão e
organização do trabalho.

Cada vez mais clara, conforme Lacaz (2000) a percepção do esgotamento de um


ciclo coloca ao capital a necessidade de pensar em novas formas de gestão, divisão e
organização do trabalho, o que começa a acontecer na década de 1970, inicialmente em
países do capitalismo central, inspirados no modelo japonês. Esse modelo vai constituir-
se no novo paradigma, que reacende a discussão sobre o controle e o disciplinamento
dos trabalhadores. E, ressalte-se, é na organização do trabalho, que implica a divisão de
tarefas e delimitação das relações sociais de trabalho, que se deve buscar as restrições
para a livre manifestação da saúde mental. Ocorre que, entre nós, quando o assunto é a
busca do padrão japonês de produção como paradigma de flexibilização produtiva e
inovação na organização do trabalho, que seria acompanhado do fim da divisão do
trabalho baseada no taylorismo e no relacionamento autoritário na empresa, existem
importantes controvérsias.

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Essa transição/reestruturação produtiva, que engloba a questão da qualidade,
tem sido conceituada como um processo que busca compatibilizar uma série de
mudanças organizacionais nas relações de trabalho, implicando uma nova definição de
papéis das nações e entidades do sistema financeiro, para garantir a competitividade e a
lucratividade nas quais as novas tecnologias têm um papel central. Isso tudo começa no
final dos anos 60 e início dos 70, quando se evidenciam os limites do regime de
acumulação baseado no taylorismo/fordismo, até então hegemônicos, como forma de
organização do trabalho, de acordo com Lacaz (2000).

Para De Masi (1999), o componente relativo à organização e divisão do trabalho


é o lugar dos principais elementos que caracterizam a reestruturação produtiva que traz
conseqüências para a vida em sociedade. Junto, aparecem subprodutos, ou seja, o
desemprego, a ampliação do trabalho parcial; o trabalho de crianças e adolescentes, das
mulheres e as questões de gênero correlatas, bem como a precariedade das relações de
trabalho e dos direitos trabalhistas.

No Brasil, a possibilidade de organização dos trabalhadores nos locais de


trabalho, que deveria ser um dos pilares da busca pela qualidade do trabalho, é uma
realidade muito pouco encontrada, quando não considerada indesejável ou até ilegal,
dada à histórica repulsa do patronato às manifestações de independência e autonomia
das classes trabalhadoras, segundo Lacaz (2000).

Para De Mais (1999), a organização nos locais de trabalho deveria ser elemento
norteador das relações de trabalho, em vista da introdução de novas tecnologias e da
automação cada vez mais intensa que se observa nos setores produtivos mais modernos.
Assim, é inadmissível falar em qualidade do produto sem tocar na qualidade dos
ambientes e condições de trabalho, o que seria sobremaneira auxiliado pela
democratização das relações sociais nos locais de trabalho.

Na falta dos elementos acima apontados, pode-se afirmar que esta nova empresa
deveria incorpora exigências referentes à saúde, tais como: maior intensidade do ritmo,

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maior controle e conhecimento do trabalho; polivalência e criatividade; maior liberdade de
ação, reconhecimento maior do trabalho e critérios rígidos de avaliação.

Os estudos realizados sobre as formas de gestão participativa no Brasil,


apontam, segundo Lacaz (2000), para uma alienação maximizada na medida em que se
exige além do trabalho, a afetividade e, quando se trata da análise da participação dos
trabalhadores versus poder, observa-se que ela é apenas consultiva e que o poder de
decisão não pertence a eles, particularmente em questões cruciais como no caso de
demissões, por exemplo.

Do ponto de vista sanitário, Dias (1994) diante essa realidade contraditória traz
consigo um novo perfil de morbi-mortalidade dos trabalhadores. Além das doenças e
acidentes associados à organização taylorista/fordista, hoje se agrega à tendência de
mudança deste perfil em que predominam doenças não reconhecidas como do trabalho,
na medida em que a organização (japonesa) do trabalho é o novo paradigma mundial e
dele fazem parte à informática, a automação, a polivalência, a restrição hierárquica, o
enxugamento do efetivo (downsizing), o desemprego etc. Se, de um lado, a
reestruturação exige o surgimento de um trabalhador participativo, escolarizado e
polivalente, esta polivalência é vivenciada de forma ambígua, ou seja, como aumento de
responsabilidade, maior carga de trabalho e menor autonomia.

Diante disso, um novo perfil patológico, conforme Júnior (1996) configura-se, o


qual é caracterizado pela maior prevalência, na população trabalhadora, de agravos à
saúde marcados pelas doenças crônicas, cujo nexo de causalidade com o trabalho não é
mais evidente como ocorria com as doenças (e acidentes) classicamente a ele
relacionadas, os chamados infortúnios do trabalho. Proliferam então as doenças
cardiocirculatórias, gastrocólicas, psicossomáticas, os cânceres, a morbidade músculo-
esquelético expressa nas lesões por esforços repetitivos (LERs), às quais se somam o
desgaste mental e físico patológicos e mesmo as mortes por excesso de trabalho, além
das doenças psicoafetivas e neurológicas ligadas ao estresse.

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Assim, a morbi-mortalidade tendencial da população trabalhadora aponta
segundo Júnior (1996) para uma prevalência cada vez mais freqüente de agravos
caracterizados por um mal estar difuso e por doenças que ocorrem na população geral,
mas que entre os trabalhadores passam a ocorrer em faixa etária mais precoce, quando
comparada com a população geral.

Observa-se uma predominância das mortes por doenças


cardiovasculares, que podem se relacionar à baixa autonomia de
decisões no trabalho, às atividades pouco criativas e pequeno
apoio social, ao que se soma as mortes por causas externas,
relacionadas à violência dos centros urbanos, muitas delas como
resultado dos acidentes de trajeto ou do trabalho (de trânsito) dos
condutores de ônibus e veículos de carga e pelos cânceres
relacionados ao uso de substâncias químicas cada vez mais
tóxicas (Mendes, 1988b).

Ademais, qualquer análise sobre as principais causas de aposentadoria por


invalidez previdenciária durante a década de 1980, conforme mostrado a seguir, também
obriga a pensar na participação do trabalho como determinante desta morbidade,
particularmente no que se refere à hipertensão arterial, transtornos mentais e doenças
osteoarticulares,de acordo com Júnior (1996).

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Urge, assim, de acordo com Lacaz (2000) um enfoque sobre a possibilidade de
organização a partir dos locais de trabalho, de forma a possibilitar uma discussão das
demandas de maneira democrática e igualitária, visando submeter às questões ligadas à
competitividade/produtividade e qualidade do produto à qualidade do trabalho e à defesa
da vida e da saúde no trabalho. Daí ser necessária a utilização de outros indicadores
sanitários que melhor espelhem as maneiras atuais de consumo da força de trabalho,
acopladas à reengenharia produtiva em que prevalece a entrada de novos e
desconhecidos insumos quanto à nocividade à saúde e ao ambiente, aliada ao
aprofundamento da automação e informatização no processo produtivo.

3.0. Saúde do trabalhador

Pra Marques et al (2003), a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um tema


facilmente percebido nos estudos do binômio indivíduo-organização e que possui sua
importância reconhecida há várias décadas, o que contribuiu para a existência de várias

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abordagens sobre o tema. Seu grande objetivo é melhorar o bem estar do
trabalhador, aliado à melhoria do desempenho organizacional.

Os estudos sobre QVT reúnem, num mesmo campo de pesquisa, aspectos antes
estudados pelas teorias de motivação, fatores ambientais, ergonômicos e de satisfação
no trabalho, permitindo o aprofundamento teórico destes temas. Fatores como a
conscientização de trabalhadores, crescimento do movimento sindical e aumento da
responsabilidade social das empresas, impulsionaram os movimentos de QVT a partir da
década de 60.

Ainda de acordo com Marques (2003), na atualidade, observa-se uma expressiva


preocupação com a disseminação dos princípios da QVT, em empresas de todo o mundo,
através da filosofia e métodos que buscam maior satisfação do indivíduo no trabalho.
Tem-se observado também uma considerável diversidade nos estudos sobre QVT em
decorrência de variações culturais, contextos sócio-políticos e de idiossincrasias de cada
autor.
Nesse contexto, analisando as diversas abordagens sobre o tema, são
apresentados oito critérios de análise de QVT,de acordo com Marques (2003):

• compensação justa e adequada,


• condições de trabalho,
• uso e desenvolvimento de capacidades,
• oportunidade de crescimento e segurança,
• integração social na organização,
• constitucionalismo,
• o trabalho e sua relevância social para o indivíduo
• o espaço total de vida.

A QVT deve ser pensada como um processo que envolve o trinômio indivíduo-
trabalho-organização, conforme Marques (2003), sendo necessário considerar os
seguintes fatores: participação dos trabalhadores, projeto de cargo, inovação do sistema

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de recompensas e melhoria do ambiente organizacional. Considera-se também que, QVT
satisfatória diz respeito a um cargo interessante, desafiador e compensador e que, além
do cargo, devem ser considerados três níveis: organizacional, ambiental e
comportamental.

Para Marques (2003), no que se refere à QVT, considera-se as características da


tarefa do indivíduo como viabilizadoras de satisfação através da criação de estados
psicológicos críticos. Relevância disso, primeiramente, diz respeito ao grau em que o
indivíduo percebe o seu trabalho como importante e significativo. O segundo estado
é a responsabilidade percebida pelo trabalhador em relação ao seu trabalho, ou
seja, o grau em que se sente responsável pelos resultados do trabalho que executa.
Em terceiro lugar está o estado que diz respeito ao conhecimento dos resultados do
trabalho pelo trabalhador, isto é, o grau com que o indivíduo conhece e entende seu
desempenho efetivo na tarefa. A presença desses estados psicológicos é considerada
como um indicador de motivação.

Tudo isso é importante de ser estudado porque num ambiente organizacional, os


trabalhadores são submetidos a pressões que possibilitam algum nível de estresse
provocando um aumento nos níveis de rotatividade, absenteísmo, além de doenças e
acidentes de trabalho. A identificação das fontes de pressão no trabalho é fundamental
para amenizá-las ou, se possível, erradicá-las, de acordo com Marques (2003).

Segundo Cooper et al. (1988a), existem seis grandes grupos de agentes


estressores no ambiente de trabalho:

• fatores intrínsecos ao trabalho,


• papel do indivíduo na organização,
• elacionamento interpessoal,
• carreira e realização,
• estrutura e clima da organização
• interface casa/trabalho.

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Esses autores desenvolveram um modelo de estudo do estresse que abrange
características organizacionais e individuais. Segundo esse modelo, os indivíduos, a partir
de seus valores e estruturas - locus de controle e tipo de personalidade - quando são
submetidos à ação de agentes estressores - fontes de pressão - desenvolvem meios
singulares de defesa - mecanismos de combate. O estresse, então, se manifesta quando
tais mecanismos não atuam de forma eficiente.

Seguindo esse modelo de análise, conforme Cooper et al (1988a) foi elaborado o


OSI - Occupational Stress Indicator - questionário mundialmente utilizado para
diagnosticar estresse organizacional, que envolve os seguintes aspectos: saúde física e
mental, nível de estresse, de tensão, vulnerabilidade individual e pressões no trabalho.

3.1. Cuidando do cuidador – o estresse no profissional da saúde

Para Souza (2002), a vida é um processo dinâmico, solicitando sempre novas


formas de adaptação, de agir, com inúmeras facetas, onde o campo de trabalho, ocupa
uma boa parte do tempo das pessoas, com vários estímulos, exigindo constantes
atualizações científico-tecnológicas, investimentos, tanto dos recursos físicos, como
humanos, para que possa haver o atendimento adequado das exigências e necessidades
do ser humano, com a possibilidade de engrandecimento e satisfação, preservando o
bem-estar e a saúde.

Ainda de acordo com Souza (2002), o labor, por muitos séculos, foi sinônimo de
dor e sofrimento, como uma tarefa penosa, sendo apenas uma forma de obter o sustento,
e nos tempos de hoje, busca-se a valorização dos relacionamentos humanos, que sejam
construtivos, dando maior sentido à vida, ao homem, alimentando as suas necessidades
emocionais, motivando-o a trabalhar e amar com mais intensidade. Obviamente, isso tudo
não significa que não encontramos situações ocupacionais desfavoráveis, pelo contrário,
com a industrialização e o êxodo rural, houve uma massificação da utilização de pessoas,
com o surgimento de novos postos de trabalho, exigindo alta produtividade, movimentos
repetitivos, monótonos, com posturas fixas, músculos tensos, alta precisão e atenção

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mental, com isolamento entre os trabalhadores, que os levam a uma perda da visão
global da atividade executada, passando a ter uma visão segmentada, sem a
possibilidade de expressão da criatividade, adquirindo uma “atitude robotizada”.

Com isso, Souza (2002) afirma que houve um aumento de doenças crônico-
degenerativas e transtornos psíquicos, causando um grande prejuízo ao binômio físico-
mental, chamando atenção da sociedade, sobre a importância do estresse ocupacional
e, em conjunto com as autoridades de saúde, começaram a buscar melhores medidas e
soluções para a integração do homem.

A estruturação do ambiente de trabalho, que atenda às exigências adequadas ao


bom desempenho do trabalhador, preservando a sua integridade, nem sempre é um
caminho fácil, pelo contrário, é longo e as mudanças continuarão sendo as mais difíceis,
pois há muito tempo vem se tentando humanizar o ambiente ocupacional, sabendo que
há uma grande complexidade, exigindo abordagens inovadoras, criativas, com base
técnicocientíficas, isso conforme Souza (2002).

Para Dias (1994) a reavaliação de “estressores”, com uma visão otimista, permite
adquirir uma habilidade emocional, e um maior crescimento como pessoa, melhorando as
relações sociais, tornando-as mais saudáveis. Sendo que, para começar, a visão
panorâmica da reação, que temos à vida, é fruto de um aprendizado que, muitas vezes,
cria fontes estressantes, porém, é possível desaprender maus hábitos e aprender novos
valores, novas formas de agir, pensar e encarar “os problemas”, não permitindo o estado
de estresse excessivo. “Assim”, para se entender e intervir na saúde dos trabalhadores,
no momento atual, torna-se necessário combinar distintas abordagens e enfoques,
“reestruturação produtiva na globalização da economia, mudanças urbanas,
transformações organizacionais do trabalho, fatores de riscos industriais e ambientais e
aspectos de saúde psicofísica do trabalhador” (Dias, 1994)

Souza (2002) explana que, os profissionais da área de saúde, principalmente os


que atuam no ambiente ocupacional, estão engajados nas mudanças que promovam o

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bem-estar dos trabalhadores, preocupando-se com os determinantes saúde-doença, e
novas formas de produção, de organizar, e métodos inovadores para gerenciar e gerir
trabalho. Isso porque, a combinação de inovações tecnológicas, com a intensificação do
trabalho, com ritmos acelerados, responsabilidades e complexidade das tarefas, vem
repercutindo em manifestações, como envelhecimento prematuro, doenças
cardiovasculares, outras doenças crônico-degenerativas, distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho (DORT), e conjunto de sintomas na esfera psíquica, como a
Síndrome da Fadiga Crônica, Síndrome Burn out, outros distúrbios inespecíficos e poucos
conhecidos, e morte súbita por excesso de trabalho.

Através de estudos percebeu-se que o homem se realiza através da expressão


de sua criatividade, da capacidade de transformar o meio ambiente, interagindo com as
pessoas e apoiando-se em bases fundamentais da felicidade: amar e trabalhar. Com tudo
isso, deparamos com o estresse em nossas vidas, que apesar de ser tão antigo quanto o
homem, somente em 1992 foi catalogado como mal do século, sendo enquadrado pela
OMS, como doença associada a resultados desastrosos, com várias alterações
orgânicas, debilitando o binômio mente-corpo, sendo um dos principais motivos de
consulta médica e queda de produtividade no trabalho, de acordo com Souza (2002).

O exercício do trabalho marca acentuadamente a existência humana, pois o


mesmo está presente, pelo menos, em um terço do dia, porém refletindo em todos os
seus momentos. Filósofos, teólogos, cientistas, políticos, engenheiros, profissionais da
área de saúde e, principalmente, o médico de trabalho e sua equipe, estão engajados na
transformação progressiva da dinâmica das frentes de trabalho, revendo a sua
organização, suas condições, processos de execução com suas respectivas tecnologias,
na tentativa de resgatá-lo do seu sentido maior da vida: o engrandecimento do ser
humano! , Com isso, “a influência mais dominante na vida de um homem é provavelmente
a sua profissão“ (Júnior, 1996).

Para Júnior, (1996), uma característica importante dos grandes aglomerados


urbanos é o encontro de um ambiente hostil, inadequado para a realização psicossocial,

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
com predominância do medo, tensão, ritmos de trabalhos acelerados, em busca de uma
maior produtividade, exigências maior a nível sensorial e mental, com diminuição
progressiva de atividade muscular e aumento de posturas tensas e fixas.

Com o desenvolvimento surgiram novos tipos de postos de trabalho que levaram


a uma acentuação do isolamento, monotonia, necessitando de um elevado grau de
concentração, respostas rápidas, resultando em fadiga psíquica e proporcionando
coronariopatias, hipertensão arterial, diabetes mellitus e alterações mentais. Portanto, a
expansão desta nova forma de trabalho “robotizada”, a chamada Revolução Cibernética,
leva ao aparecimento de doenças crônico-degenerativas, de acordo com Júnior, (1996).

Com isso, Souza (2002) afirma que fica difícil proteger a saúde do homem, sem
correlacionar as peculiaridades do trabalho a ser executado com suas implicações
ambientais, sociais, econômicas e, assim, proporcionar o bem-estar das pessoas. A
compreensão do que é o estresse, seus sintomas e suas fases, pode ajudar o homem a
saber utilizar favoravelmente à força geradora do mesmo, pois é quase impossível evitá-lo
em nossas vidas, porém mudar as atitudes perante os eventos corriqueiros e/ou adotar
um regime anti-stress com exercícios físicos, boa alimentação, relaxamento, são meios de
enfrentá-lo de modo mais adequado e inteligente.

Com isso, Souza (2002) ressalta que trabalhar sem necessariamente adoecer ou
morrer, é uma possibilidade concreta em um mundo sob rápida transformação, pois
trabalhar mesmo com a necessidade de aumento de produtividade, não seria utopia,
necessita apenas do conhecimento da dinâmica dos fatores associados ao trabalho e ao
processo de desencadeamento do estresse, e de uma adequada utilização de
ferramentas para que este ideal se torne realidade.

Definido como as situações em que a pessoa percebe seu ambiente ocupacional


como ameaçador a suas necessidades de realização pessoal e profissional e/ou a sua
saúde física ou mental, prejudicando a interação desta com o trabalho e com o seu
ambiente e, à medida que vai aumentando as demandas, a pessoa não possue os

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
recursos adequados para enfrentá-las. Cooper em 1993, define o estresse ocupacional
como “um problema de natureza perceptiva, resultante da incapacidade em lidar com as
fontes de pressão no trabalho, tendo como conseqüências, problema na saúde física,
mental e na satisfação no trabalho, afetando não só o indivíduo como as organizações”
(Guimarães, 2000).

Para Guimarães (2000), o estresse ocupacional ocorre quando há percepção do


trabalhador da sua inabilidade para atender as demandas solicitadas pelo trabalho,
causando sofrimento, mal-estar e um sentimento de incapacidade para enfrentá-las.
Assim, quando temos um organismo sobre situação de “stress”, resultam-se distúrbios
emocionais, mudanças de comportamento, distúrbios gastrintestinais, distúrbios de sono,
sintomas psicopatológicos, com sofrimento psíquico e outros.

Segundo Paraguay (1990), as principais fontes de estresse são:

• Fatores ambientais: ruído, iluminação, temperatura, ventilação em níveis ou


limites inadequados;

• Fatores organizacionais: envolvimento e participações no trabalho; suportes


organizacionais (estilo de supervisão, apoio gerencial, esquemas organizacionais, planos
de carreira);

• Organização do trabalho: com base nos aspectos mentais do mesmo,como


monotonia ou sobrecarga de trabalho; ritmo de produção e de trabalho; das pressões
temporais; do significado do trabalho, da natureza das tarefas (Dejours, 1987).

“As condições de trabalho são geradoras de


fatores estressantes, quando há deterioração
das relações entre funcionários, com ambiente
hostil entre as pessoas, perda de tempo com
discussões inúteis, trabalho isolado entre os

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
membros, com pouca cooperação, presença de
uma inadequada abordagem política, com
competição não saudável entre as pessoas.
Levando-se também em consideração, a
dificuldade individual de se adaptar a um meio
dinâmico, envolvendo os seus interesses
pessoais, juntamente com seu contexto
psicossocial (França e Rodrigues, 1999).

Conjuntamente aos fatores estressantes, a vulnerabilidade orgânica e a


capacidade de avaliar, de enfrentar situações conflitantes do trabalho, podem levar a uma
ameaça do desequilíbrio da homeostase do organismo, com resposta somática e
psicossocial, sendo os efeitos mais conhecidos os cardiovasculares, do sistema nervoso
central, psicológicos e comportamentais, isso de acordo com Souza (2002).

• Enfermeiros

Existem muitos estudos sobre o burnout em enfermeiros onde são analisadas


diferentes variáveis e apresentados resultados muito diferentes, o que demonstra a
complexidade do fenômeno. No entanto, e de um modo geral, todos indicam que os
enfermeiros são particularmente vulneráveis a esta síndrome. Segundo Spooner-Lane
(2004), os primeiros estudos que investigaram o burnout em enfermeiros mostraram que a
síndrome estava positivamente correlacionada com a quantidade de tempo que os
enfermeiros passam com os doentes, com a intensidade das exigências emocionais
destes e com o cuidar de doentes com mau prognóstico. Os estudos mais recentes, diz a
mesma autora, mostram que está associado a fatores relacionados com o trabalho, tais
como sobrecarga laboral, baixo nível de suporte, conflitos interpessoais, contato com a
morte e preparação inadequada.

Muller (2004) estudou a ocorrência de burnout em profissionais (enfermeiros,


técnicos e auxiliares) num hospital brasileiro e verificou que os enfermeiros tinham

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
maiores níveis de exaustão emocional quando comparados com os técnicos e auxiliares,
sendo a exaustão emocional maior nos enfermeiros com menor tempo de experiência
profissional.

FONTE: www.gettyimages.com.br

Gil e Vairinhos (1997), referem sobre o burnout em enfermeiros portugueses.


Realizaram um estudo em enfermeiros de hospitais centrais, distritais e centros de saúde
e concluiu que apresentavam um nível médio de burnout, sendo este mais elevado nos
enfermeiros hospitalares. O estudo de Mendes (1996), realizado com enfermeiros da área
de psiquiatria, demonstrou que os fatores pessoais eram mais importantes que os fatores
ligados ao ambiente e que, quanto maior a satisfação no trabalho, menor era a ocorrência
de burnout.

Novamente, Gil e Vairinhos (1997) estudaram os níveis de burnout em


enfermeiros de serviços de urgência geral e psiquiátrica de hospitais centrais. Verificaram

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
que os da urgência geral (jovens, maioritariamente do sexo feminino e solteiros, com nível
de escolaridade superior e com pouca experiência profissional) tinham nível médio de
burnout, enquanto que os da urgência psiquiátrica (mais velhos, maioritariamente do sexo
masculino e casados, com nível de escolaridade mais baixo e mais anos de profissão)
tinham um nível baixo.

O burnout surge nos enfermeiros de todo o mundo, em diferentes contextos de


trabalho, levando-os a desenvolver sentimentos de frustração, frieza e indiferença em
relação às necessidades e ao sofrimento dos doentes. Por isso, é importante desenvolver
estratégias de prevenção e tratamento.

• Médicos:

Num estudo de 1994 apura-se que 52,4% percepcionam atual burnout, de acordo
com Frasquinho (2005). A problemática é mais prevalente nos clínicos gerais, depois nos
médicos hospitalares. Quanto aos colocados em emergências, 25,2% estão na fase final
de burnout, e 23,1% pretendem deixar a atividade nos próximos cinco anos. Os maiores
stressores nos clínicos gerais foram às exigências dos pacientes, a carga de trabalho e a
hostilidade presente nos ambientes de trabalho. Nos médicos com funções de assistência
o baixo salário, a progressão nas carreiras e estilo de gestão do hospital são os maiores
stressores.

Comprovou-se, conforme Frasquinho (2005), que ocorre maior mortalidade nos


doentes internados quando o staff (colaboradores do hospital) está em sobrecarga. Tanto
o trabalho sob pressão como os fatores sociais e ambientes relacionais no trabalho são
importantes fontes de estresse, e este está intrinsecamente associado à insatisfação
capaz de afetar a motivação para o trabalho e a opção por desistir emocionalmente ou,
em último caso, abandonar objetivamente o trabalho (dedicar menos horas ou demitir-se).

Para Frasquinho (2005), a desmotivação instala-se quando se constata que o


trabalho não cumpre as necessidades básicas humanas (sobrevivência, segurança, de

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
pertença, de reconhecimento, de realização pessoal). Estão em jogo tanto motivadores
extrínsecos como intrínsecos (uma energia interna que propulsiona à dedicação).

FONTE: www.gettyimages.com.br
No caso dos médicos usualmente os motivadores intrínsecos estão patentes – o
altruísmo, o humanismo, a atitude de valorizar o ato praticado, mas as altas expectativas
geram ilusões e que no contato com a realidade podem se desfazer em múltiplas
frustrações, conforme Frasquinho (2005).

A satisfação profissional é um indicador indireto de sofrimento psíquico. Por isso, a


Escola Nacional de Saúde Pública, em Lisboa conforme Frasquinho (2005) tem conduzido
uma linha de investigação sobre o stresse nos profissionais de saúde. No caso dos
médicos incide sobre a satisfação profissional:

a) fatores de insatisfação : clima organizacional e as condições de trabalho;


b) stressores: exigências;
c) burnout;
d) sobre experiência profissional: os clínicos gerais mais novos têm valores mais elevados
de distresse;

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O exercício da medicina permitia ao profissional, quer financeira, quer
cultural/relacional, quer vivencial a exclusividade à arte médica com o natural poder e o
reconhecimento garantido. Hoje isso, vem se tornando cada vez mais difícil de ocorrer.
Isso porque, as exaustivas jornadas de trabalho, muitas vezes com plantões de 24hs
contribuem para o agravamento do estresse e desenvolvimento do burnout. Além disso, o
ambiente de trabalho em que o médico atua que pode se tornar em si, muitas vezes, um
agente estressor, de acordo com Frasquinho (2005).

• Psicólogos

Para Abreu (2002), a síndrome de burnout consiste em uma resposta ao estresse


ocupacional crônico, afetando principalmente profissionais que se ocupam em prestar
assistência a outras pessoas. Entre os profissionais de saúde, eventos potencializadores
de estresse podem surgir, dependendo do tipo de atividade exercida. Entretanto, “existe
uma evidência crescente demonstrando que os profissionais da área da saúde mental,
por fatores relacionados à natureza de sua profissão, apresentam-se particularmente
vulneráveis ao estresse e a seus efeitos” (Abreu, 2002).

Entre os fatores específicos, conforme Abreu (2002), destacam-se:


a) o manejo, por um longo período de tempo, com pessoas com transtornos
mentais;
b) a responsabilidade para com a vida do paciente;
c) a inabilidade para estabelecer limites em suas interações profissionais e
d) a atenção constante aos problemas e necessidades dos pacientes de uma
forma não recíproca.

Facilmente se observa que os psicólogos, por atuarem na área da saúde mental,


estão entre a clientela de risco da síndrome de burnout. Aos fatores destacados,
acrescenta-se a possibilidade de haver alguma identificação e formação de laços afetivos
entre os psicólogos e seus clientes, de acordo com França, (1999).

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Especificamente em relação à psicoterapeutas, podem ser identificados cinco
fatores desencadeadores de estresse: manutenção da relação terapêutica, agendamento,
dúvidas profissionais, envolvimento excessivo no trabalho e esgotamento pessoal. Além
desses, solidão, expectativas excessivas e falta de gratificação também foram
identificados como fontes de estresse naqueles profissionais conforme Abreu, (2002).

FONTE: www.gettyimages.com.br

Cooper (1988a) propõe que talvez haja um vácuo entre as expectativas


idealizadas e seus resultados na prática dos profissionais de saúde mental. Os
profissionais dessa área idealizam que sua prática servirá para ajudar as pessoas e, na
realidade, poucas mudanças são experienciadas por pacientes crônicos. Essa
contradição indica que talvez seja mais gratificante, para o profissional, encarar sua
prática como uma intervenção de apoio aos pacientes, ao invés de uma busca de cura.
Essa situação pode ser uma ilustração do burnout e está relacionada com a realidade
vivenciada pelos profissionais de saúde mental que são treinados para reconhecer e
concordar com a realidade de seus pacientes.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Abreu (2002) afirma que, considerando-se a realidade do exercício profissional,
observa-se uma mudança em termos da atuação do psicólogo com o surgimento, nas
últimas décadas, de novos campos e, conseqüentemente, no aumento da necessidade de
aperfeiçoamento e qualificação profissional. As constantes mudanças levam à
necessidade de aprimoramento e, embora isso faça parte da dinâmica das alterações
paradigmáticas (que, apesar de já serem situações novas, ainda estão associadas ao
processo de produção do conhecimento favorecido pelos novos avanços tecnológicos), é
possível que possa gerar estresse em profissionais que não se beneficiem dessas
alterações e as tomem como fortes fontes de pressão.

O contexto sócio-econômico a que estão sujeitos os profissionais de saúde


mental no Brasil deve ser considerado. O sofrimento psíquico (e social) que os pacientes
apresentam, as condições de atendimento, os baixos salários e o pequeno tempo
disponível para uma consulta são fatores importantes a se considerar para pensar os
processos de burnout, de acordo com Abreu (2002)

3.2. Diagnóstico do estresse no trabalho

As tensões nos locais de trabalho diminuem a eficiência das pessoas e,


conseqüentemente, da produtividade, gerando pressa, conflitos interpessoais,
desmotivação, agressividade, isolamento, enfim, um ambiente humano destrutivo, com
presença de greves, atrasos constantes nos prazo de entrega, ociosidade, sabotagem,
absenteísmo, alta rotatividade de funcionários, altas taxas de doenças, baixo nível de
esforço e relacionamentos entre funcionários caracterizados por rivalidade, desconfiança,
desrespeito e desqualificação de acordo com França e Rodrigues, (1999).

O diagnóstico é essencialmente clínico, segundo Rocha e Glima (2000)


(2000), baseia-se em duas partes principais de sinais e sintomas:

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1. Rastreamento Individual: foram realizados vários estudos epidemiológicos com
trabalhadores expostos a fatores estressantes, no ambiente laborativo, e destacou as
seguintes perturbações funcionais que compreendem:

- sistema muscular - dor e tensão;


- sistema gastrintestinal - dispepsia, vômito, pirose e irritação de cólon;
- sistema cardiovascular - palpitações, arritmias, dores inframamilares;
- sistema respiratório - dispnéia e a hiperventilação;
- sistema nervoso central - reações neuróticas, a insônia, a debilidade,os
desmaios e as dores de cabeça;
- sistema genital - dismenorréia, a frigidez e a impotência.

Pode-se, de acordo com Souza (2002), além dos sinais e sintomas, utilizar-se de
critérios de avaliação de desempenho no trabalho, através de métodos quantitativos,
indicadores do estresse, tais como questionários autopreenchidos, escalas e “check lists”.

Na abordagem do desempenho, observa-se a adequação, de acordo com Souza


(2002) que a quantidade e a qualidade de produção, tempo de reação a uma tarefa
secundária, respostas tardias, dificuldades em acompanhar o ritmo da máquina,
variabilidade na duração dos ciclos de trabalho, número e tipo de movimentos não
relacionados à tarefa.

A condição estressante do labor, nem sempre gera a doença, podendo-se


manifestar de outras formas, tais como: absenteísmo, rotatividade, atrasos, insatisfação,
sabotagem e baixos níveis de eficácia no ambiente ocupacional, de acordo com Souza
(2002).

2. Rastreamento do risco na situação de trabalho

Para Souza (2002), a pesquisa, envolvendo as fontes de estresse, no ambiente


ocupacional, desde agentes físicos, químicos, ergonômicos e outros, até a sua forma

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organizacional, como a participação e o envolvimento nas atividades laborativas, o horário
de trabalho, como hora extra, trabalhos em turnos ou noturno, sobrecarga ou sub-carga
física ou mental, relações interpessoais, ritmo de trabalho, pressão de tempo, a
impossibilidade da ascensão funcional, com envolvimento da esfera doméstica, social e
individual que, segundo Cooper e Davidsno, nas suas análises, pode levar a reações de
estresse no exercício do trabalho (Rocha e Glima, 2000).

Em 1986, a partir de uma extensa literatura sobre o tema, relacionaram-se como


os principais agentes estressores ocupacionais, a sobrecarga, tanto quantitativa como
qualitativa, pressão, responsabilidades por pessoas, ambigüidade de papel, inabilidade
para desenvolver relacionamentos satisfatórios, percepção inadequada do
desenvolvimento da carreira (Rocha e Glima, 2000). Ainda conforme estes autores, o
colaborador, em situações inadequadas de trabalho podem desencadear crises mentais
agudas, neuróticas e psicóticas.

Paras Rocha e Glima (2000), as síndromes neuróticas incluem a fadiga crônica (a


patológica, a industrial), sendo classificada pela Estatística Internacional de Doenças e
problemas relacionados à Saúde (CID-10, 2000), no item F48 (neurastenia); a síndrome
do esgotamento profissional e estafa-S “burnout”, a síndrome residual pós-traumática, os
quadros neuróticos pós-traumáticos e as síndromes depressivas e paranóides, sendo que
as duas últimas estão no item F43.1. Dentro os transtornos psicossomáticos, os mais
estudados e destacados são as doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial,
aterosclerose, infarto do miocárdio e angina. Foi descrito um provável mecanismo de
gênese da doença coronariana, onde a partir das situações de trabalho estressantes,
ocorre um aumento de adrenalina e noradrenalina, resultando em aumento da lipólise,
com maior liberação de ácidos graxos livres no sangue e posterior depósito nas paredes
arteriais, levando ao processo de aterogênese, que é potencializado por fatores
genéticos, diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo e, finalmente, pela dieta com
alto conteúdo de ácidos graxos saturados , conforme Rocha e Glima, (2000).

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“As profissões, em que são freqüentes as exposições ao estresse mental e que
representam excessiva responsabilidade ou possuem conflitos constantes entre as
pessoas, são as que mais se associam a hipertensão arterial” (Rocha e Glima, 2000).

3.3. Doenças provocadas pelo estresse no trabalho

Quando o episódio estressante é muito longo, as conseqüências sobre o


organismo podem ser mais intensas, levando ao desgaste progressivo, às vezes, ao
esgotamento, o que evidentemente compromete a performance da pessoa. Para França e
Rodrigues, (1999) este aspecto, já tinha sido descrito SELYE, quando descreveu a
Síndrome Geral da Adaptação em 1936, e WOLFF, um dos fundadores e presidente da
Sociedade Americana de Psicossomática, já em 1952, demonstrava que os distúrbios da
relação do homem, com seu ambiente de trabalho, envolvendo aspecto físico e
psicossocial, podem gerar emoções desprazerosas e propiciar reações de vários tipos,
inclusive doenças.

Conforme França e Rodrigues, (1999), WOLFF em 1952, realizou dois tipos de


estudos, que merecem ser citados: no primeiro, ao estudar a resposta do organismo
humano a situações geradoras de insegurança e hostilidade, percebeu um aumento de
fluxo sanguíneo, dos movimentos e das secreções no estômago das pessoas. No
segundo, organizou dois grupos, um de indivíduos sem comprometimento físico e outro
com pessoas que apresentavam distúrbios de estômago e de duodeno. Submeteram
ambos os grupos a uma situação de estresse agudo e verificou o seguinte: os dois grupos
apresentaram respostas a nível corporal com aumento de produção de ácido clorídrico,
muco, pepsina e aumento dos movimentos do estômago; em relação aos processos
mentais, aumento da ansiedade, insegurança e sentimentos de culpa. Sendo que, no
grupo que já apresentava sintomas físicos, no meio do estudo tais reações foram mais
intensas. Com isso, mais uma vez ficou demonstrado que o medo, a angústia, a
frustração e a agressividade no trabalho, podem aumentar as tensões cardíacas,
musculares e digestivas.

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De acordo com Souza (2002), sabe-se hoje que o ser humano é capaz de
responder às ameaças decorrentes das interações sociais e não somente às ameaças
concretas, como as biológicas, representadas pelos microorganismos e ou físicos e
químicos. Assim, situações como quebra de laços de familiares e de estrutura social,
privação de necessidades afetivas básicas, obstáculos à realização pessoal, separação,
perda de emprego, viuvez, aposentadoria, entre outros, são situações potencialmente
danosas à pessoa, aumentando consideravelmente, a vulnerabilidade do ser humano à
ação dos agentes citados.

A profissão, que utiliza muito a atividade mental com responsabilidade em lidar


com as pessoas e envolvida com os conflitos humanos, apresenta alta associação com
doenças do sistema cardiovascular. Além de diversas outras manifestações e patologias
associadas à sobrecarga de estresse ocupacional, como prisão de ventre, diarréia, úlcera,
gastrite, dores musculares e na coluna, alergia, doenças de pele, coceiras, queda de
cabelo, cefaléia tensional, alterações menstruais, diminuição da libido, impotência sexual,
zumbido, tontura, vertigens, asma, bronquite, diabetes, câncer, doenças auto-imunes,
entre outras, como explana Souza (2002).

Quando se trabalha, o corpo vai se modelando as exigências e necessidades


mentais e físicas de cada função. Entender o nosso desconforto e as queixas, como
reações desse modo de viver, especialmente, dentro do trabalho, é o primeiro passo para
conhecer nossas necessidades como pessoa e os limites entre capacitação, exigência de
esforço físico-mental e de realização.

3.4. Prevenção do estresse no trabalho

Para Souza (2002), a mudança de atitudes permite uma melhor forma de lidar
com os fatores estressantes presentes no ambiente de trabalho, principalmente, quando
há o investimento em relações humanas saudáveis, baseadas em situações de
valorização e apreciação de pessoas. As pessoas necessitam de investir na prevenção
primária, tanto para os executivos e gerentes, quanto para os trabalhadores em geral,

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pois com o apoiado no consenso da Sociedade Americana de Psicologia, onde se
destaca que entre os principais fatores que desencadeiam o estresse estão à falta de
controle, a ambigüidade, a incerteza e os conflitos que não se podem ser gerenciados.

As pessoas precisam de dois a cinco destas atitudes para lidar bem com o
estresse: competência, atividades físicas, habilidades cognitivas para pensar
diferente a respeito da situação que se apresenta, ter bons amigos, boa família e
suporte social, de acordo com Souza (2002).

Em 1915, CANNON, identificou o estresse e, nos 50 anos seguintes, houve um


aumento de informações técnicas a esse respeito, ressaltando a educação como principal
antídoto para esse mal, esclarecendo as repercussões no organismo estressado e de
como ficar saudável, não esquecendo de trazer para a saúde ocupacional tecnologias
para dentro das organizações, e maneiras de promover o desenvolvimento das
habilidades das pessoas, em como lidar com situações conflitantes, ensinando e ou
aperfeiçoando as ferramentas de cada ser, respeitando a sua individualidade, conforme
Paraguay (1990).

Acredita-se que estamos lidando com uma epidemia e que o melhor remédio é
evitar, através do aprendizado de indivíduos em organizações de comportamentos
preventivos, evitando a propagação do estresse. Devem-se utilizar as mudanças do meio
ambiente para ter novas experiências e torná-las mais positivas e, com isso, o
aprendizado desta adaptação leva o indivíduo a se transformar em uma pessoa melhor,
capaz de gerenciar com habilidade os problemas inerentes ao cotidiano do ambiente
ocupacional e, por conseqüência, os outros aspectos da vida. Com a análise da carga
física de trabalho (posturas, efeitos de instrumentos e ferramentas de trabalho), do ritmo
de trabalho (monotonia, repetividade de tarefa) e das relações sociais, permite visualizar
com uma boa óptica, a situação ocupacional na saúde e bem estar dos trabalhadores de
acordo com Paraguay, (1990).

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O envolvimento e a participação do grupo de trabalho por inteiro no processo de
mudança da situação ocupacional e através do apoio do serviço de saúde da empresa,
existem a possibilidade de se realizar os levantamentos necessários através de
questionários, entrevistas e avaliações objetivas, sobre a saúde dos operadores e das
condições ambientais. Assim se consegue um diagnóstico inicial das necessidades e das
modificações necessárias para tornar o posto de serviço, o mais adequado possível para
a execução das suas atividades laborativas, com a preservação do ambiente e do bem-
estar, conforme Souza (2002).

Para Rocha e Glima (2000) grande parte das medidas necessária para se evitar
os problemas psicossociais dos trabalhadores seria de caráter social, político ou
econômico, mas destaca uma importante função dos serviços de Higiene e Medicina
doTrabalho na determinação dos fatores de estresse que atuam no ambiente de trabalho
e entre os trabalhadores. O caminho é longo e as mudanças continuarão sendo difíceis e
a prevenção e o controle do estresse podem ter como diretrizes as seguintes orientações:

• diminuição das pressões externas, com o aprimoramento do ambiente.


de trabalho, com a eliminação dos agentes agressivos, tornando-o mais.
adequado às características e necessidades humanas, com grande participação da
ergonomia;

• diminuição da vulnerabilidade humana à pressão, através de uma.


conquista de um maior amadurecimento emocional, equilíbrio nas formas de.
interação consigo mesmo, com os outros e com a vida em geral, ou seja, uma
maior habilidade emocional, o desenvolvimento da capacidade de administrar
o tempo e cuidados apropriados com a saúde;

• suporte social conseguido com apoio entre as pessoas, refletindo a capacidade


de dar e receber dos outros, ou seja, uma maior cooperação social.

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-------------FIM DO MÓDULO III-------------

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