Sei sulla pagina 1di 160

série AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

ACIONAMENTO DE
DISPOSITIVOS
ATUADORES

Volume 1
série AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

ACIONAMENTO DE
DISPOSITIVOS
ATUADORES

Volume 1
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

Diretoria de Educação e Tecnologia


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e Tecnologia

SENAI-DN – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

ACIONAMENTO
DE DISPOSITIVOS
ATUADORES

VOLUME 1
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional do Rio Grande do Sul

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI – Departamento Regional do Rio Grande do Sul.

Esta publicação foi elaborada pela equipe da Unidade Estratégica de Desenvolvimento


Educacional – UEDE/Núcleo de Educação a Distância – NEAD, do SENAI do Rio Grande do
Sul, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os
Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional do Rio Grande do Sul


Unidade Estratégica de Desenvolvimento Educacional – UEDE/Núcleo de Educação a
Distância – NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S491a
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional
Acionamento de dispositivos atuadores: volume 1/ Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional do Rio Grande do Sul. Brasília : SENAI/DN, 2012.
156 p. : il. (Série Automação Industrial)

ISBN 978-85-7519-522-2

1. Geração. 2. Abastecimento. 3. Controle da eletricidade. I. Servico Nacional de


Aprendizagem Industrial. Departamento Regional do Rio Grande
do Sul. II. Titulo. III. Série.

CDU 621.31
Bibliotecário Responsável: Enilda Hack- CRB 599/10

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte . Quadra 1 . Bloco C . Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen . 70040-903 . Brasília – DF . Tel.: (0xx61)3317-9190
Departamento Nacional http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Comparação das diferentes fontes de energia elétrica no Brasil ................................................19
Figura 2 -  Estrutura de um sistema elétrico.............................................................................................................19
Figura 3 -  Usina hidrelétrica..........................................................................................................................................21
Figura 4 -  Princípio de funcionamento de um gerador elementar.................................................................22
Figura 5 -  Distribuição da indução magnética sob um polo.............................................................................22
Figura 6 -  Sistema trifásico.............................................................................................................................................23
Figura 7 -  Gerador para carga puramente resistiva..............................................................................................24
Figura 8 -  Gerador com uma carga puramente indutiva....................................................................................24
Figura 9 -  Carga puramente capacitiva.....................................................................................................................25
Figura 10 -  Comparação das correntes de excitação...........................................................................................25
Figura 11 -  Evolução do motor elétrico.....................................................................................................................30
Figura 12 -  Partes de um motor elétrico de indução trifásico...........................................................................34
Figura 13 -  Vista explodida de um motor de indução trifásico.........................................................................35
Figura 14 -  Enrolamento de motores. a) Monofásico. b) Trifásico...................................................................36
Figura 15 -  Motor assíncrono com rotor tipo gaiola.............................................................................................37
Figura 16 -  Motor Dahlander........................................................................................................................................38
Figura 17 -  Motor elétrico trifásico com freio..........................................................................................................40
Figura 18 -  Divisão dos motores de acordo com a sua característica de funcionamento......................42
Figura 19 -  Placa com as especificações de um motor........................................................................................43
Figura 20 -  Conjugado de um motor elétrico X escorregamento...................................................................45
Figura 21 -  Representação de perdas de um motor elétrico assíncrono......................................................52
Figura 22 -  Rendimento .................................................................................................................................................54
Figura 23 -  Triângulo das potências ..........................................................................................................................55
Figura 24 -  Banco de capacitores ligado em triângulo ......................................................................................56
Figura 25 -  Correção do fator de potência por meio do banco de capacitores na baixa tensão.........58
Figura 26 -  Conjugado de um motor trifásico........................................................................................................62
Figura 27 -  Motor de alto rendimento.......................................................................................................................63
Figura 28 -  Composição de um fusível .....................................................................................................................68
Figura 29 -  Simbologia do fusível ...............................................................................................................................69
Figura 30 -  Fusível tipo D................................................................................................................................................70
Figura 31 -  Punho saca-fusível......................................................................................................................................71
Figura 32 -  Fusível do tipo NH......................................................................................................................................71
Figura 33 -  Contador........................................................................................................................................................72
Figura 34 -  Contatos auxiliares e principais de um contator.............................................................................73
Figura 35 -  Simbologia do contator (bobina), os contatos principais e os contatos auxiliares............73
Figura 36 -  Representação dos contatos auxiliares...............................................................................................74
Figura 37 -  Sequência de contatos.............................................................................................................................74
Figura 38 -  Comportamento de cargas resistivas, indutivas e capacitivas na hora da partida.............75
Figura 39 -  Nomenclatura de um relé de sobrecarga com a sua simbologia.............................................77
Figura 40 -  Nomenclatura dos contatos auxiliares de um relé de sobrecarga coma sua simbologia....77
Figura 41 -  Relé de falta de fase...................................................................................................................................78
Figura 42 -  Ligação de um PTC em um motor elétrico........................................................................................79
Figura 43 -  Disjuntor........................................................................................................................................................79
Figura 44 -  Etapas de funcionamento de um disjuntor. a) Disjuntor ligado - disparadores no repou-
so; b) Disjuntor desligado; c) Disjuntor desarmado - atuação dos disparadores........................................80
Figura 45 -  Disjuntor........................................................................................................................................................81
Figura 46 -  Utilização de transformador em uma rede trifásica, a) sem neutro, b) com neutro e c)
Simbologia do transformador.......................................................................................................................................83
Figura 47 -  Autotransformador de partida trifásico..............................................................................................84
Figura 48 -  Temporizador ..............................................................................................................................................85
Figura 49 -  Diagrama de funcionamento de um ON DELAY..............................................................................85
Figura 50 -  Simbologia a) de um temporizador ON DELAY e b) do contato................................................86
Figura 51 -  Diagrama de funcionamento de um OFF DELAY............................................................................86
Figura 52 -  Simbologia a) de um temporizador OFF DELAY e b) da simbologia dos contatos.............86
Figura 53 -  Simbologia de um contador de pulsos...............................................................................................87
Figura 54 -  Funcionamento de um contador..........................................................................................................88
Figura 55 -  Chave de impulso.......................................................................................................................................91
Figura 56 -  Chave com retenção..................................................................................................................................92
Figura 57 -  Chave impulso (2NA + 2NF) e chave trava (2NA + 1 NF)..............................................................92
Figura 58 -  Chave impulso (três posições) e chave trava (duas posições)....................................................92
Figura 59 -  Chaves manuais...........................................................................................................................................93
Figura 60 -  Tomadas e plugues industriais...............................................................................................................93
Figura 61 -  Tipos de botoeiras......................................................................................................................................94
Figura 62 -  Alguns tipos de sinaleiros........................................................................................................................95
Figura 63 -  Sistema gerador com três bobinas.................................................................................................... 101
Figura 64 -  Sistema gerador ligado em triângulo............................................................................................... 103
Figura 65 -  Correntes e tensões do esquema em triângulo............................................................................ 104
Figura 66 -  Sistema gerador ligado em estrela ................................................................................................... 104
Figura 67 -  Correntes e tensões do esquema em estrela ................................................................................ 105
Figura 68 -  Tensão nominal múltipla a 9 fios ....................................................................................................... 106
Figura 69 -  Ligação estrela-triângulo...................................................................................................................... 106
Figura 70 -  Esquemas de ligação de um motor com tripla tensão (estrela em paralelo, triângulo em
paralelo e estrela em série) ......................................................................................................................................... 107
Figura 71 -  Ligação de um motor com tripla velocidade (motor com três ligações em estrela, com
enrolamento Dahlander e ligação em estrela)..................................................................................................... 107
Figura 72 -  Representação gráfica UNIFILAR de um circuito principal ...................................................... 108
Figura 73 -  Representação gráfica TRIFILAR......................................................................................................... 109
Figura 74 -  Representação gráfica de um circuito de comando................................................................... 109
Figura 75 -  Funções de partidas de motores elétricos...................................................................................... 111
Figura 76 -  Circuito de potência de uma partida direta: a) coordenada por fusíveis; b) coordenada
por disjuntores................................................................................................................................................................. 112
Figura 77 -  Circuito de comando de uma partida direta................................................................................. 113
Figura 78 -  Circuito de potência de uma partida direta com reversão: a) coordenada por fusíveis; b)
coordenada por disjuntores........................................................................................................................................ 114
Figura 79 -  Circuito de comando de uma partida direta com reversão..................................................... 114
Figura 80 -  Circuito de potência de uma partida estrela-triângulo: a) Coordenada por fusíveis; b)
Coordenada por disjuntores ...................................................................................................................................... 116
Figura 81 -  Circuito de comando de uma partida estrela-triângulo ........................................................... 116
Figura 82 -  Comportamento do conjugado e da corrente com a ligação Y- ∆, em função da velocidade... 117
Figura 83 -  Circuito de potência de uma partida com chave compensadora com autotransforma-
dor: a) coordenada por fusíveis; b) coordenada por disjuntores................................................................... 119
Figura 84 -  Circuito de comando de uma partida com chave compensadora com auto-
transformador .............................................................................................................................................................. 119
Figura 85 -  Comportamento do conjugado e da corrente com a ligação com chave compensadora
em função da velocidade............................................................................................................................................. 119
Figura 86 -  Fatores de redução K1 e K2 em função das relações de tensão do motor e da rede...... 120
Figura 87 -  Exemplo das características de desempenho de um motor quando parte com 85%
da tensão........................................................................................................................................................................... 120
Figura 88 -  Diagrama elétrico da chave em série-paralelo............................................................................. 122
Figura 89 -  Circuito de comando da chave série-paralelo............................................................................... 122
Figura 90 -  Controle de fases de um motor trifásico utilizando um soft-starter..................................... 126
Figura 91 -  Diagrama em blocos de um soft-starter ......................................................................................... 126
Figura 92 -  Comparativo da corrente entre partidas direta, estrela-triângulo e soft-starter.............. 127
Figura 93 -  Ligação direta com o soft-starter....................................................................................................... 128
Figura 94 -  Ligação com contator by-pass............................................................................................................ 128
Figura 95 -  Diagrama de comando do soft-starter............................................................................................ 129
Figura 96 -  Inversor de frequência........................................................................................................................... 129
Figura 97 -  Componentes de um inversor............................................................................................................ 130
Figura 98 -  Circuito inversor....................................................................................................................................... 131
Figura 99 -  Modulação por PWM.............................................................................................................................. 132
Figura 100 -  Gráfico escalar........................................................................................................................................ 132
Figura 101 -  Inversor de frequência trifásico........................................................................................................ 133
Figura 102 -  Inversor de frequência monofásico................................................................................................ 133
Figura 103 -  Gráfico do parâmetro 5 do inversor – tempo de partida........................................................ 137
Figura 104 -  Gráfico do parâmetro 5 do inversor – tempo de parada........................................................ 137
Figura 105 -  Função pulso de partida..................................................................................................................... 138
Figura 106 -  Sobrecorrente imediata na saída..................................................................................................... 139
Figura 107 -  Subcorrente imediata.......................................................................................................................... 139

Quadro 1 - Principais causas e consequências de um baixo fator de potência...........................................56


Quadro 2 - Tipos de disparos dos disjuntores..........................................................................................................82
Quadro 3 - Identificação das cores dos botões.......................................................................................................94
Quadro 4 - Identificação de sinaleiros conforme a sua cor.................................................................................95
Quadro 5 - Simbologias utilizadas em eletricidade industrial...........................................................................96
Quadro 6 - Sistema Internacional de Unidades.......................................................................................................97
Quadro 7 - Conversão de unidades em medidas...................................................................................................98
Quadro 8 - Esquemas de ligação dos motores elétricos................................................................................... 108
Quadro 9 - Quadro comparativo entre estrela-triângulo e compensadora............................................... 121
Quadro 10 - Métodos de partidas x motores........................................................................................................ 126
Quadro 11 - Comparativo entre alguns métodos de partida e suas vantagens....................................... 135
Quadro 12 - Comparativo entre alguns métodos de partida e suas desvantagens................................ 136

Tabela 1: Técnico em Automação Industrial.............................................................................................................14


Tabela 2: Comparação das diferentes fontes de energia elétrica no mundo...............................................18
Tabela 3: Velocidade do motor em rpm de acordo com o número de polos e frequência de
funcionamento..................................................................................................................................................................33
Tabela 4: Velocidade do motor em rpm de acordo com o número de polos e frequência de
funcionamento..................................................................................................................................................................34
Tabela 5: Principais problemas e causas de um motor assíncrono..................................................................41
Tabela 6: Tipo de carga x fator de potência..............................................................................................................55
Tabela 7: Código de cores dos fusíveis tipo D..........................................................................................................70
Tabela 8: Capacidade de interrupção de corrente em relação aos códigos dos fusíveis NH..................71
Tabela 9: Faixa de corrente de regime: valores básicos........................................................................................82
Tabela 10: Tabela de fios com a corrente máxima suportada série métrica e AWG................................ 102
Tabela 11: Relação entre tensões (linha/fase) e correntes (linha/fase) e potência em um sistema
trifásico................................................................................................................................................................................ 105
Sumário
1  Introdução.......................................................................................................................................................................13

2  Geração de energia elétrica.......................................................................................................................................17


2.1 Sistemas elétricos........................................................................................................................................17
2.1.1 Conceito de energia..................................................................................................................17
2.1.2 Sistema elétrico trifásico.........................................................................................................17
2.1.3 Geração de energia elétrica...................................................................................................18
2.1.4 Comparação das diferentes fontes de energia elétrica no mundo..........................18
2.1.5 O caminho da energia elétrica..............................................................................................20
2.1.6 Máquinas primárias...................................................................................................................20
2.1.7 Princípio de funcionamento de um gerador...................................................................21
2.1.8 Atuação do gerador..................................................................................................................23
2.2 Cogeração de energia elétrica................................................................................................................26

3  Motores elétricos...........................................................................................................................................................29
3.1 Histórico sobre motores elétricos .........................................................................................................29
3.2 Evolução do motor elétrico......................................................................................................................30
3.3 Motores de corrente alternada monofásicos.....................................................................................31
3.4 Motores de corrente alternada trifásicos ...........................................................................................32
3.4.1 Motores síncronos.....................................................................................................................32
3.4.2 Motores assíncronos.................................................................................................................33
3.4.3 Partes de um motor de indução trifásico..........................................................................34
3.4.4 Princípio de funcionamento de um motor de indução trifásico..............................36
3.4.5 Tipos de motores de indução trifásicos.............................................................................36
3.4.6 Principais problemas que ocorrem em um motor assíncrono..................................41
3.5 Características dos motores.....................................................................................................................41
3.5.1 Especificações de um motor elétrico..................................................................................42
3.5.2 Conservação de energia..........................................................................................................62
3.5.3 Controle de demanda..............................................................................................................64

4  Dispositivos de proteção e manobra de motores.............................................................................................67


4.1 Dispositivos de proteção...........................................................................................................................67
4.2 Características dos dispositivos de proteção e manobra de motores......................................68
4.2.1 Fusíveis...........................................................................................................................................68
4.2.2 Contator........................................................................................................................................72
4.2.3 Relés de sobrecarga..................................................................................................................76
4.2.4 Disjuntor........................................................................................................................................79
4.2.5 Transformador de comando..................................................................................................83
4.2.6 Relés temporizadores...............................................................................................................85
4.2.7 Contador de impulsos elétricos............................................................................................87
5  Dispositivos de comando e sinalização.................................................................................................................91
5.1 Dispositivos de comando e sinalização...............................................................................................91
5.1.1 Chaves............................................................................................................................................91
5.1.2 Botoeira ou botão liga e desliga e fim de curso..............................................................93
5.1.3 Sinaleiros.......................................................................................................................................95
5.2 Simbologias, unidades e tabela de conversão .................................................................................95

6  Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos....................................... 101


6.1 Identificação das bobinas de um motor de indução trifásico.................................................. 101
6.1.1 Esquemas de ligações .......................................................................................................... 102
6.1.2 Ligações utilizadas nos motores....................................................................................... 107
6.2 Representação gráfica de um circuito............................................................................................... 108
6.3 Partidas de motores ................................................................................................................................ 110
6.3.1 Partida direta............................................................................................................................ 111
6.3.2 Inversão do sentido de rotação de motores trifásicos.............................................. 113
6.3.3 Chave estrela-triângulo........................................................................................................ 115
6.3.4 Chave compensadora........................................................................................................... 118
6.3.5 Chave em série-paralelo....................................................................................................... 121

7  Soft-starters e inversores......................................................................................................................................... 125


7.1 Chave eletrônica (soft-starter).............................................................................................................. 125
7.1.1 Formas de ligação do soft-starter..................................................................................... 127
7.2 Inversor de frequência............................................................................................................................ 129
7.2.1 Controle de chaveamento................................................................................................... 131
7.2.2 Instalações do inversor......................................................................................................... 133
7.3 Comparação entre alguns métodos de partida............................................................................. 135
7.4 Soft-starter x inversor de frequência................................................................................................. 136
7.5 Parametrização de drivers..................................................................................................................... 136

8  Normas técnicas aplicadas à instalação de circuitos elétricos................................................................... 143

Referências......................................................................................................................................................................... 147

Minicurrículo do Autor.................................................................................................................................................. 151

Índice................................................................................................................................................................................... 152
Introdução

Esta unidade curricular “Acionamento de Dispositivos Atuadores” tem o objetivo de familiarizar o


aluno com as características e o funcionamento de dispositivos atuadores em sistemas de controle
e automação. Considera conhecimentos relativos à Eletricidade Industrial, Pneumática, Hidráulica e
Controladores Lógicos Programáveis – CLPs (DCN-DN).
O capítulo 2 apresentará a eletricidade industrial, relacionando-a a fundamentos de física e à
transformação de energia. Definiremos a aplicabilidade dos fundamentos de eletricidade relativos
aos sistemas de controle e automação.
No capítulo 3, estudaremos os motores elétricos, suas características específicas, seu
funcionamento e construção e suas divisões.
O capítulo 4 apresentará os principais dispositivos de proteção e de manobra para a ligação
segura de um motor elétrico, mostrando o seu comportamento em um circuito elétrico.
No capítulo 5, conheceremos os principais dispositivos de comando e sinalização para a ligação
de motores elétricos, verificando o princípio de funcionamento e a aplicação em circuitos elétricos.
No capítulo 6, estudaremos os esquemas de ligação de motores e as principais partidas de
motores elétricos trifásicos.
O capítulo 7 apresentará as características e o funcionamento do soft-starter e do inversor,
identificando suas rotinas de parametrização.
O capítulo 8 apresentará as principais normas técnicas aplicáveis à segurança de instalação de
circuitos elétricos.
A seguir, são descritos na matriz curricular dos módulos e as unidades curriculares previstos e as
respectivas cargas horárias. (Tabela 1)
Tabela 1: Técnico em Automação Industrial
Módulos Denominação Unidades Curriculares Carga Carga Horária
Horária Módulo
Módulo Básico Fundamentos técnicos e • Fundamentos da Comunicação 100h 340h
científicos • Fundamentos da Eletrotécnica 140h
• Fundamentos da Mecânica 100h
Módulo Fundamentos técnicos e • Acionamento de Dispositivos 160 h 340h
Introdutório científicos Atuadores
• Processamento de Sinais 180 h
Específico I Manutenção e Implemen- • Gestão da Manutenção 34h 340 h
tação de equipamentos e • Implementação de Equipamentos 136h
dispositivos Dispositivos
• Instrumentação e Controle
• Manutenção de Equipamentos e 102h
Dispositivos 68h
Específico II Desenvolvimento de • Desenvolvimento de Sistemas de 100h 340h
sistemas de controle e Controle
Automação • Sistemas Lógicos Programáveis 160h
• Técnicas de Controle 80h
Fonte: SENAI
Geração de energia elétrica

De onde vem a energia elétrica? Como é gerada? Como surge o sistema trifásico? A tensão já
é “criada” com 110V/220V? Muitas vezes fazemos essas perguntas e não conseguimos respostas
coerentes. Neste capítulo, vamos tentar responder alguns desses questionamentos.
Veremos alguns aspectos importantes relacionados ao conceito de energia, apresentando
seu sistema de geração, transmissão e distribuição. Além disso, analisaremos o sistema elétrico
trifásico, que é responsável por boa parte do fornecimento de energia industrial (principalmente)
que será convertida em força no sistema de automação.

2.1 Sistemas elétricos

Vamos iniciar com a apresentação de conceitos relativos a sistemas elétricos, abrangendo a


geração, as características e as etapas para a geração de energia elétrica.

2.1.1 Conceito de energia

Segundo Capelli (2010), energia é a quantidade de trabalho que um sistema é capaz


de fornecer. Não pode ser destruída ou criada, somente transformada. Por exemplo,
quando abastecemos o carro com combustível, a energia química gerada pela queima do
combustível transforma-se em movimento (energia cinética), em calor (energia térmica)
e em barulho (energia sonora). Quando uma energia é convertida, somente uma parte é
transformada em outro tipo de energia.

2.1.2 Sistema elétrico trifásico

Como foi visto no Módulo Básico, em Fundamentos de Eletrotécnica, a tensão elétrica


nada mais é do que a diferença de potencial entre dois pontos, e a corrente alternada é
aquela que varia com o tempo. Para iniciarmos o estudo, devemos ver alguns aspectos
sobre geração do sistema de energia.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
18

A frequência de 60Hz significa que o fluxo magnético


VOCÊ através da armadura se alterna entre os valores positivos e
SABIA? negativos 60 vezes por segundo, e consequentemente, o
mesmo ocorre com a corrente e a tensão?

2.1.3 Geração de energia elétrica

A geração de energia elétrica ocorre pela transformação de qualquer tipo de


energia em energia elétrica. Em relação à distribuição elétrica no mundo, Capelli
(2010) nos diz que ela não é homogênea, já que um terço de toda a população
não tem acesso a ela. Isso significa que praticamente 3 bilhões de pessoas vivem,
literalmente, no escuro, e metade dessa população está no continente africano.
Por outro lado, os Estados Unidos consomem um quarto de toda a energia
elétrica produzida no mundo, o que os torna o segundo consumidor per capita
de energia elétrica, perdendo apenas para o Canadá.
Dependendo das condições geográficas de cada país, as fontes de energia
elétrica são variadas. A Tabela 2 mostra a média mundial das fontes de
energia elétrica, enquanto Figura 1 apresenta o cenário de energia elétrica
no Brasil e sua distribuição.

2.1.4 Comparação das diferentes fontes de energia elétrica


no mundo

A Tabela 2 e a Figura 1 mostram que o Brasil consome cerca de 73%


de energia elétrica hídrica. Assim, o sistema de produção e transmissão
de energia elétrica do Brasil pode ser classificado como hidrotérmico de
grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com
múltiplos proprietários.

Tabela 2: Comparação das diferentes fontes de energia elétrica no mundo


Fontes de energia Porcentagem
Carvão 40%
Hídrica 18%
Nuclear 17%
Gás 14%
Óleo 11%
Fonte: Capelli, 2010
2 Geração de energia elétrica
19

Fontes de Energia Mundial


Biomassa Energia Eólica
4,8%
Energia de
importação
8,6%
Derivados do
petróleo
3,0%

Carvão e
Energia Nuclear Derivados
2,8% 1,6%
Gás natural
6,0%

Figura 1 -  Comparação das diferentes fontes de energia elétrica no Brasil


(*) Inclui lenha, bagaço de cana, lixívia e outras recuperações.
Fonte: Leão, 2009

A oferta da energia elétrica aos usuários é realizada por meio da prestação


de serviço público concedido pelo Governo Federal, para que seja explorado por
entidade privada ou governamental. As empresas que prestam serviço público de
energia elétrica, o fazem por meio de concessão ou permissão estabelecida pelo
poder público.
A Figura 2 mostra uma estrutura básica de transmissão de energia elétrica,
desde a sua produção até o seu consumo.
Subestação
Transformador
Azul: Transmissão Rebaixador
Vermelho: Distribuição Linha de Transmissão
Preto: Geração 500, 345, 230, and 138 kV Cliente de
Subtransmissão
de Energia
26kV and 69kV

Empresas de Consumidor Primário


Transformador Transmissão de Energia 13kV and 4 kV
Usina de Geração Elevador 138kV or 230kV
de Energia

Consumidor Secundário
120V and 240V

Figura 2 -  Estrutura de um sistema elétrico


Fonte: Leão, 2009

Os sistemas elétricos são tipicamente divididos nos seguintes segmentos:


geração, transmissão, distribuição, utilização e comercialização. As tensões
trifásicas mais utilizadas nas redes industriais são:
• baixa tensão: até 1.000V (1kV);
• média tensão: entre 1.000V (1kV) e 50.000V (50kV);
• alta tensão: entre 50.000V (50kV) e 230.000V (230kV);
• extra-alta tensão: acima de 230kV.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
20

2.1.5 O caminho da energia elétrica

Para que a energia elétrica chegue até a sua casa é necessário que passe pelas
seguintes etapas:
• máquina primária – transforma qualquer energia em energia de cinética de
rotação para ser aproveitada pelo gerador;
• geradores – transformam a energia cinética de rotação das máquinas
primárias em energia elétrica;
• transformador – compatibiliza o nível da tensão da saída com a tensão do
sistema ao qual o gerador será ligado. Ele pode elevar ou rebaixar a tensão.
As tensões de trabalho nesta etapa são de 69kV ou 13,8kV;
• comando, controle e proteção – controla a interligação de um grupo de
geradores, compatibilizando as tensões e o sincronismo da rede antes de
comandar o fechamento da linha.
Vamos ver agora alguns aspectos dessas etapas.

2.1.6 Máquinas primárias

O processo de transformar qualquer tipo de energia em energia cinética de


rotação, para que possa ser aproveitada pelo gerador, ocorre em duas etapas:
• naprimeira etapa, uma máquina primária transforma qualquer tipo de
energia em energia cinética de rotação;
• na segunda etapa, um gerador elétrico acoplado à máquina primária transforma
a energia cinética de rotação em energia elétrica, através de um gerador.
As máquinas primárias são muito utilizadas. As mais conhecidas são:
• hidrelétrica – transforma a energia potencial acumulada de alguns milhões
de litros de água em energia cinética, devido ao desnível;
• diesel – transforma a energia térmica do diesel em rotação para o gerador.
Essa máquina primária é movida com motor a diesel;
• termelétrica – transforma a água em vapor, que gera uma pressão necessária para
movimentar a turbina. Nesse caso, a máquina primária é uma turbina de vapor de
água que opera em conjunto com uma caldeira, que transforma a água em vapor.
A turbina é alimentada por combustível, que pode ser de vários tipos: sólido de
origem mineral (turfa, carvão); sólido de origem vegetal (lenha, serragem, bagaço
de cana, pinho, entre outros); líquidos minerais (refinação do petróleo e destilação
do xisto betuminoso); líquido vegetal (biodiesel); gasoso de origem mineral (gases
de petróleo, gasogênio); gasoso de origem orgânica (metano);
2 Geração de energia elétrica
21

• termonucleares – funciona de forma idêntica à termelétrica, só que, em vez


de o combustível ser uma reação química de combustão, tem uma reação
nuclear que gera calor necessário para aquecer a água;
• turbina
eólica – transforma a energia contida nos ventos em rotação
mecânica de um gerador. Geralmente este gerador chama-se aerogerador.

SAIBA Pesquise sobre as máquinas termelétricas, termonucleares, a


MAIS diesel e eólica.

Podemos ver um exemplo de utilização de uma máquina primária na usina


hidrelétrica. Em uma usina desse tipo, a turbina hídrica transforma a energia
potencial da água em desnível, em energia cinética de rotação, que é transferida
a um eixo acoplado a um gerador, como mostra a Figura 3.

Barragem
Reservatório Casa das Máquinas

Transformador
Linhas de Transmissão

Gerador

Entrada Eclusa Tubulação Turbina Saída


d’água d’água
Figura 3 -  Usina hidrelétrica
Fonte: WEG, 2005c

2.1.7 Princípio de funcionamento de um gerador

Segundo o catálogo industrial da empresa WEG, o princípio do funcionamento


de um gerador elétrico está baseado no movimento relativo entre uma espira e
um campo magnético. Os terminais da espira são conectados a dois anéis, que
são ligados a um circuito externo por meio de escovas. Esse tipo de gerador é
chamado armadura giratória, como mostra a Figura 4.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
22

1
F. E. M.
Campo magnético GERADOR DE CORRENTE ALTERNADA
A força eletromagnética
é também conhecida por Campo indutor
força de Laplace. Quando
um condutor elétrico Anéis coletores S S
N N
percorrido por corrente
é atravessado por um
campo magnético, surge
uma força que atua sobre Armadura
o condutor. 1 3
Escovas

S S
N N

2 4

Figura 4 -  Princípio de funcionamento de um gerador elementar


Fonte: WEG, 2005c

Nesse caso, admite-se que a bobina gira com uma velocidade uniforme no
sentido da flecha dentro do campo magnético, também uniforme. A variação da
F.E.M.1 (força eletromagnética) no condutor, em função do tempo, é determinada
pela lei da indução magnética sobre um polo, como já visto na Unidade Curricular
Fundamentos de Eletrotécnica.
A Figura 5 mostra o corte lateral de uma bobina no campo magnético em doze
posições diferentes, separadas em 30º. Podemos perceber que o condutor varia
sob um tempo de lei senoidal, gerando consequentemente uma onda senoidal.
Relação
2 1 12
3 11
4 10
N 5 9
S
6 8
7
(a)

-1

-5

-5

-1
0o 60o 120o 130o 240o 300o 360o

(b)

Figura 5 -  Distribuição da indução magnética sob um polo


Fonte: WEG, 2005c

A cada giro completo das espiras, teremos um ciclo completo de tensão gerada
para uma máquina de um par de polos. Os enrolamentos podem ser constituídos
com um número maior de polos, que se distribuem alternadamente (um norte
(N) e um sul (S)).
2 Geração de energia elétrica
23

No Brasil, a frequência da rede elétrica é de 60Hz, enquanto


VOCÊ no Paraguai e na Inglaterra é 50Hz. A utilização de baixa
SABIA? frequência facilita a construção de motores de baixa rotação.

O sistema elétrico trifásico é formado pela associação de três sistemas


monofásicos de tensões, de tal forma que a defasagem entre eles seja de 120º.
O enrolamento desse tipo de gerador também é constituído por três conjuntos
de bobinas dispostas simetricamente no espaço, defasadas, também, em 120º.
Para que tenhamos V1=V2=V3, as três bobinas devem ter o mesmo número de
enrolamentos e a mesma espessura de fio. A figura 6 mostra esse tipo de geração.
V1 V2 V3

11 12 13

360º 1 Ciclo
120º
120º 120º 120º

V1 V2 V3

Tempo
1 2 3 4 5 6

Figura 6 -  Sistema trifásico


Fonte: WEG, 2005c

Esse sistema tem maior eficiência para utilização na indústria simplesmente


por ter as três fases defasadas, aumentando, consequentemente, a tensão de
trabalho (220V, 380V, 440V e 760V), dependendo do tipo de ligação que se faça.
Outro motivo de eficiência decorre do fato de esse sistema ser equilibrado, isto é,
as tensões em cada fase são iguais entre si. Os motores trifásicos têm o mesmo
tamanho de um monofásico, mas possuem uma potência maior e constante,
obtendo, assim, uma economia de energia, enquanto o motor monofásico possui
uma potência pulsante, não estabilizada.

A corrente alternada (CA) foi adotada para transmissão


de energia elétrica a longas distâncias devido à facilidade
VOCÊ relativa para ter o valor de sua tensão alterada por intermédio
SABIA? de transformadores. Além disso, as perdas em CA são bem
menores do que em corrente contínua (CC).

2.1.8 Atuação do gerador

Para o caso de o gerador atuar a vazio (rotação constante), a tensão de


armadura dependerá do fluxo magnético gerado pelos polos de excitação, ou
ainda da corrente que circula pelo enrolamento de campo.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
24

E Quando o gerador alimenta uma carga puramente resistiva2, um campo


magnético polos defasados 90º em atraso em relação aos polos principais, como
ma mostra a Figura 7. Esses polos exercem, sobre os polos induzidos, uma força
cordo
nte de contrária ao movimento, gastando potência mecânica para o rotor poder girar.

Polo Norte
N
E
N

S
a carga
om S
orma Polo Sul
lo,
dores
cia
Figura 7 -  Gerador para carga puramente resistiva
tensão. Fonte: WEG, 2005c

Já com a carga puramente indutiva3, a corrente de carga está atrasada em 90º


com relação à tensão, e o campo da armadura estará consequentemente na mesma
AÇÃO direção do campo principal, mas com polaridade oposta, como mostra a Figura 8.
a
te

S
N
E
S
a carga N
om
forma

Figura 8 -  Gerador com uma carga puramente indutiva


Fonte: WEG, 2005c

Esse tipo de máquina gera um efeito desmagnetizante. As cargas indutivas


armazenam energia no seu campo indutor e a devolvem totalmente ao gerador, não
exercendo nenhum conjugado frenante sobre o induzido. Nesse caso, só é necessária
energia mecânica para compensar as perdas. O que aumenta consideravelmente é
a corrente de excitação4, necessária para manter a tensão nominal.
No gerador com uma carga puramente capacitiva5, a corrente de armadura
para uma carga capacitiva está adiantada em 90º com relação à tensão.
Consequentemente, o campo de reação da armadura estará na mesma direção do
campo principal e com a mesma polaridade, como mostra a Figura 9. Esse tipo de
máquina gera um efeito magnetizante. As cargas capacitivas armazenam energia
em seu campo elétrico e a devolvem totalmente ao gerador, não exercendo
também, nenhum conjugado (torque) de frenagem sobre o campo induzido.
Devido ao efeito magnetizante, será necessário reduzir a corrente de excitação
para manter a tensão nominal.
2 Geração de energia elétrica
25

N
N

S
S

Figura 9 -  Carga puramente capacitiva


Fonte: WEG, 2005c

A Figura 10 mostra a variação de corrente de excitação para manter a tensão


de armadura constante.

I exc. iva
in dut
ga
Car s tiva
o resi
Carg

Carg
a Copa
citiva

Uf
Figura 10 -  Comparação das correntes de excitação
Fonte: WEG, 2005c

Na prática, encontramos as cargas com defasagem intermediária entre


totalmente resistiva, indutiva ou capacitiva. Nesse caso, o campo induzido
pode ser decomposto em dois campos: um transversal e outro magnetizante
ou desmagnetizante. Somente o campo transversal tem um efeito frenante,
consumindo, dessa forma, a potência mecânica da máquina acionante.
A partir da geração, a energia elétrica é enviada para residências e indústrias,
onde, dependendo a tensão que sai do gerador, é rebaixada pelos transformadores
até chegar a uma tensão de trabalho apropriada. A partir daí, uma aplicação da
tensão na indústria é a energização de máquinas e motores elétricos.

VOCÊ Veja uma simulação de funcionamento do campo girante no


SABIA? site http://www.walter-fendt.de/ph14e/accircuit.htm.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
26

2.2 Cogeração de energia elétrica

Após vermos o funcionamento e características dos geradores, podemos


avançar um pouco e abordar a cogeração. De acordo com a ANEEL (Agencia
Nacional de Energia Elétrica), a cogeração é um processo de produção combinada
de calor e energia elétrica a partir de um mesmo combustível, capaz de produzir
benefícios sociais, econômicos e ambientais.

A atividade de cogeração contribui efetivamente para a


VOCÊ racionalização energética, uma vez que possibilita maior
SABIA? produção de energia elétrica e térmica a partir da mesma
quantidade de combustível.

A cogeração, tanto na geração da energia térmica como no outro tipo de


energia, é utilizada diretamente em processos de manufatura, como em fornos,
caldeiras e outros. A cogeração é o reaproveitamento dos resíduos da energia
dessas fontes para a geração de energia elétrica, diminuindo consequentemente
as perdas e aumentando o rendimento e o aproveitamento das fontes de energia.
Desse modo, a cogeração é a forma mais eficiente de gerar calor e energia elétrica
a partir de uma mesma fonte de energia.

CASOS E RELATOS

“Fazendas de vento”
Aproveitar a força dos ventos para geração de energia elétrica apresenta-
se, cada vez mais, como forma de diversificar a matriz energética mundial,
frente aos impactos ambientais decorrentes do uso de combustíveis fósseis,
hidrelétricas, termelétricas e usinas nucleares. Seguindo essa tendência mundial,
foi construído e já está em operação, desde 2006, o Complexo Eólico de Osório,
no Estado do Rio Grande do Sul, que é a maior usina eólica da América Latina.
A geração de energia produzida pela “fazenda de vento” de Osório
complementa o Sistema Integrado Nacional e poderá atender o consumo
residencial de cerca de 650 mil pessoas quando estiver em pleno funcionamento.
O Parque de Osório possui 75 aerogeradores gigantes, instalados em torres de
concreto com 810t, alcançando 135m de altura na ponta da hélice (corresponde
a um prédio de 45 andares). Cada aerogerador tem 71m de diâmetro de rotor
e varre uma área de 3.959m2 com suas três pás, produzindo 2MW de potência.
A cada 100MW médios gerados por parques eólicos, são economizados
40m3/s de água na cascata do Rio São Francisco, segundo o Ministério de Minas
e Energia. Um ano de geração de energia do Parque Eólico de Osório equivale
à redução de emissão de 148.324 toneladas métricas de dióxido de carbono.
2 Geração de energia elétrica
27

A cada 100 megawatts médios gerados por parques eólicos são economizados
40 m3/s de água na cascata do Rio São Francisco, segundo o Ministério de Minas
e Energia. Um ano de geração de energia do Parque Eólico de Osório equivale
reduzir a emissão de 148.324 toneladas métricas de dióxido de carbono.

Recapitulando

Neste capítulo, estudamos os conceitos atribuídos aos sistemas elétricos,


importantes para o entendimento da produção, transformação e transporte
da energia elétrica para o sistema industrial ou residencial. Vimos como é o
funcionamento de um sistema trifásico, mostrando as etapas de funcionamento
para gerar a energia.
Vimos os tipos de geradores que existem que podem ter carga indutiva, resistiva,
capacitiva ou intermediária. Vimos algumas características das fontes geradoras
de energia elétrica. Vimos o conceito e funcionamento da coogeração de energia,
mostrando os benefícios que são possíveis com a consequência da geração da
energia primária.
Motores elétricos

Um motor elétrico é capaz de transformar a energia elétrica em energia mecânica, utilizando


normalmente o princípio do campo magnético. Conforme as características funcionais e de
construção, os motores podem ser classificados genericamente como: (a) de corrente contínua,
(b) alternados de indução ou assíncronos e (c) alternados síncronos.
Este texto apresentará em detalhes apenas os motores de indução trifásicos, mas muitas
perguntas existem: Como é o funcionamento básico de um motor elétrico? Como se origina o
movimento deste motor? O que é rendimento de um motor? O que é o que é torque? A seguir,
apresentamos um breve histórico.

3.1 Histórico sobre motores elétricos

A história do motor elétrico tem início em 1600, quando o cientista inglês William
Gilbert publicou, em Londres, a obra intitulada De Magnete, descrevendo a força de
atração magnética. Porém, o fenômeno da eletricidade estática já havia sido observado
pelo filósofo grego Tales de Mileto, em 641 a.C., quando atritou uma peça de âmbar com
um pedaço de pano. Ele verificou que a peça de âmbar adquiriu a propriedade de atrair
corpos leves como pelos, penas, cinzas, etc.
Séculos se passaram, e, em 1820, o físico dinamarquês Hans Christian Oersted, ao
fazer experiências com correntes elétricas, verificou que a agulha magnética de uma
bússola era desviada de sua posição norte-sul, quando passava perto de um condutor no
qual circulava corrente elétrica. Essa observação permitiu a Oersted reconhecer a íntima
relação entre o magnetismo e a eletricidade, dando, assim, o primeiro passo em direção
ao desenvolvimento do motor elétrico.
Baseado nessa importante descoberta do físico dinamarquês, o sapateiro inglês William
Sturgeon que, paralelamente a sua profissão, estudava eletricidade nas horas de folga,
constatou, em 1825, que um núcleo de ferro envolto por um fio condutor elétrico transformava-
se em ímã quando se aplicava uma corrente elétrica. Sturgeon observou também que a força
do ímã cessava tão logo a corrente fosse interrompida. Assim, surgia o eletroímã, que seria
de fundamental importância na construção de máquinas elétricas girantes.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
30

Já no ano de 1833, o inglês W. Ritchie inventou o comutador, construindo um


pequeno motor elétrico no qual um núcleo de ferro enrolado girava em torno de um
ímã permanente. Desde 1833, um dos problemas dos motores era o rendimento da
transformação da energia elétrica em mecânica, e, portanto, grandes esforços foram
feitos para alcançar o objetivo de uma máquina que fizesse essa transformação, com
o menor desperdício de energia possível. Desse modo, chegou-se ao motor elétrico
de indução de gaiola. No entanto, a busca pela melhoria do rendimento continua.
Atualmente, os pesquisadores investigam uma antiga ideia, que é a utilização de ímãs
permanentes, agora com preços mais acessíveis, e imãs mais potentes.
A utilização de ímãs dentro do rotor reduz a indução de corrente e, consequentemente,
o fluxo eletromagnético no rotor, resultando em menor aquecimento do motor. Com
essa configuração, é possível obter um rendimento do motor entre 95% e 97%, de
acordo com a carcaça. Isso indica que as perdas nesse tipo de motor não ultrapassam
5% do total de energia absorvida da rede, economizando, assim, energia.
Além da redução de aquecimento gerado, o pacote de chapas com menores
densidades de fluxo podem fornecer a mesma potência mecânica, utilizando menos
material ativo, reduzindo o tamanho da carcaça do motor. Assim, esse tipo de motor
contribui com a eficiência energética não apenas para o usuário, mas também para toda
a cadeia de produção, pois é necessária uma quantidade menor de chapas de aço e
ferro fundido. A redução do material de produção do motor representa uma grande
redução do impacto energético do motor em operação.

3.2 Evolução do motor elétrico

O desenvolvimento de condutores esmaltados, papéis ou filmes isolantes sintéticos,


chapas magnéticas, ligas de alumínio e materiais plásticos contribuíram notoriamente
para a redução da relação peso x potência dos motores elétricos, como mostra a Figura 11.

88 kg/kW
Evolução do motor
trifásico AEG (relação
67 kg/kW peso/potência)
42 kg/kW
29 kg/kW
21 kg/kW
19kg/kW
12 kg/kW
12 kg/kW
11 kg/kW 7,5 kg/kW
6,8 kg/kW
1941
1891

1901

1926
1930
1896
1899

1924

1954

1964

1984

Figura 11 -  Evolução do motor elétrico


Fonte: WEG, 2005e
3 Motores Elétricos
31

Observe a variação do peso de um motor de mesma potência, no decorrer do


tempo. Verificamos que o motor atual tem apenas 8% do peso do seu antecessor,
fabricado em 1891, de acordo com a figura 11. Além disso, confrontando os dados de
catálogos de diferentes fabricantes em diferentes épocas, constatamos que houve
uma redução de peso e, consequentemente, redução do tamanho construtivo do
motor (para uma mesma potência) de, aproximadamente, 20% a cada década. A
exceção ocorre nas duas últimas, pois a redução foi menos acentuada.
Isso mostra a necessidade de revisão periódica das normas, para que possamos
adaptar a relação entre potências e carcaças aos tamanhos alcançados, por meio
do desenvolvimento tecnológico. Tal evolução tecnológica é caracterizada,
principalmente, pelo desenvolvimento de novos materiais isolantes que suportam
temperaturas mais elevadas.
Atualmente, os motores elétricos estão presentes em praticamente todas as
instalações industriais, comerciais e residenciais. De minúsculos motores que
acionam os discos rígidos dos computadores, até uma infinidade de motores
que acionam nossos eletrodomésticos, chegando até aos enormes motores
que movimentam bombas, compressores, ventiladores, moinhos, extrusoras e
outras tantas aplicações. Entretanto, independentemente do tamanho e de sua
aplicação, todos esses motores têm algo em comum: precisam de energia elétrica
para produzir trabalho. Se, por um lado, é inevitável o consumo de energia elétrica
para a utilização dos motores, por outro lado, a escolha adequada dos mesmos e
alguns cuidados especiais no seu uso podem economizar muita energia.
Como a indústria necessita de motores para acionamento das mais variadas
cargas, os fabricantes produzem uma grande quantidade de equipamentos
com essas características. Podemos constatar essa realidade no campo de
acionamentos industriais.

Estima-se que entre 70 a 80% da energia elétrica consumida


pelo conjunto de todas as indústrias seja transformada
VOCÊ em energia mecânica, por meio dos motores elétricos. Isso
significa que, admitindo-se um rendimento médio da ordem
SABIA? de 80% do universo de motores em aplicações industriais,
15% da energia elétrica industrial transforma-se em perdas
nos motores.

3.3 Motores de corrente alternada monofásicos

Os motores monofásicos são assim chamados porque os seus enrolamentos


de campo são ligados diretamente a uma fonte monofásica. Os motores de
indução monofásicos são a alternativa natural aos motores de indução trifásicos
em locais onde não se dispõe de alimentação trifásica, tais como residências,
escritórios, oficinas e zonas rurais. Apenas se justifica a sua utilização para baixas
potências (1 a 2kW).
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
32

Entre os vários tipos de motores elétricos monofásicos, destacamos os motores


com rotor tipo gaiola, devido à simplicidade de fabricação e, principalmente, por
sua robustez, facilidade e manutenção reduzida. Por terem somente uma fase de
alimentação, esses motores não possuem um campo girante como os motores
trifásicos, mas sim um campo magnético pulsante. Isso impede que tenham
um bom torque, considerando-se que no rotor se induzem campos magnéticos
alinhados com o campo do estator.

Para solucionar o problema de arranque em motores


monofásicos, devemos utilizar enrolamentos auxiliares, que
VOCÊ são dimensionados e posicionados de forma a criar uma
SABIA? segunda fase fictícia, permitindo a formação do campo
girante necessário para o arranque.

3.4 Motores de corrente alternada trifásicos

O motor de indução trifásico é o tipo mais usado tanto na indústria quanto no


ambiente doméstico, devido à maioria dos sistemas atuais de distribuição de energia
elétrica ser trifásica de corrente alternada. A utilização de motores de indução trifásicos
é aconselhável a partir dos 2kW. Para potências inferiores, justifica-se o monofásico.
O motor de indução trifásico apresenta vantagens em relação ao monofásico, como
arranque mais fácil, ruído menor e custo mais baixo para potências superiores a 2kW.
Nos sistemas trifásicos, as tensões padronizadas no Brasil são: 220, 380, 440, 660 e
760V. Os motores trifásicos são ligados às três fases, com ou sem neutro.

3.4.1 Motores síncronos

Os motores síncronos são motores de velocidade constante e proporcional com


a frequência de rede. Os polos do rotor seguem o campo girante imposto ao estator
pela rede de alimentação trifásica. Assim, a velocidade do motor é a mesma do campo
girante. Basicamente, o motor síncrono é composto de um campo girante e de um
rotor bobinado que é excitado por uma tensão de CC. Essa tensão de excitação gera
um campo estacionário no rotor que, interagindo com o campo girante, produz um
conjugado (torque) no eixo do motor com uma rotação igual ao próprio girante.
O maior conjugado que um motor pode fornecer está limitado pela máxima
potência que pode ser cedida antes da perda de sincronismo, isto é, quando
a velocidade do rotor torna-se diferente da velocidade do campo girante,
ocasionando a parada do motor (tombamento). A excitação determina também
as porcentagens de potência ativa e reativa que o motor retira da rede para cada
potência mecânica solicitada pela carga. Este motor é utilizado somente para
grandes potências (devido ao seu alto custo em tamanhos menores) ou quando
se necessita de velocidade invariável.
3 Motores Elétricos
33

Os motores síncronos tem sua aplicação restrita a acionamentos especiais,


que requerem velocidades invariáveis em função da carga. A sua utilização com
conversores de frequência pode ser recomendada quando se necessita de uma
variação de velocidade aliada a uma precisão de velocidade mais apurada. Para
se determinar a rotação do motor síncrono, pode ser utilizada a seguinte fórmula:
Ns = 120.f
P
Em que:
Ns = Rotação síncrona (rpm) ;
f = frequência (Hz) ;
P = número de polos do motor.
A partir dessa fórmula, a Tabela 3 mostra algumas rotações estabelecidas, de
acordo com a frequência e número de polos do motor.
Tabela 3: Velocidade do motor em rpm de acordo com o número de polos
e frequência de funcionamento
Nº de polos 60Hz 50Hz
2 3.600 3.000
4 1.800 1.500
6 1.200 1.000
8 900 750
10 720 600
Fonte: Autor

3.4.2 Motores assíncronos

Os motores assíncronos, também são conhecidos como motores de indução.


Por serem robustos e mais baratos, são os mais empregados na indústria. Nesses
motores, o campo girante tem a velocidade síncrona como se fosse um motor
síncrono. Teoricamente, para o motor girando a vazio e sem perdas, o rotor teria a
velocidade síncrona. Entretanto, ao ser aplicado o conjugado ao motor, o seu rotor
diminuirá a velocidade na justa proporção necessária para que a corrente induzida
pela diferença de rotação entre o campo girante e o rotor passe a produzir um
conjugado eletromagnético, igual e oposto ao conjugado externamente aplicado.
A rotação do eixo do rotor é expressa por:
n= 120 f . (1 - s )
p
Em que:
n = Rotação assíncrona (rpm);
f = frequência (Hz);
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
34

p = fúmero de polos de motor;


s = escorregamento.
Os motores assíncronos subdividem-se basicamente em rotor tipo gaiola e
rotor rebobinado (anéis).
A partir dessa fórmula, a Tabela 4 mostra algumas rotações estabelecidas,
sabendo que, nesse exemplo, o motor tem um escorregamento de 3%, de acordo
com a frequência e número de polos do motor.
Tabela 4: Velocidade do motor em rpm de acordo com o número de polos
e frequência de funcionamento
Motor Diferença de
assíncrono velocidade com o
motor síncrono
Nº de polos 50Hz 60Hz 50Hz 60Hz
2 2.910 3.492 90 108
4 1.455 1.746 45 54
6 970 1.164 30 36
8 727,5 873 22,5 27
10 582 698,4 18 21,6
Fonte: Autor

Notamos que, na comparação entre um motor síncrono e um assíncrono, com o


escorregamento de 3%, quanto maior o número de polos, menor será a diferença
do número de rotações entre um motor síncrono e assíncrono. Isso mostra
que quanto maior o número de polos, maior a força do motor. Inversamente,
quanto maior o número de polos, menor será o número de rotações por minuto
(velocidade) de qualquer um dos motores (síncrono ou assíncrono).

3.4.3 Partes de um motor de indução trifásico

O motor de indução trifásico, como mostra a Figura 12, é composto


fundamentalmente de duas partes: estator e rotor.
8

2
3
5

12
11

7 6

9
4
10
1

Figura 12 -  Partes de um motor elétrico de indução trifásico


Fonte: WEG, 2005f
3 Motores Elétricos
35

O estator é composto de:


• carcaça (1): é a estrutura suporte do conjunto. Tem constituição robusta em
ferro fundido ou aço soldado, resistente à corrosão, nesse caso com aletas;
• núcleo de chapas (2): as chapas são de aço magnético, geralmente em aço-
silício, tratadas termicamente e/ou com a superfície isolada para reduzir ao
mínimo as perdas no ferro;
• enrolamento trifásico (8): três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada
fase, formando um sistema trifásico ligado à rede trifásica de alimentação.
O rotor é composto de:
• eixo (7): em aço, transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É
tratado termicamente para evitar problemas, como empenamento e fadiga;
• núcleode chapas (3): as chapas possuem as mesmas características das
chapas do estator;
• gaiola ou enrolamento do rotor (12): é composta de barras e anéis de curto-
circuito no motor tipo gaiola e de bobinas em motor tipo anéis. Pode ser de
cobre eletrolítico, latão ou de alumínio injetado.
Ainda há outras partes no motor de indução trifásico:
• tampas do mancal (4);
• ventilador interno e externo (5);
• tampa defletora ou proteção do ventilador (6);
• caixa de ligação elétrica (9);
• terminais com isolador e pino de ligação (10);
• rolamento (11).
A Figura 13 mostra o motor em vista explodida.

Figura 13 -  Vista explodida de um motor de indução trifásico


Fonte: WEG, 2005f
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
36

3.4.4 Princípio de funcionamento de um motor de indução


trifásico

Quando uma bobina é percorrida por uma corrente elétrica, é criado um


campo magnético dirigido conforme o eixo da bobina e de valor proporcional à
corrente. O enrolamento é constituído de dois polos, um “norte” e um “sul”, cujos
efeitos se somam para estabelecer o campo magnético H. O fluxo magnético
atravessa o rotor entre os dois polos e se fecha através do núcleo do estator, como
mostra a Figura 14a.

1 120º 120º

U1

120º

a) b)

Figura 14 -  Enrolamento de motores. a) Monofásico. b) Trifásico


Fonte: FRANCHI, 2008

Se a corrente I for alternada, o campo H também será, inclusive invertendo


o sentido em cada meio ciclo. O campo H é pulsante, pois sua intensidade
varia proporcionalmente à corrente, sempre na mesma direção norte-sul.
O enrolamento trifásico é formado por três monofásicos espaçados entre si
em 120º, como mostra a figura 14b. Se esse enrolamento for alimentado por
um sistema trifásico, as correntes I1, I2 e I3 criarão, do mesmo modo, os seus
próprios campos magnéticos H1, H2 e H3. Além disso, como são proporcionais
às respectivas correntes, os campos são defasados também de 120º entre si.
O campo total H resultante, a cada instante, será igual à soma gráfica dos três
campos H1, H2 e H3 naquele instante.

3.4.5 Tipos de motores de indução trifásicos

Motor com rotor tipo gaiola

Os motores com rotor tipo gaiola também são chamados de gaiola de


esquilo. Seu rotor tem a característica de ser curto-circuitado, assemelhando-
se à Figura 15.
3 Motores Elétricos
37

Figura 15 -  Motor assíncrono com rotor tipo gaiola


Fonte: FRANCHI, 2008

De acordo com Franchi (2008), o rotor tipo gaiola é o mais robusto de todos.
Não exige o uso de escovas e nem comutadores, o que evita muitos problemas
relacionados ao desgaste e à manutenção. A forma mais simples desse motor
apresenta um conjugado de partida fraco, e o pico de corrente na partida alcança
até 10 vezes o valor da corrente nominal do motor. Esses aspectos podem ser
melhorados parcialmente pela construção do próprio rotor.

Motor com rotor de anéis

Possui as mesmas características de um motor de indução com relação ao


estator, mas o seu rotor é bobinado com um enrolamento trifásico, acessível
através de três anéis com escovas coletoras no eixo. Graças às características do
ajuste da curva de conjugado x rotação, em função do aumento da resistência
rotórica pela inclusão de resistores externos, esses motores são largamente
utilizados no acionamento de sistemas de elevada inércia e nos casos em que o
torque resistente em baixas rotações seja alto, comparando-se ao torque nominal.
Por outro lado, para acionamentos com baixa inércia, esses motores podem
apresentar correntes de aceleração reduzidas.

Motor de múltiplas velocidades

O motor de múltiplas velocidades diferentes em um mesmo eixo. A grande


maioria desses motores é utilizada apenas para um valor de tensão, pois as
religações disponíveis geralmente permitem apenas a troca das velocidades. A
potência e a corrente para cada rotação são diferentes. Existem basicamente dois
tipos: motor de enrolamentos separados e motor tipo Dahlander. Vamos ver as
características de cada um.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
38

a) Motor de enrolamentos separados


Devido ao fato de a rotação de um motor elétrico (rotor gaiola) depender do
número de polos magnéticos formados internamente em seu estator, esse tipo de
motor possui, na mesma carcaça, dois enrolamentos independentes e bobinados
com números de polos diferentes. Ao alimentar um ou outro, haverá duas rotações,
uma chamada baixa, e outra, alta. As rotações dependerão dos dados construtivos
do motor, e há necessariamente relação entre baixa e alta velocidade. Exemplos:
6/4 polos (1.200 /1.800rpm); 12/4 polos (600/1.800rpm), etc.
Os motores de enrolamentos separados ainda apresentam as seguintes
características:
• Não há possibilidade de o motor girar em duas rotações simultaneamente;
• nos terminais não conectados à rede, haverá tensão induzida gerada pela
bobina que está conectada;
• caso circule corrente no enrolamento que não está sendo alimentado,
surgirá um campo magnético que interferirá com o campo do
enrolamento alimentado;
• não é interessante que circule corrente no bobinado que não está sendo
utilizado, tanto por questões técnicas como econômicas (consumo de
energia). Essas são as razões pela quais os enrolamentos desses motores são
fechados internamente em estrela (Y).

FIQUE Ao alimentar uma das rotações, deve-se ter o cuidado de


que a outra esteja completamente desligada, isolada e com
ALERTA o circuito aberto.

b) Motor Dahlander
O motor Dahlander é um motor com enrolamento especial que pode
receber dois fechamentos diferentes, de forma a alterar a quantidade de polos,
proporcionando, assim, duas velocidades distintas, mas sempre com relação 1:2.
Exemplos: 4/2 polos (1.800/3.600rpm); 8/4 (900/1.800rpm). A Figura 16 mostra
esse tipo de motor. Este motor pode ser aplicado em talhas, elevadores, correias
transportadoras, máquinas e equipamentos em geral ou outras aplicações que
requeiram motores assíncronos de indução trifásicos com duas velocidades.

Figura 16 -  Motor Dahlander


Fonte: WEG, 2005d
3 Motores Elétricos
39

Motor de tripla velocidade

Um motor de três velocidades pode ser construído basicamente de duas


formas: três enrolamentos separados ou um enrolamento comum com
um Dahlander. É de extrema importância que o enrolamento Dahlander
possa ser aberto no segundo caso, pois, caso contrário, surgirão correntes
induzidas quando for alimentado o enrolamento comum, que influenciarão
no funcionamento do motor; portanto, essas correntes induzidas não
podem existir. A razão para serem evitadas é que, nesses motores, têm-se
exatamente o sistema de um transformador trifásico.
Os motores com três enrolamentos preferencialmente são fechados em
estrela para evitar os mesmos problemas. Caso necessitem da ligação triângulo,
é imprescindível que haja a possibilidade de interrompê-la quando não estiver
sendo alimentada.

Motor com freio (motofreio trifásico)

O motor com freio é formado por um motor trifásico de indução a um


freio com disco. O motor é fechado, com ventilação externa, e o freio é
constituído de duas pastilhas e com o mínimo de partes móveis, provendo
pouco aquecimento por atrito. O sistema de ventilação é responsável pelo
resfriamento do motor, assim, o conjunto do motor com o freio forma uma
unidade bastante compacta.
O freio é ativado por um eletroímã, cuja bobina opera normalmente dentro de
uma faixa de tensão em torno de +/- 10%. Sua alimentação é fornecida por uma
fonte de corrente contínua constituída por uma ponte retificadora, alimentada
diretamente pela rede elétrica local.
O circuito de alimentação do eletroímã é acionado pelo mesmo circuito
de comando do motor. Assim, quando o circuito de comando do motor é
desligado, a fonte de alimentação do eletroímã é interrompida, liberando as
molas de pressão que pressionam as pastilhas de metal do disco de frenagem
rigidamente presas ao eixo do motor. As pastilhas são comprimidas pelas
duas superfícies de atrito, sendo uma formada pela tampa e a outra pela
própria armadura do eletroímã.
Para que ocorra o deslocamento da armadura do eletroímã, é necessário que
a F.E.M. (força eletromotriz) seja inferior à força exercida pela mola, que ocorre
quando o motor é acionado. O eletroímã é energizado, atraindo a sua armadura
na direção oposta à força da mola e permitindo que o disco de frenagem gire livre
de atrito. Este motor é utilizado principalmente na indústria. A Figura 17 mostra
esse tipo de motor.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
40

Figura 17 -  Motor elétrico trifásico com freio


Fonte: WEG, 2005d

Ligação de motores em frequências diferentes


Para fazer a ligação de motores em frequências diferentes, você deve ter os
seguintes cuidados:
a) ligar um motor de 50Hz, com a mesma tensão para uma frequência
de 60Hz:
• a potência do motor é a mesma;
• a corrente nominal é a mesma;
• a corrente de partida diminui 17%;
• o conjugado de partida diminui 17%;
• o conjugado máximo diminui 17%;
• a velocidade nominal aumenta 20%.
Você deve observar os valores de potência requeridas para motores que
acionam equipamentos que possuem conjugados variáveis com a rotação.
b) alterar a tensão proporcional à frequência:
• aumenta a potência do motor em 20%;
• a corrente nominal é a mesma;
• a corrente de partida será aproximadamente a mesma;
• o conjugado de partida será aproximadamente o mesmo;
• a rotação nominal aumenta 20%.
Quando o motor for ligado em 60Hz com bobinagem de 50Hz, pode-se
aumentar a potência em 15% para 2 polos e 20% para 4, 6 ou 8 polos.

Pesquise mais detalhes sobre o funcionamento de um motor


SAIBA trifásico tipo gaiola no Youtube: http://www.youtube.com/
watch?v=_ZkwMLVPIro&feature=player_embedded# e http://
MAIS www.youtube.com/watch?v=Lv9_04UlV4s&feature=related.
3 Motores Elétricos
41

3.4.6 Principais problemas que ocorrem em um motor


assíncrono

Os motores assíncronos possuem alguns problemas que devem ser detectados


para evitar perdas com outros componentes. Os principais problemas estão
descritos na Tabela 5.
Tabela 5: Principais problemas e causas de um motor assíncrono
Problemas Causas prováveis
Marcha trepidante - acoplamento mal equilibrado;
- condutor de alimentação interrompido;
- corpo estranho no entreferro.
O motor não gira (inter- - carcaça mal fixada;
rupção da alimentação) - as escovas não assentam sobre os anéis;
- tensão excessivamente baixa;
- interrupção no arrancador.
Arranque brusco - resistência demasiado baixa no arranque (rotor bobinado);
- arrancador parcialmente interrompido ou com contatos queimados;
- arrancador mal ligado;
- curto-circuito entre espiras do enrolamento do rotor.
O motor arranca com - tensão na rede muito baixa;
dificuldade - queda de tensão excessiva nos condutores de alimentação;
- carga excessiva;
- um terminal do motor trifásico está ligado por erro ao neutro.
O motor produz um zum- - resistências diferentes no reostato de arranque;
bido no arranque - curto-circuito entre espiras do rotor;
- interrupção num enrolamento do rotor.
Aquecimento excessivo do - carga excessiva;
motor em funcionamento - tensão demasiado elevada (perdas elevadas no ferro);
- tensão demasiado baixa (consumo excessivo de corrente);
- condutor de fase partido (consumo excessivo de corrente);
- interrupção em um dos enrolamentos do estator; (consumo excessivo
de corrente).
Fonte: Matias, 2002

3.5 Características dos motores

Como um motor elétrico consegue gerar movimento? Qual o tipo de motor que
devemos utilizar para um trabalho específico? Como conseguimos determinar a
tensão e o torque que serão utilizados em determinado motor, de acordo sua
atividade? Essas são perguntas importantes, que serão explicadas a seguir,
mostrando as principais características elétricas e construtivas dos motores,
aspectos importantes para a escolha correta do motor.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
42

3.5.1 Especificações de um motor elétrico

O processo de especificação de um motor elétrico corresponde à escolha de


um motor industrialmente disponível, que possa atender, pelo menos, a três
requisitos do consumidor:
• características da rede de alimentação – tipo, tensão, frequência, etc.;
• características do ambiente – altitude, temperatura, agressividade, etc.;
• características da carga acionada – potência, rotação, esforços mecânicos,
torques requeridos, etc.
Esse processo, além de não envolver a coleta de informações para a definição
das características construtivas e de desempenho do motor, também visa a
otimizar a escolha sob a ótica da economia e da confiabilidade. A Figura 18
apresenta a divisão dos motores de acordo com cada tipo.
Split - Phase
Capacitor
de Partida
Gaiola de Capacitor
Esquilo Permanente
Pólos
Sombreados
Assíncrono
Capacitor de
dois Valores
Monofasico Rotor Repulsão
Bobinado

Motor CA Relutância
Síncrono
Histerese
Universal
de Gaiola
Assíncrono
de Anéis
Trifasico Imã
Permanente
Síncrono Pólos
Salientes
Excitação
Série Pólos Lisos
Excitação
Independente
Motor CC
Excitação
Compound
Imã
Permanente

Figura 18 -  Divisão dos motores de acordo com a sua característica de funcionamento


Fonte: WEG, 2005e

A partir dessa estrutura, teremos a seguinte divisão:


• Motores de corrente contínua – São motores de custo mais elevado, que
necessitam de uma fonte de corrente contínua, ou de um dispositivo que
converta a corrente alternada comum em contínua. Podem funcionar com
velocidade ajustável entre amplos limites e se prestam a controles de grande
flexibilidade e precisão. Por isso, seu uso é restrito a casos especiais em que
essas exigências compensem o custo muito mais alto da instalação;
3 Motores Elétricos
43

• Motores de corrente alternada – São os motores mais utilizados, porque a


distribuição de energia elétrica é feita normalmente em corrente alternada, não
necessitando de um conversor. O motor de indução trifásico opera normalmente
com uma velocidade constante que varia ligeiramente com a carga mecânica
aplicada ao eixo, devido à sua simplicidade e robustez. Os principais tipos são:
a) motor síncrono – funciona com velocidade fixa;

b) motor assíncrono – também chamado de motor de indução, funciona nor-


malmente com uma velocidade constante, que varia ligeiramente com a carga
mecânica aplicada ao eixo.

Os motores de corrente alternada apresentam diversas


vantagens em relação aos motores de corrente contínua,
VOCÊ como, por exemplo, limpeza e simplicidade de comando,
SABIA? construção simples e custo reduzido, grande versatilidade de
adaptação às cargas dos mais diversos tipos.

FIQUE A tensão elétrica é um risco enorme e pode até matar. Siga


ALERTA sempre todos os procedimentos de segurança.

Placa de identificação

As características de cada motor são apresentadas em suas placas de


especificação. A Figura 19 mostra uma placa de identificação, que sempre é
acoplada à carcaça do motor.
Motor Tipo de Data de
Trifásico carcaça fabricação

Número do lote
Corrente alternada
Frequência
Categoria de conjugado
Potência do motor Rotação nominal
Fator de serviço
Grau de proteção
Clasee de isolamento
Tensõess nominais Número de vezes que a correnre
do motor de partida é maior que a nominal
Regime de serviço Correntes nominais do motor

Tipos de conexão dos enrolamentos

Tipos de rolamentos
Tipo de lubrificante

Rendimento Fator de potência

Figura 19 -  Placa com as especificações de um motor


Fonte: WEG, 2005e

Para que você possa instalar adequadamente um motor, é imprescindível que


saiba interpretar os dados da placa. Os seguintes dados constam nessa placa:
• nome e dados do fabricante;
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
44

6
ESCORREGAMENTO • modelo (MOD);
A corrente alternada cria
um campo magnético • potência (cv, HP, kW);
giratório, conhecido
como campo girante, • número de fases (por exemplo, TRIFÁSICO ou 3FAS);
em motores de indução.
Nesse tipo de motores, o • tensões nominais (V);
rotor nunca consegue ter
a mesma velocidade de • frequência nominal (Hz);
giro do campo magnético.
O escorregamento é, • categoria (CAT);
exatamente, a diferença
entre a velocidade do
rotor e a do campo
• correntes nominais (A);
magnético girante. Tal
característica é própria de • velocidade nominal (rpm);
motores de indução.
• fator de serviço (FS);
• classe de isolamento (ISOL. CL.);
• letra-código (COD);
• regime (REG);
• grau de proteção (PROTEÇÃO IP);
• ligações.
Agora, veremos algumas das principais características que você deve saber.

Conjugado ou torque (t)

É a medida de esforço necessário para se girar um eixo, também conhecida


como torque. Frequentemente, essa medida é confundida com força, que é um
dos componentes do torque. O conjugado é o produto da distância com a Força,
que também é conhecido como momento, par e binário.
t=Fxd
Em que:
t = torque em m.kgf (metros-quilograma-força);
F = força em kgf;
d = distância em m (metros).
Quando se movimenta uma carga por meio de um motor, a força que ele
faz está diretamente associada ao comprimento da alavanca, a partir do centro
do eixo. Logo, não se pode determinar um valor fixo para a força de um motor.
Quando especificamos sua força, relacionando-a com o comprimento da alavanca
(determinando, assim, o conjugado desse motor), sabemos qual a carga máxima
que o motor poderá acionar para cada alavanca construída. Podemos afirmar
que o conjugado é proporcional ao quadrado da tensão. Se a tensão cair, sendo
reduzida à metade, o conjugado será reduzida a um quarto.
3 Motores Elétricos
45

A Figura 20 apresenta um gráfico que exemplifica o escorregamento6 de


acordo com o conjugado (torque).

Conjugado com
rotor bloqueado
(Cp)
Conjugado %

Conjugado mínimo (Cmin)


Conjugado nominal (Cn)

Rotação nominal (Nn)

Rotação ns
Figura 20 -  Conjugado de um motor elétrico X escorregamento
Fonte: WEG, 2005f

Especificações gerais
Detalhes a serem ressaltados no gráfico da Figura 20:
• noinstante da partida, o conjugado não é afetado pela natureza da
carga aplicada;
• o conjugado da partida é proporcional à tensão aplicada ao enrolamento
do estator. Reduzindo a tensão nominal, reduz-se também a corrente. Esse
processo de diminuição de corrente de partida é bastante utilizado em
motores grandes ou médios do tipo gaiola, nos casos em que a acentuada
redução do conjugado de partida não comprometa o acionamento da carga.
No gráfico apresentado na Figura 20, temos as seguintes especificações:
• Co: Conjugado básico – é o conjugado calculado em função da potência e
velocidade de rotação.
Co (kgfm) = Potência = 716p (CV) = 974.p (K w)
Velocidade n(rpm) n(rpm)
Co (Nm) = Potência = 7024p (CV) = 9555.P (k w)
Velocidade n (rpm) n (rpm)

Em que:
Co (kgfm) = Conjugado básico em kilograma - força - metro
Co (Nm) = Conjugado básico em newton - metro
P (cv) = Potência elétrica em cv (cavalo -valor)
P(kW) = Potência elétrica em kW ( Kilo Watt)
1cv = 736W = 0,736 kW
n= rotação do motor

Sabendo que 1 Nm ~ 9,81 kgfm


AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
46

7
LIGAÇÃO ESTRELA- • Cn: Conjugado nominal ou de plena carga – é o conjugado desenvolvido
TRIÂNGULO pelo motor a potência nominal, sob tensão e frequência nominais.
Ligação feita em motores
elétricos para aumentar a • Cp: Conjugado com rotor bloqueado ou conjugado de partida ou, ainda,
tensão de funcionamento
deste. conjugado de arranque – é o conjugado mínimo desenvolvido pelo
motor bloqueado, para todas as posições angulares do rotor, sob tensão e
frequência nominais.
Comentários: Esse conjugado pode ser expresso em nm ou, mais comumente,
em porcentagem do conjugado nominal.

Cp (%) = Cp (Nm) . 100


Cn (Nm)

Na prática, o conjugado de rotor bloqueado deve ser o mais alto possível, para
que o rotor possa vencer a inércia inicial da carga e possa acelerá-la rapidamente,
principalmente quando a partida e com tensão reduzida.
Especificações importantes da NBR 7094 (dimensionamento e especificação
de motores elétricos)
Ainda no gráfico da Figura 20 foram destacados e definidos alguns pontos
importantes. Os valores dos conjugados relativos a esses pontos são especificados
pela NBR 7094 da ABNT e são apresentados a seguir:
• Cmin: Conjugado mínimo – é o menor conjugado desenvolvido pelo motor ao
acelerar da velocidade zero até a velocidade correspondente ao conjugado
máximo. Na prática, esse valor não deve ser muito baixo. Isto é, a curva não
deve apresentar uma depressão acentuada na aceleração para que a partida
não seja muito demorada, sobreaquecendo o motor, especialmente nos
casos de alta inércia ou partida com tensão reduzida.
• Cmax: Conjugado máximo – é o maior conjugado desenvolvido pelo motor, sob
tensão e frequência nominal, sem queda brusca de velocidade. Na prática, o
conjugado máximo deve ser o mais alto possível, por duas razões principais:
a) o motor deve ser capaz de vencer, sem grandes dificuldades, eventuais picos
de carga que podem acontecer em certas aplicações, como em britadores, calandras,
misturadores e outras;

b) o motor não deve “arriar”, ou seja, perder bruscamente a velocidade ou quando


ocorrer quedas de tensão momentaneamente excessivas.

O motor de indução tem conjugado igual a zero operando em velocidade


síncrona. À medida que a carga vai aumentando, a rotação do motor vai caindo
gradativamente, até um ponto em que o conjugado atinge um valor máximo
que o motor é capaz de desenvolver. Se o conjugado da carga aumentar mais, a
rotação do motor cai bruscamente, podendo chegar a travar o rotor.
3 Motores Elétricos
47

Momento de inércia

Para GoedtelI, o momento de inércia é a segunda variável mecânica de


suma importância para o dimensionamento do motor elétrico. Da mesma
forma que o conjugado, o dado relativo a essa variável raramente é fornecido
ao projetista da parte elétrica de máquinas e equipamentos. O valor máximo
de momento de inércia admitido em cargas acionadas por motores de
indução trifásicos é normalizado pela NBR 7094.
O momento de inércia é a resistência que um corpo oferece a mudança
de seu movimento de rotação em torno de um eixo. Depende desse eixo,
da forma do corpo e de como a massa está distribuída em torno desse. Sua
unidade de medida é o kg.m².
O momento de inércia é uma característica fundamental para verificar
através do tempo de aceleração, se um motor consegue acionar uma carga,
atendendo a estabilidade térmica do material isolante.
O momento de inércia total é a soma do momento de inércia do motor mais o da carga:
Jt = Jm + Jc
Onde:
Jt: Momento de Inércia Total;
Jm: Momentop de Inércia do Motor;
Jc: Momento de Inércia da Carga.
Quando a carga tiver uma rotação diferente do motor, por estar a ele acoplada por
correias ou engrenagens, deve-se fazer referência para a velocidade no eixo do motor.

Tensão de funcionamento

É a tensão que pode ser aplicada ao motor. A ligação para uma tensão específica
pode ser em estrela ou em triângulo7. Geralmente, os motores têm alimentação
de 220V e/ou 380V.

Corrente nominal (In)

A corrente nominal é lida na placa de identificação do motor. Essa corrente


é a que o motor absorve da rede quando funcionando à potência nominal, sob
tensão e frequência nominais. Quando houver mais de um valor na placa de
identificação, cada um refere-se à tensão ou à velocidade diferentes.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
48

CAVALO-VAPOR (CV)
8 Corrente de partida (Ip / In)
O engenheiro James Watt
(1736-1819) utilizou essa Durante a partida, os motores elétricos solicitam da rede de alimentação
medida para expressar a
potência de sua invenção, uma corrente de valor elevado, entre 6 a 10 vezes a corrente nominal. Esse
a máquina a vapor. Na valor depende das características construtivas do motor, e não da carga
época, se utilizava a força
dos cavalos para mover acionada. A carga influencia apenas no tempo durante o qual a corrente
os moinhos, Watt aplicou
essa mesma referência
de acionamento circula no motor e na rede de alimentação (tempo de
de força à potência da aceleração do motor). A corrente é representada na placa de identificação
máquina a vapor.
pela sigla Ip/In (corrente de partida / corrente nominal). Atenção: Não se
deve confundir a sigla Ip/In com a sigla IP, que significa grau de proteção.

Escorregamento (s)

O escorregamento de um motor normalmente varia em função da carga:


quando a carga for zero (motor em vazio), o escorregamento será praticamente
nulo; quando for nominal, o escorregamento também será o nominal. O
escorregamento é expresso pela diferença entre a velocidade do campo
magnético e a rotação do motor, sendo também chamado de “deslizamento”. O
escorregamento pode ser dado em rpm ou em %.

Exemplo de escorregamento

Suponha um motor de quatro polos (60Hz) – 1.746rpm. O escorregamento


é de 54rpm ou 3% (ns = 1.800 rpm). Para se fazer um cálculo específico do
escorregamento, seria:

S = ns n = 1800 -1746 = 54 = 0,03 (3%)


ns 1800 1800

Na placa de identificação, geralmente é informado o rpm nominal (a plena


carga) e não o escorregamento do motor, havendo necessidade de calculá-lo,
caso seja preciso.

Inversão da rotação

Em qualquer motor trifásico, a inversão do sentido de rotação é feita trocando-


se, na “alimentação”, duas fases quaisquer entre si (uma permanece inalterada).
Esse procedimento é diferente para os motores monofásicos de fase auxiliar, nos
quais é trocada a ligação do motor.
3 Motores Elétricos
49

Determinação da rotação (rpm)

A rotação de um motor elétrico trifásico (rotor tipo gaiola) é determinada


pelo número de polos do motor e pela frequência da rede elétrica. Atenção: A
quantidade de polos de um motor é determinada pela fase.

A tensão elétrica não influencia a rotação, a menos que se


VOCÊ aplique uma tensão muito inferior à nominal, o que refletirá
SABIA? na potência e no conjugado do motor. Nesse caso, pode-se
até queimar o motor.

Potência mecânica (potência útil)

É a potência aplicada ou consumida por um motor elétrico, medida no eixo. Para


levantar uma carga de 45kgf a uma altura de 100m, a energia necessária será de:
E = 45kgf X 100m = 4500 kgfm
Quando se usa um motor elétrico capaz de erguer essa carga, em 30 segundos,
a potência necessária será de:

P = 4500 kgfm = 150 kgfm/s


30s

A unidade de medida mais usual para potência é o cv (cavalo-vapor8),


equivalente a 75 kgfm. Assim, a potência do motor mencionado será de:

P = 150 = 2 cv
75

Observação: A unidade de medida de energia mecânica, kgfm, é a mesma


usada para conjugado, mas trata-se de grandezas de diferentes naturezas. Essas
medidas não devem ser confundidas, pois se costuma representá-las de forma
invertida: conjugado: mkgf; energia mecânica: kgfm.

Potência elétrica (potência absorvida)

É a potência absorvida por uma carga. Em motores monofásicos, é calculada


multiplicando-se a tensão pela corrente (P = V . I) (P = potência; V = tensão; I =
corrente). Em um sistema trifásico, a potência em cada fase será dada da mesma
forma (Pf = Vf . If )como se tivesse um sistema monofásico independente. A
potência total será a soma das três fases (P = 3Pf = 3 . Vf . If ), tanto no circuito
estrela como no triângulo.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
50

O mais comum quando se fala de circuitos trifásicos é usar os valores de


linha, e não os de fase, como feito anteriormente. Sabendo, então, que em um
circuito triângulo Vf = Vl e Il x 3 ( I = linha ), em um circuito estrela a

Il = I lf e Vl = Vf x 3 e que 3 x 3 = 3, tem-se em qualquer caso:


P= Vl x Il x 3 P= Vf x 3 x If x 3 P= Vf x If x 3 P= Vx I x 3

Aqui é calculada a potência de cada fase (Vf e If ).


Essa expressão é válida para circuitos formados por resistências. Em circuitos
reativos, como nos motores (reatância indutiva - XL), em que existe defasagem, a
mesma deve ser levada em conta, ficando a expressão assim:
P = V x 3 x cosα
Em que:
P = potência em watts (W);
V = tensão de linha em volts (V);
I = corrente de linha em ampère (A);
cosα = cosseno do ângulo de defasagem entre U e I.

Observações:
• essa expressão é para cargas trifásicas equilibradas;
• cosα é o FP (fator de potência);
• na placa dos motores está impressa a potência mecânica (no eixo).
Para expressar a potência elétrica em cv ou HP, a relação é:
• 1 cv (cavalo-vapor) ~= 736 W (Watts);
• 1 HP (Horse Power) ~= 746 W.

Atrito e rendimento (η)

Todo dispositivo atuador (um motor elétrico, por exemplo) possui atrito, até porque
se trata de um dispositivo físico. O motor, ao se movimentar (giro), gera atrito e diminui,
consequentemente, sua potência. O atrito é definido como a fricção entre duas
superfícies, produzindo certa resistência ao movimento. De uma forma mais completa,
o atrito é um estado de aspereza ou rugosidade entre dois sólidos em contato, que
permite a troca de forças em uma direção tangencial à região de contato entre os sólidos.
Na indústria, o atrito excedente pode gerar a quebra de algum dispositivo, de
acordo com a força excedente que terá de desempenhar para movimentar algum
objeto. Por isso, é fundamental que você saiba qual o dispositivo atuador que
deverá ser utilizado e quais suas características.
3 Motores Elétricos
51

Na indústria, o atrito excedente pode gerar a quebra de


algum dispositivo, de acordo com a força excedente que terá
VOCÊ de desempenhar para movimentar algum objeto. Por isso, é
SABIA? fundamental que você saiba qual o dispositivo atuador que
deverá ser utilizado e quais suas características.

O motor elétrico absorve energia elétrica da linha e a transforma em energia


mecânica disponível no eixo. Em um carro, por exemplo, em que o combustível
é transformado em outras formas de energia (e existem perdas), podemos dizer
que o rendimento é a relação entre a energia que entra e sai do sistema.
Há sistemas com alto rendimento (motores elétricos, transformadores), como
também há sistemas com baixo rendimento (motores de combustão interna). O
atrito e o rendimento estão sempre presentes em dispositivos atuadores. Quanto
maior o atrito, menor será o rendimento desse dispositivo. O desempenho do
motor elétrico é proporcional ao seu rendimento.
Potência saída
O cálculo de rendimento é dado pela fórmula: , em que a
Potência entrada
potência de entrada é a potência perdida. Na verdade, essa potência perdida é
transformada em perdas mecânicas (atrito das partes físicas do motor) e em perdas
elétricas (energia transformada em calor através da corrente que passa pelo motor).
O rendimento é definido como a eficiência com que é feita essa transformação.
Sabendo que existe a potência útil (PU – potência mecânica disponível no
eixo) e a potência absorvida (PA - potência que o motor retira da rede), define-se
rendimento como:
η = PU
PA
Ou seja, o rendimento é a eficiência entre a potência absorvida e a potência
útil. Consequentemente, quanto maior a perda de potência, menor será o
rendimento do motor. A energia elétrica absorvida da rede por um motor elétrico é
transformada em energia mecânica disponível no eixo. A potência ativa fornecida
pela rede não será cedida na totalidade como sendo potência mecânica no eixo
do motor. A potência cedida sofre uma diminuição relativa às perdas que ocorrem
no motor. O rendimento define a eficiência dessa transformação sendo expresso
por um número (<1) ou em porcentagem (x100 %).
• A potência útil é calculada por: PU = V. I. 3 . Cos α . η (sendo V e I tensão e
corrente de linha, respectivamente)
• A potência absorvida é calculada por: PA = V. I. 3 . Cos α (sendo V e I tensão
e corrente de linha, respectivamente)

A placa de identificação de um motor elétrico mostra a


potência em cv, HP ou kW, nos informando a potência
VOCÊ mecânica (potência útil) do motor na ponta do eixo. Assim,
SABIA? para se obter a potência elétrica (consumida da rede), basta
dividir a potência informada na placa em kW pelo rendimento.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
52

A distribuição das perdas de um motor está apresentada na Figura 21.


9
Entreferro

6
2 10
1 5

7
3 4
Figura 21 -  Representação de perdas de um motor elétrico assíncrono
Fonte: WEG, 2005f

A representação de perdas de um motor elétrico assíncrono é dividida da


seguinte forma:
1) potência aparente elétrica da rede [(1) = (2) + (3) + (4)];
2) potência aparente elétrica do estator a ser transferida ao rotor;
3) perdas primárias (estator) no ferro;
4) perdas primárias (estator) no cobre;
5) potência aparente elétrica no rotor;
6) potência mecânica no eixo;
7) potência elétrica no rotor que pode ser recuperável, no caso de o motor
estar ligado a uma rede externa por meio de anéis;
8) perdas elétricas dissipadas no rotor;
9) perdas por atrito e ventilação;
10) potência resultante no eixo (potência mecânica – perdas por atrito e ventilação).
Para compreendermos melhor o significado de potência e suas aplicações,
vejamos um caso baseado na realidade do dia a dia de trabalho que você encontrará.

CASOS E RELATOS

A companhia de saneamento da cidade de Três Lajeados necessita substituir uma


das bombas que alimenta os reservatórios da cidade. Uma das bombas a ser trocada
possuía um rendimento em torno de 70%, e a empresa precisava aumentar esse
rendimento para 90%. O setor de suprimentos da empresa tinha em estoque uma
bomba com a eficiência (rendimento) requerida. Entretanto, era preciso saber se o
equipamento teria a potência necessária no eixo, que era de 13kW. Desse modo, foi
solicitado ao departamento de apoio técnico um parecer confirmando se a bomba
que a empresa tinha em estoque atenderia à demanda do reservatório. Para tanto,
um dos técnicos responsáveis por esse setor utilizou a expressão η = PU .
PA
3 Motores Elétricos
53

Para utilizar essa expressão, o técnico sabia que η é o rendimento, PU


é a potência disponível no eixo e PA é a potência recebida ou absorvida
da rede pela bomba. Após as medidas feitas na bomba, o técnico
constatou que ela recebia uma potência de 15,5kW. Assim, fazendo as
substituições na expressão, o técnico pôde calcular a potência útil no
eixo da seguinte maneira:
PU = 15,5 kW x 0,90 (divide-se por 100 para se retirar o %)
PU = 13,95 kW.
A partir desse cálculo, constatou-se que a bomba poderia ser utilizada,
pois ela possuía uma potência útil maior do que a requerida, que era de
13kW. Contando com a expertise do técnico, um dos funcionários do setor
de suprimentos pediu para ele determinar o rendimento de um motor
trifásico recém-adquirido pela companhia, pois não se sabia se era um
motor de alto rendimento. O técnico consultou a placa do motor e se
apropriou dos seguintes dados: P = 5,4kW; V = 380V; I = 9,5A; FP = 0,92.
Com os dados obtidos, calculou-se o rendimento pela equação:

PU = V x I x 3 x Cos α x η
5,4 kW = 380 V x 9,5A x 3 x 0,92 x η
η~
= 0,94 ou 94% ( 0,94 x 100% )

Desse modo, o técnico resolveu mais uma solicitação da empresa,


dessa vez, informando ao funcionário que lhe solicitou ajuda que o motor
possuía um alto rendimento.

Importância do rendimento

Quanto maior o rendimento, menores serão as perdas do motor, que farão


com que ele se aqueça menos. Quanto maior o rendimento, menor a potência
absorvida da linha e, consequentemente, menor o custo da energia elétrica paga
nas contas mensais. O gráfico da Figura 22 mostra os valores de rendimento de
acordo com a carga aplicada.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
54

FASÍMETRO
9
Em que:
1,0 100
Aparelho que serve para % - I = corrente;
medir a diferença de fase - In = corrente
entre duas correntes 0,8 80 η
nominal;
alternadas.
Cosα - P = potência;
cos α 0,6 60
I I - Pn = potência
η I
In nominal;
RPM 0,4 40 - RPM = rotação
RPMs
do eixo;
0,2 20 - RPMs = rotação
PN síncrona;
0,0 0 - η = rendimento;
0 25 50 75 100 %
P x 100 - Cosa = fator de
Pn potência.
Figura 22 -  Rendimento
Fonte: WEG, 2005d

Carga linear e não linear

Para entendermos o fator de potência, é necessário compreendermos o que


são a carga linear e a não linear. Na carga linear, a tensão e a corrente elétrica estão
na mesma fase, enquanto em uma carga não linear, a corrente e a tensão estão
defasadas entre si. Um exemplo de carga linear é um circuito puramente resistivo,
enquanto um exemplo de carga não linear pode ser um circuito puramente
capacitivo ou um puramente indutivo, conceitos vistos em geradores.
Em cargas não lineares, apesar de sua unidade de medida ser o ohm, é medida
a impedância, e não a resistência, pois a impedância é uma resistência que varia
de acordo com a frequência. Por existir cargas não lineares, a variação de carga
provoca diferentes e distorcidas formas de onda de tensão e corrente. Nem toda
a energia aplicada em uma carga linear é transformada totalmente em trabalho,
parte dela se perde, e essa parcela de energia é chamada de potência reativa.
A potência que realiza o trabalho é a potência ativa, também chamada de
potência útil, enquanto a potência aparente é a potência total, formada pela raiz
da soma dos quadrados das potências ativas e reativas, ou seja:

Potênciaaparente = Potência2ativa + PotênciaReativa


2

A potência reativa é o desperdício do sistema e, quanto menor o seu valor,


melhor é o sistema. Pode-se representar a potência aparente pela letra S, a
potência ativa como P e a potência reativa como Q. Então, a fórmula fica:
S= P2 + Q2
Em que:
S = V .I ( nonofásico ) ou S = 3 . V . I ( trifásico)
Q = V . I. sen α (monofásico) ou Q = 3 . V . I. sen α (trifásico)
P = V . I. Cos α (monofásico) ou P = 3 . V . I. cos α (trifásico)
3 Motores Elétricos
55

Esta última equação representa a fórmula do triângulo-retângulo. Dessa forma,


podemos representar as potências de acordo com a Figura 23.

S
Q

α
P
Figura 23 -  Triângulo das potências
Fonte: Capelli, 2010

A potência aparente é expressa em VA (volt-ampère); a potência reativa, em


VAr (volt-ampère reativo); e a potência ativa, em W.

Fator de potência (FP)

Utilizando trigonometria no triângulo-retângulo mostrado na figura 18, pode-


se dizer que:

Cos α = P = P (W)
S 3 . V. I

O fator de potência é o , que é a relação entre a potência aparente e a ativa.


Como a potência ativa é sempre menor do que a potência aparente, o fator de
potência é sempre menor do que 1 e pode ser medido por um fasímetro9.
Em um motor, conforme a Figura 23, a potência ativa é aquela que se transforma
em conjugado mecânico no motor, enquanto a potência reativa gera magnetismo
e calor nos enrolamentos (gera perdas), e a potência aparente é a raiz da soma dos
quadrados da potência ativa e reativa. Assim, quanto menor a reativa, menor será
o desperdício. Em outras palavras, quanto maior o fator de potência, mais eficaz
é o sistema. (Tabela 6)
Tabela 6: Tipo de carga x fator de potência
Tipo de Carga Fase FP P absorvido Q absorvido
pela carga pela carga
Resistiva 0 1 P>0 Q=0
Indutiva +90 0 P=0 Q>0
Capacitiva -90 0 P=0 Q<0
Resistiva e indutiva 0< a <+90 1> cos a >0 P>0 Q>0
Resistiva e capacitiva 0< a <-90 1> cos a >0 P>0 Q<0
Fonte: Capelli, 2010
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
56

Um baixo fator de potência pode causar mais problemas do que desperdício


na instalação. Ter um baixo cosa < 0,92 significa ter uma maior quantidade de
energia reativa que circula pelas linhas de alimentação, prejudicando a rede à
qual está ligada. Por isso, o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
(DNAEE), pelo Decreto n° 479, de 20 de março de 1992, estabeleceu um valor
mínimo de fator de potência de 0,92 para o território nacional. Instalações com
cosa < 0,92 estão sujeitas à multa.
No Quadro 1, temos as principais causas e consequências de um baixo
fator de potência.
Causa Consequência
• Cargas não lineares (excesso de cargas • Acréscimo na conta de energia elétrica;
indutivas): das 6 às 24h, o fator de potência
nas indústrias são mais indutivos devido ao • Limitação das capacidades dos transformadores;
acionamento dos motores. • Quedas e flutuação de tensão elétrica;
• Motores superdimensionados ou com pouca • Sobrecarga em dispositivos de manobra;
carga: o motor superdimensionado gera
um aumento da energia reativa, pois os • Perdas na linha por efeito joule;
enrolamentos são mais potentes, sem produzir • Necessidade de aumento dos condutores;
um maior trabalho útil.
• Necessidade de aumento dos equipamentos
• Lâmpadas de descarga: fluorescentes, vapor de proteção
de sódio, vapor de mercúrio e outras, que
possuem reatores com baixo fator de potência;
• Instalações de ar-condicionado;
• Máquinas de solda;
• Equipamentos eletrônicos;
• Transformadores superdimensionados.
Quadro 1 - Principais causas e consequências de um baixo fator de potência
Fonte: Autor

O fator de potência nos motores é diretamente proporcional


VOCÊ à sua carga, portanto, motores que rodam a vazio
SABIA? apresentam o pior fator de potência.

Colocação de banco de capacitores

Para que a correção do fator de potência ocorra, devemos colocar bancos


de capacitores. A forma mais simples é a ligação do banco de capacitores em
triângulo conectado em paralelo com o motor ao qual se deseja aumentar o fator
de potência (correção local), conforme mostra a figura 24.

M
3~

L1 L2 L3 Iw
Figura 24 -  Banco de capacitores ligado em triângulo
Fonte: Capelli, 2010
3 Motores Elétricos
57

Segundo Capelli; Franchi (2010, 2008), as principais vantagens de colocar um


banco de capacitores diretamente no motor são:
• melhoria da tensão: a corrente relativa à potência reativa aparece somente
na reatância indutiva. Como essa corrente é reduzida pelos capacitores, a
queda de tensão total é reduzida a um valor igual à corrente do capacitor
multiplicada pela reatância. Apesar de os capacitores elevarem a tensão, é
inviável instalá-los em estabelecimentos industriais para esse fim. A melhoria
da tensão deve ser considerada um benefício adicional dos capacitores;
• redução das perdas: as perdas pelo efeito joule variam de 2,5 a 7,5% da
potência da carga, dependendo das horas de trabalho à plena carga da
bitola dos condutores e do comprimento dos alimentadores e circuitos de
distribuição. As perdas são proporcionais ao quadrado da corrente. Assim,
quando utilizamos o banco de capacitores, obtemos:
a) redução das perdas energéticas em toda a instalação;

b) redução da corrente nos circuitos de alimentação;

c) possibilidade de se utilizar um único acionamento para a carga e para o banco


de capacitores;

d) geração de potência reativa somente onde é necessário.

Com a redução das perdas, podem-se ter as seguintes vantagens:


• redução significativa dos custos da energia elétrica;
• aumento da eficiência energética da empresa;
• aumento da capacidade dos equipamentos de manobra;
• aumento da vida útil das instalações e equipamentos;
• redução do efeito joule;
• redução da corrente reativa da corrente elétrica.

O aumento do fator de potência pode ser conseguido pelo


VOCÊ aumento do consumo de energia ativa, pela utilização de
SABIA? máquinas síncronas e por meio de capacitores.

A utilização de um motor síncrono para a correção do fator de potência ocorre


principalmente porque existe, nesse tipo de motor, a possibilidade de excitação
do campo magnético. Assim, há um deslocamento do ângulo de fase do rotor
em relação ao campo, ocorrendo, mesmo sendo um motor síncrono, um fator de
potência em atraso. Para eliminarmos esse efeito, devemos aumentar a corrente
contínua de excitação. Aumentando a corrente, adiantamos o fator de potência,
ou seja, para uma determinada carga, o fator de potência será diretamente
dependente da corrente de excitação.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
58

WATTÍMETRO
10 Outra forma de corrigir o fator de potência é a colocar de um banco de
Instrumento para medir capacitores na entrada da baixa tensão. Esse recurso é aplicado quando existem
a potência colocada em
funcionamento e um
instalações elétricas com elevado número de cargas, mas com potências
circuito elétrico em, Watts. diferentes e regimes de utilização não uniforme. A principal desvantagem desse
tipo de correção é que a corrente elétrica não é reduzida nos circuitos de cada
equipamento. A figura 25 mostra essa técnica.
11
KVAR-METRO
Instrumento para medir Medidor de energia ativa
a potência colocada em
funcionamento num
circuito elétrico em kvar. P R
Q S
L

Medidor de energia Capacitor


VARÍMETRO
12
reativa de correção

Instrumento para medir


a potência colocada em
funcionamento num Figura 25 -  Correção do fator de potência por meio do banco de capacitores na baixa tensão
circuito elétrico em VA Fonte: Capelli, 2010
(volt-Ampère).
Ainda temos mais uma forma de correção que seria a instalação de bancos
de capacitores em grupos de carga, a fim de se corrigir um setor ou conjunto
de pequenas máquinas, geralmente com menos de 10cv. A colocação deve
ser feita próxima ao quadro de distribuição dessas máquinas. A desvantagem
desse procedimento é que ele não reduz a corrente elétrica nos circuitos de
cada equipamento.
A concessionária de energia elétrica também se preocupa em corrigir o cosa ,
principalmente para:
• evitar perdas pelo efeito joule;
• aumentar a capacidade do sistema a fim de atender mais consumidores e
diminuir os custos de geração.
Para a medição do fator de potência, deve-se utilizar um wattímetro10 em
conjunto com kvar-metro11 ou o varímetro12, que é o instrumento mais utilizado.
Assim, o fator de potência pode ser calculado da seguinte forma:

FP = kW
kva
tan α = kvar
kW
Em que:
kW = quilowatt
kvar = quilovolt - ampere reativo
kva = quilovolt - ampere
3 Motores Elétricos
59

Fator de serviço (FS)

Fator de serviço é um multiplicador que, quando aplicado à potência nominal


do motor elétrico, indica a carga que pode ser acionada continuamente sob
tensão e frequência nominais e com o limite de elevação de temperatura. Os
valores de rendimento (η), fator de potência (FP) e velocidade podem diferir dos
valores nominais, mas o conjugado, a corrente de rotor bloqueado e o conjugado
(torque) máximo (Cmax) permanecem inalterados.
A utilização do fator de serviço proporciona uma vida útil inferior àquela do
motor com carga nominal. O fator de serviço não deve ser confundido com a
capacidade de sobrecarga momentânea que o motor pode suportar. Para esse
caso, o valor é geralmente de até 60% da carga nominal durante 15 segundos.
Exemplo 1: motor de 5cv e FS 1,10
Carga máxima admissível no eixo = 5cv x 1,10 = 5,5 cv
Exemplo 2: motor In 8,7A e FS 1,15
Corrente máxima admissível = 8,7A x 1,15 = 10,005A

Regime de serviço

Cada tipo de máquina exige uma condição de carga diferente do motor.


Um ventilador ou uma bomba centrífuga, por exemplo, solicita carga contínua,
enquanto uma prensa com punção, um guindaste ou uma ponte rolante solicita
carga alternada (intermitente).
O regime de serviço define a regularidade da carga a que o motor é submetido.
A escolha do tipo do motor deve ser feita pelo fabricante da máquina a ser
acionada, que comprará o motor mais adequado ao seu caso. Quando os regimes-
padrão não se enquadram exatamente com o perfil da máquina, deve-se escolher
um motor para condições no mínimo mais exigentes do que a necessária.
Os regimes padronizados estão definidos a seguir:
• regime contínuo (S1);
• regime de tempo limitado (S2);
• regime intermitente periódico (S3);
• regime intermitente periódico com partidas (S4);
• regime intermitente periódico com frenagem elétrica (S5);
• regime de funcionamento contínuo com carga intermitente (S6);
• regime de funcionamento contínuo com frenagem elétrica (S7);
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
60

• regime de funcionamento contínuo com mudança periódica na relação


carga/velocidade de rotação (S8);
• regimes especiais.
Nas placas dos motores, consta seu tipo de regime (Sx). Alguns regimes são
acompanhados de dados suplementares.
Exemplo: S2 60 minutos - significa que o motor possui um regime de tempo
limitado por 60 minutos.
• Classe de isolamento
É a determinação da temperatura máxima de trabalho que o motor pode
suportar continuamente sem ter prejuízos em sua vida útil. A classe de cada
motor é definida em função de suas características construtivas. As classes de
isolamento padronizadas para máquinas elétricas são:
• classe A - 105°C;
• classe E - 120°C;
• classe B - 130°C;
• classe F - 155°C;
• classe H - 180°C.

Grau de proteção (IP)

É a indicação das características físicas dos equipamentos elétricos, referentes


à permissão da entrada de corpos estranhos para seu interior. É definido pelas
letras IP, seguidas por dois algarismos que representam:
• 1ºalgarismo: indica o grau de proteção contra a penetração de corpos
sólidos estranhos e contato acidental:
a) 0 - sem proteção;

b) 1 - corpos estranhos de dimensões acima de 50 mm;

c) 2 - corpos estranhos de dimensões acima de 12 mm;

d) 3 - corpos estranhos de dimensões acima de 1 mm;

e) 4 - proteção contra acúmulo de poeiras prejudicial ao equipamento;

f ) 5 - proteção total contra a poeira.

• 2º algarismo: indica o grau de proteção contra a penetração de água no


interior do equipamento:
a) 0 - sem proteção;
3 Motores Elétricos
61

b) 1 - pingos de água na vertical;

c) 2 - pingos de água até a inclinação de 15º com a vertical;

d) 3 - água de chuva até a inclinação de 60º com a vertical;

e) 4 - respingos de todas as direções;

f ) 5 - jatos de água de todas as direções;

g) 6 - água de vagalhões;

h) 7 - imersão temporária;

i) 8 - imersão permanente.

Exemplo: grau de proteção IP54: proteção completa contra toques, acúmulo


de poeiras nocivas e respingos de todas as direções.

Categoria

Um motor elétrico não apresenta o mesmo conjugado para diferentes rotações.


À medida que vai acelerando, o valor do conjugado se altera, adquirindo valores
que vão depender das características de construção do motor (normalmente do
formato do rotor). A variação do conjugado não é linear e não existe relação de
proporcionalidade com a rotação.
Existem três categorias de conjugados definidos por norma que determinam
a relação do conjugado com a velocidade e a corrente de partida dos motores
trifásicos, sendo cada uma adequada a um tipo de carga:
• categoria
N – conjugado de partida normal, corrente de partida normal,
baixo escorregamento. A maior parte dos motores encontrados no mercado
pertence a essa categoria. Eles são indicados para o acionamento de cargas
normais, como bombas e máquinas operatrizes;
• categoria NY – O mesmo que a categoria N, porém é prevista para partida Y-∆
(estrela-triângulo);
• categoria
H – conjugado de partida alto, corrente de partida normal,
baixo escorregamento. Empregado em máquinas que exigem maior
conjugado na partida, como peneiras, transportadores carregadores,
cargas de alta inércia e outros;
• categoria HY – O mesmo que a categoria H, porém é prevista para partida Y-∆;
• categoriaD – conjugado de partida alto, corrente de partida normal,
alto escorregamento (superior a 5%). Usado em prensas concêntricas
e máquinas semelhantes, nas quais a carga apresenta picos periódicos,
em elevadores e cargas que necessitem de conjugados de partida muito
altos e corrente de partida limitada.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
62

A figura 26 mostra um exemplo das categorias de conjugado.


300

Conjugado em percentagem do conjugado de plena carga


250 Categoria D

200

Categoria H
150

Categoria N
100

50

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Velocidade (%)

Figura 26 -  Conjugado de um motor trifásico


Fonte: WEG, 2005d

Tolerâncias

Um motor elétrico não deve ter o rendimento alterado de maneira considerável


quando funciona com tensões 10% acima ou abaixo do valor nominal, desde que
tenha a frequência no valor nominal. Se a frequência variar ao mesmo tempo
que a tensão, o somatório das duas variações não deve ultrapassar o limite de
10%. Para a frequência, o valor-limite é de 5%, tanto superior como inferior. Esses
valores são determinados por normas específicas.

Um motor elétrico trifásico pode ser ligado em


frequências diferentes, desde que sejam observadas as
VOCÊ variações das características que ocorrerão. Aliás, isto é
SABIA? feito com muita frequência em máquinas que necessitam
de controle de velocidade.

3.5.2 Conservação de energia

Para que você faça uma boa conservação de energia em um motor elétrico, é
necessário que tomem os seguintes cuidados:
• usar um motor com um fator de potência grande (próximo de 100%);
• o rendimento do motor deve ser alto;
• cuidar para que o dimensionamento dos fios a serem utilizados na instalação
elétrica (conforme a NBR-5410);
• evitar emendas entre fios (conforme NBR-5410).
3 Motores Elétricos
63

Para evitar a perda de energia elétrica, utilizamos um motor específico, o motor


de alto rendimento, que veremos a seguir.

Motor de alto rendimento

Os motores de alto rendimento utilizam materiais de melhor qualidade, tanto


no estator quanto no rotor. Para a mesma potência no eixo, consomem menos
energia durante um mesmo ciclo de operação.
Os motores de alto rendimento são dotados de algumas características
especiais:
• utilizam
chapas magnéticas de aço-silício de qualidade superior, o que
proporciona uma redução da corrente de magnetização e, consequentemente,
aumenta o rendimento do motor;
• utilizam maior quantidade de cobre nos seus enrolamentos, reduzindo as
perdas por aquecimento em função da corrente elétrica (efeito joule);
• apresentam um alto fator de enchimento das ranhuras, que tem como maior
benefício a dissipação do calor gerado pelas perdas internas;
• apresentam redução das perdas suplementares devido ao tratamento
térmico do rotor;
• apresentam redução das perdas por efeito joule, devido ao dimensionamento
adequado das ranhuras do rotor e dos anéis de curto-circuito.
Devido a essas caraterísticas e ao seu sistema de ventilação bem elaborado, os
motores de alto rendimento podem operar com temperaturas inferiores às dos
motores convencionais, o que torna possível uma maior capacidade de sobrecarga,
possibilitando um fator de serviço geralmente superior a um fator de 1,10.
Hipoteticamente, o rendimento dos motores pode crescer e atingir um número
muito próximo à unidade. Entretanto, o seu custo é algumas vezes maior do que
o do motor de indução convencional, o que é compensado pela redução do seu
custo operacional. A figura 27 mostra esse tipo de motor.

Figura 27 -  Motor de alto rendimento


Fonte: WEG, 2005e
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
64

3.5.3 Controle de demanda

O controle de demanda é a potência máxima absorvível por uma empresa.


Essa informação é importante para que o contrato de consumo de energia
com a empresa fornecedora seja feito da forma mais econômica possível. Para
que o contrato seja efetivado, é feito o dimensionamento de motores e de
transformadores da empresa, de modo a se obter a máxima potência de consumo.
Com essas informações, é feito um contrato com a empresa de energia elétrica,
discriminando a potência máxima de consumo da empresa. Caso a potência de
consumo mensal da empresa seja menor do que o discriminado, o valor pago será
baixo, pois haverá desconto se for menor que o contratado. Se o consumo mensal
da potência elétrica for maior do que o da demanda, a empresa será multada, pois
ultrapassou o valor discriminado.

Recapitulando

Neste capítulo, vimos que os motores elétricos são máquinas elétricas


responsáveis pela movimentação dos sistemas, e, pelo fato de precisar de grande
potência, são muito utilizados na indústria.
Vimos o histórico de criação do motor elétrico, mostrando a sua evolução ao
longo do tempo. Constatamos que as características dos motores são fatores
importantes na escolha do equipamento adequado a uma tarefa específica.
Compreendemos como é a curva característica de um motor elétrico, mostrando as
etapas em cada parte desse gráfico. Vimos os tipos de potência que existem e a sua
particularidade na influência da potência consumida.
Estudamos as diferenças de um motor de corrente alternada monofásico e
trifásico, síncronos e assíncronos, as partes internas de um motor elétrico, o princípio
de funcionamento do motor trifásico e os tipos de motores trifásicos que existem.
E, por último, vimos os principais problemas que ocorrem em um motor assíncrono.
3 Motores Elétricos
65

Anotações:
Dispositivos de proteção e
manobra de motores

Neste capítulo, veremos os principais dispositivos de proteção e de manobra para a ligação


segura de um motor elétrico. Veremos as principais características para a utilização desses
dispositivos e, principalmente, seu funcionamento.
Mas, afinal, o que são estes dispositivos? Quais as suas funcionalidades? Em quais situações
podem ser empregados? Quais as suas características? Essas perguntas serão esclarecidas a seguir.

4.1 Dispositivos de proteção

Os dispositivos utilizados normalmente em baixa tensão podem ser classificados da


seguinte maneira:
a) dispositivos de seccionamento:
• comutadores;
• seccionadoras;
- em vazio;
- sob carga;
• interruptores;
• contatores;
b) dispositivos de proteção:
• contra sobrecargas;
- relés térmicos;
- termistores;
• contra curto-circuito;
- fusíveis;
- relés eletromagnéticos.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
68

Além desses dispositivos apresentados, também temos os disjuntores, que


são os dispositivos mais completos de todos, pois eles integram em um único
componente as funções de seccionamento e de proteção contra sobrecargas
e curtos-circuitos. Os dispositivos de proteção de baixa tensão são compostos
por fusíveis, relés térmicos, relés eletromagnéticos e termistores. Eles podem ter
aplicações isoladas ou em conjunto, merecendo estudos detalhados em cada
aplicação. Em relação aos dispositivos de manobra, destacamos o contator.

4.2 Características dos dispositivos de proteção e manobra


de motores

Agora, veremos as características de cada dispositivo de proteção e manobra


de motores, de acordo com a composição do circuito elétrico e a sequência de
ligação desses dispositivos que você encontrará na prática.

4.2.1 Fusíveis

São os elementos mais tradicionais para proteção contra curto-circuito de


sistemas elétricos. Sua operação é baseada na fusão do elemento fusível, contido
no seu interior. O elemento fusível é um condutor de pequena seção transversal,
que sofre, devido à sua alta resistência, um aquecimento maior do que os outros
condutores, quando há passagem da corrente.
O elemento fusível é um fio ou uma lâmina, geralmente de cobre, prata,
estanho, chumbo ou liga, colocado no interior de um corpo, em geral de porcelana
ou esteatita, hermeticamente fechado. A Figura 28 mostra a composição de um
fusível (no caso mais geral).
CONTATO FACA Tampa TFW
CORPO (PRATEADO)
ISOLANTE
ENGATE PARA Fusível FDW
MANIPULAÇÃO
AREIA DE
QUARTZO Parafuso de Ajuste PAW
ELEMENTO FUSÍVEL
TAMPA
Anel de Proteção APW
Base Unipolar
BAW - Fixação rápida
BSW - Fixação por parafusos
Figura 28 -  Composição de um fusível
Fonte: WEG, 2005e

O elemento fusível pode ter diversas formas. Em função da corrente nominal


do fusível, ele é formado por um ou mais fios ou lâminas em paralelo, com
trecho(s) de seção reduzida.
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
69

O dimensionamento de um fusível é feito da seguinte forma: deve-se


dimensionar para uma corrente de, no mínimo, 20% superior à corrente nominal
(In) do motor que está sendo utilizado, ou seja: Ifusível = 1.2 X In.
A In não deve ser maior que a corrente dos contatores e dos relés de sobrecarga,
ou seja: Ifusível ≤ IFmax.

Simbologia e classificação dos fusíveis

A simbologia do fusível está descrita na Figura 29.


F

F21

Figura 29 -  Simbologia do fusível


Fonte: WEG, 2005e

Os fusíveis podem ser classificados de acordo com diversos critérios. Os


critérios mais utilizados são os seguintes:
• tensão de alimentação – alta, média tensão ou baixa tensão;
• características de interrupção – ultrarrápidos ou retardados: os fusíveis
usados na proteção de circuitos de motores são da classe funcional (gL),
indicando que são fusíveis com função de “proteção geral”. A característica
de interrupção desses fusíveis é de efeito retardado (gG), pois os motores
(cargas indutivas), no instante de partida, solicitam uma corrente diversas
vezes superior à nominal e que dever ser “tolerada”, com um curto
espaço de tempo. Caso fossem utilizados fusíveis com características
de interrupção ultrarrápida, eles fundiriam (queimariam), em função da
corrente de partida do motor, o que não estaria de acordo com a função
do fusível, pois a corrente de partida não representa nenhuma condição
anormal. Os ultrarrápidos são utilizados geralmente para a proteção de
soft-starter e inversores;
• forma construtiva dos fusíveis retardados – classificam-se basicamente
em fusíveis do tipo D e do tipo NH. Na prática (por questões econômicas),
costuma-se utilizar fusíveis do tipo D até 63A e, acima desse valor,
fusíveis do tipo NH.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
70

Fusíveis de comando

Para proteção dos circuitos de comando, normalmente são utilizados fusíveis


com características de interrupção retardada e forma construtiva tipo D.
Fusível Diazed (D)
O fusível tipo D é utilizado em residências ou instalações industriais em
circuitos com motores. É do tipo retardado e fabricado para correntes de 2 a
100A. O conjunto de proteção Diazed é formado por tampa, anel de proteção
(ou, alternativamente, cobertura de proteção), fusível, parafuso de ajuste e base
unipolar ou tripolar (com fixação rápida ou por parafusos). Os fusíveis do tipo D
são recomendados para uso residencial e industrial. (Figura 30)

Figura 30 -  Fusível tipo D


Fonte: WEG, 2005a

O fusível possui na extremidade um indicador que tem a cor correspondente


à sua corrente nominal, que é a mesma cor do parafuso de ajuste. O indicador
desprende-se em caso de queima, podendo ser visto pelo visor da tampa. Seu
interior é preenchido com uma areia especial, de quartzo, que extingue o arco
voltaico em caso de fusão. A Tabela 7 mostra os valores de fusíveis do tipo D com
suas respectivas bases e cores.
Tabela 7: Código de cores dos fusíveis tipo D
Corrente nominal (A) Código de cor
Base 25 2 rosa
4 marrom
6 verde
10 vermelho
16 cinza
20 azul
25 amarelo
Base 63 35 preto
50 branco
63 cobre
Base 100 80 prata
100 vermelho
Fonte: Autor
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
71

Fusível NH (alta capacidade, baixa tensão)


O fusível NH é usado nos mesmos casos que o do tipo D, porém é fabricado
de 6 a 1.250A. O conjunto é formado por fusível e base. Esse tipo de fusível é
utilizado somente na indústria. Para a segurança, a colocação e/ou retirada do
fusível é feita com um equipamento chamado punho saca-fusível, que pode
ser visto na Figura 31.

Figura 31 -  Punho saca-fusível


Fonte: Autor

O fusível do tipo NH possui um sinalizador de estado (bom/queimado), mas


não em cores diferentes, como do tipo D. Os fusíveis do tipo NH são recomendados
para uso industrial e devem ser manuseados apenas por pessoal qualificado.
(Figura 32)

Figura 32 -  Fusível do tipo NH


Fonte: WEG, 2005a

A classificação NH, traduzida do alemão, significa N (Niederspannung) = baixa


tensão; H (Hochleistung) = alta capacidade. A Tabela 8 mostra os fusíveis com
seus respectivos códigos e capacidades de interrupção de corrente.
Tabela 8: Capacidade de interrupção de corrente em relação aos códigos
dos fusíveis NH
Código de Fusível Capacidade de Interrupção (A)
NH 00 4 a 160A
NH 1 50 a 250A
NH 2 125 a 400A
NH 3 315 a 630A
Fonte: FRANCHI, 2008

Fusível ultrarrápido
O fusível ultrarrápido é indicado para a proteção de diódos e tiristores. Na
prática, esse tipo de fusível é recomendado para a proteção de retificadores e
inversores. Sua principal proteção é contra curtos-circuitos.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
72

4.2.2 Contator

Contator é uma chave de operação não manual, eletromagnética, que tem uma
única posição de repouso. É capaz de estabelecer, conduzir e interromper correntes
em condições normais do circuito, inclusive sobrecargas no funcionamento. A
Figura 33 mostra um contator com todos seus componentes enumerados.

19

18
16 17
15
11
14
13 10
12 7
9
4 8
5 6
3
2 20
1 21

1. Parte superior da carcaça 11. Capa lateral


2. Núcleo fixo 12. Contato móvel principal
3. Anel de curto-circuito 13. Mola do contato principal
4. Entreferro 14. Contato fixo auxiliar - NA
5. Bobina 15. Contato móvel auxiliar - NA
6. Mola de curso 16. Mola de contato auxiliar
7. Cabeçote 17. Contato móvel auxiliar - NF
8. Núcleo móvel 18. Contato fixo auxiliar - NF
9. Terminal da bobina 19. Capa frontal
10. Contato fixo principal 20. Parte inferior da carcaça
Figura 33 -  Contador
Fonte: WEG, 2005a

Os principais elementos construtivos de um contator são os contatos,


o núcleo, a bobina, as molas e a carcaça. No contator, temos os contatos
principais e auxiliares. O contato principal é aquele componente de ligação
que, em estado fechado, conduz a corrente do circuito principal. Os contatos
principais de um contator são dimensionados com o objetivo principal de
estabelecer e interromper correntes de motores, podendo, ainda, acionar
cargas resistivas, capacitivas e outras.
Já os contatos auxiliares são dimensionados para a comutação de circuitos
auxiliares para comando, sinalização e intertravamento elétrico, entre outras
aplicações. O formato dos contatos auxiliares está de acordo com a função:
normalmente aberto (NA) ou normalmente fechado (NF), podendo ser ainda
adiantados ou retardados, dependendo da linha e do modelo do contator utilizado.
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
73

A Figura 34 mostra um contator principal (maiores) e um contator auxiliar (menores).


1/13
3/12
3/13

22E
3TF4
4
2/T1
4/T2
0/T3

Figura 34 -  Contatos auxiliares e principais de um contator


Fonte: WEG, 2005a

Simbologia dos contatores

O conjunto dos contatos principais e dos contatos auxiliares com a bobina é


visto na Figura 35, com as suas simbologias.
NA NA NF NF
13 23 31 41

C 14 24 32 42
Contatos Contatos
Principais Auxiliares

Figura 35 -  Simbologia do contator (bobina), os contatos principais e os contatos auxiliares


Fonte: WEG, 2005a

Notamos que há uma linha tracejada indicando que quando o contator está
energizado, os contatos auxiliares e os contatos de potência mudam de posição
de forma simultânea.

Sistema de acionamento dos contatores

O acionamento dos contatores pode ser realizado com corrente alternada ou


contínua, por serem dotados de sistemas específicos (bobina, núcleo) para cada
tipo de corrente.

Nomenclatura de contatos em contatores

Segundo a IEC 947-4, a identificação de terminais de contatores e de relés


associados fornece informações sobre a função de cada terminal ou de sua
localização em relação a outros terminais e demais aplicações. A seguir, temos as
definições da IEC 947-4 e respectivos comentários.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
74

Bobinas e terminais do circuito principal (potência)

As bobinas são identificadas de forma alfanumérica com A1 e A2. Os terminais


do circuito principal devem ser identificados por números unitários e por um
sistema alfanumérico. Os terminais 1L1, 3L2 e 5L3 voltam-se para a rede (fonte), e
os terminais 2T1, 4T2 e 6T3, para a carga.

Terminais de contatos auxiliares

Os terminais dos circuitos auxiliares devem ser marcados ou identificados nos


diagramas, por meio de figura com dois números, a saber:
• a unidade representa a função do contato;
• a dezena representa a sequência de numeração.
A Figura 36 mostra esse exemplo:
Número de sequência
( 1° contato) Número de função (NA)

Sequência
13 14
( 2° contato) Função (NF)

21 22
Figura 36 -  Representação dos contatos auxiliares
Fonte: WEG, 2005a

Número de função e número de sequência

Os números de função 1,2 são próprios de contatos normalmente fechados, e


3,4 são próprios de contatos normalmente abertos.
A norma diz que terminais pertencentes a um mesmo elemento de contato
devem ser marcados com o mesmo número de sequência, como mostra a Figura
37. Notamos as sequências (da esquerda para a direita) 1 (contato NA), 2 (contato
NA), 3 (contato NF) e 4 (contato NF).

13 21 31 43 ON 34 CN 13
5 T
CN 12
5
ON 31
5

14 22 32 44
E 22

8 7
0N 44 CN 23 CN 2 8 5
2 ON 41

Figura 37 -  Sequência de contatos


Fonte: WEG, 2005a
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
75

Critérios de escolha de contatores

Para que você escolha corretamente os contatores que irá utilizar, precisa saber
alguns critérios que são importantes:
• categoria de emprego – determina as condições para a ligação e interrupção
da corrente e da tensão nominal de serviço correspondente para a utilização
normal do contator, nos mais diversos tipos de aplicação para CA e CC;
• tensão de comando – critério empregado após a definição do tipo de contator
a ser utilizado, juntamente com a frequência da rede. Diferencia-se pelo sistema
utilizado, sendo usual a tensão em CA e com menor incidência em CC;
• frequência de manobras – informa o número de manobras por hora que o
contator deve realizar. Essa é uma informação importante, pois quanto maior
esse valor, menor será a vida dos contatos;
• quantidade de contatos auxiliares – a quantidade depende das necessidades
de comando intertravamento e sinalizações constantes do circuito.

Comportamento do contator para ligação de motores com cargas

A Figura 38 mostra o comportamento de cargas resistivas, indutivas e


capacitivas, na hora da partida.
Carga resistiva
Exemplo: Resistência
30
para aquecimento
20
Pico de corrente na
10 ligação 20. /n ( em poucos
milisegundos)

10
0 10 20 (ms)

Carga indutiva
(X /n) Exemplo: Motor trifésico
com rotor em curto-circuito
20

10
Pico de corrente na ligação
8. /n ( cos α = 0,35)
-10
-20
0 0,5 1,0 (s)

Carga capacitiva
Exemplo: Banco de
(X /n) capacitores
60 Pico de corrente na
40 ligação ( muito elevado ) 60. In
( Os contatores básicos
20 devem ser adaptados a
-10 manobra de capacitores,
diminuindo o efeito de
-20
pico através de resistência
0 10 20 (ms)
ou indutâncias ligadas em série).

Figura 38 -  Comportamento de cargas resistivas, indutivas e capacitivas na hora da partida.


Fonte: FRANCHI, 2008
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
76

4.2.3 Relés de sobrecarga

Os relés de sobrecarga são dispositivos baseados no princípio de dilatação


de partes termoelétricas (bimetálicos). A operação de um relé está baseada
nas diferentes dilatações que os metais apresentam quando submetidos a
uma variação de temperatura. Relés de sobrecarga são usados para proteger
equipamentos elétricos, como motores e transformadores, de um possível
superaquecimento. O superaquecimento de um motor pode ser causado por:
• sobrecarga mecânica na ponta do eixo;
• tempo de partida muito alto;
• rotor bloqueado;
• falta de uma fase;
• desvios excessivos de tensão e frequência da rede.
Em todos esses casos, o incremento de corrente (sobrecorrente) no motor é
monitorado em todas as fases pelo relé de sobrecarga.
Um relé térmico de sobrecarga pode ser dividido em duas partes:
• circuito principal ou de potência – é composto por uma carcaça de material
isolante, três bimetais de aquecimento, alavanca de desarme, terminais de
entrada (1L1, 3L2 e 5L3) e terminais de saída (2T1, 4T2 e 6T3);
• circuitoauxiliar ou de comando – consiste basicamente dos contatos
auxiliares (NA e NF) por onde circula a corrente de comando, botão de
regulagem, botão de rearme (reset), botão de seleção (manual e automático)
e bimetal de compensação da temperatura (dá condições ao relé de operar
na faixa de –20ºC a 50ºC sem modificação da curva de desarme). Com a
circulação da corrente nominal do motor (para a qual o relé está regulado),
os bimetais curvam-se. Isso acontece porque o bimetal é uma liga de dois
materiais com coeficientes de dilatação diferentes. A curvatura do bimetal
se dá para o lado do material de menor coeficiente.

Terminais de relés de sobrecarga e simbologias

Os terminais do circuito principal dos relés de sobrecarga devem ser


marcados da mesma forma que os terminais de potência dos contatores. A
Figura 39 mostra essa nomenclatura.
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
77

1L1 2T1
CARGA
3L2 4T2

5L3 6T3

Figura 39 -  Nomenclatura de um relé de sobrecarga com a sua simbologia


Fonte: WEG, 2005a

Os terminais dos circuitos auxiliares de relé devem ser marcados da mesma


forma como os dos contatores, com funções específicas. O número de sequência
deve ser o 9 e, se uma segunda sequência existir, será identificada com o zero. A
Figura 40 mostra essa nomenclatura.
RW27D
6A
1,2
95

1,5
96
98 1,3

95
96 97 98 96 NC 98 NO 97 NO 95 NC

Contato tipo reversor Duplo contato


(1 NA + 1 NF )
Figura 40 -  Nomenclatura dos contatos auxiliares de um relé de sobrecarga coma sua simbologia
Fonte: WEG, 2005a

O relé não deve ser dimensionado com a corrente nominal, pois, se houver
a necessidade de o motor ser utilizado com fator de serviço acima de 1, o relé
não permitirá tal corrente, mesmo que o motor suporte essa situação. O ajuste da
corrente deve ser do seguinte modo:
Ir = 1,15 até 1,25 . In
Em que:
Ir = corrente do relé de sobrecarga;
In = corrente nominal.
Características de operação
• Corrente nominal do motor – é a característica básica de escolha da
faixa de corrente de um relé. Serve inclusive para seu ajuste por meio
do botão de regulagem.
• Características da rede – a influência da frequência sobre os valores de
desarme pode ser desprezada. O maior valor de tensão admissível para o
relé é a sua tensão nominal de isolação.
• Número de manobras – a correta proteção de um motor com relé de
sobrecarga é garantida para operação contínua ou para uma frequência de
manobras de até 15man/hora. Após cada manobra, os bimetálicos do relé
deverão ter tempo para resfriar, voltando à posição original (repouso).
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
78

Relé de falta de fase

Esse relé é um componente eletroeletrônico que monitora um circuito elétrico


verificando a presença ou não das três fases. Ele desliga, caso isso ocorra, evitando
que a máquina funcione com falta de fase. Alguns modelos verificam também
a presença do neutro, sendo então chamados de relé falta de fase e neutro. A
ligação desses componentes exige um circuito apropriado com dispositivos de
controle a distância integrado (contator, por exemplo), pois a atuação ocorre com
a modificação da posição de um contato auxiliar, que então deve atuar em um
circuito de comando.
Normalmente, o contato que deve ser conectado em série ao circuito é o
contato NA, pois fecha assim que recebe os condutores energizados da rede
elétrica. A Figura 41 mostra este tipo de relé.
R S T (N)
L2

FF ( N )

ao circuito
de força

L1
Figura 41 -  Relé de falta de fase
Fonte: Basotti, 2001

Relé de sequência de fase

Esse tipo de relé é utilizado em sequência de fase para sistemas trifásicos e


serve para detecção da inversão das sequências de fases R, S, T. O relé de fase não
comuta, bloqueando o comando do sistema.

Relé de proteção PTC

Esse relé é utilizado em motores que usam sondas PTC (positive temperature
coeficient), um termistor cuja resistência aumenta bruscamente para um valor
definido de temperatura, alterando o seu valor de resistência. A instalação do
PTC é feita por meio das espiras do motor elétrico. Geralmente, é ligado um PTC
por fase e ligado em série, protegendo o motor de qualquer aquecimento no
enrolamento. A Figura 42 mostra o PTC em um motor elétrico.
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
79

Figura 42 -  Ligação de um PTC em um motor elétrico


Fonte: FRANCHI, 2008

4.2.4 Disjuntor

Os disjuntores são dispositivos destinados à proteção de circuitos de


distribuição. Atualmente, é o dispositivo mais comum de proteção em baixa
tensão. Além disso, eles:
• são empregados para efetuar a proteção elétrica do circuito com a detecção
de sobrecorrentes e da abertura do circuito;
• permitem comandar, por meio de abertura e do fechamento voluntário sob
cargas, seus respectivos circuitos que são instalados.
Em sua grande maioria, os disjuntores são termomagnéticos, equipados com
disparadores térmicos (que possuem uma característica considerada de longa
duração) e disparadores eletromagnéticos (instantâneos). Geralmente, são
montados em quadros de distribuição. (Figura 43)

1=A
InA=00100 n I
V 0=05500
Ue = eU V
4 =º TC
TC=º 545 O
nOn
C
A .TAA
CAT.
K
AKA
040
4
UeV VeU
32
0230 K0
0K 521 WD
DWH125H
2
525 14/ /415
5380 6 - 60
083 050 05
1
616 44
0440 2H
H2

O
ffOff
1
212 05
0500
21
5125 m
515
1
5 = Icu
= 050%
cI %
uK1 1K TSET
ETESTE
- 74947
2IEC EI
9 C-2 D
100
21- W
0
DW H 5H
01 -125
- 74EN
2CEI C NE IE-2C
90C0947
EDV
0660 0660
VDE

Figura 43 -  Disjuntor
Fonte: WEG, 2005a

Funcionamento do disjuntor

Um elemento é movimentado por uma força externa (alavanca, motor, etc.),


acionando um bloco de contatos principais e outro de contatos auxiliares ao
mesmo tempo em que comprime um jogo de molas de abertura. Ao fim do curso
dos contatos, uma trava mantém o mecanismo de posição de contatos principais
fechados e molas de abertura comprimidas.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
80

Um comando de abertura, direto ou através de disparadores, irá retirar a trava


e liberar o mecanismo que provocará a separação brusca de contatos fechados
por efeito de liberação das molas comprimidas de abertura.
De maneira simplificada, temos o seguinte esquema:
Disjuntor = interruptor + Relé térmico + Relé eletromagnético

( Operação liga / desliga ) (Proteção contra sobrecarga) (Proteção contra curto-circuito)

A interrupção de corrente que ocorre na abertura tem um valor máximo,


que é chamado de capacidade de interrupção. A Figura 44 mostra as etapas de
funcionamento de um disjuntor.

a Alavanca de acionamento
Ligado
Desarmado
Desligado
disparadores no repouso

Borne i i Borne
de entrada Mola comprimida de saída
Disjuntor ligado

Trava mecânica
“armada”
i i
Contratos de força
Botão
i
de teste i

Disparador térmico no repouso


Disparador magnético
no estado frio ou
no repouso
no estado aquecido - “em equilibrio térmico”

b Alavanca de acionamento
Ligado
Desarmado
Desligado
Disjuntor Desligado

Borne
de entrada Borne
Trava mecânica Mola comprimida de saída

Contratos de força

Botão
de teste

Disparador magnético Disparador térmico


proteção contra a corrente de curto - circuito proteção contra a corrente de sobrecarga
atua “instantameamente” não atua instantaneamente (t varia de segundos a horas)

c Alavanca de acionamento
Ligado
Desarmado
Desligado
atuação dos disparadores

Borne
Disjuntor desarmado

Borne
de entrada Mola sem pressão
Trava mecânica de saída
“livre”
Contratos de força
abertos
Botão
de teste

Disparador térmico ainda aquecido


impedindo o religamento do disjuntor

Figura 44 -  Etapas de funcionamento de um disjuntor. a) Disjuntor ligado - disparadores no repouso; b) Disjuntor desligado;
c) Disjuntor desarmado - atuação dos disparadores
Fonte: WEG, 2005a
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
81

Características dos disjuntores

Os disjuntores apresentam as seguintes características:


• têm atuação multipolar (podem ser utilizados em todas as fases,
ao contrário do fusível), evitando a operação desequilibrada de
equipamentos trifásicos;
• oferecem larga margem de escolha de correntes nominais;
• podem ser religados, sem a necessidade de substituição;
• possuem característica de tempo x corrente, não afetando correntes que
provocam outros disparos.

Proteção e utilização dos disjuntores

Os disjuntores possuem dois tipos de proteção: contra sobrecorrentes


pequenas e moderadas por meio de disparadores magnéticos ou térmicos e
contra correntes de curto-circuito por meio de disparadores eletromagnéticos.
A utilização dos disjuntores em motores deve ocorrer somente quando houver
as seguintes situações:
• comando local;
• frequência de operação baixa;
• pouco espaço.

Simbologia e disparadores em disjuntores

A simbologia de um disjuntor é visto na Figura 45.

2
167
501
809
189 2
167
501
809
5SX1 189
5SX2 2
167
501
5SX3 189
809

B3 2 C4 C16
220 /380 C
380 v - 380 v -
3000 24 24 6
3000
v- Ul 440V
3000
Ul 250/ - Ul 440V
440V - 1 3 - 1 3 5

Disjuntor Disjuntor Disjuntor


Monopolar Bipolar Tripolar

Figura 45 -  Disjuntor
Fonte: WEG, 2005a
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
82

O Quadro 2 mostra os modos de disparos dos disjuntores.


Tipo de disparador Aplicação
Disparador de sobrecorrente térmico Proteção contra sobrecarga
Disparador de sobrecorrente eletromagnético Proteção seletiva contra curto-circuito
temporizado
Disparador de sobrecorrente instantâneo Proteção contra curto-circuito
Disparador de sobrecorrente eletrodinâmico Proteção contra curto-circuito com limitação de
corrente
Disparador de subtensão Proteção contra subtensão, comando a distância,
intertravamento
Disparador a distância Desligamento a distância
Disparador de redes em malha Proteção seletiva de redes em malha
Quadro 2 - Tipos de disparos dos disjuntores
Fonte: WEG, 2005a

Considerando a sua utilização, os disjuntores podem ser classificados em:


• disjuntores ligados diretamente à carga – são aplicados em cargas como
motores, capacitores e fornos elétricos;
• disjuntores de distribuição – são aplicados em circuitos de proteção de
geradores, transformadores e dos cabos de distribuição;
• disjuntores de acoplamento ou de potência – são interruptores que
devem ter altas capacidades de interrupção, tendo em vista os valores
de curto-circuito que costumam ocorrer em subestações, quadros
gerais e de distribuição.
A Tabela 9 mostra os tipos de disjuntores.
Tabela 9: Faixa de corrente de regime: valores básicos
Corrente Nominal Disjuntores Disjuntores de Disjuntores de
Iu (A) Ligados a Carga Distribuição Acoplamento

6 – 16
25 – 40
63
100 – 200 X
400
630
1000 X
1250 – 1600 X
2500 – 3150
4000 – 6300
Fonte: WEG, 2005a
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
83

Disjuntor para motores

Os disjuntores para motor devem possuir disparador térmico ajustável e disparador


magnético regulado de tal forma a suportar a corrente de partida do motor. A utilização
de disjuntores para a proteção de motores, em substituição à tradicional solução
fusíveis/contator/relé térmico, traz uma série de vantagens, das quais destacamos:
• o funcionamento do disjuntor como chave-geral;
• o desligamento simultâneo de todas as fases, evitando funcionamento bifásico;
• o casamento perfeito entre as curvas de proteção térmica e magnética, com
possibilidade de regulagem da curva proteção magnética;
• o oferecimento de proteção para qualquer valor de corrente, principalmente
nas faixas de pequenos motores;
• a não necessidade de substituição, em caso de abertura por curto-circuito,
bastando rearmá-lo.

4.2.5 Transformador de comando

O transformador de comando tem como objetivo principal compatibilizar a


tensão da rede com a tensão de comando. O uso desse componente possibilita
que o circuito de comando seja ligado entre fase e terra, evitando o desequilíbrio
do ponto neutro da ligação estrela da rede. Ele é geralmente utilizado quando a
tensão da rede é maior do que 220V (380V, por exemplo). Esse desequilíbrio causa
a variação da tensão de comando, e o transformador isola (separa) o circuito de
comando do principal. Com essa prática, o circuito de comando estará isento de
qualquer anomalia (curto-circuito, sobrecargas) do circuito de força.

Simbologia e formas de instalação do transformador de comando

As formas de instalação de um transformador de comando em uma rede


trifásica são feitas sem neutro e com neutro, como mostram as figuras 54 a, b e c.
F23 F21
R
F23 F21
Circuito de Comando

Circuito de Comando

R H1 X1
H1 X1

S
S

F22 H2 X2 H2 X2
T T

a N b c
Figura 46 -  Utilização de transformador em uma rede trifásica, a) sem neutro, b) com neutro e c) Simbologia do transformador
Fonte: WEG, 2005a
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
84

Dimensionamento do transformador de comando

A potência de pico do circuito de comando no instante de ligar assume


diversas vezes o valor da potência em regime do circuito ligado. Por esse motivo
e também para evitar sobreaquecimento do transformador e queda de tensão
excessiva no instante de picos, devem ser atendidas as seguintes condições:
• a potência nominal do transformador (ST) deverá ser superior à potência
de regime do circuito (SR) no instante em que a lógica de comando tiver o
maior consumo em regime (contatores ligados) ST > SR, (SR = somatória das
potências aparentes dos contatores ligados, no instante em referência);
• a potência instantânea máxima do transformador deverá ser superior à
potência de pico máxima que possa ser solicitada pelo circuito. A escolha do
transformador pela potência instantânea é relacionada com a potência de
pico (SP) e do fator de potência (FP), do circuito.

Autotransformadores de partida

Usado na partida indireta do tipo compensada, o autotransformador de


partida (figura 56) é responsável pela diminuição da tensão aplicada no motor no
instante inicial. O valor da tensão de saída desses autotransformadores é expresso
em porcentagem, normalmente nos valores 65 e 80%.
Os autotransformadores têm a seguinte identificação em seus terminais:
• R, S, T: bornes de alimentação do autotransformador;
• 65 ou 80%: bornes de saída – derivadores de tensão (TAPs);
• 0 (zero) ou Y (estrela): bornes que devem ser curto-circuitados no momento
da partida, ou seja, devem-se ligar as bobinas em estrela.

100
100
100

80
80
80

85
85
85
0
00

00

Figura 47 -  Autotransformador de partida trifásico


Fonte: Basotti, 2001

Para se definir a potência do autotransformador, deve-se considerar:


• a potência do motor;
• a frequência de partida (número de partidas por hora).
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
85

Existem limitações quanto ao número de partidas, sob pena de danificação


dos enrolamentos. Assim sendo, fica estabelecido: 10 partidas/hora com um
tempo de partida de 15 segundos.

Normalmente os autotransformadores são projetados para


suportar a corrente de partida durante 15 segundos. Após
VOCÊ a definição da potência, para completar a especificação do
SABIA? autotransformador, deve ser citada a tensão nominal da rede
e a classe de isolamento – em sua maioria classe B.

4.2.6 Relés temporizadores

Os relés temporizadores são para controle de tempos de curta duração,


utilizados na automação de máquinas e processos industriais, especialmente em
sequenciamento, interrupções de comandos e em chaves de partida. A Figura 48
mostra um temporizador.
A1 15

2 3
A1 - A2 - alimentação
4
A1 A2
1
15 - contato comum
16 - contato NF
15
16
18
Seg 5 18 - contato NA
16 18 A2

Figura 48 -  Temporizador
Fonte: WEG, 2005a

Relés de tempo com retardo na energização (ON DELAY)

Os relés de tempo com retardo na energização (ON DELAY) são aplicados


no sequenciamento de comandos e interrupções, painéis de comando,
chaves compensadoras.

Funcionamento, simbologia e tensão de comando

O relé comuta seus contatos de saída, após transcorrido o tempo selecionado na


escala, sendo o início de temporização dado quando há energização dos terminais de
alimentação A1-A2. A Figura 49 mostra o diagrama de funcionamento de um ON DELAY.

Alimentação

Saída (contatos)
a b
T

Figura 49 -  Diagrama de funcionamento de um ON DELAY


Fonte: WEG, 2005a
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
86

Percebemos que o tempo de partida para ligar é demorado, e para desligar é


rápido. A simbologia de um temporizador ON DELAY é visto na Figura 50.
a) b) 25
A1 15

K6 K6
18 28

A2
a b
Figura 50 -  Simbologia a) de um temporizador ON DELAY e b) do contato
Fonte: FESTO, 2012

Relés de tempo com retardo na desenergização (OFF DELAY)

Os relés de tempo com retardo na desenergização (OFF DELAY) são também


aplicados no sequenciamento de comandos e interrupções e painéis de comando.

Funcionamento e simbologia

O relé comuta seus contatos de saída depois de energizado os terminais


de alimentação A1-A2. Após serem desenergizados A1-A2, inicia-se a
temporização, e os contatos do relé só sairão da comutação após transcorrer
o tempo selecionado na escala.
A Figura 51 mostra o diagrama de funcionamento de um OFF DELAY. Percebe-
se que o tempo de partida para ligar é rápido e para desligar é demorado.

Alimentação

Saída (contatos)
a b
T

Figura 51 -  Diagrama de funcionamento de um OFF DELAY


Fonte: WEG, 2005a

O relé comuta seus contatos de saída depois de transcorrido o tempo


selecionado na escala, sendo o início de temporização dado quando da energização
dos terminais de alimentação A1-A2. A simbologia de um temporizador OFF
DELAY é visto na Figura 52.
a) b) 15 25
K
NA NF
k
C
18 28

a b

Figura 52 -  Simbologia a) de um temporizador OFF DELAY e b) da simbologia dos contatos


Fonte: WEG, 2005a
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
87

Relés de tempo para partida estrela-triângulo e tensão de comando

Os relés de tempo para partida estrela-triângulo e tensão de comando


são construídos especialmente para os sistemas de partida estrela-triângulo
automáticos, pois esses relés proporcionam maior segurança na comutação do
motor da ligação de partida para a de funcionamento, já que oferecem defasagem
nas trocas de ligações. Isso garante que o contator triângulo só entre quando o
contator estrela estiver fora, e o arco elétrico extinto.
Quando energizada sua bobina, o contato estrela instantaneamente é
acionado (ligando o contator estrela). Decorrido o tempo de ajuste, o contato
retorna à posição inicial e, após alguns milissegundos (50ms, geralmente), aciona
o contato triângulo (ligando então o contator triângulo). Permanece assim até
que seja desenergizado.
A tensão de comando é:
• 24Vcc;
• 110Vca;
• 220Vca.

4.2.7 Contador de impulsos elétricos

O contador de impulsos elétricos realiza a contagem progressiva,


mediante a ação de impulsos elétricos, na bobina contadora. Os impulsos
são provenientes de relés, contatores, chaves, sensores elétricos, etc. A
programação é realizada pelo usuário por meio de chaves do tipo impulso,
localizadas no painel desse dispositivo. O acionamento dos contatos do
contador ocorre quando o número de impulsos elétricos na bobina contadora
for igual ao valor programado pelo usuário.

Simbologia e funcionamento

A simbologia de um contador é visto na Figura 53.

K
NA NF

Figura 53 -  Simbologia de um contador de pulsos


Fonte: WEG, 2005a
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
88

Ao ser energizada a alimentação A1-A2, realiza-se um pulso no contador. Para


ocorrer um novo pulso, deve-se desenergizar A1-A2 e energizar novamente.
Quando o número de pulsos chegar a um valor específico, os contatos irão se
comutar. Só sairão desse estado quando for energizado o RESET. A Figura 54
mostra o funcionamento deste tipo de contador.
fechada
Chaves S aberta
acionado
Reset desacionado

acesa
Lâmpada 1 apagada

Figura 54 -  Funcionamento de um contador


Fonte: WEG, 2005a

Recapitulando

Vimos, neste capítulo, as características dos fusíveis, do contator, dos


relés de sobrecarga, dos disjuntores, de transformadores de comando, dos
autotransformadores, dos relés temporizadores e dos contadores, mostrando os
seus funcionamentos, as suas características de uso e as suas aplicações.
Estudamos as suas simbologias elétricas que existem destes dispositivos,
mostrando assim a sua eficácia para proteção e funcionamento em circuitos
elétricos. Vimos também os gráficos de funcionamento destes dispositivos, na hora
em que há a alimentação deste em um circuito elétrico.
4 Dispositivos de proteção e manobra de motores
89

Anotações:
Dispositivos de comando e sinalização

Veremos, neste capítulo, os principais dispositivos de comando e sinalização para a ligação


de motores elétricos. Verificaremos seu princípio de funcionamento e aplicação em circuitos
elétricos. Estudaremos as simbologias e as unidades que são empregadas na eletricidade
industrial, e uma tabela de conversão de unidades. Assim, veremos as diferenças e as
características que existem entre esses dispositivos.

5.1 Dispositivos de comando e sinalização

Elementos de comando são utilizados no ligamento e desligamento de circuitos elétricos,


assim como em sua sinalização.

5.1.1 Chaves

Chave de impulso (ou chave sem retenção)

A chave de impulso só permanece acionada mediante aplicação de força externa. Se essa


força sair, o dispositivo volta à sua posição inicial. Possui contatos NA e NF que se invertem ao
ser acionada manualmente e retornam à posição de repouso por meio da mola. A Figura 55
mostra esses dispositivos.

Chave de impulso Desligado Acionado

NA

NF

Figura 55 -  Chave de impulso


Fonte: Franchi, 2008
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
92

Chave com retenção

Uma vez acionada a chave de retenção, seu retorno à posição inicial ocorre
com um novo acionamento, como é ilustrado na Figura 56.

NA NF
Figura 56 -  Chave com retenção
Fonte: Franchi, 2008

Chave com contatos múltiplos com ou sem retenção

As chaves com contatos múltiplos com ou sem retenção são chaves com vários
contatos NA e NF agregados, como mostra a Figura 57.

Figura 57 -  Chave impulso (2NA + 2NF) e chave trava (2NA + 1 NF)


Fonte: Franchi, 2008

Chave seletora

As chaves seletoras possuem duas ou mais posições e permitem selecionar uma


entre várias posições de um determinado processo com um ponto comum (C). Também
são chamadas de chaves comutadoras. A Figura 58 mostra esse tipo de chave.

NF
C
NA

Figura 58 -  Chave impulso (três posições) e chave trava (duas posições)


Fonte: Franchi, 2008

Chaves manuais

As chaves manuais são exemplos de dispositivos de manobras para motores


elétricos. Provavelmente, as chaves manuais representam a forma mais simples e
econômica de fazer esse procedimento. Sua constituição física depende de sua
aplicação e do fabricante. O funcionamento elétrico das chaves manuais, ou seja,
como são fechados seus contatos internos, depende da aplicação da chave. Elas
poderão ser específicas para determinada máquina ou aplicáveis em situações
gerais. A Figura 59 mostra essas chaves manuais.
5 Dispositivos de comando e sinalização
93

Figura 59 -  Chaves manuais


Fonte: Basotti, 2001

Tomada industrial

A tomada industrial é usada na alimentação de máquinas que requerem


correntes de valores maiores, normalmente acima de 16A. Existem em diversas
formas físicas e com variado número de polos (3F + N + T, 2F + N, 3F + N, etc.).
Os tipos de tomadas mais utilizadas são:
a) tomadas para ambientes normais (IP – 00);
b) tomadas para ambientes especiais (IP – 44, IP – 67, etc.):
• modelo à prova de explosão;
• modelo à prova de umidade, gases, vapores e pós.
Na instalação dessas tomadas, é importante criar um padrão para a conexão
dos fios para evitar problemas com sequência de fases e outros condutores. A
Figura 60 mostra algumas tomadas industriais.

Figura 60 -  Tomadas e plugues industriais


Fonte: Basotti, 2001

5.1.2 Botoeira ou botão liga e desliga e fim de curso

A botoeira ou botão liga e desliga e fim de curso são os interruptores usados


nos circuitos elétricos industriais. As botoeiras são instaladas em portas de
quadro de comando, em frente de máquinas, etc. As pedaleiras são utilizadas em
máquinas na quais o operador liga e/ou desliga o equipamento com o pé. Já o
dispositivo fim de curso tem maior aplicação como limitadores de deslocamento
e proteção de máquinas.
As botoeiras são dispositivos auxiliares de comando que atuam no circuito
com as seguintes funções:
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
94

• comando de contatores;
• comando de sinalizadores.
Cada cor de botão indica um tipo de atividade, conforme descrito por norma, sendo que
cada empresa pode criar seu próprio padrão. A Figura 61 mostra alguns tipos de botoeiras.

Fim de curso Fim de curso


com rolete com pino

Pedaleira Conjunto pendente

Botoeira dupla isolação, Botão à impulsão


para circuitos auxiliares

0
1
Manipulador Comutadores

Botão emergência soco Cabeçotes para comutadores


com chave

Figura 61 -  Tipos de botoeiras


Fonte: THERBA, 2012

O Quadro 3 mostra a identificação de botões segundo as normas IEC 73 e VDE 0199.


Cores Significado Aplicações Típicas
Parar, desligar • Parada de um ou mais motores.
• Parada de unidades de uma máquina.
• Parada de ciclo de operação.
Emergência • Parada em caso de emergência.
Vermelho • Desligar em caso de sobreaquecimento perigoso.
Partir, ligar, • Partida de um ou mais motores.
pulsar. • Partir unidades de uma máquina.
• Operação por pulsos.
Verde ou • Energizar circuitos de comando.

Preto
Intervenção • Retrocesso.
• Interromper condições anormais.
Amarelo
• Qualquer • Reset de relés térmicos.
função, exceto as • Comando de funções auxiliares que não tenham correlação direta
Azul ou acima. com o ciclo de operação da máquina.

Branco
Quadro 3 - Identificação das cores dos botões
Fonte: WEG, 2005a
5 Dispositivos de comando e sinalização
95

5.1.3 Sinaleiros

Os sinaleiros são usados quando há necessidade de indicar um estado da


máquina ou da instalação. Existem os sinalizadores sonoros e os luminosos.
Com o sinalizador sonoro, usa-se geralmente sirene ou campainha (buzzer). Na
sinalização luminosa, são vários os tipos de sinaleiros existentes. Eles são usados
nas portas de quadros de comando, na frente de máquinas, na parte superior das
máquinas, etc. A cor do sinaleiro pode indicar alguma função específica. A Figura
62 mostra alguns tipos de sinaleiros.

Figura 62 -  Alguns tipos de sinaleiros


Fonte: Basotti, 2001

O Quadro 4 apresenta a identificação de sinaleiros segundo as normas


IEC 73 e VDE 0199:
Cores Significado Aplicações Típicas
• Condições • Temperatura excede os limites de segurança.
anormais, perigo • Aviso de paralisação (ex: Sobrecarga)
ou alarme.
Vermelho
• Atenção, cui- • O valor de uma grandeza aproxima-se de seu limite
dado.
Amarelo
• Condição de • Indicação de que a máquina está pronta para operar.
serviço segura
Verde
• Circuitos sob • Máquina em movimento.
tensão, funciona-
Branco mento normal.
• Informações • Sinalização de comando remoto.
especiais, exceto • Sinalização de preparação da máquina.
Azul as acima.
Quadro 4 - Identificação de sinaleiros conforme a sua cor
Fonte: WEG, 2005a

5.2 Simbologias, unidades e tabela de conversão

O objetivo de conhecermos a simbologia dos componentes é facilitar o processo


de construção de circuitos elétricos. A indústria utiliza uma grande variedade de
símbolos, e as próprias empresas criam os seus próprios símbolos, mas você deve
saber que há normas de padronização, que apresentamos no Quadro 5.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
96

Símbolo Descrição Símbolo Descrição


botoeira sem retenção A1 temporizador com re-
tardo na desenergização
A2 - bobina
botoeira com retenção cruzamento com ligação

fim de curso cruzamento sem ligação

contato auxiliar fusível

contato relé térmico de aterramento


sobrecarga

termostato Sinalização visual (lâm-


tº pada)

pressostato sinalização sonora


P (buzzer)

temporizador com retardo resistência elétrica


na energização (ON-delay)

temporizador com retardo bobina (indutor)


na desenergização (OFF-
delay)
temporizador Y ∆ - contatos capacitor

A1 contador - bobina diodo retificador


A2
A1 temporizador Y ∆ - bobina conector
A2
A1 temporizador com retardo instrumento de medição
na energização – bobina V
A2
1 3 5 relé térmico de sobrecarga motor trifásico
M
3~
2 4 6

1 3 5 disjuntor tripolar motor trifásico duas ve-


M
3~ locidades - Dahlander
2/4P
2 4 6

1 3 5 contador – contatos prin- motor trifásico duas ve-


cipais M
3~
locidades – enrolamentos
2 4 6
4/5P
separados

1 3 5 chave seccionadora tripolar motor trifásico de rotor


M bobinado
3~
2 4 6

100% autotransformador trifásico freio mecânico na desen-


60%
30% de partida ergização
Y

motor monofásico freio mecânico na ener-


M gização
1~

Quadro 5 - Simbologias utilizadas em eletricidade industrial


Fonte: WEG, 2005a
5 Dispositivos de comando e sinalização
97

No Quadro 6 temos a relação das grandezas e as unidades correspondentes do


Sistema Internacional de Unidades.
Grandezas unidades grandezas unidades grandezas unidades
Aceleração m/s 2
Fluxo Wb Momento de kgm2
magnético inércia
Aceleração rad/s2 Frequência Hz Nível de B
angular potência
Atividade s-1 Força N Número de m-1
ondas
Ângulo plano rad Gradiente de K/m Potência W
temperatura
Ângulo sólido sr Impulsão Ns Pressão N/m2
Área m2 Indução T Quantidade lms
magnética de luz
Calor de massa J/kgK Indutância H Quantidade de C
eletricidade
Capacitância F Intensidade de V/m Relutância A/Wb
campo elétrico
Condutância S Intensidade de A/m Resistência W
campo elétrica
magnético
Condutividade W/mK Intensidade cd Resistividade Wm
de térmica luminosa
Condutividade S/m Intensidade W/sr Resistividade W kg/m2
energética de massa
Convergência di Intensidade de A Temperatura K
corrente termodinâmica
Densidade de W/m2 Intervalo de oitava Tensão elétrica V
fluxo de enregia frequência
Dose absorvida J/kg Comprimento m Tensão N/m
superficial
Eficiência lm/W Luminância W/srm2 Tempo s
luminosa energética
Emitância l/m2 Luminância cd/m2 Vazão m3/s
luminosa
Energia J Iluminamento bc Velocidade m/s
Entropia J/K Massa Kg Velocidade rad/s
ângular
Excitação lxs Massa Kg/m3 Viscosidade m2/s
luminosa específica cinemática
Exposição C/kg Momento de Nm Viscosidade Ns/m2
força dinâmica
Fluxo (de massa) kg/s Momento Kgm2 Volume m3
cinético
Fluxo luminoso lm
Quadro 6 - Sistema Internacional de Unidades
Fonte: WEG, 2005a
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
98

No Quadro 7 temos a relação das grandezas e a forma de conversão de cada


uma delas.
Grandeza Multiplique Por Para obter
Área Metro quadrado (m ) 2
1550 Polegada quadrada (sq.in)
Polegada quadrada (sq.in) 6,94x103 Pé quadrado (sq.ft)
Pé quadrado (sq.ft) 0,0929 Metro quadrado (m2)
Comprimento Metro (m) 39,37 Polegada (in)
Polegada (in) 0,0833 Pé (ft)
Pé (ft) 0,3048 Metro (m)
Conjugado Newton-metro (Nm) 0,1019 Quilograma-força metro (mkgf) ou
(mkp)
Quilograma-força metro (mkgf) 7,235 Libra-força pé (lb.ft)
Libra-força pé (lb.ft) 16 Onça pé (oz.ft)
Onça pé (oz.ft) 0,0847 Newton-metro (Nm)
Newton-metro (Nm) 0,7376 Libra-força pé (lb.ft)
Quilograma-força metro (mkgf) 115,7 Onça pé (oz.ft)
Energia Joule (J) ou Newton-metro (Nm) 0,102 Quilograma-força metro (mkgf) ou
(mkp)
Quilograma-força metro (mkgf) 2,73x10-6 Quilowatt-hora (KWh)
Quilowatt-hora (KWh) 2,66x106 Libra-força pé (lb.ft)
Libra-força pé (lb.ft) 0,3238 Caloria (cal)
Caloria (cal) 4,187 Joule (J) ou Newton-metro (Nm)
Joule (J) ou Newton-metro (Nm) 2,78x10-7 Quilowatt-hora (kWh)
Quilograma-força metro (mkgf) 7,235 Libra-força pé (lb.ft)
Quilowatt-hora (KWh) 8,6x105 Caloria (cal)
Libra-força pé (lb.ft) 1,356 Joule (J) ou Newton-metro (Nm)
Inércia Quilograma-metro quadrado (kgm2) 23,73 Libra-pé quadrado (sq.lb.ft)
Libra-pé quadrado (sq.lb.ft) 144 Libra-polegada quadrada (sq.lb.in)
Libra-polegada quadrada (sq.lb.in) 2,93x10-4 Quilograma-metro quadrado (kgm2)
Força Newton (N) 0,1019 Quilograma-força (kgf) ou quiloponde
(kp)
Quilograma-força (kgf) ou (kp) 2,205 Libra-força (lbf)
Libra-força (lbf) 4,45 Newton-metro (Nm)
Potência Quilowatt (kW) 1,3587 Cavalo vapor (cv)
Cavalo vapor (cv) 75 Quilograma-força metro por segundo
(kgfm/s)
Quilograma-força metro por segundo 9,81 Watt (W)
Pressão Newton por metro quadrado (N/m2) 1,02x10-5 Quilograma-força por centímet. quad.
Quilograma-força por centímet. quad. 14,22 Libra-força por polegada quadrada (psi)
Libra-força por polegada quad. (psi) 0,06807 Atmosfera (atm)
Atmosfera (atm) 1,0132 Bar
Bar 1,02 Metro de água (mH2O)
Metro de água (mH2O) 98101,45x1 Newton por metro quadrado (N/m2)
Newton por metro quadrado (N/m2) 0-4 Libra-força por polegada quadrada (psi)
Quilograma-força por centímet. 0,968 Atmosfera (atm)
Quad.Libra-força por polegada quad. (psi) 6,89x10-2 Bar
Metro de água (mH2O) 1,42 Libra-força por polegada quadrada
Newton por metro quadrado (N/m2) 9,87x10-6 (psi) Atmosfera (atm)
Quilograma-força por centímet. quad. 0,981 bar
Metro de água (mH2O) 0,1 Quilograma-força por centím. Quad.
(kgf/cm2)
Quadro 7 - Conversão de unidades em medidas
Fonte: WEG, 2005a
5 Dispositivos de comando e sinalização
99

Recapitulando

Neste capítulo, conhecemos os dispositivos responsáveis pela execução do


comando e sinalização dos motores elétricos, como: chaves, botoeiras e sinaleiros.
Aprendemos também a importância de utilização desses dispositivos em relação à
segurança dos indivíduos e dos motores elétricos.
Estudamos as divisões de cada tipo de dispositivo existente, identificando a sua
aplicabilidade de acordo com a situação que possa vir a ocorrer. E, por último, vimos
as principais simbologias, as unidades utilizadas no Sistema Internacional e uma
tabela de conversão de unidades – conhecimentos necessários para a construção
de um circuito elétrico.
Esquemas de ligação de motores e partidas
de motores elétricos trifásicos

Veremos os esquemas de ligação de um motor trifásico e suas características de


funcionamento, a fim de saber quando podemos utilizá-los, quais as ligações de motores que
existem e quais suas aplicações?
Para o controle de um motor elétrico, é importante que o sistema trifásico esteja equilibrado.
Podemos dizer que esse sistema, por ter três fases (dependendo do esquema de ligação), não
necessita de um fio neutro como um sistema monofásico. Há dois tipos de tensões e dois tipos
de correntes:
• a tensão de fase (VF) – é a tensão em cada enrolamento;
• a tensão de linha (VL) – é a tensão entre duas fases;
• a corrente de fase (IF) – é a corrente em cada enrolamento;
• a corrente de linha (IL) – é a corrente solicitada pela carga.
Em um gerador trifásico, há três bobinas. Cada bobina representa um sistema monofásico
de tensão, como mostra a Figura 63.
1 2 3

4 5 6
Figura 63 -  Sistema gerador com três bobinas
Fonte: Ferreira, 2010

6.1 Identificação das bobinas de um motor de indução trifásico

Ao se encontrar um motor sem identificação em seus terminais não ligue as bobinas de forma
aleatória, pois isso pode provocar danos ao motor. Você deve fazer um teste de continuidade
com um multímetro, com escala em ohms para identificar as bobinas. As bobinas são como
indutores e possuem uma resistência elétrica.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
102

Para você fazer o teste de continuidade, deverá seguir os seguintes passos:


1) coloque o multímetro em escala de continuidade;
2) coloque uma ponta de prova do multímetro em um dos terminais do motor,
e a outra ponta de prova vai passando diretamente nos outros terminais;
3) quando passar em outro terminal, se esse for da mesma bobina do terminal
que está a outra ponta de prova, ela deverá ter uma resistência elétrica. Caso
contrário, a resistência será infinita (contato aberto). Se você encontrar uma
resistência infinita, deve passar esta ponta de prova para o próximo terminal;
4) quando encontrar uma das bobinas, refaça o 2° e o 3° passos para encontrar
as outras bobinas;
5) ao encontrar cada bobina, identifique-as. Na primeira bobina você deve
colocar as identificações 1 e 4, na segunda bobina colocar 2 e 5 e na terceira
bobina, colocar 3 e 6;
6) caso você faça todos os testes e uma ou mais bobinas esteja com resistência
infinita, significa que essa bobina está aberta. Se uma das bobinas apresentar
uma resistência abaixo de 1 ohm, significa que existe um curto-circuito entre elas.
Em ambos os casos, o motor apresenta problema.

6.1.1 Esquemas de ligações

O sistema trifásico pode ter alguns esquemas de ligação para a geração


da tensão elétrica em um motor. Para tanto, é importante que, para o bom
funcionamento do sistema de partida você dimensione os fios adequados de
acordo com a corrente elétrica especificada pelo motor.

Tabelas de fios

A tabela de fios mostra qual a corrente máxima suportada por um fio de acordo
com seu diâmetro específico. Essa medida pode ser em milímetros (mm conforme
a NBR-6418 - 70°C) ou em AWG/MCM (American Wire Gauge e 1000 Circular Mils,
conforme a EB-98 ABNT - 60°C), que é um padrão americano. A Tabela 10 mostra
essas medidas.
Tabela 10: Tabela de fios com a corrente máxima suportada série métrica e AWG
Série métrica AWG
mm2 (A) AWG mm2 (A)
1,5 15,5 14 2,1 15
2,5 21 12 3,3 20
4 28 10 5,3 30
Continua
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
103

Continuação Tabela 10: Tabela de fios com a corrente máxima suportada série métrica e AWG
Série métrica AWG
mm2 (A) AWG mm2 (A)
6 36 8 8,4 40
10 50 6 13 55
16 68 4 21 70
25 89 2 34 95
35 111 1 42 110
- - 1/0 53 125
50 134 - - -
- - 2/0 67 145
70 171 3/0 85 165
- - 4/0 107 195
95 207 - - -
- - 250 127 215
120 239 300 152 240
- - 350 177 260
150 272 - - -
- - 400 203 280
185 310 - - -
- - 500 253 320
- - 600 304 355
240 364 - - -
- - 700 355 385
- - 750 380 400
300 419 800 405 410
- - 900 456 435
- - 1000 507 455
400 502
500 578
Fonte: ISOQUIP, 2011

Ligação triângulo

Se ligarmos os três sistemas monofásicos entre si, como indica a Figura 64,
podemos eliminar três fios, deixando apenas um em cada ponto de ligação, e o
sistema trifásico ficará reduzido a três fios – 1, 2 e 3.
1 6 1
3 2 1

4 5 3 3
2
6 5 4 2

Figura 64 -  Sistema gerador ligado em triângulo


Fonte: Ferreira, 2010
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
104

1
1 I1
I3-1
I1-2
V1-2
V3-1
I2-3 I2
2 2
3
V2-3
3
I3

Figura 65 -  Correntes e tensões do esquema em triângulo


Fonte: Ferreira, 2010

Examinando o esquema da Figura 65, vemos que:


• a cada carga é aplicada à tensão de linha VL, que é a própria tensão do sistema
monofásico correspondente, ou seja: VL=Vf (V1=V1-2; V2 = V2-3; V3=V3-1);
• a corrente em cada fio de linha, ou corrente de linha IL, é a soma das correntes
das duas fases ligadas a esse fio, ou seja: IL = I1-2 + I3-1. Como as correntes estão
defasadas 120º entre si, temos, consequentemente:
IL = I1 - 2+ I3-1 = ( I1-2 = = I3-1)= 2.If. 3 = If. 3
2

Ligação estrela

Ligando um dos fios de cada sistema monofásico a um ponto comum aos


três, os três fios restantes formam um sistema trifásico em estrela, como mostra a
Figura 66. Às vezes, o sistema trifásico em estrela é conhecido como “a quatro fios”
ou “com neutro acessível”.
1
1 I1
I3-1
I1-2
V1-2
V3-1
I2-3 I2
2 2
3
V2-3
3
I3

Figura 66 -  Sistema gerador ligado em estrela


Fonte: Ferreira, 2010

O quarto fio é ligado ao ponto comum às três fases. A tensão de linha e a corrente
de linha são definidas do mesmo modo como na ligação triângulo. Examinando
o esquema da Figura 66, vemos que a cada carga é aplicada a corrente de linha IL,
que é a própria corrente do sistema monofásico correspondente, ou seja:
IL = If (I1 = I1-2; I2 = I2-3; I3 = I3-1)
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
105

A corrente em cada fio de linha, ou corrente de linha IL, é a soma das correntes
das duas fases ligadas a esse fio, ou seja, IL=I1+I3. Como as correntes estão defasadas
120º entre si, temos, consequentemente: (Figura 67)
VL = V1-2 + V3-1 = ( V1-2 = = V3-1)= 2.V. sen (120) = ( V = Vf ) = 2.Vf. 3 = Vf . 3
2
I1
1
I2
2 V1-2

N IN V3-1 I1-2 + I2 -3 + I3-1 = IN


N
V2-3
I3
3
Figura 67 -  Correntes e tensões do esquema em estrela
Fonte: Ferreira, 2010

A Tabela 11 mostra as fórmulas mais utilizadas nas ligações em estrela ou em


triângulo.
Tabela 11: Relação entre tensões (linha/fase) e correntes (linha/fase) e
potência em um sistema trifásico
Ligação Tensão de linha Corrente de linha Potência (va)

Y VL = Vf . 3 IL = I f P = 3. Vf . If
∆ VL = Vf IL = If . 3 P= 3 . VL . IL
Fonte: Autor

Tensão nominal múltipla

Alguns motores são fornecidos com terminais de enrolamento religáveis, para


que possam fornecer, pelo menos, duas tensões diferentes. Os principais tipos de
ligação de terminais de motores são as seguintes:
• Ligação em série (paralelo) para motor com duas velocidades – O
enrolamento de cada fase é dividido em duas partes. Ligando as duas metades
em série, cada metade ficará com a metade da tensão da fase nominal da
máquina. Ligando as duas metades em paralelo, a máquina poderá ser
alimentada com uma tensão igual à metade da tensão anterior, sem que altere
a tensão aplicada a cada bobina, como mostra a Figura 68, de acordo com o
número de bobinas do motor. Esse tipo de ligação exige nove terminais no
motor. A tensão nominal (dupla) mais comum é 220V/440V, ou seja, o motor
é religado na ligação paralela quando alimentado com 220V e na ligação em
série quando alimentado em 440V. O mesmo esquema de ligação serve para
outras duas tensões quaisquer, desde que uma seja o dobro da outra.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
106

R R
4 5 6 1 1

1 9 4 9 4 7
2 3 6 7 6
2
3 8 5 2 S
9 7 8
motor nove terminais
T S T 3 8
5
220V 220V
(triângulo/duplo-triângulo) 440V 220V
triângulo (∆) duplo - triângulo ( ∆∆ )

R S R S
1 2 7 8
1 2 3
4 7
8 5 1 2
4 5

330V
6
4 5 6

220V
780V
7 8 9

220V
9 3
9
6

220V
3 T
motor nove terminais duplo - estrela (YY)
(estrela/ duplo estrela) T
estrela (Y)
Figura 68 -  Tensão nominal múltipla a 9 fios
Fonte: Basotti, 2001

• Ligação estrela-triângulo para motor com duas velocidades – Utilizada


em motores de indução. O enrolamento de cada fase tem as duas pontas
trazidas para fora do motor. Se for ligada as fases em triângulo, cada fase
receberá uma tensão de linha, como por exemplo, 220V. Se for ligado em
estrela, o motor pode ser ligado a uma tensão de linha igual a 220 . 3 = 380V ,
sem alterar a tensão do enrolamento, que continua 220V. A Figura 69 mostra
esse tipo de ligação. Esse tipo de ligação exige seis terminais no motor e
serve para quaisquer tensões nominais duplas, desde que a segunda seja
a primeira multiplicada 220 por . 3 ,= como,
380V por exemplo 220V/380V, 380V/
660V, 440V/760V. Nos exemplos de 380V/660V e 440V/760V, a tensão maior
declarada só serve para indicar que o motor pode ser acionado por meio
de uma chave de partida estrela-triângulo. Motores que possuem tensão
nominal de operação acima de 600V deverão possuir um sistema de isolação
especial, apto a essa condição.
R

380 V
T 4 R
6
1
2 3
220V

T
5
220V
S
estrela (Y) triângulo (∆)
Figura 69 -  Ligação estrela-triângulo
Fonte: Basotti, 2001
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
107

• Tripla tensão nominal: tripla velocidade – Podem-se combinar os dois


casos anteriores: o enrolamento de cada fase é dividido em duas metades
para ligação em série-paralelo. Além disso, todos os terminais são acessíveis
para poder ligar as três fases em estrela ou triângulo. Desse modo, têm-se
quatro combinações possíveis de tensão nominal:
1) Ligação triângulo em paralelo;
220a. 3 =vezes
2) Ligação estrela em paralelo, sendo igual 380Va primeira;

3) Ligação triângulo em série, valendo o dobro da primeira;


220 . 3 =vezes
4) Ligação estrela em série, valendo 380Va terceira.

Mas como essa tensão seria maior do que 600V, é indicada apenas como
referência de ligação estrela-triângulo, como, por exemplo, 220V/380V/440V/760V.
Esse tipo de ligação exige um motor de 12 fios, como mostra a Figura 70, ou de
9 fios, como mostra Figura 71.
12 1
1 7
4 10 1 4
6 9
12 12 7 7
5 3 6
9 9 4
6 11 2 10
3 8 3 10
11 8
5 2
11 8 5 2
380V 380V 220V 220V 440V 440V
380V 220V 440V

Figura 70 -  Esquemas de ligação de um motor com tripla tensão (estrela em paralelo, triângulo em paralelo e estrela em série)
Fonte: WEG, 2005e

1ª velocidade 2ª velocidade 3ª velocidade 1ª velocidade 2ª velocidade 3ª velocidade


7 1

1 2 3 4 5 6 7 8 9

6 4 8 9 10

3 2

Figura 71 -  Ligação de um motor com tripla velocidade (motor com três ligações em estrela,
com enrolamento Dahlander e ligação em estrela)
Fonte: Basotti, 2001

6.1.2 Ligações utilizadas nos motores

Foram apresentadas até aqui os esquemas de ligações dos motores. Serão


vistos agora os tipos de ligações que são utilizadas nos motores trifásicos com 6,
9 ou 12 fios, Dahlander e monofásicos, no Quadro 8.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
108

Ligação estrela (380V), Y ∆


Ligação triângulo (220V).

Com 6 fios
4 5 6 1 2 3

1 2 3
6 4 5

R S T R S T

Ligação em série paralelo, Y YY ∆ ∆∆


4 5 6 4 5 6 4 5 6 6 4 5
Com 9 fios

utilizando triângulo (220V),


7 8 9 7 8 9 7 8 9 7 8 9

duplo-triângulo (380V), es-


1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3

trela (380V) e duplo-estrela


R S T R S T R S T R S T
(440V).
Ligação em série paralelo, 1 2 3 220 ∆∆ 380 YY 110∆ (760 Y)*
4 5 6 4 5 6 10 11 12
utilizando triângulo (220V), 1 2 3
Com 12 fios

6 4 5 10 11 12 7 8 9 7 8 9
duplo-triângulo (380V), es- 7 8 9 7 8 9 4 5 6
1 2 3 1 2 3
12 10 11
7 8 9 12 10 11 1 2 3
trela (440V) e duplo-estrela
10 11 12
R S T R S T R S T R S T
(760V). motor 12 terminais (*) somente na partida
(quatro tensões)

Ligação de motores trifási- alta baixa

cos Dahlander com duas 1 2 3


Dahlander

1 2 3
Motor

velocidades com 6 fios. 4 5 6


4 5 6

R S T R S T

Ligação de motores
fase auxiliar

110V 220V
Monofáfico

1 6
monofásicos com 6 fios. 4
com

5
2 3

L1 L2 L1 L2

Quadro 8 - Esquemas de ligação dos motores elétricos


Fonte: Basotti, 2001

6.2 Representação gráfica de um circuito

Um esquema elétrico (e não um diagrama) é a representação dos componentes


que o compõe, de acordo com as normas de Símbolos Gráficos e Símbolos Literais.
Veja na Figura 72, o esquema com circuitos principais de manobra, representando
uma instalação elétrica industrial.
F1 - F2 - F3 - Fusível principal;
F 21, 22
Motor F21 - F22 - Fusível para comando
F7
F 1, 2, 3 K1 - Contator principal
K1
F7 - Relé bimetálico
Figura 72 -  Representação gráfica UNIFILAR de um circuito principal
Fonte: Basotti, 2001
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
109

Na Figura 72, temos uma representação UNIFILAR, que é bastante esclarecedora


quanto aos componentes do circuito, mas, nesse tipo de representação, perdemos
os detalhes relativos em qual fase estão ligados os componentes. Para eliminar
esse inconveniente, é necessário fazer a representação MULTIFILAR. Na Figura 73,
que é de uma rede trifásica (L1, 2, 3) temos uma representação TRIFILAR.
630A 3~ 60Hz 13,8kV
L1 x
1x 2
5/AB L2 6A/A1
L3 3x 4
5 6
H1 H2 H1 H2 13,8/R3-0,115/R3kV
T7,8
0,6P75
Q1 25/B4 X1 X2 X1 X2 500VA
3 4 1 3
25/B3 X X
1 2 D5 4A
8/B3
7 8
8/B2
5 6
22/B5 D D
11 12 2 4
8/B3
9 10
X1 22 23
13 14
15 18 V7 V8
19 20 12/E4
7/D5
BF

13 14
7/D6
BA

16 15
7/D4
BM

17 18
7/D3
M

19 20

Figura 73 -  Representação gráfica TRIFILAR


Fonte: Basotti, 2001

No esquema de comando, temos a representação do tipo BIFILAR, pois, nesse


caso, temos um circuito alimentado por dois condutores em forma monofásica
ou bifásica. Normalmente, os circuitos principais de manobra estão associados
a circuitos de comando, representado na Figura 74, nos quais estão ligados os
componentes para manobra manual, automática e de proteção.

F21 T1 F23
F22 95
F7 96

S2

1
S0
2
3 43
S1 K1
4 44

15 25
K6
16 26 13 13 13
K2 21 K3 21 K1 14 K3 K2
14 14
22 22
A1 A1 A1 A1
K6 K2 K1 H1
A2 A2 A2 A2

Figura 74 -  Representação gráfica de um circuito de comando


Fonte: Basotti, 2001
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
110

Ao reunir os componentes de um circuito, há condições básicas que devem


ser respeitadas:
• aentrada do sistema deve possuir a melhor qualidade de operação e
proteção para atender, com segurança, às circunstâncias do pior caso como,
por exemplo, proteger os componentes contra a ação térmica e dinâmica da
corrente de curto-circuito.
• aestrutura do sistema decorre da necessidade da divisão de cargas,
assegurando uma elevada praticidade e confiabilidade ao sistema, e do
atendimento a certas imposições normalizadas, como ocorre na partida de
motores, com a inserção de métodos de partida para potências nas quais as
normas o exigem.
• enquanto no momento da montagem de um circuito, devemos observar os
corretos métodos de instalação, na hora de aplicar carga, devemos atender a
orientação da respectiva norma de “aplicação de carga”, para não prejudicar
o desempenho futuro do circuito.
• de forma semelhante ao item anterior, devemos conhecer a metodologia de
manutenção citada na norma do produto em questão, para assegurar uma
vida útil mais longa. Com isso, são minimizados investimentos futuros para
manter o sistema funcionando, o que eleva à rentabilidade da instalação
industrial alimentada por esse circuito.

6.3 Partidas de motores

Um circuito que alimenta um motor pode incluir um, dois, três ou quatro
elementos de chaveamento ou controle, preenchendo uma ou mais funções.
Quando vários elementos são utilizados, eles devem ser coordenados para
garantir uma operação otimizada do motor.
A proteção de um motor envolve alguns parâmetros que dependem:
• da aplicação (tipo de máquina acionada, segurança de operação, frequência
de partidas, etc.);
• do nível de continuidade de serviço imposto pela carga ou pela aplicação;
• dos padrões aplicáveis para assegurar a proteção de vida e patrimônio.
As funções elétricas necessárias são de natureza muito diferentes:
• proteção (destinada a sobrecargas de motores);
• controle (geralmente com elevados níveis de durabilidade);
• isolação.
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
111

A Figura 75 mostra um esquema com as funções de partidas de motores.

Distribuição Elétrica de BT Isolar eletricamente o circuito


de força da alimentação geral
Seccionamento Seccionamento
Detectar e interromper o mais
Proteção contra Proteção contra rápido possível correntes
curto-circuito curto-circuito anormais superiores a 10In

Proteção contra Detectar aumentos de corrente


sobrecarga até 10In e evitar o aquecimento
do motor e dos condutores antes
Comutação Comutação da deterioração dos isolantes

Consiste em estabelecer,
Inversor de interromper e regular o valor da
Soft-Start
frequência corrente absorvida pelo motor

Motor Motor

Figura 75 -  Funções de partidas de motores elétricos


Fonte: Schneider Electric, 2003

Comutação

A lista de comutação estabelece e interrompe a alimentação dos receptores.


Essa função, geralmente realizada por meio de contatores eletromagnéticos, pode
também ser feita por contatores estáticos ou por aparelhos assegurando igualmente
outras funções, como os disjuntores-motores e os contatores disjuntores.

6.3.1 Partida direta

A partida direta é mais simples, com o estator ligado diretamente à rede.


O motor parte com as suas características naturais. No momento em que for
colocado em funcionamento, o motor comporta-se como um transformador em
que o secundário, constituído pela gaiola do rotor muito pouco resistiva, está em
curto-circuito. A corrente induzida no rotor é elevada.
Como as correntes primária e secundária são sensivelmente proporcionais, o
pico de corrente resultante é elevado: Ipartida = 5,0 a 7,5 . Inominal.
O conjugado de partida é, em média: Cpartida = 0,5 a 1,5 Cnominal.
Apesar das suas vantagens (equipamentos simples, conjugado de partida elevado,
partida rápida, preço baixo), a partida direta só é interessante nos casos em que:
• a potência do motor é baixa, em relação à potência disponível na rede, de
modo a limitar as perturbações originadas pelo pico de corrente;
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
112

• a máquina movimentada não necessita de uma aceleração progressiva e


está equipada com um dispositivo mecânico (redutor, por exemplo) que
evita uma partida muito rápida;
• o conjugado de partida tem de ser elevado.
Em contrapartida, sempre que a corrente exigida perturbar o bom
funcionamento de outros aparelhos ligados ao mesmo circuito, provocado pela
queda de tensão que ela cause devido a golpes mecânicos que a máquina não
suporte, e caso o conforto ou a segurança dos usuários sejam considerados
(escadas rolantes, por exemplo), torna-se necessário utilizar um artifício para
diminuir a corrente exigida ou o conjugado de partida. O processo mais usado
consiste em partir o motor sob tensão reduzida.

Sequência operacional: ligação

Estando sob a tensão os bornes L1, L2 e L3 e apertando o botão S1, a bobina do


contator K1 será energizada. Essa ação fechará o contato de selo K1, que manterá
a bobina energizada; os contatos principais serão fechados, e o motor funcionará.
Nos circuitos da Figura 76, o que diferencia (a) e (b) é o tipo de controle: o primeiro
por fusível e o segundo por disjuntor.

PE(N) L1 L2 L3 L1 L2 L3 N(PE)

1 3 5
F1,2,3 Q1

F21 T1 F23 Circulo


2 4 6 F21 T1 F23 Circulo
F22 de
F22 de
comando
+ comando
+
1 3 5 1 3 5
K1 K1
2 4 6 2 4 6

1 3 5 1 3 5
F4 F1
2 4 6 2 4 6

U V W U V W
(1) (2) (3) (1) (2) (3)

M M
M1 M1
3- a 3- b
Figura 76 -  Circuito de potência de uma partida direta: a) coordenada por fusíveis; b) coordenada por disjuntores
Fonte: FESTO, 2012
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
113

O circuito de comando é visto na Figura 77.

95
Q1 - Disjuntor
F4 F1, 2, 3 - Fusíveis
96
(alternativa Q1 - Seccionador - fusível 3NP4 ou
Q1 - Seccionador com porta-fusíveis S37 que
permite acionamento rotativo externo)
1
S0 F21 a F23 - Fusíveis de comando
2
3 13 T1 - Transformador de comando
S1 K1
4 14
K1 - Contator
(contatos auxiliares para contator, consulte
catálogo do produto)

F4 - Relé de sobrecarga
A1
K1 M1 - Motor
A2
S0 e S1 - Botões de comando

Figura 77 -  Circuito de comando de uma partida direta


Fonte: FESTO, 2012

Para interromper o funcionamento do contator, pulsamos o botão S0; esse se


abrirá, eliminando a alimentação da bobina, o que provocará a abertura do contato
de selo K1 e, consequentemente, do circuito de potência, parando o motor.
Contato-selo é a ligação do contato de K1 em paralelo com o botão,
fazendo que inicialmente o contato de K1 permaneça aberto. Quando aciona
S1, energiza o contator K1, permitindo que o seu contato se feche. Isso fará
a corrente elétrica passar por dois caminhos (por S1 e pelo contato de K1).
Mesmo depois de desacionar S1, a corrente elétrica ainda passará pelo
contato de K1, permanecendo o contator K1 ainda energizado. Esse contator
só irá desenergizar quando acionar S0, permitindo que se corte a corrente
que passa para K1, abrindo o contato de K1.

6.3.2 Inversão do sentido de rotação de motores trifásicos

A Figura 78 mostra o circuito de potência (a) coordenada por fusíveis e (b)


coordenada por disjuntor. A Figura 81 mostrará o circuito de comando desse
tipo de partida.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
114

(PE)N L1 L2 L3 N(PE) L1 L2 L3

1 3 5
F1,2,3 Q1

F21 T1 F23
2 4 6 F21 T1 F23
Circulo Circulo
F22 de F22 de
comando comando
+ +

1 3 5 1 3 5
K1 K2 2 4 6
1 3 5 1 3 5
2 4 6
K1 2 4 6
K2 2 4 6

1 3 5
F4
2 4 6
U V W
U V W
(1) (2) (3) (1) (2) (3)

M M
M1 3-
3- a M1 b
Figura 78 -  Circuito de potência de uma partida direta com reversão: a) coordenada por fusíveis; b) coordenada por disjuntores
Fonte: FESTO, 2012

1 F1, 2, 3 - Fusíveis
S0 2
Q1 - Disjuntor
1 1
S2 2 S1 2 F21 a F23 - Fusíveis de comando
3 13 3 13
S1 K1 S2 K2 T1 - Transformador de comando
4 14 4 14
K1 e K2 - Contatores

21 21 M1 - Motor
K2 K1
22 22
S0, S1, S2 - Botões de comando

A1 A1
K1 K2
A2 A2

Figura 79 -  Circuito de comando de uma partida direta com reversão


Fonte: FESTO, 2012

Quando o botão S1 é acionado, a bobina da contatora K1 é energizada e abre-


se o contato fechado de K1; o motor parte com o sentido de rotação, por exemplo,
para a direita. Quando o botão S2 é acionado, a contatora K1 “DESLIGA”, por meio
do contato fechado de K2 que abre, e a contatora K2 “LIGA” por meio do contato
fechado por botão de comando. A ordem “LIGA” para a contatora K2 só é efetivada
quando o contato NF da contatora K1 estiver fechado. O motor é frenado e passa
a girar no sentido contrário, por exemplo, à esquerda.
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
115

Os motores de indução trifásicos com rotor de gaiola têm a corrente de partida


na ordem de três a nove vezes maior do que a corrente nominal. Trata-se de um
valor elevado que acarreta significativa queda de tensão nas instalações que
alimentam os motores.

A NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão estabelece


VOCÊ uma queda de tensão máxima de 4% para qualquer
SABIA? equipamento alimentado a partir de uma rede pública de
baixa tensão.

Durante a partida, admite-se uma queda de tensão de 10% no motor,


garantindo que os demais equipamentos da instalação mantenham-se
dentro da faixa estabelecida. Sempre que possível, a partida de um motor
trifásico tipo gaiola deverá ser direta, por meio de contatores. Deve-se
ter em conta que, para um determinado motor, as curvas de conjugado
e correntes são fixas, independentemente da dificuldade de partida para
uma tensão constante.
Nos casos em que a corrente do motor é elevada:
• pode ocorrer elevada queda de tensão no sistema de alimentação de rede – em
função disso, provoca a interferência em equipamentos instalados no sistema;
• o sistema de proteção (cabos, contatores) deverá ser superdimensionado,
ocasionando um custo elevado;
• pode haver imposição das concessionárias de energia elétrica que limitam a
queda de tensão da rede.
Muitas vezes, sob o ponto de vista econômico, a partida indireta é mais
conveniente, pois reduz a tensão de alimentação, com a redução da corrente de
partida, evitando aspectos negativos de queda de tensão da instalação.
Os sistemas mais utilizados são chave estrela-triângulo, chave compensadora,
chave em série paralelo e partida eletrônica (soft-starter).

6.3.3 Chave estrela-triângulo

Já foi visto em geradores o esquema de ligação da estrela-triângulo. A ideia


central é promover uma ligação em estrela (Y) das bobinas do enrolamento
do estator no instante da partida. Após a aceleração do motor em um tempo
ajustado, as bobinas são comutadas para uma ligação em triângulo (∆), sob a qual
permanecem durante toda a operação.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
116

Esse tipo de ligação pode ser feito em motores com 6, 9 ou 12 terminais. Com
220 . 3 =vezes,
essa ligação, a tensão de fase é reduzida 380V e à corrente de fase também
220 . 3 =vezes.
é reduzida 380V Em estrela, a corrente de fase é igual a corrente de linha. Em
220é. 3 =vezes
triângulo, a corrente de linha 380V a corrente de fase. Assim, as correntes
de linha, que realmente interessam para a instalação elétrica, são reduzidas em
um terço quando a ligação é em estrela.
A Figura 80 mostra o circuito de potência (a) coordenada por fusíveis e (b)
coordenada por disjuntor.

N(PE) L1 L2 L3 N(PE) L1 L2 L3

1 3 5
Q1
F1,2,3

2 4 6

F21 T1 F23 F21 T1 F23


F22 F22
+ +
Circulo Circulo
de de
1 3 5 1 3 5 1 3 5 comando 1 3 5 1 3 5 1 3 5 comando

K1 K2 K3 K1 K2 K3
2 4 6 2 4 6 2 4 6 2 4 6 2 4 6 2 4 6

1 3 5 1 3 5
F7 F1
2 4 6 2 4 6

1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6

W1(3) W1 (6) W1(3) W1 (6)


M M
V1 (2) V1 (5) V1 (2) V1 (5)
U1 (1) 3- U1 (4) U1 (1) 3- U1 (4)

M1 a M1 b

Figura 80 -  Circuito de potência de uma partida estrela-triângulo: a) Coordenada por fusíveis; b) Coordenada por disjuntores
Fonte: FESTO, 2012

A Figura 81 mostra o circuito de comando deste tipo de partida.

95
F7 96 F1, 2, 3 - Fusíveis

1 Q1 - Disjuntor
S0
2
F21 a F23 - Fusíveis de comando
3 43
S1 K1 T1 - Transformador de comando
4 44
K1, K2, K3 - Contatores

15 25 F7 - Relé de sobrecarga
K6
18 28
13 13 M1 - Motor
K2 21 K3 21 K1 14
K3 14
22 22
S0 e S1 - Botões de comando
A1 A1 A1 A1
K6 K3 K2 K1
A2 A2 A2 A2 K6 - Relé de tempo

Figura 81 -  Circuito de comando de uma partida estrela-triângulo


Fonte: FESTO, 2012
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
117

O botão de comando S1 aciona o relé de tempo K6. Quando acionar


esse contator, os contatos 15-18 de K6 fecham imediatamente (contato com
fechamento instantâneo e retardo na abertura), acionando o contator estrela K3.
Quando acionar esse contator K3, automaticamente o contato 21-22 abre,
impedindo o acionamento do K2. O contato 13-14 de K3 fecha a bobina K1 do
contator da rede. Assim, o motor parte em estrela e permanece ligado por causa
dos contatos selos de k1 (43-44 e 13-14).
Após algum tempo (em torno de 50ms), os contatos de K6 15-18 e 25-28
(contato com retardo no fechamento) mudam de posição, desligando o contator
estrela K3. Quando o contator K3 é desligado, os contatos 21 e 22 desse contator
são fechados, acionando o contator triângulo K2.
Caso seja necessário parar o motor, aciona-se o botão S0, interrompendo a
energização do contator de rede K1. Os contatos 43-44 e 13-14 de K1 abrem-se,
o contator triângulo é desligado e o motor para. Essa chave pode ser manual ou
automática e se aplica quando o motor é de indução, trifásico e com rotor em
gaiola. A Figura 82 mostra o comportamento do conjugado e da corrente com a
partida estrela-triângulo.
C∆
I∆ I∆ = Corrente em triângulo
IY = Corrente em estrela
C∆ = Conjugado em triângulo
CY = Conjugado em estrela
Cr = Conjugado Resistente
tc = Tempo de comutação

IY
CY

Cr
Rotação
tc n
Figura 82 -  Comportamento do conjugado e da corrente com a ligação Y- ∆, em função da velocidade
Fonte: FILHO, 2010

Antes de você decidir por uma partida estrela-triângulo, é necessário que verifique
se o conjugado de partida é o suficiente para operar a máquina. O conjugado
resistente de carga não pode ultrapassar o conjugado de partida do motor, nem a
corrente no instante da mudança para triângulo poderá ser de valor inaceitável.
As principais vantagens da utilização da chave estrela-triângulo são:
• o custo é baixo;
• não há limite quanto ao número de manobras;
• os componentes ocupam pouco espaço;
• a corrente da linha de partida é reduzida.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
118

As principais desvantagens são:


• só é aplicável a motores com 6 terminais disponíveis;
• a tensão de linha deve coincidir com a tensão em triângulo do motor;
• com a corrente de partida reduzida para aproximadamente um terço da
corrente nominal, reduz-se também o momento de partida para um terço;
• caso o motor não atinja pelo menos 90% de sua velocidade nominal, o pico
de corrente na comutação de estrela para triângulo será quase como se fosse
uma partida direta, o que se torna prejudicial aos contatos dos contatores e
não traz nenhuma vantagem para a rede elétrica.

Pesquise mais detalhes sobre o funcionamento estrela-


SAIBA triângulo no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=GZ
MAIS mqmzC2gB4&feature=related.

6.3.4 Chave compensadora

A chave compensadora pode ser usada para a partida de motores sob carga.
Ela reduz a corrente de partida, evitando uma sobrecarga no circuito, mas deixa
o motor com um conjugado suficiente para a partida e aceleração. A tensão na
chave compensadora é reduzida por meio de autotransformador que possui,
normalmente, Taps de 50, 65 e 80% da tensão nominal.
Essa chave utiliza um autotransformador trifásico para reduzir a tensão de
linha. Os terminais do estator não sofrem qualquer manipulação. Ela é aplicada
para motores com qualquer número de terminais,ligados em estrela-triângulo.
Na maioria dos casos, as chaves compensadoras de partida são constituídas de:
• transformador trifásico conectado em Y;
• três contatores magnéticos;
• um relé térmico;
• três fusíveis limitadores;
• uma chave seccionadora sob carga;
• fusíveis rápidos no circuito de comando;
• relé de tempo.
A Figura 83 mostra o circuito de potência de uma chave compensadora com
um autotransformador e a Figura 84 mostra o circuito de comando desse circuito.
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
119

N(PE) L1 L2 L3 N(PE) L1 L2 L3

1 3 5
Q1

F1,2,3 F4,5,6
2 4 6

F21 T1 F23 F21 T1 F23


F22 F22
+ +
Circulo Circulo
de de
1 3 5 1 3 5 1 3 5 comando 1 3 5 1 3 5 1 3 5 comando

K1 K2 K3 K1 K2 K3
2 4 6 2 4 6 2 4 6 2 4 6 2 4 6 2 4 6

66% 66%
F7 1 3 5 80% F1 1 3 5 80%
2 4 6 T2 2 4 6 T2

U V W U V W
(1) (2) (3) (1) (2) (3)
M M
M1 3- 3-
a M1 b
Figura 83 -  Circuito de potência de uma partida com chave compensadora com autotransformador: a) coordenada por
fusíveis; b) coordenada por disjuntores
Fonte: FESTO, 2012

95
F1 96 F1, 2, 3 - F4, 5, 6 - Fusíveis
1
S0 Q1 - Disjuntor
2
F21 a F23 - Fusíveis de comando
3 13 13 43
S1 K2 K1 K1 T1 - Transformador de comando
4 14 14 44

K1, K2, K3 - Contatores


15 13
K6 K3
16 14 T2 - Auto-transformador
21 21 43 21
K1 K11 K2 K3 M1 - Motor
22 22 44 22

S0 e S1 - Botões de comando
A1 A1 A1 A1 A1
K3 K2 K6 K1 K11
A2 A2 A2 A2 A2 K6 - Relé de tempo

Figura 84 -  Circuito de comando de uma partida com chave compensadora com autotransformador
Fonte: FESTO, 2012

A Figura 85 mostra a característica da corrente e do conjugado em uma partida


com dois níveis de tensão.
I/ In C/Cn
6

6 2

4
C

C
1

0 C
C
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Figura 85 -  Comportamento do conjugado e da corrente com a ligação com chave compensadora em função da velocidade
Fonte: FILHO, 2010
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
120

A redução do conjugado de partida depende do Tap em que estiver ligado o


autotransformador. Para os motores que partirem com uma tensão (Um) menor
do que a tensão nominal (Un), a corrente e o conjugado de partida devem ser
multiplicados pelos fatores K1 (fator de multiplicação da corrente) e K2 (fator de
multiplicação do conjugado) obtidos no gráfico da Figura 86.

1,0
0,9
K1
0,8
0,7 K2

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Um
Un
Figura 86 -  Fatores de redução K1 e K2 em função das relações de tensão do motor e da rede
Fonte: WEG, 2005d

Um
Como exemplo, para Un
= 85% da tensão nominal, olhando o gráfico anterior
da Figura 87:
• Corrente: (85%)= k1 . IP
In
. 100% = 0,8 .
IP
In
. 100% = 80%.
• Conjugado: (85%) = k1 . IP
In
. 100% = 0,66 .
IP
In
. 100% = 66%
Com isso, surge o gráfico da Figura 87, que mostra o resultado obtido.
Relação de corrente
Conjugado em porcentagem do conjugado nominal

200
I
Tn(Un)
I
Tn (85 % Un)

100
C (U )
Cn n
C (85 % U)
Cn n

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 %

Rotação em porcentagem da rotação síncrona

Figura 87 -  Exemplo das características de desempenho de um motor quando parte com 85% da tensão
Fonte: WEG, 2005d
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
121

As principais vantagens da chave compensadora são:


• na comutação de uma tensão menor para uma tensão maior, o motor não é
desligado, evitando picos de correntes, visto que, por um curto período de
tempo, o autotransformador mantém a corrente;
• é possível a variação de Tap de 65 para 80% da tensão de linha, a fim de que
o motor possa partir sob carga.
As principais desvantagens são:
• limitação de frequência de manobras;
• devido ao tamanho do autotransformador, torna-se uma chave maior do
que a estrela-triângulo equivalente;
• é bem mais cara do que uma chave estrela-triângulo equivalente.
O quadro 9 apresenta um comparativo entre estrela-triângulo e compensadora.

Estrela-triângulo Compensadora
Custo menor Custo maior
Menores dimensões Tipos de chave com maiores dimensões
Deve partir praticamente a vazio Admite partidas com carga. Pode variar o
tap conforme exigência da carga, como,
por exemplo, partidas longas
Corrente de partida reduzida para 33% Corrente de partida reduzida:
• tap de 80% para 64%
• tap de 65% para 42%
Quadro 9 - Quadro comparativo entre estrela-triângulo e compensadora
Fonte: WEG, 2005d

6.3.5 Chave em série-paralelo

A chave em série-paralelo é vista em geradores. Para partida em série-


paralelo, é necessário que o motor seja religável para duas tensões com a
menor delas igual a da rede e a outra duas vezes maior. Esse tipo de ligação
exige nove terminais no motor, e a tensão nominal mais comum é 220/440V,
ou seja, durante a partida o motor, é ligado na configuração em série até
atingir sua rotação nominal e, então, faz-se a comutação para a configuração
em paralelo. As Figuras 88 e 89 mostram os esquemas de ligação da chave
em série-paralelo.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
122

N(PE) L1 L2 L3

F1 F2 F3
2 2 2
A

T T T 1 1 1
F1 F2 F3
2 2 2
B F4 F5 F6
2 2 2
F23 T1 F21
1 2 H1 X1 1 2
Circuito de
comando
F22 H2 X2
1 2
1 3 5 1 3 5 F1,F2 e F3 - Fusiveis de f
K1 K2 (F1,F2,F3 e F4,F5,F6) - F
2 4 6 2 4 6
F21, F22 e F23 - Fusíveis
1 3 5 1 3 5
T1 - Tranformador de corr
1FT1 2FT1
K1,K2,K3,K4 - Contator
2 4 6 2 4 6
1FT1 e 2FT1 - Relé de so
KT1 - Relé de tempo
M1 - Motor

1 3 5 1 3 5 Acessórios opcionais:
K4 K3 - Relé falta de fase
2 4 6 2 4 6
7 8 9 - Relé minima e máxima te
1 4 - Amperimetro
2 M 5
3
3 6

Figura 88 -  Diagrama elétrico da chave em série-paralelo


Fonte: WEG, 2005f

Circuito de
comando
FT1 11
95 98 X1 X2
96

21
SH1
22

13 13 13 43
SH1 K2 K1 K1
14 14 14 44

15 14 22 44 22
KT1 K3 K1 K2 K3
18 16 13 21 43 21

K1 32
31
A1 A1 A1 A1 SH1 X1
K3 K2 KT1 K1
A2 A2 A2 A2 X2

Figura 89 -  Circuito de comando da chave série-paralelo


Fonte: WEG, 2005f
6 Esquemas de ligação de motores e partidas de motores elétricos trifásicos
123

Recapitulando

Neste capítulo, vimos os tipos de ligações de motores e os respectivos tipos


de partidas. Aprendemos que para garantir o bom funcionamento e prolongar
a vida útil dos motores elétricos devemos utilizar esquemas elétricos, com o
objetivo de diminuir a corrente de partida. Os principais esquemas de ligações
de partida apresentados foram: triângulo, estrela, estrela-triângulo, chave
compensadora e série-paralelo.
Vimos as diferenças e os circuitos elétricos de cada ligação, mostrando,
principalmente, a simbologia para fazer esses circuitos.
Soft-starters e inversores

Neste capítulo, abordaremos o funcionamento das chaves eletrônicas (soft-starters) e dos


inversores, além de vermos os principais parâmetros de drivers utilizados. Veremos a aplicação
desses dispositivos em circuitos elétricos, suas características, vantagens e desvantagens
comparando-as a ligações de motores elétricos.
Saberemos identificar as características desses dispositivos e quando são empregados, bem
como suas vantagens e desvantagens, se comparados a outras ligações, e quais os parâmetros
de configuração dos drivers.

7.1 Chave eletrônica (soft-starter)

O avanço da eletrônica permitiu a criação da chave de partida a estado sólido, a qual


consiste de um conjunto de pares de tiristores (SCR) (ou combinações de tiristores/díodos),
um em cada borne de potência do motor. O ângulo de disparo de cada par de tiristores é
controlado eletronicamente para aplicar uma tensão variável aos terminais do motor durante
a aceleração e desaceleração.
No final do período de partida ou parada, ajustável tipicamente entre 2 e 30 segundos, a tensão
atinge seu valor pleno após uma aceleração e desaceleração suave ou uma rampa ascendente e
descendente, em vez de ser submetido a incrementos ou saltos repentinos. Com isso, consegue-
se manter a corrente de partida (na linha) próxima da nominal e com suave variação.
Além da vantagem do controle da tensão (corrente) durante a partida, a chave eletrônica
apresenta, também, a vantagem de não possuir partes móveis ou que gerem arco, como nas chaves
mecânicas. Esse é um dos pontos fortes das chaves eletrônicas, pois sua vida útil é mais longa.
De acordo com o funcionamento de um tiristor, para que haja aceleração, ocorre um
crescimento da tensão de pico de uma tensão alternada, até chegar ao valor total da tensão de
pico. Já na desaceleração, ocorre a diminuição do valor de pico da tensão alternada até chegar
a zero. A Figura 90 mostra os gráficos de variação de tensão em cada fase, controlando as fases
de um motor trifásico.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
126

R S T Rotação nominal

R
t

S
t

M
3 T
t

Figura 90 -  Controle de fases de um motor trifásico utilizando um soft-starter


Fonte: Dreher, 2009

O quadro 10 mostra uma comparação entre os sistemas de partidas de forma


indireta de acordo com o tipo de motor.
Execução dos Tensão Partida Partida Partida
enrolamentos de com chave com chave com
serviço estrela- em série- soft-
triângulo paralela starter
220 / 380V 220V SIM SIM NÃO SIM
380V NÃO SIM NÃO SIM
220 / 440V 220V / 230V NÃO SIM SIM SIM
230 / 460V
440V / 460V NÃO SIM NÃO SIM
380 / 660V 380V SIM SIM NÃO SIM
220 / 380 / 220V SIM SIM SIM SIM
440V
380V NÃO SIM SIM SIM
440V SIM SIM NÃO SIM
Quadro 10 - Métodos de partidas x motores
Fonte: WEG, 2005b

Princípio de funcionamento

O funcionamento do soft-starter está baseado na utilização de uma ligação de


tiristores em ponte, comandado por uma placa eletrônica, para o ajuste da tensão
de saída. A figura 91 mostra o esquema de um soft-starter.
TC
R u
Rede S TC
v M
3~ T w
3-

PF
de controle CCS1.00
Cartão eletrônico

Entrada + + Saída
analógica - - analógica
Entrada Saída a relé
digitais RL1 RL2 RL3

Figura 91 -  Diagrama em blocos de um soft-starter


Fonte: Franchi , 2008
7 Soft-starters e inversores
127

O soft-starter controla a tensão da rede por meio do circuito de potência pelos


tiristores, que varia o ângulo de disparo, variando a tensão eficaz do motor elétrico.
Funções do soft-starter
• controle do tempo de aceleração e desaceleração do motor
• limitação de corrente
• conjugado de partida
• frenagem por corrente contínua
• proteção do acionamento por sobrecarga
• proteção do motor contra aquecimento
• detecção de desequilíbrio ou falta de fase do motor
O objetivo do funcionamento do soft-starter é reduzir a tensão de partida de
um motor elétrico. Como o torque é proporcional a essa tensão, o motor parte
com torque reduzido. A Figura 92 mostra um gráfico comparativo da corrente de
partida direta, estrela-triângulo e soft-starter.

CORRENTE
PARTIDA DIRETA

PARTIDA ESTRELA/TRIÂNGULO
SOFT
STARTER

TEMPO

Figura 92 -  Comparativo da corrente entre partidas direta, estrela-triângulo e soft-starter


Fonte: Dreher , 2009

7.1.1 Formas de ligação do soft-starter

• Ligação direta: O soft-starter é ligado diretamente. Dependendo do tipo,


pode ser ligado diretamente ou com auxílio de contatores, fusíveis e relés de
sobrecorrente. A Figura 93 mostra esse tipo de ligação.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
128

Contator da rede
R

K1
Relé de sobrecarga

F1

Chave estática

Figura 93 -  Ligação direta com o soft-starter


Fonte: Franchi , 2008

• Ligação com contator em paralelo (contator by-pass): Essa ligação é


feita para reduzir as perdas no soft-starter quando o motor está em regime
normal de trabalho. Essa ligação é vista na Figura 94.

F1 Fusíveis NH

Contator da rede
R

K1 Relé de sobrecarga

F2
Condutor em
paralelo

Chave estática

Figura 94 -  Ligação com contator by-pass


Fonte: Franchi , 2008

Diagrama de ligação de um soft-starter

O soft-starter possui um determinado número de entradas e saídas


digitais e analógicas. As saídas podem ser parametrizadas para comando,
controle e sinalização. As tensões de operação podem ser de 24Vcc, 110Vca
e 220Vca, dependendo do fabricante. A Figura 95 mostra o diagrama de
comandos do soft-starter.
7 Soft-starters e inversores
129

A
B
C
N
PE

U<
S1

S4 15 AC 380 - 415v
14 AC 200 - 240v
13 AC 100 - 120v
12 N/L DCL + 24v
11 DCL + 24v
Interligação 10 Ligar
necessária 9 Desligar
8 Resetar
7
6
5 Falha
4
3 Partida conduída
2
1 Contato para freio

Figura 95 -  Diagrama de comando do soft-starter


Fonte: Franchi , 2008

7.2 Inversor de frequência

O inversor de frequência é um componente que varia a frequência elétrica e é


usado para o controle de velocidade dos motores elétricos de indução trifásicos.
A alimentação desses aparelhos pode ser monofásica ou trifásica, dependendo
de sua construção. Em geral, podem ser programados para os valores máximo e
mínimo de frequência de saída, conforme necessidade da instalação. A variação
da frequência em que o motor pode ser controlado de modo a prover um ajuste
contínuo de velocidade é conjugado com relação à carga mecânica.

Princípio básico do funcionamento de um inversor

Inicialmente eram empregados conversores de frequência em que eram


utilizados dispositivos de estado sólido com tiristores e, atualmente, com IGBTs
(transistores bipolares de porta isolada).
Os cicloconversores antecederam os atuais inversores. Eles eram utilizados
para converter 60Hz da rede em uma frequência mais baixa, em uma conversão
CA-CA. Atualmente, os inversores utilizam uma conversão CA-CC e depois CC-CA.
A Figura 96 mostra um inversor.

P P

Figura 96 -  Inversor de frequência


Fonte: WEG, 2005b
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
130

Componentes do inversor

A Figura 97 mostra o diagrama em blocos de um inversor.


A seguir são detalhados os blocos que compõem um inversor.
R (REDE)
S
T
1ª 2ª
3ª I
Interface
Serial R5435 H +
M -
C 4ª
0.10 Voc
Analógico
A D P
U IGBT’s -
+
I/O
Digital DIN

W U V
M
3

Figura 97 -  Componentes de um inversor


Fonte: Franchi , 2008

• 1º Bloco – CPU: Unidade Central de Processamento


Pode ser formada por um microprocessador ou por um microcontrolador
(PLC). Isso depende apenas do fabricante. De qualquer forma, é neste bloco
que todas as informações (parâmetros e dados do sistema) estão armazenadas,
já que também há uma memória integrada a esse conjunto. A CPU não apenas
armazena os dados e parâmetros relativos aos equipamentos, como também
executa a função mais vital para o funcionamento do inversor: geração dos pulsos
de disparo, por meio de uma lógica de controle coerente para os IGBT.
• 2º Bloco – IHM: Interface Homem Máquina
Por meio desse dispositivo, podemos visualizar o que está ocorrendo no
inversor (display) e parametrizá-lo de acordo com a aplicação (teclas).
• 3º Bloco – Interfaces:
A maioria dos inversores pode ser comandada por meio de dois tipos de
sinais: analógicos ou digitais. Normalmente, quando queremos controlar a
velocidade de rotação de um motor CA no inversor, utilizamos uma tensão
analógica de comando. Essa tensão se situa entre 0 e 10Vcc. A velocidade de
rotação (rpm) será proporcional ao seu valor, por exemplo: 1Vcc = 1.000rpm,
2Vcc = 2.000rpm. Para inverter o sentido de rotação basta inverter a polaridade
do sinal analógico (de 0 e 10Vcc sentido horário, e -10 a 0Vcc sentido
anti-horário). Esse é o sistema mais utilizado em máquinas/ferramentas
automáticas, sendo que a tensão analógica de controle é proveniente do
controle numérico computadorizado (CNC). Além da interface analógica, o
inversor possui entradas digitais. Por meio de um parâmetro de programação,
podemos selecionar qual entrada é válida (analógica ou digital).
7 Soft-starters e inversores
131

• 4º Bloco – Etapa de potência:


É constituída por um circuito retificador que alimenta o circuito de saída inversor
(módulo IGBT) por meio de um circuito intermediário chamado “barramento CC”.

Características dos inversores

Os inversores podem ser classificados de acordo com a sua topologia,


que é dividida em três partes: retificação de entrada, tipo de controle de
chaveamento e saída.

Retificação da entrada

Na rede de entrada, a frequência é fixa em 60Hz, sendo transformada pelo


retificador em contínua (retificação de onda completa). O filtro transforma essa
tensão em contínua com o valor aproximado de: Vcc = 1,41 x Vrede.

7.2.1 Controle de chaveamento

A Figura 98 mostra o circuito do inversor.

Retificador Filtro Inversor

T1 T3 T5
R
S
T M

T2 T4 T6

Figura 98 -  Circuito inversor


Fonte: Franchi , 2008

A tensão contínua é conectada aos terminais de saída pelos tiristores T1 a T6,


que funcionam no corte ou na saturação como uma chave estática. O controle
desses circuitos é feito pelo circuito de comando, de maneira a obter um sistema
de tensão alternada em que as frequências estão defasadas 120º uma com a outra.
O circuito de comando dos transistores de potência é o elemento responsável
pela geração dos pulsos de controle desses transistores, a partir do uso de
microcontroladores. A Figura 99 mostra a tensão de saída de forma senoidal, por
meio da utilização do método de modulação por PWM (Pulse With Modulation),
em um período T.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
132

dida
ra
cuja

Figura 99 -  Modulação por PWM
Fonte: Franchi , 2008

Essas modulações passam pelos tiristores, que chaveiam, sendo os responsáveis


para transformar a tensão CC em CA novamente, de acordo com a frequência
requerida. Com isso, é possível controlar a variação de velocidade do motor
elétrico. A variabilidade da frequência é muito grande, e atualmente seu valor
está entre 0 e 400Hz. Essa pode ser de forma escalar ou vetorial. Como a escalar é
mais comum, vamos estudá-la.
A escalar, como o próprio nome sugere, é uma relação direta entre frequência
e tensão. O gráfico da Figura 100 mostra o funcionamento do gráfico escalar.
Volts
440

330

220

110

15 30 45 60 Hz

Figura 100 -  Gráfico escalar


Fonte: Franchi , 2008

Porém, há um problema relacionado ao ponto crítico de qualquer sistema


de acionamento CA: as baixas rotações. O sistema CA não consegue um bom
torque com velocidades baixas, devido ao próprio rendimento do motor CA. Para
compensar esse fenômeno, desenvolveu-se o inversor de frequência vetorial.
Muito mais caro e complexo do que o escalar, ele não funciona com uma curva v/f
(tensão/frequência) pré-fixada (parametrizada).
Na verdade, esse inversor varia tensão e frequência, de modo a otimizar
o torque para qualquer condição de rotação (baixa ou alta). É como se ficasse
parametrizando a cada ms uma nova curva v/f para cada nova situação. O inversor
vetorial controla v/f através das correntes de magnetização e rotórica do motor.
Normalmente, um tacômetro ou um encoder são utilizados como sensores
de velocidade, formando uma malha fechada de controle de velocidade.
Existem, porém, os inversores vetoriais sensorless, que não utilizam sensores de
velocidade externos. Os tipos de inversores podem ser trifásicos (Figura 101) ou
monofásicos (Figura 102).
7 Soft-starters e inversores
133

IGBT

T1 T3 T5
R
S M
3+
T
T4 T6 T2

Lógica de controle e PMW

Figura 101 -  Inversor de frequência trifásico


Fonte: MATIAS, 2002

+
T1 T3

A M B
1+
Rede
T2 T4

Lógica de controle

Figura 102 -  Inversor de frequência monofásico


Fonte: MATIAS, 2002

7.2.2 Instalações do inversor

Existe uma grande quantidade de fabricantes e uma infinidade de aplicações


diferentes para os inversores. Os terminais identificados como R, S, e T (ou Ll, L2,
e L3) referem-se à entrada trifásica da rede elétrica. Para pequenas potências, é
comum encontrar inversores com a entrada monofásica (porém a saída continua
sendo trifásica). Para diferenciar a entrada da rede para a saída do motor, a saída
(normalmente) vem indicada por U, V e W.
Além da potência, tem os bornes de comando. Cada fabricante possui sua
própria configuração, portanto, para saber “quem é quem”, deve ser consultado o
manual do respectivo fabricante. De qualquer maneira, os principais bornes são
as entradas (analógicas ou digitais) e as saídas (geralmente digitais).
Cuidados que se deve ter ao instalar um inversor
1. Cuidado! Não há inversor no mundo que resista à ligação invertida de entrada
da rede elétrica (trifásica ou monofásica) com a saída trifásica para o motor.
2. O aterramento elétrico deve estar bem conectado, tanto ao inversor como
ao motor. O valor do aterramento nunca deve ser maior do que 5 (norma IEC536),
e isso pode ser facilmente comprovado com um terrômetro13 antes da instalação.
3. Caso o inversor possua uma interface de comunicação (RS 232 ou RS 485)
para o PC, o tamanho do cabo deve ser o menor possível.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
134

4. Deve-se evitar ao máximo misturar (em um mesmo eletroduto ou canaleta),


cabos de potência (rede elétrica ou saída para o motor) com cabos de comando (sinais
analógicos, digitais, RS 232, etc.).
5. O inversor deve estar alojado próximo a orifícios de ventilação, ou, caso a potência
seja muito alta, deve ser submetido a uma ventilação (ou exaustão). Alguns inversores
já possuem um pequeno exaustor interno.
6. A rede elétrica deve ser confiável, isto é, jamais ultrapassar variações em torno de
10% em sua amplitude.
7. Sempre que possível, utilizar os cabos de comando devidamente blindados.
8. Os equipamentos de controle (PLC, CNC, PC, etc.) que funcionarem em conjunto com
o inversor devem possuir o terra em comum. Normalmente, esse terminal vem indicado
pela referência PE (proteção elétrica), e sua cor é amarela e verde (ou apenas verde ).
9. Utilizar sempre parafusos e arruelas adequadas para garantir uma boa fixação
ao painel. Isso evitará vibrações mecânicas. Além disso, muitos inversores utilizam o
próprio painel em que são fixados como dissipador de calor. Uma fixação pobre, nesse
caso, causará um aquecimento excessivo (e possivelmente sua queima).
10. Caso haja contatores e bobinas agregadas ao funcionamento do inversor,
utilizar sempre supressores de ruídos elétricos (circuitos RC para bobinas CA e
díodos para bobinas CC).
Essas precauções não visam apenas a melhorar o funcionamento do inversor, mas
evitar que ele interfira em outros equipamentos ao seu redor O inversor de frequência
é, infelizmente, um grande gerador de EMI (interferências eletromagnéticas). Caso
seja instalado sem atenção aos cuidados que apresentamos, pode prejudicar toda a
máquina (ou sistema) ao seu redor.

Dimensionamento

Para fazer o dimensionamento do inversor, é preciso atentar a três fatores.


• Potência do Inversor – para calcular a potência do inversor, deve-se saber
qual o motor (e qual carga) ele acionará. Normalmente, a potência dos
motores é dada em cv ou HP. Basta fazer a conversão em watts, por exemplo:
a) rede elétrica = 380Vca

b) motor = 1 HP (746W)

c) aplicação = exaustor industrial

d) FP inversor: geralmente 0,8.

Cálculos:
a) CI = corrente do inversor;
7 Soft-starters e inversores
135

b) CI = potência em watts;

c) Tensão na rede × cosφ;

d) CI = 746W = 2,45A;

e) 380 × 0,8;

f ) Tensão de entrada = 380Vca;

g) Tensão de entrada = 380Vca (arredondando 2,45 para cima).

• Tipos de inversor – a maioria dos inversores utilizada é do tipo escalar. Só se utiliza


o tipo vetorial em ocasiões de extrema precisão de rotação, torque elevado para
rotação baixa ou zero (guindastes, pontes rolantes, elevadores, etc.);
• Modelo e fabricante – para escolher o modelo, basta consultar os catálogos
dos fabricantes, ou procurar um que atenda as seguintes características
mínimas, como no caso do exemplo que trabalhamos agora.
a) Tensão de entrada = 380Vca;

b) Tensão de entrada = 380Vca;

c) Tipo = escalar.

Quanto ao fabricante, o preço deve determinar a escolha. Os mais encontrados


nas indústrias são Siemens, Weg e GE (Fanuc).

7.3 Comparação entre alguns métodos de partida

Os Quadros 11 e 12 mostram uma comparação de alguns métodos de partida,


citando principalmente suas vantagens e desvantagens.
Partida Controle Vantagem
Chave compensadora ou Tensão • Limitação da corrente de partida.
autotransformador • Baixo custo.
• Muito utilizada para cargas de baixa inércia.
Soft-starter ou partida Tensão • Limitação da corrente de partida.
estática (eletrônica) • Partida suave (existe uma rampa controlada de
tensão por meio de tiristores).
• Vida útil ilimitada.
Inversor de frequência Tensão ou frequência • Limitação da corrente de partida (próxima a
nominal).
• Acionamento de cargas com altas inércias.
• Controle de velocidade do motor.
• Opera acima da rotação nominal do motor.
Partida direta _____ • Melhor condição para o motor.
• É a condição que causa o menor aquecimento.
Quadro 11 - Comparativo entre alguns métodos de partida e suas vantagens
Fonte: WEG, 2005b
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
136

Partida Controle Desvantagem


Chave com- Tensão • Há uma queda também do conjugado, o que pode acarretar
pensadora ou problemas na partida se ela não for considerada.
autotransfor- • Mudança brusca nos TAPs.
mador • Inadequado para cargas com altas inércias.
• Vida útil limitada (número de manobras).
• Possibilidade de gerar faíscas ou
arcos de tensão devido às partes móveis serem mecânicas.
Soft-starter ou Tensão • Alto preço devido ao uso de componentes eletrônicos em
partida estática alta tensão.
(eletrônica) • Problemas para cargas com altas inércias e conjugado constante.
Inversor de Tensão ou • Preço elevado.
frequência frequência • Motor deve ter isolamento adequado (a operação do inversor
gera picos de tensão no isolamento do motor).
• Harmônicas, geram aquecimento adicional.
• Podem ser usados filtros para reduzir
ou eliminar os efeitos prejudiciais do inversor ao motor, entretanto
o custo deles é muito alto.
Partida direta _____ • Pior condição para a rede de alimentação.
• Pior condição em termos de solicitações mecânicas.
Quadro 12 - Comparativo entre alguns métodos de partida e suas desvantagens
Fonte: WEG, 2005b

7.4 Soft-starter x inversor de frequência.

Não confunda soft-starter com inversor. Enquanto o inversor é projetado para


controlar a velocidade e torque de um motor ao longo de seu funcionamento, o
soft-starter é capaz, apenas, de controlar a sua partida e frenagem. Por isso, que
em motores menores que 3cv, o custo de um inversor é semelhante ao de um
soft-starter, tendo a vantagem de oferecer uma rampa de partida e frenagem.
Para motores maiores que 3cv, o inversor tem um custo muito maior do que o
soft-starter. A instalação de um soft-starter é semelhante a de um contator, papel
que exerce após a rotação nominal do motor.

7.5 Parametrização de drivers

Para que um driver (inversor, soft-starter, etc.) funcione corretamente, não


basta somente instalá-lo. É preciso informar a ele suas condições de trabalho para
a operação, ou seja, sua parametrização. Quanto maior o número de recursos que
o driver oferece, maior será o número de parâmetros disponíveis. A seguir, temos
os principais parâmetros utilizados.
7 Soft-starters e inversores
137

Frequência máxima de saída – esse parâmetro determina a velocidade


máxima do motor.
Frequência mínima de saída – esse parâmetro determina a velocidade
mínima do motor.
Frequência de JOG – a tecla JOG é um recurso que faz o motor girar em
velocidade baixa, facilitando o posicionamento de peças antes de a máquina
funcionar em seu regime normal.
Tempo de partida (“rampa de subida”) – esse parâmetro indica em quanto
tempo deseja-se que o motor chegue à velocidade programada, estando ele
parado. Caso o motor esteja conectado mecanicamente a cargas pesadas (como,
por exemplo, placas de tornos com peças grandes, guindastes, etc.), uma partida
muito rápida poderá “desarmar” disjuntores de proteção do sistema. Isso ocorre,
porque o pico de corrente, necessário para vencer a inércia do motor, será muito
alto. Portanto, esse parâmetro deve respeitar a massa da carga, e o limite de
corrente do inversor, como mostra a Figura 103.

Rotação (velocidade)

n (desejada)

Tempo

t (p005)

Figura 103 -  Gráfico do parâmetro 5 do inversor – tempo de partida


Fonte: MATIAS, 2002

Tempo de parada (rampa de descida) – o inversor pode produzir uma


parada gradativa do motor. Essa facilidade pode ser parametrizada e, como
a anterior, deve levar em consideração a massa (inércia) da carga acoplada,
como mostra a Figura 104.
Rotação (velocidade)

Tempo

t (P006)

Figura 104 -  Gráfico do parâmetro 5 do inversor – tempo de parada


Fonte: MATIAS, 2002
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
138

Tipo de frenagem – em um motor CA, quando se submete seus enrolamentos


a uma tensão CC, o rotor para imediatamente (“estanca”), como se uma trava
mecânica atuasse em seu eixo. Portanto, devemos pensar muito bem se é assim
mesmo que desejamos a parada da máquina. Normalmente, esse recurso é
utilizado para cargas mecânicas pequenas (leves), e que necessitam de resposta
rápida, como, por exemplo, eixos das máquinas - ferramentas.
Liberação de alteração de parâmetros – esse parâmetro é uma proteção
contra curiosos. Para impedir que alguém, inadvertidamente, altere algum
parâmetro da máquina, utiliza-se um parâmetro específico como proteção.
Tipo de entrada – pode ser uma entrada analógica (0 - 10Vcc) ou digital. Indica
como controlar a velocidade do motor.
Frequência de PWM – esse parâmetro determina a frequência de PWM do
driver. Para evitar perdas no motor e EMI, quanto menor essa frequência, melhor.
O único inconveniente de parametrizar o PWM com frequências baixas é a
geração de ruídos sonoros, isto é, a máquina fica mais barulhenta. Portanto, deve
ser feita uma análise crítica das condições gerais do ambiente de trabalho antes
de se optar pelo melhor PWM.
Pulso de tensão de partida – alguns drivers possuem uma função
chamada pulso de tensão de partida (kick start) com um valor ajustável. É
aplicado em cargas de elevada inércia que, no momento da partida, exigem
um esforço extra no acionamento em função do alto conjugado. O valor dessa
tensão deve ser o suficiente para se obter um conjugado que possa vencer o
conjugado resistente da carga.
Nesse caso, deve ser aplicada uma tensão maior do que a tensão da rampa
(75 a 90% da tensão total do motor), em um curto intervalo de tempo (100
a 300ms), dependendo do tipo de carga a ser utilizado. Essa função deve
ser utilizada somente quando necessária, pois ao habilitá-la, a atuação da
limitação de corrente de partida não ocorre. Assim, o motor pode sofrer
elevadas quedas de tensão durante o período ajustado para o pulso de tensão.
A Figura 105 mostra essa função.
Tensão

UNom
Uk

Up

Ajuste Tempo

Figura 105 -  Função pulso de partida


Fonte: Franchi , 2008
7 Soft-starters e inversores
139

Limitação de corrente – quando a carga apresenta uma inércia elevada, é


utilizada essa função, que faz o sistema rede/soft-starter fornecer ao motor somente
a corrente necessária para que seja executada a aceleração da carga, garantindo
um acionamento suave. A limitação da corrente também é utilizada na partida de
motores cuja carga apresenta um valor mais elevado de momento de inércia.
Proteções – a utilização do soft-starter não fica restrita à partida de motores assíncronos,
pois elas também podem garantir ao motor toda a proteção necessária. Assim, quando
uma proteção atua, aparece uma mensagem de erro para o usuário visualizar.
Sobrecorrente imediata na saída – ajusta o máximo valor de corrente que
o driver permite conduzir para o motor por período de tempo pré-ajustado,
conforme a Figura 106.
Corrente

I Soc

I Nom

Ajuste Tempo

Figura 106 -  Sobrecorrente imediata na saída


Fonte: Franchi , 2008

Subcorrente imediata – ajusta o mínimo valor de corrente que o driver


permite conduzir para o motor por período de tempo pré-ajustado. Essa função
é utilizada para a proteção de cargas que não possam operar em vazio, como
sistemas de bombeamento, como mostra a Figura 107.
Corrente

I Nom

I Soc

Ajuste Tempo

Figura 107 -  Subcorrente imediata


Fonte: Franchi , 2008

Outros parâmetros

Além dos parâmetros descritos, o driver possui diversas proteções, dependendo


do fabricante do equipamento.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
140

Economia de energia elétrica – Quando o motor opera em carga reduzida,


opera consequentemente com baixo fator de potência. O driver tem uma
função para otimizar o ponto operacional do motor, minimizando as perdas de
potência reativa e fornecendo apenas a potência ativa requerida pela carga, o
que caracteriza um procedimento de economia de energia elétrica. Essa função
é aplicada com vantagens em situações em que o motor funcione a vazio por
um longo período. Isso é feito com a redução da tensão fornecida nos terminais
do motor durante o tempo em que o motor desenvolve a sua operação em
carga reduzida ou a vazio. Assim, obtém-se uma economia de energia entre 5
e 40% da potência nominal, conforme aplicação; porém, sob tensão nominal,
para uma carga no eixo de apenas 10% da potência nominal.

Na prática, só faz sentido ativar a função de economia de


FIQUE energia quando a carga for menor do que 50% da carga
ALERTA nominal e durante um período de operação superior a 50%
do tempo de funcionamento do motor.

Parâmetros de leitura – são as variáveis que podem ser visualizadas no


display, mas não podem ser alteradas pelo usuário, como tensão %, corrente %,
potência ativa, etc.
Parâmetros de regulação – são os valores ajustáveis a serem utilizados pelas
funções do soft-starter, como tensão inicial, tempo de rampa de aceleração e
desaceleração, etc.
Parâmetros de configuração – definem as características do soft-starter, as
funções a serem executadas, bem como as entradas e saídas, com parâmetros dos
relés de saída, entradas do soft-starter.
Parâmetros do motor – define as características nominais do motor, como
ajuste da corrente do motor, fator de serviço.
Observação: existe um parâmetro que carrega as configurações originais de
fábrica. Esses parâmetros são escolhidos de modo a atender o maior número de
aplicações, reduzindo ao máximo a necessidade de reprogramação durante a
colocação em funcionamento.
7 Soft-starters e inversores
141

Recapitulando

Neste capítulo, aprendemos o funcionamento da chave eletrônica (soft starter)


em conjunto com o motor elétrico, garantindo sua durabilidade. Vimos as suas
principais características de funcionamento e alguns de seus principais parâmetros
de configuração.
Estudamos também, os inversores de frequência, que são componentes que
variam a frequência elétrica, possibilitando o controle de velocidade do motor
elétrico. Vimos os principais parâmetros de configuração. Finalizando, aprendemos
a comparação desses sistemas com outras ligações, e observamos que eles possuem
vantagens e desvantagens, de acordo com a sua utilização.
Normas técnicas aplicadas à instalação
de circuitos elétricos

Para que o futuro técnico em automação tenha um desempenho profissional adequado,


é fundamental que ele conheça as normas técnicas. Essa é uma condição prioritária e básica
para o correto desempenho de suas atividades. Todo aquele que exerce ou vai exercer
uma atividade técnica deve estar atualizado no que diz respeito às normas publicadas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Desse modo, o profissional tem condições de
trabalhar com as definições estabelecidas.
De acordo com a regra básica estabelecida pela ABNT, as normas técnicas brasileiras devem
estar coerentes com as normas internacionais da Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC).
Entretanto, em algumas áreas de produtos, como é o caso de transformadores de distribuição,
normas técnicas desenvolvidas por alguns fabricantes passaram a ser utilizadas como
referência, de forma excepcional. As normas da ABNT vêm caracterizadas por um conjunto de
letras NBR14 e números que as identificam.
As letras NBR significam Normas Brasileiras de Referência, sendo que, em termos de
conteúdo, assim se apresentam:
• normas gerais aplicadas às metodologias de instalação e de projeto;
• especificações que indicam as condições técnicas a serem atendidas;
• métodos de ensaio que definem os procedimentos normalizados a serem seguidos
quando há ensaios de um componente ou equipamento em seus mais diversos aspectos:
montagem do circuito ou do dispositivo de ensaio, instrumentação quanto à sua exatidão,
temperatura de referência, altitude de referência, etc.
Desse modo, ao fazermos o ensaio de um componente para a determinação de
suas características nominais e eventuais, há uma regulamentação baseada em fatores
necessariamente presentes para que essas características existam. Serão essas as características
a serem gravadas na placa de características que identificam o componente ou equipamento.
A estrutura das normas brasileiras acompanha a sistemática da IEC e está sendo modificada
para uma única norma por produto, que já engloba todos os aspectos (especificação, ensaios,
representação gráfica e literal, eventual padronização aplicável ao produto), tornando
desnecessária a consulta a diversos textos de norma.
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
144

As normas técnicas acompanham a evolução das técnicas e de matérias-primas.


Consequentemente, são feitas periodicamente revisões e novas publicações, com
T,
conteúdos parcialmente diferentes, o que invalida a edição anterior da norma.
o,
As normas de símbolos gráficos e de símbolos literais informam como um
ade. componente deve ser identificado no seu esquema de ligação tanto no desenho
a
ão é do símbolo quanto na letra que deve caracterizá-lo. As normas de padronização
oder são necessárias em alguns casos de partes e componentes elétricos, para
de
adora permitir a intercambialidade.
ho Em todas essas normas, existe o item definições, que contém a terminologia
áter
técnica a ser utilizada. Essa terminologia está intimamente ligada ao Sistema
Internacional de Unidades de Medida (SI), que define as grandezas físicas, sua
representação e as unidades de medida e suas abreviaturas e modo de redação.
Portanto, devemos ter presente a necessidade de conhecer detalhadamente o SI.

Pesquise mais detalhes sobre unidades de medida, no


SAIBA Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
MAIS Industrial (INMETRO) (http://www.inmetro.gov.br/) e na ABNT
(http://www.abnt.org.br/).

Normas técnicas dos principais componentes elétricos


Algumas normas utilizadas pelo mundo são responsáveis pela proteção de
equipamentos e máquinas durante suas instalações. Para um bom funcionamento
desses equipamentos e máquinas as normas devem ser rigorosamente seguidas.
Algumas das normas internacionais mais conhecidas são:
• International Electrotechnical Commission (IEC);
• National Electrical Manufactures Association (NEMA);
• Deutsches Institut Für Normung (DIN).
A seguir, temos algumas normas IEC:
• IEC 60947-1: Equipamentos de manobra e de proteção em baixa
tensão- especificações;
• IEC 60947-2: Disjuntores;
• IEC 60947-3: Seccionadores e seccionadores-fusível;
• IEC 60947-4: Contatores de potência, relés de sobrecarga e conjuntos de partida;
• IEC 60947-5: Contatores auxiliares, botões de comando e auxiliares de comando;
• IEC 60947-7: Conectores e equipamentos auxiliares;
• IEC 60269-1: Fusíveis para baixa tensão;
• IEC 60439-1: Conjuntos de manobra e comando em baixa tensão.
7 Soft-starters e inversores
145

As principais normas da ABNT para a instalação e proteção de equipamentos e


máquinas elétricas estão apresentadas a seguir:
• NBR 5280: Símbolos literais de eletricidade;
• NBR 5361: Disjuntor de baixa tensão: especificação;
• NBR 5383: Máquinas elétricas girantes - máquinas de indução: determinação
de características;
• NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão: especificação;
• NBR 5419: Proteção de estrutura contra descargas atmosféricas: especificação;
• NBR 5432: Motores elétricos de indução: padronização;
• NBR 7094: Máquinas elétricas girantes - motores de indução: especificação;
• NR 10: Segurança em instalações e serviços em eletricidade;
• NR 12: Segurança de trabalho em máquinas e equipamentos;
• Símbolos gráficos: Normas IEC / DIN / NBR.

Recapitulando

Neste capítulo, abordamos as principais normas da eletricidade industrial


relacionadas aos motores elétricos e à segurança. Vimos a importância de utilizarmos
as normas, principalmente, quanto à padronização de motores, equipamentos, e
componentes elétricos.
Abordamos os cuidados referentes à segurança pessoal e em grupo, de acordo
com as normas. Aprendemos a manutenção de equipamentos, a fim de evitar
danos durante o processo de instalação.
Referências

AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Portaria ANP n. 80, de 30.04.99. Disponível em: <http://
licenciamento.cetesb.sp.gov.br/Servicos/licenciamento/postos/legislacao/Portaria_ANP_80_99.
pdf>. Acesso em: 25 fev. 2012

ANTONELLI, P. L. Introdução ao CLP. [s/d]. Apostila, CEETPES - E. T. E. Professor Armando Bayeux da Silva.
Disponível em: <http://www.ejm.com.br/download/Introducao%20CLP.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT/CB-03 – Comitê Brasileiro de Eletricidade:


novas publicações. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/imagens/Editais/200703_Novas_
publicacoes_norma_bras.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7094 – Maquinas elétricas girantes – moto-
res de indução – especificações. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NRB ISO 1219-2 - Sistemas e componentes hi-
dráulicos e pneumáticos: símbolos gráficos e diagramas de circuitos. Rio de Janeiro, 2011

BASOTTI, Márcio Rogério. Eletricidade: instalações industriais. Sapucaia do Sul, Centro de


Educação Profissional SENAI de Eletromecânica, 2001. 124 p. Disponível em: <http://pt.scribd.com/
doc/48595385/eletricidade-industrial>. Acesso em: 11 jan. 2012.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Mecatrônica : Qualificação profissional – apostila. Dis-


ponível em: <http://eletrowiki.blogspot.com.br/2011/03/apostila-de-mecatronica.html>. Acesso-
em: 20 out. 2011.

Capelli, A. Energia elétrica para sistemas automáticos da produção. 2 . ed. São Paulo: Editora
Érica, 2010.

______. Inversores de frequência. Revista mecatrônica atual, p. 7 a 15, Fev. 2002.

______. Automação industrial: controle de movimento e processos contínuos. São Paulo: Érica, 2.ed., 2010.

CARVALHO, Geraldo. Máquinas elétricas: teoria e ensaio. 4. ed. São Paulo: Editora Érica, 2011.

COMISSÃO TRIPARTITE PERMANENTE DE NEGOCIAÇÃO DO SETOR ELETRICO NO ESTADO DE SP.


NBR 5410. Instalações elétricas de baixa tensão e NBR 14039 instalações elétricas de média tensão
de 1,0kv a 36,2kv. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/dominios/ctn/anexos/cdNr10/
Manuais/M%C3%B3dulo01/666_5%20-%20NORMAS%20T%C3%89CNICAS%20BRASILEIRAS%20
NBR%20DA%20ABNT.pdf>. Acesso em: 20 out. 2011
DREHER, J. R. Comandos industriais II: chaves de partida suave Soft-Starter e inversor
de frequencia, Apostila. Mód.IV. Chapecó, SC, Instituto Federal de Educação, ciência e tecnologia de
Santa Catarina Campus Chapecó, 2009.

DORNELES,V.; MUGGE, T. Pneumática Básica. [2008]. Senai/RS - Escola Técnica SENAI Plínio Gilberto
Kroeff - CETEMP - Curso Técnico Mecânica de Precisão. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/
content/ABAAAel4gAA/apostila-pneumatica>. Acesso em: 13 jan. 2012.

FERREIRA, Júlio César de C. Sistemas Trifásicos. Laboratório de Eletrônica de Potência, UFRJ.


2010. Disponível em: <http://www.coe.ufrj.br/~julio/Apostilas_Livros/sistemas_trifasicos.pdf>
Acessado em 30 ago. 2011.

FESTO, Didatic-BR. P110 - Automação pneumática. 2012. 1 CD.

______. EP 210 - Comandos elétricos em sistemas pneumáticos e hidráulicos. 2012. 1 CD.

______. Automação com controladores lógicos programáveis SIMENS S7-300. 2012. 1 CD.

FILIPPO FILHO, Guilherme. Motor de Indução. São Paulo: Érica, 2010.

FRANCHI, C. M.; Camargo , V. L. A. Controladores lógicos programáveis: sistemas discretos. São


Paulo:Érica,2.ed., 2011.

FRANCHI, Claiton M. Acionamentos Elétricos. 4.ed. São Paulo: Érica, 2008.

______. Controle de processos industriais :princípios e aplicações. São Paulo: Érica, 2011a.

______. Inversores de frequência : Teoria e Aplicações. 2.ed., São Paulo: Érica, 2011b.

GILIO, Aluisio Simone. Máquinas de indução trifásicas: teoria e exercícios. 2.ed. São Paulo: Érica,
2010.

Goedtel I, A.; da Silva , I.N.; Sernill, P. Uma abordagem neural para estimação de conjugado
em motores de indução. São Paulo: UNESP / USP, 2006.

GUIMARÃES, H. C. F. Norma IEC 61131-3 para programação de controladores programáveis:


estudo e aplicação. Espírito Santo: Universidade Federal do Espírito Santo - Centro Tecnológico -
Departamento de Engenharia Elétrica, Projeto de Graduação, 2005.

HALLIDAY, David; RESNIK, Robert; KRANE, Denneth S. Física 2. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC, 384 p.
2004. V.1
IFSC. Hidráulica, eletrohidráulica e eletropneumática. Disponível em: <http://www.
trajanocamargo.com.br/arquivos/eletroeletronica/Controle_Eletrohidraulico_e_Eletropneumatico-
pdf> Acesso em: 20 jan. 2012.

ISOQUIP. Tabela e Dimensionamentos (fios e cabos). Disponível em: <http://www.isoquip.com.br/


pdf/TABELA_DE_FIOS_E_CABOS.pdf> Acesso em: 5 jul. 2011

LAVILL. Painéis elétricos e CCM’s de baixa tensão. Disponível em: <http://www.lavill.com.br/


catalogos/c2.pdf>. Acesso em: 16 set. 2011.

LEÃO, Ruth. GTD – Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Ceará, Universidade
Federaldo Ceará - Centro de Tecnologia - Departamento de Engenharia Elétrica, 2009.

MANUTENÇÃO E SUPRIMENTOS. Geradores hidrelétricos como fonte de eletricidade. Disponível


em: <http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/conteudo/3816-geradores-hidreletricos-
-como-fonte-de-eletricidade/> Acesso em 05 set. 2011.

Martins , R. M. Curso transientes hidráulicos. Florianópolis: ABES, 1988. Notas de aula.

MATIAS, J. Motores elétricos . Mecatrônica Atual, n.5, p. 16 – 23. 2002.

PARKER. Tecnologia hidráulica industrial - Apostila M2001-1 BR. [1999]. Disponível em: <http://
www.ebah.com.br/content/ABAAAAM6QAG/hidraulica>. Acesso em: 20 dez. 2011.

______. Tecnologia eletromecânica . Apostila 1600.231.0 BR. [2003]. Disponível em: <http://www.
ebah.com.br/content/ABAAABsIoAF/eletromecanica-parker-automation#>. Acesso em 3 dez. 2011.

______. Tecnologia eletropneumática industrial - Apostila M1002-2 BR. [2001]. Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAABGWQAK/eletropneumatica>. Acesso em: 13 dez.2011.

______. Tecnologia pneumática Industrial - Apostila M1001 BR. [2000]. Disponível em: <http://
www.ebah.com.br/content/ABAAAAEwEAA/apostila-pneumatica-parker>. Acesso em: 6 jan. 2012.

PENTEADO, Paulo Cezar M. ;TORRES, Carlos Magno A. Física: ciência e tecnologia. São Paulo, Moder-
na, 2009.

ROCCO. Normas referentes ao grau de proteção de equipamentos. Disponível em:<http://www.


eletricarocco.com.br/catalogo/catalogo/tabelas_de_equivalencia.pdf>. Acesso em 12 dez. 2011.

ROTT , N. Note on the history of the Reynolds number. Annual Review of Fluid Mechanics, V. 22,
p. 1–11, 1990.
SCHNEIDER ELECTRIC. PROCOBRE. Workshop de instalações elétricas de baixa tensão: eficiência
energética e acionamento de motores. 2003.

SCRIBD. Simbologia Pneumática – ABNT. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/19688089/


Simbologia-Pneumatica-ABNT> Acesso em: 10 nov. 2011.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL . SENAI.RS. Apostila de controlador lógico


programável. Caxias do Sul: Senai/RS. 2009.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL . SENAI. PE. Automação controladores


lógicos programáveis. Recife, SENAI.PE/DITEC/DET, 2008. 126p. il. Disponível em: <http://pt.scribd.
com/ doc/15467476/APOSTILA-AUTOMACAO-SENAI-PE>. Acesso em: 05 fev. 2012.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL . SENAI.MG. Pneumática e eletropneumáti-


ca. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABkwMAA/pneum-0192tica-eletrop-
neum- 0192tica-1-senai>. Acesso em: 10 jan. 2012.

SOUZA, Geraldo Teles. Máquinas e comandos elétricos. Escola técnica estadual Pedro Ferreira
Alves, São Paulo, 2004.

SOUZA, Rodrigo O. R. de Melo. Resumo das Aulas. [2010]. DIsciplina de Hidráulica. UFRA. Belém/PA.
DIsponível em: < http://www.portal.ufra.edu.br/attachments/803_resumo_geral_hidraulica.pdf>.
Acesso em: 9 jul. 2011.

TELECURSO 2000. Noções básicas de pneumática – aula 10. Disponível em: <http://www.ebah.
com.br/content/ABAAABOHoAH/nocoes-basicas-pneumatica-telecurso>. Acesso em: 12 jan. 2012.

THERBA. Produtos telemecanique. Disponível em: <http://www.produtostelemecanique.com.br/>


Acesso em: 16 jan. 2012.

WEG. Comando e proteção. Mód.1. Jaraguá do Sul ,SC, 2005a.

______. Variação de velocidade. Mód. 2. Jaraguá do Sul, SC, 2005b.

______. Geração de energia. Mód.4. Jaraguá do Sul, SC, 2005c.

______. Motores elétricos CA. Jaraguá do Sul , SC, 2005d.

______. Motores elétricos. Jaraguá do Sul ,SC, 2005e.

______. Motores elétricos assíncronos de alta tensão. DT-6. Jaraguá do Sul, SC, 2005f.
Minicurrículo do Autor

Cristiano Rosa dos Santos


Mestre em Sistemas e Processos Industriais – UNISC, 2010. Formação Pedagógica para
Formadores da Educação Profissional – UNISUL, 2005. Engenheiro de Controle e Automação –
PUCRS, 2003. Técnico em Informática Industrial – SENAI, 1997. Técnico em Eletrônica – Colégio
Santo Inácio, 1994. Docente de Automação (Robótica, CLP, Pneumática e Hidráulica) e Eletrônica
(Analógica, Digital e Controle) – SENAI Carlos Tannhauser em Santa Cruz, desde 2004.
Índice

A
Atrito e rendimento 50
Atuadores 13, 14
B
Bancos de capacitores 56, 58
Botoeira 10, 93
C
Classe de isolamento 44, 85
Comparativo 7, 121, 127
Componentes do inversor 130
Compressores 31
Conjugado 6, 24, 32, 33, 37, 40, 44, 45, 46, 47, 49, 55, 59, 61, 62, 111, 112, 115, 117, 118, 119, 120,
127, 129, 136, 138
Contador 9, 87
Corrente de partida 40, 45, 48, 61, 69, 83, 85, 115, 118, 122, 125, 127, 135, 136, 138
Corrente nominal 37, 40, 47, 48, 68, 69, 70, 76, 77, 115, 118
D
Dispositivos de proteção e manobra 9, 68
E
Elementos de comando 91
Eletricidade industrial 13
Entradas digitais 130
Esquemas de ligações 10, 102, 107, 122
F
Fator de potência 5, 7, 50, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 62, 84, 140
Fator de serviço 44, 59, 63, 77, 140
Filtros 136
Fontes de energia 5, 7, 9, 18, 19, 26
Força eletromagnética 22
Fusível 5, 68, 69, 70, 71, 72, 81, 96, 108, 112, 144
G
Geração de energia elétrica 9, 17, 18, 26
Gerador 5, 6, 9, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 101, 103, 104, 134
Grau de proteção 44, 48, 60, 61
H
Hidráulica 13, 148
I
Ihm 130
Interface 130, 134
Inversor de frequência 7, 10, 129, 133, 136
L
Ligações utilizadas nos motores 10, 107
M
Máquinas primárias 9, 20
Microprocessador 130
Motor dahlander 5, 38, 108
Motor de indução trifásico 9, 10, 32, 34, 35, 36, 43, 101
Motores assíncronos 9, 33, 34, 38, 41, 139
Motores de corrente alternada 9, 31, 32, 43
Motores de corrente contínua 42, 43
Motores elétricos 6, 7, 9, 10, 13, 25, 29, 30, 31, 32, 46, 48, 51, 64, 91, 92, 99, 101, 108, 111, 122, 125,
129, 145
Motores síncronos 9, 32, 33
N
Normas técnicas 13, 143, 144
P
Parametrização de drivers 10, 137
Partida de motores 110, 118, 139
Placa de identificação 43, 47, 48, 51
Plc 130, 134
Pneumática 13, 148
Potência absorvida 49, 51, 53
Potência útil 49, 51, 53, 54
R
Regime de serviço 59
Relés de sobrecarga 69, 76, 88, 144
Relés temporizadores 85, 88
S
Saídas digitais 128
Simbologia 5, 6, 69, 73, 77, 81, 83, 85, 86, 87, 96, 122
Sistema de energia 17
Sistema elétrico trifásico 17, 23
Soft-starter 7, 10, 13, 69, 115, 125, 126, 127, 128, 129, 136, 137, 139, 140
T
Temporizador 6, 85, 86, 96
Tensão de funcionamento 47
Tipos de inversor 135
U
Umidade 93
V
Vazão 97
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DO RIO GRANDE DO SUL

Claiton Oliveira da Costa


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Cristiano Rosa dos Santos


Elaboração

Giancarllo Josias Soares


Revisão Técnica

Enrique S. Blanco
Fernando R. G. Schirmbeck
Luciene Gralha da Silva
Maria de Fátima R.de Lemos
Design Educacional

Regina M. Recktenwald
Revisão Ortográfica e Gramatical

Camila J. S. Machado
Rafael Andrade
Ilustrações

Bárbara V. Polidori Backes


Tratamento de imagens e Diagramação

Enilda Hack
Normatização

i-Comunicação
Projeto Gráfico
ISBN 978-85-7519-522-2

9 788575 195222

Potrebbero piacerti anche