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Resumo
O presente artigo tem por objetivo analisar a participação dos parlamentos
comunitários nos processos de tomada de decisão e de controle parlamentar
no âmbito institucional da União Europeia e do Mercosul. É escopo, também,
a análise dos mecanismos de concretização do princípio da representação po-
lítica, particularmente a instituição de eleições diretas, no âmbito da ordem
política de tais organizações internacionais regionais, em oposição ao alegado
déficit democrático das eleições comunitárias. O objetivo do trabalho visa à
comparação entre os estágios de desenvolvimento institucional do Parlamento
Europeu e do Parlasul, de modo a obter resultados de ordem de direito compa-
rado para questionar a viabilidade do mimetismo institucional do Parlamento
Europeu em face da realidade comunitária do Cone Sul. Para tanto, o artigo é
divido em duas partes, das quais a primeira investiga o processo de tomada
de decisão nos parlamentos regionais e a segunda questiona se há liame entre
eleições diretas e aumento da legitimidade democrática no Parlamento Euro-
peu e no Parlasul.
Palavras-chave
Parlamento Europeu; Parlasul; Tomada de Decisão; Controle Parlamentar; Elei-
ções Diretas; Déficit Democrático.
Introdução
Diante das discussões contemporâneas acerca do déficit democrático e do au-
mento da demanda por participação popular na tomada de decisão, é preciso
que se questione sobre os atuais mecanismos de representação das organiza-
ções internacionais com aspiração regional2. Dentre as organizações interna-
cionais que se qualificam nessa categoria, indica-se que o objeto deste trabalho
permeará os casos da União Europeia e do Mercado Comum do Sul, visto que
o primeiro apresenta-se na vanguarda da integração regional e o segundo é
relevante pela participação e atuação do Brasil na integração.
O intuito de uma perspectiva comparada entre dois parlamentos de inte-
gração regional3 em momentos históricos distintos possui fundamento, já que
o modelo europeu de integração regional tem sido alvo de exportação para
as outras tentativas de formação de blocos regionais4, com especial atenção
ao caso do Mercosul. Nesse sentido, deve-se indagar se o modelo de repre-
sentação democrática e popular consolidado na União Europeia por meio do
Tratado de Lisboa5 serve também aos interesses e demandas da comunidade
do Cone Sul.
A fim de possibilitar a realização da perspectiva comparada, o presente
artigo é divido em duas partes. Especificamente, busca-se, em primeiro lugar,
a análise comparada da função dos parlamentos comunitários no processo de
tomada de decisão, com foco nas relações institucionais de legislação, delibe-
ração, fiscalização e controle político (I). Em segundo lugar, discute-se o tema
das eleições diretas aos parlamentos e sua contribuição para a superação do
déficit democrático e da falta de legitimidade e representatividade (II).
I. 1. O Parlamento Europeu
Com a aprovação do Tratado de Lisboa, estratégia de superação da não apro-
vação de uma constituição europeia, as competências e poderes do Parlamen-
to Europeu se alargaram8. Salienta-se, todavia, que tal expansão acompanhou
gradualmente as inovações nos tratados constitutivos. Cita-se, por exemplo, o
processo de codecisão, instaurado pelo Tratado de Maastricht e tornado pro-
cesso legislativo ordinário9. Lisboa, portanto, não representou somente am-
pliação, porém consolidação de um processo de ganho de participação do Par-
lamento Europeu, iniciado com o Ato Único Europeu10.
Dentre tais matérias, frisa-se o reforço em questões legislativas e delibe-
rativas (I. 1.1), financeiras e de controle político (I. 1.2), as quais representam a
continuidade de fortalecimento do Parlamento Europeu em funções tipicamen-
te do poder Legislativo11.
22 JACQUÉ, Jean Paul; MAUGEAIS, Dominic. Der Vertrag von Lissabon — neues Gleichgewicht
oder institutionelles Sammelsurium? In: Integration, v. 33, n. 2, abr. 2010, p. 103-116, p. 108.
Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/24223701>. Acesso em: 7 jun. 2015.
23 Ibid., p. 107.
24 Ibid., p. 108.
25 Artigo 5º (3) TUE: Em virtude do princípio da subsidiariedade, nos domínios que não sejam
da sua competência exclusiva, a União intervém apenas se é na medida em que os objetivos
da ação considerada não possam ser suficientemente alcançados pelos Estados-Membros,
tanto ao nível central como ao nível regional e local, podendo, contudo, devido às dimen-
sões ou aos efeitos da ação considerada, ser mais bem alcançados ao nível da União. Dis-
ponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:12012M/
TXT&from=PT>. Acesso em: 27 mai. 2016.
26 Artigo 6° Protocolo n° 2: Qualquer Parlamento nacional ou qualquer das câmaras de um
desses Parlamentos pode, no prazo de oito semanas a contar da data de envio de um
projeto de ato legislativo, nas línguas oficiais da União, dirigir aos presidentes do Parla-
mento Europeu, do Conselho e da Comissão um parecer fundamentado em que exponha
as razões pelas quais considera que o projeto em questão não obedece ao princípio da
subsidiariedade. Cabe a cada um dos Parlamentos nacionais ou a cada uma das câmaras
de um Parlamento nacional consultar, nos casos pertinentes, os Parlamentos regionais com
64 REVISTA DO PROGRAMA DE DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA
I. 2. O Caso do Parlasul
O estágio atual de elaboração institucional do Parlamento do Mercado Comum
do Sul difere consideravelmente do constatado no Parlamento Europeu. É preciso
questionar se o Parlamento do Mercosul deve adotar as mesmas formas utilizadas
pelo Parlamento Europeu para alavancar maior participação política e institucio-
nal dentro do Mercado. Assim, visa-se à análise da função do Parlasul perante o
processo legislativo e de tomada de decisão do mercado comum (I. 2.1).
47 Ibid, p. 203.
48 ROZENBERG, op. cit., p. 14.
49 Ibid, p. 12.
50 Artigo 6º (1) Decisão CMC 23/05: Os parlamentares serão eleitos pelos cidadãos dos res-
pectivos Estados-parte, por meio de sufrágio direto, universal e secreto. Disponível em:
<http://www.mercosur.int/msweb/portal%20intermediario/Normas/normas_web/De-
cisiones/PT/DEC_023_005_Acordo%20%20Parlamento_PT.PDF>. Acesso em: 27 maio
2016.
51 LAMENHA; MEDEIROS; PAIVA, op. cit., p. 170.
52 LUCIANO, op. cit., p. 18.
53 LUCIANO, op. cit., p. 17.
PARLAMENTOS COMUNITÁRIOS NOS PROCESSOS DE TOMADA DE DECISÃO 69
Conclusão
O estudo comparado possibilita uma análise profunda quanto ao tema da to-
mada de decisão nos parlamentos comunitários de aspiração de integração58.
Os contextos históricos e sociopolíticos, apesar de distintos, apresentam solu-
ções similares a problemas comuns às duas integrações, notadamente o alega-
do déficit democrático e a falta de participação das assembleias parlamentares
comunitárias nos processos de tomada de decisão e de controle político.
Referências bibliográficas
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2. Artigos
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3. Documentos e Legislação
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