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CARLA DA COSTA PASSOS

ESTUDO DO DESEMPENHO DE UM SVC APLICADO A UM


SISTEMA REAL DE BARRAS

CURITIBA
2013
CARLA DA COSTA PASSOS

ESTUDO DO DESEMPENHO DE UM SVC APLICADO A UM SISTEMA REAL DE


BARRAS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação,


apresentado à disciplina TE105 - Projeto de
Graduação, do Curso Superior de Engenharia
Elétrica, do Departamento Acadêmico de
Engenharia Elétrica, da Universidade Federal do
Paraná – UFPR, como requisito para obtenção do
título de Engenheira Eletricista.

Orientador: Prof. MSc. Mateus Duarte Teixeira


Coorientador: MSc. Henry Leonardo López
Salamanca

CURITIBA
2013
AGRADECIMENTOS

À minha família que é a razão pela qual não só esta, mas toda e qualquer
conquista, maior ou menor, visível ou não, foi possível. Pelo apoio irrestrito e
incondicional, pelo amor incomensurável e por serem o alicerce mais profundo,
valioso e inabalável.
Ao meu querido orientador Prof. MSc. Mateus Duarte Teixeira, por ser o
perfeito exemplo daquilo que pode ser chamado mestre. Pela paciência, dedicação e
todo o conhecimento e experiência propiciados. Pela calma, entusiasmo e
serenidade que me incentivaram nos momentos mais difíceis. Por superar todas as
expectativas e ter agregado valores indeléveis à minha formação.
Ao meu coorientador MSc. Henry Leonardo López Salamanca, pelas
valiosas colocações e correções, pela ajuda, palavra e conselho na hora certa e pela
disponibilidade ilimitada.
Ao Pedro Biasuz Block, a quem devo intermináveis agradecimentos e cuja
enorme ajuda foi vital desde o início até o fim deste trabalho. Por não deixar
esquecer que existem pessoas – as mais grandiosas – que jamais negarão ajuda,
pelo contrário, o farão de forma extraordinária, pois acreditam e, de fato, vivem a
generosidade, a gentileza e o serviço.
Ao MSc. Rodrigo Antonio Peniche, sem cuja ajuda sempre pronta,
disponibilidade e preciosos dados e esclarecimentos, este trabalho não teria se
concretizado.
Ao Prof. Dr. Rogers Demonti e ao Prof. Dr. Roman Kuiava por terem aceitado
o convite para participar da banca de avaliação deste trabalho.
À Megan Gabriele, que mesmo de tão longe me deu a alegria de ter seu apoio
e confiança inabaláveis. À Danusa Dembiski e ao Mauricio Freitas, que carrego
sempre comigo e com quem compartilhei os melhores momentos deste curso de
graduação. À Laura de Mattos, Juliana Popovitz, Mayara Miqueletti e Leila Cardoso,
pelo amor, carinho, paciência, atenção e amizade verdadeira. E a todos aqueles
que, mesmo não citados aqui, estiveram sempre ao meu lado e me deram o
privilégio de poder chamá-los de amigos.
“Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”

Fernando Pessoa
RESUMO

A tecnologia FACTS (Flexible AC Transmission Systems) vem se estabelecendo


como uma importante solução para o aumento da capacidade de transferência de
potência nas linhas de transmissão e melhora na estabilidade transitória e de tensão
de sistemas elétricos de potência. Desta forma, este trabalho apresenta uma
avaliação dos resultados obtidos através da modelagem a partir de dados reais de
um sistema de 19 barras centrado na barra de 230 kV da subestação Ponta Grossa
Sul (Copel) e da inserção de um modelo de um Compensador Estático de Reativos
(SVC) na referida barra para compensação de tensão. Esta avaliação é efetuada a
partir da comparação do desempenho do referido equipamento ao desempenho de
diferentes bancos de capacitores convencionais quando da ocorrência de distúrbios
como perda de linha, curto-circuito e rejeição de carga.

Palavras-chave: FACTS; SVC; controle de tensão; sistemas elétricos de potência.


ABSTRACT

FACTS (Flexible AC Transmission Systems) technology has taken its place as one of
the most important solutions to increasing power flow transfer capability of
transmission lines and improving transient and voltage stability. This paper presents
an assessment of the results obtained from the modeling of a working system of 19
busses and from the insertion of a Static VAR Compensator (SVC) at the central bus
(Ponta Grossa Sul 230 kV) for voltage control. This assessment is accomplished by
comparing the SVC performance with different capacitor banks during phenomena
such as transmission line loss, short-circuits and load rejection.

Keywords: FACTS; SVC; voltage control; electrical power systems.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 – CARACTERÍSTICA DE TENSÃO E CORRENTE SOBRE UM


CAPACITOR E UM INDUTOR................................................................................... 16

FIGURA 2.1 – CONTROLE DE FLUXO DE POTÊNCIA COM IMPEDÂNCIA


VARIÁVEL E COM ÂNGULO DE FASE VARIÁVEL. ................................................. 23

FIGURA 2.2 – FLUXO DE POTÊNCIA EM SISTEMA MALHADO............................ 23

FIGURA 2.3 – TIPOS BÁSICOS DE FACTS. ........................................................... 26

FIGURA 2.4 – STATCOM ......................................................................................... 28

FIGURA 2.5 – SVC................................................................................................... 29

FIGURA 2.6 – RESISTOR DE FRENAGEM CONTROLADO POR TIRISTOR ........ 31

FIGURA 2.7 – COMPENSADOR SÍNCRONO ESTÁTICO EM SÉRIE .................... 32

FIGURA 2.8 – TCSC OU TSSC. .............................................................................. 33

FIGURA 2.9 – TCSR OU TSSR ............................................................................... 35

FIGURA 2.10 – TCPST E UPFC .............................................................................. 36

FIGURA 2.11 – TCVL, TCVR E TCVR COM INJEÇÃO DE TENSÃO. ..................... 38

FIGURA 3.1 – SVC (STATIC VAR COMPENSATOR) EM DETALHES. ................... 40

FIGURA 3.2 – TENSÃO NA REDE E CORRENTE ATRAVÉS DE UM INDUTOR . .. 42

FIGURA 3.3 – INTERFACE GRÁFICA DO ATP (ATPDRAW). ................................. 45

FIGURA 3.4 – DIAGRAMA UNIFILAR PARA A MODELAGEM DO SVC NO ATP. ... 46

FIGURA 3.5 – ARRANJO DO CIRCUITO DE POTÊNCIA DO SVC NO ATP............ 47

FIGURA 3.6 – DIAGRAMA DE BLOCOS DA UNIDADE DE CONTROLE DO


MODELO DO SVC. ................................................................................................... 47
FIGURA 3.7 – ARRANJO DO CIRCUITO DE POTÊNCIA DO TSC NO ATP............ 48

FIGURA 3.8 – ARRANJO DO CIRCUITO DE POTÊNCIA DO TCR NO ATP. .......... 49

FIGURA 3.9 – DIAGRAMA UNIFILAR DE SISTEMA TESTE PARA O SVC. ........... 50

FIGURA 3.10 – VRMS, ANG E VRMS (CHAVEAMENTO DE CARGAS)................. 50

FIGURA 3.11 – DETALHE DE PONTA GROSSA NO SISTEMA DA COPEL. .......... 52

FIGURA 3.12 – SISTEMA DE TRANSMISSÃO DA COPEL EM MARÇO DE 2013. 55

FIGURA 3.13 – ARRANJO DO SISTEMA ELÉTRICO DA COPEL NO ATP COM


FOCO NA BARRA DE 230 KV DA SUBESTAÇÃO PONTA GROSSA SUL ............... 56

FIGURA 3.14 – BANCO DE DADOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO DA COPEL 57

FIGURA 3.15 – ENTRADA DE DADOS PARA O MODELO DE LINHAS DE


TRANSMISSÃO TRANSPOSTAS COM PARÂMETROS DISTRIBUÍDOS NO ATP. . 58

FIGURA 4.1 –TENSÕES EM PGS 230 KV (SAÍDA DA LT BAT-PSG), COM BC 50


MVAR E SEM O MESMO BANCO. ........................................................................... 64

FIGURA 4.2 – TENSÕES EM PGS 230 KV (SAÍDA DA LT BAT-PGS), COM BC DE


50 MVAR E COM BC DE 80 MVAR........................................................................... 65

FIGURA 4.3 – TENSÕES EM PGS 230 KV (SAÍDA DA LT BAT-PSG), COM BANCO


DE CAPACITORES DE 80 MVAR E COM O SVC. ................................................... 65

FIGURA 4.4 – POTÊNCIA REATIVA EM PGS 230 KV (SAÍDA DA LT BAT-PSG),


COM BC 80 MVAR, COM O BC 50 MVAR E COM O SVC. ...................................... 66

FIGURA 4.5 –TENSÕES EM PGS 230 KV (REJEIÇÃO DE TRÊS CENTROS DE


CARGA), COM BC 80 MVAR, COM BC 50 MVAR E SEM COMPENSAÇÃO. ......... 67

FIGURA 4.6 –TENSÕES EM PGS 230 KV (REJEIÇÃO DE TRÊS CENTROS DE


CARGA), COM BC 80 MVAR E SVC E POTÊNCIA REATIVA DO SVC. ................... 68

FIGURA 4.7 – TENSÕES EM PGS 230 KV (CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO PGN),


COM BC 80 MVAR, COM BC 50 MVAR E SEM COMPENSAÇÃO. ......................... 69
FIGURA 4.8 – TENSÕES EM PGS 230 KV (CURTO-CIRCUITO PGN), COM
BANCO DE CAPACITORES DE 80 MVAR E COM SVC. ......................................... 70

FIGURA 4.9 – TENSÃO E POTÊNCIA REATIVA EM PGS 230 KV (CURTO-


CIRCUITO PGN), COM SVC 160 MVAR. ................................................................. 71
LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1 – COMPARAÇÃO DE DIFERENTES VARIÁVEIS DIANTE DO


CHAVEAMENTO SUCESSIVO DE CARGAS, COM E SEM O SVC......................... 51

TABELA 3.2 – CLASSIFICAÇÃO DA TENSÃO DE ATENDIMENTO A PARTIR DA


TENSÃO DE LEITURA, PARA DIFERENTES VALORES DE TENSÃO NOMINAL...53

TABELA 3.3 – VALORES CALCULADOS PARA MODELAGEM DOS


EQUIVALENTES DE CURTO-CIRCUITO ................................................................. 59

TABELA 3.4 – VALORES CALCULADOS PARA MODELAGEM DAS CARGAS .... .59

TABELA 4.1 – DESCRIÇÃO DOS CASOS ANALISADOS REFERENTES AO


SISTEMA DA COPEL. ............................................................................................... 62

TABELA 4.2 – TENSÕES EM DIFERENTES BARRAS DO SISTEMA ANTES E


DEPOIS DA PERDA DA LINHA DE TRANSMISSÃO PONTA GROSSA SUL -
BATEIAS ................................................................................................................... 63

TABELA 4.3 - COMPARAÇÃO DOS TRÊS CASOS ANALISADOS..........................71


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 MOTIVAÇÃO ................................................................................................... 14
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................... 15
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 15
1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ....................................................................... 18
2 DISPOSITIVOS FACTS ......................................................................................... 19
2.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 19
2.2 O CONTEXTO DA INSERÇÃO DOS FACTS ...................................................... 20
2.3 O FLUXO DE POTÊNCIA EM SISTEMAS DE CORRENTE ALTERNADA ......... 21
2.4 TIPOS DE CONTROLADORES FACTS.............................................................. 24
2.5 CONTROLADORES EM PARALELO .................................................................. 27
2.5.1 STATCOM ................................................................................................. 27
2.5.2 SSG........................................................................................................... 28
2.5.3 SVC ........................................................................................................... 29
2.5.4 TCR ........................................................................................................... 30
2.5.5 TSR ........................................................................................................... 30
2.5.6 TSC ........................................................................................................... 30
2.5.7 SVS ........................................................................................................... 30
2.5.8 TCBR ........................................................................................................ 31
2.6 CONTROLADORES SÉRIE ................................................................................ 31
2.6.1 SSSC ........................................................................................................ 31
2.6.2 IPFC .......................................................................................................... 32
2.6.3 TCSC ........................................................................................................ 33
2.6.4 TSSC ......................................................................................................... 34
2.6.5 TCSR ........................................................................................................ 34
2.7 CONTROLADORES COMBINADOS .................................................................. 35
2.7.1 UPFC ........................................................................................................ 35
2.7.2 TCPST ...................................................................................................... 36
2.7.3 IPC ............................................................................................................ 36
2.8 OUTROS CONTROLADORES ........................................................................... 37
2.8.1 TCVL ......................................................................................................... 37
2.8.2 TCVR ........................................................................................................ 37
3 MODELAGEM........................................................................................................ 39
3.1 SVC ..................................................................................................................... 39
3.1.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ......................................................... 39
3.1.2 TCR ........................................................................................................... 41
3.1.3 TSC ........................................................................................................... 43
3.2 ATP ...................................................................................................................... 44
3.3 MODELAGEM DO SVC ...................................................................................... 45
3.4 MODELAGEM DO SISTEMA DE BARRAS......................................................... 52
3.4.1 A PROBLEMÁTICA .................................................................................. 52
3.4.2 MODELAGEM DO SISTEMA DE BARRAS NO ATP ................................. 54
3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ....................................................... 59
4 SIMULAÇÕES E RESULTADOS ........................................................................... 61
4.1 INTRODUÇÂO ................................................................................................... 61
4.2 RESULTADOS E ANÁLISE ................................................................................ 62
4.2.1 CASO 1 E CASO 2.................................................................................... 62
4.2.2 CASO 3 ..................................................................................................... 63
4.2.3 CASO 4 ..................................................................................................... 64
4.2.4 CASO 5 ..................................................................................................... 65
4.2.5 CASO 6 E CASO 7.................................................................................... 67
4.2.6 CASO 8 ..................................................................................................... 68
4.2.7 CASO 9, CASO 10 E CASO 11 ................................................................. 69
4.2.8 QUADRO COMPARATIVO........................................................................ 71
4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ....................................................... 73
5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ......................................................... 74
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 74
5.2 TRABALHOS FUTUROS .................................................................................... 75
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76
14
1 INTRODUÇÃO

1.1 MOTIVAÇÃO

O desenvolvimento tecnológico e o crescimento populacional e industrial


trouxeram profundas mudanças nas mais diversas escalas e setores da sociedade.
Dentre elas, o crescimento da demanda energética tem sido um tema central, visto
que sofreu um salto não apenas em magnitude, mas também em complexidade.
Somem-se a isso as restrições provocadas pelo escasseamento de recursos
naturais e pela novas demandas e exigências com relação às questões ambientais.
Desta forma, as limitações físicas dos sistemas elétricos de potência ficaram
cada vez mais evidentes à medida que seu crescimento acelerado e, em certa
medida, descontrolado, passou a inserir ou elevar a ocorrência de distúrbios de
magnitude e importância significativas, como os ligados à estabilidade de tensão.
Neste contexto, tem-se empregado um enorme esforço em direção ao entendimento
dos problemas ligados à potência reativa e ao controle de tensão nestes sistemas.
O desenvolvimento de técnicas e de dispositivos que atuem sobre esse
tipo de problema, tornou-se, assim, uma prioridade. Os dispositivos FACTS
(Flexible AC Transmission Systems) vêm, assim, como uma resposta a essa
demanda permanente pela elevação da flexibilidade, segurança, previsibilidade,
robustez, controlabilidade, eficiência e capacidade de transferência de energia das
redes. Seu surgimento e aplicação estão relacionados ao desenvolvimento da
Eletrônica de Potência e de metodologias de Controle aplicadas a ela.
Inserido nessa tecnologia, um dos mais importantes dispositivos utilizados para
melhorar o suporte de reativos em sistemas, e, por conseguinte, a estabilidade de
tensão, é o Compensador Estático de Reativos ou SVC (Static VAr Compensator),
formado por um grupo de indutores controlados e capacitores chaveados shunt,
ambos por chaveamento contínuo de tiristores, os quais podem ser ajustados para
controlar a tensão e a potência reativa em seus terminais. Neste trabalho, através da
modelagem de um sistema de barras e da simulação de diversas ocorrências, é
investigado o comportamento de um modelo de um SVC utilizado para controle de
tensão em uma das barras.
15

1.2 OBJETIVOS

O conceito de compensação de reativos engendra um vasto e diversificado


campo de estudo diretamente relacionado às questões de qualidade de energia,
visto que grande parte dos problemas relacionados a ela pode ser atenuada ou
solucionada com um controle adequado de reativos. Isto só é possível devido ao
desenvolvimento e aplicação em paralelo de equipamentos para sistemas elétricos
de potência e de programas computacionais específicos para determinadas
análises. Desta forma, o objetivo geral deste trabalho é descrito a seguir.

• Realizar um estudo de caso real referente ao sistema elétrico da Copel


(Companhia Paranaense de Energia) com a inserção de um SVC, empregado
para compensação de tensão em sistemas de potência;

Os objetivos específicos que visam ao alcance do objetivo geral são:

• Realizar um estudo sobre equipamentos FACTS (Flexible AC Transmission


Systems), seu funcionamento e importância;
• Realizar um estudo sobre o Static VAR Compensator (SVC), seus
componentes, modelagem e funcionamento;
• Adquirir conhecimentos nas áreas de qualidade de energia, linhas de
transmissão e equipamentos de alta tensão;
• Conhecer e utilizar o software Alternative Transients Program (ATP)
amplamente utilizado na simulação de distúrbios de qualidade de energia e
transitórios em sistemas de potência.

1.3 JUSTIFICATIVA

A potência reativa é uma propriedade que se tornou fundamental para o


entendimento e a análise dos sistemas elétricos de potência. Ela tem sua origem na
16
diferença de fase entre a onda de tensão e a onda de corrente em uma mesma
frequência. Assim, quando um dispositivo utiliza potência ativa tal que a tensão e a
corrente estão em fase uma com a outra, este não necessita de potência reativa.
Porém, quando um determinado dispositivo necessita gerar campos magnéticos
(indutores) ou campos elétricos (capacitores), a corrente se defasa (atrasa ou
adianta) em relação à tensão. O módulo da potência reativa responsável pela
geração dos campos eletromagnéticos supracitados depende da diferença de fase
entre corrente e tensão.
A Figura 1.1 (a) ilustra as curvas características do capacitor, onde a curva
da corrente está adiantada em relação a tensão. Na Figura 1.1 (b) tem-se o caso do
indutor, onde a curva da corrente está atrasada em relação à curva da tensão.

FIGURA 1.1 – (A) CARACTERÍSTICA DE TENSÃO E CORRENTE SOBRE UM CAPACITOR; (B)


CARACTERISTICA DE TENSÃO E CORRENTE SOBRE UM INDUTOR.
FONTE: NDT RESOURCE CENTER

Há inúmeras formas pelas quais a potência reativa pode afetar um sistema.


Dentre elas:
17

 Muitas cargas necessitam de reativo para funcionar, portanto esta


parcela precisa ser suprida por uma fonte;
 O sistema de transmissão (linhas e transformadores) a absorve, o que
também necessita ser suprido por uma fonte;
 O fluxo de potência reativa das fontes para as cargas causa
aquecimento adicional das linhas e afundamentos de tensão na rede;
 A geração de potência reativa pode limitar a geração de potência ativa.

Um dilema básico em relação à potência reativa reside no fato de que certa


quantidade de tal é necessária para suprir as cargas e as perdas na rede, mas a sua
presença em excesso, circulando no sistema, causa superaquecimento e
afundamentos de tensão indesejáveis. A resposta lógica para este dilema seria
incluir fontes de reativos no local exato onde estes são consumidos, porém, isto não
é de todo prático, dado que há milhões de fontes, linhas e cargas conectadas ao
sistema, ou seja, milhões de fontes de reativos seriam necessárias – todas
controladas para fornecer a quantidade exata de potência reativa, no exato momento
em que são requeridas. Outra alternativa é disponibilizar reativos em pontos onde
são agregadas múltiplas cargas (por exemplo, no alimentador que deixa a
subestação ou nos terminais de grandes linhas e transformadores). Isso, por sua
vez, traz o problema da diferença entre os conceitos de controle do fator de potência
(tentar fornecer a quantidade exata de reativo necessário para igualar o que é
consumido) e o controle de tensão (tentar manter os níveis de tensão sempre os
mesmos independentemente da quantidade de reativo necessária para isso).
Vê-se que a potência reativa é, ao mesmo tempo, o problema e a solução
para o controle de tensão da rede. A reatância das linhas cria um afundamento de
tensão que deve ser compensado quer o fluxo da linha esteja transferindo potência
ativa, quer esteja transferindo potência reativa, quer esteja transferindo ambos.
Disponibilizar reativo para as cargas é especialmente difícil porque a potência
reativa deve fluir da fonte para a carga – portanto, aumentando as perdas por
reativos – o que por sua vez requer mais reativo da fonte.
É neste contexto que se insere este trabalho, o qual pretende estudar a
aplicação de um SVC a um caso real detectado no sistema elétrico da Copel onde a
18
perda de uma linha de transmissão interconectando as subestações de Ponta
Grossa Sul (PGS) e Bateias (BTA), ambas em 230 kV, tem trazido sérios problemas
de atendimento no que diz respeito a níveis de tensão na subestação PGS.

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

Esta monografia encontra-se dividida em cinco capítulos. O primeiro capítulo


se ocupa da contextualização do tema em estudo e justifica sua relevância. O
segundo capítulo trata dos diferentes tipos de dispositivos FACTS, os principais
exemplos de cada tipo e o contexto de sua inserção. O terceiro capítulo trata do
processo de modelagem no software ATP do sistema de barras centrado no setor de
230 kV da subestação Ponta Grossa Sul, bem como da validação e testes do
modelo do SVC utilizado. No quarto capítulo são expostos os resultados obtidos
após a inserção e adaptação do modelo do SVC ao sistema de barras modelado.
Foram apresentadas comparações entre o desempenho do SVC no controle de
tensão e no suporte de reativos e o desempenho de dois diferentes bancos de
capacitores. Finalmente, o capítulo 5 é destinado à apresentação das considerações
finais e de propostas de trabalhos futuros.
19
2 DISPOSITIVOS FACTS

2.1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos últimos quarenta anos, as tecnologias para sistemas de alta


tensão baseadas em semicondutores e as tecnologias de controle avançado tiveram
um profundo efeito nos sistemas elétricos de geração e transmissão. Paralelamente,
avanços em ferramentas de análise, modelos e softwares passaram a ser
explorados não só para o planejamento de novos sistemas, mas também para o
aumento da capacidade de sistemas já existentes (ASARE et al., 1994).
Os sistemas evoluíram, e o propósito das redes de transmissão passou a ser
não só interligar centros de geração e carga, mas também minimizar custos de
geração e melhorar a confiabilidade no suprimento das cargar a partir do aumento
das interligações entre diferentes regiões do sistema. Com a desregulamentação do
setor elétrico, diferentes negociações entre diferentes agentes do mercado de
energia passaram a garantir competitividade. Em função disso, novos requisitos
recaíram sobre a rede de transmissão, levando à definição de novos padrões de
desempenho, e também a novas exigências sobre o controle e a operação do
sistema. Além disso, sérias restrições de confiabilidade surgiram como resultado de
o sistema de transmissão estar sendo adaptado a aplicações para as quais não foi
projetado inicialmente, como a inserção de geração distribuída.
Assim, à medida que os sistemas de potência tornaram-se cada vez mais
interligados e passaram a transportar cada vez mais energia, a complexidade da
operação e a insegurança no que diz respeito a faltas aumentaram. Controle
inadequado de fluxo de potência, excesso de reativos em várias partes do sistema,
grandes oscilações dinâmicas entre diferentes pontos e gargalos cada vez mais
frequentes impossibilitaram a utilização plena do potencial de transmissão. Tornou-
se, portanto, necessário o desenvolvimento de meios para controlar diretamente os
fluxos de potência em determinadas linhas de um sistema.
Desta forma, mais do que nunca, tecnologias avançadas são proeminentes
para a operação confiável e segura dos sistemas de potência. A fim de se ter tanto
confiabilidade operacional quanto viabilidade econômica, tornou-se claro que uma
20
utilização mais eficiente e maior controle dos sistemas existentes são necessários
(PASERBA, 2003).
É neste cenário onde demandas econômicas e sociais coexistem com
exigências de confiabilidade no fornecimento de energia elétrica, que os dispositivos
FACTS se inserem.

2.2 O CONTEXTO DA INSERÇÃO DOS FACTS

Os sistemas de potência atuais são largamente controlados mecanicamente.


Mesmo com o uso extensivo da Microeletrônica e de comunicação de alta
velocidade para controle e proteção, no estágio final de controle, os dispositivos de
chaveamento são, muitas vezes, mecânicos, o que compromete a velocidade de
atuação. Outro problema dos dispositivos mecânicos é o fato de não poderem ser
ativados frequentemente, visto que tendem a se desgastar muito mais rapidamente
que dispositivos estáticos.
Os Controladores FACTS, juntamente com a tecnologia HVDC (High Voltage
Direct Current), estão entre os expoentes da revolução causada pela Eletrônica de
Potência nos Sistemas Elétricos. A variedade de dispositivos a semicondutores
existentes não apenas oferece alta velocidade de resposta como também
confiabilidade em seu chaveamento. No caso do HDVC, trata-se de uma forma
econômica de conectar sistemas separados por longas distâncias ou que
apresentam diferentes frequências ou ainda controle incompatível de frequência. O
HVDC envolve a conversão de AC para DC de um lado do sistema e de DC para AC
do outro (HINGORANI et al., 2000).
No caso da tecnologia FACTS, esta oferece oportunidades para controle de
potência e aumento da capacidade de transferência de fluxo de potência tanto para
linhas atuais quando para linhas novas ou remodeladas, possibilitando o
funcionamento próximo do limite térmico. Estas oportunidades nascem da habilidade
dos Controladores FACTS de controlar parâmetros inter-relacionados que governam
a operação dos sistemas de transmissão: impedância série, impedância paralelo,
21
corrente, tensão, ângulo de fase e o amortecimento das oscilações em frequências
diferentes da frequência nominal.
O conceito FACTS nasceu em 1988 quando Hingorani publicou o artigo
intitulado “Power Electronics in Electric Utilities: Role of Power Electronics in Future
Power Systems” propondo o uso extensivo de Eletrônica de Potência ou, como ele
chamou, “Eletrônica de Mega-Watt” para o controle de sistemas de potência CA. A
ideia básica de Hingorani era obter, no futuro, sistemas CA com alto nível de
flexibilidade como no caso de sistemas de transmissão HVDC. Estas ideias foram
baseadas no uso de tiristores de potência, bem como, no desenvolvimento de novos
dispositivos semicondutores autocomutados (disparo e corte controlados) tais como:
GTO (“Gate Turn-off Thyristor”), MCT (“MOS Controlled Thyristor”) e IGBT
(“Insulated Gate Bipolar Transistor”). Estes dispositivos são pesquisados com
dois objetivos principais: aumentar a capacidade de transmissão de potência das
redes e controlar diretamente o fluxo de potência em rotas especificas de
transmissão (WATANABE et. al, 1997).
Controladores FACTS podem ser empregados individual ou coordenadamente
para controlar um ou mais dos parâmetros inter-relacionados supracitados. Um
Controlador bem escolhido pode superar limitações específicas de uma dada linha
ou corredor. É notável a importância do SVC no controle da tensão, cujo uso inicial
se deu na década de 1960, tendo sido lançado no estado norte-americano de
Nebraska e comercializado em 1974 pela GM e pela Westinghouse em Minnesota in
1975. O primeiro Controlador série, NGH-SSR, um esquema de controle baseado
em reatância capacitiva de baixa potência, foi demonstrado pela primeira vez em
1984 pela Siemens na Califórnia. Anteriormente ao SVC, houve duas versões do
reator estático saturável para limitação de sobretensão, além de para-raios de óxido
de metal para limitação de sobretensão dinâmica. (HINGORANI et al., 2000).

2.3 O FLUXO DE POTÊNCIA EM SISTEMAS DE CORRENTE ALTERNADA

Além de parâmetros de rede limitantes, os sistemas de transmissão podem


apresentar o problema da inabilidade de direcionar o fluxo de potência quando
22
requerido. Dada a insignificância do armazenamento da energia elétrica, a geração e
a carga devem ser balanceadas a todo o tempo. Em alguma extensão, o sistema
elétrico é autorregulado. Se a geração é menor que a carga, a tensão e a frequência
caem, e, portanto, a carga diminui para se equalizar ao total gerado menos as
perdas de transmissão. Entretanto, há apenas uma pequena margem para a
autorregulação. Se a tensão aumenta juntamente com a potência reativa, a carga irá
aumentar e, consequentemente, a frequência continuará caindo, ou seja, o sistema
entrará em colapso. Alternativamente, se há uma quantidade inadequada de
potência reativa, o sistema pode ter um colapso de tensão. Quando uma geração
adequada é disponibilizada, a potência ativa flui das áreas com excesso para as
áreas com falta de geração através de todos os caminhos paralelos disponíveis.
Na presença de Controladores FACTS, seja por controle de impedância,
ilustrado na Figura 2.1 (a), controle de ângulo de fase, mostrado na Figura 2.1 (b) ou
injeção série de tensão, o fluxo de potência pode ser controlado conforme exigido.
Na Figura 2.2 é possível observar geradores servindo um centro de carga
através de um sistema com três linhas em conexão malhada. Supõe-se que as
linhas AB, BC e AC têm carregamento nominal de 1000 MW, 1250 MW e 2000 MW,
respectivamente. Se um dos geradores está gerando 2000 MW e o outro, 1000 MW,
um total de 3000 MW seria entregue ao centro de carga. A potência flui de acordo
com a impedância série das linhas de transmissão. De acordo com as impedâncias
mostradas, as três linhas carregariam 600, 1600 e 1400 MW, respectivamente, como
mostrado na Figura 2.2 (a). Esta situação sobrecarregaria a linha BC, e, portanto, a
geração teria que ser diminuída em A.
Se, no entanto, um banco de capacitores com reatância -5 Ω à frequência do
sistema é inserido em uma das linhas, conforme Figura 2.2 (b), a impedância é
reduzida para 5 Ω, o que faz com que o fluxo de potência através das linhas AB, BC
e AC seja de 250, 1250 e 1750 MW, respectivamente. Desta forma, com um banco
de capacitores, o fluxo de potência pode ser controlado e obedecer, por exemplo,
questões contratuais, os limites térmicos das linhas, perdas de transmissão e a
programação das centrais geradoras. Porém, sendo mecanicamente chaveado, teria
seu número de operações severamente limitado, visto que o carregamento das
linhas muda continuamente, seja pelas condições da carga, pela programação da
geração ou por faltas quaisquer.
23

FIGURA 2.1 – (A) CONTROLE DE FLUXO DE POTÊNCIA COM IMPEDÂNCIA VARIÁVEL; (B)
CONTROLE DE FLUXO DE POTÊNCIA COM ÂNGULO DE FASE VARIÁVEL.
FONTE: HINGORANI & LASZLO, 2000

FIGURA 2.2 – FLUXO DE POTÊNCIA EM SISTEMA MALHADO: (A) DIAGRAMA DO SISTEMA; (B)
DIAGRAMA DO SISTEMA COM TCSC (CAPACITOR SÉRIE CONTROLADO POR TIRISTOR) NA
LINHA AC;(C) DIAGRAMA DO SISTEMA COM TCSR (REATOR SÉRIE CONTROLADO POR
TIRISTOR) NA LINHA BC; (D) DIAGRAMA DO SISTEMA COM TCPAR (REGULADOR DE ÂNGULO
DE FASE CONTROLADO POR TIRISTOR) NA LINHA AC.
FONTE: HINGORANI & LASZLO, 2000
24
Além disso, um capacitor série numa linha pode conduzir à ressonância
síncrona (tipicamente de 10 a 50 Hz em sistemas 60 Hz).
Se, no entanto, alguma ou todas as partes do capacitor série forem
controladas por tiristores, este pode ser utilizado sempre que requerido. Além disso,
pode ser modulado para amortecer rapidamente quaisquer condições de
ressonância subssíncronas ou oscilações de frequência no fluxo de potência. Isso
permite que o sistema vá de um estado estável a outro sem risco de dano ao eixo de
um gerador, além de reduzir o risco de colapso do sistema. Ou seja, um capacitor
série controlado por tiristor pode contribuir grandemente para a estabilidade de um
sistema. Porém, por questões econômicas, é frequente encontrar compensação
série controlada em parte por tiristores e em parte mecanicamente.
Resultados similares podem ser obtidos aumentando a impedância de uma
das linhas inserindo um reator em série com a linha BC, conforme Figura 3.2 (c), o
que favoreceria o ajuste do fluxo de potência em regime permanente e reduziria
oscilações indesejadas.
Outra opção seria um regulador de ângulo de fase, como na Figura 3.2 (d),
que poderia ser inserido no lugar de um reator ou de um capacitor série para servir
aos mesmos propósitos. Neste caso, o regulador ocasionaria a redução do ângulo
de fase.
Os mesmos resultados podem ser também obtidos injetando uma tensão
variável em uma das linhas.

2.4 TIPOS DE CONTROLADORES FACTS

Há quatro categorias de Controladores FACTS: Série, Paralelo, Combinado


Série-Série e Combinado Série-Paralelo.
O Controlador Série, apresentado Figura 2.3 (a), pode ser uma impedância
variável, como um capacitor ou reator, ou uma fonte variável de frequência principal,
frequências subsíncronas ou harmônicas (ou uma combinação).
Basicamente, Controladores Série injetam tensão em série com a linha,
impactando na queda de tensão de tal e, por consequência, diretamente na corrente
25
e no fluxo de potência e no amortecimento de oscilações. Enquanto a tensão estiver
em quadratura com a corrente da linha, o Controlador série fornece ou consome
somente potência reativa. Quaisquer outras relações de fase envolvem potência
ativa.
O Controlador Paralelo, mostrado na Figura 2.3 (b), também pode ser uma
impedância variável, uma fonte variável ou uma combinação de ambos.
Basicamente, Controladores Paralelos injetam corrente no ponto de conexão com a
linha, atuando diretamente no controle da tensão através injeção de corrente reativa
(adiantada ou atrasada) de uma natureza ou a combinação de ambas para um
controle mais efetivo da tensão e de suas oscilações. Enquanto a corrente injetada
estiver em quadratura com a tensão da linha, o Controlador fornece ou consome
somente potência reativa.
O Controlador Combinado Série-Série pode ser uma combinação
coordenada de Controladores Série em um sistema de transmissão multilinhas ou
um Controlador unificado, conforme exibido na Figura 2.3 (c), onde os terminais de
todos os conversores do Controlador estão conectados e os Controladores
proporcionam compensação série de reativo para cada uma das linhas e também
potência ativa através das linhas (via link de potência). A capacidade de
transferência de potência ativa (Controlador de Fluxo de Potência Interlinhas) torna
possível balancear tanto potência reativa quando potência ativa nas linhas, e,
portanto, maximiza sua utilização.
O Controlador Combinado Série-Paralelo pode ser uma combinação de
Controladores coordenados Série e Paralelo, mostrado na Figura 2.3 (d) ou ainda
um Controlador Unificado de Fluxo de Potência, apresentado na Figura 2.3 (e).
Basicamente, estes elementos injetam corrente no sistema através de seu
componente em paralelo e tensão através de seu componente em série. Entretanto,
quando ambas as partes estão conectadas, pode haver intercâmbio de potência
ativa entre elas.
26

FIGURA 2.3 – TIPOS BÁSICOS DE FACTS: (A) CONTROLADOR SÉRIE; (B)


CONTROLADOR PARALELO; (C) CONTROLADOR SÉRIE-SÉRIE UNIFICADO; (D)
CONTROLADOR SÉRIE-PARALELO COORDENADO; (E) CONTROLADOR SÉRIE-PARALELO
UNIFICADO; (F) CONTROLADOR UNIFICADO PARA MÚLTIPLAS LINHAS.
FONTE: HINGORANI & LASZLO, 2000

Apesar de não ser sua função principal, o Controlador Série também pode
ser usado para manter a tensão numa faixa específica, afinal de contas, flutuações
de tensão são, em grande parte, consequência da queda de tensão na impedância
série dos elementos do sistema. Portanto, adicionar ou retirar tensão através de um
Controlador Série pode ser a maneira mais efetiva de se melhorar o perfil de tensão.
Porém, um Controlador Paralelo é muito mais efetivo para manter um perfil de
tensão adequado se a aplicação for a barra de uma subestação. Uma grande
vantagem destes Controladores é que possibilitam o controle de uma barra
independentemente de linhas individuais conectadas a ela. Em contrapartida, pode
ser necessário um Controlador Série para cada linha conectada em uma barra,
27
especialmente quando a aplicação está relacionada à saída de uma determinada
linha. De qualquer maneira, esta não pode ser uma razão definitiva para se efetuar a
escolha entre um e outro, visto que a potência nominal de um Controlador Paralelo
deve ser várias vezes maior que a de um Controlador Série para oferecer o mesmo
suporte de reativos, além disso, o Controlador Paralelo não é utilizado para controle
de fluxo de potência. Por outro lado, Compensadores Série devem ser modelados
para funcionar durante contingências, sobrecarga dinâmica e curtos-circuitos, o que
não acontece no caso dos Controladores Paralelos.
Um Controlador Combinado Série-Paralelo, portanto, poderia proporcionar
tanto controle de fluxo de potência quanto de tensão. Este pode ser, por exemplo,
uma só unidade funcionando de forma coordenada com Controladores individuais de
linha, como na Figura 2.3 (f), o que pode proporcionar benefícios adicionais (controle
de fluxo de potência reativa) com Controladores unificados.
Controladores FACTS podem ser baseados em tiristores com ou sem
desligamento de gate.

2.5 CONTROLADORES EM PARALELO

2.5.1 STATCOM

O STATCOM (Static Synchronous Compensator), ou Compensador Estático


Síncrono é um gerador estático síncrono que funciona como um compensador
estático de reativos, e cuja corrente de saída pode ser controlada
independentemente do sistema AC. Pode ser baseado tanto em fonte de corrente
quanto em fonte de tensão. Assemelha-se em muitos aspectos às máquinas
rotativas usadas para compensação de reativos e está entre os principais tipos de
FACTS. A Figura 2.5 mostra um STATCOM alimentado a partir de uma fonte de
tensão e outro a partir de uma fonte de corrente. Somente sob o ponto vista de
custos, o conversor alimentado em tensão parece ser o preferido. Neste,
basicamente a troca de potência reativa entre o inversor e o sistema AC é feita com
a variação da amplitude da tensão de saída. Se esta estiver acima da tensão AC do
sistema, o inversor gera potência reativa (capacitiva), caso contrário, o inversor
28
absorve potência reativa (indutiva). Ou seja, a tensão de saída é controlada de tal
forma que, a fim de se ter uma determinada tensão do lado AC, o fluxo de corrente
reativa necessário é obtido a partir do ajuste automático da tensão do capacitor, que
atua como uma fonte DC para o conversor. O STATCOM pode também ser utilizado
para funcionar como um filtro ativo na absorção de harmônicos do sistema.

FIGURA 2.4 – STATCOM


FONTE: MACHADO (2003)

2.5.2 SSG

O SSG (Static Synchronous Generator) ou Gerador Síncrono Estático é um


conversor estático de potência auto-comutado alimentado por uma fonte e operado
para produzir tensões de saídas multifase ajustáveis, que pode ser acoplado a um
sistema de potência AC a fim de realizar intercâmbio de potência ativa e reativa
independentemente. O SSG é uma combinação de um STATCOM com uma fonte
que fornece ou absorve energia, podendo ser um termo geral para dispositivos
acoplados a quaisquer fontes de energia. Para um conversor baseado em fonte de
tensão, a bateria serve para compensar o carregamento do capacitor e manter sua
tensão requerida. Um dos principais SSG é o BESS (Batery Energy Storage System)
ou Sistema de Armazenamento de Energia em Bateria em que há armazenamento
de energia química utilizando conversores conectados em paralelo alimentados em
tensão capazes de rapidamente ajustar a quantidade de energia que possa ser
absorvida ou fornecida por um sistema AC. Geralmente, comporta-se como outra
29
máquina síncrona ligada à rede, capaz de dar suporte de reativo e também de
trocar potência ativa com a rede, podendo simultaneamente fornecer e absorver
reativos. Para aplicações em sistemas de transmissão, o armazenamento de energia
em bateria tende a ser pequeno. Quando não estiver fornecendo potência ativa ao
sistema, o conversor é usado para manter a bateria carregada.

2.5.3 SVC

O SVC (Static Var Compensator) ou Compensador Estático de Reativos,


evidenciado na Figura 2.6, é um gerador e absorvedor de reativos conectado em
paralelo cuja saída é ajustada para realizar o intercâmbio de corrente reativa ou
indutiva a fim de manter ou controlar parâmetros específicos de um sistema elétrico
de potência (tipicamente a tensão de uma barra). O termo SVC é uma generalização
para reator controlado/chaveado por tiristor, capacitor chaveado por tiristor ou a
combinação de ambos. No SVC os tiristores não possuem capacidade de
desligamento de gate. É uma alternativa mais barata que o STATCOM ao se
considerar a capacidade em MVA em detrimento do desempenho.
No capítulo 3 o SVC, sua importância e sua estrutura serão discutidos mais
detalhadamente.

FIGURA 2.5 – SVC


FONTE: ADAPTADO DE SILVA (2008)
30
2.5.4 TCR

O TCR (Thyristor Controlled Reactor) ou Reator Controlado a Tiristor é um


subconjunto do SVC e trata-se de um indutor conectado em paralelo cuja reatância
efetiva é variada continuamente via condução parcial da válvula do tiristor, ou seja,
controle do ângulo de disparo.

2.5.5 TSR

O TSR (Thyristor Switched Reactor) ou Reator Chaveado a Tiristor pode ser


um outro subconjunto do SVC e trata-se de um indutor conectado em paralelo cuja
cuja reatância efetiva tem apenas dois valores, zero ou o valor correspondente à
operação em plena condução. É composto de diversas indutores conectados em
paralelo.

2.5.6 TSC

O TSC (Thyristor Switched Capacitor) ou Capacitor Chaveado a Tiristor é


também parte do SVC. Nele, tiristores são utilizados para chavear unidades de
capacitores em paralelo (sem controle de ângulo de disparo) a fim de fornecer a
compensação requerida ao sistema. Diferentemente dos reatores em paralelos, os
capacitores não podem ser chaveados continuamente e com valores variáveis.

2.5.7 SVS

O SVS (Static Var System) ou Sistema Estático de Reativos é uma


combinação de diferentes compensadores estáticos e chaveados mecanicamente
cuja saída é coordenada.
31
2.5.8 TCBR

O TCBR (Thyristor Controled Braking Resistor), mostrado na Figura 2.6, ou


Resistor de Frenagem Controlado Por Tiristor tem como principais aplicações o
auxílio à estabilidade de um sistema e a minimização da aceleração da potência de
uma unidade geradora durante um distúrbio. Trata-se do chaveamento ciclo a ciclo
de um resistor, geralmente linear, através de um Tiristor com controle de ângulo de
disparo. Pode ser também utilizado na versão chaveada pra diminuição de custos.
Entretanto, havendo-se controle de ângulo de disparo, é possível reduzir oscilações
de baixa frequência a cada meio ciclo.

FIGURA 2.6 – RESISTOR DE FRENAGEM CONTROLADO POR TIRISTOR


FONTE: MACHADO (2003)

2.6 CONTROLADORES SÉRIE

2.6.1 SSSC

O SSSC (Static Synchronous Series Compensator) ou Compensador


Síncrono Estático em Série, mostrado na Figura 2.7, é operado sem uma fonte
externa de energia e sua saída é controlada de forma independente, funcionando
em quadratura com a corrente de linha com o objetivo aumentar ou diminuir a queda
32
de tensão reativa através da linha, ou seja, controlar a potência transmitida. O SSSC
pode incluir armazenamento de energia transitório ou ainda dispositivos de absorção
para melhorar o comportamento dinâmico do sistema através da adição de
compensação de potência ativa temporária, diminuindo a queda de tensão real
através da linha.

FIGURA 2.7 – COMPENSADOR SÍNCRONO ESTÁTICO EM SÉRIE


FONTE: ADAPTADO DE SILVA, 2011

O SSSC é o equivalente série do STATCOM. Pode ser baseado em conversor


com fonte de tensão ou de corrente. Usualmente a tensão injetada é bastante
pequena em relação à tensão de linha, porém o isolamento deve ser alto. A relação
de transformação é adaptada de forma a se obter a modelagem mais econômica,
visto que o seu primário, e, por consequência, seu secundário, assim como o
conversor, devem suportar a corrente de linha mesmo em caso de falta. Sem uma
fonte extra de energia, o SSSC pode apenas injetar uma tensão variável 90º
adiantada ou atrasada, sem possibilidade de variação de ângulo.

2.6.2 IPFC

O IPFC (Interline Power Flow Controller) ou Controlador de Fluxo de Potência


entre Linhas é um combinação de dois ou mais compensadores síncronos estáticos
série acoplados através de um link DC para facilitar o fluxo de potência ativa
33
bidirecional entre os terminais AC dos SSSCs, sendo controlados para fornecer
compensação reativa independente através do ajuste do fluxo de potência ativa em
cada linha e manter o fluxo de potência reativa desejado entre as linhas. Pode
também incluir um STATCOM para prover compensação reativa shunt, fornecendo
ou absorvendo todo o déficit de potência ativa do conjunto de SSSCs.

2.6.3 TCSC

O TCSC (Thyristor-Controlled Series Capacitor) ou Capacitor Série


Controlado a Tiristor, mostrado na Figura 2.8, é baseado em um banco de
capacitores em série com a linha e em um indutor controlado a tiristores (sem
desligamento de gate) em paralelo, a fim de proporcionar uma variação suave da
reatância capacitiva.

FIGURA 2.8 – CAPACITOR SÉRIE CONTROLADO POR TIRISTOR (TCSC) OU CAPACITOR SÉRIE
CHAVEADO POR TIRISTOR (TSSC).
FONTE: MACHADO (2003)

Trata-se de uma alternativa ao SSSC e baseia-se em um reator variável como


o TCR conectado em paralelo com um capacitor série. Quando o ângulo de disparo
do tiristor é 180º, o reator deixa de conduzir e o capacitor série apresenta sua
impedância normal. Quando o ângulo de disparo está entre 180º e -180º, a
impedância capacitiva aumenta. Por outro lado, quando o ângulo de disparo é 90º o
reator passa a conduzir totalmente e a impedância total torna-se indutiva, pois a
impedância do reator é modelada para ser muito menor que a impedância do
capacitor série. O TCSC pode ser apenas um capacitor ou uma junção de
34
capacitores menores de diferentes valores, modelados para obtenção de um melhor
desempenho.

2.6.4 TSSC

O TSSC (Thyristor-Switched Series Capacitor) ou Capacitor Série Chaveado a


tiristor é um compensador com reatância capacitiva que consiste de um banco de
capacitores série em paralelo com um TSR (Reator Chaveado Por Tiristor), que
fornece controle discretizado da reatância capacitiva série. Chavear indutores
quando o ângulo de disparo é 90º ou 180º pode reduzir custos e perdas do
Controlador. Existe ainda a opção de modelar um módulo a tiristor controlado e outro
a tiristor chaveado.

2.6.5 TCSR

O TCSR (Thyristor-Controlled Series Reactor) ou Reator Série Controlado a


Tiristor, mostrado na Figura 2.9, é um compensador com reatância indutiva que
consiste de um reator série em paralelo com um TCR (Reator Controlado Por
Tiristor), que fornece uma reatância indutiva variando suavemente. Quando o ângulo
de disparo do tiristor vale 180º, ele para de conduzir e o reator não controlado entra
em ação como um limitador de corrente de falta. À medida que o ângulo ultrapassa
180º graus, a indutância da rede cai até que o ângulo atinja 90º, quando a indutância
da rede é a combinação em paralelo dos dois reatores. Assim como para o TCSC, o
TCSR pode ser um único módulo ou diversas unidades menores.
35

FIGURA 2.9 – REATOR SÉRIE CONTROLADO POR TIRISTOR (TCSR) OU REATOR


SÉRIE CHAVEADO POR TIRISTOR (TSSR)
FONTE: MACHADO (2003)

2.7 CONTROLADORES COMBINADOS

2.7.1 UPFC

O UPFC (Unified Power Flow Controller) ou Controlador Unificado de Fluxo de


Potência, mostrado na Figura 2.10 (b), é uma combinação do STATCOM
(Compensador Síncrono Estático) com o SSSC (Compensador Síncrono Estático
Série), que são acoplados via link dc para permitir fluxo bidirecional de potência ativa
entre a saída série do SSSC e a saída paralela do STATCOM a fim de fornecer
simultaneamente compensação ativa e reativa série e shunt à linha, sem o uso de
uma fonte de energia elétrica externa. O UPFC, por meio da injeção de tensão série
sem restrição de ângulo, pode controlar simultaneamente ou seletivamente a tensão
de transmissão na linha, a impedância e o ângulo ou, alternativamente, o fluxo de
potência ativa e reativa na linha. Pode fornecer ainda compensação reativa shunt
controlável de forma independente.
Nesta combinação, a potência ativa para o SSSC é obtida da própria linha
através do STATCOM; este, por sua vez, é também usado para controle de tensão
através do controle de sua potência reativa. Assim, há um controle completo tanto de
potência ativa e reativa através da linha quanto de tensão em seus terminais.
36
2.7.2 TCPST

O TCPST (Thyristor-Controlled Phase Shifting Transformer) ou Transformador


Defasador Controlado a Tiristor, também conhecido como TCPAR (Thyristor-
Controlled Phase Angle Regulator) proporciona rápida variação de ângulo de fase
através da associação do transformador com tiristores. Em geral, defasamento de
fase é obtido adicionando um vetor de tensão perpendicular em série com uma fase.
Este vetor é derivado de outras duas fases via transformadores conectados em
paralelo, ilustrado na Figura 2.10 (a). A tensão série perpendicular pode ser variada
através de diferentes topologias.

FIGURA 2.10 – (A) TRANSFORMADOR DEFASADOR CONTROLADO POR TIRISTOR (TCPST); (B)
CONTROLADOR UNIFICADO DE FLUXO DE POTÊNCIA (UPFC)
FONTE: HINGORANI & LASZLO, 2000

2.7.3 IPC

O IPC (Interphase Power Controller) ou Controlador de Potência Entre Fases


é um Controlador de potência ativa e reativa conectado em série, possuindo, em
cada uma de suas fases, ramos tanto indutivos quanto capacitivos sujeitos a
defasamento de ângulo de tensão separadamente. As potências ativa e reativa
37
podem ser reguladas independentemente ajustando o defasamento de fase ou
mesmo a impedância dos ramos através de chaves mecânicas ou eletrônicas.

2.8 OUTROS CONTROLADORES

2.8.1 TCVL

O TCVL (Thyristor-Controlled Voltage Limiter) ou Limitador de Tensão


Controlado a Tiristor é um varistor de óxido de metal (MOV) utilizado para limitar a
tensão através dos seus terminais durante transitórios. O Tiristor pode ser conectado
em série com um para-raios sem gap ou, como mostrado na Figura 2.11 (a), com
uma parte do para-raios sem gap (10 a 20%), by-passada por uma chave de
tiristores a fim de diminuir dinamicamente o nível de limitação de tensão.

2.8.2 TCVR

O TCVR (Thyristor-Controlled Voltage Regulator) ou Regulador de Tensão


Controlado a Tiristor é um transformador capaz de fornecer tensão em fase variável
e controle contínuo. Pode ser formado por um transformador regular com um
comutador de tap controlado a Tiristor, ilustrado na Figura 2.11 (b), ou com um
conversor de tensão AC/DC para injeção de tensão AC variável em fase e em série
com a linha, evidenciado na Figura 2.11 (c). Seu custo é relativamente baixo e
apresenta uma boa efetividade no controle do fluxo de reativos entre dois sistemas
AC.
38

FIGURA 2.11 – (A) LIMITADOR DE TENSÃO CONTROLADO POR TIRISTOR (TCVL); (B)
REGULADOR DE TENSÃO CONTROLADO POR TIRISTOR (TCVR) COM COMUTADOR DE TAP;
(C) REGULADOR DE TENSÃO CONTROLADO POR TIRISTOR (TCVR) COM INJEÇÃO DE
TENSÃO.
FONTE: HINGORANI & LASZLO, 2000
39
3 MODELAGEM

3.1 SVC

3.1.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

O SVC (Static Var Compensator) é uma das primeiras tecnologias FACTS


desenvolvidas, tendo-se baseado inicialmente na utilização do TCR (Thyristor-
Controlled Reactor) e de capacitores mecanicamente chaveados. Foi primeiramente
empregado em aplicações industriais, como controle de flicker (cintilações
provocadas por oscilações rápidas de tensão) e regulação de tensão na presença de
fornos a arco ou em partida de grandes motores. Com o passar do tempo as
aplicações do SVC se ampliaram, e este passou a ser utilizado, de forma geral, em
situações onde há exigência de um controle rápido e contínuo de potência reativa,
principalmente, com os seguintes objetivos:

• Controle de sobretensões temporárias;


• Prevenção do colapso de tensão;
• Melhoria da estabilidade transitória e de pequenas oscilações;
• Amortecimento de oscilações subsíncronas;
• Redução de desbalanços de tensão e corrente.

O SVC consiste essencialmente de um sistema composto por elementos


passivos - reatores e capacitores - conectados em derivação, dispositivos de
chaveamento, e, em muitos casos, transformadores. Estes elementos são
controlados coordenadamente de forma a fornecer ao sistema uma compensação
rápida e variável de potência reativa, possibilitando, dentro de limites específicos, o
controle da tensão em uma determinada barra. Estes dispositivos podem ser
agrupados em duas categorias:

• TSC (Thyristor Switched Capacitor) – capacitores chaveados a tiristores.


Permitem compensação com variação discreta.
40
• TCR (Thyristor Controlled Reactor) – reatores controlados a tiristores.
Permitem variação contínua através do controle do ângulo de disparo
tiristores.

A Figura 3.1 ilustra uma configuração típica de um SVC. Este equipamento


possibilita o controle, praticamente contínuo e independente, da susceptância para
cada fase da barra onde está aplicado o compensador. A inserção dos elementos
reativos no sistema ocorre quando os tiristores são disparados, o que é realizado a
partir da emissão de um sinal de controle, sendo que o ângulo de atraso deste sinal
é chamado de ângulo de disparo, representado por α. O controle do TCR varia
continuamente dentro da faixa de condução do conjunto formado pelos tiristores (em
antiparalelo) e o reator. Esta faixa, em função do ângulo α, está entre 90º e 180º,
tendo como referência o pico da onda de tensão. Quando os tiristores estão
bloqueados a corrente é nula, o que resulta em uma corrente descontínua,
introduzindo um significativo conteúdo harmônico e exigindo, então, a utilização,
juntamente com o TCR, de um filtro harmônico. Os filtros representam uma reatância
adicional para o sistema na frequência fundamental. Em alguns casos todo o reativo
capacitivo necessário durante a operação do SVC é fornecido por bancos de filtros.

FIGURA 3.1 – SVC (STATIC VAR COMPENSATOR) EM DETALHES.


FONTE: ADAPTADO DE MACHADO (2003)
41
3.1.2 TCR

O TCR (Thyristor-Controlled Reactor) se destaca entre os compensadores


estáticos devido à sua flexibilidade operacional, visto que além de prover controle de
tensão, podem ser usados no controle de várias outras grandezas elétricas.
Conforme já mostrado na Figura 3.1, o TCR é constituído por um reator linear
em série com dois tiristores em antiparalelo, cuja finalidade é conduzir a corrente em
meio-ciclos alternados. O instante de disparo dos tiristores define o grau de
absorção da potência reativa, consistindo na passagem de maior ou menor
quantidade de corrente através do reator, o que, por sua vez, é controlado pela
tensão a que este é submetido. No instante em que um dos tiristores entra em
condução, uma dada tensão é aplicada aos terminais do reator. Assim, se os
tiristores Th1 e Th2 forem disparados, nesta ordem, quando a tensão aplicada ao
reator for máxima, a corrente será a mesma de um reator fixo, estando atrasado em
90º em relação à tensão e possuindo forma senoidal. Nestas condições, o ângulo de
disparo dos tiristores é o mesmo e vale 90º, sendo que Th2 é disparado um semi-
ciclo após o disparo de Th1, o que faz com que Th1 conduza durante o semi-ciclo
positivo e Th2 conduza durante o semi-ciclo negativo. Porém, se o ângulo de disparo
for maior do que 90º, ou seja, se o disparo dos tiristores levar mais tempo, a
corrente através do reator será menor e este absorverá menos reativo. Desta forma,
através da modificação do instante de disparo dos tiristores, é possível controlar a
corrente passando pelo reator e a potência reativa consumida por ele. Tem-se
portanto um valor máximo a 90º e 0 a 180º.
A equação (3.1) expressa a tensão VL medida nos terminais do indutor
quando há condução.

𝑑𝑖𝑇𝑆𝑅
𝑣𝐿 = 𝑉 𝑠𝑒𝑛 (𝑤𝑡) = 𝐿 (3.1)
𝑑𝑡

A equação (3.2) representa a corrente iTCR, que passa através do indutor,


durante seu período de condução.

1 𝑤𝑡 𝑉
𝑖 𝑇𝐶𝑅 (𝑡 ) = ∫𝛼 𝑉𝑠𝑒𝑛(𝑤𝑡) = [𝑐𝑜𝑠𝛼 − cos(𝑤𝑡 )] (3.2)
𝐿 𝑤𝐿
42

A Figura 3.2 (a) mostra, em azul, a tensão da rede e, em vermelho, a corrente


no indutor. Já na Figura 3.2 (b) vê-se a corrente no indutor, que não é senoidal.

FIGURA 3.2 – (A) FORMA DE ONDA DA TENSÃO NA REDE (EM AZUL) E FORMA DE ONDA DA
CORRENTE ATRAVÉS DE UM INDUTOR (EM VERMELHO); (B) FORMA DE ONDA DA TENSÃO
ATRAVÉS DE UM INDUTOR (RCT).
FONTE: SILVEIRA (2011)

Esta irregularidade na forma de onda da corrente provoca o aparecimento de


um espectro harmônico de tal que depende do ângulo de disparo α. Aplicando-se a
análise de Fourier tem-se que a componente fundamental vale:

2𝛼 𝑠𝑒𝑛(2𝛼)
𝐼1(𝛼) = −2− (3.3)
𝜋 𝜋

As amplitudes dos componentes harmônicos da corrente em função do


ângulo α são expressas por:
43
4𝑉 𝑠𝑒𝑛[𝛼(𝑛−1)] 𝑠𝑒𝑛[𝛼(𝑛−1)] cos(𝛼)𝑠𝑒𝑛(𝑛𝛼)
𝐼𝑛(𝛼) = [ + − ] (3.4)
𝜋𝑤𝐿 2(𝑛−1) 2(𝑛+1) 𝑛

Onde n é a ordem harmônica (n=3, 5, 7,...).


A susceptância equivalente do TCR [BTCR(α)] em função do ângulo de disparo
α, pode ser calculada substituindo-se (3.3) em (3.5), conforme equação (3.6).

𝐼1(𝛼) = 𝑉𝐵𝑇𝐶𝑅(𝛼) (3.5)

2𝛼 𝑠𝑒𝑛(2𝛼)
𝐵𝑇𝐶𝑅(𝛼) = 𝐵𝑚𝑎𝑥 [ −2− ] (3.6)
𝜋 𝜋

Onde Bmax = 1/(wL).


O valor máximo de susceptância ocorre quando o ângulo de disparo é 90º,
sendo que vale 0 quando o ângulo é 180º.

3.1.3 TSC

O controle do TSC consiste na ação de conectar ou desconectar bancos de


capacitores, o que é realizado pelos tiristores. Porém, isto gera o problema de
transitórios, que podem alcançar altos valores. Considerando a equação (3.7),
percebe-se que quanto maior for a variação de tensão na energização do banco de
capacitor, maior será a corrente passando por ele (SILVEIRA, 2011).

𝑑𝑣𝑐 (𝑡)
𝑖𝑐 (𝑡) = 𝐶 (3.7)
𝑑𝑡

Onde:
Ic(t) – Corrente no banco de capacitores
C – Capacitância
Vc(t) – Diferença de potencial nos terminais do capacitor

O controle do ângulo de disparo dos tiristores deve ser selecionado de tal


forma que minimize o transitório no chaveamento do TSC. Para tal, o disparo dos
tiristores deve ser realizado quando o nível de tensão no tiristor estiver próximo da
44
tensão remanescente da carga prévia do capacitor, pois o tiristor cessa a condução
somente quando se extingue a corrente no capacitor, isto ocorrerá quando a tensão
for máxima. Esta técnica reduz o surgimento de distorção harmônica no TSC.
Um reator limitador de corrente é, comumente, inserido no circuito para limitar
o transitório no chaveamento do TSC. A aplicação deste elemento permite amortecer
possíveis surtos de corrente causados por uma eventual operação do banco fora da
condição adequada, além de permitir evitar possíveis ressonâncias.
Entre dificuldades no controle dos bancos de capacitores, pode-se citar:

• Transitórios de tensão e corrente durante o chaveamento dos capacitores;


• Possível excitação de correntes harmônicas em decorrência de não-
linearidades magnéticas (ferro-ressonância) ou da carga (fornos a arco,
pontes chaveadas, entre outros).

3.2 ATP

As modelagens e simulações realizadas neste projeto foram realizadas no


programa ATP (Alternative Transients Program), através de sua interface gráfica, o
ATPDraw. O ATP é um programa computacional, que é uma versão do EMTP
(Electromagnetic Transients Program) adaptada para a utilização em
microcomputadores, completamente livre de “royalties”, distribuído em diversas
partes do mundo pelo grupo de usuários do EMTP.
O programa ATP permite a simulação de transitórios eletromagnéticos em
redes polifásicas, com configurações arbitrárias, por um método que utiliza a matriz
de admitância de barras. Como não permite obter uma solução contínua no tempo,
são calculados valores a intervalos de tempo discretos. O programa permite a
representação de não-linearidades, elementos com parâmetros concentrados,
elementos com parâmetros distribuídos, chaves, transformadores e reatores.
O primeiro passo para uma simulação com o ATP é a construção de um dado
circuito ou sistema no ATPDraw, uma interface gráfica de processamento interativo
em ambiente Windows para criação e edição de arquivos de dados de entradas
45
para o programa ATP, onde selecionam-se modelos pré-definidos dos principais
elementos componentes de uma rede elétrica.

FIGURA 3.3 – INTERFACE GRÁFICA DO ATP (ATPDRAW).


FONTE: PRINT SCREEN DA APLICAÇÃO NO SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS 7

3.3 MODELAGEM DO SVC

O diagrama unifilar base para a modelo do SVC no ATP incorporado a este


trabalho, cujo desenvolvimento se deu em trabalhos precedentes a este, baseados
em Fandi (1998) é mostrado na Figura 3.10, onde as três unidades básicas, a saber,
TCR, TSC e Filtros de 5ª Harmônica são conectadas paralelamente à barra através
de um transformador abaixador.
O modelo do SVC desenvolvido representado na Figura 3.4 acima foi dividido
em sistema de potência, sistema de controle e sistema de proteção.
O sistema de potência, mostrado na Figura 3.5, é constituído pelos seguintes
componentes: um transformador abaixador, um TCR, um TSC, dois STF (Single
Tuned Filter) e três para-raios no barramento de alta tensão. É importante salientar
que os filtros também contribuem para a potência reativa capacitiva total do SVC.
46

FIGURA 3.4 – DIAGRAMA UNIFILAR BASE PARA A MODELAGEM DO SVC NO ATP.


FONTE: ADAPTADO DE FANDI (1998)

Conforme pode-se observar na Figura 3.5, há uma unidade de medição


conectada à barra controlada, chamada de Meter. A Figura 3.6 mostra que este
medidor divide-se em Q Meter e V Meter. V Meter forma a partir das tensões de
cada uma das fases um único sinal equivalente à sua média. Q meter, por sua vez,
forma a partir das tensões e correntes da barra, um único sinal proporcional à
potência reativa neste ponto. Os sinais resultantes destes medidores passam por um
somador. O sinal de saída deste somador é comparado a um valor referência de
tensão (Vref). A diferença é o erro de tensão, que é processado por um controlador
proporcional integral (PI), passando em seguida por um saturador que limita o sinal e
pode ser variado de -8,13 (máximo reativo indutivo) a 10 (máximo reativo capacitivo).
O sinal de controle do sistema corresponde a um valor proporcional à susceptância
solicitada ao SVC chamado de Bref.
47

FIGURA 3.5 – ARRANJO DO CIRCUITO DE POTÊNCIA DO SVC NO ATP.


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

FIGURA 3.6 – DIAGRAMA DE BLOCOS DA UNIDADE DE CONTROLE DO MODELO DO SVC.


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

A partir da obtenção de Bref, pulsos de disparo, atualizados a cada ciclo, em


sincronia com a tensão da rede são aplicados nos tiristores do sistema de potência,
aumentando ou diminuindo o tempo de condução do TCR em cada semi-ciclo e
conectando ou retirando, se necessário, o TSC.
A Figura 3.7 ilustra o circuito de potência do TSC. Entre os pares de tiristores
de cada fase em antiparalelo pode-se observar a presença do circuito “Snubber”,
que é formado por um resistor em série com um capacitor. O capacitor tem a
finalidade de reduzir a variação brusca de tensão sobre os terminais do tiristor
quando este deixa de conduzir, o que pode provocar novo disparo. O resistor limita a
corrente de descarga do capacitor no tiristor quando este é disparado.
48

FIGURA 3.7 – ARRANJO DO CIRCUITO DE POTÊNCIA DO TSC NO ATP.


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

A Figura 3.8 ilustra o circuito de potência do TCR. Este também apresenta


circuitos “Snubber”.
49

FIGURA 3.8 – ARRANJO DO CIRCUITO DE POTÊNCIA DO TCR NO ATP.


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

A Figura 3.9 representa o diagrama unifilar de um sistema elétrico hipotético


que foi simulado com a finalidade de fornecer as representações gráficas das
principais variáveis do modelo do SVC. Este sistema contém uma fonte trifásica ideal

de tensão de linha eficaz de 230 kV e quatro cargas resistivas (150 Ω cada)

chaveadas em diferentes momentos. As cargas resistivas são chaveadas


respectivamente em 1,5 s, 2,5 s, 3,5 s e 4,5 s.
A partir da Figura 3.10 é possível visualizar a evolução gráfica de três
variáveis: Vrms (a tensão eficaz de linha), Bref (a variável de controle que representa
a susceptância solicitada ao SVC) e ANG (o ângulo de disparo dos tiristores).
50

FIGURA 3.9 – DIAGRAMA UNIFILAR DE SISTEMA ELÉTRICO TESTE PARA O SVC.


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

FIGURA 3.10 – VRMS, BREF E ÂNGULO (CHAVEAMENTO SUCESSIVO DE CARGAS


RESISTIVAS).
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
51
A Tabela 3.1 compara a evolução destas variáveis, bem como de Q (a
potência reativa fornecida pelo SVC) e de Cap (que vale 0 ou 1, sendo que 1 indica
que o TSC foi chaveado).

TABELA 3.1 – COMPARAÇÃO DE DIFERENTES VARIÁVEIS DIANTE DO CHAVEAMENTO


SUCESSIVO DE CARGAS, COM E SEM O SVC.
SEM SVC COM SVC
V P V V Q Ang
Tempo (s) Carga (Ω) V (kV) Bref Cap
(p.u.) (W) (kV) (p.u.) (MVAr) (º)
1 0 230,0 1,00 529,0 230,0 1,00 0,5 -4,4 0 41,4
2 150 225,7 0,98 509,6 228,3 0,99 7,6 -2,8 0 58,1
3 300 215,5 0,94 464,7 224,0 0,97 27,4 1,9 1 25,5
4 450 201,6 0,88 406,6 216,0 0,94 52,0 10,0 1 88,4
5 600 186,2 0,81 346,7 197,4 0,86 43,4 10,0 1 88,4
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Com o SVC, percebe-se que, assim que a primeira carga é chaveada, o


sistema de controle do SVC detecta uma queda de tensão na barra controlada
(Vrms), representada no eixo esquerdo, fornecendo um valor Bref (eixo direito
variando de -10 a 90) maior do que o anterior, portanto indicando que a susceptância
equivalente do SVC deve tornar-se mais capacitiva. Para isso, o ângulo de disparo
dos tiristores, que é máximo em 90º e mínimo em 180º, deve ser aumentado, como
se pode perceber na evolução da curva correspondente à variável ANG. Isto diminui
o ângulo de condução dos mesmos, reduzindo o valor total de potência reativa
indutiva fornecida. Porém, quando a segunda carga é chaveada (2,5 s), mesmo com
o TCR apresentando seu valor mínimo de condução, a capacitância equivalente dos
filtros não é suficiente para compensar a queda de tensão. Neste instante, o TSC é
chaveado, o que pode ser observado a partir da análise da variável Cap mostrada
na Tabela 3.6. Porém, visto que o reativo capacitivo é discretizado, o SVC passa a
fornecer capacitivo em excesso, o que faz com que o ângulo de disparo dos
tiristores do TCR seja reduzido, contrabalanceando a reatância capacitiva do TSC.
Percebe-se que após o chaveamento da terceira carga, a variável Bref
assume seu valor máximo, o que indica que o SVC chegou ao seu valor máximo no
que diz respeito ao fornecimento de reativo capacitivo. A partir do chaveamento da
quarta carga, o SVC atinge seu ponto de saturação, sofrendo uma redução no total
de reativos fornecidos devido à queda do valor da corrente circulando pelo sistema.
52
3.4 MODELAGEM DO SISTEMA DE BARRAS

3.4.1 A PROBLEMÁTICA

O sistema da Copel (Companhia Paranaense de Energia) possui capacidade


instalada de 4621 MW, tendo disponibilizado no primeiro semestre de 2013 um total
de 13617 GWh, somando-se geração própria e comprada. Em seu sistema de
transmissão possui 2174 km em ativos relativos a linhas de transmissão e 32
subestações automatizadas. No que diz respeito ao sistema de distribuição, possui
um total de 186.652 km em linhas e 361 subestações.
Este trabalho tem como foco a barra de 230 kV da subestação (SE) Ponta
Grossa Sul (Figura 3.11). Esta SE é do tipo abaixadora possuindo 4 transformadores
trifásicos com três enrolamentos cada (ligação estrela aterrada-estrela aterrada-
triângulo), cuja relação de transformação é 230/138/13,8 kV para dois destes
transformadores e 230/34,5/13,8 kV para os outros dois.

FIGURA 3.11 – DETALHE DE PONTA GROSSA NO SISTEMA DA COPEL.


FONTE: COPEL (2012)
53
Esta barra apresenta uma carga instalada de S = 57 MVA, sendo que possui
dois vãos de entrada de linha de transmissão para as linhas de transmissão Ponta
Grossa Norte – Ponta Grossa Sul 230 kV e Bateias – Ponta Grossa Sul 230 kV. No
setor de 138 kV, possui três vãos 138 kV referentes às saídas para as linhas que se
dirigem às SEs Masisa/Crown, Palmeira e Belém.
Em condições normais de carga, a barra de 230 kV da SE Ponta Grossa Sul
apresenta uma tensão de aproximadamente 0,95 p.u., sendo que, por ocasião da
perda da linha de transmissão Bateias – Ponta Grossa Sul, esta tensão cai a valores
em torno de 0,90 p.u., segundo informações do Departamento de Planejamento da
Expansão do Sistemas (DPEX) da Copel.
De acordo com ONS (2009b), em níveis de tensão nominal (TN) iguais ou
maiores que 230 kV, 0,95 p.u. é o limite inferior de uma tensão de atendimento
considerada adequada. Sendo que tensões abaixo de 0,93 p.u. são consideradas
críticas. Esta classificação pode ser observada na Tabela 3.2.

TABELA 3.2 – CLASSIFICAÇÃO DA TENSÃO DE ATENDIMENTO A PARTIR DA TENSÃO DE


LEITURA, PARA DIFERENTES VALORES DE TENSÃO NOMINAL.

FONTE: ONS (2009b)

A fim de se classificar os níveis de tensão de atendimento de acordo com os


limites expostos na Tabela 3.2 é necessária uma base de dados de um período um
mês, sendo que estes dados devem ser colhidos a cada dez segundos. Caso, no
período de um mês, a tensão do ponto de conexão seja classificada como precária
por mais do que duas vezes ou crítica por mais do que uma vez, o ONS, juntamente
com os agentes que têm controle sobre o ponto de conexão ou são afetados pelo
54
seu desempenho, irão analisar as causas do desempenho inadequado e propor, se
necessário, ações para a solução do problema e regularização do referido ponto de
conexão, devendo ser acompanhado o prazo de sua implantação.
Em regime permanente o nível de tensão do setor de 230 kV da SE Ponta
Grossa Sul é o limite inferior de tensão de atendimento considerada adequada. Já
em situações que acarretam a perda da conexão com a SE Bateias através da linha
de transmissão Bateias-Ponta Grossa Sul, a tensão chega a níveis considerados
críticos, estando 3% abaixo do nível do limite inferior de tensão precária.
Para regime de emergência, a faixa de tensão permitida pela Copel para
níveis de tensão iguais ou maiores que 69 kV deve se situar entre + 5% e - 10% da
tensão nominal.
A fim de corrigir os níveis de tensão medidos nesta barra, foi instalado em
2012 um módulo de banco de capacitores de 50 MVAr, sendo que segundo as
previsões de carga, em 3 anos, este módulo não poderá mais garantir níveis de
tensão adequados.

3.4.2 MODELAGEM DO SISTEMA DE BARRAS NO ATP

A fim de se modelar o sistema de barras cujo elemento central é a barra de


230 kV da SE Ponta Grossa Sul, utilizou-se como base o banco de dados relativo a
carga média de Abril de 2013 da Divisão de Estudos de Alta Tensão (VEAL) da
Copel, o que possibilitou a definição do modelo e a parametrização de cada
elemento do sistema: linhas de transmissão, transformadores, cargas e fontes.
Além disso, para a definição de quais e quantas barras seriam representadas,
foram utilizados o Mapa do Sistema Elétrico de Transmissão atualizado em Março de
2013 (Figura 3.12) e ONS (2010b), o Submódulo 23.3 - Diretrizes e critérios para
estudos elétricos, presente nos Procedimentos de Rede. Segundo este Submódulo,
entre a barra focalizada no estudo e a barra de fronteira, cuja representação é
realizada através do equivalente do sistema naquele ponto, devem existir pelo
menos duas outras barras. A Figura 3.13 mostra o arranjo do sistema em questão
conforme arquitetado no ATPDraw.
55

FIGURA 3.12 – SISTEMA ELÉTRICO DE TRANSMISSÃO DA COPEL EM MARÇO DE 2013.


FONTE: COPEL (2013)
56

FIGURA 3.13 – ARRANJO DO SISTEMA ELÉTRICO DA COPEL NO ATP COM FOCO NA


BARRA DE 230 KV DA SUBESTAÇÃO PONTA GROSSA SUL
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

A Figura 3.14 mostra parte do banco de dados relativo aos parâmetros de


linhas de transmissão. Pode-se observar que, além do comprimento de cada linha,
57
são disponibilizados valores de resistência de sequência positiva e zero, reatância
de sequência positiva e zero e susceptância de sequência positiva e zero.

FIGURA 3.14 – BANCO DE DADOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO DA COPEL


FONTE: COPEL (2013)

O modelo de linha de transmissão escolhido foi o de linhas polifásicas


transpostas e parâmetros distribuídos constantes, que utiliza a matriz de
transformação de Clarke. A transformação é feita automaticamente pelo ATP, sendo
que foram fornecidos os parâmetros de sequência zero e de sequência positiva.
Visto que não se trabalhou com variações na frequência, este modelo é adequado,
pois a matriz de Clarke é real e independente da frequência e aplicável durante a
simulação de transitórios eletromagnéticos diretamente no domínio do tempo. A
Figura 3.15 evidencia os dados de entrada para modelagem das linhas de
transmissão transpostas com parâmetros distribuídos. O valor da indutância foi
obtido a partir da reatância e o da capacitância a partir da susceptância. A
condutância (G) pode ser aproximada a zero, visto que não foram feitos estudos
relativos a Efeito Corona.
58

FIGURA 3.15 – ENTRADA DE DADOS PARA O MODELO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO


TRANSPOSTAS COM PARÂMETROS DISTRIBUÍDOS NO ATP.
FONTE: PRINT SCREEN DA APLICAÇÃO PARA WINDOWS 7

O modelo de transformadores escolhido foi o de transformadores saturáveis,


que, diferentemente do modelo ideal, leva em consideração a reatância de dispersão
de cada enrolamento.
Para a modelagem dos equivalentes da rede referentes às barras de fronteira,
foi utilizado o conceito segundo o qual é possível representar um sistema ou partes
deste através da obtenção das impedâncias de curto-circuito ou, alternativamente,
através de impedâncias que reproduzam o comportamento da rede em função da
frequência, de sequência zero e de sequência positiva, vistas a partir da(s) barra(s)
de fronteira.
Visto que os equivalentes referem-se à frequência fundamental, estes foram
representados por circuitos RL mutuamente acoplados, obtidos a partir das
impedâncias de curto-circuito de sequência zero e de sequência positiva, conforme
diretrizes presentes em ONS (2010b). Estes circuitos RL foram representados por
uma fonte AC trifásica e uma carga RL, sendo que para a obtenção de tais foram
59
utilizadas as tensões nominais das barras. Os valores calculados são mostrados na
Tabela 3.3.

TABELA 3.3 – VALORES CALCULADOS PARA MODELAGEM DOS EQUIVALENTES DE CURTO-


CIRCUITO
Barra Vfase (kV) R (Ω) L (mH)
Figueira 230 kV 187,79 1,86 35,03
Bateias 525 kV 428,66 1,42 44,71
Campo Comprido 230 kV 187,79 0,53 13,08
Jaguariaiva 230 kV 187,79 2,64 45,47
Pilarzinho 230 kV 187,79 1,18 21,83
Areia 230 kV 187,79 0,50 17,17
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Finalmente, foram calculados os valores de resistência e indutância das


cargas a partir de dados relativos à potência aparente. Os valores calculados de
todas as cargas representadas no sistema são evidenciados na Tabela 3.4.

TABELA 3.4 – VALORES CALCULADOS PARA MODELAGEM DAS CARGAS


Barra R (Ω) L (mH)
BATÁVIA 138 KV 401,77 2131,47
IMBITUVA 138 KV 991,88 4245,02
UVARANAS 138 KV 755,71 3660,56
BELÉM 138 KV 1295,51 5551,18
PALMEIRA 138 KV 1442,73 6013,78
CROWN 138 KV 865,64 5490,85
SABARÁ 138 KV 0,00 881,60
BATEIAS 138 KV 141,28 723,72
PONTA GROSSA SUL 230 KV 1066,53 4993,65
PONTA GROSSA NORTE 230 KV 1734,43 9881,80
AREIA 230 KV 629,76 2698,49
PILARZINHO 230 KV 191,32 1059,83
JAGUARIAIVA 230 KV 288,13 4032,23
CAMPO COMPRIDO 230 KV 275,52 1810,60
FIGUEIRA 230 KV 881,67 4127,11
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Conforme pôde ser visto neste este capítulo, para a tarefa de modelagem de
componentes e sistemas de energia no ATP houve a necessidade de se obter o
60
máximo de dados do sistema de forma que os modelos e as simulações pudessem
convergir para resultados próximos à realidade.
Neste sentido, o modelo do SVC, bem como do sistema da COPEL, foram
testados de forma que os resultados foram bastante satisfatórios. Para o caso do
SVC, a referência de comparação foram os resultados obtidos em Fandi (1998). Já o
modelo do sistema elétrico foi validado comparando-o aos resultados utilizados pela
própria COPEL em seus estudos.
Assim, no próximo capítulo ambos os modelos serão utilizados conjuntamente
com o objetivo de analisar o comportamento de um SVC na barra de PGS, a fim de
solucionar possíveis problemas de níveis de tensão causados por contingências
comuns ao SEP.
61
4 SIMULAÇÕES E RESULTADOS

4.1 INTRODUÇÂO

Conforme comentado anteriormente, foram desenvolvidas simulações com o


objetivo de analisar o desempenho de um SVC, caso fosse instalado na barra de
230 kV de Ponta Grossa Sul (PGS) da COPEL. Para tanto, são propostos alguns
casos em que o objetivo principal é comparar o desempenho do SVC com a solução
utilizada pela COPEL para melhorar o problema de níveis de tensão, qual seja, a
instalação de um banco de 50 MVAr na referida barra de 230 kV.
Assim, além da situação em regime, foram geradas três tipos de
contingências distintas a fim de se comparar ambas as soluções. Vale comentar que
uma terceira solução foi inserida, também para fins comparativos. Para tanto, foi
definido um banco de capacitor de 80 MVAr. Este valor foi definido em função de
duas questões:

1. O banco de 50 MVAr se mostrou já no limiar de sua capacidade,


especialmente em situações como a perda da linha PGS-BTA;
2. O SVC com 50 MVAr, não atingiu os valores que atendem aos limites de
tensão adequados, fato que se normalizou com 85 MVAr, devido a sua
dinâmica de controle.

Desta maneira, pôde-se comparar, efetivamente, o desempenho de


dispositivos de capacidade semelhante de fornecimento de potência reativa
capacitiva.
Vale destacar que durante as simulações não foram consideradas as
possíveis comutações de tap dos transformadores representados. Além disso, com
relação à duração dos transitórios verificados, deve-se ressaltar que se devem aos
parâmetro do circuito de controle do SVC, sendo que estão não foram variados
durante as simulações.
Os casos são resumidos na tabela 4.1
62

TABELA 4.1 – DESCRIÇÃO DOS CASOS ANALISADOS.


Caso Descrição
1 Sistema em regime, sem a presença de nenhum equipamento de correção
Sistema em regime, sem a presença de nenhum equipamento de correção
2
e perda da linha BTA-PGS
Sistema em regime, com a presença de banco de capacitor de 50 MVAr e
3
perda da linha BTA-PGS
Sistema em regime, com banco de capacitor de 80 MVAr e perda da linha
4
BTA-PGS
5 Sistema em regime, com a presença do SVC e perda da linha BTA-PGS
Rejeição das cargas de Batávia, Sabará e Imbituva, com a presença de
6
banco de capacitor de 50 MVAr
Rejeição das cargas de Batávia, Sabará e Imbituva, com a presença de
7
banco de capacitor de 80 MVAr
Rejeição das cargas de Batávia, Sabará e Imbituva, com a presença do
8
SVC
Curto-circuito de 100 Ω/fase, com a presença de banco de capacitor de 50
9
MVAr
Curto-circuito de 100 Ω/fase, com a presença de banco de capacitor de 80
10
MVAr
11 Curto-circuito de 100 Ω/fase, com a presença de SVC
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2 RESULTADOS E ANÁLISE

4.2.1 CASO 1 E CASO 2

O primeiro e o segundo caso analisados são os do sistema mostrado na


Figura 3.6, sem a inserção do SVC ou de qualquer outro equipamento de correção.
63
Foi incluída uma chave trifásica entre as barras de Ponta Grossa Sul 230 kV e
a LT Bateias Ponta Grossa Sul temporizada para abrir no instante 1 s. Esta abertura
representa o segundo caso, que consiste na perda da LT Bateias-Ponta Grossa Sul
e tem o intuito de avaliar seus efeitos na barra de 230 kV da SE Ponta Grossa Sul e
nas barras adjacentes.
A Tabela 4.2 evidencia os valores da tensão eficaz de linha e em p.u. medidos
em diversos pontos do sistema antes e após a saída da LT Bateias Ponta Grossa
Sul. Percebe-se que na barra de Ponta Grossa Sul 230 kV a tensão cai de
aproximadamente 0.95 p.u. para 0.90 p.u., o que corresponde efetivamente aos
valores reais medidos pela Copel.
A situação se agrava ainda mais nas barras de Ponta Grossa Sul 138 kV e
Palmeira 138 kV, onde a tensão passa a ser 0,88 e 0,87 p.u., respectivamente. Em
Ponta Grossa Norte, separada de Ponta Grossa Sul pela LT Ponta Grossa Norte-
Ponta Grossa Sul, a tensão cai de 0,96 p.u. para 0,91.

TABELA 4.2 – TENSÕES EM DIFERENTES BARRAS DO SISTEMA ANTES E DEPOIS DA PERDA


DA LINHA DE TRANSMISSÃO PONTA GROSSA SUL - BATEIAS
Ponto Tensão 1º Caso (V) p.u. Tensão 2º Caso (V) p.u.
Ponta Grossa Sul 230 kV 217956 0,948 205929 0,895
Ponta Grossa Sul 138 kV 127263 0,922 120587 0,874
Ponta Grossa Norte 230 kV 218188 0,949 208366 0,906
Figueira 230 kV 227215 0,988 225867 0,982
Areia 230 kV 228439 0,993 227986 0,991
Palmeira 138 kV 126675 0,918 119988 0,869
Bateias 230 kV 226566 0,985 227925 0,991
Bateias 525 kV 523885 0,998 524570 0,999
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.2 CASO 3

No terceiro caso é incluído um capacitor de 50 MVAr ainda na barra de 230 kV


da SE Ponta Grossa Sul. Visto que há, de fato, um banco de capacitores com esta
potência desde 2012 conectado na referida barra. Este caso foi simulado a fim de
verificar seu desempenho quando da queda da linha de transmissão BTA-PGS.
A Figura 4.1 representa as curvas das tensões eficazes em PGS 230 kV sem
a presença do banco de capacitores (em vermelho) e com a inserção do mesmo
64
(em verde). Observa-se que, anteriormente ao distúrbio ocorrido em t = 1 s, a saber,
a saída da LT BTA-PGS, o perfil da tensão em PGS 230 kV é melhorado de 0.95 p.u.
(sem compensação) para 0.97 p.u. (com o banco de capacitores de 50 MVAr). Após
a ocorrência do distúrbio, o valor da tensão na barra cai para 0.90 p.u. para o caso
onde o banco de capacitores não está presente e para 0.94 p.u. com o banco de
capacitores conectado. Observa-se uma melhora significativa no comportamento da
tensão com a presença desta correção.

FIGURA 4.1 –TENSÕES EM PGS 230 KV QUANDO DA SAÍDA DA LT BAT-PSG, COM BANCO DE
CAPACITORES DE 50 MVAR (EM VERDE) E SEM O MESMO BANCO (EM VERMELHO).
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.3 CASO 4

No quarto caso, a fim de se obter uma melhor resposta à saída da linha


mencionada substituiu-se o banco de capacitores de 50 MVAr por um de 80 MVAr. A
Figura 4.2 ilustra a diferença no desempenho de cada um destes bancos.
Percebe-se que o banco de capacitores de 80 MVAr (curva em azul) melhora
o perfil da tensão para 0.98 p.u. anteriormente à perturbação e para 0.97 p.u. após a
perturbação.
65

FIGURA 4.2 – TENSÕES EM PGS 230 KV (SAÍDA DA LT BAT-PGS), COM BC DE 50 MVAR


(EM VERDE) E COM BC DE 80 MVAR (EM AZUL).
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.4 CASO 5

O quinto caso trata da perda da LT BTA-PGS com a presença do SVC


limitado a uma potência reativa capacitiva de 85 MVAr.

FIGURA 4.3 – CURVAS DAS TENSÕES EM PGS 230 KV QUANDO DA SAÍDA DA LT BAT-PSG,
COM BANCO DE CAPACITORES DE 80 MVAR (EM VERDE) E COM O SVC (EM VERMELHO).
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
66
Percebe-se, a partir da Figura 4.3, que anteriormente à saída da linha, a
configuração com o SVC apresenta aproximadamente o mesmo desempenho da
configuração com o banco de capacitores de 80 MVAr. Situação que se modifica
quando da queda da linha, onde a tensão na barra PGS 230 kV é de 0.97 p.u. para o
caso onde há a presença do banco de capacitores e 0.98 p.u. na presença do SVC.
Percebe-se, porém que a duração do transitório com o SVC é maior do que com o
banco de capacitores.
Na Figura 4.4 observam-se as curvas da potência reativa fornecida ao
sistema pelo banco de 50 MVAr (em azul), pelo banco de 80 MVAr (em verde) e pelo
SVC (em vermelho). Anteriormente à falta, o SVC disponibiliza menos potência
reativa que o banco de 80 MVAr, que vale 72 MVAr para o SVC e 77,5 MVAr para o
banco. Isto ocorre devido aos parâmetros da unidade de controle do SVC que está
modelada para buscar uma tensão que esteja entre 0,95 p.u. e 1,05 p.u. Porém,
após a falta é possível observar que, diferentemente dos bancos de capacitores, o
SVC aumenta a oferta de reativos (passa a ser 85 MVAr), estabilizando-se com uma
tensão maior do que a tensão final do banco.

FIGURA 4.4 – CURVAS DA POTÊNCIA REATIVA EM PGS 230 KV ( SAÍDA DA LT BAT-PSG), COM
BC 80 MVAR (EM VERDE), COM O BC 50 MVAR (EM AZUL) E COM O SVC (EM VERMELHO).
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
67
4.2.5 CASO 6 E CASO 7

A fim de se observar o comportamento do sistema após uma rejeição conjunta


de cargas, simulou-se a saída das linhas conectadas à barra de 138 kV da SE Ponta
Grossa Norte. Tratam-se de linhas que atendem a três centros de carga, a saber,
Batávia (47,4 MW + 23,7i MVAr), Imbituva (19.2 MW+ 11.9i MVAr) e Sabará (57.3i
MVAr), totalizando uma carga de 66,6MW + 92.9j MVAr cuja saída ocorre em t=1s. O
sexto caso apresentado neste trabalho evidencia a saída destas cargas com a
presença de compensação através do banco de capacitores de 50 MVAr. Para efeito
de comparação, é apresentado também o sétimo caso, onde o banco de capacitores
passa a ser aquele cuja potência total é de 80 MVAr.
A Figura 4.5 mostra o comportamento das tensões eficazes em PGS 230 kV
antes e depois da rejeição das três cargas mencionadas acima. A curva em azul
representa o caso do sistema com compensação efetuada pelo banco de
capacitores de 80 MVAr. A tensão atinge 1,02 p.u. neste caso, chegando a 1 p.u com
o capacitor de 50 MVAr, enquanto que a tensão sem a presença de compensação
chega a a 0.98 p.u.

FIGURA 4.5 –TENSÕES EM PGS 230 KV ( REJEIÇÃO DE TRÊS CENTROS DE CARGA), COM BC
80 MVAR (EM AZUL), COM BC 50 MVAR (EM VERDE) E SEM COMPENSAÇÃO (EM VERMELHO).
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
68
4.2.6 CASO 8

O oitavo caso consiste na rejeição das cargas mencionadas acima com a


presença do SVC.
Visto que este pode atuar no controle de sobretensão, pode-se constatar
através da Figura 4.6 que, a partir do momento em que o SVC detecta a
sobretensão causada pela saída das três cargas, este responde diminuindo a
potência reativa capacitiva disponibilizada à barra (curva em azul).
A potência reativa fornecida ao sistema, que anteriormente ao distúrbio era de
72 MVAr passou a 33,6 MVAr, o que compensa a sobretensão, diminuindo seu valor
para 0.99 p.u (curva em verde). Esta compensação não ocorre com a presença do
banco de capacitores, que sem elementos indutivos, mantém a tensão em 1,02 p.u.
(curva em vermelho).

FIGURA 4.6 –TENSÕES EM PGS 230 KV ( REJEIÇÃO DE TRÊS CENTROS DE CARGA), COM BC
80 MVAR (EM VERMELHO) E SVC (EM VERDE) E POTÊNCIA REATIVA DO SVC (EM AZUL).
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
69

4.2.7 CASO 9, CASO 10 E CASO 11

Os três últimos casos simulam um curto-circuito trifásico de 100 Ω/fase


ocorrido na barra de 230 kV da SE Ponta Grossa Norte de t = 1 s até t = 1,2 s
(duração de 12 ciclos).
Através da Figura 4.7, percebem-se os efeitos deste curto-circuito em PGS
230 kV. A curva em azul representa a tensão nesta barra com a presença do banco
de capacitores de 80 MVAr, a curva em verde, a tensão com o banco de capacitores
de 50 MVAr e a curva em vermelho a tensão sem compensação.
Durante o curto-circuito, a tensão da barra sem compensação cai a 0,89 p.u.
As tensões com os bancos de capacitores passam a valer 0,92 p.u. com a
compensação de 80 MVAr e 0,91 p.u. com a compensação de 50 MVAr.

FIGURA 4.7 – TENSÕES EM PGS 230 KV ( CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO PGN), COM BC 80


MVAR (EM AZUL), COM BC 50 MVAR (EM VERDE) E SEM COMPENSAÇÃO (EM VERMELHO).
FONTE ELABORAÇÃO PRÓPRIA
70
O último caso trata da ocorrência do curto-circuito mencionado acima na
presença do SVC. A Figura 4.8 compara a atuação do SVC para esta ocorrência
com a atuação do capacitor de 80 MVAr.
Percebe-se que atuação do SVC (curva em vermelho) é ligeiramente melhor
do que a do banco (curva em verde) durante a falta, sendo que ambos apresentam
tensão de aproximadamente 0,98 p.u. após a supressão do curto-circuito.
É possível observar ainda que mesmo com a inserção do SVC, há uma forte
queda de tensão (de 0,98 p.u. para 0,92 p.u.), indicando que este atingiu seu valor
máximo no suporte de reativo capacitivo, sem que este valor tenha sido suficiente
para restabelecer o nível de tensão anterior à falta.

FIGURA 4.8 – TENSÕES EM PGS 230 KV (CURTO-CIRCUITO PGN), COM BANCO DE


CAPACITORES DE 80 MVAR (EM VERDE) E COM SVC (EM VERMELHO).
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

A fim de se estabelecer qual seria o total de reativo necessário para


compensar a queda de tensão causada pela falta, os parâmetros do SVC foram
recalculados modificando sua potência para 160 MVAr.
Na Figura 4.9, tem-se a curva da tensão em verde e da potência reativa em
vermelho. A potência reativa disponibilizada ao sistema passa de 72 MVAr para 162
MVAr, sendo que a tensão durante a falta é mantida em 0.96 p.u. O suporte de
reativos aumenta 2,25 vezes para assegurar este nível de tensão.
71

FIGURA 4.9 –TENSÃO (VERDE) E POTÊNCIA REATIVA (VERMELHO) EM PGS 230 KV (CURTO-
CIRCUITO PGN), COM SVC 160 MVAR.
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.8 QUADRO COMPARATIVO

A Tabela 4.3 resume a atuação dos dispositivos de compensação para cada


um dos casos estudados neste trabalho. V indica as tensões pré-falta e V’ indica as
tensões após a falta. Q representa a potência reativa disponibilizada à barra
anteriormente à falta e Q’ a potência reativa pós-falta.
Vale ressaltar que bancos de capacitores, que são mecanicamente
chaveados, não possuem capacidade para modificar de forma contínua a
quantidade de potência reativa que disponibilizam ao sistema, sendo que a diferença
entre valores de potência reativa pré e pós-falta é causada pela variação da própria
tensão na barra, visto que a potência reativa é diretamente proporcional ao
quadrado desta grandeza.
Sendo o único entre os dispositivos analisados com a capacidade de variar o
ângulo de disparo de seus tiristores a fim de aumentar ou reduzir o suporte de
reativos ao sistema, o SVC provoca variações na potência reativa sempre inversas
às variações na barra sem a presença de compensação ou na presença dos outros
dispositivos analisados. Esta variação de potência reativa proferida pelo SVC é,
72
respeitando-se sua máxima potência, tão maior quanto maior for a variação da
grandeza que se deseja controlar, a saber, a tensão.
Nos casos de rejeição de carga, onde há um aumento da tensão na barra, o
único dispositivo que tem capacidade de reduzir a potência reativa disponível é o
SVC, e assim ele o faz, reduzindo-a em 53%, o que faz com que a variação de
tensão se de apenas 1%.
Nos casos de curto-circuito percebe-se que nem mesmo o SVC nem mesmo
o BC de 80 MVAr são capazes de assegurar uma tensão maior ou igual a 0.95 p.u.,
sendo que a forte queda na tensão reduz em 12.6% o reativo na barra com o banco
e impossibilita que o SVC disponibilize a totalidade de sua capacidade que é de 85
MVAr. Vale ressaltar que em situação de regime, a fim de manter a tensão em 0.98
p.u., o SVC já utiliza 84,8% de sua capacidade de suporte de reativo capacitivo,
possuindo 15,2% livre para atuar em ocorrências diversas que ocasionem
afundamento de tensão.
O SVC de 160 MVAr é o único entre os dispositivos analisados que foi capaz
de manter a tensão em nível adequado, haja vista possuir quase o dobro da
capacidade do outro SVC analisado neste trabalho. Assim, a variação da tensão é
de apenas 2%, 4% a menos que as variações ocorridas na presença dos outros
dispositivos.

TABELA 4.3 – COMPARAÇÃO DOS TRÊS CASOS ANALISADOS


ΔV Q Q' ΔQ
Caso Dispositivo V V'
(%) (MVAr) (MVAr) (%)
Nenhum 0,95 0,89 -6 N/A N/A N/A
Saída da BC 50 MVAr 0,97 0,94 -3 47,15 44,36 -5,9
LT BTA-PGS BC 80 MVAr 0,98 0,97 -1 77,5 75,3 -2,8
SVC 0,98 0,98 0 72,1 85 17,9
Nenhum 0,95 0,98 3 N/A N/A N/A
Rejeição BC 50 MVAr 0,97 1 3 47,15 50,3 6,7
de Carga BC 80 MVAr 0,98 1,02 4 77,5 82,8 6,8
SVC 0,98 0,99 1 72,1 33,5 -53,5
Nenhum 0,95 0,89 -6 N/A N/A N/A
BC 50 MVAr 0,97 0,91 -6 47,15 41,29 -12,4
BC 80 MVAr 0,98 0,92 -6 77,5 67,72 -12,6
Curto-Circuito
SVC 0,98 0,92 -6 72,1 76,38 5,9
SVC 160
0,98 0,96 -2 72,09 158,14 119,4
MVAr
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
73

Analisando-se a atuação do banco de capacitores de 50 MVAr, de fato


existente na barra, é possível observar que somente assegura níveis de tensão
adequados em situação de regime permanente, sem a inserção de ocorrências que
ocasionem afundamento de tensão na barra. Durante a saída da LT BTA-PGS e no
caso de rejeição das cargas, a tensão com este banco varia 3% para menos e para
mais, respectivamente. Em ambos os casos, a variação de tensão ocorrida com a
presença do SVC é desprezível para a saída da linha e equivalente a 1% para a
situação de rejeição de cargas.

4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Este capítulo expôs os resultados obtidos para cada um dos casos analisados
neste trabalho. Na comparação do desempenho no controle de tensão de cada um
dos dispositivos foi possível comparar o existente com outros hipotéticos no que diz
respeito à efetividade de cada solução.
O banco de capacitores de 50 MVAr apresentou tensão acima de 0.95 p.u.
apenas em situação de regime permanente, sendo que no caso da saída da LT BTA-
PGS a tensão passou a 0.94 p.u.
Tanto o banco de capacitores de 80 MVAr quanto o SVC de potência
equivalente apresentaram atuações semelhantes nas faltas que ocasionaram
afundamento de tensão, sendo que o SVC mostrou-se ligeiramente mais eficaz
quando da saída da LT BTA-PGS. O SVC, no entanto, foi o único dispositivo que
atuou para compensar o aumento de tensão causado pela rejeição das cargas
conectadas à SE PGN.
Na ocorrência mais severa, a saber, o curto-circuito trifásico ocorrido em PGN
(adjacente à PGS), apenas o SVC de 160 MVAr atingiu tensão maior que 0.95 p.u.,
sendo que a tensão nos três outros casos caiu cerca de 6% com relação ao período
anterior à falta.
74
5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme foi relatado ao longo de todos os capítulos deste trabalho de


conclusão de curso, o principal objetivo foi verificar o comportamento de um
dispositivo FACTS para controle de tensão em uma barra de 230 kV da Copel, a
saber, o Compensador Estático de Reativos (SVC). Para tanto, além de uma
considerável revisão bibliográfica sobre os principais dispositivos FACTS atualmente
disponíveis, e, em especial, sobre o próprio SVC, foi modelado um sistema de 19
barras referente ao sistema elétrico da Copel, bem como adaptado e testado um
modelo de um SVC no software ATP. A partir disto, foram efetuadas simulações
computacionais de diferentes casos de distúrbios no sistema em questão.
Os resultados das simulações realizadas, apresentados no capítulo 4,
mostraram que os valores de tensão encontrados, sem a presença de dispositivos
de compensação de reativos, obtidos na barra de PGS 230 kV antes e após a saída
da linha de transmissão BTA-PGS, estavam de acordo com os valores reais. Além
disso, foi possível verificar a eficácia do SVC para a melhoria do perfil da tensão na
barra, tendo como principais vantagens sobre os bancos de capacitores, a maior
flexibilidade com relação à diversidade de distúrbios sobre os quais é capaz de atuar
e maior eficiência na redução da variação da tensão quando da ocorrência de
distúrbios.
Foi possível mostrar ainda que vários dos problemas enfrentados atualmente
no planejamento e na operação de sistemas elétricos de potência podem ser
minimizados através do controle e da compensação adequada da potência reativa.
Sendo que a tecnologia FACTS, é capaz de efetuar esta compensação de forma
precisa, rápida e controlada.
Assim como conceitos como o da geração distribuída, os dispositivos FACTS
podem ser uma alternativa mais viável econômica e ambientalmente do que a
construção de grandes centrais geradoras e linhas de transmissão, o que, por si só,
mostra a importância do estudo e desenvolvimento desta tecnologia.
75

5.2 TRABALHOS FUTUROS

No transcorrer do trabalho foram identificados temas e tópicos que, por não


pertencerem ao foco deste trabalho, não foram objeto de desenvolvimento, mas são
de interesse para o prosseguimento de estudos correlacionados ao assunto
abordado nesta monografia. Dentre os quais se destacam:

• Estudo envolvendo outros distúrbios reais e recorrentes e inserção destes


distúrbios em diferentes regiões do sistema elétrico;
• Análise dos dados obtidos no que diz respeito a efeitos da duração dos
distúrbios, levando em consideração a atuação típica dos sistemas de
proteção, controle e supervisão;
• Análise da viabilidade econômica da inserção do SVC em comparação com
bancos de capacitores convencionais e determinação da potência ótima deste
dispositivo para o sistema em questão;
• Estudo de outras formas de controle para o SVC e das possíveis vantagens
dos mesmos em comparação ao controlador proporcional integral;
• Estudo dos benefícios do SVC em sistemas de geração distribuída;
• Estudo envolvendo a ação do SVC considerando a evolução e o crescimento
anual das cargas;
• Estudo do comportamento do SVC em sistemas de distribuição, como por
exemplo, em casos de rejeição de alimentadores;
• Desenvolvimento do modelo de outros dispositivos FACTS.
76
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