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Meditação segundo Krishnamurti

1
Introdução
• Diversos tipos de meditação:
– Com luzes – sai da cabeça, entra pelo coração
– Zen – olhos abertos voltados para a parede branca
– Budismo – atenção na respiração
– Krishnamurti – encontrei comentários sobre a
meditação com um viés parecido mas com suas
peculiaridades, como tudo que ele faz
– Sempre muito profundo

2
Vida em contradição

3
As diversas fugas

4
Por que buscam eleger um chefe (gurú)?
• Por que se sujeitam, comunidades e nações, ao mando de um chefe?
Que são comunidades e nações? São um grupo de indivíduos que
vivem juntos. A nação, são vocês, o indivíduo, em nossas relações com
outro indivíduo.
• Por que procuram eleger um chefe?
• Vocês o fazem, evidentemente, porque estão confusos, não é
verdade?
• Um homem lúcido, íntegro, não precisa de um chefe. Para ele, um
chefe é uma coisa molesta, um fator de desintegração na sociedade.
• Vocês procuram um chefe porque estão confusos, não sabem o que
fazer, e desejam que lhes digam o que devem fazer, e por isso
procuram métodos de conduta, social, política e religiosa.
• Se, quando estão confusos, buscam um chefe para lhes tirar da
confusão, significa que não estão em busca da claridade, não estão
interessados na causa da confusão, mas só querem que os levem
para fora dela.

5
Pessoas confusas, chefes confusos
• Mas, visto que estão confusos, escolherão também um chefe confuso.
Não irão procurar um chefe que vê claro, porque ele lhes dirá que devem
olhar para a confusão de vocês, em vez de fugir da mesma; lhes dirá que
a causa da confusão está em si mesmos.
• Mas não é isso o que querem; querem um chefe que lhes tire da confusão;
e porque a mente de vocês está confusa, procuram um que também
esteja confuso.
• Como pode a mente confusa guiar outra mente para fora da confusão?
• A mente que está confusa há de ter também um guia confuso; por
conseguinte, todos os guias são inevitavelmente confusos, visto que nós
os criamos por causa de nossa confusão.
• E é por isso que os chefes são um fator de desintegração na vida de
vocês.
• Ao compreenderem esse fato, não irão procurar um chefe, mas se
tornarão responsáveis pela eliminação de sua confusão.

6
Projeção da nossa própria confusão
• O chefe é "projetado" pela própria confusão de vocês, e por
conseguinte ele não é senão vocês mesmos, sob forma diferente,
como também o são os seus governos.
• É a "autoprojeção" que cria o chefe; um herói nacional é uma
exteriorização, uma duplicata de vocês mesmos. O que são, ou o
que desejam ser, assim é o chefe de vocês; esse chefe, portanto,
não pode lhes tirar do caos.
• Se procuram alguém para afastar a sua confusão, ele só poderá os
ajudar a aumentá-la, porque a mente que está confusa é incapaz
de escolher o que é claro; visto que está confusa, só pode escolher
o que é confuso.
• A solução do caos está em suas próprias mãos, e não nas mãos
alheias. A regeneração é produto da compreensão de si mesmos, e
não do seguimento de alguém, porque esse alguém é vocês
mesmos, mais eloquente, mas igualmente confuso, igualmente
tirânico, igualmente tradicionalista.
• O problema, portanto, não é o chefe, mas, sim, como arrancar
pela raiz a confusão.
7
Ordem na mente e coração
• Se vocês desejam se libertar radicalmente da confusão,
precisam colocar em ordem suas mentes e corações e
de considerar as causas responsáveis pela confusão.
• Só surge a confusão quando não há
autoconhecimento.
• Quando não me conheço a mim mesmo e não sei o
que fazer ou o que pensar, naturalmente estou
envolvido no torvelinho da confusão.
• Mas quando me conheço a mim mesmo, o processo
integral de mim mesmo — o qual é
extraordinariamente simples quando temos a intenção
de conhecer a nós mesmos — então, dessa
compreensão nasce a claridade, dessa compreensão
resulta a conduta correta.
8
Compreender a si mesmo trás amor e
ordem
• A compreensão de si mesmo traz amor e traz ordem.
• O caos só existe em relação com alguma coisa, e
enquanto não compreendermos essa relação há de
haver confusão.
• Compreender as relações é compreender a mim
mesmo, e compreender a mim mesmo é fazer nascer
aquela qualidade de amor, na qual existe bem-estar.
• Se sei amar minha esposa, meus filhos, meu próximo,
sei amar todo mundo.
• Visto que não amo a ninguém, estou permanecendo
apenas no nível intelectual ou verbal com relação a
humanidade.

9
Idealismo é pernicioso
• O idealista causa enfado: ama a humanidade com o
cérebro, não ama com o coração.
• Quando vocês amam, não há nenhuma necessidade
de chefe.
• São os vazios de coração que procuram o chefe, para
encher esse vazio com palavras, com uma ideologia,
com uma utopia do futuro.
• O amor só está no presente, não no tempo, não no
futuro.
• Para quem ama, a eternidade é agora; porque o amor
é sua própria eternidade.
– Krishnamurti em, A ARTE DA LIBERTAÇÃO

10
Sair do superficial
• Se minha mente está ocupada a todas as horas com
ajustamentos superficiais - endireitando o quadro que
outro pôs torto, preocupada com assuntos domésticos,
a respeito dos filhos, da esposa, do que a sociedade
pensa, e não pensa, da opinião do vizinho - essa
mente, já tão ocupada, é capaz de descobrir a
ocupação mais profunda, de si mesma?
• Ou não é necessário que termine a ocupação
superficial?
• Isto é, podemos deixá-la prosseguir, ajustar-se, sem
esforço, mas também investigar aquilo com que a
mente está ocupada num nível mais profundo?

11
Medo do desconhecido
• Com o que está ela ocupada, num nível mais
profundo?
• Eu o sei? Vós o sabeis? Ou apenas fazemos conjecturas
a tal respeito? Ou pensamos que alguém nos pode
dizer?
• É claro que não posso investigá-lo, a menos que não
esteja totalmente ocupado com ajustamentos
superficiais.
• Torna-se necessário nos desligarmos do superficial,
para podermos investigar.
• Mas não ousamos desligar-nos, não ousamos soltar o
que temos, porque não sabemos o que existe em
baixo - temos-lhe medo, terror.
12
Encontro com o interno
• E é por isso que a maioria de nós estamos ocupados.
• Lá, muito fundo, pode encontrar-se uma completa solidão, um
sentimento de profunda frustração, medo, torturante, ambição -
de que não estamos plenamente cônscios.
• Mas, se ficamos um pouquinho cônscios, ligeiramente vigilantes,
assustamo-nos com o que vemos.
• E por isso nos preocupamos com o aspecto da sala, com os
quadros, os abajures, os que entram e os que saem, os
entretenimentos sociais; lemos livros, ouvimos rádio, aderimos a
grupos - conheceis bem todo este triste negócio.
• Tudo isso bem pode ser uma fuga do problema mais profundo. E,
para examinar este problema mais profundo, temos de abandonar
a sala com todo o seu conteúdo.
• Infelizmente, queremos ficar na sala, e o descobrimento a "outra
coisa" é algo que nunca nos permitimos experimentar.

13
Integrar compreensão e ação
• Não se trata de tentar alcançar o nível mais profundo. O
tentar depende sempre do tempo.
• Se desejo investigar o problema mais profundo e percebo a
necessidade de deixar as coisas superficiais, não há então
"tentar".
• Eu não tento abrir uma porta e não me ponho
conscientemente em movimento para sair de casa. Sei
que tenho de sair e saio - a porta lá está.
• Não se faz nenhuma "tentativa" para alcançar a porta; não
se pensa em termos de "tentar".
• Compreensão e ação são simultâneas.
• Mas tal integração não é possível, se estamos
interessados meramente no nível superficial.
(Krishnamurti)
14
Meditação não é um sistema
• A meditação é uma das coisas mais importantes na
vida.
• Não como meditar, não a meditação conforme um
sistema, não a prática da meditação, senão
principalmente o que a meditação é na verdade.
• Se um indivíduo pode descobrir, muito profundamente,
a significação, a necessidade e a importância que tem a
meditação para si mesmo, então descartará todos os
sistemas, métodos, gurus, junto com todas as coisas
peculiares que se acham envolvidas nesse tipo oriental
de meditação. (La Totalidad de la Vida, pág. 137)

15
Será a meditação um esforço
consciente?
• Costumamos meditar conscientemente, praticar a fim
de conseguir alguma coisa – uma mente ou um
cérebro tranqüilo, um estímulo para o cérebro.
• Mas qual é a diferença entre esse meditador e o
homem que diz “Quero dinheiro e vou trabalhar para
obtê-lo?” Qual é a diferença entre os dois?
• Ambos estão buscando alguma coisa.
• Só que a busca de um classificamos de espiritual e a
do outro de mundana.
• Não obstante, ambos estão buscando algo. Assim, para
o orador, isso não é meditação; meditação nada tem a
ver com qualquer desejo consciente e deliberado
como produto da vontade. 16
Meditação que não seja produzida
pelo pensamento
• Precisamos indagar, portanto, se há alguma espécie de meditação que
não seja produzida pelo pensamento.
• Haverá alguma espécie de meditação da qual não estejamos conscientes?
• Nenhum processo deliberado de meditação é meditação.
• Podem sentar-se de pernas cruzadas pelo resto da vida, meditar, respirar e
praticar tudo mais sem que cheguem sequer perto da outra coisa, pois
isso não passa de uma ação intencional para conseguir um resultado –
causa e efeito.
• Mas o efeito torna-se a causa e, assim, acabam presos num círculo.
• Haverá uma espécie de meditação que não resulte do desejo, da vontade,
do esforço?
• O orador afirma que há. Mas não precisam acreditar nisso; pelo contrário,
devem duvidar, indagar, assim como o orador indagou, duvidou, rejeitou.
• Haverá uma espécie de meditação não planejada nem organizada?

17
Escutar é silêncio
• Para examinar isso, precisamos compreender o cérebro condicionado, limitado, o
cérebro que tenta alcançar o ilimitado, o imensurável, o atemporal, se é que
existe esse atemporal.
• E, para isso, é necessário compreender o som.
• Som e silêncio são inseparáveis.
• Costumamos separar o som do silêncio.
• O som é o mundo; o som é a batida do coração; o universo está repleto de sons;
os céus, as milhares de estrelas, todo o firmamento está cheio de som. E
consideramos o som uma coisa intolerável.
• Mas, quando escutamos o som, o próprio ato de escutar é silêncio. O silêncio não
se separa do som.
• A meditação, portanto, não é algo planejado, organizado. A meditação apenas é.
• Começa com o primeiro passo que é o estar livre de todos os ressentimentos,
livre de tudo que já acumulamos – temores, ansiedades, solidão, desespero,
sofrimento.
• Essa é a base, o primeiro passo e o primeiro passo é o último passo.
• (J. Krishnamurti - Fourth Public Talk in Bombay - February 1985)

18
Estar consciente
• Apenas fique consciente ao que está pensando e fazendo e
nada mais.
• Ver e ouvir é a ação, sem prêmio ou punição.
• A habilidade em fazer reside na habilidade de ver, ouvir.
• Toda forma de meditação leva inevitalvelmente à decepção, à
ilusão, à cegueira pelo desejo.
– Diário de K – 14/09/1973

19
Descobrir o que é verdadeiro
• “A meditação não constitui um meio para coisa nenhuma.
• Descobrir, a cada momento da vida de todos os dias aquilo que é
verdadeiro e o que é falso, a isso equivale a meditação.
• A meditação não é uma coisa a cujos meios escapemos, algo através do
que obtenhamos visões e toda a sorte de nobres emoções, mas a
observação de cada momento do dia, a percepção da operação do nosso
pensamento, a observação do funcionamento do nosso mecanismo de
defesa, dos medos, das ambições, do cobiça e da inveja; a observação de
tudo isso, a investigação contínua disso equivale à meditação, ou parte
da meditação.
• Não tendes de ir junto de ninguém a fim de serdes instruído acerca da
meditação ou obter qualquer método.
• Eu posso descobri-lo de modo bastante simples se me observar a mim
próprio, sem que ninguém tenha que me falar a respeito; eu conheço-a.
• Mas nós queremos chegar muito longe sem empreender um primeiro
passo. Se dermos esse primeiro passo, descobriremos que teremos dado o
último. Não existirá mais passo nenhum.”
• - Krishnamurti
20
Silêncio e o eterno
• “No espaço que permeia dois pensamentos
sobrevem um período de silêncio que não
possui qualquer relação com o processo do
pensamento. Se observarmos, veremos que
tal período de silêncio, esse intervalo, não
pertence ao tempo, e que a descoberta de tal
intervalo, que equivale a uma experiência
total, nos liberta de toda a limitação.” -
Krishnamurti
21
Escutar é uma arte
• Para sermos capazes de escutar verdadeiramente, temos de
abandonar ou esquecer todos os preconceitos, formulações
prévias e atividades diárias.
• Quando nos achamos num estado mental receptivo, as coisas
podem ser compreendidas facilmente; estais escutando quando
estais dando real atenção a uma coisa.
• Mas, infelizmente, costumamos ouvir através de uma cortina de
resistência. Protegemo-nos com nossos preconceitos, religiosos ou
espirituais, psicológicos ou científicos, com nossas preocupações,
desejos e temores de todos os dias.
• Tudo isso constitui uma cortina, atrás da qual escutamos as coisas.
• Por conseguinte, de fato, só estamos dando atenção às nossas
próprias vozes e não ao que se está dizendo. É muito difícil pormos
de parte a instrução, os preconceitos, nossas inclinações, nossa
resistência, e transcendermos a expressão verbal para escutar de
modo que compreendamos instantaneamente. Esta vai ser uma
das nossas dificuldades.
22
Meditação em ação
• Quando você está dirigindo, a meditação parece vir tão naturalmente.
• Você está consciente do campo, das casas, dos agricultores no campo, a
marca do carro que passa e o céu azul através das folhas. Você nem
sequer estão conscientes de que a meditação está acontecendo, esta
meditação, que começou há muito tempo atrás e se processaria sem ter
um fim.
• O tempo não é um fator na meditação, nem a palavra que é o praticante.
Não há nenhum praticante da meditação. Se houver, não é meditação.
• O praticante é a palavra, pensamento e tempo, e assim sujeito às
mudanças, ao que vem e ao que vai. Não é uma flor que floresce e morre.
O tempo é movimento.
• Você está sentado na margem de um rio, observando as águas, a corrente
e as coisas que flutuam por perto. Quando você está na água, não há
observador. A beleza não está na mera expressão, está no abandono da
palavra e de expressão, da tela e do livro.”
• Krishnamurti’s Journal – 16/09/1973

23
A pessoa não pode ser violenta e meditar
• Meditação implica uma mente que está tão espantosamente clara que toda forma
de se iludir chega ao fim.
• A pessoa pode se iludir infinitamente, e, em geral, a meditação assim chamada, é
uma forma de auto-hipnose – ter visões de acordo com seu condicionamento.
• É bem simples: se você é cristão, verá seu Cristo; se é hindu, verá seu Krishna, ou
qualquer dos inumeráveis deuses que vocês têm.
• Mas meditação não é nenhuma destas coisas: é a absoluta quietude da mente, a
absoluta quietude do cérebro.
• A base para a meditação tem que ser estabelecida na vida cotidiana; em como a
pessoa se comporta, em que pensa.
• A pessoa não pode ser violenta e meditar; isso não tem significado.
• Se existe, psicologicamente, qualquer tipo de medo, então obviamente a
meditação é uma fuga.
• Para a quietude da mente, sua completa calma, uma disciplina extraordinária é
necessária; não a disciplina da supressão, do conformismo, ou seguir alguma
autoridade, mas aquela disciplina ou aprendizado que acontece ao longo do dia,
sobre cada movimento de pensamento; a mente então tem uma qualidade
religiosa de união; daí pode surgir a ação que não é contraditória.

(J. Krishnamurti - Beyond Violence Part IV Chapter 2

24
Estado de tranquilidade da mente
• Ter uma mente tranquila é uma das coisas mais difíceis.
• Teoricamente, é facílima; mas, na realidade, esse é um dos estados mais
extraordinários, indescritíveis.
• Não se pode "chegar" a esse estado. Ele não é um "processo", não é uma
coisa que se irá alcançar mediante certa prática.
• Não é uma coisa adquirível com tempo, com saber, com disciplinas, mas
que só se realiza pela compreensão do "processo" total de nosso próprio
pensar, e não pelo tentarmos alcançar um resultado.
• Então, será possível que se torne existente aquela tranquilidade.
• O que depois acontece é indescritível, não tem palavra que o defina, não
tem "significação". Deveis saber que toda experiência - sempre que há
experimentador - deixa uma lembrança, uma cicatriz. E a essa lembrança a
mente fica apegada, e deseja mais, e cria assim o tempo.
• Mas o estado de tranquilidade é atemporal e, portanto, não há
experimentador para experimentar aquela tranquilidade.
(Krishnamurti)

25
A Verdade é uma terra sem caminho
• "Tudo o que tenho a dizer-vos é que os deuses, os mestres, os guias, não são
absolutamente necessários para atingirdes a libertação.
• O essencial é que vos tornei s livres e fortes e não o podereis fazer se tendes
mediadores acima de vós. Não podeis ser livres e fortes se me tomardes para Mestre.
• Não é isso o que eu quero e sim tornar-vos fortes e livres não pelo êxtase, mas por
uma reflexão atenta e deliberada, após uma longa pesquisa. Só esta certeza interior
poderá destruir em vós todas as deformações do irreal
• Eu nego que a verdade possa achar-se através dos outros, por muito maravilhosas que
sejam tais pessoas e as suas organizações. A totalidade absoluta não pode ser
realizada senão pelo vosso esforço pessoal.
• Observei pessoas que levavam uma vida regrada, que se levantavam a horas certas,
que se alimentavam de acordo com a maneira prescrita por um pretenso ser
espiritual, e que não pensavam aquelas coisas que lhes foram proibidas. Eu as
observei e vi que faltava aquilo que traz a frescura da vida.
• Não é impondo-se limites, observando de maneira não inteligente e estreita
disciplinas mesquinhas, que se atinge o fim.
• A Verdade é independente do que comeis, da maneira pela qual meditais e do
caminho que seguis para alcançar a compreensão.
• As religiões são obstáculo ao entendimento e a Verdade é um país sem caminhos.
• Eu segui o santuário que vós seguis, com as vossas mediações e cerimônias. E como
passei por todas essas coisas eu vos digo: - deixai-as de lado! Como sofri e também fui
cativo eu vos digo: - deixai essas coisas de lado, elas não auxiliam.
• A Verdade é uma terra sem caminhos, porque ela é o Todo. 26
A liberdade não é uma reação
• Meditação
"K: A liberdade não é uma reação.
DB: A necessidade de liberdade não é uma reação. Algumas pessoas diriam que por termos estado na prisão reagimos dessa maneira.
K: Então, onde estamos? Veja bem, isso significa que devemos estar livres da reação, livres da limitação do pensamento, livres de todo o movimento
do tempo. Sabemos que deve haver completa liberdade com relação a isso tudo, antes que possamos efetivamente compreender a mente vazia, e a
ordem do universo, que é nesse caso a ordem da mente. Estamos pedindo muito. Estamos dispostos a ir tão longe?
DB: Bem, você sabe que a não-liberdade tem seus atrativos.
K: Naturalmente, mas não estou interessado nesses atrativos.
DB: Mas você perguntou se estamos dispostos a ir tão longe. Portanto, isso parece sugerir que pode haver algo atraente nessa limitação.
K: Sim. Encontrei a segurança, a tranquilidade e o prazer na não-liberdade. Percebo que no prazer ou na dor não há liberdade. A mente afirma, não
como uma reação, que devemos ficar livres disso tudo. Chegar a esse ponto e largar tudo sem conflito, requer sua própria disciplina, sua própria
visão intuitiva. É por isso que perguntei àqueles que realizaram alguma investigação sobre tudo isso: "Podemos ir tão longe assim? Ou as reações do
corpo — as responsabilidades com relação à vida diária, com relação à esposa, aos filhos, e tudo o mais — impedem essa sensação de completa
liberdade? Os monges, os santos, e os sannyasis disseram: Tendes de abandonar o mundo."
DB: Já discutimos isso.
K: Sim. Essa é outra forma de idiotice, embora lamente colocá-la assim. Já eliminamos tudo isso, de modo que me recuso a discuti-lo novamente.
Pergunto então: o universo e a mente que se esvaziou disso tudo são uma coisa só?
DB: São uma coisa só?
K: Não são separados, são um só.
DB: Está dizendo, então, que o universo material é como se fosse o corpo da mente absoluta.
K: Sim, isso mesmo. "

27
Upanishads
• NO CORAÇÃO de todas as coisas, de tudo o que existe no Universo, habita Deus. Somente ele é
realidade. Portanto, renunciando às vãs aparências, rejubilai-vos nele. Não cobiceis a riqueza de
ninguém. Bem pode ficar satisfeito de viver cem anos aquele que age sem apego que realiza seu
trabalho com zelo, porém sem desejo, não ansiando por seus frutos ele, e somente ele. Existem
mundos sem sóis, cobertos pela escuridão. Para esses mundos vão depois da morte os ignorantes,
assassinos do Eu. O Eu é um só. Sendo imóvel, ele se move mais rápido do que o pensamento. Os
sentidos não o alcançam, pois ele sempre vai primeiro. Permanecendo imóvel, ultrapassa tudo o
que corre. Sem o Eu, não há vida. Para o ignorante, o Eu parece mover-se embora ele não se mova.
Ele está muito distante do ignorante embora esteja próximo. Ele está dentro de tudo, e está fora de
tudo. Aquele que vê todos os seres no Eu, e o Eu em todos os seres, não odeia ninguém. Para a
alma iluminada, o Eu é tudo. Para aquele que vê harmonia em todos os lugares, como pode haver
ilusão ou pesar? O Eu está em todos os lugares. Ele é brilhante, imaterial, sem mácula de
imperfeição, sem osso, sem carne, puro, intocado pelo mal. Aquele que vê, Aquele que pensa,
Aquele que está acima de tudo, o Auto-Existente ele e' aquele que estabeleceu a ordem perfeita
entre objetos e seres desde o tempo que não tem princípio. À escuridão estão destinados os que se
dedicam apenas à vida no mundo, e a uma escuridão ainda maior os que se entregam apenas à
meditação. Viver somente no mundo leva a um resultado, meditar apenas leva a outro. Assim
falaram os sábios. Aqueles que se dedicam tanto à vida no mundo como à meditação superam a
morte através da vida no mundo e atingem a imortalidade através da meditação. À escuridão estão
destinados os que cultuam somente o corpo, e a uma escuridão ainda maior os que veneram
apenas o espírito. Cultuar somente o corpo leva a um resultado, venerar apenas o espírito leva a
outro. Assim falaram os sábios. Os que veneram tanto o corpo como o espírito, pelo corpo vencem
a morte, e pelo espírito atingem a imortalidade;4 A face da verdade está oculta por vosso obre
dourado, ó Sol. Removei-o, para que Eu, que sou dedicado à verdade, possa contemplar a sua
glória.5 Ó vós que alimentais, o único que vê, o que tudo controla Ó Sol que ilumina, fonte de vida
para todas as criaturas retende a vossa luz, reuni os vossos raios. Possa Eu contemplar através da
vossa graça a vossa forma mais abençoada. O Ser que aí habita - mesmo esse Ser sou Eu. Permiti
que minha vida agora se una à vida que tudo permeia. As cinzas são o fim do meu corpo. OM... Ó
mente, lembrai-vos de Brahman. Ó mente, lembrai-vos das vossas ações passadas. Lembrai-vos de
Brahman. Lembrai-vos das vossas ações passadas. UPANISHADS
28
Percepção da realidade
• "O sofrimento nos acompanha qual a nossa sombra, e
parece que não somos capazes de resolver isso...
O sofrimento tem um fim, mas ele não acontece por meio
de nenhum sistema ou método. Não há nenhum
sofrimento quando há percepção do “que é”. Quando você
vê muito claramente “o que é” – seja o fato de que a vida
não tem realizações, o fato de que o seu filho, o seu irmão,
ou o seu marido está morto; quando você vê o fato como
ele realmente é, sem interpretação, sem ter uma opinião
sobre ele, sem nenhuma ideação, ideal ou julgamentos,
então penso que o sofrimento termina."
The Collected Works vol XI, p 284

29
• Para aprender sobre si mesmo é preciso humildade
• Para aprender sobre si mesmo é necessária uma imensa humildade. Se
você começa dizendo, “Eu conheço a mim mesmo”, você já parou de
aprender sobre si mesmo. Ou se você disser: “Não há muito que aprender
sobre mim mesmo porque eu sei o que eu sou – sou um fardo de
memórias, ideias, experiências, tradição, uma entidade condicionada com
inumeráveis reações contraditórias” – você parou de aprender sobre si
mesmo. Aprender sobre si mesmo requer uma humildade considerável,
nunca assumindo que você sabe alguma coisa: isto é, aprender sobre si
mesmo desde o início e não acumulando nunca. No momento em que
você acumula conhecimento sobre si mesmo através de sua própria
descoberta, isso se torna a plataforma a partir da qual você começa a
analisar, a aprender e, portanto aquilo que você aprende é meramente
mais um acréscimo àquilo que você já sabe. A humildade é um estado
mental que jamais adquire, jamais diz: Eu sei.
• (J. Krishnamurti - Talks & Dialogues Saanen 1967, p 212)

30
PARA ALÉM DO RUÍDO DAS PALAVRAS

• PARA ALÉM DO RUÍDO DAS PALAVRAS


• Ouvir é uma arte a que não se chega facilmente, mas nela residem uma grande
beleza e uma grande compreensão. Ouvimos com várias profundidades do nosso
ser, mas o nosso ouvir tem sempre lugar a partir de uma concepção prévia ou de
um determinado ponto de vista. Não ouvimos simplesmente; está lá sempre a
intervenção do véu dos nossos próprios pensamentos, conclusões e preconceitos…
Para ouvirmos necessitamos de uma quietude interior, de estarmos libertos da
pressão da aquisição, uma atenção descontraída. Este estado de atenção passiva é
capaz de ouvir o que está para além da conclusão verbal. As palavras confundem;
são apenas os meios exteriores de comunicação; mas para se conversar
intimamente, para além do ruído das palavras, deve haver no ouvir uma
passividade alerta. Aqueles que amam podem ouvir; mas é extremamente raro
encontrar um ouvinte. A maioria de nós anda atrás de resultados, da consecução
de objetivos; estamos eternamente a superar e a conquistar, e com tal não
conseguimos ouvir nada. É somente no ouvir que escutamos a melodia das
palavras.
• J. KRISHNAMURTI – “ A Vida” – reflexões de um dos maiores pensadores do nosso
tempo – Editorial Presença – LISBOA

31
O vazio psicológico
• Interlocutor: O senhor é muito deprimente. Eu procuro inspiração para continuar. O senhor não nos anima com
palavras de coragem e esperança. É errado procurar inspiração?
• Krishnamurti: Porque é que quer ser inspirado? Não é porque em si próprio é vazio, não criativo, solitário? Você
quer preencher esta solidão, este vazio doloroso; deve ter tentado diferentes maneiras e espera fugir-lhe de novo
vindo aqui. Este processo de encobrir a solidão árida é chamado inspiração. A inspiração torna-se então uma mera
estimulação, e tal como toda a estimulação, em breve traz o seu próprio aborrecimento e insensibilidade.
Passamos então de uma inspiração, de uma estimulação, para outra, cada uma trazendo o seu próprio
desapontamento e cansaço; a mente-coração perde assim a sua flexibilidade, a sua sensibilidade, a capacidade
interna de tensão perde-se através deste processo constante de extensão e relaxamento. A tensão é necessária
para descobrir mas a tensão que exige relaxamento ou uma estimulação em breve perde a sua capacidade de se
renovar, de ser flexível, de estar alerta. Esta flexibilidade alerta não pode ser induzida a partir do exterior; ele
chega quando não está dependente da estimulação, da inspiração. [...]
• Além disso, quem lhe pode dar ânimo, coragem e esperança? Se confiarmos em outro, ainda que notável e nobre,
estamos totalmente perdidos porque a dependência gera possessividade na qual há luta e dor infindáveis. O
ânimo e a felicidade não são fins em si; são, tal como a coragem e a esperança, incidentes na procura de algo que
é em si um fim. É este fim que tem que ser procurado paciente e diligentemente, e só através da sua descoberta é
que cessarão a confusão e a dor. O caminho para a sua descoberta encontra-se dentro de si próprio; qualquer
outra viagem é uma distração conduzindo à ignorância e à ilusão. A viagem dentro de si próprio deve ser
empreendida não para um resultado, não para resolver o conflito e a dor; porque a própria busca é devoção,
inspiração. Então o próprio viajar é um processo revelador, uma experiência que é constantemente libertadora e
criativa. Não reparou que a inspiração chega quando não a procura? Ele chega quando todas as expectativas
cessaram, quando a mente-coração está tranquila. O que é procurado é auto-criado e portanto não é o Real. [...]
• OJAI - 4ª PALESTRA - 1945

32
O descobrimento do amor

33
34
• Krishnamurti: ....o universo e a mente que se
esvaziou disso tudo são uma coisa só?
• David Bohm: São uma coisa só?
• Krishnamurti: Não são separados, são um só.
• David Bohm: Está dizendo, então, que o
universo material é como se fosse o corpo da
mente absoluta.
• Krishnamurti: Sim, isso mesmo.
35
• A Arte de Escutar
Frognerseteren, Noruega - palestra no coliseu 10 de setembro, 1933.
• [...]
Amigos, sabem, vamos de crença em crença, de experiência em experiência, esperando e procurando alguma
compreensão permanente que nos confira iluminação, sabedoria; e assim esperamos também descobrir por nós
próprios o que é a verdade. Portanto começamos a procurar a verdade, Deus, ou a vida. Ora para mim, esta
própria busca da verdade é uma negação dela, porque essa vida eterna, essa verdade, só pode ser compreendida
quando a mente e o coração estão libertos de todas as ideias, de todas as doutrinas, de todas as crenças, e
quando compreendermos a verdadeira função da individualidade.
• Eu afirmo que existe uma vida eterna que conheço e da qual falo, mas não se pode compreendê-la procurando-a.
O que é então a nossa busca? É apenas uma fuga dos nossos sofrimentos, confusões, conflitos diários; uma fuga
da nossa confusão do amor no qual há uma batalha constante de posse, de ciúme; uma fuga da luta constante
pela existência. Portanto dizemos para nós próprios, “Se eu puder compreender o que é a verdade, se puder
descobrir o que é Deus, então compreenderei e conquistarei a confusão, a luta, a dor, as inúmeras batalhas da
escolha. Deixa-me por isso descobrir o que é, e compreendendo isso, compreenderei a vida quotidiana em que há
tanto sofrimento.” Para mim a compreensão da verdade não reside na procura dela; reside na compreensão do
significado correto de todas as coisas; o significado completo da verdade está no momentâneo, e não separado
dele.
• Portanto a nossa procura da verdade é apenas uma fuga. A nossa busca e interrogação, o nosso estudo de
filosofias, a nossa imitação de sistemas éticos e a nossa contínua procura às apalpadelas daquela realidade que eu
afirmo que existe, são apenas modos de fuga. Compreender essa realidade é compreender a causa dos nossos
variados conflitos, lutas, sofrimentos; mas através do desejo de fugir desses conflitos, edificamos muitas maneiras
sutis de evitar o conflito, e refugiamo-nos nelas. Assim, a verdade torna-se apenas um outro refúgio no qual a
mente e o coração podem obter conforto. [...]
• (A Arte de Escutar. Filosofia. Textos de J.Krishnamurti em Português.)

36
O silêncio não pode ser reconhecido
• Pergunta: Desejo ardentemente o silêncio, mas vejo que minhas tentativas para alcançá-lo se tornam cada vez mais lamentáveis.
• Krishnamurti: Em primeiro lugar, você não pode desejar ardentemente o silêncio; você não sabe nada, absolutamente nada, a seu respeito. Ainda
que soubesse algo, isso não seria o silêncio, visto que o que você sabe não é o que é. por isso, é preciso ter muito cuidado, quando se diz "Sei".
• Veja, senhor! O que você conhece, reconhece. Eu lhe reconheço porque ontem o encontrei. Tendo ouvido o que então disse, e tendo visto seu modo
de ser, digo que lhe conheço. O que sei é coisa do passado, e daquele passado ei o reconheço. Mas o silêncio não pode ser reconhecido; nele não há
nenhum processo de reconhecimento. Esta é a primeira coisa que cumpre compreender. Para você reconhecer uma coisa, já deve te-la
experimentado, conhecido antes, ou deve ter lido a respeito dela, ou alguém tê-la descrito para você; mas o que se pode reconhecer, conhecer,
descrever, não é aquele silêncio. E ansiamos por esse silêncio, porque nossa vida é tão superficial, tão vazia, tão monótona, tão estúpida, que
desejamos escapar de suas detestáveis disputas. Mas, não podemos fugir da vida; temos de compreende-la. E para compreendermos uma coisa, não
devemos lhe dar pontapés, nem devemos fugir dela. Devemos ter extraordinário amor, verdadeira afeição por aquilo que queremos compreender.
Se você deseja compreender uma criança, não pode coagi-la, forçá-la, ou compará-la com seu irmão mais velho. Deve olhar a criança, observá-la com
carinho, ternura, afeição, com tudo o que possui. Analogamente, devemos compreender essa coisa vulgar que chamamos "nossa vida", com seus
ciúmes, conflitos, aflições, canseiras, pesares. Dessa compreensão provem uma certa qualidade de paz que não pode ser procurada.
• Há uma interessante história de um discípulo que foi procurar o Mestre. O Mestre está sentado num jardim muito bonito, quieto, bem irrigado, e o
discípulo vem sentar-se perto dele — não bem à sua frente, porque sentar-se diretamente à frente do Mestre não é muito respeitoso. Assim,
sentando-se um pouco para o lado, o discípulo cruza as pernas e fecha os olhos. Então, pergunta o Mestre: "Meu amigo, o que você está fazendo?"
Abrindo os olhos, o discípulo responde: "Mestre, estou tentando alcançar a consciência de Buda" — e torna a fechar os olhos. Daí a momentos, o
Mestre apanha duas pedras e começa a esfregar uma na outra, com muito barulho; então o discípulo desce das alturas em que andava e pergunta:
"Mestre, o que está fazendo?" Ao que o Mestre responde: "Estou esfregando estas duas pedras, para fazer com que uma delas se torne um espelho".
Diz então o discípulo: "Mas, Mestre, isso você jamais conseguirá, ainda que fique um milhão de anos esfregando essas pedras". Sorri, então o mestre
responde: "De modo idêntico, meu amigo, você pode ficar sentado aí um milhão de anos, que nunca alcançará o que está tentando alcançar". — É
isso o que todos nós estamos fazendo. Todos estamos tomando posições; todos estamos desejando alguma coisa, buscando alguma coisa, às
apalpadelas — o que exige esforço, luta, disciplina. Mas sinto lhe dizer que nenhuma dessas coisas lhe abrirá a porta. O que abrirá a porta é a
compreensão sem esforço; apenas olhar, observar, com afeição, com amor. Mas você não pode ter amor, se não é humilde; e só é possível a
humildade quando nada se deseja, nem dos deuses nem de nenhum ente humano.
• (Krishnamurti em, A MENTE SEM MEDO)

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• Esta atividade estranha, sem direção, parece acontecer
dormindo ou acordado.
• Ele acorda, seguidamente, com essa atividade de
meditação; algo desta natureza está acontecendo na
maioria das vezes. Ele nunca rejeitou-a ou convidou-a.
• Na outra noite ele acordou, bem acordado. Ele estava
consciente de que algo como uma bola de fogo, luz, fora
colocada dentro de sua cabeça, dentro do centro mesmo.
• Ele observou ela objetivamente por um tempo
considerável, como se estivesse acontecendo com outra
pessoa.
• Não era uma ilusão, algo gerado pela mente.
• Krishnamurti’s Journal – 17/09/1973

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Silêncio

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A ordem tem sua própria lei
• https://www.youtube.com/watch?v=LdN9Ofb
1Swo

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A verdadeira revolução - Meditação
• https://www.youtube.com/watch?v=d7Dej9v
VL8k&t=85s

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