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Introdução
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2. Justificação do corpus
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3. Fundamentação Teórica
1. Enxugamento do plural:
A redundância das marcas do plural na concordância do número fez com que
desaparecessem certos “s” e restasse apenas o do determinante.
Ex: Preciso que você compre aquelas banana madura.
2. Simplificação das conjugações verbais:
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Esse também é um fenômeno de enxugamento, contra as concordâncias
redundantes.
Exs. : Tu / Você gosta
Nós / A gente gosta
3. Redução do ditongo ou em o:
Essa monotongação ocorre em qualquer caso.
Exs. : Pouco > poço, roupa > ropa.
4. Redução do ditongo ei em e:
Diferentemente do ditongo ou, a monotongação do ei ocorre somente quando
este ditongo vem antes das consoantes j, x e r. Isso acontece porque as letras j, x e i são
todas palatais e acabam sofrendo o efeito da assimilação. O mesmo acontece com a
semivogal i e a consoante r, mas devido ao fato de terem um ponto de articulação
comum, a anterior.
Exs. : beijo > bêjo, peixe > pêxe, brasileiro > brasilêro.
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A escrita que se aproxima bastante do ato da fala desenvolve, portanto, em
muitos momentos, todas essas tendências naturais da língua aqui apresentadas. Elas
também aparecem com muita freqüência em situações de instabilidade psicológica,
tensão, medo e cansaço do falante-escritor.
De acordo com Preti (2004: 180,181), um indivíduo pode pertencer a vários
grupos sociais e ocupar, assim, diversas posições sociais, as quais chamamos de status.
O status pode ser atribuído (sexo, idade, raça, classe social) ou adquirido (por mérito,
competição, profissionalismo, competição) e o “conjunto de normas relativas a cada
status tem o nome de papel social” (Preti, 2004: 181).
O desempenho de um papel social pode levar a uma mudança de personalidade
do indivíduo, sendo que cada papel social possui uma expectativa da sociedade. É
corriqueiro aparecer em textos escritos o que chamamos de quebra de expectativa,
quando o destinador de uma mensagem totalmente informal, por exemplo, utiliza uma
construção sintática da norma culta. É chamado de atitude lingüística o julgamento de
linguagem ideal para certa situação de comunicação.
“A linguagem é um componente essencial no desempenho do papel social do
indivíduo” (Preti, 2004: 183). Pode-se fazer uma análise sociolingüística de um falante
apenas com a sua linguagem individual.
As formas de tratamento entre os interlocutores também estão intimamente
ligadas com os papéis sócias dos indivíduos na sociedade. Elas estão relacionadas com
o grau de intimidade, polidez, afetividade, hierarquia e poder entre os falantes.
Apresentam diversas variedades, de acordo com as situações de comunicação. De
acordo com a situação emotiva, os termos utilizados, por exemplo, por duas pessoas
íntimas, muda bastante. Segundo Preti (2004), o sistema de tratamento pode ser dividido
em:
1. Formas pronominais:
Exs. : Tu, Vós.
2. Formas pronominalizadas:
Exs. : Você, o Senhor, Vossa Excelência, Vossa Senhoria.
3. Formas nominais:
São os nomes próprios, prenomes, nomes de parentesco, apelidos, vocativos.
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Como já foi dito anteriormente, uma marca da oralidade nos textos escritos é a
variação da linguagem de acordo com as diversas situações interacionais. Mas agora
vamos dividir, de acordo com Preti (2004: 121), as variações lingüísticas em duas:
1. Macroanálise:
É decorrente de: “contexto histórico e geográfico, fatores extralingüísticos [...],
tais como grau de escolaridade, profissão, posição social, faixa etária, sexo dos falantes”
(Preti, 2004: 121).
2. Microanálise:
Depende de: “informações trazidas pela situação interacional, que compreende
todos os elementos pragmáticos que acompanham as falas e que geram contrastes como
proximidade/afastamento, clareza/ocultação, poder/submissão, etc., além das estratégias
conversacionais empregadas pelos interlocutores” (Preti, 2004: 121).
É no campo da microanálise que tratamos dos frames - enquadramentos dos
temas que pretendemos transmitir, que podem ser revelados pelo ritmo, intensidade ou
tom de voz, além de vocábulos aparentemente impróprios. Eles estão relacionados
geralmente com a situação da fala e podem ou não ser corretamente entendidos, o que
pode causar desentendimentos. A mudança de alinhamento por parte do interlocutor ao
longo do discurso é chamado footing. Os frames e os footings são típicos da língua oral,
mas aparecem muito no tipo de escrita de que estamos tratando.
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Em relação ao léxico, pode-se perceber o uso predominante do vocabulário
simples e o uso intensivo da gíria. A gíria, de acordo com Preti (2004: 66-67), surge
como um vocabulário identificador, de caráter criptológico, ou seja, uma linguagem
secreta como signo de grupo, de auto-afirmação. Quando possui essas características,
recebe o nome de gíria de grupo.
A gíria, em geral, é criada a partir da língua comum por processos de formação
da língua portuguesa, tais como a apócope, a metátese, a sufixação, a composição, a
metáfora, a metonímia, a polissemia, entre outros.
Na maioria dos casos, em um dado momento, a gíria de grupo transforma-se em
uma gíria comum, que é a “vulgarização do fenômeno, isto é, o momento em que, pelo
contato dos grupos restritos com a sociedade, essa linguagem se divulga, torna-se
conhecida e passa a fazer parte do vocabulário popular, perdendo sua identificação
inicial” (Preti, 2004: 66). Isso mostra como o vocabulário gírio é efêmero e dinâmico.
A gíria comum é muito utilizada pelos indivíduos quando querem transmitir
intimidade, familiaridade, modernidade, irreverência ou informalidade. A mídia é,
atualmente, a grande responsável pelo processo de uniformização dessa linguagem, pois
a usa para criar uma interação escritor/leitor e tornar a leitura mais agradável.
Todas essas características da linguagem oral abordadas neste capítulo são
passadas para os textos escritos de forma a criar um discurso próximo ou não à
realidade falada dependendo da intensidade que são utilizadas.
Veremos, no capítulo a seguir, exemplos de textos que seguem as abordagens
aqui realizadas e suas respectivas análises.
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4. Análise do corpus
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Beijos!!
(baladas japas)
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Nesse caso, “Aí tosquêra” poderia ser ofensivo, mas torna-se uma forma de
maior intimidade devido ao frame que se enquadra, sendo facilmente entendido apenas
como vocativo. Também é possível observar oralidade na frase “Já eu...”, que apresenta
marca de pausa por meio de uma seqüência de três pontos, na contração “Taí” que
substitui “Está aí” e o uso da expressão estigmatizada “amor de pessoa”. Ainda verifica-
se a presença do termo gírio “tosquices”, que se refere a algum programa que possam
fazer juntas.
Esse trecho assemelha-se a um típico recado de fim de ano, mas sai do padrão
quando ocorre uma quebra de expectativa em “sexo pra gente!!”, pois sendo ambos os
interlocutores do sexo feminino, espera-se uma linguagem mais delicada, sem
conotações pejorativas. Como nos demais scraps, há traços de oralidade, como a
presença da gíria comum na expressão nominal “Meu”, os risos representados por
“hehehe” e o uso da forma superlativa “Beijão!”.
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uso do estrangeirismo (“kisses”), de gíria comum (“tamu sempre na área”), de gíria de
grupo dos internautas (“testimonial” - testemunho; “Haifriends” – página da Internet
similar ao Orkut) e uso do diminutivo “pertinho”. Mas, ao contrário das outras
mensagens, verifica-se uma estrutura mais complexa, com conjunções; uma linguagem
mais cuidadosa, usando palavras inteiras e de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa e uso de figuras, como a ironia em “não somos amigos” que contrasta com
“Garota se cuida” e a hipérbole, dada em “milhões de kisses”.
Natalia: Oiii...!! =]
td na paz?? heheh...
Ah, meo.. a feesta foi adiada pru dia 18... tenhu amis
tempo pra pensah... MAis di cone (apesar di c original)
eu n kero ih naum!! hahhaha....
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pontuação excessiva - que simulam as entoações, suas intensidades e sustentam
algumas pausas.
Outro índice de oralidade muito forte é a adaptação ortográfica das palavras para
a forma pronunciada, que pode ser confundida com “erros de português” numa visão
mais prescritiva e normativa. Exemplos dessa ocorrência são: “enxe” (enche); “di” (de);
“deu” (de eu) – nesse caso, a forma distensa substitui o pronome pessoal do caso
oblíquo “mim” pelo pronome pessoal do caso reto “eu”; “ki” (que); etc.
Verifica-se também a falta de acentuação, sendo os acentos agudos trocados pelo
“h” no final da sílaba. Exemplos: “tah” (tá), “pensah” (pensa – forma oral), “neh”
(“né” – forma aglutinada de “não é”; sendo que essa forma pode ser vista como uma
variação geográfica, por ser característica dos falantes paulistanos).
Estrangeirismos também estão presentes em “present” (“presente” em inglês) e
“okei” (pronúncia inglesa de “OK.” adaptado ao sistema fonológico da língua
portuguesa).
Como se trata de um texto de Internet e distenso, há uma enorme quantidade de
abreviações (“vc” - você; “tbm” – também; “mto” – muito; “c” – ser ou se) e de
emoticons.
Em “provitchas” verifica-se o diminutivo típico da fala feminina e a
substituição de -nh- (nasal) por –tch- (fricativa), proporcionando uma sonoridade
expressiva tipicamente jovem, também identificada nas onomatopéias demonstrando
euforia, empolgação. Além disso, expressões de gírias comuns, como “enxe u saco”,
“tudo na paz” e “estamos aí” reforçam a atitude juvenil da autora. Há um traço de
rebeldia na insistente escrita “amis” substituindo “mais” ou o símbolo “+” (mais usado
por internautas).
Apesar de tantas expressões orais, a forma “namorado/a” mostra uma estrutura
possível somente na escrita em que se mostra a indefinição de gênero.
A seguir veremos scraps cujo destinatário é uma pessoa do sexo masculino, de
19 anos.
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Neste trecho percebemos a oralidade logo no início, em “aê guri!”. Atente-se
para o chamativo “guri”, que é um regionalismo proveniente da região sul do país, e que
corresponde a garoto ou menino. Este termo, no entanto, não corresponde à origem do
destinador – que é paulista- e sim do destinatário.
Há o enxugamento de palavras em: “ke” por “que”, e em “vcs” por “vocês”.
Percebe-se também que as palavras estão devidamente acentuadas, o que poderia indicar
o uso da forma culta, entretanto observamos mais à frente o uso da forma “pra”, no
lugar de “para” o que demonstra coloquialidade.
Vemos também o recurso expressivo do emoticon, forma gráfica que procura
imitar expressões faciais para transmitir sentimentos. No caso “=P”, uma espécie de
“meio sorriso”, pode indicar timidez, vergonha ou similares.
Outra marca da oralidade é a tentativa de imitar o som de uma gargalhada com
interjeições. O interessante é que neste caso pode-se observar que devido à falta de
recurso de expressão na forma escrita não é possível indicar o frame exato desta
gargalhada, isto é, ela tanto poderia ser uma “risada cavernosa”, com um tom mais
grave, que teria o intuito de inspirar medo, o que nesse caso poderia também ser
associado a um contexto irônico em segundo plano, como poderia ser uma “risada
normal”, simplesmente expressando alegria e sem um segundo contexto.
No campo de estudo da gíria observamos algumas gírias de grupo e também
algumas comuns. Entre as de grupo vemos um termo e uma expressão, ambos
característicos da linguagem dos jogadores de RPG – jogo de interpretação de papéis,
originado nos Estados Unidos que se serve de um sistema de regras, um “mestre” e
dados para que jogadores interpretando personagens criados por eles próprios possam
vivenciar uma história guiada e coordenada pelo mestre - ou como eles próprios diriam,
“errepegistas”: “mestrar” é o termo usado para o ato de ser o mestre durante um jogo de
rpg, e “vampiro: idade das trevas” é um dos sistemas de regras e ambientação de
história, caracterizando uma figura de linguagem, a metonímia, sendo esta composição
muito comum no grupo. Entre as gírias comuns a que aparece é “rolar”, que apesar de
ser mais freqüente entre os jovens tem sido muito disseminada pela mídia e é cada vez
mais comum.
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Neste trecho não há enxugamento de palavras e a maioria está acentuada.
Entretanto, o texto é bastante oral e descontraído, com grande presença de vocábulos
gírios, indicando um grau maior de intimidade dos interlocutores e que o destinador é
jovem.
A respeito ainda de gíria, podemos citar que as aí presentes são gírias já
banalizadas, portanto comuns, não revelando um grupo específico a qual o destinador
possa pertencer. As gírias que expressões encontradas são: “cara”, que é um referente
tanto de terceira como de primeira pessoa e de gênero indefinido e “como ce anda” por
“como você está”. Vemos também as expressões “sumiu”, que expressa a ausência de
notícias do destinatário, e mais especificamente, uma reclamação desta ausência por
parte do destinador e “dá um sinal de vida”, que é justamente um pedido do destinador
para que o destinatário mande notícias.
Entre as características orais temos a expressão “E ae”, por “E aí”, que já é um
termo gírio para “como vai”. Aparecendo com a vogal e, indica já uma nova forma de
pronúncia da mesma construção. Observamos também a substituição da forma “você”,
por “ce”, o que indica um registro popular da língua e expressa uma tendência da
redação e supressão dos termos.
Estas expressões gírias, no entanto, pelo que se observa, são gírias comuns, não
revelando muito mais sobre o destinador além de sua provável faixa etária.
Por fim observamos o chamativo “Chuca”, que é um apelido mais restrito do
destinatário – na verdade, apenas três pessoas usam este referente para o destinatário,
incluso o destinador – que acaba por indicar um certo grau de intimidade entre estes.
Este texto tem muitos traços de oralidade, mas também demonstra um certo
distanciamento entre os interlocutores.
Vemos logo no início uma expressão gíria: “fala ae”, que aparece de forma
contraída, e significa aproximadamente “como vai”. Em seguida ele repete a mesma
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pergunta, variando a forma: “como anda a vida ae??”, estabelecendo uma forte função
fática, que evidência a falta de intimidade referida anteriormente. O texto termina quase
que de maneira formal, com os votos de felicidade e sorte, e com abraços – o que
lembra muito um cartão de ano novo.
O chamativo escolhido é “garoto”, o que reforça ainda mais a pouca intimidade
com o destinatário.
Percebe-se que mesmo em um texto escrito, em que o destinatário não está
presente, o destinador não se sente suficientemente á vontade, e os freqüentes “ae”
evidenciam sua falta de assunto a tratar com o destinatário, - ao mesmo tempo que seu
desejo de manter a comunicação - bem como seu desconforto nesta comunicação.
Observe-se também que em comparação com os outros textos, a respeito da
proximidade do registro com a norma culta, que esta característica parece ser uma
constante nestes três registros, por mais distensa e oral que possa ser, o que
provavelmente pode indicar uma característica de grupo ou um “desconforto
lingüístico” para com o destinatário.
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turno em uma conversa e para adicionar algo à sua fala, substituindo o “P.S.” da forma
escrita.
Esta oralidade no final do texto é uma tentativa de aproximação com o destinatário.
O destinador ainda termina a mensagem no mesmo formato de uma carta,
deixando sua identificação no final, após uma despedida, o que reforça o texto em seu
modelo escrito, fugindo da oralidade. A despedida – “uma grande abraço” – é o clímax
desta tentativa de aproximação com o destinatário, o que acaba sendo mais um recurso
usado na tentativa de persuasão do destinador.
No caso dos e-mails, o corpus foi restrito aos de convites para algum evento,
descrito no assunto.
COPA-USP
Oi, meu nome é Augusto.
Falei com vc naquele domingo do Bichusp no qual vc
gostaria de jogar e no entanto a Atlética não havia feito a
inscrição, do you remember?
Pois é, estamos convidando vc para participar da equipe
de Tênis de Mesa Feminino da FFLCH que nos
representará na Copa USP 2005.
Vai ser no dia 15 de Maio, lá no Itaim Keiko, a partir das
8:00 da manhã, provavelmente vc deve compor uma
equipe com a Suzana Ogawa e com a Olívia.
Me confirme sua presença, OK? Contamos com vc e com
toda a sua simpatia!!!
Um abraço!
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Contínuo “estamos convidando”. Mesmo assim, apresenta uma construção mais
próxima à escrita com a oração subordinada “que nos representará”, o que pode ser
interpretado como um indício do nível de escolaridade do destinador.
Pessach
Oi, Karen.
Não sei se vai dar tempo de avisar.
Hoje é a Páscoa lá na Igreja. Lembra?
Sinceramente não sei a que pé andas, mas estou avisando
por consciência.
Espero que esteja bem.
Fique na Paz
Abraço
Léo!
o q rolará:
festa da energia 97
uma banda de pagode q não sabei o nome, kkk
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festa da red bull – comprando um red bull ganhe uma
dose de vodka até uma e meia da manhã
pra quem for me mandem o nome até a quinta a noite pra
eu colocar na lista ok??
fabiopassat@ig.com.br ou fabiopassat@pop.com.br
local:
Ibiza (ex-Infinity)
R. Casa do Ator, 1169
Gênero: Dance/Cisco/Pop | Tel: (11) 3045-0388
aguardo a presença de todos!! Valews!!!
Sendo um convite para uma festa em uma danceteria, esse e-mail se apresenta
coloquialmente e de forma a convencer os convidados a comparecerem na
comemoração. No próprio título já são apresentadas gírias comuns como “balada”,
“niver” (forma reduzida de “aniversário” muito usada por jovens) e certa excitação ao
descrever a data “sexta-feira 13”, já que geralmente é ligada à superstição de que
ocorrem fatos estranhos e inexplicáveis, como uma provocação dizendo “para quem
tem coragem de enfrentar o sobrenatural”. O conteúdo inicia-se com uma empolgação
que ele tentou demonstrar na linguagem através de “aee galera”, com o uso da gíria
“fmz” – forma abreviada de “firmeza” – e a identificação do remetente como meio de
reter a atenção dos mais íntimos ou mais interessados em revê-lo (neste grupo, os e-
mails são enviados quase que aleatoriamente para todos os colegas de trabalho). Segue-
se a essa introdução o motivo já analisado a partir do título e as especificações do local.
Como chamativo o destinador utiliza “rolará”, verbo com significado gírio de
acontecer, numa adaptação à norma culta, pois é mais comum a forma “vai rolar”.
Também pode-se observar a distensão na falta de maiúsculas e de pontuação, na
oralidade das formas “pra” e “ok”, na mimese de gargalhada em “kkk”, na desatenção
em “sabei” no lugar de “sei” e novamente no termo gírio “Valews” como forma de
agradecimento.
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das leis, tradição esta mantida, como forma de tornar o processo solene, digno de
respeito e confiança. Tal realidade vai ao encontro da visão que se quer passar da
justiça: imparcial e certeira.
Observemos o seguinte trecho:
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imediatamente); “cognição sumária” (ao decidir uma questão urgente, tal como uma
liminar, geralmente danos podem ser causados pela demora, o que faz com que admita-
se uma análise superficial da questão: se existir a aparência de que a pessoa merece o
que pleiteia, será concedido. Assim, atende-se ao requisito da urgência).
Imerso nessa riqueza de vocabulário, dotado de um caráter de formalidade,
novamente a surpresa ao encontrar-se o pleonasmo “repita-se, mais uma vez” ou
palavras como “fulmina”, palavra de tom exagerado e grande carga imagética.
Obviamente o que se discute aqui são sutilezas somente captadas por aquele
atento às variações lingüísticas. Não se quer, de forma alguma, condenar tais práticas
que são, aliás, necessárias ao advogado. Ser parcial é exatamente o que se pretende.
Vejamos outro exemplo:
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sempre no último dia útil do mês, sem que houvesse um
grande comprometimento em seu orçamento doméstico
(doc. 07 a 13). Assim, acreditava, poria uma pá de cal no
problema que o assolava há tanto tempo.
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Ora, se o nosso ordenamento positivo vigente até o dia 09
de janeiro de 2001 – data da publicação da lei
10174/2001 – não permitia que o fisco se utilizasse dos
dados da CPMF para a constituição de crédito tributário
relativo a outras contribuições ou impostos como pode a
Digna Autoridade Coatora pretender utilizar-se os dados
da CPMF para lançar tributos relativos ao exercício de
1998, aplicando retroativamente a lei?
Há algumas vozes que, de forma inconstitucional,
fundamentam tal disparate jurídico no artigo (...).
Dizem essas pessoas que tentam justificar a
retroatividade da lei (...).
Balelas!
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Neste trecho notamos que quem o escreveu não possui um total domínio da
norma culta. Encontramos, em um parágrafo, quatro vezes o pronome indefinido “lá”.
Talvez se tenha tentado simplificar a linguagem para que a compreensão fosse
facilitada, mas o que se conseguiu foi um texto que chega a ser engraçado por sua
insistência. É típico da linguagem oral esse descuido com o que já foi dito. Quando se
fala, não se está atento para evitar repetições. No entanto, na modalidade escrita,
prefere-se evitar tal prática, pois, diferentemente da fala - em que se quer rapidez e
fluência -, na escrita ela deixa o texto pobre, como no exemplo acima.
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juiz é tratado por “Excelência”. Possuem status diferentes. Mas o que ocorre aqui, e em
vários outros trechos, é essa aproximação forçada. É divertido imaginar se numa
conversa com o juiz o advogado se atreveria a usar essa mesma expressão. No entanto,
como o processo é um instrumento escrito, somente lido num segundo momento -
quando já não se tem quem escreveu a petição à frente – o advogado toma esta
liberdade, pois sabe que dificilmente será repreendido.
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Conclusão
Vimos através de nossa análise as diversas formas que um texto escrito pode
tomar: aproximando-se muito da fala, como no caso dos scraps, ou afastando-se quase
que totalmente dela como no caso das petições processuais.
Também vimos as finalidades dessas variações da linguagem: os textos
veiculados pela Internet são muito ricos, pois o que se tem em mente é uma tentativa
recriação da conversa ao vivo, com a inclusão de termos prosódicos, pausas, correções,
risadas, expressões faciais através dos emoticons, entre outros recursos utilizados.
Já na linguagem jurídica, muito tensa e repleta de vocabulário específico da
área, ainda sim, vimos que existem interferências da modalidade oral da língua. Tal se
dá, não para que a fluência se aproxime da de uma conversa, mas porque em
determinados momentos, o advogado se vê numa situação em que precisa lançar mão de
algum recurso que o permita chegar mais próximo do juiz, a fim de convencê-lo.
Portanto, seja qual for a finalidade de tais interferências, fato é que elas estão
muito presentes ao nosso redor. A língua oral, que admite e incorpora as mudanças e
variações muito mais rápido que a língua escrita, é a grande responsável pela
atualização desta. Um texto que não as possua, dificilmente será bem compreendido
atualmente e, embora no caso dos textos jurídicos essas variações causem muitas vezes
estranheza, pretender que elas não ocorram é fechar os olhos para uma realidade da qual
não podemos nos desvencilhar, a de que a língua jamais permanece estanque.
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Referências bibliográficas
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Anexos
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