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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PRINCIPAIS JULGADOS DE
DIREITO DO CONSUMIDOR
EM 2017
Lucas Almeida Chaves Pereira
Monitor Acadêmico da EMERJ
A metodologia e conteúdo da aula

 O desenvolvimento da aula se dará com base na


metodologia do caso concreto, de modo que será
apresentado um caso, no qual será possível perceber
marcas disparadoras do raciocínio jurídico, permitindo
que sejam construídas soluções para os problemas
jurídicos do caso, com base no diálogo e na diversidade
de ideias, valendo-se da legislação, da doutrina e da
jurisprudência; sendo que, ao final, apresentar-se-á uma
das possíveis soluções ao caso, mormente aquela advinda
do julgado que serviu de base.
 O conteúdo da aula estará relacionado aos principais
julgados de Direito do Consumidor em 2017,
especialmente quanto ao RE 636.331/RJ.
Caso Concreto

Em janeiro de 2014, o jovem casal de namorados,


Paulo e Daniela, decidiu realizar uma viagem romântica
pela Europa. O passeio foi memorável, porém, na data
da volta para o Brasil, em 22/01/2014, o seu voo da
Ar de Paris (Paris a São Paulo) sofreu um atraso de mais
de 8 horas, sem que fossem fornecidas informações
claras e compensações em relação ao atraso. Contudo,
o casal não se importou com o ocorrido, pois estavam
muito apaixonados, aproveitando aquele tempo juntos.
Caso Concreto

Passado algum tempo, decidiram se casar e


marcaram a data para 20/01/2017, sendo que, no dia
seguinte, viajariam para a lua de mel em Paris, a qual
duraria uma semana. Tudo transcorreu conforme o
planejado, até o momento em que voltaram ao Brasil,
quando, ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos/SP,
perceberam que a mala de Daniela havia sido extraviada.
A companhia aérea Ar de Paris admitiu que a mala fora
perdida na conexão realizada e se ofereceu a reparar o
prejuízo de Daniela com um voucher de R$ 4.500,00
(quatro mil e quinhentos reais) para ser utilizado em voos(...)
Caso Concreto

(...) da companhia, o que na foi aceito pela consumidora.


Indignada com o prejuízo econômico sofrido de
aproximadamente R$100.000,00 (cem mil reais), já que
sua mala continha duas bolsas de grife francesa e cinco
vestidos da última coleção, além de objetos pessoais;
Daniela decidiu buscar judicialmente seus direitos.
Assim, em fevereiro propôs uma ação de indenização
por danos materiais e morais em face da Ar de Paris,
requerendo, com base nos art. 6º, VI e art. 14, ambos do
Código de Defesa do Consumidor, a condenação da ré à
reparação integral do dano sofrido com o extravio da(...)
Caso Concreto

(...) bagagem, no valor de R$100.000,00 (cem mil reais),


bem como o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais)
em decorrência do transtorno suportado, o qual teria
arruinado sua lua de mel. Junto a inicial, trouxe as notas
fiscais dos objetos que estavam na mala.
Regularmente citada, a fornecedora apresentou sua
contestação, na qual reconheceu a ocorrência do extravio
da mala da autora, mas se opôs ao valor pleiteado.
Alegou que a indenização pedida estava bem acima do
valor fixado pela legislação que disciplina o transporte
aéreo internacional, qual seja,(...)
Caso Concreto

(...) as Convenções de Varsóvia e de Montreal, em razão


do disposto no art. 178 da CRFB. Argumentou que tais
Convenções estipulam valores máximos que o
transportador poderá ser obrigado a pagar em caso de
responsabilidade civil decorrente de transporte aéreo
internacional, de forma que, no presente caso, o art. 22,
item 2, da Convenção determinava que a
responsabilidade do prestador de serviços estaria
limitada a pagar uma quantia máxima de 1.000 Direitos
Especiais de Saque por passageiro, o que equivaleria
cerca de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais).
Caso Concreto

Ainda, alegou que autora não preencheu qualquer


documentação que alertasse à companhia aérea do
conteúdo e valor da mala, o que, por consequência, lhe
retiraria o direito à indenização integral do suposto valor,
conforme o art. 22, item 2, segunda parte, da referida
Convenção. Dessa forma, pleiteou que a indenização
pelos danos materiais e morais somados respeitasse os
limites legais estabelecidos naquela norma internacional.
Em réplica, a autora argumentou que a norma
internacional não poderia prevalecer sobre o disposto no
diploma consumerista, uma vez que este é posterior ao(...)
Caso Concreto

(...) referido tratado e que se funda em uma garantia


fundamental (art. 5º, XXXII da CRFB), sendo princípio
estruturador do ordenamento jurídico pátrio e da própria
ordem econômica (art. 170, V da CRFB). Dessa forma, a
proteção ao consumidor impõe que a reparação se dê na
integralidade dos prejuízos experimentados pelo
consumidor.
Considerando como verdadeiros os fatos narrados,
diante do exposto, em vista da jurisprudência dos
tribunais superiores e dos princípios constitucionais, decida
o caso concreto e explique:
Caso Concreto

a) Qual a legislação aplicável para os casos de


extravio de bagagem de consumidor em
transporte aéreo internacional? E no caso de
transporte aéreo doméstico?
b) Como deve ser julgado o pedido de danos
materiais? E o pleito de danos morais?
c) Poderia Daniela pleitear a reparação dos
danos causados pelo atraso no voo de volta em
2014? Qual o regramento relativo à prescrição
aplicável nos casos de acidente aéreo?
Mapeamento do caso
Identificar as partes, os pedidos e as fundamentações

Autora Daniela
Pedido Condenar a indenização de R$ 100.000,00 pelos
danos materiais e R$ 10.000,00 pelos danos morais
Fundamento Defeito na prestação do serviço (art. 14 do CDC)
por ter sido extraviada a bagagem, além desse
episódio ter gerado transtorno e arruinado sua
lua de mel, o que enseja a efetiva reparação do
dano material e moral (art. 6º, VI, do CDC);
Aplicação do CDC frente às convenções
internacionais a despeito do art. 178 da CRFB,
por ser norma posterior, consubstanciando a
realização de uma garantia fundamental do
ordenamento jurídico e da própria ordem
econômica (art. 5º, XXXII, e art. 170, V, da CRFB).
Mapeamento do caso
Identificar as partes, os pedidos e as fundamentações

Réu Ar de Paris
Pedidos Limitação da indenização por danos materiais e morais
ao disposto no art. 22, item 3 da convenção de Montreal
Fundamento Aplicação da Convenções de Varsóvia e de
Montreal, em razão do disposto no art. 178 da
CRFB, com indenização “tarifada” em caso de
responsabilidade civil decorrente de transporte
aéreo internacional, limitada a pagar uma quantia
máxima de 1.000 Direitos Especiais de Saque por
passageiro (R$ 4.500,00).
Autora não preencheu qualquer documentação do
conteúdo e valor da mala, sem direito à indenização
integral do suposto valor, conforme o art. 22, item 2,
segunda parte, da referida Convenção.
Questões Fundamentais
Quem quer o quê, de quem e por quê?

QUEM? Daniela
O QUÊ? Condenar a indenização de R$ 100.000,00 pelos
danos materiais e R$ 10.000,00 pelos danos morais
DE QUEM? Air France
POR QUÊ? Defeito na prestação do serviço (art. 14 do
CDC) por ter sido extraviada a bagagem, além
desse episódio ter gerado transtorno e
arruinado sua lua de mel, o que enseja a
efetiva reparação do dano material e moral
(art. 6º, VI, do CDC);
Aplicação do CDC frente às convenções
internacionais (art. 5º, XXXII, da CRFB), a
despeito do art. 178 da CRFB.
Problemas Jurídicos e Questões Norteadoras

1) Antinomia entre o CDC e as convenções internacionais


a) Qual a legislação aplicável para os casos de extravio de bagagem de
consumidor em transporte aéreo internacional? E no caso de transporte aéreo
doméstico?
2) Danos materiais e danos morais
b) Como deve ser julgado o pedido de danos materiais? E o pleito de
danos morais?
3) Prescrição
c) Poderia Daniela pleitear a reparação dos danos causados pelo atraso no
voo de volta em 2014? Qual o regramento relativo à prescrição aplicável
nos casos de acidente aéreo?
Antinomia – CDC x Convenções
 O cerne da discussão envolve compreender qual a
norma prevalecente nas hipóteses de conflito
entre o Código de Defesa do Consumidor (CDC)
e a Convenção de Varsóvia de 1929.
 Para tanto, primeiro deve-se verificar o contrato

em questão. Posteriormente, após breve


introdução, analisam-se os dispositivos
constitucionais e legais relacionados a cada
diploma, o que permitirá concluir pela solução
mais adequada ao caso concreto.
Antinomia – CDC x Convenções
 Contrato de Transporte
 Disciplinado, inicialmente, no Código Comercial, sendo
posteriormente revogado pela previsão dessa espécie
de contrato nos art. 730 a 756 do CC/02. Mas há
hipóteses em que o contrato será regido por leis
específicas, a exemplo do CDC, da Lei 9.611/98
(transporte multimodal), da Lei 7.565/86 (Código
Brasileiro de Aeronáutica – CBA) e do próprio Código
Comercial (transporte marítimo).
Antinomia – CDC x Convenções
 Contrato de Transporte
 Classificações

a) Transporte de Pessoas (art. 734 a 742 do CC/02)


b) Transporte de Cargas (art. 743 a 756 do CC/02)

a) Internacional
b) Nacional (Doméstico)
Antinomia – CDC x Convenções
 Contrato de Transporte
 Classificações
a) Público

b) Privado

a) Aquaviário
b) Aéreo
c) Terrestre
Antinomia – CDC x Convenções
 Contrato de Transporte
 Conceito: É o contrato que tem por objeto o
deslocamento ou a condução de pessoas ou de
coisas em veículos apropriados, mediante
remuneração.
 Características: consensual, oneroso, comutativo,
bilateral, de execução sucessiva, não solene e, em
regra, de adesão.
 Obs.: Nos contratos de massa, o contrato de transporte
é sempre de adesão. Daí a existência de agencias
reguladoras para se evitar cláusulas abusivas: ANTT,
ANTAC e ANAC.
Antinomia – CDC x Convenções
 Dispositivos que embasam a aplicação do CDC
 Art. 5º, XXXII, da CRFB
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade, nos termos seguintes: (...)
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
do consumidor.
 É um “princípio institutivo”, segundo o Ministro Luís
Roberto Barroso.
Antinomia – CDC x Convenções
 Dispositivos que embasam a aplicação do CDC
 Art. 170, V, da CRFB, ao dispor sobre a ordem
econômica prevê, entre outros aspectos relevantes, a
defesa do consumidor:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
(...)
V - defesa do consumidor
Antinomia – CDC x Convenções
 Dispositivos relevantes do CDC
 Art 6º, VI, do CDC traz a previsão do direito básico à
efetiva reparação dos danos sofridos na relação de
consumo. Também é chamado de “princípio da
reparação integral”:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


(...)
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
Antinomia – CDC x Convenções
 Dispositivos relevantes do CDC
 Art. 14 do CDC traz outro dispositivo relevante para a
análise do caso concreto, uma vez que conceitua o “fato
do serviço”, estabelecendo a responsabilidade objetiva
do fornecedor de serviços pelos danos causados.
Vejamos:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.
Antinomia – CDC x Convenções
 Válido mencionar, igualmente, o disposto no art. 14, §1º,
do CDC, uma vez que explica a caracterização do
serviço como “defeituoso”. Vejamos:
§1° O serviço é defeituoso quando não fornece a
segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se
esperam;
III - a época em que foi fornecido.
Antinomia – CDC x Convenções
 Pelo art. 14, § 2º, do CDC, não será defeituoso o serviço
por surgirem outros que adotam novas técnicas de
execução.
 O art. 14, §3º, do CDC, traz hipóteses de não
responsabilização do fornecedor quando puder provar
que o defeito inexiste ou que haja culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro.
 Por fim, o art.14, §4º, do CDC, traz uma exceção para
os profissionais liberais, sendo uma responsabilidade
subjetiva, mediante a avaliação da culpa.
Antinomia – CDC x Convenções
 A jurisprudência e a doutrina tem ampliado o conceito
de fato do produto para incluir situações de vício tão
grave que haja risco de ocasionar dano material ou
moral ao consumidor. Nesse sentido:
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO. O
aparecimento de grave vício em revestimento (pisos e
azulejos), quando já se encontrava devidamente instalado na
residência do consumidor, configura FATO DO PRODUTO,
sendo, portanto, de 5 anos o prazo prescricional da pretensão
reparatória (art. 27 do CDC). O art. 12, § 1º do CDC
afirma que defeito diz respeito a circunstâncias que gerem a
insegurança do produto ou serviço. Está relacionado,
portanto, com o acidente de consumo.
Antinomia – CDC x Convenções
 No entanto, a doutrina e o STJ entendem que o conceito
de “fato do produto” deve ser lido de forma mais
ampla, abrangendo todo e qualquer vício que seja
grave a ponto de ocasionar dano indenizável ao
patrimônio material ou moral do consumidor. Desse
modo, mesmo o produto/serviço não sendo
“inseguro”, isso poderá configurar “fato do
produto/serviço” se o vício for muito grave a ponto de
ocasionar dano material ou moral ao consumidor. Foi
nesse sentido que o STJ enquadrou o caso do piso de
cerâmica. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.176.323-SP, Rel. Min.
Villas Bôas Cueva, julgado em 3/3/2015 - Info 557).
Antinomia – CDC x Convenções
 Em suma:
“Quando se fala em fato do produto ou do serviço, tem-se
um vício de qualidade por insegurança. A doutrina se
refere como “defeito”. Significa que aquele produto ou
serviço não oferece um nível de segurança esperado pelo
consumidor em relação ao uso que ele vai fazer, o que
viria a constituir um defeito (art. 12, §1º, CDC).
Já quando se fala em vício do produto ou do serviço, tem-
se um vício de quantidade ou de qualidade por
adequação. No vício, o bem não é adequado ao uso que
se destina, seja ele na quantidade, seja ele na qualidade”
Antinomia – CDC x Convenções
 Dispositivos que embasam a aplicação das Convenções
 Art. 178 da CRFB, desde a redação original já previa que
seriam respeitados os acordos internacionais referentes ao
transporte internacional. Vejamos:
Art. 178. A lei disporá sobre:
I - a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre;
II - a predominância dos armadores nacionais e navios de
bandeira e registros brasileiros e do país exportador ou
importador;
III - o transporte de granéis;
IV - a utilização de embarcações de pesca e outras.

§ 1º A ordenação do transporte internacional cumprirá os acordos


firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.
Antinomia – CDC x Convenções
 Dispositivos que embasam a aplicação das Convenções
 Art. 178 da CRFB manteve a previsão de que deveriam ser
observados os acordos firmados pela União em matéria de
transporte internacional, mesmo após alteração pela EC
07/95. Vejamos:
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes
aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do
transporte internacional, observar os acordos firmados pela
União, atendido o princípio da reciprocidade.

Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a


lei estabelecerá as condições em que o transporte de
mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderão
ser feitos por embarcações estrangeiras.
Antinomia – CDC x Convenções
 Breve histórico sobre as convenções internacionais
 Evidenciando-se a existência de previsão constitucional que demanda a
aplicação dos acordos internacionais cabíveis sobre o tema do transporte
aéreo internacional, faz-se mister traçar breve histórico sobre as convenções.
 A Convenção de Varsóvia, “Convenção para a Unificação de Certas Regras
relativas ao Transporte Aéreo Internacional”, foi introduzida no direito
pátrio pelo Decreto 20.704, de 24 de dezembro de 1931.
 Posteriormente, o disposto no art. 22 e outras normas foram modificadas
sucessivamente pelo Protocolo de Haia, introduzido no direito brasileiro pelo
Decreto 56.463, de 15 de junho de 1965; pelo Protocolo Adicional 4,
assinado em Montreal, introduzido no direito brasileiro pelo Decreto 2.861,
de 7 de setembro de 1998.
 Finalmente, foi alterado pela Convenção para Unificação de Certas Regras
Relativas ao Transporte Aéreo Internacional, celebrada em Montreal, em 28
de maio de 1999, aprovada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto
Legislativo 59, de 19 de abril de 2006, e promulgada pelo Decreto 5.910,
de 27 de setembro de 2006.
Antinomia – CDC x Convenções
 Breve histórico sobre as convenções internacionais
 A bem da verdade, a Convenção de Montreal acabou
substituindo a própria Convenção de Varsóvia, a partir de
sua assinatura, conforme se depreende da leitura do
preambulo da convenção:
RECONHECENDO a importante contribuição da Convenção Para a Unificação de
Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo Internacional, assinada em
Varsóvia, em 12 de outubro de 1929, doravante denominada “Convenção de
Varsóvia”, (...) RECONHECENDO a necessidade de modernizar e refundir a
Convenção de Varsóvia e os instrumentos conexos; (...) CONVENCIDOS de que
a ação coletiva dos Estados para uma maior harmonização e codificação de
certas regras que regulam o transporte aéreo internacional, mediante uma nova
Convenção, é o meio mais apropriado para lograr um equilíbrio de interesses
eqüitativo;
Antinomia – CDC x Convenções
 Estado da jurisprudência sobre o assunto
 Contudo, antes de se adentrar à análise dos critérios
para solução do conflito aparente de normas, deve-se
contextualizar que o Superior Tribunal de Justiça já
possuía entendimento reiterado pela aplicação do
Código de Defesa do Consumidor nos contratos de
transporte aéreo que envolvessem consumidores, tanto no
âmbito internacional (STJ. 4ª Turma. AgRg no Ag
1409204/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
25/09/2012), quanto no âmbito nacional - voos
domésticos (STJ. 4ª Turma. REsp 1.281.090-SP, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 7/2/2012).
Antinomia – CDC x Convenções
 Estado da jurisprudência sobre o assunto
 A divergência que existia entre as Turmas tocava à
legislação aplicável ao contrato de transporte aéreo
internacional que não envolvesse consumidor. A 4ª Turma
do STJ entendia pela aplicação da Convenção de
Varsóvia e suas alterações (4ª Turma. REsp 1.162.649-SP,
Rel. para acórdão Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado
em 13/5/2014 - Info 541). Já a 3ª Turma do STJ
defendia que deveria ser aplicado o Código Civil (3ª
Turma. REsp 1.289.629-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 20/10/2015 - Info 573).
Antinomia – CDC x Convenções
 Estado da jurisprudência sobre o assunto
 O entendimento pela aplicação do CDC se justificava
por ser a legislação mais favorável e protetiva aos
interesses do consumidor, que era a parte
hipossuficiente daquela relação jurídica com a
companhia aérea, realizando-se melhor o comando
constitucional de proteção e defesa do consumidor
(art. 5º, XXXII e art. 170, V, ambos da CRFB).

 Já o Superior Tribunal federal encontrava-se


dividido, possuindo posições em ambos os lados,
conforme os RE 172.720, RE 351.750 e o RE
297.901.
Antinomia – CDC x Convenções
 Estado da jurisprudência sobre o assunto
 RE 351.750:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DANOS MORAIS DECORRENTES DE
ATRASO OCORRIDO EM VOO INTERNACIONAL. APLICAÇÃO DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. MATÉRIA
INFRACONSTITUCIONAL. NÃO CONHECIMENTO. 1. O princípio da
defesa do consumidor se aplica a todo o capítulo constitucional da
atividade econômica. 2. Afastam-se as normas especiais do Código
Brasileiro da Aeronáutica e da Convenção de Varsóvia quando
implicarem retrocesso social ou vilipêndio aos direitos assegurados pelo
Código de Defesa do Consumidor. 3. Não cabe discutir, na instância
extraordinária, sobre a correta aplicação do Código de Defesa do
Consumidor ou sobre a incidência, no caso concreto, de específicas
normas de consumo veiculadas em legislação especial sobre o transporte
aéreo internacional. Ofensa indireta à Constituição de República. 4.
Recurso não conhecido.”
Antinomia – CDC x Convenções
 Estado da jurisprudência sobre o assunto
 RE 297.901:

PRAZO PRESCRICIONAL. CONVENÇÃO DE VARSÓVIA E


CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 1. O art. 5º, § 2º, da
Constituição Federal se refere a tratados internacionais relativos
a direitos e garantias fundamentais, matéria não objeto da
Convenção de Varsóvia, que trata da limitação da
responsabilidade civil do transportador aéreo internacional (RE
214.349, rel. Min. Moreira Alves, DJ 11.6.99). 2. Embora
válida a norma do Código de Defesa do Consumidor quanto
aos consumidores em geral, no caso específico de contrato de
transporte internacional aéreo, com base no art. 178 da
Constituição Federal de 1988, prevalece a Convenção de
Varsóvia, que determina prazo prescricional de dois anos. 3.
Recurso provido.
Antinomia – CDC x Convenções
 Estado da jurisprudência sobre o assunto
 Nesse sentido, o Ministro Celso de Mello já destacou que a
proteção ao consumidor e a defesa da integridade de seus
direitos representam compromissos inderrogáveis, que o
Estado brasileiro conscientemente assumiu no plano do nosso
ordenamento constitucional. Ademais, “(...) a Assembleia
Nacional Constituinte, em caráter absolutamente inovador,
elevou a defesa do consumidor à posição eminente de direito
fundamental (CF, art. 5º, XXXII), atribuindo-lhe ainda a
condição de princípio estruturador e conformador da própria
ordem econômica (CF, art. 170, V), cuja eficácia permite
reconhecer a precedência do CDC sobre as Convenções de
Varsóvia e Montreal.” (STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgados em 25/05/2017 (repercussão geral) - Info 866).
Antinomia – CDC x Convenções
 Estado da jurisprudência sobre o assunto
 Em igual argumentação, quando o STF tratou da questão no RE
351.750/RJ, o Min. Cezar Peluso argumentou, em síntese, que as
normas limitadoras da responsabilidade do fornecedor do
serviço de transporte aéreo internacional, contempladas na
Convenção de Varsóvia, não seriam compatíveis com os art. 5º,
V e X, da CRFB, porque: “(...) i) ontologicamente contrárias à
indenizabilidade irrestrita preconizada em tais preceitos
constitucionais; ii) ausente autorização constitucional para sujeitar
direito fundamental a reserva de lei restritiva; e iii) se admitida,
por hipótese, a existência de autorização constitucional para
submeter os direitos veiculados nos dispositivos constitucionais em
tela a reserva de lei restritiva, a limitação da responsabilidade, na
forma prevista no pacto internacional, não passaria por teste de
proporcionalidade, consideradas as dimensões da necessidade, da
adequação e da proporcionalidade em sentido estrito.”
Antinomia – CDC x Convenções
 Estado da jurisprudência sobre o assunto
 Em vista da existência de decisões em sentidos opostos e
pela base constitucional que envolve o tema, não estando
limitada à legislação infraconstitucional, o STF utilizou-se
do RE 636.331/RJ e do ARE 766.618/SP para fixar a
tese e trazer segurança jurídica ao ordenamento.

 Para tal solução, contudo, a Corte Superior se valeu das


disposições constitucionais e dos critérios de resolução do
conflito aparente de normas, como se verá a seguir.
Antinomia – CDC x Convenções
 ANTINOMIA JURÍDICA
 Em vista do conflito aparente entre as duas normas
apresentadas, deve-se buscar nos critérios de solução de
antinomia o melhor modo de compatibilização e
harmonização do ordenamento jurídico pátrio.
 Vejamos o art. 2º da LINDB:
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá
vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica
a lei anterior.
Antinomia – CDC x Convenções
 CRITÉRIO HIERÁRQUICO
lex superior derogat legi inferiori
 Não há diferença de hierarquia entre os diplomas
normativos. As convenções não foram recepcionadas
com o status supra legal por não versar sobre direitos
humanos. Dessa forma, todos têm estatura de lei
ordinária e, por isso, a solução do conflito envolve a
análise dos critérios cronológico e da especialidade.
 Vale destacar, ainda, que ambas normas possuem
embasamento em comandos constitucionais, de acordo
com os art. 5º, XXXII; art. 170, V e art. 178, in fine, todos
da CRFB.
Antinomia – CDC x Convenções
 CRITÉRIO CRONOLÓGICO
lex posterior derogat priori
 Os acordos internacionais são mais recentes que o
CDC. Observa-se que, não obstante o Decreto 20.704
tenha sido publicado em 1931, sofreu sucessivas
modificações posteriores ao CDC de 1990. O Protocolo
Adicional 4 foi ratificado e promulgado em 1998 e a
Convenção de Montreal somente foi incorporada em
Decreto 5.910 de 2006.
Antinomia – CDC x Convenções
 CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE
lex specialis derogat legi generali
 A Convenção de Varsóvia – e os regramentos
internacionais que a modificaram – são normas
especiais em relação ao CDC, pois disciplinam
modalidade especial de contrato, qual seja, o
contrato de transporte aéreo internacional de
pessoas. Ademais, há a previsão do art. 178 da CRFB.
 Desse modo, as disposições previstas nos aludidos
acordos internacionais incidem exclusivamente nos
contratos de transporte aéreo internacional de
pessoas, bagagens ou carga, não alcançando o
transporte nacional de pessoas.
Antinomia – CDC x Convenções
 Caso concreto: Qual a legislação aplicável para os casos
de extravio de bagagem de consumidor em transporte
aéreo internacional? E no caso de transporte aéreo
doméstico?

 Alegação da defesa (l. 25-28):


“(...) Alegou que a indenização pedida estava bem acima
do valor fixado pela legislação que disciplina o transporte
aéreo internacional, qual seja, as Convenções de Varsóvia
e de Montreal, em razão do disposto no art. 178 da
CRFB.”
Antinomia – CDC x Convenções
 Alegação da autora em réplica (l. 39-44):
“(...) a norma internacional não poderia prevalecer
sobre o disposto no diploma consumerista, uma vez que
este é posterior ao referido tratado e que se funda em
uma garantia fundamental (art. 5º, XXXII da CRFB),
sendo princípio estruturador do ordenamento jurídico
pátrio e da própria ordem econômica (art. 170, V da
CRFB). Dessa forma, a proteção ao consumidor impõe
que a reparação se dê na integralidade dos prejuízos
experimentados pelo consumidor.”
Conclusão: incidência das Convenções
 Em vista do entendimento firmado pelo STF, deve prevalecer
as convenções internacionais que tratam sobre transporte
aéreo internacional.
 Eis a tese firmada pelo Plenário do STF, em sede de
repercussão geral, do RE 636.331/RJ e do ARE 766.618/SP:
Nos termos do art. 178 da Constituição da
República, as normas e os tratados internacionais
limitadores da responsabilidade das transportadoras
aéreas de passageiros, especialmente as
Convenções de Varsóvia e Montreal, têm
prevalência em relação ao Código de Defesa do
Consumidor.
Danos materiais e morais
 Verificado que a legislação aplicável aos contratos de transporte aéreo
internacional é a Convenção de Varsóvia e os demais diplomas
internacionais subsequentes, em especial a Convenção de Montrel,
passa-se à análise da norma que dispõe sobre os limites da
responsabilidade do transportador.

 Contudo, também é importante verificar os dispositivos aplicáveis do


Código de Defesa do Consumidor, uma vez que os casos concretos em
provas e exercícios podem ter ocorrido antes do julgamento do RE
636.331/RJ e do ARE 761.618/SP, exigindo que se trabalhe com a
posição jurídica que a época predominava. Ademais, o CDC ainda é o
diploma aplicável aos contratos de transporte aéreo doméstico, sendo
relevante seu conhecimento.
Danos materiais e morais
 Convenção de Varsóvia (Decreto 20.704/1931)
Artigo 22.
(1) No transporte de pessoas, limita-se a
responsabilidade do transportador, à importância de
cento e vinte e cinco mil francos, por passageiro. Se a
indenização, de conformidade com a lei do tribunal
que conhecer da questão, puder ser arbitrada em
constituição de renda, não poderá o respectivo capital
exceder aquele limite. Entretanto, por acordo especial
com o transportador, poderá o viajante fixar em mais
o limite de responsabilidade.
Danos materiais e morais
 Convenção de Varsóvia (Decreto 20.704/1931)
Artigo 22.
(2) No transporte de mercadorias, ou de bagagem
despachada, limita-se a responsabilidade do transportador
à quantia de duzentos e cinquenta francos por quilograma,
salvo declaração especial de ‘interesse na entrega’, feita
pelo expedidor no momento de confiar ao transportador os
volumes, e mediante o pagamento de uma taxa
suplementar eventual. Neste caso, fica o transportador
obrigado a pagar até a importância da quantia declarada,
salvo se provar ser esta superior ao interesse real que o
expedidor tinha entrega.
Danos materiais e morais
 Convenção de Varsóvia (Decreto 20.704/1931)
Artigo 22.
(3) Quanto aos objetos que o viajante conserve sob os
guarda, limita-se a cinco mil francos por viajante a
responsabilidade do transportador.
(4) As quantias acima indicadas consideram-se referentes
ao franco francês, constituído de sessenta e cinco e meio
miligramas do ouro, ao título de novecentos milésimos de
mental fino. Elas se poderão converter, em números
redondos na moeda nacional de cada país.
Danos materiais e morais
 Convenção de Montreal (Decreto 5.910/06)
Artigo 1 – Âmbito de Aplicação
1. A presente Convenção se aplica a todo transporte internacional de
pessoas, bagagem ou carga, efetuado em aeronaves, mediante
remuneração. Aplica-se igualmente ao transporte gratuito efetuado em
aeronaves, por uma empresa de transporte aéreo.
2. Para os fins da presente Convenção, a expressão transporte
internacional significa todo transporte em que, conforme o estipulado
pelas partes, o ponto de partida e o ponto de destino, haja ou não
interrupção no transporte, ou transbordo, estão situados, seja no
território de dois Estados Partes, seja no território de um só Estado
Parte, havendo escala prevista no território de qualquer outro Estado,
ainda que este não seja um Estado Parte. O transporte entre dois
pontos dentro do território de um só Estado Parte, sem uma escala
acordada no território de outro Estado, não se considerará transporte
internacional, para os fins da presente Convenção.
Danos materiais e morais
 Convenção de Montreal (Decreto 5.910/06)

Artigo 22 – Limites de Responsabilidade Relativos ao


Atraso da Bagagem e da Carga
1. Em caso de dano causado por atraso no transporte
de pessoas, como se especifica no Artigo 19, a
responsabilidade do transportador se limita a 4.150
Direitos Especiais de Saque por passageiro.
Danos materiais e morais
 Convenção de Montreal (Decreto 5.910/06)
Artigo 22 – Limites de Responsabilidade Relativos ao
Atraso da Bagagem e da Carga
2. No transporte de bagagem, a responsabilidade do
transportador em caso de destruição, perda, avaria ou
atraso se limita a 1.000 Direitos Especiais de Saque por
passageiro, a menos que o passageiro haja feito ao
transportador, ao entregar-lhe a bagagem registrada, uma
declaração especial de valor da entrega desta no lugar de
destino, e tenha pago uma quantia suplementar, se for
cabível. Neste caso, o transportador estará obrigado a
pagar uma soma que não excederá o valor declarado, a
menos que prove que este valor é superior ao valor real da
entrega no lugar de destino.
Danos materiais e morais
 Convenção de Montreal (Decreto 5.910/06)
Artigo 22 – Limites de Responsabilidade Relativos ao
Atraso da Bagagem e da Carga
3. No transporte de carga, a responsabilidade do
transportador em caso de destruição, perda, avaria ou
atraso se limita a uma quantia de 17 Direitos Especiais de
Saque por quilograma, a menos que o expedidor haja feito
ao transportador, ao entregar-lhe o volume, uma
declaração especial de valor de sua entrega no lugar de
destino, e tenha pago uma quantia suplementar, se for
cabível. Neste caso, o transportador estará obrigado a
pagar uma quantia que não excederá o valor declarado, a
menos que prove que este valor é superior ao valor real da
entrega no lugar de destino.
Danos materiais e morais
 Convenção de Montreal (Decreto 5.910/06)
Artigo 22 – Limites de Responsabilidade Relativos ao
Atraso da Bagagem e da Carga
4. Em caso de destruição, perda, avaria ou atraso de uma parte da
carga ou de qualquer objeto que ela contenha, para determinar a
quantia que constitui o limite de responsabilidade do transportador,
somente se levará em conta o peso total do volume ou volumes
afetados. Não obstante, quando a destruição, perda, avaria ou
atraso de uma parte da carga ou de um objeto que ela contenha
afete o valor de outros volumes compreendidos no mesmo
conhecimento aéreo, ou no mesmo recibo ou, se não houver sido
expedido nenhum desses documentos, nos registros conservados por
outros meios, mencionados no número 2 do Artigo 4, para
determinar o limite de responsabilidade também se levará em conta
o peso total de tais volumes.
Danos materiais e morais
 Convenção de Montreal (Decreto 5.910/06)
Artigo 22 – Limites de Responsabilidade Relativos ao
Atraso da Bagagem e da Carga
5. As disposições dos números 1 e 2 deste Artigo não se
aplicarão se for provado que o dano é resultado de uma
ação ou omissão do transportador ou de seus prepostos,
com intenção de causar dano, ou de forma temerária e
sabendo que provavelmente causaria dano, sempre que, no
caso de uma ação ou omissão de um preposto, se prove
também que este atuava no exercício de suas funções.
Danos materiais e morais
 Convenção de Montreal (Decreto 5.910/06)
Artigo 22 – Limites de Responsabilidade Relativos ao
Atraso da Bagagem e da Carga
6. Os limites prescritos no Artigo 21 e neste Artigo não
constituem obstáculo para que o tribunal conceda, de
acordo com sua lei nacional, uma quantia que corresponda
a todo ou parte dos custos e outros gastos que o processo
haja acarretado ao autor, inclusive juros. A disposição
anterior não vigorará, quando o valor da indenização
acordada, excluídos os custos e outros gastos do processo,
não exceder a quantia que o transportador haja oferecido
por escrito ao autor, dentro de um período de seis meses
contados a partir do fato que causou o dano, ou antes de
iniciar a ação, se a segunda data é posterior.
Danos materiais e morais
 Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90)
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(...)
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais
e morais, individuais, coletivos e difusos;

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos
à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Danos materiais e morais
 A norma internacional traz a previsão da indenização
tarifária, ou seja, prevê que haverá limites pré-determinados
à reparação do dano sofrido pelo passageiro (art. 22, item
1 e 2) ou por aquele que contrata o transporte da carga
(art. 22, item 3 e 4), trazendo, ainda, algumas previsões
especiais quanto aos limites no caso da ação ou omissão
dolosa do transportador para causar dano (art. 22, item 5).
 Assim, no caso em análise, pelo extravio (perda) da
bagagem da passageira, a responsabilidade do
transportador se limita a 1.000 Direitos Especiais de Saque
por passageiro, o que equivaleria, aproximadamente, a R$
4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais).
Danos materiais e morais
 Todavia, se o caso concreto envolvesse o extravio de bagagem em
voo nacional, a solução seria distinta. Aplicando-se integralmente
o CDC em detrimento do Código Brasileiro de Aeronáutica, em
vista da relação consumerista existente, a reparação pelos danos
materiais sofridos seria integral, desde que comprovados, na
forma dos art. 6º, VI e art. 14, ambos do CDC.
 Assim, para o transporte aéreo nacional de pessoas, não há
dúvida pela aplicação das regras do CDC. No entanto, quando se
tratar de transporte aéreo nacional de cargas, é importante
verificar a existência de relação consumerista para ensejar a
aplicação do CDC, do contrário serão utilizadas as regras do
Código Brasileiro da Aeronáutica (STJ. 4ª Turma. REsp 1.162.649-
SP, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min.
Antonio Carlos Ferreira, julgado em 13/5/2014 - Info 541).
Danos materiais e morais
 Dano moral: previsão constitucional
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem;
(...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Danos materiais e morais
 Como visto pelos dispositivos das Convenções de Varsóvia e
Montreal, não há qualquer menção ao dano moral, ou seja,
daquela dano advindo da violação a um direito da
personalidade.
 Nesse sentido, esclareceu a Ministra Rosa Weber em seu voto:
“Esclareço que o enfoque se dá apenas quanto aos danos
materiais, pois, como ressaltado pelo Ministro Marco
Aurélio, quando do início do julgamento deste feito, na
sessão de 08.5.2014, a Convenção de Varsóvia não cuidou
dos danos morais, não cabendo, nessa perspectiva, estender
a estes a aplicação dos limites indenizatórios estabelecidos
nomencionado pacto internacional.”
Danos materiais e morais
 Transcreveu ainda em seu voto a ementa do julgado da 2ª Turma do STF
que corrobora esse entendimento. Vejamos:
INDENIZAÇÃO - DANO MORAL - EXTRAVIO DE MALA EM
VIAGEM AÉREA - CONVENÇÃO DE VARSÓVIA -
OBSERVAÇÃO MITIGADA - CONSTITUIÇÃO FEDERAL -
SUPREMACIA. O fato de a Convenção de Varsóvia revelar,
como regra, a indenização tarifada por danos materiais não
exclui a relativa aos danos morais. Configurados esses pelo
sentimento de desconforto, de constrangimento, aborrecimento e
humilhação decorrentes do extravio de mala, cumpre observar a
Carta Política da República - incisos V e X do artigo 5º, no que se
sobrepõe a tratados e convenções ratificados pelo Brasil. (RE
172720, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Segunda Turma,
julgado em 06/02/1996, DJ 21-02-1997)
Danos materiais e morais
 Caso concreto: Como deve ser julgado o pedido de danos materiais?
E o pleito de danos morais?

 Alegação da autora (l. 15-23):


“Indignada com o prejuízo econômico sofrido de aproximadamente
R$100.000,00 (cem mil reais), já que sua mala continha duas bolsas
de grife francesa e cinco vestidos da última coleção, além de objetos
pessoais. (...) com base nos art. 6º, VI e art. 14, ambos do Código
de Defesa do Consumidor, a condenação da ré reparação integral
do dano sofrido com o extravio da bagagem, no valor de
R$100.000,00 (cem mil reais), bem como o montante de R$
10.000,00 (dez mil reais) em decorrência do transtorno suportado, o
qual teria arruinado sua lua de mel. Junto a inicial, trouxe as notas
fiscais dos objetos que estavam na mala.”
Danos materiais e morais
 Alegação da autora (l. 40-44):
“(...)diploma consumerista, uma vez que este é posterior ao
referido tratado e que se funda em uma garantia
fundamental (art. 5º, XXXII da CRFB), sendo princípio
estruturador do ordenamento jurídico pátrio e da própria
ordem econômica (art. 170, V da CRFB). Dessa forma, a
proteção ao consumidor impõe que a reparação se dê na
integralidade dos prejuízos experimentados pelo
consumidor.”
Danos materiais e morais
 Alegação da defesa (l. 28-33):
“Argumentou que tais Convenções estipulam valores
máximos que o transportador poderá ser obrigado a
pagar em caso de responsabilidade civil decorrente de
transporte aéreo internacional, de forma que, no presente
caso, o art. 22, item 2, da Convenção determinava que a
responsabilidade do prestador de serviços estaria limitada
a pagar uma quantia máxima de 1.000 Direitos Especiais
de Saque por passageiro, o que equivaleria cerca de R$
4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais).”
Danos materiais e morais
 Alegação da defesa (l. 34-38):
“Ainda, alegou que autora não preencheu qualquer
documentação que alertasse à companhia aérea do
conteúdo e valor da mala, o que, por consequência, lhe
retiraria o direito à indenização integral do suposto valor,
conforme o art. 22, item 2, segunda parte, da referida
Convenção. Dessa forma, pleiteou que a indenização pelos
danos materiais e morais somados respeitasse os limites
legais estabelecidos naquela norma internacional.”
Conclusão: limitar os danos materiais
 Em vista do entendimento de que se aplica a convenção,
o STF concluiu que a limitação se dá tão somente quanto
aos danos materiais. Isso porque o dispositivo é claro em
somente apontar esses danos em sua redação.
 Assim, Daniela faz jus à reparação por danos materiais
no limite do art. 22, item 2, da Convenção de Montreal,
equivalente a aproximadamente R$ 4.500,00 (quatro
mil e quinhentos reais). Quanto aos danos morais, é
possível a procedência do pedido, sem qualquer
limitação prévia legal, devendo o julgador avaliar se o
montante condiz com a violação aos direitos de
personalidade sofridos pela autora.
Conclusão: limitar os danos materiais

 Por fim, em vista da previsão expressa do art. 22, item


2, da Convenção de Montreal, deve-se reconhecer que a
indenização à título de danos materiais poderia ser
integral caso Daniela tivesse feito ao transportador,
quando da entrega da bagagem registrada, uma
declaração especial de valor da entrega desta no lugar
de destino, pagando, consequentemente, uma quantia
suplementar estabelecida pela companhia aérea. A ré
estaria obrigada a pagar o valor correspondente ao
valor declarado, a menos que prove que este valor é
superior ao valor real da entrega no lugar de destino.
Prescrição aplicável – ARE 766.618/SP

 Hipoteticamente, a discussão sobre a possibilidade de


reclamação de Daniela pelo fato ocorrido em 2014,
qual seja, o atraso no voo de retorno ao Brasil, traz
como prejudicial de mérito a análise da prescrição.
 Nesse sentido, deve-se verificar qual a legislação
aplicável aos contratos de transporte aéreo, sendo
relevante explicitar a distinção entre o transporte
doméstico e o transporte internacional. Isso auxiliará a
visualização das situações opostas que ensejam a
aplicação de dispositivos distintos, trazendo, por óbvio,
consequências diferentes.
Prescrição aplicável – ARE 766.618/SP

 Para o Transporte Aéreo Doméstico?


 Já há longo tempo o STJ esclareceu que, no conflito entre o
CDC e o CBA, deverá prevalecer o CDC, uma vez que se
trata de norma que melhor traduz o objetivo da CF/88 de
proteger o polo hipossuficiente da relação consumerista, isto
é, o consumidor (STJ. 4ª Turma. AgRg no Ag 1409204/PR,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/09/2012).
 Ademais, o CBA é anterior à CF/88 e, por isso mesmo, não se
harmoniza em diversos aspectos com a proteção constitucional
do consumidor. Ainda, destaque-se que não se aplica o
CC/02 ao caso, justamente pela existência de relação de
consumo.
Prescrição aplicável – ARE 766.618/SP

 Para o Transporte Aéreo Doméstico?


 Assim, seria aplicável o prazo prescricional do art. 27 do
CDC, em virtude de se tratar de um fato do serviço (art.
14 do CDC) ocorrido em uma relação de consumo.

O prazo prescricional nas ações de responsabilidade


civil por acidente aéreo nacional é de 5 anos, com
base no Código de Defesa do Consumidor. (STJ. 4ª
Turma. REsp 1.281.090-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 7/2/2012)
Prescrição aplicável – ARE 766.618/SP

Quadro Comparativo: prescrição e decadência no CDC


O vício tem decadência, mas o fato tem a prescrição.
Vício Fato
Decadência Prescrição
30 dias para não duráveis
5 anos
90 dias para duráveis
Início da contagem do prazo
Aparente: de quando recebo
A partir do dano
Oculto: de quando descoberto,
dentro da vida útil
Prescrição aplicável – ARE 766.618/SP
 Para o Transporte Aéreo Internacional?
 Como visto, o STJ entendia que se o transporte aéreo
internacional envolvesse consumidor, dever-se-ia aplicar o
art. 27 do CDC como prazo prescricional para essas
ações de responsabilidade civil por acidente aéreo.
 Contudo, no julgamento do ARE 766.618/SP, o qual foi
realizado conjuntamente com o RE 636.331/RJ, o STF
firmou posição de que seria aplicável aos contratos de
transporte aéreo internacional a legislação específica,
qual seja, a Convenção de Varsóvia, com suas
modificações posteriores, realizando o comando do art.
178 da CRFB.
Prescrição aplicável – ARE 766.618/SP

 Para o Transporte Aéreo Internacional?


 Desse modo, deveria prevalecer o disposto no 29 da
Convenção de Varsóvia, de forma que a ação deverá ser
ajuizada em até 2 anos da data que deveria ter
ocorrido o desembarque no destino. Vejamos:
Artigo 29.
(1) A A ação de responsabilidade deverá intentar-
se, sob pena de caducidade, dentro do prazo de
dois anos, a contar da data de chegada, ou do dia,
em que a aeronave devia ter chegado a seu
destino, ou do da interrupção do transporte.
Prescrição aplicável – ARE 766.618/SP

 Para o Transporte Aéreo Internacional?


 Importante destacar que a conclusão é a mesma ao se
verificar o art. 35 da Convenção de Montreal, sendo
esse o dispositivo mais recente. Vejamos:

Artigo 35 – Prazo Para as Ações


1. O direito à indenização se extinguirá se a ação
não for iniciada dentro do prazo de dois anos,
contados a partir da data de chegada ao destino,
ou do dia em que a aeronave deveria haver
chegado, ou do da interrupção do transporte.
Prescrição aplicável – ARE 766.618/SP
 Caso concreto: Poderia Daniela pleitear a reparação dos
danos causados pelo atraso no voo de volta em 2014?
Qual o regramento relativo à prescrição aplicável nos
casos de acidente aéreo?

 Narrativa do caso (l. 25-28):


“(...) Em janeiro de 2014, o jovem casal de namorados,
Paulo e Daniela, decidiu realizar uma viagem romântica
pela Europa. O passeio foi memorável, porém, na data da
volta para o Brasil, em 22/01/2014, o seu voo da “Ar de
Paris” (Paris a São Paulo) sofreu um atraso de mais de 8
horas, sem que fossem fornecidas informações claras e
compensações em relação ao atraso.”
Prescrição aplicável – ARE 766.618/SP
 Legislação aplicável: art. 29 da Convenção de Varsóvia
e art. 35 da Convenção de Montreal
Artigo 29.
(1) A A ação de responsabilidade deverá intentar-se, sob
pena de caducidade, dentro do prazo de dois anos, a
contar da data de chegada, ou do dia, em que a aeronave
devia ter chegado a seu destino, ou do da interrupção do
transporte.

Artigo 35 – Prazo Para as Ações


1. O direito à indenização se extinguirá se a ação não for
iniciada dentro do prazo de dois anos, contados a partir da
data de chegada ao destino, ou do dia em que a aeronave
deveria haver chegado, ou do da interrupção do transporte.
Conclusão: houve prescrição
 O STF afirmou que o art. 178 da CF prevê
parâmetro para a solução do conflito entre as
convenções e o CDC, de modo que aquelas devem
prevalecer. Reconheceu, na espécie, a incidência do
art. 29 da Convenção de Varsóvia, equivalente ao
art. 35 da Convenção de Montreal, os quais
preveem o prazo prescricional de dois anos.
 Em vista disso, Daniela não mais poderia ajuizar
ação reparatória pelos danos causados em razão do
atraso em seu voo de 2014, uma vez que já teria
transcorrido o prazo prescricional de 2 anos.
Quadro Sinóptico

Quadro comparativo para o contrato de transporte aéreo


que consubstancie uma relação de consumo
Legislação Danos Materiais Danos Morais Prescrição
Aplicável
Transporte Convenção de Indenização Não previsto. Valerá o
Aéreo Varsóvia e de Tarifária juízo de prudência e 2 anos
Internacional Montreal (art. 22) equidade.
Transporte Reparação Juízo de prudência e
Aéreo CDC efetiva do dano equidade 5 anos
Doméstico comprovado
Outros Julgados Relevantes de 2017
 Outros Julgados Relevantes
 ERESP 1.515.895/MS – INF 612/STJ
 RESP 1.582.318/RJ – INF 612/STJ

 RESP 1.431.606/SP – INF 613/STJ

 RESP 1.442.597/DF – INF 614/STJ

 RESP 1.573.859/SP – INF 615/STJ

 Súmula 595/STJ

 Súmula 597/STJ
ERESP 1.515.895/MS – INF 612/STJ
 Além de avisar que “contém glúten”, as embalagens dos
produtos deverão também alertar que o glúten é prejudicial
para celíacos
 O fornecedor de alimentos deve complementar a
informação-conteúdo "contém glúten" com a informação-
advertência de que o glúten é prejudicial à saúde dos
consumidores com doença celíaca.
RESP 1.582.318/RJ – INF 612/STJ
 Validade da cláusula de tolerância
 No contrato de promessa de compra e venda de imóvel
em construção (“imóvel na planta”), além do período
previsto para o término do empreendimento, há,
comumente, uma cláusula prevendo a possibilidade de
prorrogação excepcional do prazo de entrega da
unidade ou de conclusão da obra por um prazo que varia
entre 90 e 180 dias. Isso é chamado de “cláusula de
tolerância”. Não é abusiva a cláusula de tolerância nos
contratos de promessa de compra e venda de imóvel em
construção, desde que o prazo máximo de prorrogação
seja de até 180 dias.
RESP 1.431.606/SP – INF 613/STJ
 Lanchonete não tem o dever de indenizar consumidor vítima de
roubo ocorrido no estacionamento externo e gratuito do
estabelecimento
 A Súmula 130 do STJ prevê o seguinte: a empresa responde,
perante o cliente, pela reparação de DANO ou FURTO de
veículo ocorridos em seu estacionamento. Em casos de roubo, o
STJ tem admitido a interpretação extensiva da Súmula 130 do
STJ, para entender que há o dever do fornecedor de serviços
de indenizar, mesmo que o prejuízo tenha sido causado por
roubo, se este foi praticado no estacionamento de empresas
destinadas à exploração econômica direta da referida
atividade (empresas de estacionamento pago) ou quando o
estacionamento era de um grande shopping center ou de uma
rede de hipermercado.
RESP 1.431.606/SP – INF 613/STJ
Por outro lado, não se aplica a Súmula 130 do STJ em
caso de roubo de cliente de lanchonete fast-food, se o
fato ocorreu no estacionamento externo e gratuito por
ela oferecido. Nesta situação, tem-se hipótese de caso
fortuito (ou motivo de força maior), que afasta do
estabelecimento comercial proprietário da mencionada
área o dever de indenizar.
Em suma, a incidência do disposto na Súmula 130 do STJ
não alcança as hipóteses de crime de roubo a cliente de
lanchonete praticado mediante grave ameaça e com
emprego de arma de fogo, ocorrido no estacionamento
externo e gratuito oferecido pelo estabelecimento
comercial.
RESP 1.442.597/DF – INF 614/STJ
 A reclamação obstativa da decadência, prevista no art. 26, §
2º, I, do CDC, pode ser feita documentalmente ou verbalmente
 O CDC prevê que é causa obstativa da decadência a
reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor
perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta
negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma
inequívoca, nos termos do art. 26, § 2º, I: Art. 26 (...) § 2º
Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente
formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos
e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve
ser transmitida de forma inequívoca. A reclamação obstativa
da decadência, prevista no art. 26, § 2º, I, do CDC, pode ser
feita documentalmente ou verbalmente.
RESP 1.573.859/SP – INF 615/STJ
 Saque indevido em conta-corrente não configura, por si
só, dano moral
 O saque indevido de numerário em conta-corrente,
reconhecido e devolvido pela instituição financeira dias
após a prática do ilícito, não configura, por si só, dano
moral in re ipsa. O saque indevido em conta corrente não
configura, por si só, dano moral, podendo, contudo,
observadas as particularidades do caso, ficar
caracterizado o respectivo dano se demonstrada a
ocorrência de violação significativa a algum direito da
personalidade do correntista.
Súmula 595/STJ

 Indenização em caso de curso de ensino superior não


reconhecido
 Súmula 595-STJ: As instituições de ensino superior
respondem objetivamente pelos danos suportados
pelo aluno/consumidor pela realização de curso
não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre
o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada
informação.
Súmula 597/STJ
 Carência de 24 horas para procedimentos de urgência e
emergência
 Súmula 597-STJ: A cláusula contratual de plano de
saúde que prevê carência para utilização dos
serviços de assistência médica nas situações de
emergência ou de urgência é considerada abusiva
se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas
contado da data da contratação.
Agradecimentos e contato

Agradeço a atenção!

Contato:
lucasacp@hotmail.com

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